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Ciencia Politica_

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Ciência Política
Lorene Paixão Sampaio
Presidente Prudente
Unoeste - Universidade do Oeste Paulista
2016
Sampaio, Lorene Paixão.
 Ciência Política. / Lorene Paixão Sampaio. – Pre-
sidente Prudente: Unoeste - Universidade do Oeste 
Paulista, 2016.
 134 p.: il.
 Bibliografia.
 ISBN: 978-85-88755-11-6
 1. Ciência Política. 2. Sistema Político. I. Título.
CDD\22ª. ed.
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Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou 
por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer 
outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Universidade do Oeste Paulista.
Ciência Política
Lorene Paixão Sampaio
Reitora: Ana Cristina de Oliveira Lima
Vice-Reitor: Brunno de Oliveira Lima Aneas
Pró-Reitor Acadêmico: José Eduardo Creste
Pró-Reitor Administrativo: Guilherme de Oliveira Lima Carapeba
Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão: Adilson Eduardo Guelfi
Diretor Geral: Augusto Cesar de Oliveira Lima
Núcleo de Educação a Distância: Dayene Miralha de Carvalho Sano, Marcelo Vinícius Creres 
Rosa, Maria Eliza Nigro Jorge, Mário Augusto Pazoti e Sonia Sanae Sato
Coordenação Tecnológica e de Produção: Mário Augusto Pazoti
Projeto Gráfico: Luciana da Mata Crema
Diagramação: Aline Miyamura Takehana e Luciana da Mata Crema
Ilustração e Arte: Antônio Sérgio Alves de Oliveira, Fernanda Sutkus de Oliveira Mello e Luciana 
da Mata Crema
Revisão: Renata Rodrigues dos Santos
Colaboração: Vanessa Nogueira Bocal
Direitos exclusivos cedidos à Associação Prudentina de Educação e Cultura (APEC), 
mantenerora da Universidade do Oeste Paulista
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320
S192c
Catalogação na fonte: Rede de Bibliotecas Unoeste
Lorene Paixão Sampaio
Mestranda em Bioenergia da Rede de Ensino FTC, especialista em Gestão de Crises em 
Relações Internacionais, especialista em Gestão Empresarial e bacharel em Relações In-
ternacionais. Docente da Universidade de Uberaba, Faculdade de Tecnologia e Ciências, 
e dos cursos do Senai Cimatec.
Sobre a autora
Carta ao aluno
O ensino passa por diversas e constantes transformações. São mudanças 
importantes e necessárias frente aos avanços da sociedade na qual está inserido. A 
Educação a Distância (EAD) é uma das alternativas de estudo, que ganha cada vez mais 
espaço, por comprovadamente garantir bons referenciais de qualidade na formação pro-
fissional. Nesse processo, o aluno também é agente, pois organiza o seu tempo confor-
me suas atividades e disponibilidade. 
Maior universidade do oeste paulista, a Unoeste forma milhares de profissio-
nais todos os anos, nas várias áreas do conhecimento. São 40 anos de história, sendo 
responsável pelo amadurecimento e crescimento de diferentes gerações. É com esse 
mesmo compromisso e seriedade que a instituição iniciou seus trabalhos na EAD em 
2000, primeiramente com a oferta de cursos de extensão. Hoje, a estrutura do Nead 
(Núcleo de Educação a Distância) disponibiliza totais condições para você obter os co-
nhecimentos na sua área de interesse. Toda a infraestrutura, corpo docente titulado e 
materiais disponibilizados nessa modalidade favorecem a formação em plenitude. E o 
mercado precisa e busca sempre profissionais capacitados e que estejam antenados às 
novas tecnologias.
Agradecemos a confiança e escolha pela Unoeste e estamos certos de que 
suas expectativas serão atendidas, pois você está em uma universidade reconhecida 
pelo MEC, que oportuniza o desenvolvimento constante de Ensino, Pesquisa e Extensão. 
Aqui, além de graduação, existe pós-graduação lato e stricto sensu, com mestrados e 
doutorado recomendados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de 
Nível Superior), prêmios conquistados em âmbito nacional por suas ações extensivas e 
pesquisas que colaboram com o desenvolvimento da cidade, região, estado e país; en-
fim, são inúmeros os referenciais de qualidade.
