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Fundamentos Legais da Educação Especial Fundamentos Legais da Educação Especial Milena Marcondes Corrêa Vilela Ru: 3750365 “A Inclusão acontece quando se aprende com as diferenças e não com as igualdades.” – Paulo Freire “TEMOS O DIREITO A SERMOS IGUAIS QUANDO A DIFERENÇA NOS INFERIORIZA; TEMOS O DIREITO A SERMOS DIFERENTES QUANDO A IGUALDADE NOS DESCARACTERIZA” (Boaventura de Souza Santos) Introdução “A noção de exclusão social está presente no cotidiano de nossa sociedade. Ela sinaliza o destino excludente de parcelas majoritárias da população mundial, seja pelas restrições impostas por transformações no mundo do trabalho, seja por situações decorrentes de estruturas econômicas que, necessariamente geram desigualdades de acesso a bens materiais e/ou culturais.“(Sawaia, 2002). A compreensão dos aspectos históricos, políticos e ideológicos da Educação Inclusiva, como modelo transversal de ensino e compartilha os mesmos princípios e práticas da Educação geral, é recente no cenário brasileiro e exige de suas escolas , uma reflexão sobre a complexidade desse novo imperativo ético, o qual busca garantir os direitos humanos de populações historicamente excluídas dos espaços sociais, como a escola. Igualmente recentes são os estudos sobre as mudanças de paradigmas provocadas por essa ação afirmativa ao longo dos tempos nas políticas públicas educacionais no Brasil. No Brasil, as principais mudanças foram decorrentes da publicação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, feita pelas Nações Unidas (ONU) em 2006. Inspirado nesse documento, o Ministério da Educação (MEC) lançou, em 2008, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Seu objetivo foi estabelecer diretrizes para a criação de políticas públicas e práticas pedagógicas voltadas à inclusão escolar. Uma das principais contribuições dessa medida foi reformular o papel da educação especial por meio do estabelecimento do Atendimento Educacional Especializado (AEE). Em 2008, a Convenção da ONU foi ratificada no país com equivalência de emenda constitucional, passando a atuar como um referencial a ser respeitado por todas as leis e políticas brasileiras. Em 2014, foi promulgado o Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê a universalização do acesso à educação básica e ao AEE para o público-alvo da educação especial até 2024. Em 2015, finalmente, foi aprovada a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que traz uma série de inovações, como a proibição da negação de matrícula e de cobrança de taxas adicionais em casos de estudantes com deficiência. Como consequência direta dessas leis, o número total de matrículas dos estudantes com deficiência na educação básica cresceu substancialmente nesse período, particularmente no contexto inclusivo. Tratados Internacionais Declaração de Salamanca A partir de um segundo momento histórico, logo após uma situação de segregação e exclusão, os deficientes que antes eram segregados e discriminados, passam a ser reconhecidos como pessoas que necessitam de respeito e educação de qualidade, com isso observaram que depois da aplicação de algumas leis desenvolvidas e aceitas por países e entidades mundiais, essa situação se modifica ao passar do tempo. Na perspectiva do processo de inclusão, as políticas educacionais têm fundamento no princípio da igualdade de direito entre as pessoas, tem como objetivo uma educação de qualidade para todo, sem discriminação e respeitando acima de tudo as diferenças individuais e, garantindo não só o acesso a essa educação, mas também, à permanência desses indivíduos até a sua formação. O fato que vem modificar o cenário da educação mundial fica por conta da elaboração da Declaração de Salamanca em 1994, na cidade de Salamanca (Espanha). A Declaração destaca a necessidade da inclusão educacional dos indivíduos que apresentam necessidades educacionais especiais. De acordo com a Declaração, os princípios defendidos é que as escolas e seus projetos pedagógicos se adequem às necessidades dos indivíduos nelas matriculados. Tendo como base o artigo 11 da Declaração de Salamanca “O planejamento educativo elaborado pelos governos deverá concentrar-se na educação para todas as pessoas em todas as regiões do país e em todas as condições econômicas, através de escolas públicas e privadas”. Fonte: Psicólogos sem Fronteiras Fonte: Declaração de Salamanca(Parte I) GT10 - MarcinhaTineli Legislação Nacional Constituição Federal/1988 Conforme dispõe a Constituição da República de 1988, a Educação Especial consiste na modalidade de “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (Art. 208 – III, BRASIL, 2016a). Ademais, o atendimento educacional especializado pressupõe a atuação efetiva do Poder Público, objetivando