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Compilação de material sobre desenho técnico 1 O resumo a seguir é uma compilação que serve apenas como referência para o acompanhamento das aulas expositivas. Ele não esgota o tema desenho técnico! Para obter informações mais detalhadas e estudar para as provas, consultar a bibliografia da disciplina e as normas técnicas listadas abaixo. LISTA DE NORMAS DA ABNT PARA DESENHO TÉCNICO: Normas ABNT para Desenho Técnico: NBR 8196 – Emprego de escalas em desenho técnico; NBR 8402 – Execução de caracteres para escrita em desenho técnico; NBR 8403 – Aplicação de linhas em desenho – Tipos de linhas – Largura das linhas; NBR 13142 – Desenho técnico - Dobramento de cópia; NBR 10067 – Princípios gerais de representação em desenho técnico – vistas e cortes; NBR 10068 – Folha de desenho – leiaute e dimensões; NBR 10126 – Cotagem em desenho técnico; NBR ISO 10209-2 – Documentação técnica de produto – Parte 2: Termos relativos aos métodos de projeção; NBR 10582 – Conteúdo da folha para desenho técnico; NBR 10647 – Desenho técnico – Terminologia; NBR 12298 – Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico; Compilação de material sobre desenho técnico 2 1. INTRODUÇÃO Antes mesmo da linguagem falada, a expressão gráfica foi a primeira forma de comunicação humana. Desde os primórdios da civilização o homem utilizou o desenho como instrumento de comunicação. Mesmo depois da introdução da linguagem escrita o desenho continua sendo uma forte expressão na comunicação humana. 2. CONCEITO O desenho é a ciência e a arte de representar, graficamente objetos e ideias através de linhas, cores e formas à mão livre ou com instrumentos, podendo esses serem em meio físico ou digital. É uma descrição gráfica que nos fornece, mediante linhas, a imagem de um objeto que dificilmente poderia ser explicado com palavras. 3. CLASSIFICAÇÃO 3.1. Desenho Técnico É uma forma de linguagem normatizada. Foi criado pela necessidade de se representar objetos técnicos de maneira clara. Ele é a linguagem usada entre engenheiros, tecnólogos, técnicos, desenhistas, projetistas, técnicos de processos, preparadores de máquinas, inspetores da qualidade, ferramenteiros, oficiais de manutenção, compradores e vendedores técnicos além de outros profissionais qualificados. Pode ser desenvolvido de forma rigorosa (com instrumentos) ou por croqui (desenho à mão livre), lembrando que mesmo o croqui deve ser bem apresentado e seguir as regras de proporção e outras normas que o torne legível. Compilação de material sobre desenho técnico 3 Croquis de um corte longitudinal Planta de projeto de elétrica Compilação de material sobre desenho técnico 4 3.2. Desenho Artístico É a representação gráfica da livre expressão da criatividade, podendo ser classificado em natural, abstrato, ornamental e publicitário. 3.3. Desenho Projetivo É a representação de figuras sólidas, ou seja, de três dimensões, em um plano. 3.4. Desenho Geométrico É a representação gráfica com precisão absoluta, de figuras planas, ou seja de até duas dimensões. Baseia-se portanto na geometria plana. Compilação de material sobre desenho técnico 5 4. NORMAS TÉCNICAS Conjunto de documentos, normalmente produzido por um órgão oficialmente creditado para tal, que tem como objetivo estabelecer regras, diretrizes, ou características acerca de uma atividade específica, produto, material, processo ou serviço. www.iso.org www.abnt.org.br A entidade internacional responsável pela normatização é a ISO - "International Organization for Standardization", onde estão agremiadas entidades de 163 países. O Brasil é representado na ISO pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. As normas Brasileiras são anotadas pela sigla NBR - Normas Brasileiras Registradas. Exemplos: NBR 10647 - Desenho técnico - Norma geral. Em alguns casos o número da norma vem seguido da data de sua publicação: NBR 8403/84 - Aplicação de linhas em desenhos - Tipos de linhas - Largura de linhas. Outras normas da ABNT para desenho técnico: NBR 8196 – Emprego de escalas em desenho técnico; NBR 8402 – Execução de caracteres para escrita em desenho técnico; NBR 8403 – Aplicação de linhas em desenho – Tipos de linhas – Largura das linhas; NBR 13142 – Desenho técnico - Dobramento de cópia; NBR 10067 – Princípios gerais de representação em desenho técnico – vistas e cortes; NBR 10068 – Folha de desenho – leiaute e dimensões; NBR 10126 – Cotagem em desenho técnico; NBR ISO 10209-2 – Documentação técnica de produto – Parte 2: Termos relativos aos métodos de projeção; NBR 10582 – Conteúdo da folha para desenho técnico; NBR 10647 – Desenho técnico – Terminologia; NBR 12298 – Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico; Na falta de norma brasileira para um determinado assunto, poderemos usar a norma ISO ou outra norma conhecida e internacionalmente aceita, como a DIN - "Deutsches Institut für Normung", da Alemanha. Compilação de material sobre desenho técnico 6 Desenho técnico possui uma linguagem universal 5. INSTRUMENTOS PARA DESENHO Os instrumentos básicos para o desenvolvimento/ construção de um desenho técnico são listados a seguir: 5.1. Lápis ou lapiseira: Apresentam internamente o grafite ou mina, que tem grau de dureza variável, classificado por letras, números ou a junção dos dois. Classificação por números Classificação por letras Classif. por nº e letras Nº 1 – Macio – Linha cheia Nº 2 – Médio – Linha média Nº 3 – Duro – Linha fina B – Macio, equivale ao grafite nº 1 HB – Médio, equivale ao grafite nº 2 H – Duro, equivale ao grafite nº 3 2B, 3B...até 6B – Muito macios 2H, 3H...até 9H – Muito duros As lapiseiras apresentam graduação quanto à espessura do grafite, sendo as mais comumente encontradas as de número 0,3 – 0,5 – 0,7 e 1,0. Compilação de material sobre desenho técnico 7 5.2. Papel: Blocos, cadernos ou folhas avulsas de cor branca e sem pautas. A ABNT segue o dimensionamento da série "A", cujas dimensões e nomenclatura são as seguintes: Compilação de material sobre desenho técnico 8 5.3. Régua: Em acrílico ou plástico transparente, graduada em cm (centímetros) e mm (milímetros) 5.4. Par de esquadros: Em acrílico ou plástico transparente e sem graduação. O esquadros são destinados ao traçado e não para medir, o que deve ser feito com a régua. Um deles tem os ângulos de 90°, 45° e 45° e o outro os ângulos de 90°, 60° e 30°. Os esquadros formam um par quando, dispostos como na figura, têm medidas coincidentes. 5.5. Borracha: Branca e macia, preferencialmente de plástico sintético. Para pequenos erros, usa-se também o lápis-borracha. 5.6. Compasso: Os fabricados em metal são mais precisos e duráveis. O compasso é usado para traçar circunferências, arcos de circunferências (partes de circunferência) e também para transportar medidas. Numa de suas hastes temos a ponta seca e na outra o grafite, que deve ser apontado obliquamente (em bisel). Ao abrirmos o compasso, estabelecemos uma distância entre a ponta seca e o grafite. Tal distância representa o raio da circunferência ou arco a ser traçado. 5.7. Transferidor: Utilizado para medir e traçar ângulos, deve ser de material transparente (acrílico ou plástico) e podem ser de meia volta (180°) ou de volta completa (360°). 5.8. Computador e impressora: Atualmente os desenhos técnicos são desenvolvidos por meio de softwares dos mais variados tipos. Os sistema mais utilizado é o CAD - "Computer Aided Design". O software CAD mais conhecido é o AutoCAD, criado e desenvolvido pela Autodesk. Outro software que se tem tornado bastante popular para o desenvolvimento de desenhos é o Google SketchUp.Embora ele não apresente a versatilidade para desenhos técnicos que os softwares CAD oferecem, sua agilidade para construção de elementos tridimensionais faz que muitos usuários o utilizem para esta finalidade. É importante lembrar que ao usar um software como ferramenta, o desenho é produzido em formato digital e, desta forma, fica Compilação de material sobre desenho técnico 9 restrito à visualização em um computador ou outro dispositivo eletrônico. Portanto, é fundamental a utilização de uma impressora ou plotter (impressora de grande formato) para que o desenho seja efetivamente produzido em meio físico. Exemplo de tela do software AutoCAD Dica: Download gratuito das últimas versões completas dos softwares da Autodesk! Cadastrar no site: students.autodesk.com (Autodesk Education Community). Exemplo de desenho desenvolvido no software Google SketchUp Compilação de material sobre desenho técnico 10 6. PROJEÇÕES ORTOGONAIS Projeção é um desenho que representa ou esboça um objeto tridimensional sobre uma superfície bidimensional. É traçada em um plano como se o objeto estivesse sendo observado por uma certa posição. Em engenharia, o tipo de projeção mais comum é chamado de Projeção Ortogonal. A projeção ortogonal de um objeto em plano de projeção é chamada de vista ortográfica. Podemos representar múltiplas vistas de direções diferentes de forma sistemática da forma de objetos 3D. A projeção ortogonal é uma representação bidimensional de um objeto tridimensional. Na engenharia, no processo de fabricação, é necessária uma descrição completa e clara da forma e do tamanho de um objeto projetado para ser concebido. Cada vista fornece determinadas informações, a vista frontal mostra a verdadeira grandeza e forma de superfícies que são paralelas à frente do objeto. A figura abaixo mostra a ordem da projeção ortogonal no 1º Diedro (ABNT). Seis vistas principais: Vista frontal (VF); Vista superior (VS); Vista lateral esquerda (VLE); Vista lateral direita (VLD); Vista posterior (VP); Vista inferior (VI). Compilação de material sobre desenho técnico 11 6.1. Rebatimento do plano de projeção A uma região limitada por dois semiplanos e numeradas ordinariamente no sentido anti- horário chamamos de diedro. O método de representação de objetos através de um diedro é conhecido como "mongeano" por ter sido criado pelo matemático francês, considerado o pai da geometria descritiva, Gaspar Monge (1746 - 1818). Sistema Mongeano Cada diedro é a região limitada por dois semiplanos perpendiculares entre si. Os diedros são numerados no sentido anti-horário. A maioria dos países adotam a projeção ortográfica no 1o diedro. No Brasil, a ABNT recomenda a representação no 1o diedro. Entretanto, alguns países, como por exemplo os Estados Unidos e o Canadá, representam seus desenhos técnicos no 3o diedro. Compilação de material sobre desenho técnico 12 A figuras abaixo mostram como se faz o rebatimento dos três principais planos de projeção. Imagine que os planos estão ligados por dobradiças. Conserve fixo o plano vertical e abra os outros planos de projeção conforme mostra a figura. Note que na vista ortográfica a vista frontal (VF) representa a projeção do objeto no plano vertical (PV). A vista superior (VS) representa a projeção no objeto no plano horizontal