Com o fortalecimento da EAD, a Unoeste reforça ainda mais a sua missão 
que é “desenvolver a educação num ambiente inovador e crítico-reflexivo, pelo exercício 
das atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão nas diversas áreas do conhecimento cien-
tífico, humanístico e tecnológico, contribuindo para a formação de profissionais cidadãos 
comprometidos com a responsabilidade social e ambiental”.
Seja bem-vindo e tenha bons estudos!
Reitoria
Sumário
Capítulo 1
Estudo da CiênCia PolítiCa – ConCEito E Evolução HistóriCa
Noções sobre o Termo Ciência ......................................................................................12
O que é Política? ..........................................................................................................15
A Gênese Política Grega e Romana ............................................................................16
Conhecendo a Ciência Política .......................................................................................18
Os Principais Autores da Política ................................................................................20
O Indivíduo e a Sociedade ............................................................................................29
O Estado .................................................................................................................31
O Governo ..............................................................................................................35
O Poder ..................................................................................................................37
Capítulo 2
o sistEma PolítiCo E o rEflExo nas organizaçõEs E PolítiCas EmPrEsariais
Tipos de Conhecimento da Política ................................................................................45
Os Sistemas Políticos ....................................................................................................50
O Sistema Político Clássico .......................................................................................51
Sistema Político Contemporâneo ...............................................................................59
A Política e as Organizações ..........................................................................................68
Capítulo 3
a PolítiCa EstratégiCa – dECisõEs E PlanEjamEnto
A Micropolítica .............................................................................................................81
Os Atores Políticos .......................................................................................................85
Política Pública e Decisão Pública ..................................................................................94
Política Contemporânea no Brasil e no Mundo ................................................................98
Capítulo 4
PartiCiPação E informação PolítiCa 
Política, Participação e Informação .............................................................................. 109
Tipos de Participação ................................................................................................. 114
As Informações Políticas ............................................................................................. 117
Grupos de Pressão e Opinião Pública ........................................................................... 120
Referências................................................................................................................ 127
Estudos Complementares ........................................................................................... 133
9
Apresentação
Este livro tem como objetivo apresentar reflexões sobre os principais conceitos 
da Ciência Política, destacando os mais renomados autores e a evolução histórica para as so-
ciedades, conduzindo o aluno a uma discussãodas contextualidades políticas que permeiam 
as relações sociais, como elementos que compõem a ótica do poder e do Estado para a vida 
social.
Os conteúdos aqui expostos servirão de base para aprofundar os conhecimentos 
sobre temas interessantes relacionados à política e que remetem à visão do indivíduo e da 
sociedade.
11
Estudo da CiênCia PolítiCa – ConCEito E Evolução HistóriCa
Capítulo 1
12
Ao delinear uma linha evolutiva da política, devemos abordar a sua influência 
para o indivíduo. Assim, quando iniciamos os estudos políticos fica claro o quanto cada 
abordagem é fundamental para a organização de uma sociedade.
Quando pensamos na Idade Média, na Grécia e em Roma, nem imaginamos 
que nesse período ocorreram os principais fatos históricos que trouxeram uma observa-
ção profunda do funcionamento do Estado, das formas de governo, do poder e também 
do papel de cada cidadão.
Iremos expor neste capítulo as concepções teóricas aplicadas aos temas que 
se integram ao estudo das sociedades, como entender a infraestrutura pública, o porquê 
das crises políticas e do poder do cidadão na esfera política.
Antes de iniciarmos nossos estudos sobre a ciência política, é fundamental 
realizarmos uma compreensão profunda sobre os pressupostos históricos que abrangem 
a ciência e o seu desenvolvimento na perspectiva política. Vamos lá?
Introdução
Noções sobre o Termo Ciência
Ao tratar sobre ciência política devemos destinar nossa atenção primeira-
mente a conhecer a ciência, que se transformou, com o passar dos tempos, em uma das 
maiores contemplações do mundo, constituindo um sistema amplo de conhecimento das 
coisas e dos fatos. 
