Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A REALIDADE EDUCACIONAL COM OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS E O “NOVO NORMAL” 1. INTRODUÇÃO A educação é fundamental para a formação do indivíduo e desenvolvimento de uma sociedade, embora, ainda haja uma precariedade na oferta de uma educação para todos. No Brasil observa-se um déficit na qualidade de ensino e aprendizagem de conteúdos necessários para a formação da sociedade, comparado a outros países. Existe uma grande dificuldade por parte dos municípios, em garantir uma educação de qualidade, haja vista as condições das escolas: falta de materiais didáticos, instalações inadequadas, verbas para investimentos de ensino que não são o suficiente, tudo isso interfere na qualidade da educação pública oferecida. Hoje, apenas 0,6% das escolas brasileiras têm infraestrutura próxima da ideal para o ensino, isto é, têm biblioteca, laboratório de informática, quadra esportiva, laboratório de ciências e dependências adequadas para atender a estudante. Admite-se que mudanças foram feitas e aplicadas por instituições governamentais e educacionais, a fim de resolver os problemas na educação, no entanto os objetivos de mudar o contexto educacional público, ainda não foram alcançados, fazendo com que os números nas pesquisas em educação relacionadas ao ensino, na sociedade brasileira ainda estejam em maus patamares, inclusive em relação ao analfabetismo. O analfabetismo é a não obtenção da educação escolar, pela não aquisição do conhecimento, das ideias, e do enriquecimento curricular proposto pela formação educacional, decorrente de situações que impedem as pessoas frequentarem o ambiente educacional, no qual, ainda é comum ver na sociedade brasileira, muitos deixarem o ambiente escolar, por falta de recursos econômicos, onde se sentem forçados/as a deixar o ambiente escolar, e ingressar desde cedo no mercado de trabalho, a fim de garantir o sustento familiar. Essa situação se caracteriza com maior evidência em famílias de baixa renda, onde a escolarização e formação entre os indivíduos interferem diretamente na situação econômica familiar, levando assim o aumento dos índices de pobreza dos municípios brasileiros. Segundo Lacerda (2012, p.17), é no seio familiar que o sujeito se prepara de acordo com os padrões culturais e sócio-histórico para atuar na sociedade. Nesse sentido, é interessante realizar estudo sobre as influências da família no processo de aprendizagem. A educação familiar é a primeira que conhecemos e através dela vimos um horizonte de oportunidades e sonhos e nossos pais são os primeiros professores que temos. O ensino familiar bem como fundamentado tem papel importante e irá refletir no comportamento do ser humano e é o maior tesouro que os pais podem deixar para seus filhos. (Lacerda, 2012, p.14). Além da má distribuição de renda, outro fator que acarreta o analfabetismo é a cultura familiar de cada povo, onde, existem casos de analfabetismo porque a própria família interfere na formação daquela ou daquele integrante familiar, alegando que o alimento na mesa é mais satisfatório do que ir à escola aprender. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 O papel da família na formação e sua importância emocional É fundamental para toda criança, ter os laços familiares e seu acompanhamento presente no ambiente escolar, para que a aprendizagem se torne algo prazeroso. No entanto, a presença da família no processo da formação, não tem sido tanto presente como deveria ser, desde a família de classe social alta ou até mesmo da mais baixa. Percebe-se ainda que quando se tem o apoio de familiares a criança apresenta maior aproveitamento dos conhecimentos, pois os sentimentos emocionais influenciam na absorção de conteúdos didáticos. “O apoio familiar na formação das pessoas é imprescindível, visto que ele se inspira em seus traços culturais para adquirir conhecimento, formando- se, e tornando-se um sonho que muitos integrantes próximos não tiveram, ou não buscaram esta oportunidade, nem tiveram o reconhecimento familiar tão almejado. Seu papel como veículo de transmissão de diferentes formas educativas ainda tem sua importância assegurada, pois é ela que solidifica a base da educação primeira das crianças para prepará-las para a vida futura”. (LACERDA, 2012, p.20). A educação familiar é a primeira que conhecemos e através dela vimos um horizonte de oportunidades e sonhos e nossos pais são os primeiros professores que temos. Durante sua trajetória acadêmica o/a educando/a torna-se uma pessoa insegura, e muitas das vezes, não sabendo qual curso superior deve ingressar, onde mais uma vez o apoio familiar ajudará a direcionar sua vontade e sua vocação, por isso a importância dos laços familiares na obtenção dos conhecimentos educacional do sujeito. 