e a vistal lateral esquerda (VLE) representa a projeção do objeto no plano lateral (PL). Representação ortográfica de um objeto no Sistema Mongeano no 1o diedro Ao projetarmos um objeto nos planos de projeção, os conceitos de projetividade fazem-se importantes, ou seja: observador, linhas projetantes, objeto e planos de projeção, neste exemplo, dispostos na projeção relativa ao 1º diedro. Devem ser executadas tantas vistas quantas forem necessárias à caracterização da forma da peça, sendo preferíveis vistas em corte ou seções, ao emprego de grande quantidade de linhas tracejadas. Vista frontal: é a projeção vertical do objeto. Essa vista representa a face anterior do objeto, e é projetada no plano posterior ou de costas do 1º diedro. A vista frontal é a principal vista de um objeto, em caso de escolha de representação em uma só vista do objeto, esta será a vista frontal. Deverá ser dotada do maior número de detalhes possíveis. Geralmente esta vista representa a peça na sua posição de utilização. Vista superior: é a projeção horizontal do objeto, e representa a sua face superior. Essa vista, poderá, junto a vista lateral esquerda completar a interpretação do objeto. É representada no plano inferior do 1º diedro. Vista lateral esquerda: é a projeção ortogonal do objeto em um plano de perfil ou plano lateral. É representada no plano lateral direito. Seis vistas ortográficas: as três vistas principais (frontal, superior e lateral esquerda) podem eventualmente não representar suficientemente a forma de objetos mais Compilação de material sobre desenho técnico 13 complexos. Além de outros recursos a serem estudados posteriormente, pode-se aumentar o número de vistas para seis, conforme a norma NBR 10067/87 da ABNT. Representação das 6 vistas ortográficas no 1o diedro Compilação de material sobre desenho técnico 14 7. PERSPECTIVAS Quando olhamos para um objeto, temos a sensação de profundidade e relevo. O desenho, para transmitir essa mesma ideia, precisa recorrer a um modo especial de representação gráfica: a perspectiva. A perspectiva é uma técnica de desenho projetivo utilizada para facilitar a compreensão volumétrica. No desenho técnico, assumem papel importante na representação gráfica de objetos, proporcionando ao profissional ótima forma de comunicação e visualização de detalhes nem sempre conseguidos em vistas em um só plano. As perspectivas tem como principal objetivo a representação gráfica em três dimensões de objetos. Permite ainda proporcionar uma visão realista, principalmente para leigos que não dominam a técnica do desenho projetivo. Compilação de material sobre desenho técnico 15 No ambiente profissional as perspectivas tem seu lugar quando o desenho em vistas ortográficas não são suficientes para a interpretação plena de objetos, como por exemplo no desenho de dutos ou tubulações industriais e algumas estruturas metálicas. Os principais tipos de perspectivas usadas em desenho técnico são: Comparando as três formas de representação, nota-se que a perspectiva isométrica é a perspectiva que dá a sensação de menor deformação do objeto. Perspectivas cônicas são mais utilizadas em projetos arquitetônicos e de interiores. Já as perspectivas isométrica e cavaleira, são mais utilizadas em desenhos mecânicos. Exemplos práticos: Perspectiva cônica Perspectiva cavaleira Perspectiva isométrica 7.1. Perspectivas cônicas As perspectivas cônicas são as mais comumente associadas à ideia de perspectiva, pois são aquelas que mais se assemelham ao fenômeno perspéctico assimilado pelo olho humano. Elas ocorrem quando o observador não está situado no infinito, e portanto todas as retas projetantes divergem dele. Trabalha-se com o conceito de pontos de fuga. Compilação de material sobre desenho técnico 16 7.2. Perspectiva cavaleira A perspectiva cavaleira é também chamada de perspectiva cavalheira, porque os desenhos das praças militares eram, geralmente, executados em projeção cilíndrica e o aspecto obtido dava a impressão de que o desenho havia sido colhido da cavaleira, obra alta de fortificação sobre a qual assentam baterias. A perspectiva cavaleira possui três eixos perpendiculares entre si onde as medidas podem ser tomadas. Na representação do desenho, dois eixos são perpendiculares (um traçado na horizontal e outro na vertical), pois pertencem ao plano paraleloàs faces do prisma que envolve a figura. O terceiro eixo, que representa a profundidade, pode estar a qualquer ângulo em relação ao eixo horizontal, sendo geralmente mais usados 30º, 45º e 60º. Perspectiva cavaleira Sistema de redução da perspectiva cavaleira Ângulo 30o 45o 60o Redução 2/3 1/2 1/3 7.3. Perspectiva isométrica Iso (mesma) e métrica (medida), indica que a perspectiva isométrica conserva as proporções das dimensões do objeto representado. Também é a perspectiva que apresenta o traçado com menor deformação. A perspectiva isométrica é uma perspectiva axonométrica onde os raios projetantes são ortogonais a um plano vertical de projeção. Os eixos x, y e z têm a mesma inclinação em relação ao plano vertical. As projeções dos eixos formam entre si ângulos de 120o. Compilação de material sobre desenho técnico 17 A perspectiva isométrica é uma perspectiva axonométrica onde a projeção ortogonal é feita sobre um plano perpendicular à diagonal de um cubo, onde as arestas são paralelas aos três eixos principais. Para construí-la basta adotar uma única escala para os três eixos. Sequência para