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Literatura em língua Inglesa (1)

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LETRAS (POR - ING)
LITERATURA EM LÍNGUA 
INGLESA
Djalma Rebelato
http://www.unar.edu.br
 
 
 
 
 
LITERATURA EM LÍNGUA INGLESA 
Djalma Rebelato 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação 
 
 
Caro aluno 
Bem vindo a essa disciplina, infelizmente, tão desvinculada do ensino de 
língua inglesa, visto que muitos professores insistem no ensino da gramática pela 
gramática, sem levar em conta o potencial expressivo do idioma, concretizado no 
texto literário. 
Partindo desse princípio e procurando contribuir para uma mudança de 
postura do docente de língua estrangeira, proponho uma aventura pelo universo 
da literatura em língua inglesa. 
 
 
Prof. Djalma Rebelato 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
UNIDADE 01 - CONCEITO DE ARTE E LITERATURA ................................................................................. 1 
UNIDADE 02 - PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS DO PERÍODO ANGLO-SAXÃO ...................................... 8 
UNIDADE 03 - PERÍODO MEDIEVAL (MEDIEVAL PERIOD) (1066 A 1485) ............................................ 16 
UNIDADE 04 - ERA PRÉ-ELISABETANA E ERA ELISABETANA: RENASCIMENTO (ELIZABETHAN AGE-
RENAISSANCE) (1485 A 1625) .................................................................................................................. 23 
UNIDADE 05 - WILLIAM SHAKESPEARE (1564 – 1616) ........................................................................... 29 
UNIDADE 06 - ROMEU E JULIETA (ROMEO AND JULIET): WILLIAM SHAKESPEARE .......................... 35 
UNIDADE 07- HAMLET, PRÍNCIPE DA DINAMARCA (HAMLET, PRINCE OF DENMARK) ................... 43 
UNIDADE 08 - OTELO, O MOURO DE VENEZA (OTHELLO, THE MOOR OF VENICE): WILLIAM 
SHAKESPEARE. .......................................................................................................................................... 52 
UNIDADE 09 - ERA PURITANA (PURITAN AGE) (1649 A 1660) ............................................................. 58 
UNIDADE 10 - A ERA DA RAZÃO (REASON AGE) E LITERATURA COLONIAL NORTE – AMERICANA 
(1660 A 1798) ............................................................................................................................................. 64 
UNIDADE 11 - O ROMANTISMO (THE ROMANTICISM) – FINAL DO SÉCULO XVIII À 1º METADE DO 
SÉCULO XIX ............................................................................................................................................... 73 
UNIDADE 12 - GEORGE GORDON (LORD BYRON 1788 – 1824) ........................................................... 81 
UNIDADE 13 - LITERATURA NORTE-AMERICANA: ROMANTISMO ..................................................... 86 
UNIDADE 14 - EDGAR ALLAN POE: THE RAVEN (O CORVO) - 1865 ................................................... 93 
UNIDADE 15 - INGLATERRA: A ERA VITORIANA (THE VICTORIAN AGE) SEGUNDA METADE DO 
SÉCULO XIX ............................................................................................................................................. 100 
UNIDADE 16 - O FINAL DA ERA VITORIANA E A 2ª METADE DO SÉCULO XIX NOS ESTADOS 
UNIDOS ................................................................................................................................................... 107 
UNIDADE 17- A POESIA DE WALT WHITMAN ..................................................................................... 115 
UNIDADE 18 - A ÉPOCA MODERNA NA INGLATERRA (THE MODERN AGE) SÉCULO XX ............... 121 
UNIDADE 19 - OS PRECURSORES DO MODERNISMO: WOOLF E JOYCE / O MODERNISMO 
NORTE-AMERICANO .............................................................................................................................. 128 
UNIDADE 20 - PANORAMA DO MODERNISMO NORTE-AMERICANO: SÉCULO XX....................... 136 
1 
 
UNIDADE 01 - CONCEITO DE ARTE E LITERATURA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Revisar conceitos básicos de Literatura 
Comecemos por revisar alguns conceitos importantes para aproveitarmos 
bem nossa aventura e, para isso, lanço uma indagação: afinal, o que é mesmo 
Literatura? 
Embora se trate de um assunto polêmico, vamos aos pressupostos básicos 
para respondê-la. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 Literatura (Literature) é a arte da palavra e, enquanto arte, é mimese, 
segundo Aristóteles, ou ficção, em termos mais atuais. Lembremos que mimese 
ou ficção não é cópia exata de uma realidade, mas a recriação desta a partir da 
intuição do artista. 
 Para ilustrarmos este conceito nada melhor do que ouvirmos os 
ensinamentos de um grande poeta, Fernando Pessoa, aliás, admirador da língua 
inglesa, autor de várias obras em inglês, tendo feito uma das melhores traduções 
do poema The Raven ( O Corvo ) para o nosso idioma. Isso porque Pessoa foi 
educado na África do Sul, país colonizado pelos ingleses. 
 Eis as palavras de Pessoa: 
“O poeta é um fingidor 
Finge tão completamente 
Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente.” 
( Autopsicografia) 
 
 Na estrofe acima, Pessoa define a mimese ou ficção, na medida em que, o 
sentimento real “a dor que deveras sente” é “fingido”, ou seja, é recriado ou 
reelaborado pelo poeta, por meio do trabalho com a palavra. Dessa forma, há 
dois sentimentos: o real e o recriado. 
2 
 
 No entanto vem à tona outro aspecto da literatura, ou seja, do texto com 
finalidade artística: Como se caracteriza a linguagem utilizada na recriação da 
realidade física ou psicológica? 
 Esse aspecto nos leva a ressaltar os dois elementos fundamentais do texto 
literário: o conteúdo e a forma, também denominada linguagem ou plano da 
expressão. 
 O conteúdo é o elemento abstrato, é a ideia (assunto e tema). A forma ou 
linguagem é a concretização do conteúdo por meio da palavra, no caso da 
literatura. 
 A partir desses pressupostos, passemos, portanto, à característica principal 
da linguagem literária: a conotação ou linguagem figurada (connotation or 
figurative language), isto é, a linguagem não no seu sentido usual, e que, 
consequentemente, abre margem à plurissignificação. 
 Logo, para o artista da palavra, mais importante do que o conteúdo em si é 
como expressá-lo de forma original e criativa. Disso resulta a luta pela expressão, 
como nos mostra Carlos Drummond de Andrade, em seu poema intitulado 
Poesia: 
Gastei uma hora pensando um verso 
que a pena não quer escrever. 
No entanto ele está cá dentro 
inquieto, vivo. 
Ele está cá dentro 
e não quer sair. 
Mas a poesia desse momento 
inunda minha vida inteira. 
 
 No primeiro verso, temos o conteúdo fervilhando na mente do poeta; no 
segundo verso, a dificuldade em encontrar a forma ou linguagem eficaz para 
concretizar artisticamente a ideia. 
 Nos versos restantes, temos a razão de ser do poeta, a verdadeira poesia, 
que consiste na luta pela expressão. Mas por que o poeta ressalta o verso? Só o 
verso é texto literário? 
3 
 
 Desde os gregos antigos até o fim do século XVIII, só o verso (verse) tinha 
status literário. Principalmente com a liberdade de expressão pregada pelo 
Romantismo, a narrativa ficcional em prosa (prose) também foi elevada ao estágio 
literário, dando origem aos contos (short stories or tales) e romances (novels). 
Contudo o verso (poem, poetry) é mais propício à linguagem figurada. 
 Enfim, tendo revisado esses pressupostos, vamos ao estudo da linguagem 
figurada, tomando contato com a terminologia na língua inglesa, abordando as 
principais figuras de linguagem. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Figuras de Linguagem (Figures of Speech) 
1) Símile (Simile): É uma comparação entre dois elementos de universos diferentes, 
empregando os conectivos comparativos: como, tão quanto, tão como, mais que, 
menos que, etc. (like, as, as...so, more than, less than, etc) 
“like a bridge over troubles water I will lay me down” 
 
2) Metáfora (Metaphor): é a figura depalavra em que um termo substitui outro 
em vista de uma relação de semelhança ou similaridade , envolvendo elementos 
de universos diferentes. A metáfora também pode ser entendida como uma 
comparação abreviada, em que o conectivo comparativo e até mesmo a 
qualidade comum não estão expressos, mas subentendidos. 
“All we are is dust in the wind” 
 
3) Metonímia (Metonymy): Substituição de uma palavra por outra numa relação 
de contiguidade ou proximidade, por relacionar elementos de mesmo universo, 
sendo, portanto, mais objetiva que a metáfora: 
“From the cradle (birth) to the grave (death) “ 
 
“labour by singing light 
4 
 
Not for ambition or bread (food)” 
4) Antítese (Antithesis): emprego de termos de significado diferente, sem gerar 
uma ideia absurda, por não haver simultaneidade. 
“Some say the world will end in fire 
Some say in ice” 
 
5) Paradoxo (Paradox): ideias contrárias, aparentemente inconciliáveis, absurdas, 
que, se interpretadas, têm lógica. Difere-se da antítese por subentender 
simultaneidade. 
“The chid is the father of the man” 
 
6) Eufemismo (Euphemism): palavra ou expressão empregada no lugar de outra 
grosseira. 
“would you know my name 
if i saw you in heaven (death)” 
 
7) Hipérbole (Hyperbole): exageração de uma idéia. 
“You were my sun (metaphor) 
You were my earth(...) (metaphor) 
Cry me a river.” (hyperbole) 
 
8) Apóstrofe (Apostrophe): interpelação, invocação, indicando o interlocutor do eu 
lírico. 
“Oh Lord, won’t you buy me a Mercedes-Benz?” 
 
9) Ironia (Irony):consiste em querer dizer o contrário do que se afirma, visando à 
crítica. 
“I have the simplest tastes. I am always satisfied with the best.” 
5 
 
 
 
10) Prosopopeia (Personification): metáfora que humaniza o que não é humano 
“The green leaves of summer 
Are calling me home” 
 
11) Aliteração (Alliteration): repetição de fonemas consonantais. 
 
12) Assonância (Assonance): repetição de fonemas vocálicos. Veja um verso 
contendo aliteração e assonância: 
“While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping” 
 
13) Onomatopeia (Onomatopeia): imitação de sons, ruídos. Observe como os dois 
últimos versos do poema abaixo sugerem o badalar dos sinos: 
“Hear the sledges with the bells –(…) 
How it swells! 
How it dwells!” 
 
Termos Literários em Inglês 
1) Line: verso, cada linha de um poema; 
2) Stanza: estrofe; 
3) Rhyme: rima; 
4) Blank verse: verso branco, sem rima; 
5) Metre: métrica, número de sílabas poéticas; 
6) Free Verses: versos livres, sem regularidade métrica; 
7) Rhythm: ritmo; 
8) Narrator: narrador 
9) Sonnet: soneto 
6 
 
 
 
 
Gêneros Literários – (Literary Genres) 
 Gêneros são tipos de composição literária que não devem ser confundidas 
com escolas literárias. 
 