2.2 As dificuldades cotidianas no processo de aprender A educação no Ensino Fundamental se configura um fator de grande importância na formação escolar, auxilia para seu desenvolvimento cognitivo e social, visto que é na etapa da alfabetização que se inicia de fato o processo de letramento. Quando a criança deixa de frequentar ou não é inserida na escola na fase inicial, acaba entardecendo e afetando seus conhecimentos de mundo, tornando assim um adulto sem habilidade de leitura e escrita. Para solucionar os problemas na educação de jovens e adultos que não frequentaram ou que não possuíram nenhuma forma de aprendizagem escolar, foi criada a EJA (Educação de Jovens e Adultos). A educação de jovens e adultos tem sido uma forma de diminuir o analfabetismo, visto que a escassez de educação dos/as brasileiros/as pobres se trata da má distribuição de verbas econômicas para a educação pública. Onde quem não possui um capital, acaba sofrendo com a realidade oferecia ou não possuída da educação existente nas escolas dos estados e municípios do país. 2.3 Capacitação profissional além da formação Sabemos que a valorização dos profissionais da educação a cada ano se torna mais precária. Cada governo que entra procura de imediato mexer na legislação dos servidores públicos. Isso já se tornou uma prática tão comum que sempre ficamos esperando o ponto em que cada um vai propor modificação. Se nas regras de aposentadoria, se na concessão de licenças, se na contagem do tempo de serviço para a efetivação de algum direito etc. O que não falta são exemplos destes tipos. As diretrizes nos Editais e nas leis que estavam vigentes quando ingressamos em um concurso público são constantemente revisadas dependo do maior ou menor grau de ódio que o novo líder nutre pelos servidores públicos. Formar professores que entendam que o desenvolvimento das etapas do ensino e aprendizagem exigem, além da vocação, uma capacidade muito importante de aplicação dos seus conhecimentos, com certeza, trará resultados efetivos no processo educacional. A forma como esses conhecimentos são aplicados, ao conjunto de ações criativas do professor e às suas habilidades em se fazer entender, chamamos de didática, o que habilita o profissional ao ensino. Essas competências refletem-se em ações, tais como estimular cada vez mais nos estudantes o gosto pelas descobertas, despertar o interesse crescente pela livre associação das ideias e das informações e fazer com que tudo isso se transforme em aprendizado. Embora a literatura revele uma concepção mais “clássica” na formação básica dos professores, é evidente que as novas práticas, bem como as novas concepções pedagógicas exigem também outras técnicas para capacitar os professores na construção do seu saber inicial. Os professores de hoje precisam estar mais preparados para atender à evolução rápida dos estudantes de hoje, frente às tecnologias e à comunicação, que permitem a apropriação, com grande volume e velocidade, de todo o tipo de informação. 2.4 Abordagem interdisciplinar De acordo com a Tese de doutorado de Pool (2018), a escola é compostade disciplinas individuais, associadas a distintas áreas do conhecimento. No entanto, os problemas da vida, os reais, não obedecem a esta compartimentalização. Eles requerem uma abordagem interdisciplinar para a sua solução. Assim, para organizarmos nossa trajetória de pesquisa, escolhemos focalizar o cotidiano do docente, expresso em práticas pedagógicas, estratégias, didáticas e atividades que ela/ele organiza para trabalhar com seus estudantes. Ao buscar entender os “mecanismos” associados ao ato de ensinar e de aprender, no mundo contemporâneo, permeados pela interdisciplinaridade, percebe-se que o estudante de hoje já busca as informações de que necessita para resolver questões do seu dia a dia de forma autônoma, utilizando- se de tecnologias digitais que estão ao seu alcance. Adotar a interdisciplinaridade não é desconstituir ou descaracterizar o currículo concebido, mas reforçá-lo, no sentido de propiciar que as inúmeras associações disciplinares e os constantes movimentos do trânsito de informações por diferentes áreas da ciência permitam ao professor e ao estudante a apropriação de espaços do saber ainda não conjugados. 