construção de uma perspectiva isométrica Compilação de material sobre desenho técnico 18 Arestas não isométricas, são representadas fora da sua verdadeira grandeza. Considerar um sólido primitivo para facilitar a confecção do desenho. Esses elementos são oblíquos porque possuem linhas que não são paralelas aos eixos isométricos. Marcação de ângulos em perspectiva Compilação de material sobre desenho técnico 19 7.4. Desenho de circunferência em perspectivas 7.5. Interseção de superfícies Determinação da interseção de duas faces sendo uma delas uma superfície não plana. Compilação de material sobre desenho técnico 20 8. TIPOS DE LINHAS O desenho técnico, devido a sua aplicação na indústria, necessita de informações precisas que impossibilitem dúvidas ao fabricante. Definitivamente seria impossível visualizar corretamente desenhos técnicos se não houvessem as convenções das linhas. 8.1. Largura (espessura) de linhas A relação entre as larguras de linhas largas (grossa) e estreita (fina) não deve ser inferior a 2. As larguras das linhas devem ser escolhidas, conforme o tipo, dimensão, escala e densidade de linhas no desenho, de acordo com o seguinte escalonamento: 0,13; 0,18; 0,25; 0,35; 0,50; 0,70; 1,00; 1,40 e 2,00 mm. Para diferentes vistas de uma peça, desenhadas na mesma escala, as larguras das linhas devem ser conservadas. Segundo a NBR 8403 - Aplicação de linhas em desenhos - Tipos de linhas - Larguras das linhas: "o espaçamento mínimo entre linhas paralelas (inclusive a representação de hachuras) não deve ser menor do que duas vezes a largura da linha mais larga, entretanto recomenda-se que esta distância não seja menor do que 0,70 mm". Exemplo do emprego de diferentes linhas em desenho técnico Compilação de material sobre desenho técnico 21 8.2. Classificação das linhas a) quanto à largura: • larga (grossa) • estreita (fina) b) quanto à forma: • contínua • tracejada • traço-ponto As linhas se classificam apenas quanto a largura e quanto a forma. Existem dez tipos de linhas utilizadas em desenho técnico. A seguir serão mostrados uma tabela e um desenho que juntos apresentarão detalhadamente os tipos de linhas e suas aplicações. Traçado Denominação Aplicação geral (ver figuras abaixo da tabela) A Contínua larga A1 contornos visíveis A2 arestas visíveis B Contínua estreita B1 linhas de interseção imaginárias B2 linhas de cotas B3 linhas auxiliares B4 linhas de chamadas B5 hachuras B6 contornos de seções rebatidas na própria vista B7 linhas de centros curtas C Contínua estreita a mão livre (A) C1 limites de vistas ou cortes parciais ou interrompidas se o limite não coincidir com linhas traço e ponto (ver Figura 1c) D1 esta linha destina-se a desenhos confeccionados por máquinas (ver Figura 1d)) D Contínua estreita em ziguezague (A) E Tracejada larga (A) E1 contornos não visíveis E2 arestas não visíveis F1 contornos não visíveis F2 arestas não visíveis F Tracejada estreita (A) G Traço e ponto estreita G1 linhas de centro G2 linhas de simetrias G3 trajetórias Compilação de material sobre desenho técnico 22 Traçado Denominação Aplicação geral (ver figuras abaixo da tabela) H Traço e ponto estreita, larga nas extremidades e na mudança de direção H1 planos de cortes J Traço e ponto largo J1 Indicação das linhas ou superfícies com indicação especial K Traço dois pontos estreita K1 contornos de peças adjacentes K2 posição limite de peças móveis K3 linhas de centro de gravidade K4 cantos antes da conformação (ver Figura 1f) K5 detalhes situados antes do plano de corte (ver Figura 1e) (A) Se existirem duas alternativas em um mesmo desenho, só deve ser aplicada uma opção. Nota: Se forem usados tipos de linhas diferentes, os seus significados devem ser explicados no respectivo desenho ou por meio de referência às normas específicas correspondentes. Compilação de material sobre desenho técnico 23 Compilação de material sobre desenho técnico 24 Se ocorrer coincidência de duas ou mais linhas de diferentes tipos, devem ser observados os seguintes aspectos, em ordem de prioridade (ver figura abaixo): 1) arestas e contornos visíveis (linha contínua larga, tipo de linha A); 2) arestas e contornos não visíveis (linha tracejada, tipo de linha E ou F); 3) superfícies de cortes e seções (traço e ponto estreitos, larga nas extremidades e na mudança de direção; tipo de linha H); 4) linhas de centro (traço e ponto estreita, tipo de linha G); 5) linhas de centro de gravidade (traço e dois pontos, tipo de linha K); 6) linhas de cota e auxiliar (linha contínua estreita, tipo de linha B). Coincidência de linhas Compilação de material sobre desenho técnico 25 9. HACHURAS Hachuras são linhas estreitas (finas) e, sempre que possível, inclinadas à 45º para a direita ou para esquerda em relação às linhas principais de contorno ou eixos de simetria. A Norma Brasileira que trata de hachura é a NBR 12298. Traçados corretos Traçados incorretos As hachuras, em uma mesma peça, são traçadas sempre numa mesma direção: Em desenhos de conjunto, em peças adjacentes, as hachuras devem ser feitas em direções opostas ou espaçamentos (densidade da hachura) diferentes: No caso de seções de peças de espessuras finas, as hachuras podem ser omitidas e, nesse caso, ser enegrecida. Em desenhos de conjunto, as peças dever ser separadas por um espaço denominado linha de luz, distanciando as peças em 1mm. Compilação de material sobre desenho técnico 26 As hachuras devem ser interrompidas quando da necessidade