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Bárbara Cristian Alves Miranda Oliveira Caroline Fernandes Pastana Rodolfo Bello Exler Responsabilidade Social Corporativa e Terceiro Setor Responsabilidade Social Corporativa e Terceiro Setor Caroline Fernandes Pastana Bárbara Cristian Alves Miranda Oliveira Rodolfo Bello Exler Presidente Prudente Unoeste - Universidade do Oeste Paulista 2016 Pastana, Caroline Fernandes. Responsabilidade Social Corporativa e Terceiro Setor. / Caroline Fernandes Pastana, Bárbara Cristian Alves Miranda Oliveira, Rodolfo Bello Exler. – Presidente Prudente: Unoeste - Universidade do Oeste Paulista, 2016. 48 p.: il. Bibliografia. ISBN: 978-85-88755-16-1 1. Responsabilidade Social. 2. Terceiro Setor. I. Oli- veira, Bárbara Cristian Alves Miranda. II. Exler, Rodolfo Bello. III. Título. CDD\22ª. ed. © Copyright 2016 Unoeste - Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade do Oeste Paulista. Responsabilidade Social Corporativa e Terceiro Setor Caroline Fernandes Pastana Bárbara Cristian Alves Miranda Oliveira Rodolfo Bello Exler Reitora: Ana Cristina de Oliveira Lima Vice-Reitor: Brunno de Oliveira Lima Aneas Pró-Reitor Acadêmico: José Eduardo Creste Pró-Reitor Administrativo: Guilherme de Oliveira Lima Carapeba Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão: Adilson Eduardo Guelfi Diretor Geral: Augusto Cesar de Oliveira Lima Núcleo de Educação a Distância: Dayene Miralha de Carvalho Sano, Marcelo Vinícius Creres Rosa, Maria Eliza Nigro Jorge, Mário Augusto Pazoti e Sonia Sanae Sato Coordenação Tecnológica e de Produção: Mário Augusto Pazoti Projeto Gráfico: Luciana da Mata Crema Ilustração e Arte: Antônio Sérgio Alves de Oliveira, Fernanda Sutkus de Oliveira Mello e Luciana da Mata Crema Revisão Técnica: Valdecir Cahoni Rodrigues Revisão: Renata Rodrigues dos Santos Colaboração: Vanessa Nogueira Bocal Direitos exclusivos cedidos à Associação Prudentina de Educação e Cultura (APEC), mantenerora da Universidade do Oeste Paulista Rua José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária CEP: 19050-920 - Presidente Prudente - SP (18) 3229-1000 | www.unoeste.br/ead 658.408 P291r Catalogação na fonte: Rede de Bibliotecas Unoeste Caroline Fernandes Pastana Bárbara Cristian Alves Miranda Oliveira Rodolfo Bello Exler Graduada em Administração pela Universidade Federal da Bahia (1998), possui Mes- trado Acadêmico em Administração pela Universidade Federal da Bahia (2002) e MBA em Gestão de Empresas Familiares e Empreendedorismo pela Universitat Politecnica da Catalunya, Barcelona, Espanha (2006). Especialista em Educação a Distância pelo Senac (2010). Tem experiência docente em diversas disciplinas da área de Administração e atua em assuntos relacionados à Educação a Distância. Possui graduação em Administração de Empresas pela Fundação Visconde de Cairu (2004), mestrado em Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social (2009) e MBA em Gestão e Desenvolvimento de Seres Humanos pelo Centro de Pós-graduação e Pesquisa Visconde Cairu (2005). Tem experiência na área de Administração, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação a Distância, Administração, Jogos de Empresas, Mercadologia, Pesquisa de Marketing e Recursos Humanos. Bacharel em Ciências Estatísticas, especialista em Gestão Empresarial, em Educação a Distância e também mestrando em Tecnologias Aplicáveis a Bioenergia. Atua como pro- fessor universitário em cursos presenciais e a distância, professor de vídeo streaming, professor-tutor virtual e palestrante. É autor de diversos materiais didáticos em institui- ções que ofertam cursos na modalidade de EAD. Sobre os autores Carta ao aluno O ensino passa por diversas e constantes transformações. São mudanças importantes e necessárias frente aos avanços da sociedade na qual está inserido. A Educação a Distância (EAD) é uma das alternativas de estudo, que ganha cada vez mais espaço, por comprovadamente garantir bons referenciais de qualidade na formação pro- fissional. Nesse processo, o aluno também é agente, pois organiza o seu tempo confor- me suas atividades e disponibilidade. Maior universidade do oeste paulista, a Unoeste forma milhares de profissio- nais todos os anos, nas várias áreas do conhecimento. São 40 anos de história, sendo responsável pelo amadurecimento e crescimento de diferentes gerações. É com esse mesmo compromisso e seriedade que a instituição iniciou seus trabalhos na EAD em 2000, primeiramente com a oferta de cursos de extensão. Hoje, a estrutura do Nead (Núcleo de Educação a Distância) disponibiliza totais condições para você obter os co- nhecimentos na sua área de interesse. Toda a infraestrutura, corpo docente titulado e materiais disponibilizados nessa modalidade favorecem a formação em plenitude. E o mercado precisa e busca sempre profissionais capacitados e que estejam antenados às novas tecnologias. Agradecemos a confiança e escolha pela Unoeste e estamos certos de que suas expectativas serão atendidas, pois você está em uma universidade reconhecida pelo MEC, que oportuniza o desenvolvimento constante de Ensino, Pesquisa e Extensão. Aqui, além de graduação, existe pós-graduação lato e stricto sensu, com mestrados e doutorado recomendados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), prêmios conquistados em âmbito nacional por suas ações extensivas e pesquisas que colaboram com o desenvolvimento da cidade, região, estado e país; en- fim, são inúmeros os referenciais de qualidade. Com o fortalecimento da EAD, a Unoeste reforça ainda mais a sua missão que é “desenvolver a educação num ambiente inovador e crítico-reflexivo, pelo exercício das atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão nas diversas áreas do conhecimento cien- tífico, humanístico e tecnológico, contribuindo para a formação de profissionais cidadãos comprometidos com a responsabilidade social e ambiental”. Seja bem-vindo e tenha bons estudos! Reitoria Sumário Capítulo 1 Responsabilidade social coRpoRativa Responsabilidade Social – Considerações Conceituais .....................................................12 Responsabilidade Social – Um Pouco da História .............................................................19 A Responsabilidade Social no Brasil ...............................................................................22 Capítulo 2 Gestão do teRceiRo setoR Reflexões sobre a Relação entre Estado e Sociedade ......................................................29 Definição de Terceiro Setor ...........................................................................................34 Composição do Terceiro Setor .......................................................................................37 O Financiamento no Terceiro Setor ................................................................................42 Referências..................................................................................................................45 9 Apresentação Seja bem-vindo aos estudos sobre “Responsabilidade Social Corporativa e Ter- ceiro Setor”. Este livro foi elaborado considerando o contexto do mundo contemporâneo, ou seja, de mudanças significativas em todas as esferas, que suscitam reflexões em cada indi- víduo. Hoje, a integração entre governo, organizações e sociedade tem sido apontada como um desafio para buscar alternativas que possam minimizar os problemas do mundo atual. Assim, a proposta deste livro, baseado em pesquisa bibliográfica, é apresentar considerações conceituais e históricas acerca da responsabilidade social e do terceiro setor, visando ao aprofundamento dessa discussão. Afinal, a preocupação com as futuras gerações é um fato atual e necessário.Nossa proposta é levantar essa discussão contemporânea que permeia a realidade social brasileira. O livro está estruturado em dois capítulos, iniciando com a apresentação das considerações conceituais e históricas sobre a Responsabilidade Social, além de apresentar a Responsabilidade Social no Brasil. O segundo capítulo abordará reflexões sobre a relação entre Estado e Sociedade, além de apresentar o conceito de Terceiro Setor, sua composição e formas de financiamento. Portanto, espera-se que este livro consiga ampliar a sua visão com relação às questões sociais brasileiras, especialmente no que tange a Responsabilidade Social e o Ter- ceiro Setor. Boa leitura! Bárbara Cristian, Caroline Pastana e Rodolfo Exler 11 Responsabilidade social coRpoRativa Capítulo 1 12 O mundo contemporâneo está sendo marcado por profundas mudanças so- ciais, econômicas, culturais, políticas e ambientais. Essas mudanças decorrem do fenô- meno da globalização. A palavra globalização tem sido muito usada para expressar uma gama de fatores (econômicos, sociais, políticos, entre outros) que expressam o espírito e a etapa de desenvolvimento do capitalismo em que o mundo se encontra atualmente. Tais mudanças sociais, econômicas, ambientais, etc. ultrapassam todas as esferas e hoje são pautas para reflexões de toda a sociedade que, preocupada com es- ses rumos, busca uma integração entre governo, sociedade, organizações e instituições, no sentido de encontrar alternativas para minimizar essa problemática, haja vista que, contemporaneamente, um dos maiores desafios que o mundo enfrenta está em sensi- bilizar coletivamente governo, empresas e sociedade quanto às questões de