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Adilma Cabral Brito Neide Paz Brito TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO PARAUAPEBAS- PA 2022 Adilma Cabral Brito Neide Paz Brito TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Enfermagem, da Faculdade UNIPLAN CENTRO UNIVERSITARIO, como parte dos requisitos para a obtenção do título de especialista. Orientadora: Profa. Yasmin Dantas PARAUAPEBAS-PA 2022 Adilma Cabral Brito Neide Paz Brito TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO Projeto para o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Enfermagem, da Faculdade UNIPLAN CENTRO UNIVERSITARIO, como parte dos requisitos para a obtenção do título de especialista. Resultado: ____________ Média: ____________ Aprovado em: _____/_____/________. BANCA EXAMINADORA _________________________________________________ Profª Orientadora __________________________________________________ Coordenador Geral ___________________________________________ Prof° Convidado (a) Dedico esse trabalho primeiramente a Deus por nunca ter deixado eu fraquejar e por toda energia necessária para conclusão deste curso. Aos meus pais por estarem sempre acreditando em mim e me incentivando a nunca desistir. Ao meu esposo pelo companheirismo e paciência que teve durante todos esses anos de curso. Aos meus irmãos, por serem sempre meus maiores exemplos de força e superação. Aos meus filhos, por serem meus maiores motivos em continuar lutando até o infinito. A minha colega de equipe pela convivência, apoio e atenção nos momentos alegres e tristes. AGRADECIMENTOS Agradecemos à Deus, acima de tudo, pela oportunidade de existir e guiar nossos passos rumo a mais esta realização, iluminando-nos e conduzindo-nos pelos melhores caminhos para a concretização de todas estas conquistas. Agradecemos de forma especial a todos aqueles que sempre estiveram ao nosso lado nas mais diversas situações, dando-nos força em momentos difíceis e permitindo que passássemos pelos mais árduos obstáculos e conseguíssemos chegar a este importantíssimo ponto de nossa jornada. Agradecemos aos nossos cônjuges, filhos, pais e amigos por nunca terem desistido de nossos sonhos, em momentos que até nós mesmas pensamos em desistir, fornecendo-nos uma sólida estrutura de sustentação e fortificando-nos nos momentos de maior fragilidade. Vocês são parte importante desta conquista e devem celebrar alegremente conosco. Amamos vocês de forma incondicional! Um agradecimento especial também à professora Yasmin Dantas por toda sua dedicação, colaboração e paciência durante o desenvolvimento deste trabalho, por toda sua solicitude, sabedoria e inteligência, sempre à disposição e colaborando para nossa formação acadêmica. Enfim, agradecemos com veemência a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a nossa jornada. Nossos muito obrigado a todos! “ Não fui que lhe ordenei? Seja forte e corajoso! Não se apavore, nem se desanime pois o Senhor, o seu Deus estará com você por onde andar.” (Josué 1:9) RESUMO O Transtorno do Espectro Autista trata-se de transtorno neurobiológico caracterizado por dificuldade de interação social, déficit de comunicação e padrões comportamentais restritos e estereotipados. A etiologia do transtorno ainda não foi completamente desvendada, sendo, portanto, uma síndrome comportamental sem um tratamento curativo. Nesse sentido, a mais importante forma de lidar com o TEA é o diagnóstico precoce e a imediata reabilitação, sendo ela iniciada ainda na primeira infância. Outrossim, os profissionais da saúde são fundamentais nesse processo, já que podem identificar esses traços característicos, bem como orientar os familiares sobre o tratamento e sanar as eventuais dúvidas que surgirão. Este estudo visa a destacar a importância do diagnóstico e do processo de reabilitação no TEA com base nos avanços científicos na área. A pesquisa caracteriza-se como exploratória em que foram empregados os descritores: autismo, autismo e enfermagem, diagnóstico precoce e tratamento, História do autismo e TEA. Foram acessados aproximadamente 25 artigos durante esse período, sendo utilizados 14. Conclui-se que a escolha do tratamento precoce e adequado é de extrema importância para a criança. Ademais, a família deve ser participativa durante todo esse período, estimulando o desenvolvimento da criança e demonstrando que é possível ela ter uma vida saudável. Palavras-chave: Autismo. Transtorno do Espectro Autista. Diagnóstico. Reabilitação ABSTRACT Autism Spectrum Disorder is a neurobiological disorder characterized by difficulty in social interaction, communication deficit and