de se fazer alguma anotação na área hachurada: 9.1. Tipos de hachuras As hachuras servem para determinar as partes da peça que são maciças e que foram atingidas pelo plano de corte. Mas a hachura também é utilizada para determinar o tipo de material que será utilizado para a fabricação da peça ou, no caso de desenhos de arquitetura ou civil, para diferenciar superfícies e indicar acabamento. Compilação de material sobre desenho técnico 27 10. ESCALA Escala é a razão entre a medida de um comprimento representado no desenho e a medida real desse comprimento. Ou seja, é a relação de dimensões entre o desenho e o objeto representado. Por convenção, usamos na operações com escalas, a seguinte simbologia: d = dimensão do desenho D = dimensão do objeto 1/Q = escalaEstabelecendo a relação entre as dimensões do objeto com as do desenho, temos: d/D = 1/Q São três os tipos de escala: Redução: quando são menores que a unidade. Ex.: 1/2 Ampliação: quando são maiores que a unidade. Ex.:2/1 Natural: quando são iguais a unidade. Ex.:1/1 Antes que o desenho seja feito é necessário observar as dimensões reais do objeto. Existem objetos que podem ser desenhados em tamanho real, mas alguns são grandes demais, não cabem no formato do papel e precisam ser reduzidos. Outros são pequenos demais, dificultam a análise dos detalhes e precisam ser ampliados. O desenho em escala mantém as medidas lineares do objeto mas também permite que essas medidas sejam aumentadas ou diminuídas proporcionalmente. Já as medidas angulares permanecem inalteradas mesmo em escalas de ampliação ou redução. Outro detalhe que deve ser observado em relação à escala de um desenho é o volume de informações que serão passadas. Não faz sentido, por exemplo, representar um objeto em uma escala muito ampliada sem que não haja informação suficiente para ser mostrada. O mesmo se aplica ao inverso, representar em escala pequena algo que demande um grande volume de informações, pois nesse caso o desenho pode ficar poluído. Compilação de material sobre desenho técnico 28 As escalas podem ser: Numéricas: quando representadas por uma razão ou fração, geralmente decimal. Ex.: 1/10,1/1000. Gráficas: muito utilizadas em mapas ou em situações onde é importante manter no desenho uma referência gráfica das dimensões representadas (ex.: desenhos não cotados). Escalas recomendadas: Redução Natural Ampliação 1 : 2 1 : 5 1 : 10 1 : 20 1 : 50 1 : 100 1 : 200 1 : 500 1 : 1.000 1 : 2.000 1 : 5.000 1 : 10.000 1:1 2 : 1 5 : 1 10 : 1 20 : 1 50 : 1 Compilação de material sobre desenho técnico 29 Escalímetro: é um instrumento de medição com réguas graduadas que nos permitem determinar sem cálculos as dimensões do desenho, conhecendo-se as do objeto, ou vice-versa. Com o mesmo escalímetro é possível trabalhar na mesma régua com escala diferentes, desde que seja feita a compensação proporcional. Ex.: na régua da escala de 1/20, é possível trabalhar com proporções na escala de 1/2, 1/200 etc. O mesmo pode ser feito com às demais réguas das faces do escalímetro. Compilação de material sobre desenho técnico 30 Relação da ampliação e redução com a escala 11. CALIGRAFIA TÉCNICA O desenho técnico não se faz somente pelo uso de linhas e desenhos. Também utiliza-se da linguagem escrita representada em letras e algarismos. A caligrafia técnica, estabelecida após estudos de legibilidade e de execução, é a simplificação máxima do “desenho” de letras e números. Tal simplificação busca evitar os riscos de dupla interpretação das informações que elas trazem. ABCD abcd - 12347 ABCD abcd - 1234 Caligrafia técnica Romano Outros De acordo com a NBR 8402 - Execução de caracter para escrita em desenho técnico, os caracteres devem apresentar as seguintes características: ser claramente distinguíveis entre si para evitar qualquer troca ou algum desvio mínimo da forma ideal; para reprodução e microfilmagem deve ser observada a distância entre caracteres de, no mínimo, duas vezes a largura da linha; para facilitar a escrita, deve ser utilizado a mesma largura de espessura de linha para letras maiúsculas e minúsculas; devem ser escritos de forma que as linhas se cruzem ou se toquem, aproximadamente, em ângulo reto; Com relação ao tamanho dos caracteres, as seguintes sugestões práticas podem ser adotadas como hierarquia: títulos, somente maiúsculas com 6mm de altura; subtítulos, maiúsculas de 3,5mm de altura; notas em geral e dimensões, maiúsculas de 2,5mm de altura. Compilação de material sobre desenho técnico 31 12. COTAS Para confeccionar qualquer objeto é preciso ter o conhecimento tanto da forma quanto das dimensões. As medidas (valores numéricos) indicadas em desenho técnico são as dimensões que o objeto deve ter depois de produzido e recebe o nome de cotas. A fabricação de um objeto, a partir do desenho técnico exige uma interpretação correta das cotas indicadas. Se as cotas estiverem erradas ou houver uma interpretação errada, o objeto ficará errado também. Para cotar ou interpretar desenho técnico é preciso conhecer seus componentes e quais as suas funções. Os três elementos que compõe a cota são: Cota: valor numérico que corresponde à medida. Linha de cota ou de medida: linha que mostra a extensão da cota Linhas auxiliares, de extensão ou chamada: são linhas que delimitam a linha de cota e se aproximam do desenho (sem tocá-lo) para facilitar o entendimento da relação entre a cota e o desenho. Cota total: dada apenas para evitar cálculos, é derivada de cotas parciais apresentadas no desenho. Indica o comprimento, a largura e a altura do objeto. Cota parcial: essencial para a fabricação da peça. Indica medidas das partes da peça. Compilação de material sobre desenho técnico 32 As unidades de medidas adotadas variam de acordo com a área técnica do desenho: Área técnica Unidade Desenho Mecânico Milímetro (mm) Desenho de Estruturas Metro (m) Desenho Arquitetônico Centímetro (cm) ou Metro (m) Desenho Topográfico Metro (m) Desenho Cartográfico Quilômetro (km) Quando todas as cotas do desenho forem expressas na mesma unidade, é dispensado o uso do símbolo da unidade. 