Responsa- bilidade Social. É nesse sentido que estaremos aprofundando um pouco nossos conhecimen- tos acerca da Responsabilidade Social. Vamos em frente! Introdução Responsabilidade Social – Considerações Conceituais O termo Responsabilidade Social, apesar de ter sido adotado há várias déca- das, ainda não possui um conceito definido. Segundo Oliveira (2002, p. 204), “significa algo, mas nem sempre a mesma coisa para todos.” Muitas pessoas ainda confundem os termos Responsabilidade Social e filan- tropia. Mas, então, qual a diferença entre eles? Para responder a esse questionamento, é interessante observar a definição do termo filantropia por Toldo (2002, p. 84), que diz: “a filantropia é o ato de a empresa distribuir uma parte de seu lucro a ocasionais pedintes. Acontece de maneira eventual. É uma ajuda.” Assim, a filantropia assume o sentido de fazer uma caridade, sendo que a Res- ponsabilidade Social envolve diversos fatores e um deles é a exigência da lei sobre a insti- tuição, obrigando-a a observar aspectos concernentes a sua participação na comunidade. Dessa forma, entende-se que a filantropia caracteriza-se por ações de ca- ridade eventuais, o que corrobora com o pensamento de Dias (2006), ao afirmar que “filantropia caracteriza-se por ser um tipo de ajuda eventual que presta a empresa.” Para Toldo (2002, p. 84), a Responsabilidade Social caracteriza-se como: 13 [...] estratégias pensadas para orientar as ações das empresas em con- sonância com as necessidades sociais, de modo que a empresa ga- ranta, além do lucro e da satisfação de seus clientes, o bem-estar da sociedade. Pode-se notar que a Responsabilidade Social ultrapassa o sentido de filantro- pia, tendo em vista que as estratégias adotadas pelas empresas para orientar as ações em prol das necessidades sociais não perpassam somente pelas questões filantrópicas; nesse caso, entra em cena também a garantia da imagem de empresa preocupada com as questões sociais. Um aspecto relevante é que as empresas – para serem bem vistas no mercado de ações – devem cumprir o seu papel social, realizando ações de Respon- sabilidade Socioambiental. Segundo Passos (2004, p. 165), “[...] no Brasil há uma rejeição ao termo filantropia, porque o mesmo está impregnado de significados que o conduzem à ideia religiosa de caridade e doação”. É muito comum, no Brasil, o uso da expressão Respon- sabilidade Social para as ações sociais praticadas por empresas e o uso da expressão filantropia quando realizada por indivíduos ou grupos religiosos. Por outro lado, quando se fala em Responsabilidade Social, confronta-se com algumas concepções distintas. De acordo com Lima (2002, p. 108): Existem, no estudo da Responsabilidade Social Empresarial, duas cor- rentes que se contrapõem: para uns, a finalidade da empresa é o lucro e nada mais e, assim agindo, ela já está cumprindo sua função social; para outros teóricos, no entanto, a Responsabilidade Social vai além do lucro, não podendo um empreendimento ser um fim em si mesmo. Mas, apesar de muitas empresas privadas objetivarem prioritariamente o aumento do lucro, atualmente essa concepção vem sendo associada a uma ação par- ticipativa, por meio de um maior senso de Responsabilidade Social, que segundo Lima (2002, p. 108): A perseguição do lucro continuará sendo um dos seus objetivos maio- res; o que ocorre agora, no entanto, é que, junto com o lucro, e não após ele, as empresas devem pautar suas ações por atitudes social- mente responsáveis, e, num futuro próximo, elas não poderão optar por lucro pré ou pós-Responsabilidade Social. Para Duarte e Dias (1986, p. 56), não existe uma única definição acerca da Responsabilidade Social, por isso apresentam três importantes aspectos comuns que representam a essência do termo, a saber: [...] primeiro, a ampliação do alcance da responsabilidade da empresa, que não mais se limita aos interesses dos acionistas; segundo, a mu- dança na natureza das responsabilidades que ultrapassam o âmbito legal e envolvem as obrigações morais ditadas pela ética; terceiro, a adequação às demandas sociais mais atuantes e exigentes. 14 Os autores compreendem a ação e a proporção da Responsabilidade Social indo além dos muros das empresas e não mais se limitando aos interesses dos acionis- tas. Seguindo essa concepção, apresenta-se também o pensamento de Passos (2005), que corrobora com os ideais de Duarte e Dias (1986), ao afirmar que: A Responsabilidade Social pressupõe consciência e compromisso das empresas com mudanças sociais. Impõe que elas reconheçam sua obri- gação não só com acionistas e clientes, mas também com os seres humanos, com a construção de uma sociedade mais justa, honesta e solidária, uma sociedade melhor para todos, assim, ela é uma prática moral. É uma prática orientada pela ética que vai além das obrigações legais e econômicas rumo às sociais, respeitando-se a cultura, as ne- cessidades e os desejos das pessoas (PASSOS, 2005, p. 135). Essa concepção de Responsabilidade Social implica um novo papel da em- presa inserida na sociedade, uma vez que ultrapassa o âmbito mercadológico e passa a orientar-se não somente pelos resultados, mas também pelo significado que adquire na sociedade como um todo, pois coloca a serviço da comunidade, principalmente no seu entorno, recursos financeiros, produtos e serviços da empresa e dos seus funcionários. Melo Neto e Fróes (1999, p. 32) estabelecem que os objetivos de uma em- presa socialmente responsável são: Assegurar o desempenho ético correto e o desempenho ambiental ade- quado da empresa, melhorar a qualidade de vida de seus funcioná- rios e dependentes, usar o poder e a realização da empresa com seus fornecedores e concorrentes para mobilizá-los a serem socialmente responsáveis (por exemplo, não comprar de nenhum fornecedor que usa trabalho infantil), implementar normas de respeito ao consumidor e mobilizá-lo para atos de solidariedade, utilizar todos os espaços de comunicação para transmitir valores e informações de interesse da co- munidade, etc. Nesse sentido, entende-se que os objetivos e as práticas socialmente res- ponsáveis de uma empresa não podem ser confundidos com interesses mercadológicos. No entanto, Passos (2005) afirma que é bem maior o número de empresas que fazem de conta que possuemuma ação responsável, quando, de fato, elas procuram em suas práticas um diferencial competitivo. Para entender mais sobre a Responsabilidade Social, apresentam-se as ca- racterísticas presentes em ações socialmente responsáveis, estabelecidas por Melo Neto e Fróes (1999, p. 45), a saber: As principais características presentes em ações socialmente respon- sáveis são: apoio ao desenvolvimento da comunidade onde atua; pre- servação do meio ambiente; investimento no bem-estar dos funcio- nários e seus dependentes e num ambiente de trabalho agradável; comunicações transparentes; retorno aos acionistas; sinergia com os parceiros; satisfação dos clientes e/ou consumidores, percebe-se que 15 tais características direcionam o processo de gestão empresarial para o fortalecimento da dimensão social da empresa. Verifica-se, portanto, que a Responsabilidade Social atua de maneira ampla, envolvendo os diversos públicos interno e externo, participantes do processo da organi- zação, que, por sua vez, são representados pelos colaboradores, clientes, fornecedores, consumidores, acionistas e comunidade. Logo, faz-se necessário sensibilizar empresas, governos e indivíduos quanto à questão da Responsabilidade Social, reconhecendo também que não é somente uma obrigação do governo, mas uma atitude de todos. Assim, Passos (2004, p. 167) nos diz que: [...] sendo a responsabilidade uma questão ética, as empresas preci- sam comportar-se de forma justa com todas as pessoas com quem elas relacionam-se direta ou indiretamente: colaboradores, clientes, forne- cedores, consumidores, acionistas e comunidade. Precisam ficar aten- tas às necessidades das pessoas que são afetadas por elas, não como uma postura legal ou filantrópica, mas como compromisso e responsa- bilidade. A Responsabilidade Social só existe em empresas que foram além das obrigações impostas e absorveram conscientemente outras. A partir dessa concepção, acredita-se que a Responsabilidade Social deve fazer parte da essência de uma empresa, dos seus propósitos, de sua missão, sendo fundamental o respeito e o comprometimento com o bem-estar da sociedade. Nesse sentido, ao descrever uma empresa socialmente responsável, Passos (2005, p. 135) resgata a questão da cidadania ao afirmar que: É aquela que tem como base da sua missão o bem-estar do ser huma- no: quer seja seu cliente, seu empregado ou os membros da sociedade; também que ela deve contribuir para a transformação social em direção a uma sociedade mais inclusiva, honesta e democrática. Sendo assim, uma empresa socialmente responsável necessita incorporar em sua missão o compromisso com a cidadania e com o bem-estar social, proporcio- nando uma conscientização coletiva, além de fomentar o trabalho voluntário, buscando desenvolver pessoas comprometidas em colaborar com a sustentabilidade da empresa, da comunidade e também com a preservação do meio ambiente. É imprescindível que para uma empresa ser socialmente responsável, ela deve ter um relacionamento ético com todos os participantes (stakeholders) que in- fluenciam na atuação da organização, bem como o respeito às questões ambientais, a preocupação com as futuras gerações e o investimento em ações sociais. Segundo Orchis, Yung e Morales (2002, p. 57): “A ética empresarial envolve desde as práticas utilizadas pela empresa na venda de produtos ao mercado, a fim de alcançar seus objetivos, até o relacionamento transparente com todos os stakeholders“. 