Vamos definir os principais conceitos de ciência, conforme o Dicionário Mi-
chaelis (2009):
Atinente - concernente, peculiar, pertinente, que diz respeito, relativo, tocante.
1. Ramo de conhecimento sistematizado como campo de estudo ou 
observação e classificação dos fatos atinentes a um determinado gru-
po de fenômenos e formulação das leis gerais que os regem. [...] 4. 
Conhecimentos humanos considerados no seu todo, segundo a sua na-
tureza e progresso.
O termo ciência tem origem no latim scientia, que denota o saber e o conhe-
cimento das coisas e dos fatos. A ciência possui diferentes abordagens, porém existem 
três definições que são consideradas fundamentais: 
13
Pare e Reflita
Autores como Newton, Einstein e Darwin são destacados do desenvolvimento científico 
por evidenciarem fatos por meio de ferramentas ainda desconhecidas. Esses pensado-
res apresentaram uma questão importante para buscar entender aquilo que realmente 
não se conhecia: por que determinado fenômeno ocorre?
• Sabedoria de tudo o que ocorre na vida cotidiana.
• Conhecimentos que são adquiridos com os estudos e os métodos praticados.
• Organização e classificação dos princípios e dos sistemas.
Os processos de identificar, analisar, observar e explicar compõem a dinâmi-
ca do método da ciência para descobrir como funciona a realidade do ser humano.
Para Charles Darwin (apud FERRAZ, [201?]), a ciência versa pelo agrupa-
mento de todos os fatos, em que as leis, finalidades ou conclusões possam ser anali-
sadas. Ao examinar os fatos, a ciência explica a vida do indivíduo e suas relações no 
mundo, é exatamente essa área de estudo que interessa aos filósofos e sociólogos que 
contextualizam com o social e a política.
!?
No decorrer da história, a ciência abordou proporções diferentes que inicial-
mente haviam sido estabelecidas. É o caso das ciências naturais que foram as primeiras 
análises e procuravam estudar as sociedades segundo os métodos do mundo natural.
O enfoque evolutivo da ciência está na Idade Média, na qual a ação do indi-
víduo era pautada pela família, pelo grupo social em que vivia e, principalmente, pelos 
dogmas religiosos. É nesse período, em que a religião tinha um domínio sobre o homem, 
que a ciência ficou conhecida pela expressão escolástica.
Para Kosminsky (1960), a ciência era influenciada fortemente pela Igreja. 
Essa influência era imposta à sociedade, sem que ela pudesse ter conhecimentos de 
outras ideias distintas às questões religiosas.
Não podemos esquecer que na antiguidade clássica, em detrimento a Grécia 
antiga, século 4 a.C., o homem já vinha buscando uma dedicação maior ao intelecto e ao 
conhecimento de diversas áreas, ainda que nesse caso a ciência natural não tenha tido 
um reconhecimento para os pensadores da época. 
O filósofo Platão (apud LANA, [201?]) afirmava que o mundo natural era 
inferior a perfeição que acreditava ser o mundo das ideias.
14
Com o advento do Renascimento, o indivíduo passou a ter capacidade de 
agir livremente e de buscar seus próprios interesses. Podemos descrever esse momento 
como o impulsionador das ideias científicas, que foram iniciadas pelo desenvolvimento 
de novas descobertas, técnicas e práticas que serviriam para a chamada Revolução 
Científica.
Com as invenções do papel e da imprensa, os livros passaram a ser 
copiados e produzidos muito mais rapidamente do que com o trabalho 
feito pelos copistas. Isto permitiu que o pensamento renascentista fos-
se difundido para muito além dos domínios da Igreja, e da universidade 
por ela condicionada (PRIMON; SIQUEIRA JÚNIOR; ADAM; BONFIM, 
2000, p. 11).
O século XVII foi o auge da atividade intelectual com a compreensão do 
universo. Assim nasceu a Revolução Científica, que contribuiu para um conhecimento 
mais estruturado com diversos movimentos culturais e sociais, com valorização do ser 
humano, determinando a perspectiva humanista.
Grandes nomes fizeram parte desses avanços da ciência, tais como:
• Galileu Galilei (1564 a 1642) – fundador da ciência moderna, analisou a 
ciência não como a procura pela essência ou pela particularidade dos fatos, mas como a 
busca pela função do objeto.
