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TEORIA DA COMUNICAÇÃO E COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA 1

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AULA 1 
TEORIA DA COMUNICAÇÃO 
E COMUNICAÇÃO NÃO 
VIOLENTA 
Profª Valéria Maria Navarro 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
As teorias desenvolvidas ao longo da história recente da humanidade 
procuram conceituar a própria evolução da comunicação humana e seu imenso 
rol de possibilidades e consequências, dada a complexidade das relações que se 
estabelecem na sociedade pela capacidade do homem de se comunicar. 
TEMA 1 – COMUNICAR É COMUNGAR 
A comunicação humana sempre foi objeto de estudo de pensadores que 
se dedicaram a pesquisar seu desenvolvimento e evolução, nas mais diversas 
formas, desde os tempos das cavernas até a atualidade. Essas pesquisas, que 
surgiram com a popularização das tecnologias midiáticas – inicialmente o rádio 
(final do século 19), e posteriormente a televisão (início do século XX) – e seu uso 
durante os regimes totalitários da Europa (fascismo e nazismo), geraram inúmeras 
teorias. 
 Comunicar é comungar, ou seja, participar em conjunto com o outro, formar 
comunidade, em um processo no qual cada ser oferece ao outro algo que continua 
a lhe pertencer, pois já foi anteriormente incorporado em sua cultura. Essa ação 
em comum se refere ao processo de transmitir a informação com a propriedade 
da compreensão. 
 As Teorias da Comunicação se concentram em três grandes áreas: as 
gerais – que enxergam a comunicação como um processo complexo de 
interações simbólicas; as básicas – que compreendem que o sistema de emissão 
e recepção das mensagens codificadas formadas nos processos de pensamento 
humano resultam em mudanças; e as contextualizadas – que organizam o ato 
comunicativo em quatro formas de comunicação: interpessoal, grupal, 
organizacional e comunicação de massas. 
 Desde cedo, aprendemos que, para que aconteça a comunicação, são 
necessários: um emissor (fonte ou origem), um receptor (que decodificará a 
mensagem) e uma mensagem. E para que a mensagem seja transmitida, é 
necessária a utilização de um sistema de sinais linguísticos comum a ambos, 
receptor e emissor. Com essa finalidade, existe um meio, um contexto e um canal. 
No entanto, sendo a comunicação também um processo psicológico, as ideias, os 
sentimentos participam dos sinais da mensagem. Por isso, classificamos a 
comunicação em verbal e não verbal. 
 
 
3 
 A comunicação verbal é realizada por meio da linguagem, com sua 
respectiva estrutura simbólica, compartilhada e conhecida pelos membros de um 
mesmo grupo, pertinente a determinada cultura. A comunicação verbal pode ser 
oral (diálogos, conversas, debates, discussões) ou escrita (cartas, mensagens, 
bilhetes, livros, jornais, revistas, entre outros). 
 A comunicação não verbal é empática, realizada nos movimentos 
expressivos e em outros códigos similares, que conferem significados adicionais 
à linguagem. Ela é realizada por troca de sinais, por olhar, gestos, postura, 
mímica, entre outros. 
1.1 A informação 
Do latim informatio, onis (“delinear”, “conceber”). A informação é o resultado 
do processamento, da organização de dados, que gera uma modificação 
quantitativa ou qualitativa no conhecimento geral do sistema. As informações 
estão nos questionamentos, nas conversas, nas palestras, nas propagandas, nas 
revistas, nos jornais, nas músicas, na televisão e em todo universo que nos cerca, 
o tempo todo, em processo constante de emissão e recepção. 
Imprecisa por sua inconstância, uma informação nem sempre é clara, nem 
sempre é verdadeira, nem sempre precisa ser dita. Mesmo um ruído indesejado 
feito para prejudicar o fluxo da comunicação acaba gerando de igual forma uma 
informação. 
Segundo Fonseca (1998), a comunicação difere da informação na medida 
em que pressupõe a existência de duas ou mais consciências que estabelecem 
uma relação, consciente ou inconscientemente. Informar é transmitir, mas 
transmitir não é comunicar, já que a informação é a mera difusão de dados, 
independentemente dos processos e sujeitos envolvidos e do complexo número 
de relações e resultados que ocasione. No entanto, a comunicação dependente 
da informação, pois sem ela não ocorre a transmissão da mensagem. 
1.2 Entropia, redundância e ruídos 
A palavra entropia foi muito utilizada na física para designar a segunda lei 
da termodinâmica. Segundo Freixo (2006): “Todo o sistema natural, quando 
deixado livre, evolui para um estado de máxima desordem, correspondente a uma 
entropia máxima. Dito de outra forma, todo o sistema isolado tende para a maior 
 