16 Os stakeholders, por sua vez, são definidos pelos referidos autores como sendo: “grupos de interesse que se relacionam, afetam e são afetados pela organização e suas atividades” (ORCHIS; YUNG; MORALES, 2002, p. 57). Portanto, a ética é também um fator importante no contexto da Responsa- bilidade Social, pois auxilia na transparência e responsabilidade que deve ter a empresa na condução das práticas empresariais, contribuindo, assim, para uma atuação moral e socialmente responsável. A seguir, apresenta-se a relação da empresa com os stakeholders e, por con- seguinte, a responsabilidade que as empresas devem ter para com eles, com base nos conceitos definidos por Orchis, Yung e Morales (2002, p. 57-58). FIGURA 1 – Relação da Empresa / IES / ONG x Stakeholders Fonte: Adaptado de Orchis; Yung; Morales (2002, p. 57-58). • Público Interno: o capital humano deve ser visto como parte fundamental da organização, uma vez que funcionários bem motivados alcançam os objetivos propos- tos pela organização e uma empresa socialmente responsável deve oferecer oportunida- des iguais. Segundo Orchis, Yung e Morales (2002, p. 57), “a participação nos lucros e resultados é uma forma de reconhecimento da contribuição dos funcionários para o de- sempenho da empresa que motiva e aumenta o seu envolvimento e comprometimento.” • Comunidade: a empresa socialmente responsável deve atentar para os impactos de suas atividades produtivas no meio em que está inserida, além de manter um bom relacionamento com a comunidade do seu entorno, a fim de promover benefí- cios para essa comunidade. 17 • Fornecedores: para garantir o cumprimento de padrões de proteção am- biental e de segurança e a não utilização de mão de obra infantil, a empresa deve fomen- tar práticas socialmente responsáveis por parte dos fornecedores. A empresa também deve exigir dos trabalhadores terceirizados a mesma ética dos seus funcionários. • Acionistas, Proprietários e Investidores: para Orchis, Yung e Morales (2002, p. 57): Uma empresa socialmente responsável deve utilizar seus princípios éti- cos, distribuindo corretamente e com transparência os resultados para seus acionistas, já que as práticas socialmente responsáveis só são concretizadas pelos investimentos por eles efetuados. Nesse sentido, verifica-se que se as empresas visam ao lucro, que, por sua vez, deve ser repartido com os acionistas; logo, para que a empresa seja socialmente responsável, ela deve conduzir a repartição dos lucros e aplicar os investimentos de forma transparente. • Governo: Orchis, Yung e Morales (2002, p. 57) afirmam em seus estudos que “a empresa socialmente responsável deve atuar com transparência política, estimu- lando a cidadania na sociedade, além de assumir um compromisso contrário à oferta ou recebimento de propinas.” • Concorrentes: “a empresa deve evitar práticas monopolistas e oligopo- listas, dumpings e formação de trustes e cartéis, buscando sempre fortalecer a livre concorrência de mercado” (ORCHIS; YUNG; MORALES, 2002, p. 58). • Clientes: de acordo com Orchis, Yung e Morales (2002, p. 57): A Responsabilidade Social Empresarial para com os clientes está rela- cionada ao desenvolvimento de produtos e serviços confiáveis, que não provoquem danos nem expectativas excessivas aos seus usuários e à sociedade, que contenham informações detalhadas nas embalagens e cujas ações publicitárias sejam corretas. • Sociedade: importante ressaltar que a sociedade abrange todos os stakeholders; sendo assim, a sintonia de esforços das empresas, Estado e sociedade é que possibilitará solucionar os problemas sociais e econômicos dos países. A partir desses pontos abordados, fica perceptível que falar de Responsabili- dade Social envolve aspectos éticos, filantrópicos, lucratividade e legalidade, não de forma isolada, mas de forma articulada, haja vista que esses aspectos estão imbricados e não po- dem ser vistos isoladamente, em função da necessidade de atender a todos os envolvidos. Na visão de Carroll (1991 apud STADLER, 2007), autor clássico na literatura sobre Responsabilidade Social Corporativa, a aplicabilidade da Responsabilidade Social nas organizações deve abranger quatro dimensões: econômica, legal, ética e filantró- 18 pica. Dessa forma, as organizações “deveriam ser lucrativas, obedecer às leis, ter com- portamento ético e retribuir à sociedade em forma de filantropia” (ASHLEY; COUTINHO; TOMEI, 2000, p. 8). Sendo assim, ao assumir esses quatro aspectos como fundamentais na ques- tão daResponsabilidade Social, a organização estará contemplando os stakeholders e favorecendo ações socialmente responsáveis. As dimensões propostas por Carroll (1991 apud STADLER, 2007) podem ser visualizadas no quadro 1, a seguir: QUADRO 1 - Dimensões de Responsabilidade Social Responsabilidade Econômica Responsabilidade Legal Responsabilidade Ética Responsabilidade Discricionária ou Filantrópica Ser lucrativo Obedecer às leis Ser ético Ser uma empresa cidadã A base sobre a qual as demais responsabi- lidades se sustentam. As leis representam a codificação do que a sociedade estabelece como o que é certo e errado. Obrigação em realizar o que é certo, justo e razoável. Contribuir com recur- sos para a sociedade. Jogar as regras do jogo. Evitar o prejuízo. Melhorar a qualidade de vida. Fonte: Adaptado de Carroll (1991 apud STADLER, 2007). Compreende-se que a partir do momento em que a empresa é responsável economicamente, ela será capaz de cumprir com as suas obrigações e atender as expec- tativas econômicas de acionistas, empresários, proprietários, fornecedores e funcionários. Ao observar a responsabilidade legal, a organização estará mantendo uma relação transparente com o Estado e a sociedade, a partir do cumprimento das leis (aqui pode-se considerar as questões ambientais). No que concerne a questão ética, pode-se fazer uma associação com as rela- ções que são estabelecidas de forma consciente e responsável que não venham a trazer nenhum prejuízo moral para a imagem da empresa e de todos que a envolvem. A filantropia encontra-se no sentido de ser uma empresa cidadã e proporcio- nar o bem-estar da comunidade na qual está inserida. Sendo assim, é importante compreender todos os pontos que norteiam a Responsabilidade Social, salientando que sua abrangência alcança não só os aspectos sociais como também os ambientais, uma vez que os entes sociais são diretamente influenciados pelas alterações sofridas no meio ambiente, produzindo reflexos que po- dem ser sentidos na sociedade ao longo do tempo. Portanto, é importante a análise do aspecto ambiental nos estudos de Responsabilidade Social, para que a efetiva produção de ações socialmente responsáveis possa contribuir para a continuidade da melhoria do convívio social e o bem-estar das futuras gerações. 19 Responsabilidade Social – Um Pouco da História A Responsabilidade Social apresentou seu principal marco com a conhecida história do julgamento do caso de Henry Ford, na justiça americana. Naquela época, Henry Ford era o presidente acionista majoritário da Ford Motor Company e o seu grupo de acionistas, liderados por John e Horace Dodge, contestaram a ideia de Ford com re- lação aos investimentos sociais. Nas palavras de Toldo (2002, p. 76): Em 1916, argumentando a realização de objetos sociais, Ford decidiu não distribuir parte dos dividendos aos acionistas e investiu na capa- cidade de produção, no aumento de salários e em fundo de reserva para diminuição esperada de receitas devido à redução dos preços dos carros. É lógico que a Suprema Corte decidiu a favor de Dodge, enten- dendo que as corporações existem para o benefício de seus acionistas e que os diretores precisam garantir o lucro, não podendo usá-lo para outros fins. A Suprema Corte de Michigan foi favorável a Dodge, indicando a impossibi- lidade legal da Diretoria em tomar qualquer decisão que fosse contrária aos interesses dos seus acionistas. Esse caso desencadeou uma reflexão social acerca do papel das organizações. De acordo com Toldo (2002), na década de 1950 nos Estados Unidos, e no final da década de 1960 na Europa, o meio empresarial e acadêmico discutiram a impor- tância da Responsabilidade Social promovida pelas ações dos seus dirigentes. Naquele período, as organizações sofreram, principalmente, a influência do ambiente político e social após a segunda guerra mundial. Na maioria dos países desenvolvidos, a sociedade civil sofreu uma forte influência e domínio do Estado nos aspectos socioeconômicos. A partir de então, o Estado tornou-se o principal responsável pela política de bem-estar social, sendo o mercado o responsável pelo desenvolvimento. Em con- trapartida, as empresas eram regulamentadas e guiadas pelos princípios econômicos keynesianos, o qual propiciou condições para a ruptura da situação de não intervenção estatal e precariedade nas relações de trabalho, para uma nova conjuntura que versava em auxílio e assistência ao trabalhador. Segundo Ashley (2000 apud TOLDO, 2002, p. 76): Em 1953, um fato público trouxe a discussão sobre papel social da empresa perante a sociedade civil: o caso A. P. Smith Manufacturing Company versus seus acionistas, que contestavam a doação de recur- sos financeiros à Universidade de Princeton. Nesse período, a Justiça americana estabeleceu a lei da filantropia corporativa, determinando que uma corporação poderia distribuir seus dividendos de modo a pro- mover o desenvolvimento social. 