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Cuidador de Idoso - Turma 2023B 1.14.1 Estratégias para autocuidado do Cuidador Familiar Os cuidadores familiares que reconhecem que é normal ter pensamentos e emoções negativas em relação à situação em que se encontram e em relação à pessoa idosa, são justamente aqueles que não se sentem culpados por isso. Ao reconhecer e aceitar estes sentimentos negativos, fica mais fácil expressá- los. Abaixo está algumas estratégias para exercer o autocuidado, como não guardar ou reprimir as emoções, e expressar de forma saudável, em algumas ocasiões compartilhar estes sentimentos com amigos, familiares e outros cuidadores. Aceitar ajuda Isto significa saber aceitar ajuda de outras pessoas (familiares, amigos, vizinhos), mas, também, aceitar a maneira como nos ajudam. Se você é o cuidador ou cuidadora principal da pessoa idosa e, portanto, tem mais experiência nas tarefas de cuidar, pode sugerir aos outros como fazer melhor, no lugar de querer que façam igualmente como você. Desta forma, além de evitar conflitos, conseguirá, mais facilmente, que os demais colaborem com você. Pedindo ajuda a outros familiares Você pode pensar "Por que pedir ajuda? É obrigação dele/dela!". E você tem toda razão, a responsabilidade de cuidar não é apenas sua. Entretanto, você vai concordar que não dá para obrigar ninguém a assumir esta responsabilidade. É algo que assumimos de forma voluntária porque acreditamos que devemos fazer. Por este motivo, é mais fácil que outras pessoas da família colaborem com o cuidado na medida em se conta com elas e que percebam que sua colaboração é importante. De toda forma, conseguir sua ajuda não é fácil. Muitos cuidadores familiares que contam com a ajuda de outros membros da família tiveram de conquistá- la. Vejamos como essas pessoas costumam agir. Os cuidadores familiares que conseguem maior colaboração dos outros familiares são, normalmente, aqueles que dizem claramente que tipo de ajuda necessitam e não esperam que os outros descubram ou adivinhem. Dizem de forma concreta o que necessitam dos outros para atender tanto à pessoa idosa, como a suas próprias necessidades (por exemplo, ter tempo livre para descansar). Os cuidadores conseguem também mais ajuda quando compreendem e aceitam que algumas pessoas estão mais dispostas a ajudar do que outras, que nem todas podem oferecer o mesmo e, levando em conta isso, procuram adaptar-se a possibilidades concretas das pessoas a quem pedem ajuda. Por fim, muitos cuidadores familiares descobriram que é importante que aqueles que ajudam saibam o que sua ajuda significa para eles e, portanto, procuram expressar sua satisfação e agradecimento pela ajuda. Assim, é mais provável que eles continuem colaborando com o cuidado. Quando não é fácil conseguir ajuda É possível que apesar de tudo, as outras pessoas da família não pareçam dispostas a ajudar ou mesmo, neguem-se a fazê-lo. Não é fácil manter o ânimo nessas circunstâncias, mas pode ajudar, se pensar que essas pessoas podem ter suas razões para agir dessa maneira, mesmo que não saibamos quais são essas razões. Algumas pessoas não são capazes de enxergar o problema em toda sua magnitude e importância ou talvez sintam-se culpadas por não poder colaborar mais no cuidado à pessoa idosa dependente e, por isso, tendem a fugir, fazendo-se de desentendidos. Nestes casos, alguns cuidadores familiares buscam outras soluções, como pensar quais outras pessoas poderiam ajudá-los, tentar novamente e, desta forma, é provável que até acabem conseguindo ajuda. Uma possibilidade: as reuniões de família Já que cuidar de uma pessoa idosa é uma responsabilidade de toda a família, uma boa fórmula para distribuir esta responsabilidade pode ser as reuniões de família. Desta forma, é possível falar abertamente sobre as várias necessidades previstas no cuidado à pessoa idosa e acertar o que cada membro da família pode fazer. Embora essas reuniões possam ser promovidas e organizadas pelos próprios familiares, nos casos em que as relações na família sejam conflitivas pode ser conveniente pedir a ajuda de um psicólogo, de uma assistente social ou em alguns casos de um padre ou pastor para coordenar a reunião, procurando chegar a um acordo sobre a distribuição das responsabilidades, da melhor forma possível. É claro que cada família é diferente e não existe uma única fórmula para todos os casos. Estabelecer limites ao cuidado Alguns cuidadores familiares exageram