2.5 Escolarização e o desenvolvimento comportamental Uma escola dinâmica pressupõe o compartilhamento de ideias que visam promover a técnica de ensino através da vivência e relatos de vida dos alunos que ali convivem. Para isso é preciso que o ambiente escolar seja um local de trabalho coletivo composto por diálogos, trocas e experiências. Ao modelo convencional, em que o aluno tem uma postura passiva, como receptor dos conhecimentos transmitidos pelo professor, se opõem as experiências de aprendizagem que possibilitam ao estudante a autonomia e o protagonismo na construção do saber. A base da educação formal sempre remete à imagem do professor e do espaço de aula. Sabendo que esses ícones representam o início do processo do ensino e da aprendizagem, sempre estaremos atentos à qualidade e à formação desse profissional. A formação de professores é um tema extensamente abordado em toda a comunidade da ciência da educação. Por que esse assunto é uma constante? Percebe-se que a escolarização e o desenvolvimento comportamental da nossa população exigem, a cada dia, mestres mais preparados, mais críticos e com visões contemporâneas que acompanhem a evolução. É na representatividade do ato de educar de nossas escolas que está a capacitação dos professores, a avaliação crítica sobre o que vem sendo feito, e as possibilidades de ouvir os estudantes para uma inserção dos seus valores e das suas necessidades nos projetos de cada escola. Desta forma, recai no professor a responsabilidade de estar atento à mudança das tecnologias e dos comportamentos para transformá-la em ação pedagógica ou atitude de relacionamento. 2.6 As regras, fórmulas e conceitos que destoam da realidade sociocultural Na Educação Infantil ocorre uma etapa evolutiva de estimulação sensorial, na qual as crianças desenvolvem suas capacidades cognitivas, afetivas intelectuais, motoras, sociais. Na Educação Básica como um todo, em particular nas disciplinas do ensino médio, apresenta-se um amontoado de regras, fórmulas e conceitos que destoam da realidade sociocultural do estudante. Assim, é comum encontrarmos estudantes dessa etapa escolar que não conseguem compreender ou aplicar os conteúdos pedagógicos em situações práticas do seu dia a dia, mesmo já possuindo informações relevantes sobre dado conhecimento. Fica sempre uma separação entre o saber escolar e o saber cotidiano. 2.7 A instabilidade na visão da juventude Com base no estudo da Tese de doutorado de Pool (2018), o cotidiano pode representar, na vida de um jovem, um significado um pouco mais ousado do que na vida de um adulto: para este último, poderíamos até dizer que o cotidiano representa uma rotina de acontecimentos já estabelecidos pelas tarefas diárias do trabalho, culminando com alguma programação de lazer, resultado dos ganhos deste trabalho. Já na visão da juventude, o cotidiano é tão instável quanto a sua própria condição biopsicossocial. A resposta aos estímulos do meio e às atividades que o grupo de amigos exerce determina, em primeira ordem, a construção de uma vida cheia de ousadias e experiências novas, necessárias ao desenvolvimento e à percepção da sua autonomia e responsabilidade. Com isso, o cotidiano pode ser marcado por acontecimentos regrados pela vida escolar e/ou pelo trabalho, segundo a condição social do estudante, e pelas atividades diárias. Algumas outras relações com o cotidiano, em que estão incluídas ações mais reservadas e íntimas da juventude, parecem obedecer à certa regra particular. Uma garantia de organização pessoal mais acertada, podendo ser repetidas por quase toda a vida do jovem, pois muitas dessas rotinas ou “hábitos” podem ter continuidade na vida adulta. 2.8 Mudanças na oferta da educação A partir de março de 2020 o mundo passou a conviver com uma nova regulação do modo de trabalhar, estudar, consumir e se relacionar, ocasionado pelo flagelo mundial estabelecido pela pandemia associada ao Covid-19. O que parecia uma ameaça distante tomou conta do planeta e se estabeleceu um contexto de mudanças emergenciais. Diversos decretos estabeleceram orientações e autorizações em caráter excepcional, a substituição das disciplinas presenciais, em andamento, por aulas que utilizassem meios e tecnologias da informação e comunicação. O cenário estabelecido pela Covid-19 impeliu todo sistema educacional a profundas mudanças na forma de ofertar a educação esperada e contratada. A rede pública pelas suas características se organizou de maneira distinta da rede privada e comunitária onde os contatos de prestação de serviços e expectativas funcionam de forma diversa. Uma vez estabelecido o “novo normal” como a mídia passou a se referenciar ao contexto estabelecido, a universidade tomou medidas rápidas para adequar as ofertas virtuais. Neste contexto pandêmico vimos acontecer em menos de um mês uma adoção emergencial, frenética e intensa de formações para que os docentes pudessem ofertar as aulas em modelos síncronos e assíncronos apoiados em redes sociais, plataformas de videoconferência e plataformas colaborativas. 