12.1. Distancias a serem respeitadas em cotagem A linha auxiliar deve ser ligeiramente afastada da linha de contorno do desenho (2 a 3 mm); A linha de auxiliar deve ultrapassar a linha de cota (3 a 5 mm); A cota deve ficar afastada em cerca de 10mm do objeto que está sendo cotado; As linhas de cota paralelas devem ser espaçadas igualmente a uma distância em cerca de 10mm; Em desenhos maiores, as linhas de cota ficam afastadas entre si e da linha de contorno do desenho de 10 a 20 mm, conforme o bom senso do desenhista e das normas da empresa; 12.2. Regras gerais As cotas devem ser indicadas com a máxima clareza para que possam ter apenas um interpretação; Colocar as cotas prevendo sua utilização futura na construção de modo a evitar cálculos pelo operário; A altura dos algarismos é uniforme dentro do mesmo desenho. Em geral usa-se a altura de 2,5 a 3 mm; As cotas prevalecem sobre as medidas calculadas com base no desenho; As linhas auxiliares pode se interceptar; Os ângulos serão medidos em graus, exceto em desenhos de arquitetura, em coberturas e rampas, que devem ser indicados em percentual; Colocar linhas de cota preferencialmente fora da figura ou elemento; Não traçar linha de cota como continuação da linha da figura; 12.3. Regras para cotagem A cota deve ser posicionada acima de linha de cota horizontal e à esquerda de linha de cota vertical. Compilação de material sobre desenho técnico 33 A cota deve estar, sempre que possível, centralizada em relação à linha de cota e não deve tocá-la. A cota deve ser disposta na direção da linha de cota. As linhas de cota não devem se cruzar com outras linhas, com exceção das linhas imaginárias (linhas de centro e de simetria). O cruzamento das linhas de cota deve ser evitado, porém, se isso ocorrer, não devem ser interrompidas no ponto do cruzamento. Compilação de material sobre desenho técnico 34 A cota deve ser indicada na vista que mostra mais claramente a forma do elemento. As cota devem ser apresentadas em tamanho que as torne facilmente legível. A linha de cota não deve ser interrompida, mesmo que o elemento o seja. Compilação de material sobre desenho técnico 35 Deve-seutilizar a cota total sempre que possível, com a finalidade de evitar cálculos. Mesmo aparecendo em mais de uma vista, cada elemento da peça deve ser cotado apenas uma vez. Cotar apenas o indispensável, evitando repetir cotas e símbolos Com relação às formas do objetos, deve-se observar a seguinte simbologia: ESF R R ESF Diâmetro Diâmetro Esférico Quadrado Raio Raio Esférico Se as formas estiverem visivelmente definidas, os símbolos de diâmetro e quadrado podem ser suprimidos. Compilação de material sobre desenho técnico 36 Em objetos que têm furo redondo são necessárias duas cotas de tamanho: diâmetro e profundidade; e duas de localização. Formar de cotar furos redondos: Com auxilio de linhas de chamada Com a linha de cota diretamente dentro do elemento Com uma seta quebrada indicando a aresta e apontando para o centro Quando o furo é muito pequeno, prolonga-se a linha de cota para que o texto fique externo às linhas auxiliares: Compilação de material sobre desenho técnico 37 Em objetos com furos quadrados são necessárias cotas de comprimento, largura e profundidade e, como nos círculos, duas cotas de localização: As cotas de arcos e ângulos apresentam símbolos específicos. Para as cotas de corda não há necessidade de simbologia: Os elementos angulares podem ser cotados de diversas formas utilizando para tal, cotas lineares e angulares: Chanfro com uma cota Linear X Angular Chanfro com duas cotas lineares Chanfro com uma cota linear e outra angular Escareado com uma cota Linear X Angular Escareado com duas cotas lineares Escareado com uma cota linear e outra angular Compilação de material sobre desenho técnico 38 Em objetos com elementos semicircular, uma cota de raio e uma de posição são suficientes para representação: Se o raio for pequeno, as seguintes formas de cotagem podem ser utilizadas: No prolongamento da linha de cota para o lado convexo Com a seta indicando o arco No prolongamento da linha de cota para o lado côncavo Se o arco for muito grande, a cotagem pode ser feita das seguintes formas: Com o centro na linha de simetria Com o centro fora da linha de simetria. A linha pode ser usada como referência para locação do centro do raio As regras e elementos de cotagem apresentados neste material são básicos e não esgotam as formar utilizadas no cotidiano profissional. Para um estudo mais aprofundado, recomenda-se a leitura da NBR 10126 - Cotagem em desenho técnico. A cotagem de elementos de arquitetura não é muito diferente da utilizada em desenho mecânico. Para o entendimento da diferença entre as formas utilizadas, recomenda-se a leitura da NBR 6492 - Representação de projetos de arquitetura. Além da representação