20 A Responsabilidade Social começou a se fortalecer nos Estados Unidos na década de 1960, a partir do aumento das contestações sociais, por meio de movimentos da sociedade civil e da disseminação desse assunto no âmbito acadêmico. Na década de 1970, houve a necessidade de aumento de impostos, com a finalidade de preservar o bem-estar social. Segundo Passos (2005, p. 164): A década de 70 marca o início de uma nova discussão no mundo do trabalho, diferente da tradicional que somente versava sobre lucro e estratégias competitivas. Agora as organizações produtivas começam a pensar sobre suas obrigações sociais, conscientes de que são uma rede que envolve seres humanos, indo desde seus acionistas, empregados, clientes, fornecedores até a comunidade. Nesse sentido, grande parte das multinacionais se baseou na estratégia de interesse mútuo em relação à Responsabilidade Social, visando satisfazer não somente aos acionistas com participação nos dividendos, mas também com todo o seu público (stakeholders), ou seja, seus funcionários, consumidores, fornecedores, governo, clientes, etc. Naquela época, a demonstração para com a sociedade sobre as ações so- ciais nas empresas tornou-se extremamente importante. Em alguns países, houve a necessidade de aumentar os impostos para poder manter a política de bem-estar social, sendo que grandes empresários e cidadãos reivindicavam os benefícios provenientes do aumento da carga tributária, uma vez que pagavam por serviços que não recebiam. Assim, os cidadãos passaram a formar movimentos em prol de benefícios concedidos pelas empresas, visto que o Estado não conseguia atender a plenitude das necessidades de bem-estar da sociedade. Na década de 1990, com uma maior participação de autores acadêmicos na questão da Responsabilidade Social, entrou em cena a discussão sobre os temas ética e moral nas empresas, o que contribuiu de modo significativo para ampliar a conceituação de Responsabilidade Social e, por conseguinte, a sua atuação nas organizações. Para Dias (2006, p. 157): As discussões sobre a Responsabilidade Social tomaram um novo rumo com o lançamento do Pacto Global pelas Nações Unidas em 1999, quando o Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, apelou para que as em- presas do mundo todo assumissem uma globalização mais humanitária. Nesse sentido, Dias (2006), por meio dos princípios do Pacto Global, busca mobilizar a comunidade empresarial internacional na promoção de dez princípios funda- mentais que, por serem aceitos pela maioria dos governos, são considerados universais. Os princípios do Pacto Global estão distribuídos conforme o quadro a seguir, divididos nas áreas de direitos humanos, direitos do trabalho, proteção ambiental e con- tra a corrupção: 21 QUADRO 2 - Princípios do Pacto Global Princípios de Direitos Humanos 1. Respeitar e proteger os direitos humanos.2. Impedir violações de direitos humanos. Princípios de Direitos do Trabalho 3. Apoiar a liberdade de associação no trabalho. 4. Abolir o trabalhoforçado. 5. Abolir o trabalho infantil. 6. Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho. Princípios de Proteção Ambiental 7. Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais. 8. Promover a responsabilidade ambiental. 9. Encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente. Princípio contra a Corrupção 10. Combater a corrupção em todas as for-mas, inclusive extorsão e propina. Fonte: Adaptado de Dias (2006, p. 157). Nesse sentido, o Pacto Global tem o objetivo de sensibilizar, mobilizar e engajar a comunidade empresarial internacional em torno de questões relevantes da sociedade contemporânea. A visão mais humanitária das empresas envolve a questão da responsabilida- de social, haja vista que as empresas tornam-se mais socialmente responsáveis e com- prometidas com as questões humanas, trabalhistas, ambientais e éticas, corroborando, assim, para o desenvolvimento da cidadania e bem-estar social de todos os envolvidos no processo. Dias (2006, p. 157) apresenta dez princípios universais, entretanto destaca- se aqui o princípio de proteção ambiental, em função da abordagem do nosso estudo estar vinculado às questões socioambientais. Apresenta-se, a seguir, o diagrama propos- to pelo referido autor: FIGURA 2 - Princípio de Proteção Ambiental Fonte: Adaptado de Dias (2006, p. 157). 22 O Princípio de Proteção Ambiental envolve ações como apoiar uma abor- dagem preventiva aos desafios ambientais, encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente e promover ações de responsabilidade ambiental, na qual fica visível a preocupação em desenvolver ações preventivas de cunho ambiental, com o fim de evitar situações de risco para o meio ambiente. Verifica-se, então, que a abrangência do Pacto Global no que tange a Res- ponsabilidade Socioambiental é referência para a atuação socialmente responsável de qualquer empresa, pois apresenta ideias eficazes de proteção ambiental, entre outros aspectos. A Responsabilidade Social no Brasil A Responsabilidade Social é um tema bastante discutido nos dias atuais. A sociedade brasileira tem debatido a questão, principalmente no que concerne ao modo como as instituições de ensino superior vêm lidando com esse assunto e as ações social- mente responsáveis que têm desenvolvido voltadas para o ensino, pesquisa e extensão. Nesse contexto, as IES na modalidade a distância também possuem o seu papel a ser desempenhado no cenário da RS. De acordo com Toldo (2002, p. 77), pode-se considerar como início da Res- ponsabilidade Social no Brasil a criação, em 1960, da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), que reconheceu a função social da empresa associada. A ADCE teve por finalidade discutir a Responsabilidade Social das empresas. No ano de 1977, organizou o 2º Encontro Nacional de Dirigentes de Empresas, tendo como tema central o Balanço Social da Empresa, que desde então tem sido tema recor- rente de reflexão. O balanço social, segundo Oliveira (2002), é o instrumento confiável que permite a empresa cidadã mensurar seu desempenho na área social, bem como mostrar que os benefícios conquistados compensam os recursos por ela utilizados e retirados do ambiente. Com o passar dos anos, diversos projetos e trabalhos acadêmicos foram ela- borados abordando como principal tema o balanço social. Foi em 1993 que efetivamente as empresas se aproximaram dessas questões, principalmente após a campanha do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, intitulada Campanha Nacional da Ação da Cida- dania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, que teve o apoio do Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE). Em 1997, Betinho, em parceria com a Gazeta Mercantil, criou o selo do Ba- lanço Social, instigando, assim, as empresas a divulgarem seus resultados no balanço social. 23 Nesse sentido, a Responsabilidade Social foi ganhando espaço nas empresas, e por meio do balanço social foi se consolidando com credibilidade, passando a tornar-se lei. Logo, o que era filantropia passou a ser ação social mais consistente, expandindo-se pelo mundo a longo prazo. Sobre essa questão, Passos (2005, p. 176) afirma que: O balanço social precisa ser um instrumento ético que vise prestar con- tas à sociedade, de forma transparente e honesta, dos investimentos feitos pela empresa em ações sociais e suas consequências e não ser usado como instrumento de marketing. No ano de 1998, foi criado o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, pelo empresário Oded Grajew, um dos fundadores da indústria de brinquedos Grow. O objetivo do instituto é servir de elo entre as empresas e as questões de Res- ponsabilidade Social, além de difundir as práticas da Responsabilidade Social por meio de artigos, experiências, programas e eventos para todas as pessoas interessadas pela temática. No seu website (www.ethos.org.br), o Instituto Ethos (2008) afirma que: As empresas, adotando um comportamento socialmente responsável, são poderosos agentes de mudança para, juntamente com os Estados e sociedade civil, construir um mundo melhor. Este comportamento é ca- racterizado por uma coerência ética nas suas ações e relações com os diversos públicos com os quais interagem, contribuindo para o desen- volvimento contínuo das pessoas, das comunidades e de suas relações entre si e com o meio ambiente. Em 1999, movimentos políticos favoreceram que diversas empresas aderis- sem ao movimento social que repercutiu na publicação do balanço por 68 empresas que foram certificadas com o Selo Empresa Cidadã. Segundo Toldo (2002, p. 78): A Câmara Municipal de São Paulo premiou em 1999, com o selo Em- presa Cidadã, as empresas que praticaram a Responsabilidade Social e publicaram o Balanço Social e a Associação de Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) incluiu em sua premiação o prêmio Top Social. A Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança destacou-se pelo trabalho de erradicação do trabalho infantil, exemplo que atraiu um número crescente de adeptos. A empresa que combate o abuso contra criança ganhou o selo Empresa Amiga da Criança. Com a finalidade de obter um diferencial entre as demais empresas e ganhar mais credibilidade e aceitação da sociedade e do mercado empresarial, as empresas pas- saram a praticar mais intensivamente a Responsabilidade Social e publicar anualmente seus balanços e relatórios sociais e ambientais, buscar obter certificações, selos e stan- dards internacionais na área social. 