restricted and stereotyped behavioral patterns. The etiology of the disorder has not yet been completely unraveled, and it is, therefore, a behavioral syndrome without a curative treatment. In this sense, the most important way to deal with ASD is early diagnosis and immediate rehabilitation, starting in early childhood. Furthermore, health professionals are fundamental in this process, as they can identify these characteristic traits, as well as guide family members about the treatment and resolve any doubts that may arise. This study aims to highlight the importance of diagnosis and rehabilitation process in ASD based on scientific advances in the area. The research is characterized as exploratory in which the descriptors were used: autism, autism and nursing, early diagnosis and treatment, History of autism and ASD. Approximately 25 articles were accessed during this period, 14 of which were used. It is concluded that the choice of early and appropriate treatment is extremely important for the child. In addition, the family must be participatory throughout this period, stimulating the child's development and demonstrating that it is possible for them to have a healthy life. Keywords: Autism. Autism Spectrum Disorder. Diagnosis. Rehabilitation SUMÁRIO 1. Transtorno do Espectro Autista: a importância do diagnóstico e reabilitação 9 2. A importância do diagnóstico precoce e da reabilitação para o desenvolvimento da criança com TEA 11 3. JUSTIFICATIVA 12 4. OBJETIVOS 13 4.1 OBJETIVO GERAL 13 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 13 5 METODOLOGIA 14 6 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 15 8 REFERÊNCIAS 18 � � 9 1. Transtorno do Espectro Autista: a importância do diagnóstico e reabilitação O Autismo tem como prólogo o termo grego “autós” cujo significado é “por si mesmo”, ou seja, trata-se de um estado mental patológico, em que o sujeito tende a prender-se em si mesmo absorto do mundo externo (FERNANDES, 1965). Esta característica ímpar instigou o psiquiatra Eugen Bleuler a cunhar, em 1908, o termo para descrever um paciente diagnosticado como esquizofrênico, o qual vivia imerso em seu próprio mundo. Neste contexto, o também psiquiatra Leo Kanner, 30 anos depois, construiu a visão mais moderna do autismo, imputando-lhe características próprias observadas, como, por exemplo, a obsessão pela rotina, a dificuldade em interagir socialmente, as estereotipias e a ecolalia. Atualmente, após o conceito do autismo passar por outras ressignificações, a condição ganhou o título de TEA- Transtorno do Espectro Autista- por abranger vários níveis de comprometimento, desde indivíduos com severa deficiência intelectual, até outros que levam a vida de maneira completamente comum, com total independência. O TEA é um transtorno multifatorial cujo mecanismode causa ainda não foi completamente desvendado. Nesse sentido, inúmeros estudos genéticos, como o JAMA Psychiatry de 2019, apontam a causa genética em até 99% dos indivíduos investigados, sendo 81% hereditária, e o restante (1%) é de fatores ambientais devido a exposição a agentes intrauterinos, a saber: uso de drogas, infecções e traumas durante a gestação. Idem, o MSSNG dos Estados Unidos publicado na revista Nature Neuroscience, o maior programa de estudos genéticos em autismo do mundo, afirmou que testes genéticos podem detectar em mais de 50% dos casos o transtorno, dependendo da tecnologia utilizada, inclusive com o feto ainda em gestação. Outrossim, tradicionalmente, a clínica apresentada pela criança com TEA é ainda o principal meio de diagnóstico, sobretudo partindo do pressuposto de que os sinais do autismo aparecem antes dos três primeiros anos de desenvolvimento. Nesse contexto, há o consenso entre os pesquisadores da importância da intervenção precoce para o desenvolvimento neuropsicomotor da criança, em decorrência da maior capacidade que o cérebro possui de realizar conexões neuronais que podem compensar déficits característicos do autismo nesses primeiros anos de vida. A criança autista apresenta sinais do transtorno ainda muito cedo, relacionando-se de maneira totalmente singular quando comparadas a outras de mesma idade. Características observáveis como a dificuldade em se comunicar pela fala e outras expressões não verbais, em interagir socialmente com os próprios membros da família e demais crianças, possuir limitações ao desenvolver atividades físicas, musicais, de memória e afins, bem como a criança que apresenta padrões repetitivos de movimento ou estereotipias e a ecolalia são peculiaridades inatas à condição. Nessa conjuntura, é inegável as mudanças