 
4 
homogeneidade possível pelo abrandamento e depois pela paragem de trocas no 
seu meio”. 
Quanto mais organizado for um sistema, menor a sua entropia, e vice-
versa. Na comunicação, a entropia está relacionada com o grau de 
desorganização da mensagem: quanto mais desorganizada, mais entrópica. Na 
mesma proporção, quanto mais organizada, mais previsível. A imprevisibilidade 
da entropia pode dar à comunicação um toque mais original; nesse sentido, há 
muitos meios, deixando-se de lado as técnicas e teorias tradicionais, podemos 
adotar estruturas menos convencionais e mais criativas. 
A redundância é o excesso, a repetição excessiva, o pleonasmo. Quanto 
mais provável seja uma informação, mais redundante. A redundância é o oposto 
da entropia. Resulta de uma previsibilidade elevada. Assim, uma mensagem de 
baixa previsibilidade é entrópica e, com muita informação, inversamente, uma 
mensagem de elevada previsibilidade é redundante e com pouca informação. 
Curioso observar que justamente a redundância desempenha um papel 
fundamental na comunicação, pois se mantém a compreensibilidade da 
mensagem. Do ponto de vista da teoria da informação, a redundância é a 
repetição de informações, cuja função é proteger as mensagens contra possíveis 
falhas. 
Shannon e Weaver, em sua teoria matemática da informação, foram os 
primeiros a citar o ruído como fator responsável pelas interferências que podem 
prejudicar a transmissão da mensagem. O ruído é identificado na comunicação 
como conjunto de obstáculos, acréscimos ou decréscimos, e distorções que 
prejudicam a compreensão da mensagem. Isso significa que nem sempre aquilo 
que o emissor deseja informar é precisamente aquilo que o receptor compreende. 
De modo geral, a palavra ruído significa barulho ou poluição sonora entre 
a transmissão e a recepção que gera distúrbios na compreensão da mensagem. 
Em breve daremos atenção especial aos ruídos de comunicação e suas 
consequências nos processos de comunicação. 
 
 
 
5 
TEMA 2 – EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO 
Pensar a pipa como um objeto é omitir o vento – esquecer que ela é, 
antes de tudo, uma pipa-no-ar. E, assim parece, o voo da pipa é 
resultado da interação entre uma pessoa (quem a empina) e um objeto 
(a pipa); enquanto tal, ele só pode ser explicado imaginando que a pipa 
seja dotada de um princípio animador interno, uma agência, que a coloca 
em movimento, na maioria das vezes contraria a vontade daquele que a 
empina. De modo mais geral, sugiro que o problema da agência nasce 
da tentativa de reanimar um mundo de coisas já morto ou tornado inerte 
pela interrupção dos fluxos de substância que lhe dão vida. (In: Trazendo 
as coisas de volta a vida, Tim Ingold) 
Epistemologia é um conjunto de conhecimentos teóricos e metodológicos 
que permitem a investigação de um objeto. O objetivo da epistemologia da 
comunicação é compreender o que de fato é a comunicação. 
A ciência tem sido, ao longo da história da humanidade, o principal portal 
de acesso ao conhecimento. A epistemologia aborda a forma como esse acesso 
acontece. Desse ponto de vista, somos sempre falaciosos, uma vez que criamos 
uma informação a partir de um único acesso ao conhecimento, portanto 
incompleto. 
Assim como a pipa, a comunicação não pode ser vista como fator isolado 
pelo único acesso de suas teorias, ainda que pautadas nas mais diferentes épocas 
e realidades, a partir dos mais detalhados estudos e pesquisas.As ciências da comunicação garantem acesso aos processos 
comunicacionais, mas a pluralidade epistemológica de abordagens (filosofia, 
história, sociologia, psicologia, política, entre outras) cria acessos e não um único 
acesso. A ciência é uma forma de acesso ao mundo, mas não é o próprio mundo. 
A influência dos meios de comunicação é inegável; o estudo dessas influências 
vai depender da dinâmica das novas tecnologias, das ideologias, dos movimentos 
da cultura e até da resistência acadêmica. Muitas vezes, nos meios acadêmicos, 
as mesmas velhas teorias são repassadas sem qualquer atualização ou 
questionamento. 
A epistemologia é a tentativa de refletir os meios de comunicação nos 
vários acessos do conhecimento. 
 