1) Gênero Lírico (Lyric): seu nome vem de “lira” ( tipo de harpa ), instrumento 
musical utilizado para acompanhar o canto dos gregos. 
 Apresenta subjetividade, daí o predomínio da 1º pessoa, sendo expressão 
de sentimentos, não apenas amor. 
 Também há as seguintes classificações líricas: 
a) Ode (Ode, grego “oide” = canto): poema de exaltação. 
b) Elegia (Elegy): cantos de luto, tristeza e saudade. 
c) Idílio (Idyll) poemas pastoris, o amor em meio à natureza. 
 
 Vale ressaltar que o termo “lyrics” também se refere à letra de canções 
populares. 
 
2) Gênero Satírico (Satire): O gênero satírico se enquadra no lírico mas, em termos 
didáticos, costumam considerá-lo como um gênero à parte. O termo vem dos 
“sátiros”, divindades da mitologia grega que eram brincalhonas. Disso decorre o 
humor, o sarcasmo, a ironia, próprios deste gênero. 
 
3) Gênero Épico ou Epopeia (Epic):“Épico ou Epopeia” vem do grego “epos” que 
significa “recitação”. 
 As características da epopéia são: 
7 
 
• narrativa objetiva, centrada na 3º pessoa, com a presença do narrador 
falando do passado, predominando, portanto, os verbos no pretérito; 
• o tema é um episódio de fundamento histórico, as grandes conquistas ou a 
trajetória de um povo, de uma raça, de um herói. Este herói é porta-voz de 
toda uma coletividade; 
• presença do mito, da personificação alegórica ( simbólica ) das forças 
naturais, com a intervenção do maravilhoso pagão ( seres mitológicos ) ou 
cristão ( anjo, santos, demônio, etc.) 
 O gênero épico deu origem à narrativa em prosa: contos e romances. 
 
4) Gênero Dramático (Drama) 
 O gênero dramático configura o texto feito para ser representado, 
encenado ( texto teatral ), envolvendo a tragédia (tragedy) e a comédia (Comedy). 
“Drama”, do grego, significa “ação”. Daí a ausência de narrador e a presença do 
discurso direto ( diálogos ). 
 A partir dos pressupostos revisados e do contato com a terminologia 
literária em inglês, temos os pré-requisitos para iniciarmos nossa aventura pela 
literatura em língua inglesa que abrangerá não só autores ingleses, mas também 
norte-americanos, irlandeses, gauleses, entre outros. 
 Vamos construir um diálogo entre os textos literários em inglês e a cultura 
inglesa. Daí a importância da leitura das obras sim, mas também aceitar as 
sugestões de assistir aos filmes indicados e tomar contato com as canções 
selecionadas. Você perceberá a influência da literatura inglesa em muito daquilo 
que você já tinha contato mas talvez nem percebia. 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 02 - PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS DO PERÍODO ANGLO-SAXÃO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Propiciar conhecimentos sobre o período Histórico Anglo-Saxão 
 Nesta unidade, faremos um passeio histórico no período Anglo-Saxão, 
visando à conhecer os primórdios da Literatura Inglesa. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Estamos nos primórdios da ilha, a que chamamos hoje Inglaterra, e, cujos 
primeiros habitantes, foram os celtas, vindos, ainda na pré-história, do continente, 
de uma região ao sul da Alemanha. Ainda existem remanescentes desta raça no 
país de Gales, a oeste da Inglaterra. 
 Embora tenham sido os primeiros habitantes da ilha, por terem vindo do 
continente, são chamados de gauleses (Welsh, cujo significado é estrangeiro). 
 Na Antiguidade Clássica, 55 a.C., os romanos invadiram a ilha e passaram a 
denominá-la “Britannia” e aos galeses de “Britanni” ou bretões. 
 Os celtas (galeses ou bretões) eram pagãos, mas tornaram-se cristãos, à 
medida que os romanos foram se convertendo ao cristianismo e impondo esta 
crença a toda a Britannia. A língua latina influenciou os nomes de cidades inglesas: 
“Gloucester”, “Lancaster”, terminações vindas do substantivo latino castra, orum 
(acampamento, arraial ). 
9 
 
 É importante ressaltar que a arte da Antiguidade Clássica é caracterizada 
pelo antropocentrismo, o homem julgando-se o centro do universo devido à 
expansão do Império Romano e da cultura grega. Mesmo dominada 
politicamente pelos romanos, os gregos influenciaram a cultura latina. A arte 
clássica, antes da conversão ao cristianismo, era caracterizada também pelo 
paganismo, pela referência à mitologia greco-romana. 
 No século V d. C., com a queda do Império Romano, inicia-se a Idade 
Média teocêntrica (Deus, cristianismo, como centro do universo). É durante este 
período que muitos reinos, línguas e literaturas da Europa vão gradativamente se 
formando, já que o domínio latino se esfacelara. 
 É, portanto, no século V d.C., que os romanos se retiram da ilha e ocorre a 
invasão anglo-saxã, dando início à literatura inglesa medieval, que compreende os 
períodos Anglo-Saxão e Medieval propriamente dito. 
 
O Período Anglo-Saxão (Anglo-Saxon Period) (410 d.C. a 1066) 
 A invasão saxã se completou provavelmente no século VII. Embora pagãos, 
os saxões, já no fim do século VI, se converteram ao cristianismo. Estes eram 
originários da atual Alemanha, parte da Dinamarca e noroeste da Holanda. 
 Em seguida, ocorre a invasão empreendida pelos anglos (vikings),originários da Suécia, Noruega e parte da Dinamarca, os quais, por serem pagãos, 
destruíram mosteiros e trouxeram com eles o épico oral e pagão Beowulf. Coube 
ao rei Alfredo, no século IX, a conquista de um tratado de paz entre anglos e 
saxões, com todos convertidos ao cristianismo. 
 É a partir deste período que a ilha passa a ser denominada Inglaterra 
(Anglo Land – terra dos anglos), que, no século X, constitui uma só nação, 
governada por um rei, apresentando unidade linguística (Old English, Inglês 
Arcaico), com uma crença única, a Católica, aderindo, portanto, ao teocentrismo 
medieval. 
10 
 
 A literatura anglo-saxã é quase que totalmente oral e em verso, tendo sido 
transposta para a escrita muitos anos depois de sua criação. A primeira grande 
obra deste período é o poema épico Beowulf de autor desconhecido e composto 
no continente. Passou da oralidade para a escrita no final do século IX por um 
monge. É uma obra pagã, apesar de aspectos cristãos dados pelo monge. 
 Houve outras obras de menor originalidade como os poemas religiosos 
compostos pelos poetas Caedmon e Cynewulf; além da obra não ficcional História 
Eclesiástica do Povo Inglês, escrita por Beda, o Venerável. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Beowulf (autor desconhecido) 
 Provavelmente, o épico Beowulf tenha sido composto no século VIII d. C. 
por um poeta cristão a partir da tradição oral pagã. Por volta do início do século 
X, foi transcrito para o saxão e é esta transcrição, com cerca de três mil versos, 
que se mantém até os dias atuais, embora tenha sido parcialmente destruída por 
um incêndio. 
 O enredo se divide em três partes: 
1ª Parte: Beowulf, príncipe dos getas, uma tribo sueca, escandinava, parte em 
auxílio a Hrothgar, rei de Själland, uma ilha dinamarquesa. O reino de Hrothgar 
sofria, por doze anos, ataques noturnos do imbatível monstro Grendel. 
 Beowulf enfrenta sem armas o monstro, arrancando o braço deste e 
fazendo-o refugiar-se num pântano, onde vem a morrer. 
 2ª Parte: Movida pela vingança, a monstruosa Loba do Mar, mãe de Grendel, 
ataca o palácio, trazendo com ela o braço do filho morto. Beowulf mergulha no 
pântano e, com a espada Hrunting, presente do amigo Unforth, luta com a fera e 
a mata, cortando-lhe a cabeça, a qual é entregue ao rei Hrothgar. O povo 
ovaciona o herói, que recebe muitas riquezas. 
11 
 
Beowulf retorna a sua terra, onde também é recebido como herói. Tempo 
depois o rei dos getas morre e Beowulf sobe ao trono. 
3ª Parte: Passam-se muitos anos, Beowulf, já idoso, vê seu reino sendo assolado, 
sempre à noite, por um dragão, que tivera seu tesouro furtado. 
 Beowlf vai à toca do dragão. O aspecto deste é tão repugnante que os 
soldados fogem, deixando o rei e seu fiel amigo Wiglaf sozinhos. Com uma rajada 
de fogo, o dragão destrói a espada de Beowulf e crava-lhe os dentes no pescoço. 
Wiglaf, com sua espada, corta a cabeça do dragão, porém Beowulf não resiste e 
morre. O funeral do protagonista encerra o poema. 
 Embora o autor anônimo tenha acrescentado elementos cristãos, como o 
fato de Grendel ser descendente de Caim e Deus ser o criador do universo, o 
poema revela o maniqueísmo pagão germânico pelo qual o herói representa o 
bem em luta contra o mal, representado pelos monstros. 
 O protagonista, como típico herói épico, personifica a vingança como 
forma de justiça, a força física, a solidariedade e generosidade, pois, embora 
príncipe, Beowulf divide com seus vassalos as riquezas conquistadas, o que os leva 
a chamá-lo de “príncipe dos anéis”. 
 Embora tenham sido os anglos os introdutores desta obra na Inglaterra, 
sua origem é escandinava (Suécia e Noruega), já que, mesmo em constante 
disputa entre si, os povos germânicos, povos do norte da Europa, acreditavam 
numa cultura única. Dessa forma, Beowulf é uma obra escandinava, introduzida na 
ilha pelos anglos e transformado, na Inglaterra, em poema escrito. 
 