familiares desencadeadas pelo diagnóstico de um transtorno crônico como o TEA, sobretudo, por se tratar de uma criança, o que causa profundas transformações em hábitos cotidianos, nos rearranjos das funções dentro do lar, impactos financeiros e nas próprias relações domésticas. Logo, este momento da revelação da enfermidade é particularmente desafiador e complexo para a família, que passa a atravessar vários estágios sequenciais, como, por exemplo, o impacto, a insegurança, a culpa, o medo, a desesperança, a negação, o luto e encerramento, que são questões dificílimas de serem trabalhadas, por isso é indispensável a presença da equipe multiprofissional neste momento. Por medo dessas complexidades, muitas famílias optam pelo autoengano como forma de fuga da dor causada pelo diagnóstico, o que sempre é prejudicial à criança que pode demorar meses, anos ou até mesmo nunca iniciar o tratamento. A criança com suspeita de TEA deve ser diagnosticada com base nos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição, com abordagens padronizadas de cada caso. Após indubitável diagnóstico, deve o pediatra conhecer com afinco a etiologia do transtorno da criança para assim desenvolver a terapia mais adequada ao tipo e grau de autismo, bem como assistir as famílias quanto ao entendimento sobre os riscos de recorrência e cooperar com os terapeutas na produção de um plano de intervenção no comportamento, na educação, nas funções motoras e de comunicação individualizado para cada criança. Além disso, os cuidadores devem ter consciência de condições próprias do autismo que podem ser apresentadas, como problemas no sono, na alimentação, distúrbios gastrointestinais, convulsões e déficit de atenção/hiperatividade, necessitando da intervenção multidisciplinar, bem como é também dever deles a instrução antecipada destas crianças e jovens sobre condições comuns as quais eles terão quando interagirem em outros ambientes e com outros indivíduos. Nesse contexto, a comunidade também tem seu papel no tratamento destas pessoas ao ponto em que oferecem oportunidades de inclusão em atividades ativas e de lazer, envolvendo-os ainda mais nestes processos socioculturais. Logo, o tratamento da criança autista perpassa desde o diagnóstico médico, instrução do pediatra, acompanhamento de terapeutas e de uma equipe multidisciplinar, até a vigilância e gerência dentro do lar pelos cuidadores, e pela comunidade que deve acolher estas crianças, seja nas escolas, igrejas, em brincadeiras no parquinho e até festinhas de aniversário, quebrando o estereótipo de que esta condição crônica é impeditivo de uma vida mais normal. 2. A importância do diagnóstico precoce e da reabilitação para o desenvolvimento da criança com TEA O Transtorno do Espectro Autista tem como dispêndio a comunicação deficitária e a interação social restrita, o que implica em prejuízos ao pleno desenvolvimento cognitivo e societário da criança. Tal constatação é plenamente atenuada em consonância ao diagnóstico prévio, bem como ao tratamento proemial. Nesse sentido, o primeiro passo para o diagnóstico parte dos pais que devem ser atentos a quaisquer sinais diferentes apresentados pelo filho, a exemplo da criança que tem dificuldade em prestar atenção a objetos quando são apontados pelos pais, há aquelas que não demonstram emoções através de gestos e expressões faciais, ou não respondem a estímulos verbais e são muito isoladas. Logo, através de suspeitas produzidas por estas condições ou outras análogas a elas, os pais devem procurar pela avaliação de especialistas na área, como os médicos pediatras ou psiquiatras, bem como os psicólogos infantis, para que juntos cheguem ao diagnóstico. Após esse período, inicia-se a fase de reabilitação, que “é um processo dinâmico e global orientado para a recuperação física e psicológica do indivíduo com deficiência, tendo como objetivo a sua reintegração social” (BATISTA, 2012). No ano de 2013, o Ministério da Saúde, juntamente ao Sistema Único de Saúde (SUS), criou a cartilha “Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo”, na qual orientava as equipes multiprofissionais sobre os cuidados com a saúde do indivíduo com TEA e sua família. Em suma, na cartilha as terapias são empregadas especificamente para cada parte do tratamento, a exemplo da psicoterapia que atua no auxílio ao entendimento da linguagem corporal, à comunicação não verbal, à aprendizagem, além da lida com as emoções e interações sociais. Semelhante a esta, há a terapia cognitivo comportamental (TCC), a qual age no aprendizado do autista a utilizar, recordar e processar as informações, como treinamento de autodoutrinação. A musicoterapia é outra forma de tratamento utilizada nestes pacientes, a qual atua na melhora da linguagem e comunicação, evoluindo comportamento, cognição e motricidade. Outrossim, a habilitação/reabilitação é multidisciplinar, ou seja, necessita de uma equipe composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e educadores físicos. 