 
 
6 
TEMA 3 – AS TEORIAS DA COMUNICAÇÃO 
3.1 Teoria hipodérmica 
 A teoria americana behaviorista (estímulo/resposta) da década de 30, que 
teve como precursor Harold Lasswell, baseia seus estudos na comunicação de 
massa, e afirma que uma mensagem repassada pela mídia ao público é aceita 
integralmente e espalhada entre os receptores em igual proporção. Também 
chamada de agulha hipodérmica ou bala mágica ou teoria dos efeitos 
ilimitados, afirma que todo estímulo causado por uma mensagem irá gerar uma 
resposta, sem encontrar resistência por parte do receptor. A passividade do 
receptor é o ato central dessa teoria, e por isso está diretamente ligada às formas 
de dominação e manipulação social e a interesses econômicos e políticos. 
3.2 Teoria de Lasswell 
 Em 1948, o sociólogo e cientista político Harold Lasswell, professor das 
faculdades de Yale e Columbia, desenvolveu um modelo que ficou conhecido 
como 5 Qs. Nele, Lasswell investiga o emissor (quem?), a mensagem (o quê?), 
o canal (em que canal?), o receptor (a quem?) e os efeitos (com que efeito?). 
Também para esse estudiosos a propaganda tem efeito de convencimento na vida 
das pessoas. 
3.3 Teoria da persuasão 
A Teoria da persuasão, ou Teoria empírico-experimental, desenvolvida 
inicialmente nos anos 1940, baseia-se em aspectos psicológicos, também na linha 
behaviorista de causa e efeito, afirmando que grupos de pessoas reagem de forma 
diferente a uma mesma mensagem, e que ela não é assimilada imediatamente, 
pois depende de fatores ligados ao receptor e ao meio; a mensagem não é 
manipuladora, mas de persuasão. 
3.4 Teoria dos efeitos limitados 
Desenvolvida em 1940 por Paul Lazarsfeld, de cunho sociológico, se opõe 
à Teoria da persuasão, e aponta que o poder de persuação da mídia tem limites 
e ocorre de forma indireta. Ou seja, assim como igrejas, partidos políticos e outras 
 