O Inglês Arcaico (Old English) em Beowulf 
 O conteúdo violento do épico Beowulf advém inclusive da força do Inglês 
Arcaico (Old English), um emaranhado de consoantes, além do emprego da head-
rhyme (rima inicial), cujo efeito semântico é a ênfase, a força, a violência. 
12 
 
 A head-rhyme consiste na repetição de um mesmo fonema no interior de 
cada verso que se divide em duas partes. 
 Estes aspectos linguísticos e estilísticos podem ser verificados nos 
fragmentos a seguir. 
Fragmentos de Beowulf 
(A Luta entre Beowulf e a Mãe de Grendel) 
 
“Aefter thaem wordum Wedergeata leod 
Efst mid elne, nalas andsware 
Bidan wolde; brimwylm onfeng 
Hilderince. Thã waes hwil daeges, 
Aer he thone grundwong ongytan mehte. 
……………………………………………….. 
Eft waes anraed, nalas elnes laet, 
Maertha gemyndig maeg Hygelaces; 
Wearp tha wundenmael wraettum gebunden 
Yrre oretta, thaet hit on eorthan laeg, 
Stith and stylecg; strenge getreowde, 
Mundgripe maegenes. Swa sceal man don, 
Thonne he aet guthe gegan thenceth 
Longsumne lof, na ymb his lif cearath, 
Gefeng tha be feaxe (nalas for faehthe mean) 
Guthgeata leod Grendles modor; 
Braegd tha beadwe heard, tha he gebolgen waes, 
Feorhgenithlan, thaet heo on flet gebeah. 
Heo him eft hrathe andlean forgeald 
Grimman grapum and him togeanes feng: 
Oferwearp tha werigmod wigena strengest, 
Fethecempa, thaet he on fylle wearth. 
Ofsaet that hone selegyst and hyre seax geteah, 
Brad ond brunecg, wolde hire beam wrecan, 
Angan caferan. Him on eaxle laeg 
Breostnet broden; thaet gebearh feore, 
With ord and with ecge ingang forstod. 
Haefde tha forsithod sunu Ecgtheowes 
Under gynne grund, Geata cempa, 
Nemne him heathobyrne helpe gefremede, 
Herenet hearde, and halig God 
Geweold wigsigor, witig Drihten; 
Rodera Raedend hit on ryht gesced 
Ythelice, syththan he eft astod. 
Geseah tha on searwum sigeeadig bil, 
Eald sweord eotenise ecgum thyhtig, 
Wigena weorthmynd: thaet waepna cyst, 
Buton hit waes mare thonne aenig mon other 
13 
 
To beadulace aetberan meahte, 
God and geatolic giganta geweorc. 
He gefeng tha fetelhilt, freca Scyldinga, 
Hreoh and heorogrim hringmael gebraegd, 
Alders orwena yrringa sloh, 
 
Thaet hire with hales heard grapode, 
Banhringas braec; bile al thurhwod 
Faegne flaeschoman; heo on flet gecrong; 
Sweord waes swatig; secg weorce gefeh. 
Lixte se leoma, loht inne stod, 
Efne swa of hefene hadre scineth 
Rodores candel. 
 
Tradução 
Com tais palavras o príncipe dos Getas-das-Intempéries* 
Retornou rapidamente, sem qualquer resposta 
Aguardar, ao guerreiro recebem-no as águas 
Perturbadas. Passou-se então parte do dia 
Antes que enfim pudesse fitar o fundo do abismo. 
................................................................................. 
Mas era solerte, não lerdo em coragem, 
Com fome de fama, familiar de Hygelac,* 
À espada pôs fora, ornada com ondas, 
Raivoso guerreiro, na terra a deixando 
Firme e acerada; fiava na força, 
No poder de seu punho. Assim faz o paladino 
Que cuida sempre em conquistar no combate 
O longo louvor: não se lembra da vida. 
O Geta-Guerreiro agarrou a mãe de Grendel; 
Brioso após tantos embates, transbordante de cólera, 
(sem recusar nesse encontro) puxou pelos cabelos 
A mortal inimiga, que mole se prostra no chão. 
Rápido veio a resposta; deu ela o revide, 
E atracou-se com ele com garras horríveis: 
Aí foi que, enfraquecido, o mais forte dos guerreiros, 
Triunfo da infantaria, tropeçou e caiu. 
E ela sentou-se no intruso, sacou sua adaga 
Larga e luzente; para o único filho anelava 
Cobrar a vingança. Cobria o ombro dele 
A malha trançada; salvou sua vida, 
Impedindo o passar de ponta ou de gume. 
Por força teria ficado o filho de Ecgtheow* 
Por sob o largo solo, o campeão soberbo dos Getas, 
Não tivesse então lhe valido a veste de luta, 
A rude rede de guerra; e não tivesse Deus santo 
Trazido o triunfo, o sábio Senhor. 
O Governante dos Céus decidiu com acerto, 
Sem hesitar,quando o herói se ergueu novamente. 
14 
 
E eis que viu na panóplia, votada à vitória, 
Uma arma forjada bem forte e afilada, 
De guerreiros a glória: era um gume sem par, 
Se bem que maior que as que um outro qualquer 
Brandir poderia na brava batalha, 
Da boa têmpera e torneado, um trabalho de gigantes. 
Puxou-lhe o punho o paladino dos Scyldings.* 
Sacou sequioso e selvagem o gume lavrado; 
Farto da vida, feriu com furor; 
O ataque tremendo atingiu a garganta, 
Espedaçando anéis ósseos; atravessou a lâmina 
O corpo condenado. Ela então caiu ao solo; 
A espada suave sangue, o sucesso aprouve o herói. 
O fulgor refulgiu, a luz flamejou na caverna 
Assim como acesa cintila na altura 
A candeia do céu” 
 
Notas 
* “O príncipe dos Getas-das-Intempéries”: trata-se de Beowulf, que pertencia à 
tribo dos getas, aqui denominados “Wedergeata” – ou, em inglês moderno, 
“weather-geats” (getas do tempo ou das intempéries). Os getas viviam no sul da 
Suécia atual, mas a ação do poema se desenrola em grande parte em solo 
dinamarquês, onde Hrothgar, soberano local, necessitava da ajuda de Beowulf(...)” 
* “Hygelac”: Beowulf era sobrinho de Hygelac, rei dos suecos. 
* “Ecgtheow”: o pai do herói era cunhado de Hygelac. 
* “O paladino dos Scyldings”: os membros da estirpe de Hrothgar eram chamados 
de Scyldings porque descendiam de um certo Scyld. 
(texto e tradução transcritos de VIZIOLI, Paulo. A Literatura Inglesa Medieval. São 
Paulo: Nova Alexandria, 1992. ) 
 
Comentário Sobre o Fragmento 
No plano da forma ou da expressão, verifica-se a constante presença da 
head-rhyme, destacada no trecho abaixo: 
“Aefter thaem /w/or/d/um /W/e/d/ergeata leod 
Efst mid el/n/e, /n/alas andsware 
Bidan /w/olde; brim/w/ylm onfeng 
15 
 
Hilderince. Thã /w/aes h/w/il daeges, 
Aer he thone grundw/ong/ /on/gytan mehte.” 
 No plano do conteúdo, fica evidente o caráter épico e heroico do 
protagonista, qualidades fundamentadas na bravura, na descendência nobre e no 
desejo de abrir mão da própria vida: “Mas era solerte, não lerdo em coragem, / 
Com fome de fama familiar de Hygelac (...)”, “não se lembra da vida (...)” 
 Quanto à progressão narrativa, observa-se a criação do suspense à medida 
que a força do guerreiro é interrompida momentaneamente pela atitude do 
monstro “Aí foi que, enfraquecido, o mais forte dos guerreiros, / Triunfo da 
infantaria, tropeçou e caiu. / E ela sentou-se no intruso (...)”; porém, logo em 
seguida, o herói se recompõe e volta a dominar a situação “e não tivesse Deus 
santo / Trazido o triunfo, o sábio Senhor. /O Governante dos Céus decidiu com 
acerto,/ 
Sem hesitar, quando o herói se ergueu novamente.” Vem à tona, no 
trecho transcrito, a influência cristã, neste épico genuinamente pagão. 
 Finalmente vale ressaltar que os atributos do herói vão delineando as 
características dos cavaleiros medievais que irão influenciar o herói e o indianismo 
românticos do século XIX. 
Fica como sugestão assistir ao filme A Lenda de Beowulf de 2007, dirigido 
por Robert Zemeckis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 03 - PERÍODO MEDIEVAL (MEDIEVAL PERIOD) (1066 A 1485) 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Explicitar as características do Período Medieval. 
 Embora o período Anglo-Saxão esteja inserido na Idade Média, os valores 
medievais de fato se concretizaram em 1066, quando os normandos, vindos do 
norte da França (Norman, North man), passaram a dominar a Inglaterra e a impor 
seu idioma o francês normando (Norman French) e sua cultura à ilha. 
 Vamos presenciar agora um processo de refinamento da nobreza britânica 
a começar pelo próprio idioma. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 O idioma francês normando, cuja origem é o latim, era suave, alegre e 
claro, opondo-se ao sombrio e pesado inglês arcaico. Este torna-se a língua da 
17 
 
maioria, da plebe; aquele e o latim, a língua dos nobres, do clero e dos textos 
literários. 
 Os textos latinos escritos pelos normandos versavam sobre mitos, entre 
eles, o mito do rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda, obra escrita em latim 
por Geoffrey de Monmouth e transposta para o inglês por Layamon, por volta de 
1200. 
 A lenda do rei Artur é de origem britânica, porém só foi apreciada pelos 
ingleses à medida que os normandos a levaram para a ilha. 
 Outro mito de tradição oral, criação do próprio povo inglês, era a de Robin 
Hood, que roubava os bens dos ricos normandos para distribuí-las entre o povo. 
 Em 1204, os normandos perderam seus domínios no continente e se 
fixaram na ilha, o que promoveu a gradativa fusão do inglês arcaico com o francês 
normando, gerando o inglês médio (Middle English). 
 Muitos textos escritos no inglês médio são de caráter religioso, porém os 
que mais se destacam são as cantigas de influência provençal, trovadorescas, 
bastante difundidas também em Portugal. Destaca-se Alysoun (Álison, nome 
feminino) de autor desconhecido, uma cantiga tipicamente de amor, em que o eu 
lírico masculino se coloca como vassalo da mulher, a qual, por ser inacessível, 
desencadeia no amante a coita, ou seja, o sofrimento amoroso. Observe essas 
características no excerto abaixo: 
 
Alysoun 
 
Ic libbe in love-longinge 
For semlokest of alle thinge; 
He may me blisse bringe; 
Icham in hire baundoun. 
An hendy hap ichabbe yhent; 
Ichot from hevene it is me sent; 
From all wymmen mi love is lent 
Ant lyht on Alysoun. 
 
On heu hire her is fayr ynuh, 
18 
 
Hire browe broune, hire eye blake; 
With lossum chere he on me loh, 
With middle small ant wel ymake. 
Bote he me wolle to hire take, 
Forte buen hire owen make, 
Longe to liven ichulle forsake, 
Ant feye fallen adoun. 
 
Nihtes when I wende ant wake, 
Forthi myn wonges waxeth won. 
Levedi, al for thine sake 
Longinge is ylent me on. 
In world nis non so wytermon 
That al hire bounte telle con. 
Hire swyre is whittore then the swon, 
Any feyrest may in tourne… 
 
Tradução 
Álison 
 
Eu vivo no ardor do desejo 
Por uma formosa que vejo; 
Feliz me fará, como almejo, 
Ainda que sem liberdade. 
A sorte gentil me seduz; 
O céu com certeza a conduz; 
Fora Álison, que é minha luz, 
Não acho mulher que me agrade. 
 