3. JUSTIFICATIVA O interesse pelo tema é baseado na luta incansável da mãe pelos direitos do filho autista que norteiam aspectos de benefícios básicos à pessoa com TEA como, por exemplo, a atenção integral às necessidades de saúde, objetivando o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional, o acesso a medicamentos, o incentivo à formação e capacitação de profissionais especializados no atendimento a pessoa com o transtorno, bem como aos pais e responsáveis, reconhecer os direitos da pessoa com TEA como: a vida digna, a integridade física, moral e educação formal. Outrossim, o fato do espectro autista ainda ser pouco compreendido no cotidiano das pessoas impõe barreiras segregacionistas e prejudiciais à criança. Nesse sentido, a informação e o ensinamento se fazem necessários para influenciar a sociedade na busca pelo diagnóstico e o tratamento precoces do TEA, o que, indubitavelmente, influenciará em mudanças comportamentais significativas nestes indivíduos.Logo, é possível vislumbrar através da informação e do conhecimento um futuro mais inclusivo para estas crianças, bem como uma maior evolução do quadro clínico delas. Além disso, trabalhos acadêmicos relacionados à pessoa com TEA ainda são muito escassos no estado do Pará, especificamente em Parauapebas, realidade a qual pode e deve ser mudada mediante pesquisas e publicações referentes ao tema. Portanto, é essencial o interesse academicista que ponha em análise a TEA sob a égide da comunidade e em prol dos ganhos científicos. 4. OBJETIVOS 4.1 OBJETIVO GERAL • Elaborar um estudo bibliográfico que demonstre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento na evolução do quadro clínico da criança com Transtorno do Espectro Autista 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Determinar, baseado na literatura, os mecanismos de identificação e diagnóstico da criança com autismo • Buscar na literatura as principais características dos tratamentos empregados na reabilitação da criança autista. 5 METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa exploratória, cujo objetivo é proporcionar maior familiaridade com o tema Transtornos do Espectro Autista, com vista a torná-lo mais difundido, sobretudo no que tange ao seu diagnóstico e à sua reabilitação. Quanto ao tipo procedimental e ao objeto adotado, a pesquisa foi classificada como bibliográfica e documental, pois foi realizada uma pesquisa intensa sobre o assunto em livros, monografias, artigos científicos, apostilas, papers e outros materiais disponíveis que continham informações sobre o assunto abordado neste trabalho. A priori, foram-se desenvolvidos planos de pesquisas para uma imersão mais profunda no tema proposto, lendo e revisando documentos relacionados ao tema. Para a descrição da problemática, foram-se utilizados dados coletados no Sistema de Informação, bem como conhecimento empírico construído no meio acadêmico e pessoal. A partir da leitura foram-se debatidos os principais problemas enfrentados por famílias com crianças autistas, chegando à conclusão de que seriam, sobretudo, o diagnóstico, incluindo a própria aceitação familiar, e o tratamento, que poderia variar desde a morosidade no início, até o encontro de profissionais e ambiente satisfatórios. Com o problema explicado e identificadas as causas consideradas as mais importantes, passou-se a procurar estratégias para a busca e sintetização do problema, juntamente com o que seria mais exequível no que tange à superação da problemática. Para fundamentar e tornar mais robusta esta proposta foram feitas inúmeras pesquisas revisionistas na literatura utilizando as publicações em português no portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), e biblioteca Virtual Scientific Electronic Library Online (SciELO), com os descritores: Autismo. Transtorno do Espectro Autista. Diagnóstico. Reabilitação 6 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO A incidência de casos de autismo tem crescido de forma significativa em todo o mundo, sobretudo, nas últimas décadas (SCHECHTER; GRETHER, 2008). Nesse sentido, nos Estados Unidos, como exemplo, a média de idade das crianças diagnosticadas tem sido de 3 a 4 anos (CHAKRABARTI; FOMBONNE, 2005). Atualmente, o IBGE possui um número deficitário de