24 Entre os selos certificados no Brasil, destacam-se os mais significativos: 1) o Selo Empresa Amiga da Criança, conferido pela Fundação Abrinq; 2) o Selo Empresa- Cidadã, que é uma premiação da Câmara Municipal da cidade de São Paulo; 3) o Selo Balanço Social Ibase/Betinho, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, desde 1998. Além dos selos para certificar as empresas em sua atuação socialmente res- ponsável, o Instituto Ethos de Responsabilidade Social apresenta sete temas como indi- cadores de Responsabilidade Social para as organizações, a saber: 1) Valores e Trans- parência, 2) Público Interno, 3) Meio Ambiente, 4) Fornecedores, 5) Consumidores, 6) Comunidade, 7) Governo e Sociedade (INSTITUTO ETHOS, 2008). Vejamos detalhadamente a que se refere cada um dos temas: • O primeiro indicador, Valores e Transparência, pressupõe um compromis- so ético, enraizamento na cultura organizacional e transparência com a sociedade. • O segundo indicador, Público Interno, demonstra que a empresa deve ter diálogo, respeito e participação do público interno nos lucros e nos resultados. • O terceiro indicador, Meio Ambiente, sugere a necessidade de conhecer o impacto das ações empresariais no meio ambiente, minimizando, assim, o impacto ambiental e valorizando a educação ambiental. • O quarto indicador, Fornecedores, estabelece critérios de seleção e atua na relação com os fornecedores. • O quinto indicador, Consumidores, aborda a dimensão social do consumo, por meio das políticas de marketing e de comunicação.• O sexto indicador, Comunidade, envolve o relacionamento com a comuni- dade, principalmente no seu entorno. • Por fim, o sétimo indicador, Governo e Sociedade, inclui transparência política e liderança social. Sendo assim, o que se tem considerado, e até então sustentado, é que a Responsabilidade Social é um compromisso ético e com todos os stakeholders. Segundo o pensamento de Tachizawa (2006), o tempo moderno é caracterizado por uma rígida postura dos clientes quanto à atuação da empresa com o meio ambiente em que está inserido e a sociedade do seu entorno, buscando saber se a empresa é ética, se tem uma boa imagem institucional no mercado e se atua de forma ecologicamente responsável. Nesse contexto, indaga-se: nos dias atuais, pode haver desenvolvimento hu- mano sem a atuação da Responsabilidade Social por parte das empresas, dos indivíduos e das Instituições de Ensino Superior? Nota-se que há muito o que pesquisar, analisar, refletir sobre Responsabi- lidade Social. Claramente que não temos a pretensão de esgotar o assunto aqui, mas possibilitar a você compreender as contribuições da RS para um melhor desenvolvimento das empresas e pessoas. 25 Resumo A Responsabilidade Social, atualmente, vem sendo tema de grande discus- são e relevância para a sociedade, empresas e governo. Esta discussão tem ocasionado mudanças gradativas no comportamento e nas ações sociais das organizações e gover- no, fazendo, assim, uma revisão de seus objetivos e estratégias. Este capítulo propôs apresentar considerações conceituais e históricas acer- ca da Responsabilidade Social, além de evidenciar a relação existente entre a Responsa- bilidade Social e as organizações. Pode-se concluir que a Responsabilidade Social é tarefa não somente do governo, mas também das organizações e da sociedade. No tocante às organizações, é fundamental que passem a incorporar em sua missão a Responsabilidade Social, repen- sando seu planejamento estratégico. Além disso, a sociedade também deve estar ciente de seu dever social. Atividades 1. Qual o conceito de balanço social e sua importância? 2. De acordo com o Instituto Ethos, existem sete temas como indicadores de Responsa- bilidade Social para as organizações. Descreva cada um desses temas. 3. Descreva com suas palavras como você compreende o conceito de Responsabilidade Social. 4. Faça um breve resumo sobre a Responsabilidade Social no Brasil. 5. Faça uma pesquisa e encontre uma empresa socialmente responsável e descreva uma de suas ações. 26 Anotações 27 Gestão do teRceiRo setoR Capítulo 2 28 O surgimento e crescimento do Terceiro Setor no Brasil advém das últimas três décadas. Com o apoio da sociedade e de órgãos de cooperação internacional, as Organizações Não Governamentais (ONGs) cresceram e se expandiram por todo o terri- tório nacional. As ONGs brasileiras atuam em diversas áreas: saúde, educação, auxílio a pessoas com carências diversas, proteção ao meio ambiente, defesa dos direitos da mu- lher, da criança, do idoso, etc. Dados estatísticos demonstram que mais de 12 milhões de pessoas atuam direta ou indiretamente com o Terceiro Setor brasileiro, por isso é muito importante co- nhecer um pouco mais sobre ele. Introdução 29 Reflexões sobre a Relação entre Estado e Sociedade Antes de começarmos o estudo sobre o Terceiro Setor, é importante refletir sobre a relação entre a sociedade e o Estado. O ser humano, desde que nasce e durante toda a sua vida, faz parte de diversas instituições, organizações e sociedades, simultaneamente. Esses grupos são formados por diversos interesses, ou porque são parentes, ou porque existem interesses materiais e até mesmo espirituais. Essas instituições buscam assegurar ao ser humano o desenvolvimento de suas aptidões morais, físicas e intelectuais, por isso existe a imposição de certas regras e normas, que são definidas pelos costumes, pela moral ou pela lei. O primeiro grupo que o ser humano é inserido é a família. A família é res- ponsável por alimentar, proteger e educar o indivíduo. Logo depois, as pessoas são in- corporadas a grupos de natureza religiosa, como as igrejas, ou de natureza educacional, como a escola. Com o aumento da idade, o indivíduo começa a participar de inúmeras organizações, grupos e instituições. Esses agrupamentos possuem objetivos distintos, tais como finalidade profissional, econômica, religiosa, moral, entre outros. O conjunto desses agrupamentos forma a sociedade como a conhecemos hoje. Essa sociedade pode ser maior ou menor a depender da sua abrangência. Se abrange um bairro, uma cidade, um país ou vários países, esse agrupamento torna-se maior ou menor, até alcançarmos o conceito de sociedade humana, ou seja, a própria humanidade. Uma sociedade é uma coletividade de pessoas reunidas e organizadas para se alcançar determinado objetivo. Trata-se da união moral de indivíduos racionais, livres e or- ganizados, que buscam realizar um objetivo comum e conhecido por todos os interessados. Existe uma sociedade, no entanto, maior do que a família, que é obrigató- ria para as pessoas: o Estado, a sociedade política. O Estado é considerado um tipo de sociedade porque é constituído por um agrupamento de pessoas, organizadas, que bus- cam o bem comum. O Estado é uma sociedade política porque a sua atuação é definida por normas, hierarquias e a busca constante pelo bem público. A família é uma sociedade a qual o ser humano sempre pertencerá. Porém, com a maioridade, o indivíduo consegue se libertar da sua tutela. Nas demais sociedades, o homem pode entrar e sair a qualquer momento, pois participa delas voluntariamente. No entanto, “da tutela do Estado, o homem não se emancipa jamais” (AZAMBUJA, 1971, p. 2). O Estado é uma sociedade a qual o ser humano está atrelado antes mesmo do seu nascimento e seus laços continuam após a morte. 30 O Estado moderno é uma sociedade que possui uma base territorial, dividida entre governantes e governados, que pretende, nos limites do território que lhe é reco- nhecido, a supremacia sobre todas as demais instituições. Rousseau (2001) foi o primeiro pensador filósofo que fez uma diferenciação entre a Sociedade e o Estado. A definição de Rousseau (2001) é a de que uma sociedade é um conjunto de grupos fragmentários. O Estado, por outro lado, exprime a vontade geral, a única autêntica, captada diretamente da relação indivíduo-Estado, sem nenhu- ma interposição ou desvirtuamento por parte dos interesses representados nos grupos sociais interpostos. Para alguns pensadores, a sociedade pode aparecer tanto em oposição ao Estado como debaixo da sua tutela. O Estado é o representante legal da vontade social e determina o funcionamento das demais instituições. Aos indivíduos e sociedades, o Estado aparece como um poder de governo, poder de mando e dominação. As decisões do Estado obrigam a todos os que habitam o seu território, por isso ele não se confunde com as demais sociedades. Seus objetivos são os de ordem e defesa social, diferindo-se dos objetivos de todas as demais organizações. Para atingir essa finalidade, que pode ser resumida no conceito de bem pú- blico, o Estado emprega diversos meios, que variam conforme as épocas, os povos, os costumes e a cultura. O que é importante ressaltar é que o poder do Estado é o mais alto dentro do seu território, e ele tem o monopólio da força para tornar efetiva sua