• René Descartes (1596 a 1650) – descreveu a matemática como o modelo 
lógico que serviria como base para o pensamento da ciência e da filosofia.
• Nicolau Copérnico (1473 a 1543) – constituiu o estudo da astronomia 
moderna, que defendia o Sol como o centro do sistema solar, e não a Terra.
• Francis Bacon (1561 a 1626) – definiu a importância da experimentação 
dos objetos para o conhecimento.
• Louis Pasteur (1822 a 1895) – foi responsável por grandes descobertas 
na área imunológica, provando a existência de microrganismos causadores de doenças 
no homem.
De acordo com a teoria de alguns estudiosos, a ciência é dividida em campos 
que se consolidaram na sociedade e por isso devem ser considerados, sendo concebidos em:
• Ciências Formais
• Ciências Naturais
• Ciências Sociais
Em cada uma das ciências propostas se definirá os estudos que hoje fazem 
parte das nossas vidas, como a Sociologia, a Psicologia, a Matemática, a Física, a Biolo-
gia e várias outras.
15
Para entendermos melhor essa divisão, veremos na figura a seguir o signi-
ficado de cada tipo de ciência descrita por Carnap, além de algumas disciplinas que a 
compõem:
FIGURA 1 – Concepções da ciência
Fonte: Elaboração própria (2012).
Podemos perceber que, com o passar dos tempos, a ciência constituiu-se 
num conjunto de ideias e conhecimentos adquiridos com a observação e a explicação 
dos acontecimentos que advêm da sociedade. Assim surgiu a ciência social, que é com-
posta pelo estudo da vida do indivíduo e do grupo social, esse é, no entanto, o ramo da 
ciência do qual faz parte a ciência política.
Vamos definir, então, a expressão política!
O que é Política?
O conceito de política é, para diversos autores, fundamental para as discus-
sões acerca do desenvolvimento da sociedade, traduzindo como o indivíduo deve agir 
em grupo, com seus direitos e deveres, e como esse grupo conduz a sua vida.
No Dicionário Michaelis (2009), define-se política como a arte ou ciência 
de organizar, direcionar e administrar nações ou Estados, além de analisar também o 
conjunto de princípios ou opiniões políticas, ou seja, o interesse do indivíduo ou grupo.
A política é a contemplação do que acontecena sociedade, na vida coletiva 
e na ação de cada pessoa, é a união desses fatores para conduzir a um bom funciona-
mento e com uma ordem para que seja seguida.
Relacionando com a vida pública, a política tomou diferentes rumos desde a 
sua origem e os conceitos discutidos abordaram distintos momentos da história humana, 
portanto iniciaremos um esboço da evolução dos tempos.
A política foi alavancada pela Revolução Industrial e a necessidade de re-
adaptar a vida social que detinha grandes diferenças, principalmente no que tange ao 
trabalho, quando muitos dos operários começaram a redefinir seu papel na organização, 
16
que, por sua vez, começou a ser analisada pelo Estado para dar benefícios aos trabalha-
dores. Logo, a política se tornou essencial para uma vida regulada e ordenada por um 
poder que tivesse a capacidade de amparar as necessidades humanas.
A Gênese Política Grega e Romana
O termo política tem sua origem na Grécia, onde surgiu a palavra pólis, para 
representar a organização dos cidadãos nas cidades-estado, expressão que resultou 
ainda nos termos Politiké e Politikó.
• Politiké – atividade que constitui e administra a comunidade, referência à política.
• Politikó – designa quem administra as cidades, identificados como os políticos.
Pólis representa o modelo das cidades gregas, as quais são formadas por 
uma sociedade organizada e independente de um estado-nacional.
Os gregos davam o nome de pólis à cidade, isto é, ao lugar onde as 
pessoas viviam juntas. E Aristóteles diz que o homem é um animal 
político, porque nenhum ser humano vive sozinho e todos precisam da 
companhia dos outros. A própria natureza dos seres humanos é que 
exige que ninguém viva sozinho. Assim sendo, a ‘política’ se refere à 
vida na pólis, ou seja, a vida comum, às regras de organização dessa 
vida, aos objetivos da comunidade e às decisões sobre todos esses 
pontos (DALLARI, 2004, p. 8).