brasileiros diagnosticados com TEA e a faixa etária do diagnóstico, todavia, segundo a Lei 13.861 de 2019, haverá este questionamento no censo que ocorrerá em 1° de agosto de 2022 (IBGE, 2022). O Transtorno do Espectro Autista possui causas ainda desconhecidas, porém há fatores que podem estar envolvidos no seu desenvolvimento, a exemplo: influências genéticas, vírus, toxinas e poluição, desordens metabólicas, intolerância imunológica, ou anomalias nas estruturas e funções cerebrais. (RODRIGUES, 2008). Ademais, não a consenso sobre uma causa definida para o autismo, com uma possível manifestação antes dos três anos de idade, como apontam os estudos clássicos desta área (ASSUMPÇÃO et al., 1999). Outrossim, o TEA possui sua incidência em graus de severidade que variam de leve à grave, bem como uma maior incidência no sexo masculino (BOSA, 2001). O TEA é manifestado antes dos três anos de idade. Nesse sentido, os sintomas costumam variar de acordo com a intensidade ou com a idade, possuindo como características marcantes: a dificuldade em si relacionar com outras pessoas, insistir em gestos repetitivos, possuir resistência a mudanças de rotina, risos e sorrisos inadequados, insensibilidade a dor e ao perigo, expressar pouco contato visual, preferência pela solidão, ignorar ordens, querer afeto ou não, agir como se fossem surdos, ter dificuldade em expressar suas necessidades e apego indevido a objetos (MOREIRA, 2010). Os sinais e sintomas percebidos a princípio pela família dão início à busca pelo diagnóstico, como, por exemplo, a percepção de uma linguagem alterada, mas também são constituídos como manifestações do autismo: auto-agressividade, modificações na alimentação e no sono, apego a itinerários e datas, hiper-reações a estímulos sensoriais, vem como medo e fobia inespecíficos. Além disso, a criança também institui um apego com a mãe a ponto de não conseguir ver-se longe dela. Nesse caso, para que outra pessoa tenha contato físico com esta criança, é imprescindível, a priori, que ela crie algum laço que permita interações entre ambas. (BARBOSA; NUNES, 2019). A criança com TEA tende a preterir o isolamento e a evitar não ser instigada por terceiros. Diante disso, há uma forte repulsa a quaisquer forma de intromissão que gere angústia, o que implica em uma grande dificuldade na aceitação de que algo mude, bem como o apreço em demasia ao estático e monótono que compõem aquela realidade a qual já está acostumada (MARFINATI; ABRÃO, 2014). A maioria das crianças diagnosticadas com TEA permanece pouco dependentes de outras pessoas dentro do cotidiano. Logo, mesmo prezando pelo isolamento dentro do convívio social, necessitam sempre do apoio da família, da comunidade ou até mesmo de uma instituição, por ser uma doença de caráter crônico e de causas desconhecidas (MELO et al., 2016). Em suma, há vários sinais e sintomas apresentados por uma criança com TEA durante o período da primeira infância, o que deve instigar os pais na procura por um atendimento especializado a fim de diagnosticar o quadro apresentado por ela e, principalmente, iniciar o tratamento. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esse trabalho foi construído para elucidar a importância do diagnóstico e o tratamento prévios no TEA- Transtorno do Espectro Autista- como principal maneira de enfrentamento da problemática. Nesse sentido, em virtude da alta especificidade do autismo, a pouca clareza defronte a sua etiologia e o fato do espectro ter manifestações múltiplas, tornam todo o processo ainda mais delicado, logo mais pelo fato de envolver as percepções dos pais sobre os filhos, bem como o sentido que são atribuídos a determinados comportamentos dessas crianças e a relação do transtornos com conceitos estigmatizantes (Kleinman, 1980;1991) (Goffman, 1988) O diagnóstico de TEA ainda é um tabu para a maioria das famílias, caracterizando-se como um momento de crise, com influência tanto no pessoal quanto no coletivo familiar, de maneira que todos são atingidos pelo mesmo sentimento de apreensão. É comum e saudável, ainda durante a gestação, os pais fazerem inúmeros planos para o futuro daquela criança, a exemplo de escolas e viagens, o que no diagnóstico de TEA, em um primeiro instante de surpresa, transparece mais como um “fim” desses planos, o que é compreensivo visto que os familiares, sobretudo estes mesmos pais, não esperam pela manifestação dessa enfermidade em seus filhos. Felizmente, as famílias, passado esse delicado momento, são bastante veementes na busca e coleta de mais informações sobre o diagnóstico estabelecido. Sendo assim, a equipe de saúde responsável por