Cabelos castanhos na cor, 
Negro o olho, bem claro o semblante; 
Sorri para mim com amor; 
Tem fina a cintura, e elegante. 
Parece também anelante 
Em me receber como amante; 
Tal sina cruel me garante 
Que não viverei longa idade. 
 
À noite eu me agito e desperto, 
E pálido estou de ansiedade; 
Senhora, és a causa por certo 
Do fogo que agora me invade. 
Não há neste mundo quem há de 
Com arte cantar-lhe a beldade. 
Tem colo de cisne em verdade, 
Mais bela não há na cidade... 
(VIZIOLI, Paulo. A literatura Inglesa Medieval) 
 
19 
 
 No entanto, é neste período que surge o maior escritor inglês até então: 
Geoffrey Chaucer, cuja obra prima são Os Contos da Cantuária (The Canterbury 
Tales). 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
The Canterbury Tales – (Os Contos da Cantuária) – Geoffrey Chaucer 
 
 Nascido em Londres, por volta de 1340, filho de rico 
comerciante, Chaucer, pai da literatura inglesa, foi homem 
culto, tendo dominado o francês, o latim e o italiano. Sua 
obra fez surgir o Modern English (Inglês Moderno). 
 The Canterbury Tales (Os Contos da 
Cantuária) é sua obra prima, composta de contos 
em versos decassílabos, que apresentam uma visão crítica e cômica dos tipos 
sociais da época, o final da Idade Média. 
 O plano da obra é simples. Vários peregrinos, entre eles Chaucer, que 
pretendem visitar o túmulo de Santo Tomás Becket, na catedral da Cantuária 
(teocentrismo), reúnem-se por acaso numa taverna, ao sul de Londres, e, por 
segurança, resolvem cavalgar juntos. O estalajadeiro Harry Bailey oferece uma ceia 
àquele que contar a melhor estória durante a peregrinação. Como Chaucer não 
terminou a obra, não se sabe quem é o vencedor. 
 Nos contos, há um desfilede tipos sociais da época medieval (final do 
século XIV), que representam suas respectivas classes e instituições: o cavaleiro 
(nobreza), a prioresa e o monge (clero), o médico e a fabricante de tecidos 
(burguesia), o moleiro (plebe), entre outros. 
 Sua obra é marcada pela crítica com humor e ironia, influência de um de 
seus autores preferidos: o italiano Bocaccio, autor de O Decameron, obra 
publicada em 1350, cujo enredo gira em torno dez jovens que, para fugirem da 
pt.wikipedia.org/wiki/Geoffrey_Chaucer 
Geoffrey Chaucer 
1340 - 1400 
20 
 
peste disseminada por Florença, se refugiam numa colina e, durante dez dias (daí 
o título), passam o tempo contando histórias picantes. 
 Veja alguns fragmentos do Prólogo dos Contos da Cantuária, no qual se 
figuram vários tipos sociais da época: 
 
Whan that Aprille with his schowres swoote(…) 
Thanne longen folk to gon on pilgrimages, 
And palmers for to seeken straunge stondes, 
To ferme halwes, kouthe in sondry londes; 
And specially, from every schires ende 
Of Engelond, To Canterbury they wende, 
The holy blissful martir for to seeke, 
That hem hath holpen whan that they were seeke. 
Byfel that, in that sesoun on a day, 
In Southwerk at the Tabard as I lay(…) 
 
Me thinketh it acordaunt to resound, 
To telle you al the condicion 
Of eche of hem, so as it semede me, 
And whiche they weren, and of what degree;(…) 
 
Tradução 
“Quando o chuvoso abril cortou feliz(...) 
Então se vai em peregrinação 
E até nos mais inóspitos confins 
Aos santuários chegam peregrinos; 
Enquanto na Inglaterra toda gente 
Visita a Cantuária especialmente 
A fim de conhecer a sepultura 
Do santo mártir que lhes trouxe cura. 
Naquele tempo, um dia aconteceu 
Que em Southwark, no Tabardo, achando-me eu (...) 
Creio de bom alvitre a boa razão 
De cada um descrever a condição, 
Mostrando, em meu juízo pessoal, 
O modo e a posição de cada qual.(...) 
 
The Knight 
A Knight ther was, and that a worthy man, 
That from the tyme that he first bigan 
To ryden out, he loved chyvalrye, 
Trouthe and honour, freedom and curteisie. 
Fur worthi was he in his lords werre, 
And therto hadde he riden, noman ferre, 
21 
 
As wel in Cristendom as in hethenesse, 
And evere honoured for his worthinesse.(…) 
At mortal batailles hadde he ben fifteen, 
And fougghten for oure faith at Tramassene.(…) 
And though that he was worthy, he was wys, 
And of his port as meke as is a mayde. 
He nevere yit no vileinye ne sayde 
In al his lyf, unto no maner wight. 
He was a verray prefight gentil knight. 
But for to tellen you of his array, 
His hors were good, but he was nought gay. 
Of fustyan he werede a gepoun 
Al bysmotered with his habergeoun. 
For he was late ycome from his viage, 
And wente for to doon his pilgrimage. 
 
Cavaleiro 
Havia um cavaleiro, um homem digno, 
Que sempre tendo as armas como signo, 
Amou a lealdade e a cortesia, 
A honra e a franqueza da cavalaria. 
Nas guerras de seu amo lutou bem, 
E mais distante não andou ninguém, 
Entre os pagãos ou pela cristandade; 
E sempre honrado por sua dignidade.(...) 
Travou lutas mortais, uma quinzena, 
E pela fé bateu-se em Tramassena,(...) 
E, além de ser valente, ele era sábio, 
Modesto qual donzela na atitude, 
Pois jamais dirigiu palavra rude, 
Em toda a vida, a estranho ou companheiro. 
Era um gentil, perfeito cavaleiro. 
Quanto à aparência, era isto que vos falo: 
Simples no traje; bom o seu cavalo. 
Via-se a grossa túnica manchada 
Pela cota de malha enferrujada, 
Pois voltava de mais uma missão, 
Saindo logo em peregrinação. 
 
The Prioress 
Ther was also a Nonne, a PRIORESSE,(...) 
And sikerly sche was of gret disport, 
And ful plesaunt, and amiable of port, 
And peynede hire to contrefete cheere 
Of court, and ben estatlich of manere, 
And to ben holden digne of reverence.(…) 
Of small coral aboute hire arm sche baar 
A peire of bedes gauded al with grene; 
22 
 
And theron heng a broch of gold ful schene, 
On which was first i-write a crowned A, 
And after, Amour vincit omnia. 
 
A Prioresa 
E estava lá uma freira, PRIORESA.(...) 
E era de ânimo alegre, certamente, 
E se mostrava amável e contente; 
As etiquetas copiava inteiras 
Da corte para ter boas maneiras 
E de todos granjear a reverência.(...) 
Tinha ao braço um rosário de coral 
Com as contas maiores esverdeadas, 
E um medalhão de refrações douradas 
Onde se lia, coroado, um A, 
E depois: Amor vincit omnia. 
 
Ironia: Amor vincit omnia: O Amor ( erótico ) tudo pode 
Bibliografia: VIZIOLI, Paulo – A Literatura Inglesa Medieval. Nova Alexandria, 1992 
 
Comentário sobre os Fragmentos 
No plano da forma ou da expressão, fica evidente a habilidade de Chaucer 
em utilizar as rimas e os clássicos versos decassílabos. 
 Quanto à linguagem, observa-se, em comparação com o Old English de 
Beowulf, a evolução do idioma inglês, muito mais próximo do inglês atual. 
 No plano do conteúdo, os fragmentos ilustram bem o panorama medieval, 
época teocêntrica, de peregrinações a locais sagrados, da luta contra os 
muçulmanos, não obstante a afiada ironia do poeta em relação à prioresa, um 
membro do clero. 
 Fica como sugestão assistir ao filme The Canterbury Tales de 1972, dirigido 
por Pier Paolo Pasolini. 
 
 
 
 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 04 - ERA PRÉ-ELISABETANA E ERA ELISABETANA: RENASCIMENTO 
(ELIZABETHAN AGE-RENAISSANCE) (1485 A 1625) 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Conhecer as características básicas do período elizabetano. 
 Entre 1455 e 1485, ocorreu a Guerra das Duas Rosas, que deu início à 
dinastia Tudor, preparando caminho para a Renascença inglesa, denominada 
também Era Elisabetana, ou seja, época do reinado de Elizabeth I, de 1558 a 1603, 
sobre o que trataremos a seguir. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
24 
 
Foi um período de grande desenvolvimento econômico e cultural, 
elevando a Inglaterra à condição de potência europeia. 
 Essa época áurea foi gradativamente preparada a partir de 1485, quando 
Henrique Tudor (Henrique VII) tomou o poder e pôs fim ao feudalismo na 
Inglaterra. A cultura ganha força, no reino, com a introdução da técnica de 
impressão e a publicação de Morte Darthur de Sir Thomas Malory, já em 1485. 
Esta obra retrata a morte do rei Artur e as aventuras dos cavaleiros da Távola 
Redonda. 
 