A organização na pólis desenvolvia cidadãos moldados pelas regras e leis 
estabelecidas, por meio do qual podemos perceber que os indivíduos que ali viviam par-
ticipavam ativamente das decisões políticas em prol da comunidade. 
A partir dos conhecimentos da esfera pública é que a Grécia nos deixou um 
dos maiores legados da história política: a democracia, que compreende o direito do 
homem de participar das assembleias para a definição dos princípios da estrutura social.
A pólis possuía uma estrutura sólida formada, onde tudo era muito bem or-
ganizado de acordo com os acontecimentos que marcavam a cidade.
QUADRO 1 – Constituição da Pólis
Acrópole
Refere-se à parte mais elevada da pólis, onde permaneciam os templos 
consagrados aos deuses e os edifícios públicos. 
A Acrópole era o núcleo político e administrativo da pólis grega.
Ágora
Atribuída como a praça principal na constituição da pólis, pois lá era um 
lugar livre de edificações e um local de funcionamento do comércio com 
mercados e feiras livres, além de serem realizadas ali as assembleias do 
povo.
A Ágora era considerada um espaço onde ocorriam as discussões e delibe-
rações políticas.
Fonte: Elaboração própria (2012).
17
A cidade se desenvolvia de duas formas, uma na zona rural, com as ativida-
des agrícolas, e a outra na zona urbana, onde ocorria o comércio, sendo ambas sepa-
radas por uma extensa muralha para proteção dos seus habitantes. Essa fortaleza em 
volta das comunidades era conhecida como “cidadela”, localizada no centro da Grécia.
Os princípios da pólis que desencadearam conflitos nas cidades-estados foram:
• Liberdade
• Autoconfiança
• Autonomia
O poder da pólis estava cada vez mais limitado, devido ao surgimento de 
novos impérios que buscavam uma ampliação territorial e um domínio consolidado sobre 
outras cidades.
A pólis, aliás, refletia em si os sistemas e ordenamentos políticos, sendo ela 
um espaço que servia de reflexão para os cidadãos sobre os seus direitos e obrigações.
Decorremos que no processo histórico o homem procurou ter uma vida ativa 
na política, embora tenhamos que considerar que para as mulheres, escravos e estran-
geiros essa participação não era possível.
Ao disseminar os aspectos aplicados à origem política, é fundamental prover 
uma compreensão de outra sociedade, a Romana, que inicialmente possuía caracterís-
ticas semelhantes às gregas e, consequentemente, expandiu sua própria estrutura e 
organização.
A cidade Romana era apresentada na qualidade de empresa pública, sendo 
a nobreza, proprietária das terras, que governava o Estado.
A história Romana é determinada por diferentes regimes políticos ao longo 
dos anos, iniciando pelo período Monárquico, Republicano e, por fim, com o domínio de 
um Império.
A corrente política era administrada pela assembleia que era composta por 
representantes da aristocracia e somente após várias propostas foi permitida a entrada 
de indivíduos de origem plebeia no Senado.
O Império Romano regulava sua política determinando duas coisas, uma era 
a conquista de novos territórios e a outra a organização de tudo que acontece na esfera 
social. Essa organização ocorria por meio da criação de leis e regras que todos deviam 
seguir para direcionar a vida na comunidade.
18
Parada Obrigatória
Para Maquiavel (2002, p. 264):
[...] quando um príncipe deixa tudo por conta da sorte, ele se arruína 
logo que ele muda. Feliz é o príncipe que ajusta seu modo de pro-
ceder aos tempos, e é infeliz aquele cujo proceder não se ajusta aos 
tempos.
A conduta do governante deve ser articulada diante das condições em que vive a socie-
dade para poder controlar e manter seu domínio sobre os cidadãos.
Vários aspectos são analisados sobre o desenvolvimento do conceito político, 
mas podemos considerar que o processo histórico evolutivo do ser humano se entrelaça 
à necessidade de organizar a vida pública. 