a garantia do acesso e a continuidade à educação, como reflexo do princípio da equidade no contexto de inclusão na rede regular de ensino. A Constituição Federal de 1988, já em seu primeiro artigo, estabelece como fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade humana. No artigo 3º, incisos I e IV, estabelece como objetivo fundamental construir uma sociedade livre, justa e solidária, bem como promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer 11 outras formas de discriminação. A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) também garante, em seu artigo 27, que a educação é “direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, 13 interesses e necessidades de aprendizagem”. Além disso, a Constituição Federal estabeleceu a igualdade de oportunidades como um direito fundamental e previu a necessidade de promover a inclusão social de todas as pessoas. Isso implica que a educação para pessoas com deficiência, TGD e altas habilidades deve ser inclusiva, ou seja, deve buscar garantir que todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades de aprendizado, independentemente de suas diferenças. A partir desses princípios, foram criadas leis e políticas públicas que visam assegurar o acesso à educação de qualidade para todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiência, TGD e altas habilidades. Dentre elas, destacam-se a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e o Decreto nº 7.611/2011, que estabelece normas para a educação especial. Fonte: Revista Brasileira de Educação Básica LDB 9394/96 Art. 58 . Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. §1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial. §2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular. §3º A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, é um marco importante na garantia do direito à educação para todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiência, Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) e Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD). A LDB é um instrumento legal que estabelece as bases da educação no Brasil, definindo os princípios, objetivos e diretrizes para a organização e o funcionamentodo sistema educacional brasileiro. A LDB destaca a necessidade de uma educação inclusiva, que valorize a diversidade e respeite as diferenças individuais, reconhecendo o direito à igualdade de oportunidades educacionais. Em seu artigo 4º, a lei afirma que "o dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, com liberdade de aprendizagem, sem qualquer tipo de discriminação". Fonte: Gran Cursos Online- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Parte I LDB (LEI 9.394/96) Carlinhos Costas Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (BRASIL, 2007) Elaborada ao longo de 4 anos, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – 2007 contou com a participação de 192 países membros da ONU e de centenas de representantes da sociedade civil de todo o mundo. Em 13 de dezembro de 2006, em sessão solene da ONU, foi aprovado o texto final deste tratado internacional, firmado pelo Brasil e por mais 85 nações, em 30 de março de 2007. Principais Determinações : • Dignidade inerente à pessoa humana; • Autonomia individual incluindo a liberdade de fazer suas próprias escolhas e a independência das pessoas; • Não-discriminação; participação plena e efetiva na sociedade; • Respeito pela diferença e aceitação da deficiência como parte da diversidade e da condição humana; • Igualdade de oportunidades; acessibilidade; • Igualdade entre o homem e a mulher e do respeito pelas capacidades em desenvolvimento de crianças com deficiência.. Fonte: Passei Direto - Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência Estatuto da Pessoa com Deficiência - 2015 O artigo 4º do referido estatuto é bem claro e prevê expressamente o direito à igualdade de oportunidades e à proibição de qualquer tipo de discriminação. O estatuto regula os aspectos de inclusão do deficiente como um todo, descrevendo seus direitos fundamentais, bem como prevê crimes e infrações administrativas cometidas contra os deficientes ou seus direitos. Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. § 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas. § 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa. Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou degradante. Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada no caput deste artigo, são considerados especialmente vulneráveis a criança, o adolescente, a mulher e o idoso, com deficiência. Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e constituir união estável; II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Fonte: TJDFT Estatuto da pessoa com deficiência por ACS — publicado há 8 anos LEI Nº 10.436/2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências O Brasil reconheceu a Língua Brasileira de Sinais (Libras), por meio da Lei nº 10.436/2002, como a Língua das comunidades surdas brasileiras, cujo artigo 4º, dispõe que os sistemas educacionais federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, em seus níveis médio e superior, do ensino de Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Em questões sociais, culturais e educacionais dos surdos, muitas vezes, não são vistas pela sociedade por suas potencialidades, mas pelas limitações impostas por sua condição. Definindo esses indivíduos como deficientes e, portanto incapaz, já que por causa de seu atraso na aquisição de linguagem, o surdo tende o seu desenvolvimento cognitivo inferior em relação aos ouvintes, e com isso gera na sociedade um preconceito sobre a inclusão desse aluno no contexto escolar e social. A lei 10.436 reconhece a legitimidade da Língua Brasileira de Sinais traz com isso seu uso pelas comunidades surdas na busca da participação em politicas públicas, ou seja, serviços públicos prestados. A busca é uma é por uma educação inclusiva para os surdos, com uma modalidade especificadamente bilíngue na escolarização básica dando garantias aos alunos de uma boa qualidade de ensino com educadores capacitados e a presença do intérprete nessas classes. Afirma-se, assim, a necessidade de inclusão de Libras, como parte integrante de Parâmetros Curriculares Nacionais de acordo com a legislação vigente, como dita os dispositivos legais em questão. (MENEZES, 2006) As contribuições da Língua Brasileira de Sinais (Libras) definida pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, como sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, são muitas, aos profissionais, a educação a sociedade, oriunda de comunidades de pessoas surdas, a Lei a reconhece como meio legal de comunicação e expressão. Essa Lei foi criada e conquistada com luta pelos direitos dos surdos em espaços de cidadania como a escola, sociedade, igreja e outros que os levem a adquirir independência. (SKLIAR, 1997). Dispositivos legais do seu Município Dispositivo Legal do Município de Recife- PE O Ministério Público de Pernambuco ajuizou mais de uma centena de ações civis públicas contra o município do Recife, buscando a nomeação de professores do Atendimento Escolar Especializado e de Agentes de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Especial, com o objetivo de auxiliar os professores regentes das salas de aula, em relação aos alunos com necessidades especiais, para cada uma das Escolas municipais. O Decreto n° 36.309, publicado no dia 31 de janeiro do corrente ano, instituiu a Política Pública de Educação Especial Inclusiva, assegurando o acesso, a permanência, a qualidade, a participação plena e a aprendizagem no ensino regular, garantindo serviços de apoio para crianças, adolescentes, jovens e adultos com qualquer tipo de transtorno, como déficit de atenção, autistas, inclusive alunos com altas habilidades/superdotados, dentre outros. Também foram lembrados os estudantes com qualquer deficiência física, visual, auditiva, intelectual, sendo disponibilizado um elevado quantitativo de profissionais qualificados, além de salas e núcleos especializados. Fonte: Revista Azul Fonte: Blogue Carro Aluguel Referências: • 9 citações sobre inclusão social para usar na redação https://vestibulares.estrategia.com/portal/materias/redacao/9-citacoes-sobre-inclusao-social-para-usar-na-redacao/ • Abordagens Sobre Educação Inclusiva. PDF Chromeextension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/585067/4/Abordagens%20So bre%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20Inclusiva.pdf • Educação inclusiva: um direito inegociável https://observatoriodeeducacao.institutounibanco.org.br/em-debate/conteudo-multimidia/detalhe/educacao-inclusiva-um-direito- inegociavel?utm_source=google&utm • Educação inclusiva: as implicações das traduções e das interpretações da Declaração de Salamanca no Brasil https://www.scielo.br/j/ensaio/a/WGGRRYtXpZDHDNmM6XXhGzf/#:~:text=A%20Declara%C3%A7%C3%A3o%20de%20Salamanca%20(1994,especiais%20n%C3%A3o%20frequentassem%20a%20escola. • Estatuto da pessoa com deficiência https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/estatuto-da-pessoa-com- deficiencia#:~:text=A%20lei%2013.146%2F2015%20instituiu,as%20pessoas%20com%20defici%C3%AAncia... • LEGISLAÇÃO CITADA ANEXADA PELA COORDENAÇÃO DE ESTUDOS LEGISLATIVOS – CEDI chromeextension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.udesc.br/arquivos/udesc/documentos/Lei_n__10_436__de_24_ de_abril_de_2002_15226896225947_7091.pdf Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22
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