de cotagem, a norma aborda a utilização de linhas, caracteres (letras e números), escala, representação de hachuras e simbologias utilizadas em projetos de arquitetura. Compilação de material sobre desenho técnico 39 13. CORTE Existem peças ou objetos que precisam ser desenhados, mas tem elementos internos complexos. Nesses casos, o sistema de desenho baseado nas vistas representadas por linhas contínuas para elementos visíveis e linhas tracejadas para elementos não visíveis, faz com que os desenhos fiquem mais complexos e difíceis de serem entendidos. O recurso utilizado para eliminar essa dificuldade de interpretação e mostrar elementos internos de peças complexas com maior clareza é a representação em corte. Corte ou vista em corte é a representação em projeção ortogonal de um objeto ou peça onde uma de suas partes foi cortada e removida e deixando visível a parte interior. Isso é feito através da passagem de um ou mais planos de corte (planos secantes imaginários). As superfícies criadas pela interseção desses planos com a peça são diferenciadas das demais por terem no seu interior linhas de hachuras. As linhas que delimitam essas superfícies são chamadas de linhas de contorno de corte e são ótimas para cotar. Representação em vista Representação em corte Os cortes também servem para facilitar a visualização da estrutura interna de conjuntos mecânicos e seu funcionamento, além de facilitar a cotagem e indicação dos detalhes. Ao desenhar ou interpretar cortes em peças, deve-se atentar para algumas regras: A representação em corte só é utilizada quando a complexidade dos detalhes internos da peça torna difícil sua compreensão por meio da representação normal; Os cortes são representados quando se quer mostrar elementos internos de peças ou elementos que não são visíveis na posição do observador; Os cortes em desenhos técnicos são imaginários; Os cortes são feitos por um plano de corte também imaginário. O desenho de um objeto pode incluir um ou mais cortes e/ou seções de vários tipos, conforme o que for necessário para o entendimento da representação e cotagem e/ou indicação. O conhecimento e uso adequados de todos os tipos de cortes e seções, em geral, diminui o número de vistas necessárias do desenho. Compilação de material sobre desenho técnico 40 13.1. Representação do corte Conforme foi dito anteriormente, os cortes são feitos por um plano de corte imaginário que corta uma peça com o objetivo de mostrar os elementos internos. Os planos de corte devem ser indicados em qualquer vista da peça por linhas de corte correspondentes, exceto em vistas cortadas onde a linha de corte não pode ser representada. As linhas de centro e de simetria (traço-ponto estreita) devem ser representadas em vistas cortadas. As linhas de corte possuem setas nas extremidades que indicam o sentido de observação do corte e são colocadas as letras maiúsculas repetidas que dão nome ao corte. No exemplo abaixo o nome dado ao corte é AA, cujo nome é representado abaixo da vista cortada. Tanto as letras das indicações dos planos de corte como a identificação da vista cortada devem ser maiores e mais grossas que os algarismos das cotas do desenho. As setas de indicação do plano de corte devem ser maiores que as das cotas. Vistas cortadas podem ser desenhadas próximas às vistas da peça ou podem substituí- las. Os cortes podem ser representados em qualquer das vistas do desenho técnico mecânico. A escolha da vista onde o corte é representado depende dos elementos que se quer destacar e da posição de onde o observador imagina o corte. Compilação de material sobre desenho técnico 41 13.2. Tipos de corte Dependendo da informação que se deseja mostrar em um desenho, Pode-se optar por um ou mais tipo de representação de corte. Os tipos mais utilizados são os seguintes: Corte total: é aquele em que o plano de corte atinge toda a extensão da peça. O corte total utiliza dois tipos de planos de corte: longitudinal e transversal, sendo que o plano de corte longitudinal pode ser vertical ou horizontal. O plano de corte vertical é paralelo ao plano de projeção vertical e utilizado no corte da vista frontal. O plano de corte horizontal é paralelo ao plano de projeção horizontal e utilizado no corte da vista superior. O plano de corte transversal é paralelo ao plano de projeção lateral e utilizado no corte da vista lateral, conforme mostrado na figura abaixo. Dependendo do grau de complexidade da peça, é necessário desenhar mais de um corte Compilação de material sobre desenho técnico 42 O Corte parcial é utilizado para representar elementos internos localizados em uma determinada parte da peça. Regras específicas: A linha de ruptura delimita o local do corte deixando visíveis os elementos internos. Devem ser representados com linhas tracejadas os elementos internos localizados nas partes que não foram atingidas pelo corte parcial. Pode existirmais de um corte parcial numa mesma vista de um desenho técnico. Não é necessário denominar o corte parcial. Corte em desvio: é utilizado em peças que, para mostrar todos os elementos internos, precisariam de cortes feitos por dois ou mais planos de corte coplanares. Para evitar a repetição de vistas com cortes diferentes, utiliza-se o corte em desvio. Exemplo de cortes coplanares Compilação de material sobre desenho técnico 43 No corte em desvio o plano de corte pode mudar de direção quantas vezes for necessário a fim de visualizar ao mesmo tempo e num