Conhecendo a Ciência Política
Agora que definimos e entendemos de onde surgiu a política, podemos com-
preender que tudo em nossa vida está relacionado à política. Desde um protesto na rua 
a um pagamento de imposto, do voto para uma eleição a uma reclamação sobre um 
problema com o poste na rua e até mesmo com o aumento da violência, todas essas 
situações do cotidiano integram a função da política.
Podemos adotar como conceito de política o conjunto de atividades relacio-
nadas à gestão das coisas públicas, por meio do exercício do poder. A ciência política 
em conjunto com outras temáticas torna-se um tema direcionado para uma discussão 
mais plausível e objetiva, como exemplo é possível citar a política econômica e a política 
internacional.
As contribuições romanas aos dias de hoje são inúmeras, como as leis que 
estabeleciam ordem, as estratégias que o império trouxe com suas conquistas, além das 
formas de governo que veremos nos próximos capítulos.
Outras civilizações antigas incluíram em seu processo histórico a importância 
da política para se desenvolverem, embora o termo ainda tenha considerável aplicação 
por causa dos reinados e soberanias dos grandes reis e também em relação aos conflitos 
entre as classes.
Deixando um pouco a questão histórica da política, vamos avançar sobre a 
definição de política.
19
Para Bobbio (1987), o poder que existe na política formula dois tipos de es-
tudos que devem ser considerados de grande relevância e que devem ser diferenciados: 
a filosofia política e a ciência política. Vamos analisar segundo os pensamentos do autor:
A filosofia política envolve três tipos de concepções:
• Em relação ao governo ou república, dotada da busca pela excelência.
• Deriva do poder político e valorização do Estado, especificando a obriga-
ção política.
• Destaca a politicidade, separando a política da ética.
Pode-se dizer que a filosofia política retrata a legitimação do Estado e a cen-
tralização do poder.
Para Bobbio (1987), a ciência política é um método de análise que possibilita 
buscar e verificar a existência política sob três conjuntos:
• A investigação dos processos para confirmar os efeitos e resultados dascoisas.
• A distinção entre juízos de valor (o valor é a posição da pessoa frente à 
realidade) e juízos de fato (conhecimento da realidade), conhecidos como avaloratividade.
• A técnica e os procedimentos utilizados para compor uma explicação ade-
quada ao acontecimento.
No sentido da ciência política, os critérios que sistematizam os acontecimen-
tos estão condicionados a elementos como o Estado, o poder e os sistemas políticos. Na 
perspectiva transformadora da sociedade, nos referimos a duas classes: uma governada 
e a outra dos governantes, que evidenciam em suas vidas sociais os elementos políticos.
O intuito designado à ciência política é explicar os fatos que acontecem com 
os objetos de estudo, e não apenas descrever e considerar relevante, mas deve assumir 
um papel investigador do saber empírico desses acontecimentos.
O autor Gaetano Mosca (apud MESQUITA JÚNIOR, 2004, p. 9), em sua obra 
“Elementos de Ciência Política”, de 1896, aborda que as duas classes existentes são cla-
ramente distintas, já que uma é forte e a outra é fraca, sendo assim dominada.
A classe dominante é a dos governantes, que são a minoria e exercem todas 
as funções políticas, administrando o poder e aproveitando as vantagens que lhe são 
dadas.
20
Os Principais Autores da Política
Vejamos as definições, os pensamentos e as discussões sobre a política na 
concepção de alguns dos principais autores:
Fonte: Wikimedia Commons (2013).
Para esse autor, a acepção de política é 
exercida para se chegar à cidade-estado ideal, onde 
nem todos estão preparados e capacitados para gover-
nar. Como afirmado por ele, na obra “Epístolas” (Carta 
VII), os males não cessarão para os humanos antes 
que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao 
poder ou antes que os chefes das cidades, por uma 
divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente.
Devido ao tempo em que o autor vivia, ele 
percebeu o quanto era de suprema importância haver 
no poder pessoas capazes de conhecer verdadeiramen-
te o seu povo, por isso ele identificava nos filósofos e nos 
estudiosos em geral a melhor representação política.
O autor acreditava ser inconcebível pensar na política como uma forma de 
colocar no poder aquele indivíduo que obteve mais votos, sendo que tal pessoa poderia 
estar despreparada para assumir uma função de tanta importância para a sociedade.