 
7 
organizações, a mídia influencia mas não manipula os receptores; sendo apenas 
mais um instrumento na vida social. Nesta teoria, há o estudo das gratificações 
(pesquisa para saber os motivos que levam os receptores a assistirem 
determinados tipos de programas); o estudo dos líderes de opinião (líder local – 
aquele que conhece um grande número de pessoas e suas opiniões são 
baseadas no senso comum; e líder cosmopolita – tem competências específicas 
e domina assuntos segmentados em áreas de interesse). 
3.5 Teoria funcionalista 
 Desenvolvida na década de 1970, em Chicago, por Paul Lazarsfeld e 
Robert Merton, trata-se de um estudo sociológico positivista. O foco não está mais 
nos efeitos que os meios de comunicação de massa exercem na sociedade: 
 Funções ligadas à sociedade: (vigilância (perigos e ameaças), coesão 
(correlação das partes da sociedade), transmissão da herança social 
(cultural e educativa), recreativa (divertir e entreter); 
 Funções relativas aos indivíduos: reforçar o status, atribuir posição social 
e reforçar as normas. 
 Os pesquisadores da Teoria funcionalista perceberam uma disfunção, 
chamada de disfunção narcotizante, que ocorre quando o receptor é exposto 
constantemente a um grande número de informações oriundas dos mais diversos 
meios. Ocorre devido à incapacidade de levar o receptor a uma ação, exposto que 
está ao excesso de mensagens. Em nosso dia a dia, somos bombardeados pelos 
inúmeros meios, de tal forma que não conseguimos formular nada e não somos 
capazes de opinar a respeito de nada. 
3.6 Teoria do paradigma matemático-informacional 
Desenvolvida em Chicago por Claude Shannon, que baseou seus estudos 
nas teorias Norber Wiener, matemático fundador da cibernética. Nela há um 
sistema geral de comunicação: fonte (origem da informação); mensagem 
(conteúdo da informação); codificador (transforma a mensagem em códigos); 
canal (meio que transporta os códigos); decodificador (transforma o código 
recebido novamente em mensagem); destinatário (a quem a mensagem se dirige). 
Segundo Shanon, o objetivo da comunicação seria reproduzir num ponto 
de chegada uma mensagem exata àquela gerada em um ponto de partida. No 
 
 
8 
entanto, essa informação sempre está sujeita aos ruídos de comunicação em seu 
percurso, a depender das características técnicas do meio transmissor e receptor, 
semânticas e de eficácia. 
3.7 Teoria crítica 
Theodor Adorno e Max Horkheimer foram os precursores dessa teoria, 
pesquisada em Frankfurt, na Alemanha, em 1924, e baseada nas teorias 
marxistas. 
Segundo seus pesquisadores, a mídia é um instrumento de manipulação 
capitalista que padroniza a arte como produto, a chamada “indústria cultural”, que 
é consumida de forma passiva pelas massas. Para eles, a democratização da 
cultura promovida pelos meios de comunicação de massa é um engano, pois esse 
processo tem finalidades econômicas, levando o público a consumir até o que não 
precisa, com a implantaçao da necessidade de consumo e a falsa criação de um 
bem-estar imediato ligado à dependência de produtos, marcas e serviços. 
3.7.1 Contracultura 
 Importante salientar que a contracultura, na década de 1960, e também a 
Escola de Frakfurt, na Alemanha, com seu precursor Herbert Marcuse, é tida como 
um movimento de constestação, de caráter social e cultural, que assumiu as 
vertentes do movimento hippie. 
O movimento hippie apresentou características bem delineadas para toda 
uma geração de seguidores, com duas vertentes distintas: uma que apregoava o 
distanciamento e a libertação dos valores da sociedade comum capitalista, e outra 
ligada a movimentos sociais mais revolucionários, que tinham a clara intenção de 
enfrentar o sistema vigente, buscando novos valores. 
3.8 Teoria culturológica 
Criada na década de 1960, na escola sociológica europeia, teve como base 
principal o livro de Edgar Morin Cultura de massa no século XX: o espírito do 
tempo. Outro teórico fundamental dessa vertente é MacLuhan, que dividiu 
socialmente a comunicação em sociedade primitiva e tribal, sociedade letrada, e 
sociedade planetária – que ficou conhecida com o termo aldeia global. 
 