aquelecaso, vai traçar o tratamento que seja mais ideal para aquele paciente. A escolha do tratamento adequado é individual e de extrema importância, pois o TEA acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Logo, não existem fórmulas prontas ou engessados que possibilitem um desenvolvimento regular em todos os autistas, independente de gênero ou idade, ou seja, tal como qualquer outro indivíduo, o autista é único dentro da sua singularidade, e os resultados desse tratamento serão variáveis. Por fim, a reabilitação dependerá do nível de comprometimento e da interatividade de cada indivíduo. Outrossim, destaca-se a importância dos profissionais de saúde na busca pelo conhecimento acerca do TEA, uma vez que a literatura aponta fragilidade e dificuldades referentes à detecção precoce da patologia, implementação de uma assistência ímpar e de qualidade, tanto para a criança quanto para a família. Diante desses aspectos expostos, é evidente que a família, mesmo diante de todas as dificuldades inerentes à condição, é a principal instituição em que a criança com TEA desenvolverá as suas potencialidades. Nesse contexto, abre-se um parêntese em relação à insegurança que algumas famílias mais modestas passam durante o tratamento dessas crianças, levando-se em consideração o menor poder aquisitivo para a compra de medicamentos e outros eventuais gastos do tratamento, bem como acesso à informação, que também é mais restrito. Logo, cabe à esfera pública proporcionar a esse segmento a proteção social necessária, com políticas efetivas e que de fato insiram essas crianças com TEA na sociedade. É um fato que famílias com crianças autistas estão em uma situação mais fragilizada quando comparada a outras, sobretudo, aquelas com menor poder aquisitivo. A priori, por se tratar de um diagnóstico essencialmente clínico, implica-se uma resistência por parte da família que muitas vezes não aceitam a notícia. Outro ponto importante são as diferenças da trajetória diagnóstica enfrentadas por famílias em relação aos atendimentos particulares, convênios médicos ou ao Sistema Único de Saúde. Na prática, notoriamente, famílias com condições de arcar com atendimentos de especialistas proporcionam às suas crianças um tratamento mais adequado, personalizado e completo, podendo ser trabalhadas metodologias modernas e mais efetivas para aquele caso. Em contrapartida, aquelas famílias assistidas somente pelo SUS devem contar com inúmeras variáveis para atingirem um excelente atendimento, como exemplo da formação/especialização dos profissionais que devem ser voltadas a esta temática, as estruturas dos centros que irão acolher essas crianças, bem como a variedade de profissionais atuando no processo- médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, entre outros. Dificilmente o SUS conseguirá atender a todos com os requisitos necessários, mas há importantes ferramentas de padronização e controle deste acolhimento, como, por exemplo, a cartilha lançada pelo Ministério da Saúde em 2013 que fornece informações aos profissionais da área a fim de que estejam capacitados a lidar com crianças autistas. Ademais, o cerne da questão envolvendo os profissionais diz respeito à própria formação, que deve ser pautada neste atendimento. Outrossim, questões como infraestrutura e quadro de profissionais compete não só ao nível do Ministério da Saúde, mas às esferas estaduais e municipais que devem ser mais enfáticas sobre está problemática. Diante disso, o enfrentamento às dificuldades impostas pelo TEA torna-se possível por meio de estudos e atualizações constantes das práticas que possibilitem conhecer melhor o paciente e oferecer orientações imprescindíveis à família. Uma vez que, ao ser orientada corretamente, possa lidar melhor com a situação e buscar atendimento junto aos profissionais corretos que atuarão com vistas à qualidade de vida da criança autista, a probabilidade desta criança vir a ter um desenvolvimento mais resplandecente é exponencialmente maior. 8 REFERÊNCIAS BAI, Dan, MSc1; YIP Benjamin Hon Kei, PhD1,2; WINDHAM, Gayle C., PhD, MSPH3; et al. Association of Genetic and Environmental Factors with Autism in a Country Cohort. JAMA Psychiatry. 2019 BARBOSA, P. A. S; NUNES, C. R. A relação entre o enfermeiro e a criança com transtorno do espectro do autismo. Linkscienceplace. Rio de Janeiro, v. 6, n. 3, p. 118, jul/set. 2019. Disponível em: http://revista.srvroot.com/linkscienceplace/index.php/linkscienceplace/article/view/71 8. Acesso em: Acesso: 10 abril 2022. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. 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