autoridade. As normas que organizam o Estado e que determinam as condições neces- sárias para o bem público constituem o Direito. O Estado é o responsável por cumprir e fazer cumprir o que está definido no Direito. Por isso, pode-se afirmar que o Estado é a organização político-jurídica de uma sociedade para realizar o bem público, com governo próprio e território determinado. Como bem público, compreende-se todos os tipos de produtos e serviços prestados pelo Estado: educação, saúde, iluminação pública, segurança, transporte pú- blico, etc. Os bens públicos são aqueles cujos benefíciossão usufruídos pela população em geral e de forma indivisível, independentemente da vontade de um indivíduo querer ou não usufruir desse bem. 31 Saiba Mais Classificação dos bens públicos O artigo 99 do Código Civil utilizou o critério da destinação do bem para classificar os bens públicos. Bens de uso comum: são aqueles destinados ao uso indistinto de toda a população. Ex.: mar, rio, rua, praça, estradas, parques (art. 99, I do CC). O uso comum dos bens públi- cos pode ser gratuito ou oneroso, conforme for estabelecido por meio da lei da pessoa jurídica a qual o bem pertencer (art. 103 CC). Ex.: zona azul nas ruas e zoológico. O uso desses bens públicos é oneroso. Bens de uso especial: são aqueles destinados a uma finalidade específica. Ex.: bibliote- cas, teatros, escolas, fóruns, quartel, museu, repartições públicas em geral (art. 99, II do CC). Bens dominicais: não estão destinados nem a uma finalidade comum, nem a uma es- pecial. “Constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal ou real, de cada uma dessas entidades” (art. 99, III do CC). Os bens dominicais representam o patrimônio disponível do Estado, pois não estão destinados e, em razão disso, o Estado figura como proprietário desses bens. Ex.: terras devolutas. Fonte: Webjur (2012). Ao longo da história, o Estado fez a provisão desses bens públicos de manei- ra mais ou menos intensa. Até 1929, com a quebra da bolsa de Nova Iorque, a influência do Estado nas economias dos países era inexistente. Considerava-se que o mercado se autorregulava, que a oferta e a demanda dos produtos sempre chegariam a um equilí- brio de mercado. A competitividade do mercado seria responsável por realizar os ajustes necessários, pois havia a ideia de que a concorrência era perfeita. No período do pós-guerra, foi criado o conceito do Estado do Bem-estar Social – Welfare State. Consistia em um estado assistencialista e buscava garantir as condições mínimas de existência e dignidade ao ser humano. Nesse sentido, o Estado devia prover as necessidades da população, mediante a prestação de serviços ou até mesmo o pagamento em dinheiro. Esses direitos das pessoas deviam ser reconhecidos por meio de normas legais. Bobbio (2007, p. 92) afirma que: Estado Assistencial ou Estado de Bem-Estar Social pode ser definido, em primeira análise, como Estado que garante tipos mínimos de renda, alimentação, saúde, habitação, educação, assegurados a todos os cida- dãos, não como caridade, mas como direito político. 32 Saiba Mais O que é o Estado do Bem-estar O Estado do Bem-estar também é conhecido por sua denominação em inglês, Welfare State. Os termos servem basicamente para designar o Estado assistencial que garante padrões mínimos de educação, saúde, habitação, renda e seguridade social a todos os cidadãos. [...] O Estado do Bem-estar, tal como foi definido, surgiu após a Segunda Guerra Mundial. Seu desenvolvimento está intimamente relacionado ao processo de industrialização e aos problemas sociais gerados a partir dele. A Grã-Bretanha foi o país que se destacou na construção do Estado de Bem-estar com a aprovação, em 1942, de uma série de pro- vidências nas áreas da saúde e escolarização. Nas décadas seguintes, outros países se- guiriam essa direção. Fonte: Cancian (2012). De maneira progressiva, a ideia que prevaleceu por cerca de 30 anos, se- gundo a qual cabia ao Estado a correção de falhas de mercado, a superação das crises econômicas e a sustentação do nível de atividade econômica, passou a ser questionada. Questionou-se o Estado do Bem-estar, o qual tinha assumido a responsabilidade pela inserção social dos cidadãos, por meio da implementação de políticas voltadas à garantia de renda e à provisão de serviços públicos. Desse modo, o Estado do Bem-estar Social surgiu para combater as conse- quências do capitalismo, com suas grandes desigualdades econômicas e sociais. Esse Estado apareceu na Europa e no período após a Segunda Guerra espalhou-se por diver- sos países. Porém, o excesso de demandas atribuídas ao Estado, criou uma enorme crise, pois em determinado momento não era mais possível atender adequadamente as infinitas demandas sociais. O Estado não soubera processar de forma adequada a sobrecarga de de- mandas a ele dirigidas. A redefinição do papel do Estado passa a ser um tema de alcance universal nos anos 1990. Os principais fatores que conduziram a crise do Estado foram: • Aumento das demandas sociais versus escassez de recursos. • Pressão por maior transparência e melhor uso dos recursos na gestão pública. • Necessidade de superar a forma de administrar o Estado, ou seja, a Ad- ministração Pública Burocrática. 33 Surgiram, então, as primeiras ideias relativas ao Estado Neoliberal, ou Estado Mínimo, em que o Estado deveria deixar de ser o provedor de todos os serviços, devendo privatizar e terceirizar os serviços que não fossem essenciais, tornando-se um regulador desses setores. As soluções apresentadas para a crise do Estado teriam transitado entre ig- norar a crise e implantar a proposta neoliberal de Estado Mínimo. Ambas as ideias foram insuficientes para alcançar o fim a que se dirigiam e cederam ao pensamento apresen- tado de reformar o Estado com o resgate da sua autonomia financeira e sua capacidade de implementar políticas públicas. A imagem do Estado é tida como problema, estabelecendo-se uma polariza- ção Estado-mercado. Em contraposição ao mercado, tido como eficiente, ágil e capaz de oferecer produtos e serviços de qualidade, o Estado passou a ser visto como ineficiente, ineficaz e provedor de serviços de baixa qualidade. A intervenção excessiva e as características da ação estatal – ineficiência, práticas corporativas da burocracia, baixa qualidade, ineficácia – estariam na origem da crise. Diante desse cenário, foram estabelecidas algumas prioridades, entre elas: • A redução do tamanho do Estado. • A desregulamentação da economia. • A abertura do mercado. • Privatização: transferência da produção de bens e serviços públicos para o setor privado lucrativo. • Descentralização: transferência das políticas sociais da esfera federal para as instâncias locais de governo, como um modo de aumentar a eficiência e a eficácia do gasto ao aproximar problemas e gestão, aumentando o vínculo entre clientes e entidade responsável pelas decisões sobre os serviços. • Focalização: restringir a ação social do Estado de forma a concentrá-la em determinados programas e segmentos da população. Percebe-se a necessidade de reformar o Estado. Assim, ele deixaria de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social, pela via da produção de bens e serviços, para fortalecer-se na função de promotor e regulador desses serviços, principalmente dos serviços sociais, como educação e saúde. Resumidamente, nos últimos 100 anos, o Estado passou de um Estado libe- ral, com pouca intervenção no mercado, para um Estado de Bem-estar Social e, por fim, para um Estado em crise. 34 Definição de Terceiro Setor Nessa situação de crise, surgiu a Reforma do Estado com uma proposta de descentralização da provisão dos bens e serviços públicos, tanto para a esfera privada, por meio das privatizações, como para o terceiro setor. FIGURA 3 – Fases que marcaram o Estado Fonte: Elaboração própria (2012). Considera-se que o primeiro setor é o Governo, que utiliza os recursos públi- cos para prover bens públicos, cuja principal preocupação são as questões sociais. O segundo setor é o Mercado, ou o chamado setor privado, que utiliza da livre iniciativa para criar empresas com fins lucrativos. O objetivo do segundo setor é o lucro e o crescimento dessas instituições. O terceiro setor são as organizações sem fins lucrativos, que oferecem servi- ços de caráter público para a população, seja com recursos públicos ou privados. FIGURA 4 – Representação dos setores de atividades Fonte: Elaboração própria (2012). A terminologia terceirosetor surgiu nos Estados Unidos na década de 1970. A ideia era que essas organizações atuassem com a flexibilidade e a eficiência do mer- cado, porém atendendo a população pela oferta de serviços públicos. A diferenciação entre empresa privada e organização do terceiro setor reside exatamente no fato de que não existem fins lucrativos na produção de bens e serviços 35 prestados pelo terceiro setor, pois seu objetivo é sempre atender aos interesses da so- ciedade em geral. Por ter uma definição ampla, dentro do terceiro setor existem associações, fundações, organizações não governamentais, entre outros. É importante salientar que o terceiro setor surgiu como um movimento da organização da sociedade civil. É a ação das organizações não governamentais que atuam nas políticas públicas, buscando maior democratização, extensão da cidadania, desenvolvimento econômico e, principalmente, uma melhor equidade social. Para Draibe (1988, p. 44-45): Esta é a nova configuração social que se estabelece entre o Estado, o setor privado que requer lucro e o setor privado sem fins lucrativos no âmbito das políticas públicas [...] é, na verdade, uma tendência de mudança nos modos de produzir e distribuir os bens e serviços sociais. A figura a seguir demonstra a atuação de diferentes forças ambientais (polí- ticas, econômicas e tecnológicas) e o terceiro setor como uma nova forma de interação e organização, diferenciando-se de empresas, governo, sociedade civil e fornecedores. FIGURA 5 – As forças ambientais Fonte: Elaboração própria (2012). É interessante destacar que a expressão “instituições sem fins lucrativos” é a tradução da expressão “non profit institutions”, utilizada pelos Estados Unidos. As Nações Unidas considera que “instituições sem fins lucrativos” são pessoas jurídicas que concentram os cinco requisitos a seguir: 36 1. São empresas constituídas legalmente. 