 
9 
Essa teoria coloca as influências dos meios de comunicação em um 
segundo plano na sociedade contemporânea, se opondo ao pensamento da 
Teoria crítica, no qual a mídia é um meio de alienação. Seu foco está na relação 
entre consumidor e objeto de consumo. 
A principal conclusão é de que a cultura de massa não é autônoma, como 
defendem as demais teorias, mas parte integrante da cultura nacional, religiosa 
ou humanística. A cultura de massa utiliza a padronização previamente 
desenvolvida no imaginário popular, não a impõe. É ela quem corrompe e 
desagrega as demais culturas existentes em uma sociedade moderna, cumprindo 
uma dupla função: atender às exigências do espectador e cumprir a padronização 
industrial exigida pela produção artística. 
A cultura de massa se adaptaria aos desejos dos membros da massa, 
transitando entre o real e o imaginário, criando fantasias a partir de fatos reais e 
vice-versa. 
3.9 Teoria do agendamento 
Se ocupa de estudar a capacidade dos meios de comunicação de 
evidenciar ou não determinado tema. Essa teoria foi proposta na década de 1970,pelos pesquisadores Maxwell McCombs e Donald Shaw, que afirmavam que é a 
mídia quem determina quais assuntos estarão presentes na realidade dos 
consumidores. Seu poder não está em dizer como pensar, mas o que pensar. 
Atualmente, a Teoria do agendamento pode ser vista nos meios de 
comunicação, que se dedicam quase que integralmente a um só assunto, criando 
uma superexposição. Dessa superexposição, resulta que a população passa a 
acreditar que o tema é fundamental e, dessa forma, o reproduz em todas as rodas 
de conversa. Independentemente da importância ou não do tema, todos os 
demais assuntos são deixados em segundo plano, como se nada mais estivesse 
ocorrendo naquele dado momento histórico. 
3.10 Os guardiões do portão 
Gatekeepers, ou “guardiões do portão”, são os profissionais de 
comunicação responsáveis por decidir ou filtrar o que será notícia nos meios de 
comunicação. Quais os critérios utilizados para liberar ou não uma notícia? 
 
 
10 
O termo foi criado pelo psicólogo Kurt Lewin, em 1947, sendo aplicado na 
área da comunicação em 1950 por David Manning White. White observou o fluxo 
das notícias em uma redação, observando os critérios utilizados para o descarte 
de grande parte delas, e a especial escolha de algumas. 
A maior parte dos estudiosos da área acredita que esse processo é 
arbitrário e intencional, fazendo com que o jornalismo siga uma linha sempre 
tendenciosa, pois esses profissionais estão imersos em uma cultura com certa 
política empresarial, uma vez que os donos dos meios de comunicação são, antes 
de mais nada, empresários com interesses econômicos específicos. 
Os críticos dessa teoria dizem que White não considerou importantes filtros 
usados pelos profissionais, como tempo ou espaço. 
Com a Internet e as redes sociais, o jornalista já não pauta sozinho o que 
é notícia, pois qualquer pessoa pode produzir conteúdo por esses meios. 
TEMA 4 – A VISÃO DE HABERMAS 
O filósofo e sociólogo alemão Jürgen Habermas (nascido em Düsseldorf, 
Alemanha, em 1929), membro da Escola de Frankfurt, participa da tradição da 
teoria crítica e do pragmatismo. Dedicou-se ao estudo da democracia por meio de 
suas teorias do agir comunicativo, da política deliberativa e da esfera pública. 
Habermas ultrapassa Weber, Adorno e Horkheimer, autores que procuraram 
demonstrar o processo pelo qual o Iluminismo, considerado agente de libertação 
social do século XVIII, se transformou em ideologia de dominação que legitima a 
sociedade capitalista; ele propõe um salto do paradigma da consciência (pensador 
solitário buscando compreender o mundo) para o paradigma da comunicação. 
Afirmou Habermas (1990): “pretendo arguir que uma mudança de 
paradigma para o da teoria da comunicação tornará possível um retorno à tarefa 
que foi interrompida com a crítica da razão instrumental; e isto nos permitirá 
retomar as tarefas, desde então negligenciadas, de uma teoria crítica da 
sociedade”. 
Seu conceito de racionalidade encontra fundamentos nos processos de 
comunicação, pois acredita que é na estrutura da linguagem cotidiana que está a 
própria exigência da racionalidade, uma vez que o homem que comunica pretende 
ser compreendido. 
 