Morte Darthur – Sir Thomas Malory 
 O relato em prosa de Malory inicia com o nascimento 
de Arthur e termina com sua misteriosa morte. Também 
apresenta a figura do mágico Merlin e as aventuras dos 
Cavaleiros da Távola Redonda, homens liderados pelo rei 
Arthur, dentre os quais se destacam Sir Launcelot, Sir 
Percivale e Sir Gawaine. Os cavaleiros empreendem perigosas 
missões, torneios e demonstram cavalheirismo às damas da corte. 
 O declínio do reinado de Arthur começa com a infidelidade de sua esposa 
Guinevere, amante de Launcelot. Posteriormente, Sir Mordred, sobrinho de Arthur, 
o trai e toma o poder, Guinevere morre. Arthur é conduzido por três damas 
misteriosas para seu descanso final num barco. Eis sua misteriosa morte. 
 Arthur recebe da Dama do Lago a espada Excalibur, arma poderosa que, 
na infância, o fez reconhecido como rei, quando ele conseguiu tirá-la de uma 
pedra. 
 Voltemos, agora, aos pressupostos históricos. Henrique VII foi sucedido por 
Henrique VIII, que criou a Igreja Anglicana, a qual não mais se submetia à 
autoridade papal, uma vez que o Papa Clemente VII negara-lhe o direito de 
divorciar-se de Catarina Aragão e contrair segundo casamento com Ana Bolena. 
King Arthur 
pt.wikipedia.org/wiki
/King_Arthur 
25 
 
O rei distribui os bens da Igreja Romana entre os nobres, muitos originários da 
burguesia e torna-se a autoridade máxima, inclusive no que diz respeito à 
interpretação das Sagradas Escrituras. 
 Apesar do poder centralizador, o reinado de Henrique VIII foi marcado por 
grande desenvolvimento econômico e cultural. Surgemos humanistas ingleses, 
estudiosos dos clássicos greco-romanos, destacando-se Sir Thomas More e sua 
obra filosófica em latim denominada Utopia. 
 Henrique VIII foi sucedido pelos seus filhos Eduardo VI e Maria I, que 
fizeram péssimos reinados. No entanto, sua filha Elizabeth I assume o trono e 
devolve o progresso à Inglaterra. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Era Elisabetana – Renascimento ( Elizabethan Age – 
Renaissance ) 
(1485 a 1625) 
 No reinado de Elizabeth I, surgem mais humanistas, 
como Sir Francis Bacon e sua obra filosófica Ensaios; além de 
textos em latim, embora o sentimento nacionalista fizesse 
prevalecer o idioma inglês. 
 Sir Thomas Wyatt traz da Itália o soneto; e a poesia de influência clássica se 
manifesta nas obras de Cristopher Marlowe e Sir Walter Raleigh. 
 Vale lembrar que a poesia clássico-renascentista apresenta as seguintes 
características: 
a) mimese (recriação) dos clássicos greco-romanos; 
b) racionalismo, equilíbrio, contenção emotiva; 
c) neoplatonismo; 
d) bucolismo; 
e) carpe diem; 
pt.wikipedia.org/wiki
/Isabel_I_de_Inglater
ra 
Elizabeth I 
26 
 
f) caráter universal e atemporal da arte; 
g) antropocentrismo; 
h) paganismo estético; 
g) rigidez formal 
 
Cristopher Marlowe 
 Cristopher Marlowe, nascido no mesmo ano que 
Shakespeare, 1564, destacou-se mais no teatro com as peças 
Tamburlaine, The Jew of Malta; e Dr. Faustus, personagem que 
vende a alma ao demônio Mefistófeles em troca do saber. 
Séculos depois, o alemão Goethe adaptará esta obra também 
para o teatro e Gounod para a ópera. Marlowe morreu 
precocemente, com 29 anos, assassinado em uma taverna, o que o impossibilitou 
de se equiparar a Shakespeare. 
Para se ter ideia da poesia renascentista de Marlowe, vamos à análise do 
poema seguinte: 
 
 
Passionate Shepherd To His Love 
Come live with me and be my love, 
And we will all the pleasures prove, 
That valleys, groves, hills, and fields, 
 
Woods, or steepy mountain yields. 
And we will sit upon the rocks, 
 
Seeing the shepherds feed their flocks, 
By shallow rivers, to whose falls 
Melodious birds sing madrigals. 
 
And I will make thee beds of roses, 
And a thousand fragrant posies, 
A cap of flowers and a kirtle 
Embroider'd all with leaves of myrtle: 
 
A gown made of the finest wool, 
Which from our pretty lambs we pull; 
wikipedia.org/
wiki/Christoph
er_Marlowe – 
27 
 
Fair lined slippers for the cold, 
With buckles of the purest gold: 
 
A belt of straw and ivy buds, 
With coral clasps and amber studs; 
And if these pleasures may thee move, 
Come live with me and be my love. 
 
The shepherd swains shall dance and sing 
For thy delight each May morning; 
If these delights thy mind may move, 
Then live with me and be my love. 
( Cristopher Marlowe ) 
 
Comentário sobre o Poema 
No plano da forma ou da expressão, destacam-se as rimas emparelhadas 
“Love” / “prove”; “fields” / yelds”; “rocks” / “flocks”; “falls” / “madrigals” e assim 
sucessivamente. 
 As rimas emparelhadas, o ritmo e o refrão “Come live with me and be my 
love”, imprimem musicalidade ao poema. 
 No plano do conteúdo, já no primeiro verso, sugere-se o tema latino do 
carpe diem ou aproveite o dia, o momento; em inglês: seize the day, como se 
observa em “Come live with me”, “we will all the pleasures prove”. Como já vimos, 
essa temática é típica da estética clássica. 
 O ideal clássico-renascentista se reforça no aproveitar o momento, 
amando, em meio a uma paisagem bucólica e pastoril: “That valleys, groves, hills, 
and fields” , “Seeing the shepherds feed their flocks, / By shallow rivers, to whose 
falls /Melodious birds sing madrigals.” Esses elementos acabam tornando o 
poema lírico um verdadeiro idílio. 
 A partir da terceira estrofe, o eu lírico pastoril propõe à amada uma vida 
simples mas repleta de prazeres, sugerindo até mesmo um discreto erotismo: 
“And I will make thee beds of roses”, “A gown made of the finest wool, / Which 
from our pretty lambs we pull”, “if these pleasures may thee move, / Come live 
with me and be my love” 
28 
 
Portanto, o poema de Marlowe ilustra bem o estilo clássico-ranscentista 
que tanto agradava aos nobres elizabetanos. 
 
Sir Walter Raleigh - 1552? – 1618 
 Sir Walter Raleigh, além de poeta, foi colonizador na 
América do Norte, tendo sido o poeta favorito da rainha 
Elisabeth I, porém, com a morte desta, envolveu-se em atos 
ilícitos e foi condenado à morte pelo rei Jaime I. 
 Amigo de Marlowe, Raleigh criou o poema abaixo que é uma resposta ao 
poema do amigo, acima analisado: 
 
The Nymphs Reply to the Shepherd 
Sir Walter Raleigh 
 
If all the world and love were young, 
And truth in every shepherd's tongue, 
 
These pretty pleasures might me move 
To live with thee and be thy love. 
 
Time drives the flocks from field to fold 
When rivers rage and rocks grow cold, 
And Philomel becometh dumb; 
The rest complains of cares to come. 
 
The flowers do fade, and wanton fields 
To wayward winter reckoning yields; 
A honey tongue, a heart of gall, 
Is fancy's spring, but sorrow's fall. 
 
Thy gowns, thy shoes, thy beds of roses, 
Thy cap, thy kirtle, and thy posies 
Soon break, soon wither, soon forgotten 
In folly ripe, in season rotten. 
 
Thy belt of straw and ivy buds, 
Thy coral clasps and amber studs, 
All these in me no means can move 
To come to thee and be thy love. 
29 
 
 
But could youth last and love still breed, 
Had joys no date nor age no need, 
Then these delights my mind might move 
To live with thee and be thy love. 
 
A Era Elisabetana e os Teatros 
 Como Londres era uma cidade próspera, muitos grupos teatrais 
ambulantes se dirigiam para lá, onde encontravam grande público, principalmente 
nas hospedarias. O teatro, como sala de espetáculo, nasce, portanto, nos 
arredores da Londres elisabetana, anexo às estalagens. Parte das galerias 
conduzia para os dormitórios; nelas ficavam os mais ricos. As galerias davam para 
um pátio, tendo ao fundo o palco. Os menos abastados assistiam às peças no 
pátio. O público era variado: aristocratas, letrados, almofadinhas, ladrões, 
marinheiros e soldados de licença. 
 Havia grandes atores e autores, porém nenhum se equiparou a William 
Shakespeare, que será estudado separadamente. 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 05 - WILLIAM SHAKESPEARE (1564 – 1616) 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Propiciar conhecimentos a respeito de William 
Shakespeare 
Pronto, meu caro aluno, estamos, agora, diante, 
talvez, do mais famoso escritor universal. Vamos conhecê-
.wikipedia.org/wiki/Willia
m_Shakespeare - 
30 
 
lo mais a fundo. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 Maior representante da Era Elisabetana, William Shakespeare nasceu e 
morreu (de febre depois de uma bebedeira) na cidade de Stratford-on-Avon, 
sendo considerado o melhor dramaturgo e talvez o melhor escritor de todos os 
tempos, embora seu único interesse fosse ganhar dinheiro com as peças. 
 Por não ter frequentado a universidade, foi muito criticado pelos cultos de 
seu tempo que o chamavam de Shakescene (sacode-cena), por considerarem-no 
preocupado apenas com a ação. Shakespeare passou a ser valorizado apenas a 
partir do século XIX, com o advento do Romantismo. 
 Os acadêmicos desprezavam-no, mas o público adorava suas peças; por 
isso, chegou a ganhar muito dinheiro, tendo comprado a mais bela casa de 
Stratford. Teve um casamento tumultuado com Ann Hathaway com quem teve 
três filhas: Susanna e as gêmeas Hannet e Judith. 
 Apesar de suas peças serem encenadas no Globe Theatre, não possuíam 
grandes cenários e figurinos. Vale lembrar que as mulheres não eram aceitas no 
palco; por isso, os atores, com máscaras, representavam os papéis femininos. É 
importante frisar que Shakespeare também foi ator de suas peças. 
 São famosos os “clowns” shakespeareanos, que não são palhaços como 
conhecemos hoje, mas sim pessoasrústicas do povo ou os bobos que 
entretinham os nobres e diziam as verdades de forma direta e contundente. 
 Com a morte de Elizabeth I, o grupo teatral de Shakespeare, chamado Os 
Homens de Lord Chamberlain, passou a se chamar Os Homens do Rei, pois eram 
protegidos pelo rei Jamie I. 
 Quanto ao estilo de época, Shakespeare viveu entre o final do 
Renascimento e o início do Barroco, num período denominado Maneirismo. 
31 
 
 Do estilo clássico-renascentista verifica-se em sua obra o universalismo, o 
caráter atemporal da arte, o equilíbrio, o paganismo estético. No que diz respeito 
ao Maneirismo, um prenúncio do Barroco, sua linguagem, em certos momentos, é 
repleta de paradoxos e antíteses, e sua temática revela o desequilíbrio devido à 
efemeridade da vida, ao sentido trágico da existência, ao senso de mistério. 
 No entanto a genialidade de Shakespeare impossibilita o rótulo discutível 
dos estilos de época. Sua obra é clássica, barroca, romântica, realista, modernista 
e, acima de tudo, eterna. 
 