2. São privadas no sentido de que não integram o aparelho do Estado. 3. Não possuem fins lucrativos e por isso não distribuem lucros para os seus gestores. 4. São autogeridas porque gerenciam suas próprias atividades. 5. São voluntárias porque podem ser constituídas livremente por qualquer pessoa ou grupo de pessoas. Internacionalmente, portanto, os cinco requisitos são utilizados para definir as instituições do terceiro setor. No entanto, esses critérios não traduzem a realidade brasileira. Por exemplo, um clube de associação de determinada classe não tem fins lu- crativos, pois está dedicado ao lazer de determinado grupo, mas não visa ao bem comum. Saiba Mais Terceiro Setor O Terceiro Setor pode ser conceituado como aquele composto pelo conjunto de enti- dades que preenche os requisitos referidos e que tenha como objetivo e finalidade o desenvolvimento de ações voltadas à produção do bem comum. Vale destacar, porém, que não há na doutrina uma unanimidade quanto ao conceito e abrangência deste Setor, sendo objeto de discussão até mesmo o uso da denominação: “Terceiro Setor”. Parte da doutrina entende que a expressão Terceiro Setor é utilizada para identificar as atividades da sociedade que não pertencem às atividades estatais nem às atividades de mercado, correspondentes, no Brasil, respectivamente ao Primeiro e Segundo Setores. Apesar de congruente esta abordagem, a via da exclusão não é específica, o que dificulta a identificação deste núcleo e impossibilita sua definição. Todavia, atividades que não se enquadram no Primeiro e no Segundo Setores não ne- cessariamente estão dispostas no Terceiro Setor. Corrobora esta afirmação a referida pesquisa realizada pelo IBGE, segundo a qual, das 16 categorias de entidades classifi- cadas no CEMPRE (Cadastro Central de Empresas) como Sem Fins Lucrativos, apenas três delas enquadram-se no critério de classificação internacional: associações, organi- zações religiosas (que até o ano de 2003 enquadravam-se na figura jurídica de associa- ções) e fundações. Fonte: Portal Terceiro Setor Online (2012). 37 Composição do Terceiro Setor Tradicionalmente, os serviços públicos podem ser oferecidos por meio de: • Órgãos de administração centralizada • Órgãos de administração descentralizada: • Autarquias • Empresas de economia mista • Empresas públicas • Entidades quaisquer mediante convênio • Entidades privadas mediante concessão Órgãos de administração centralizada São órgãos que pertencem ao próprio corpo das unidades de governo e se definem dentro da estrutura como serviços, repartições ou unidades diversas que atendem ao público, umas centrais, outras periféricas. São prestadores de serviços à coletividade. Órgãos de administração descentralizada • Autarquias: não têm como finalidade o lucro, são órgãos que possuem maior independência e flexibilidade. Possuem organização própria, orçamento próprio e simplificação das atividades financeiras. Exemplo: Detran. • Empresas de economia mista: são essencialmente empresas privadas, nas quais o governo participa como acionista, quase sempre detendo o seu controle acioná- rio. Exemplo: Embasa, Bahiatursa. • Empresas públicas: empresas privadas em que a participação do capital público é total. Exemplo: Conder, EBDA. Entidades quaisquer mediante convênio Na cooperação intergovernamental, os convênios são os instrumentos cor- rentes. Também são realizados convênios entre entidades de governo e entidades pri- vadas, principalmente aquelas de fins não lucrativos, como institutos, santa casa de misericórdia, etc. Entidades privadas mediante concessão Delegação de poderes pela qual o município permite a entidades de caráter privado explorar serviços públicos em bases necessariamente lucrativas. 38 A Reforma do Estado induziu a buscar novas políticas e novas formas de ges- tão do setor público que envolvem a procura de uma maior proximidade entre serviço e público-alvo e a racionalização da gestão entre Estado e sociedade civil. Surgem, então, novas respostas a antigos desafios: • Programa de combate à evasão escolar • Ampliação do espaço da cidadania • Idosos • Pessoas com deficiência • Comunidade negra • Mulher • Crianças e adolescentes Assim, surgiram novas formas de gestão dos serviços públicos, em que o Es- tado coordena e fiscaliza os serviços, que são realizados em grande parte pela sociedade civil, modificando os modelos tradicionais de provisão estatal por um modelo com maior participação da sociedade. Esse cenário gerou uma mudança na relação entre Estado e sociedade civil com a inclusão de novos atores na formulação e implementação das políticas públicas. São exemplos dessa nova relação as redes de entidades e instituições articuladas, as parcerias ou alianças, a participação da sociedade civil, entre outros. A relação entre Estado e sociedade civil determinou uma nova experiência de democracia no cotidiano, um novo padrão de atuação dos governos e novas formas de parceria entre Sociedade Civil, Estado e Mercado. Desse modo, surgiu a ideia de que o “público” não necessariamente precisa ser “estatal”. Por isso, foram aparecendo diversas iniciativas privadas com fins públicos e sem fins lucrativos. Os principais personagens do terceiro setor são: fundações, entidades bene- ficentes, fundos comunitários, entidades sem fins lucrativos, ONGs e OSCIPs, empresas com responsabilidade social, empresas doadoras, elite filantrópica, pessoas físicas, im- prensa e organizações sociais. A seguir, apresentamos algumas características de cada um desses personagens. • Fundações São as organizações que fazem o financiamento do terceiro setor, realizando doações para instituições beneficentes e, em alguns casos, desenvolvendo projetos pró- prios, ao mesmo tempo. 39 As fundações, de acordo com o Código Civil, art. 62, parágrafo único, per- seguem o bem comum na medida em que a finalidade delas pode ser religiosa, moral, cultural ou assistencial (BRASIL, 2002). • Entidades Beneficentes São as instituições que de fato realizam as ações sociais diversas:cuidar de idosos, crianças, meninos de rua, viciados em drogas, colaboram com a preservação do meio ambiente, educam jovens e adultos, fazem doações de alimentos, livros, entre outros itens. • Fundos Comunitários Community Chests são bastante comuns nos Estados Unidos, mas no Brasil ainda são raros. Em vez de cada organização doar para uma entidade, todas as empre- sas doam para um Fundo Comunitário, sendo que os gestores administram efetivamente a distribuição do dinheiro. • Entidades sem Fins Lucrativos No Brasil, infelizmente, muitas entidades sem fins lucrativos são lucrativas ou atendem exclusivamente a um tipo de categoria ou classe. Muitas universidades, es- colas e hospitais atuam com o nome de entidade sem fins lucrativos, mas, de fato, são lucrativas. • ONGs e OSCIPs É uma categoria de entidade beneficente. São instituições que assumem determinada causa. Por exemplo, uma ONG que defenda os direitos da mulher, está ajudando indiretamente a todas as mulheres. ONG é uma tradução de Non-governmental organizations (NGO), trata-se de uma expressão muito difundida no Brasil. Em geral, essa expressão é utilizada para identificar tanto associações como fundações sem fins lucrativos. O mesmo acontece com as Organizações da Sociedade Civil com Interesse Público (OSCIPs). ONGs e OSCIPS são siglas de associações e fundações, mas não são um tipo específico de instituição. Por exemplo, não há no direito brasileiro qualquer designação à palavra ONG. A sigla ONG, expressa, de modo geral, o conjunto de organizações do terceiro setor, tais como: associações, cooperativas, fundações, institutos, etc. 40 • Empresas com Responsabilidade Social São as empresas que incorporaram no seu modo de agir ações de Responsa- bilidade Social, à medida que fazem produtos seguros, acessíveis, produzidos sem danos ambientais, e por estimular seus colaboradores a serem mais responsáveis. • Empresas Doadoras São empresas parceiras do terceiro setor que fazem doações sistemáticas. A maioria das empresas consideradas parceiras são pequenas e médias, existindo poucas empresas de grande porte que efetivamente são parceiras. • Elite Filantrópica É representada por poucas pessoas no Brasil. A maioria dos doadores pesso- as físicas são da classe média e classes mais pobres. Contraditoriamente, quanto mais pobre, maior a porcentagem da renda doada. • Pessoas Físicas As estatísticas demonstram que, no mundo inteiro, as empresas contribuem somente com 10% da verba filantrópica global, enquanto as pessoas físicas, doam os 90% restantes. • Imprensa A Imprensa é parceira do Terceiro Setor na medida em que divulga as di- versas ações sociais que são realizadas por essas organizações, dando visibilidade às atividades desenvolvidas. • Organizações Sociais – OS Foi na época da Reforma do Estado Brasileiro que surgiu o conceito de Or- ganizações Sociais. Trata-se de um modelo de Administração Pública, dentro do setor público não estatal, com o propósito de atender à demanda de serviços, mediante a qualificação da entidade sem fins lucrativos, voltada diretamente ao atendimento do interesse público. As Organizações Sociais buscam aumentar a eficiência e a qualidade dos serviços públicos, como forma de atender melhor o cidadão a um menor custo. São pes- soas jurídicas de direito privado, constituídas sob a forma de associação, fundação ou sociedade civil sem fins lucrativos. 