nas suas responsabilidades, proporcionando cuidados superiores ao necessário. Em alguns casos, os cuidadores familiares, acostumados a atender a pessoa idosa, pensam que podem fazer melhor e mais rapidamente que qualquer outra pessoa. Uma boa fórmula para combater esta tendência é aceitar ajuda. Em outras ocasiões, é a pessoa idosa que pede mais cuidados e atenção do que realmente necessita. Neste caso, para o bem do cuidador e da pessoa cuidada, o cuidador pode estabelecer limites, aprendendo a dizer "não". É importante colocar limites ao cuidado quando lhe pedem mais atenção do que a necessária. Algumas pessoas, ao terem que suportar os sofrimentos de sua enfermidade, exigem mais ajuda do que necessitam, enquanto outras sentem raiva por estar com problemas de saúde física e expressam este sentimento contra as pessoas que estão mais próximas, isto é, as pessoas que cuidam delas. Muitas vezes, estes pedidos excessivos vão aumentando aos poucos e os cuidadores familiares só percebem quando começam a ficar incomodados e frustrados com a pessoa idosa, mas sem compreender as razões por que se sentem assim. Para resolver este tipo de situação, é preciso pensar em estabelecer limites para que continue existindo uma boa relação com a pessoa a quem cuidados. É fundamental saber dizer não de forma adequada, de modo que não nos sintamos mal por isso, nem magoemos a pessoa idosa. Planejar o futuro Anteciparmo-nos aos problemas é uma boa forma de cuidar de nós mesmos e da pessoa idosa. Prevendo as situações difíceis, podemos evitar muitos problemas. Uma boa formula é planejar o futuro. É conveniente fazê-lo o mais cedo possível, com a participação, na medida do possível da pessoa idosa em todas as decisões (legais, econômicas ou de outro tipo) e tomando as decisões antes que a situação se torne muito crítica. Seja como for, deve-se levar em conta que muitos dilemas enfrentados por aqueles que cuidam da pessoa idosa. Uma mesma situação (a internação da pessoa idosa numa ILPI, distribuição das tarefas de cuidar entre os membros da família, herança) pode ter várias formas de resolver, cada qual com vantagens e inconvenientes. Cuidar da própria saúde Cuidar de uma outra pessoa implica numa série de exigências que podem prejudicar notavelmente o cuidador familiar, tanto do ponto de vista físico, quanto psicológico. Às vezes, nos descuidamos daquelas atividades que nos permitem recuperarmo-nos do cansaço e tensão de cada dia. Por isso, os cuidadores familiares que se sentem melhores são aqueles que mantém hábitos de vida que lhes permitem estar em melhores condições físicas e psicológicas para cuidar de si mesmos e da pessoa idosa. Em seguida mencionaremos algumas recomendações que podem ajudá-los. Começando por dormir o suficiente. Sabemos que dormir é uma das necessidades vitais. Sem um sono reparador, as pessoas podem ter vários problemas como falta de atenção, tendência a acidentar-se, irritabilidade, adormecer em situações perigosas, etc. Para os cuidadores familiares, a falta de sono é um problema frequente, pois cuidar de uma pessoa idosa pode significar atendê-la também à noite. Isso pode levar a um aumento da tensão emocional do cuidador familiar que pode prejudicar sua forma de relacionar-se com a pessoa idosa, o que, por sua vez, lhe dá sentimentos de culpa por não a tratar tão bem como gostaria. Há várias razões pelas quais o cuidador familiar não dorme o suficiente. Em cada caso a solução será diferente. Se a causa do problema é que a pessoa idosa necessita ser atendida à noite e, se houver outras pessoas morando em casa, podem-se organizarturnos para aliviar este trabalho, ou contratar os serviços de um profissional, alguns dias por semana. É possível, também, que o cuidador familiar tenha demasiadas tarefas durante o dia e, por isso, não disponha de tempo para dormir suficientemente. Se for assim, é bom ele saber que não precisa fazer tudo que pensou fazer quando levantou de manhã, mas somente aquilo que é absolutamente necessário. Indica-se que seja dedicado algum momento durante o dia para descansar, quem sabe, quando a pessoa idosa estiver dormindo, após o almoço. Outra causa frequente de dormir pouco pode ser a perambulação do idoso à noite. É importante fazer exercícios físicos com regularidade. O exercício físico é uma forma útil para combater tanto a depressão, quanto a tensão emocional. É uma forma saudável de eliminar as tensões que vão se acumulando durante o