Cronologia das Peças Shakespeareanas 
1590 a 1592: Trabalhos de Amor Perdidos (comédia); Henrique VI (drama 
histórico); 
1592 a 1594: A Comédia dos Erros, Os Dois Fidalgos de Verona (comédias); 
1593 e 1594: Ricardo III (drama histórico), Tito Andrônico (tragédia); 
1594 a 1596: Sonho de Uma Noite de Verão, O Mercador de Veneza (comédias) 
1594 a 1597: A Megera Domada (comédia), Romeu e Julieta (tragédia); 
1597 e 1598: Henrique IV (drama histórico); 
1598 e 1599: Henrique V (drama histórico); 
1597 a 1600: As Alegres Comadres de Windsor (comédia); 
1598 a 1600: Muito Barulho por Nada ou Tempestade em Copo D`Água (comédia); 
1599 a 1600: Como Gostais (comédia); 
1599 a 1601: Noite de Reis (comédia); 
1600 a 1601: Hamlet, Príncipe da Dinamarca (tragédia); 
1600 a 1604: Tudo Está Bem Quando Bem Termina (comédia); 
1601 a 1603: Tróilo e Cressida (tragédia); 
1603 a 1604: Medida por Medida (comédia); 
1604 a 1605: Otelo, O Mouro de Veneza (tragédia); 
1605 a 1606: Rei Lear, Macbeth (tragédias); 
32 
 
1607 e 1608: Péricles, Príncipe de Tito (comédia), Antônio e Cleópatra, Tímon de 
Atenas (tragédias); 
1608 a 1610: Coriolano (tragédia); 
1609 e 1610: Cimbelino (comédia); 
1610 e 1611: Conto de Inverno (comédia); 
1611 e 1612: A Tempestade (comédia); 
1612 e 1613: Henrique VIII (drama histórico). 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
A Poesia Shakespeareana 
 Além do teatro, Shakespeare também se destacou na poesia, tendo 
composto 154 belos sonetos (sonnets), que se diferenciavam do soneto italiano ou 
petrarquiano ( dois quartetos e dois tercetos ). Os sonetos shakespearianos eram 
compostos de 14 versos divididos em três quartetos (dispostos juntos, mas 
diferenciados pelo esquema rímico) e um dístico (estrofe de dois versos). O 
esquema rímico geralmente era A B A B C D C D E F E F G G. 
 Como típico poeta renascentista, aderiu ao neoplatonismo e ao amor 
perfeito. Também abordou a transitoriedade da vida humana, com melancolia. 
 A desilusão amorosa que lhe é provocada por uma certa “dama escura” faz 
com que o poeta impregne outros sonetos de maior sobriedade e profundidade, 
com implícitas reflexões morais. Também há sonetos em que se dirige a um 
“jovem amigo”. 
 Veja, como exemplo da genialidade da obra poética de Shakespeare, os 
sonetos 60, 55 e 53, nos quais se tematizam as seguintes características clássicas: 
a efemeridade do tempo, o poder eternizador da arte, a idealização da mulher 
amada, segundo os padrões gregos. 
 
Sonnet 60 
Like as the waves make towards the pebbled shore, 
33 
 
So do our minutes hasten to their end; 
Each changing place with that which goes before, 
In sequent toil all forwards do contend. 
Nativity, once in the main of light, 
Crawls to maturity, wherewith being crown'd, 
Crooked eclipses 'gainst his glory fight, 
And Time that gave doth now his gift confound. 
Time doth transfix the flourish set on youth 
And delves the parallels in beauty's brow, 
Feeds on the rarities of nature's truth, 
And nothing stands but for his scythe to mow: 
 
And yet to times in hope, my verse shall stand. 
Praising thy worth, despite his cruel hand. 
 
Soneto 60 
Como as ondas para a arenosa riba, 
Se apressam p`ra o seu fim nossos instantes; 
Galgando cada um o precedente, 
Um após outro p`ra diante correm. 
Nascemos, o esplendor do dia vem, 
E em plena glória da maturidade, 
Ofuscam nossa luz cruéis eclipses, 
O que o Tempo nos deu, agora rouba. 
Da juventude corrompendo as graças, 
Rasga sulcos na fronte que foi bela, 
Ceva-se nos primores da natureza, 
Em tudo agora manda a sua foice. 
 
Mas, apesar da sua mão cruel, 
Tu viverás para sempre nos meus versos. 
 
Sonnet 55 
Not marble, nor the gilded monuments 
Of princes, shall outlive this powerful rhyme; 
But you shall shine more bright in these contents 
Than unswept stone, besmear'd with sluttish time. 
When wasteful war shall statues overturn, 
And broils root out the work of masonry, 
Nor Mars his sword, nor war's quick fire shall burn 
The living record of your memory. 
'Gainst death, and all-oblivious enmity 
Shall you pace forth; your praise shall still find room 
Even in the eyes of all posterity 
That wear this world out to the ending doom. 
 
So, till the judgment that yourself arise, 
You live in this, and dwell in lovers' eyes. 
34 
 
 
Soneto 55 
De mármore não sei, nem de áureos monumentos 
Que sobrevivam ao meu canto poderoso: 
O tempo mancha a pedra, enquanto em meus acentos 
Tu sempre ostentarás um brilho vigoroso. 
Quando estátuas a guerra infrene derruir 
E as próprias construções das bases arrancar, 
Não poderão espada ou fogo destruir 
O vivo material que te há de relembrar. 
Indiferente a morte e a olvido hás de viver, 
E encontrará guarida o teu louvor supremo 
No olhar das gerações que se hão de suceder 
Até que o mundo atinja o seu momento extremo. 
 
Assim, até o Juízo em que despertarás, 
Em meu verso e no olhar dos que amam viverás. 
 
Sonnet 53 
What is your substance, whereof are you made, 
That millions of strange shadows on you tend? 
Since everyone hath every one, one shade, 
And you, but one, can every shadow lend. 
Describe Adonis, and the counterfeit 
Is poorly imitated after you. 
On Helen’s cheek all art of beauty set, 
And you in Grecian tires are painted new. 
Speak of the spring and foison of the year; 
The one doth shadow of your beauty show, 
The other as your bounty doth appear, 
And you in every blessèd shape we know. 
 
In all external grace you have some part, 
But you like none, none you, for constant heart. 
 
Soneto 53 
De que substância foste modelado, 
Se com mil vultos o teu vulto medes? 
Tantas sombras difundes, enfeixado 
Num ser que as prende, e a todas excedes; 
Adônis mesmo segue o teu modelo 
 
Em vã, esmaecida imitação; 
A face helênica onde pousa o belo 
Ganhou em ti maior coloração; 
A primavera é cópia desta forma, 
35 
 
A plenitude és tu, em que consiste 
 
O ver que toda graça se transforma 
No teu reflexo em tudo quanto existe: 
Qualquer beleza externa te revela 
Que a alma fiel em ti acha mais bela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 06 - ROMEU E JULIETA (ROMEO AND JULIET): WILLIAM SHAKESPEARE 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Propiciar conhecimentos a respeito da obra Romeu e Julieta; 
36 
 
Analisar a obra, a partir do enredo e estilo. 
 
Infoseries.com.br omundoeumpalco.zip.net 
Duas versões de Romeu e Julieta para o cinema 
 Você sabia que a tragédia de Romeu e Julieta é considerada verídica, 
tendo ocorrido nos primeiros anos do século XIV, na Itália? Pois é isso mesmo. 
Shakespeare se baseou no poema Tragical History of Romeo and Juliet de Arthur 
Brooke, inspirado no fato real. 
 A seguir, veremos o enredo, estilo, aspectos interdisciplinares, a partir do 
exame de fragmentos selecionados. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Oenredo se passa em Verona (Itália), onde duas poderosas famílias eram 
inimigas de morte. Capuletos (família de Julieta) e Montecchios (família de 
Romeu). Farto desses desentendimentos, Escalo, príncipe de Verona, declara que 
qualquer nova briga será punida com a morte. 
 Vivendo em função de seu amor platônico pela jovem Rosalina, da família 
dos Capuletos, Romeu é aconselhado pelo seu primo Benvólio a esquecer a 
amada, indo ao baile de máscaras na casa da família inimiga. Mascarados, eles 
não seriam reconhecidos. Romeu só aceita ir, pois sabe que Rosalina fora 
convidada. 
 Romeu e Julieta se conhecem no baile, mas, ao descobrirem que são de 
famílias rivais, sentem que tal amor será impossível. No baile, Romeu beija Julieta 
e dá, através do ato amoroso, início à transgressão do código de ódio entre as 
famílias. 
37 
 
 Teobaldo, da família dos Capuletos, reconhece Romeu e o expulsa do baile. 
O coro anuncia o fim do amor de Romeu por Rosalina e o início de seu amor por 
Julieta: “Agora, Romeu é amado e ama.” (“Now Romeo is beloved and loves”). 
Segundo o crítico E. Auerbach, instala-se no enredo o jogo infantil, ou seja, os 
jovens, como crianças, deixam-se levar pelo lirismo, pela emoção e transgridem os 
códigos do mundo racional adulto e clássico. Vale ressaltar que, desde os gregos 
antigos, a tragédia tem como causa uma transgressão aos códigos vigentes. 
 O cenário seguinte é o jardim dos Capuletos, configurando a quebra da 
rigidez do antigo teatro clássico grego, que consistia, no transcorrer do enredo, 
em um só cenário, um só dia e um só conflito. Embora o dramaturgo inglês tenha 
se mantido mais fiel ao aspecto conflito, quanto ao cenário e ao tempo, nas três 
peças que estudaremos, foge à rigidez clássica. Isso só era possível, porque os 
palcos dos teatros ingleses elisabetanos tinham vários fundos. 
 Voltando ao enredo, Romeu consegue entrar no jardim dos Capuletos, 
onde ouve a confissão de Julieta, que, não podendo fazê-la pessoalmente ao seu 
amado, conta às estrelas sua paixão. Tal confidência inspirará muitos poetas 
futuros, inclusive o nosso parnasiano Olavo Bilac em um de seus mais famosos 
sonetos “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo / perdeste o senso!(...) “E eu vos direi: 
Amai para entendê-las/ Pois só quem ama pode ter ouvido / capaz de ouvir e de 
entender estrelas”, bem como “A Canção De Romeu”, também de Bilac. 
 Mas retornemos ao jardim dos Capuletos e vejamos as palavras de Julieta: 
 
Juliet.. 
'Tis but thy name that is my enemy;-- 
Thou art thyself, though not a Montague. 
What's Montague?(…) 
What's in a name? that which we call a rose 
By any other name would smell as sweet(…)” 
 
38 
 
Maneirismo: adota o estilo clássico, mas 
exprime sentimento de insegurança e 
perplexidade diante da vida. 
“Julieta – Somente teu nome é meu inimigo. Tu és tu mesmo, sejas ou não um 
Montecchio. Que é um Montecchio? (...) Que há em um nome? O que chamamos 
de rosa, se tivesse outro nome, exalaria o mesmo perfume tão agradável. (... )” 
 Romeu revela sua presença a Julieta e, dominados pela paixão, resolvem 
se casar. Na verdade, é Julieta quem propõe o casamento, uma garota de apenas 
catorze anos: 
 
“Jul: Three words, dear Romeo, and good night indeed. 
 If that thy bent of love be honourable, 
 Thy purpose marriage, send me word tomorrow by one 
 That I`ll procure to come to thee, 
 Where, and what time, thou wilt perform the rite; 
 And all my fortunes at thy foot I`ll lay, 
 And follow thee my lord throughout the world.(…) 
 A thousand times good night! 
Rom.: A thousand times the worse, to want thy light. 
 Love goes toward love, as schoolboys from their books; 
 But love from love, toward school with heavy looks.” 
 