2.9 Sociedade em rede Na sociedade contemporânea, especialmente no ecossistema educacional, composto por gestores, professores, família, alunos, colaboradores e infraestrutura física/lógica, consolida-se a percepção de que o contexto virtual nos desafia a pensarmos alternativas para (res)significarmos o ambiente educacional, especialmente devido ao cenário híbrido, fortemente influenciado pela ubiquidade das comunicações, pela dinamicidade e fluidez do conhecimento e pela necessidade de reinventar o fazer diário em face de tantas opções e oportunidades que nos são ofertadas. Em uma era digital, em rede, o acesso ao conteúdo associado ocorre em uma escala diferente. Temos disponíveis (muitas vezes gratuitamente) artigos de revistas, vídeos, podcasts, slides e postagens em blog. E não apenas o conteúdo é acessível, mas também as discussões, em fóruns, comentários e blogs. Além disso, há redes sociais de pares, especialistas e aprendizes. Os próprios especialistas podem ser mais facilmente acessados, e pode haver discussão em torno de seu conteúdo em fóruns dedicados. Os avanços tecnológicos acarretaram a informatização e reconfiguração das formas de produzir e consumir cultura. Dessa maneira, a sociedade contemporânea, definida por Castells (2002) como “sociedade em rede”, é caracterizada como sociedade informacional, estruturada em torno das tecnologias de informação e comunicação. De cada ator do cenário educacional passa-se a exigir a sensibilidade e o domínio de um conjunto de habilidades para utilizar equipamentos e sistemas do universo digital. Ser um estudante ouum professor inserido no mundo tecnológico é mais do que estar numa condição de ser proprietário ou não do equipamento ou da estrutura oferecida pela unidade escolar; tornou-se um comportamento, uma atitude. Independentemente da origem do meio tecnológico, estar conectado e fazer uso das tecnologias é estar em uma posição em que as soluções do dia a dia são orientadas ou resolvidas pelo uso das informações digitais, tal como se lia as notícias de um jornal impresso antes de se iniciar o dia. Entretanto, educadores, na mesma medida em que constatam a velocidade com que a informação circula nas redes sociais, vivenciam o desafio da exigência da atualização permanente para a conquista da fluência digital e de sua utilização em contextos educacionais. A educação tem se tornado na contemporaneidade um campo de estudos com dimensões e proporções imensuráveis. A cada dia que passa educadoras e educadores principalmente nos espaços públicos de ensino, nas suas distintas modalidades, têm percebido a importância de sistematizar suas experiências cotidianas para possibilitar maior socialização das ações significativas dos seus cotidianos em contextos teóricos e práticos, tanto nos processos de ensino, quanto nos processos de aprendizagem. 3. CONCLUSÃO Por fim, a pesquisa educacional tem se fortalecido ao ampliar a multiplicidade de abordagens nas várias áreas do saber de forma interdisciplinar. As escolas, bem como, universidades nesse sentido, são consideradas laboratórios humanos onde as pessoas ao tempo em que reconfiguram os saberes e práticas, contribuem de forma direta e indireta com formação humana em uma perspectiva tecnológica, social, profissional e educativa. Vive-se, hoje, em uma sociedade caracterizada pela globalização e pelos avanços tecnológicos, em que as informações e a velocidade com que elas atingem a sociedade transformam os ambientes familiares, escolares, sociais e culturais. Diante desses avanços tecnológicos e da difusão rápida de informações, surgem, no sistema de ensino, novas perspectivas e potencialidades que conduzem os alunos a novas formas de aprender, de ser, de agir, de sentir, de se expressar e de se comunicar. Porém, essas transformações, que acontecem na sociedade contemporânea, muitas vezes, não são acompanhadas pelo sistema de ensino, fazendo com que o ensino não tenha significado para o aluno. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: a era de informação, economia, sociedade e cultura. São Paulo, 2002. VIEIRA, M. C. CONFORTO, D. SANTAROSA, L. M. C. Tecnologia móvel: qual, para quem, para quê? TISE, 2015. RAMOS, M. G. LIMA, V. M. do R. ROCHA FILHO, J. B. A pesquisa como prática na sala de aula de Ciências e Matemática: um olhar sobre dissertações. Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, São Paulo, 2009. FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia. São Paulo, 1979. LACERDA, João. A importância dos pais na vida escolar dos filhos. Trabalho de conclusão de curso TCC, Pedagogia. Senhor do Bonfim: Universidade do Estado da Bahia-UNEB, Departamento de Educação Campus VII, 2012. Pool, Mario Augusto Pires. Desafios educacionais criativos associados às práticas docentes: estudo de caso RPG educacional. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-graduação em Educação (PUCRS). Porto Alegre, 2018.
Compartilhar