41 Saiba Mais Exemplos de Organizações Sociais implantadas PROMIR O Instituto de Promoção da Saúde e Desenvolvimento Social da Micro Região de Irecê - PROMIR, primeira Organização Social implantada pelo Governo do Estado da Bahia, em setembro de 1999, para prestação de serviços de organização, administração, assis- tência e gerenciamento do Hospital Regional Mário Dourado Sobrinho. Pertencente à rede pública de assistência e gerenciamento à saúde, o hospital fica localizado no mu- nicípio de Irecê - BA. ASCETEB A Associação Centro de Educação Tecnológica da Bahia - ASCETEB assinou Contrato de Gestão em 15 de maio de 2001, para a prestação de serviços de organização, admi- nistração, assistência e gerenciamento técnico, financeiro e orçamentário do Centro de Educação Tecnológica da Bahia - CETEB, no município de Feira de Santana - BA. A Organização Social, mediante a assinatura de um contrato de gestão, ha- bilita-se a administrar serviços, instalações e equipamentos pertencentes ao Poder Públi- co, e ao recebimento de recursos orçamentários para o seu funcionamento. O processo de gestão das organizações acontece da seguinte maneira: 1) Publicização de atividades que antes eram realizadas pelo Estado. 2) Absorção dessas atividades por entidades privadas que serão qualificadas como OS, mediante a celebração de contratos de gestão. 3) O contrato de gestão é um compromisso de resultados, assinado pela entidade pública não estatal qualificada como uma OS. 4) O contrato é composto de metas (indicadores globais e específicos), do objeto, das obrigações, das responsabilidades, assim como os recursos, a cessão de bens públicos, os mecanismos de avaliação de resultados e penalidades. Em alguns estados, surgiu uma legislação específica a respeito das Organi- zações Sociais, a exemplo do Estado da Bahia. Vejamos o que justifica essa legislação: • As transformações no ambiente político, social e econômico. • A pressão da sociedade por serviços de melhor qualidade. • A necessidade que o Estado tem de concentrar seus esforços naquelas atividades que não podem ser exercidas por outro ente. • Programa de Incentivo às Organizações Sociais pela Lei Estadual nº 7.027, de 29 de janeiro de 1997, que trata do modelo de gestão de Organizações Sociais e orienta os interessados em estabelecer parceria com o Estado nessa modalidade de re- lacionamento entre o poder público, a sociedade e o terceiro setor. 42 FIGURA 6 – Titulações do Terceiro Setor Fonte: Portal Terceiro Setor Online (2012). O Financiamento no Terceiro Setor Apesar da importância das diversas entidades do terceiro setor, muitas fun- dações e associações ainda esbarram na dificuldade de captação de recursos. Por um lado, os recursos públicos são difíceis de serem alcançados por ques- tões diversas, desde a burocracia, passando pela desconfiança dos governantes, até a BIOFÁBRICA DE CACAU O Instituto Biofábrica de Cacau assinou Contrato de Gestão em 24 de maio de 2001, para gerir a Biofábrica de Cacau, unidade fabril de assistência à lavoura cacaueira, vincu- lada à Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia - SEAGRI. Pelo Contrato de Gestão, a OS se obriga a atingir as metas de produção, distribuição e comercialização de material genético de cacaueiros, de alta produtividade e tolerância à vassoura de bruxa. Fonte: Governo da Bahia (2012). As maiores críticas às Organizações Sociais são: • Contratação de funcionários sem concurso público. • Compra de materiais sem licitação. • Falta de investimentos. É importante destacar que as diferentes associações e fundações podem receber o título de OSCIP, OS, uma vez que preencham os diversos requisitos legais. Existem ainda outras titulações: • Utilidade Pública Municipal (UPM) • Utilidade Pública Estadual (UPE) • Utilidade Pública Federal (UPF) • Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) 43 descontinuidade de políticas públicas. Além disso, faltam ainda mecanismos de acompa- nhamento da efetividade do uso desses recursos. Além disso, a falta de mecanismos claros e transparentes para contratação de entidades não governamentais tem deixado brechas para as entidades pouco sérias e que representam, de fato, um desvio de recursos públicos. Esse fato prejudica as ONGs sérias que prestam um serviço de valor para a sociedade. Vale salientar que o Estado não pode realizar doações para as ONGs, e sim realizar contratos com essas instituições de forma que legitime sua atuação. Junto a área privada também é difícil a captação de recursos pelas ONGs. Com a divulgaçãodas práticas de Responsabilidade Social, várias empresas começaram a assumir parte da tarefa de financiamento dessas entidades, porém é algo que ainda está em crescimento. Além disso, a arrecadação junto a pessoas físicas e jurídicas de doações ainda é difícil de ser implementada. O financiamento, nesse caso, não se restringe a recursos financeiros, mas também a doação de diversos recursos materiais e também com o voluntariado na pres- tação de serviços. Com o tempo, as ONGs começaram a se profissionalizar, a assumir uma gestão mais eficaz dos seus recursos, com o intuito de garantir a sua sustentabilidade a longo prazo, por meio do seu fortalecimento institucional. Nesse cenário, algumas ONGs buscaram inovar no modo de captar recursos, por exemplo, com a venda de produtos e serviços, campanhas de arrecadação de fun- dos junto ao público, associação com empresas que administram cartão de crédito para geração de cartões de fidelidade, entre outros. FIGURA 7 – Recursos para o Terceiro Setor Recursos Indivíduos Serviços Produtos PatrocínioGoverno Empresas Captação de para o Terceiro Setor Fonte: Revista Filantropia (2011). 44 Resumo O terceiro setor brasileiro expandiu-se de maneira considerável nas últimas três décadas. Historicamente, esse processo começou com a deterioração do Estado de Bem-estar Social (Welfare State), quando se percebeu que o Estado não conseguia abarcar todos os tipos de prestação de serviços públicos, precisando da colaboração do setor privado e também da sociedade civil. O terceiro setor, portanto, pode ser considerado como a reunião das organi- zações sem fins lucrativos, que, com recursos públicos ou privados, oferecem serviços de caráter público para a população. Diversos são os personagens que atuam junto ao terceiro setor: fundações, associações, pessoas físicas, empresas, elite filantrópica, pessoas físicas, entre outras. As organizações do terceiro setor podem ser certificadas, recebendo títulos como utilida- de pública municipal ou certificado de entidade beneficente de assistência social. O financiamento das entidades do terceiro setor ainda é um desafio. Por um lado, a realização de contratos com o Estado é difícil; por outro lado, a cultura da Res- ponsabilidade Social ainda não está difundida em todo o país. Assim, as ONGs buscam alternativas inovadoras para garantir a sua sustentabilidade. Atividades 1. Identifique três organizações não governamentais e analise se são fundações ou associações. 2. Escolha uma entidade sem fins lucrativos e pesquise quais são as fontes de financiamento utilizadas. 3. Descreva com suas palavras em que consistem o 1º, 2º e 3º setores. 4. Faça um breve resumo da transição do Estado Liberal para o Estado de Bem-estar Social e as consequências dessa transição. 5. Faça uma pesquisa e encontre uma empresa que seja OSCIP, uma que seja OS e outra que tenha certificado de utilidade pública. 45 Referências ASHLEY, Patrícia Almeida; COUTINHO, Renata Buarque Goulart; TOMEI, Patrícia Amé- lia. Responsabilidade Social Corporativa e Cidadania Empresarial: uma análise concei- tual corporativa. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPAD – ENANPAD, 24, 2000, Curitiba. Anais... Curitiba, 2000. p. 57-71. AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. 5. ed. Porto Alegre: Globo, 1971. BARBIERI, José Carlos; CAJAZEIRA, Jorge Emanuel Reis. Responsabilidade social empresarial e empresa sustentável: da teoria à prática. São Paulo: Saraiva, 2010. BOBBIO, Norberto. Da estrutura à função. Trad. VERSIANI, Daniela Beccaccia. Barueri: Manole, 2007. BRASIL. Código Civil. Lei n.º 10.406, 10 de janeiro de 2002. Das Pessoas. Das Pessoas Naturais. Da Personalidade e da Capacidade. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 28 fev. 2012. 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