 
 
11 
4.1 Razão comunicativa 
A razão comunicativa de Habermas diferencia os mundos objetivo, social e 
subjetivo, abandonando a relação sujeito e objeto e assumindo que as 
interpretações variam de acordo com a realidade social e natural, enquanto as 
crenças e valores variam de acordo com o mundo objetivo e social. Para ele, a 
ação comunicativa ocorre sempre que os envolvidos estiverem coordenados entre 
si, buscando o entendimento, e não por meio de cálculos egocêntricos de sucesso. 
Na ação comunicativa, os participantes não estão orientados para o sucesso 
individual, mas procuram harmonizar seus planos de ação com os demais. 
4.2 Ação comunicativa 
“A ação comunicativa acontece enquanto interação de sujeitos, capazes de 
falar e agir, que estabelecem relações interpessoais com o objetivo de alcançar 
uma compreensão da situação e dos respectivos planos de ação coordenados 
pelo entendimento; consequência da própria ação comunicativa” (Rezende Pinto, 
1995). 
Os atores comunicativos situam e seus pronunciamentos em espaços 
sociais e tempos históricos, e seu pronunciamento depende do conhecimento 
cultural anteriormente adquirido. Para Habermas, a ação comunicativa renova o 
saber cultural. 
4.3 Teoria da modernidade 
“A Teoria da modernidade de Habermas diz que à medida que o potencial 
inerente à ação comunicativa se mostra o sistema normativo abre caminho para 
a racionalização, para a universalização da lei e da moralidade e para uma 
aceleração dos processos de individuação” (Rezende Pinto, 1995). 
Para ele, a coesão social não pode ser garantida somente pelos processos 
comunicativos de busca do entendimento. Existem “duas formas básicas de 
integração de um sistema de ação: por consenso alcançado normativamente e/ou 
por regulação não normativa das decisões individuais; via mecanismos 
autorregulados como o mercado ou a burocracia” (Rezende Pinto, 1995). 
 O processo de evolução social, na visão de Habermas, é marcado pela 
crescente racionalização dos mecanismos imbuídos de alcançar entendimentos 
mediados linguisticamente, que acabam sobrecarregados. Essa sobrecarga dos 
 
 
12 
processos comunicativos abre espaço para os “meios deslinguistificados” 
(dinheiro, mercado, poder, administração burocrática), e para o consumismo e o 
individualismo. 
A incapacidade da formação espontânea da opinião possibilita a 
manipulação das massas destituídas de pensamento crítico, e tem como 
consequência a ausência dessa massa nas decisões históricas de que deveriam 
poder participar. Esse processo acontece por meio da despolitização, e no uso da 
tecnologia e da burocracia como meios de eliminar o caráter prático na resolução 
dos problemas. Por isso, para Habermas, os conflitos surgirão não da luta de 
classes, mas do direcionamento da opinião pública pelos meios de comunicação. 
TEMA 5 – A VISÃO DE MARTÍN-BARBERO 
Jesús Martín-Barbero é semiólogo, antropólogo e filósofo, nascido na 
Espanha, que viveu na Colômbia a partir de 1963 e desde 2000 mora no México. 
Atualmente com 82 anos, é considerado um dos expoentes nas teorias e 
pesquisas da comunicação e cultura, sendo autor do livro Dos meios às 
mediações (1985). 
Martín-Barbero retoma Habermas, mas identifica que a crise da razão e do 
projeto de modernidade é consequência de um processo de desordenamento. 
Habermas constrói uma nova teoria crítica da sociedade, baseada nas 
sociedades capitalistas desenvolvidas. Martín-Barbero constrói suas teorias com 
base nos processos de formação de capitais, internacionalização dos mercados, 
difusão dos conhecimentos e tecnologias, globalização e novas estruturas 
comunicativas da sociedade, propondo uma reflexão sobre a hegemonia 
comunicacional do mercado na sociedade. Ele atribui ao Estado um papel íntimo 
com o capital, e sugere que nas sociedades capitalistas a lógica de mercado irá 
determinar o comportamento do Estado. Tem sido assim na atualidade, quando o 
Estado mínimo se adaptou às exigências do neoliberalismo: o Estado se 
transformou no Estado Neoliberal, sem um modelo econômico alternativo. 
De acordo com Martín-Barbero, a América Latina não pode ser pensada 
fora das novas estruturas comunicativas da sociedade, uma vez que elas 
sintetizam apostas e pesadelos de um continente em que a hegemonia da razão 
comunicacional se caracteriza pela “opacidade discursiva”, “ambiguidade política” 
e “mediação tecnológica e mercantil”. 
 