mesmo corte elementos internos situados em planos de corte diferentes. Assim, na mesma vista representada em corte, todos os elementos são vistos como se estivessem no mesmo plano. Em um corte em desvio a leitura da vista frontal isoladamente não permite identificar o trajeto percorrido pelo plano de corte. Portanto, a escolha da vista onde será indicada a linha de corte é importante. Compilação de material sobre desenho técnico 44 Se uma peça possuir dois ou mais elementos iguais e alinhados num plano perpendicular ao de corte, o plano de corte deverá passar por um deles. Nesse tipo de situação não é necessário mais cortes para mostrar os outros elementos, porque são iguais ao primeiro. É importante ter em mente que na vista em que é representado um corte em desvio, os detalhes internos são vistos como se pertencessem a um único plano, embora na realidade pertençam a planos diferentes. Corte rebatido: é uma forma de representação utilizada quando uma peça possui detalhes excêntricos distribuídos em uma parte de revolução. Nesse caso, é necessário fazer um corte composto por dois planos concorrentes. Na representação do corte um dos planos sofrerá uma rotação até coincidir com o outro, ou seja, é feito um rebatimento do plano. Rebatimento na vista lateral esquerda Rebatimento na vista frontal Compilação de material sobre desenho técnico 45 Meio-corte: utilizado para representar elementos internos de peças simétricas. A peça apresenta apenas a metade em corte e a outra metade é a vista. Isso permite a análise dos elementos externos e internos em uma única vista. Representação do meio-corte em perspectiva Representação do meio-corte em projeção ortogonal Regras específicas: A linha de simetria é a linha que divide ao meio, a vista representada em meio corte; A metade da peça atingida pelo plano de corte é simétrica à outra metade; Como a peça é simétrica, não há necessidade de repetir, na metade não atingida pelo plano de corte, as representações dos elementos internos com linhas tracejadas; Os centros de elementos devem ser indicados com linha de centro mesmo na metade da peça que não foi atingida pelo plano de corte; A representação em meio-corte não exige a indicação do plano de corte; As demais vistas são representadas normalmente sem haver a indicação. Compilação de material sobre desenho técnico 46 Sempre que a linha de simetria for horizontal, o corte será representado na parte inferior. Sempre que a linha de simetria for vertical, o corte será representado à direita. 14. SEÇÃO A seção pode ser entendida como um corte simplificado ou uma forma de representar a parte maciça de uma peça representando sua forma. Ao observar o desenho acima onde um corte e uma seção da mesma peça são colocados lado a lado, é possível notar as seguintes semelhanças e diferenças: Semelhanças: Em ambos os casos há um representação de cortes na peça. Eles apresentam indicação do plano de corte e as partes maciças atingidas pelo corte são hachuradas. Diferenças: No desenho em corte, a vista onde o corte é representado mostra outros elementos da peça, além da parte maciça atingida pelo corte. No desenho em seção, mostra-se apenas a parte cortada. A indicação do corte é feita pela palavra corte, seguida de duas letras maiúsculas repetidas, enquanto que a identificação da seção é feita pela palavra seção, também seguida de duas letras maiúsculas repetidas. Compilação de material sobre desenho técnico 47 14.1. Representação da seção Assim como nos cortes, existem várias formas de representar uma seção: Seções fora da vista: podem ser representadas próximas da vista e ligadas por linha "traço e ponto" ou em posições diferentes. No último caso, as seções devem ser identificadas pelo nome. É importante notar que na mesma vista podem ser representadas várias seções. Exemplo de seções ligadas diretamente à vista Exemplo de seções ao lado da vista e com indicação de nome Nos exemplos apresentados é possível notar duas linhas em diagonal sobre superfícies do desenho. Essas linhas indicam que há uma superfície plana obtida a partir de superfície cilíndrica. Seção dentro da vista: a seção pode ser representada rebatida dentro da vista, desde que não prejudique a interpretação do desenho. Observe a próxima perspectiva em corte e, ao lado, sua representação em vista ortográfica, com a seção representada dentro da vista. Para representar o contorno da seção dentro da vista, usa-se a linha contínua estreita. A parte maciça é representada hachurada. Quando a seção aparece rebatida dentro das vistas do desenho técnico, ela não vem identificada pela palavra seção, seguida de letras Compilação de material sobre desenho técnico 48 do alfabeto. Na seção dentro das vistas também não aparece a indicação do plano de corte. Seção interrompendo a vista: quando a seção é representada interrompendo as vistas do desenho técnico, ela não vem identificada pela palavra seção, seguida pelas letras do alfabeto. Na seção interrompendo as vistas não aparece a linha indicativa de corte. A interrupção da vista é feita pela linha de ruptura. Seções enegrecidas: são utilizadas quando a área da seção é a de um perfil de pouca espessura. Nesse caso, ao invés de se representarem as hachuras, o local é enegrecido. As seções enegrecidas podem ser representadas: dentro das vistas, fora das vistas, ou, ainda, interrompendo as vistas, conforme mostram as figuras abaixo. Dentro da vista Fora da vista Interrompendo a vista