dia. Entretanto, sabemos que pode ser difícil encontrar um tempo para fazer algum tipo de exercício e, por isso, só pensar nisso já o deixa estressado. Por esta razão, vamos sugerir algumas ideias que podem ajudá-lo a adquirir o costume de fazer exercício físico, de forma bem simples. Por exemplo, fazer uma caminhada é uma das formas mais simples de fazer exercício. Por isso, podem se aproveitar as saídas necessárias (para ir à padaria, ao banco, à lotérica) para caminhar um pouco, inclusive, dando uma volta maior. Igualmente, se as condições físicas da pessoa idosa permitirem, podem sair juntos para passear, mesmo que seja por um breve espaço de tempo. Outra possibilidade é dançar ao som de uma música que seja do seu agrado. Evite o isolamento. Muitos cuidadores familiares, como consequência de um excesso de trabalho, se distanciam de seus amigos e familiares. Isto pode levar a uma situação de isolamento que aumenta, no cuidador familiar, a sensação de sobrecarga e de estresse, que podem causar problemas físicos e psicológicos. Para evitar que isso ocorra, uma boa solução é que o cuidador familiar disponha de algum tempo livre para fazer alguma atividade que lhe dá prazer, ler, fazer palavras cruzadas, algum trabalho manual, encontrar-se com amigos. Se você tem dificuldades para encontrar tempo e necessita que outras pessoas o substituam durante alguns momentos, seria bom também pedir ajuda a seu grupo de amigos. De toda forma, mantenha contato com seus amigos e dedique algum tempo para se encontrar com eles. Em seguida, vocês encontram outras sugestões para combater o isolamento. Saia de casa e dedique algum tempo para estar fora do ambiente do cuidado. Talvez você pense “seria bom, mas com quem deixo meu marido, pai, mãe?”. Sabemos que não é fácil, mas é importante procurar alternativas, já que se não tivermos momentos de estar fora de casa, visitar alguém, passear, encontrar com amigos, pode não ser saudável para a saúde mental. Para evitar isso, podemos pensar que parentes e amigos poderiam ficar algum momento do dia com pessoa idosa. Peça a eles. De vez em quando, você pode encontrar, também, alguém da sua família que pode se oferecer para que você possa descansar um fim de semana. Quem sabe há algum serviço de voluntários ou da sua igreja que possa prestar esse serviço. É aconselhável que estes momentos de descanso sejam feitos com regularidade, para que seja possível descansar e recuperar-se. Mantenha interesses e passatempos, você pode introduzir na sua vida diária momentos de descanso, sem precisar sair de casa ou deixar a pessoa idosa sozinha, por meio de formas simples de distrair-se e relaxar. Por exemplo, respirar profundamente durante uns instantes, ficar algum tempo na janela e procurar ver longe, pensar em algo agradável, interromper suas atividades e descansar um pouco, comer uma fruta ou tomar um suco. É bom também fazer relaxamento. Talvez você já conheça algum exercício ou se não conhecer, seria bom aprender. No final deste capítulo são apresentadas algumas técnicas que podem ser facilmente aprendidas. A falta de tempo é uma das maiores preocupações dos cuidadores familiares, tente organizá-lo. O tempo é sempre limitado e exerce uma grande pressão sobre os cuidadores familiares, que se sentem, muitas vezes, sufocados pelas múltiplas obrigações e tarefas que devem realizar ao mesmo tempo. Tentar combinar da melhor maneira possível as nossas obrigações, necessidades e a quantidade de tempo que temos, pode nos ajudar a aproveitar melhor o tempo e, assim, viver melhor. É comum nesses momentos de cansaço e esgotamento surgirem sentimentos negativos, os mais comuns entre as pessoas que cuidam de uma pessoa idosa da família são: aborrecimento, tristeza e sentimentos de culpa. Para prevenir os sentimentos de culpa lembre-se de equilibrar as obrigações e os direitos dos cuidadores familiares. Pense que você também direito a se cuidar, fazer suas atividades, busca soluções para suas necessidades e a ser respeitado. Este material foi baseado em: BORN, Tomiko. Cuidando de quem cuida. In: Born, Tomiko. Brasília : Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Subsecretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, 2008. Última atualização: quarta, 25 jan 2023, 16:24 ◄ 1.14 Cuidando do cuidador Seguir para... 1.15 Teste seus conhecimentos ► https://moodle.ifrs.edu.br/mod/page/view.php?id=339009&forceview=1 https://moodle.ifrs.edu.br/mod/quiz/view.php?id=339011&forceview=1