“Jul: Três palavras, querido Romeu, e ainda boa noite! 
 Se teus pensamentos de amor são honestos 
 E teu fim o matrimônio, envia amanhã por intermédio de uma pessoa 
 Que procurarei mandar-te, 
 Uma palavra dizendo onde e a que horas queres que se verifique a 
 Cerimônia 
 E colocarei minha sorte a teus pés, 
 Seguindo-te pelo mundo afora(...) 
 Mil vezes boa noite! 
Rom: Maldita mil vezes, faltando tua luz! 
 O amor corre para o amor, como os escolares fogem dos livros; 
 Mas o amor se afasta do amor, como as crianças se dirigem 
 Para a escola com os olhos entristecidos.” 
 
 Belas palavras de Romeu, fazendo 
vir à tona as antíteses maneiristas; porém, 
embora belas, revelam o caráter demasiadamente emotivo e vulnerável de 
Romeu, horas depois de estar morrendo de amor por uma tal de Rosalina. 
39 
 
 O contrário se verifica em relação à ousadia e determinação de Julieta, 
características que levaram a crítica norte-americana Helen Caldwell a compará-
las às da protagonista de Dom Casmurro: 
“Ele (Machado de Assis) “empresta” ainda duas pinceladas de Romeu e 
Julieta (...). Quando Capitu entra na estória, sua idade é a mesma de Julieta (...). A 
naturalidade e ausência de embaraço de Capitu a respeito do beijo – que tanto 
surpreendem Bento – são de Julieta”. É importante frisar que Caldwell visa a 
provar a inocência de Capitu. 
 Mas voltemos à história dos jovens amantes de Verona. No dia seguinte, na 
cela de Frei Lourenço, é realizado o enlace, pois o franciscano, amigo de Romeu, 
pensa que com essa cerimônia poderia surgir a paz entre as famílias: o amor 
aniquilaria o ódio. 
 Depois da cerimônia, Romeu encontra seus amigos, Benvólio e Mercúcio, 
em briga com Teobaldo, que estava à procura de Romeu para tomar-lhe 
satisfação pela sua ida ao baile. Teobaldo desafia Romeu que não responde à 
provocação por estar diante de um parente de sua esposa secreta. Mercúcio, 
revoltado com a covardia de Romeu, duela com Teobaldo que o mata. Romeu vê-
se obrigado a matar Teobaldo e o faz. O príncipe de Verona condena Romeu ao 
exílio. Segundo o crítico E. Auerbac, a partir desta cena, o jogo infantil dá lugar ao 
jogo trágico. 
 Romeu se refugia na cela de Frei Lourenço , onde recebe da ama de Julieta 
um anel com o aviso de que a fosse ver naquela noite. Romeu assim o faz e, com 
o nascer da aurora, foge para Mântua. 
 Antes de ter ido ao encontro de Julieta, Romeu pensara em suicídio e fora 
severamente repreendido pelo racional e maduro Frei Lourenço: 
 
“Fri. L: (...) art thou a man? Thy form cries out thou art: 
 Thy tears are womanish; thy wild acts denote the unreasonable 
 Fury of a beast: Unseemly woman in a seeming man; 
 Or ill-beseeming beast in seeming both!(…)” 
 
40 
 
“Frei L: (...) És um homem? Tua forma apregoa que és; 
 Mas tuas lágrimas são de mulher e teus atos frenéticos denotam 
 A fúria sem reflexão de uma fera. Mulher deformada em forma 
 De homem ou mal formada fera em forma de homem e mulher.(...)” 
 
 As palavras do frei corroboram o excessivo caráter emotivo de Romeu, tão 
contrário aos princípios clássicos. 
 Os pais de Julieta, vendo a aflição da jovem, pensam tratar-se de dor pela 
morte do primo Teobaldo e resolvem casá-la com Páris, primo do príncipe Escalo. 
Julieta se revolta com a decisão da família e, desesperada, procura Frei Lourenço 
que a aconselha mostrar-se satisfeita com o enlace, dando-lhe um licor letárgico 
com o qual, depois de tomá-lo, pareceria morta. Sua família, acreditando 
realmente que ela tivesse falecido, a colocaria no jazigo dos Capuletos, onde 
Romeu iria encontrá-la. Julieta aceita o plano, retorna para casa e finge diante do 
pai: 
 
“Father: How now, my headstrong! Where have you being gadding? 
 Jul: Where I have learn`t me to repent the sin of disobedient opposition 
 To you and your behests; and am enjoin`d by holy Laurence to fall prostate 
 Here, and beg your pardon.Pardon, I beseech you! Henceforward I am 
 Ever rul`d by you.” 
 
“Pai: Então cabeçuda! Onde foste passear? 
 Jul: Onde me ensinaram a arrepender-me do pecado da desobediente 
 Oposição a vós e a vossas ordens; e me foi ordenado, pelo santo frei 
 Lourenço, que me prostrasse a vossos pés para pedir vosso perdão. 
 Perdoai-me, eu vos imploro! Doravante, eu me deixarei conduzir 
 Sempre por vós.” 
 
 Perceba as duras palavras do pai à filha transgressora do código mas 
também dê atenção especial à ousadia da menina. 
 Tudo acontece como fora previsto. Julieta toma o licor, cai em estado de 
letargia e os Capuletos, acreditando que estava morta, colocam-na no jazigo. 
 Frei Lourenço escrevera uma carta relatando o plano a Romeu, mas esta 
não chegara a seu destino. Romeu sabe da morte de Julieta através de seu criado 
Baltasar. Desesperado, resolve arriscar a vida. Compra, em Mântua, um mortal 
41 
 
veneno e volta para Verona. Chegando ao jazigo dos Capuletos, Romeu encontra-
se com Páris que lá fora colocar flores no túmulo de sua noiva. Romeu luta com 
Páris e o mata. 
 Entrando no jazigo, Romeu bebe o veneno que trouxera e morre diante do 
corpo de Julieta, a quem ele julga morta. 
 
“Rom: (...) here, here will I remain with worms that are thy chambermaidas; (...) 
 Here`s to my love! ( drinks ) O true apothecary! Thy drugs are quick. 
 Thus with a kiss I die ( dies ).” 
 
“Rom: “(…) aqui, aqui quero permanecer com os vermes, que são teus 
 Servidores;(...) Por minha amada! ( bebe ). Ó honesto boticário! 
 Tuas drogas são rápidas! Assim, morro... com um beijo! ( morre )” 
 
 Quando Frei Lourenço chega e acorda Julieta, ela vê horrorizada o seu 
esposo morto. Frei Lourenço sai. Apanhando o punhal com o qual Romeu matara 
Páris, Julieta se mata. 
 
“Jul: Yea, noise? Then I`ll be brief. O happy dagger! ( snatching Romeo`s dagger ) 
This is thy sheath; ( stabs herself ) there rest, and let me die. ( falls on Romeo`s 
body and dies ) 
 
“Jul: Que é? Um rumor? Preciso então apressar-me. Oh! Bendita adaga ( arrebata 
a adaga de Romeu ) Esta é a tua bainha! ( apunhala-se ). 
Enferruja-te aqui e deixa-me falecer! (cai sobre o corpo de Romeu e 
morre)” 
Entram as duas famílias e Frei Lourenço relata o sacrifício dos dois amantes 
em razão do ódio existente entre Montecchios e Capuletos. Arrependidos, 
apertam as mãos, jurando esquecerem para sempre as diferenças. A tragédia 
termina com a fala do príncipe de Verona: 
 
42 
 
“Prince: A glooming peace this morning with it brings; The Sun, for sorrow, Will 
not show his head: Go hence, to have more talk of these sad things: Some shall be 
pardon`d, and some punished: For never was a story of more woe than this of 
Juliet and her Romeo. 
 “Príncipe – Uma lúgubre paz acompanha esta alvorada. O sol não exibirá 
seu rosto por causa do nosso luto. Saiamos daqui para falarmos mais 
demoradamente sobre estes tristes acontecimentos. Uns serão perdoados e 
outros punidos, pois nunca houve história mais triste do que esta de Julieta e 
Romeu.” 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 Romeu e Julieta é conhecida como tragédia lírica, uma vez que os 
protagonistas são mártires do amor que suplanta o ódio existente entre dois 
nomes Montecchios e Capuletos, como se verifica na fala de Julieta: “what`s in a 
name?”. 
 Se o amor entre os jovens foi excessivo, o que dizer do ódio entre os mais 
velhos, daqueles que se dizem detentores da maturidade? Poderíamos até 
condenar os protagonistas por agirem de maneira excessivamente emotiva, mas 
devemos levar em conta que foi essa forma de amor que suplantou o ódio entre 
as duas casas. 
 Partindo dessas premissas, concluímos que esta obra de Shakespeare é 
atual e universal se observarmos, nos dias de hoje, como, infelizmente, tragédias 
ainda são necessárias para que atitudes racionais sejam tomadas, para que a paz 
seja selada entre indivíduos e nações. 
 Fica a sugestão de assistir a duas versões de Romeu e Julieta para o 
cinema: uma de 1968, dirigida por Franco Zeffirelli; outra, de 1996, com a 
participação de Leonardo Dicapprio. 
 
43 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 07- HAMLET, PRÍNCIPE DA DINAMARCA (HAMLET, PRINCE OF 
DENMARK) 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Analisar fragmentos da obra Hamlet 
 Hamlet é uma antiga lenda escandinava. Foi um 
dinamarquês no século XII, Saxo Grammaticus, que contou a 
história de Hamlet, no terceiro livro de sua compilação 
“História Dinamarquesa”. François de Belleforest publica 
suas “Histoires Tragiques”, em 1576, entre as quais figura a 
história de Hamlet. Belleforest serve de base para Shakespeare. Veremos, a seguir, 
o enredo aspectos interdisciplinares, fragmentos e elementos estruturais da peça. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 A morte do rei da Dinamarca, Hamlet, faz com que o príncipe, também 
chamado Hamlet (o protagonista), abandone os estudos e retorne para Elsenor, 
capital do reino na época. O príncipe se entristece ao ver o precoce enlace 
matrimonial entre sua mãe, Gertrudes e Cláudio, irmão de seu pai. 
 Cláudio toma o trono e começa uma guerra contra Fortimbrás, que 
pretende recuperar o território perdido pelo pai, quando este fora morto em uma 
batalha com o falecido rei. 
 Perceba, no transcorrer do enredo, que Hamlet e Fortimbrás terão uma 
mesma finalidade: vingar a morte de seus respectivos pais. Observe também a lei 
Hamlet, (artist: William 
Morris Hunt, ca. 1864) 
en.wikipedia.org/wiki/Ha
mlet 
44 
 
da transgressão, própria da tragédia clássica: Gertrudes não respeita o luto, além 
de contrair um enlace incestuoso para a época. 
 Horácio, melhor amigo do príncipe Hamlet, e alguns oficiais veem com 
frequência o fantasma do falecido rei, sempre à meia- noite, no castelo. Eles não 
têm certeza se de fato é o rei e decidem noticiar o fato a Hamlet. Este aspecto 
sobrenatural, estranho para o público moderno, era comum na época, uma vez 
que Shakespeare viveu no período maneirista, prenúncio do Barroco, quando a 
Igreja vinha impondo novamente a visão mística medieval. 
 Antes de ser avisado das aparições, Hamlet conversa com a mãe e o tio. É 
nesta cena que ocorre a primeira fala do protagonista e justamente se dirigindo à 
plateia: 
“King. 
(…)But now, my cousin Hamlet, and my son-- 
Ham. 
[Aside.] A little more than kin, and less than kind! 
Queen. 
Good Hamlet, cast thy nighted colour off, 
And let thine eye look like a friend on Denmark (…). 
Thou know'st 'tis common,--all that lives must die, 
Passing through nature to eternity. 
 