 
13 
Segundo Martín-Barbero, os meios de comunicação de massa levam os 
latino-americanos ao equívoco da homogeneização total, que interessa tão 
somente o mercado global. Mas a mensagem que os meios comunicam é 
transformada pela mediação das favelas e dos bairros da periferia, nos clubes,nas organizações comunitárias, nos movimentos sociais, nas famílias; sempre em 
constante transformação. 
Martín-Barbero observa que nas mais humildes comunidades falta tudo, 
menos uma antena de televisão. Por isso os meios de comunicação tiveram papel 
fundamental na formação cultural e na nacionalidade dos povos latino-
americanos. O cinema e as novelas mexicanas, os jornais impressos 
sensacionalistas, a música periférica brasileira que tomou as ruas do país – são 
exemplos de identificação e mediação popular na América Latina. 
No final do século XX, quando a hegemonia norte americana disseminou 
seu estilo de vida pelo planeta, os latino-americanos se submeteram a onda uma 
de dominação, cujos rastros podem ser vistos na miscigenação cultural 
predominante. Durante entrevista para o programa de entrevistas Roda Viva, em 
2003, Jesus Martín-Barbero (2003) deixa claro que “o popular não é algo externo 
ao massivo, mas sobrevive dentro dele. Na sociedade de massas são massivos o 
sistema de educação, as formas de participação política, os modelos de consumo 
e até a religião”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 1985. 
ARAGÃO, L. M. de C. Razão comunicativa e teoria social crítica em Jürgen 
Habermas. São Paulo: Tempo Brasileiro, 1992. 
FONSECA, F. I. Comunicação. In: Enciclopédia Verbo. Lisboa: Edição Século 
XXI, 1998. 
FREITAG, B. A teoria crítica: ontem e hoje. São Paulo: Brasiliense, 1998. 
FREIXO, M. J. V. Teorias e modelos de comunicação. Lisboa: Instituto Piaget, 
2006. 
HABERMAS, J. O discurso filosófico da modernidade. Lisboa: Publicações 
Dom Quixote, 1990. 
JESUS Martín-Barbeiro. Roda viva, 2003. Entrevista. Disponível em: 
<http://www.rodaviva.fapesp.br/materia_busca/62/mart%EDn-
barbero/entrevistados/jesus_martinbarbero_2003>. Acesso em: 29 maio 2019. 
MARCONDES-FILHO, C. Até que ponto de fato nos comunicamos? São 
Paulo: Paulus, 2007. 
MARTÍN-BARBERO, J. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e 
hegemonia. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ, 2009. 
MARTINO, L. C. Teorias da comunicação: conceitos e tendências. Rio de 
Janeiro: Vozes, 2001. 
MOORE, C. W. O processo de mediação: estratégias práticas para a resolução 
de conflitos. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. 
NAZARETH, E. R. Mediação: o conflito e a solução. São Paulo: Arte Pau Brasil, 
2009. 
PARK, R. E. Reflections on Communication and Culture. The American Journal 
of Sociology, 1971. 
REESE-SCHAFER, W. Compreender Habermas. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. 
REZENDE PINTO, J. M. de. A teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas: 
conceitos básicos e possibilidades de aplicação à administração escolar. Paidéia, 
 
 
15 
Ribeirão Preto, n. 8-9, fev./ago. 1995. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
863X1995000100007>. Acesso em: 29 maio 2019. 
ROSENBERG, M. Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar 
relacionamentos pessoais. Salvador: Agora, 2006. 
SINGER, P. O Capitalismo: sua evolução, sua lógica, sua dinâmica. São Paulo: 
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