Ham. 
Ay, madam, it is common. 
Queen. 
If it be, 
Why seems it so particular with thee? 
Ham. 
Seems, madam! Nay, it is; I know not seems (…). 
these, indeed, seem; 
For they are actions that a man might play; 
But I have that within which passeth show; 
These but the trappings and the suits of woe.” 
 
Rei - ...Mas, agora, Hamlet meu sobrinho e meu filho... 
Hamlet – ( à parte ) Um pouco mais do que parente e menos do que filho. 
Rainha – Bom Hamlet, joga fora esse triste traje de luto e deixa que teus olhos se mostrem amigos 
do rei da Dinamarca. (...) Bem sabes que isto é comum: tudo aquilo que vive deve morrer. 
Hamlet – Sim, minha senhora, é natural que as coisas aconteçam assim. 
Rainha – Sendo assim, por que parece que te afeta de modo tão singular? 
45 
 
Hamlet – Parece, minha senhora? Não é! Não sei “parecer”! (...) Na verdade, tudo isto ( o luto ) é 
aparência, pois são ações que podem ser representadas pelo homem; porém, o que está dentro 
de mim, supera todas as exterioridades que nada mais são do que os atavios e as gulas da dor. 
 
A partir desta cena, a plateia passa a acreditar em Hamlet e instala-se a 
temática da essência x aparência, que tanto influenciou o romance psicológico 
ocidental.Hamlet não se conforma com a atitude da mãe e diz: “Fragilidade, teu 
nome é mulher!” (“Frailty, thy name is woman!”). Horácio vai contar a Hamlet 
sobre as aparições do fantasma do rei. Este vai averiguar o fato, junto com 
Horácio e o oficial Marcelo, que diz: 
Marcelo – Há algo de podre no reino da Dinamarca (“Something is rotten in the 
state of Denmark ). 
 O espectro confessa a Hamlet ser seu pai, revelando-lhe como fora morto: 
enquanto fazia a sesta, Cláudio derramara veneno em seus ouvidos. O fantasma 
exige vingança. Hamlet promete-lhe que se vingará, mas dúvidas e hesitações 
obrigam-no a adiar o intento. E se o espectro o tivesse enganado? Seria mesmo o 
fantasma de seu pai ou um demônio? 
 O próprio Horácio diz que tudo aquilo podia ser alucinação mas Hamlet 
responde-lhe: 
Hamlet – Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que pode sonhar nossa 
filosofia. (“There are more things in Heaven and Earth, Horatio, than are dreamt of 
in our philosophy”). A voz do espectro acompanhará o protagonista em várias 
cenas. Veja, prezado aluno, talvez você conhecesse várias frases aqui expostas, 
mas não soubesse que pertencessem a essa peça de Shakespeare. 
 Mas voltando ao enredo, Hamlet decide fingir-se de louco para estudar a 
situação e evitar as suspeitas de seu tio e padrasto Cláudio. 
 Nas duas cenas anteriores, é Hamlet quem pratica a transgressão do 
código heroico: hesita em acreditar na aparição, pensando demais (racionalismo 
46 
 
excessivo) e buscando a solução do problema pela aparência de um lunático 
(racionalismo relativo), abrindo mão da espada, do caráter épico, o que o faz uma 
antítese em relação a Fortimbrás. Além disso, ao fingir-se de louco, Hamlet se 
contradiz e passa a agir pela aparência, além de introduzir na peça um aspecto 
paradoxal: a loucura visando à razão, à verdade sobre o assassinato do pai. Este 
fio tênue que separa loucura e razão será tematizado também por Machado de 
Assis em O Alienista e no Humanitismo de Quincas Borba. 
 Polônio chega a admirar a lucidez da loucura de Hamlet, dizendo: “Como 
são, às vezes, engenhosas as respostas dele! Felicidade que só acontece com a 
loucura e que nem a mais sã razão e lucidez poderiam atingir com tanta sorte” ( 
“How pregnant sometimes his replies are! A happiness that often madness hits on, 
which reason and sanity could not so properously be delivered of.”). 
 Na cena seguinte, o cinismo de Polônio, principal conselheiro do rei, 
reforça, para a plateia, a falsidade da corte. Polônio enviara seu filho Laertes para 
estudar na França e pede ao oficial Reinaldo que investigue a vida do filho 
naquele país, caluniando-o, como se diz “jogando o verde para colher o maduro”. 
 
Pol: (…) See you now; 
Your bait of falsehood takes this carp of truth: 
And thus do we of wisdom and of reach, 
With windlaces, and with assays of bias, 
By indirections find directions out: 
So, by my former lecture and advice, 
Shall you my son. You have me, have you not?” 
 
“Pol: (…) Vê agora: com o anzol de tua mentira, pesca essa carpa de verdade, e é assim que nós, 
pessoas de talento e de experiência, com rodeios e por meios indiretos, indiretamente atraímos o 
direito. Do mesmo modo, tu, de acordo com os meus prudentes conselhos e instruções, chegarás 
a meu filho. Conseguinte compreender-me, não é?” 
 
 Perceba o barroquismo na fala de Polônio e novamente a temática da 
essência x aparência. 
47 
 
 Ofélia, filha de Polônio, vai contar ao pai que seu amado Hamlet parece 
estar louco pois apresenta atitudes estranhas. O conselheiro do rei diz à filha que 
o príncipe está louco por estar proibido de se aproximar dela. Polônio proibira-
lhes a relação amorosa por serem de classes sociais diferentes e por achar que o 
príncipe pretendesse apenas aproveitar-se da filha. Polônio vai dizer ao rei sobre a 
loucura de Hamlet, mostrando-lhe uma carta de amor do príncipe à filha. Uma 
frase da carta é de grande importância para o enredo: “Duvida que a verdade seja 
mentirosa”('tis true: 'tis true 'tis pity; And pity 'tis 'tis true”) o que será 
compreendido mais adiante. O rei pede que Rosencrantz e Guildenstern vigiem o 
príncipe e descubram a verdade. 
 Hamlet exige de um grupo teatral, que passava pelo castelo, a encenação 
de uma peça cujo enredo apresente o assassinato de um rei em circunstâncias 
exatamente semelhantes àquelas em que foi morto o pai. 
 Perceba a metalinguagem (a peça dentro da peça) em que pela ficção se 
chegará à verdade (“Duvida que a verdade – ficção – seja mentirosa – apenas 
ficção) 
 Esta metalinguagem acaba revelando muito do estilo comedido clássico e 
shakespeareano, bem como a sutileza dos clowns de Shakespeare, quando 
Hamlet orienta um dos clowns para a peça que será exibida em Elsenor: 
 
“Ham: (…)I would have such a fellow whipped for o'erdoing 
Termagant; it out-herods Herod: pray you avoid it. 
I Player. 
I warrant your honour. 
Ham. 
Be not too tame neither; but let your own discretion be your 
tutor: suit the action to the word, the word to the action; with 
this special observance, that you o'erstep not the modesty of 
nature: for anything so overdone is from the purpose of playing, 
whose end, both at the first and now, was and is, to hold, as 
'twere, the mirror up to nature; to show virtue her own image, 
scorn her own image, and the very age and body of the time his 
form and pressure. “(…) 
 
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Hamlet – Evita esses exageros, por favor. 
Ator ( clown ) – Prometo a Vossa Alteza. 
Hamlet – Mas também não sejas tímido demais; deixa que teu bom senso te oriente. Que a ação 
responda à palavra e a palavra à ação, pondo especial cuidado em não exceder os limites da 
simplicidade da natureza, porque tudo o que a ela se opõe, afasta-se igualmente da própria 
finalidade da arte dramática, que é, tanto em sua origem como nos tempos que correm, a de 
apresentar, por assim dizer, um espelho à vida; mostrar à virtude suas próprias feições, ao vício sua 
verdadeira imagem e a cada idade e geração sua fisionomia e características.” 
 
 
 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 Por intermédio do personagem Hamlet, Shakespeare faz vir à tona a 
função moral e ética da arte, pregada pelo poeta latino Horácio, da Antiguidade 
Clássica. 
 Antes da apresentação da peça, o rei e Polônio decidem espreitar um 
diálogo entre Hamlet e Ofélia para se certificarem se o príncipe realmente 
enlouquecera por amor. Ofélia sai. Escondidos, ouvem Hamlet em seu famoso 
monólogo: 
“Ham. 
To be, or not to be,--that is the question:-- 
Whether 'tis nobler in the mind to suffer 
The slings and arrows of outrageous fortune 
Or to take arms against a sea of troubles, 
And by opposing end them?--To die,--to sleep,-- 
No more; and by a sleep to say we end 
The heartache, and the thousand natural shocks 
That flesh is heir to,--'tis a consummation 
Devoutly to be wish'd. To die,--to sleep;-- 
To sleep! perchance to dream:--ay, there's the rub; 
For in that sleep of death what dreams may come, 
When we have shuffled off this mortal coil, 
Must give us pause: there's the respect 
That makes calamity of so long life; 
For who would bear the whips and scorns of time, 
The oppressor's wrong, the proud man's contumely, 
The pangs of despis'd love, the law's delay, 
The insolence of office, and the spurns 
That patient merit of the unworthy takes, 
When he himself might his quietus make 
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With a bare bodkin? who would these fardels bear, 
To grunt and sweat under a weary life, 
But that the dread of something after death,-- 
The undiscover'd country, from whose bourn 
No traveller returns,--puzzles the will, 
And makes us rather bear those ills we have 
Than fly to others that we know not of? 
Thus conscience does make cowards of us all; 
And thus the native hue of resolution 
Is sicklied o'er with the pale cast of thought; 
And enterprises of great pith and moment, 
With this regard, their currents turn

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