Para que o cidadão estivesse preparado era necessário ter o conhecimento 
do que era a política, de como funcionava a comunidade em que vivia, assim como as 
suas necessidades. 
A classe dominada é representada pela governada e regulada pelas regras 
impostas pelos políticos, condizendo com a maioria da população. 
De acordo com Claus Offe (apud BAUMAN, 1999, p. 76), o agente político 
tem a capacidade de fazer opções coletivamente impositivas e executá-las, o que se tor-
nou problemático. Em vez de perguntar o que deve ser feito, devemos com mais proveito 
investigar se há alguém capaz de fazer o que deve ser feito.
Para alguns estudiosos da política, a virtude moral não está presente na 
maioria das situações na Administração Pública. Nessa proposição, podemos entender 
que a ética, determinada pelo valor moral, não se relaciona constantemente com a polí-
tica. Nesse aspecto, o poder político se sobressai à ética, um exemplo claro é a vastidão 
de casos de corrupção nos países.
Platão (428-347 a.C.)
21
QUADRO 2 – Almas e virtudes do ser humano
Almas Racional Irascível Concupiscente
x
Virtudes Sabedoria Força Moderação
Fonte: Elaboração própria (2012).
A alma Racional representa o princípio do conhecimento e da sabedoria, das 
informações e das opiniões. É exatamente nessa alma que se identifica o pensamento 
superior do indivíduo que possui as ideias e conhece a verdade e o bem, sendo ele o 
mais preparado para assumir um alto cargo público.
A alma Irascível dinamiza o combate ao sofrimento para a defesa da vida. 
Observa-se nessa alma a busca pela segurança com o corpo, a fim de se lutar pela so-
brevivência, como acontece nos grandes conflitos que incidem da necessidade prioritária 
de estabelecer a ordem. 
A alma Concupiscente concebe o irracional, em que há a busca pela satisfa-
ção das necessidades do corpo. Essa alma compreende o homem injusto, mas que usa 
a moderação para obter um autodomínio do que se é desfrutado.
Cada grupo social tem sua virtude identificada pelo indivíduo e assim terá 
sua função específica. A política é, dessa forma, evidenciada na sociedade por meio do 
seu funcionamento, a natureza social formará uma política corrompida ou não.
A organização social ideal, conforme refletia Platão, é decorrente da estru-
tura da natureza das almas e das virtudes do ser humano que se traduziram no tipo de 
organização ideal para o desenvolvimento do grupo.
Fonte: Wikimedia Commons (2013).
Idealizava a política como uma ciên-
cia do Estado, pois considerava funções e divisões 
exercidas pelo Estado e as formas de governo.
A cidade está acima da formação so-
cial, pois é sobre o grupo que a política demonstra 
ser soberana. A cidade é uma comunidade forma-
da, no entanto, pelo lar e pelas vilas, que são os 
locais onde acontecem as relações do grupo.
A formação das cidades, de acordo 
com os pensamentos de Aristóteles (1965), deve-
ria ser apreciada da seguinte maneira:
Aristóteles (384-322 a.C.)
22
A vila é onde as relações acontecem naturalmente, devido ao desenvolvi-
mento social do homem, desde uma criança até um idoso. Nesse ambiente, as ações 
humanas são caracterizadas pela união e o local evolui segundo o dinamismo das neces-
sidades das pessoas, como o casamento.
O lar é a família e dessa união formam-se as vilas. A família deve suprir as 
necessidades básicas de cada um dos seus membros, por meio da educação. No lar, as 
relações de poder acontecem da seguinte maneira:
• A relação entre homem e mulher se desenvolve da forma mais natural pos-
sível, em que a necessidade básica é a geração de novos indivíduos. O poder está direcio-
nado ao homem, responsável por chefiar o lar, e a mulher obedece sem questionamentos.
• Na relação pai e filho é comum o pai obter o poder sobre o filho, que, por 
sua vez, deve respeitá-lo. É parte do dever do pai orientar e escolher a formação que o 
filho deve seguir.
• A relação entre o senhor e escravos se baseia no poder despótico, em 
que um homem priva a liberdade de outros, punindo-os para que realizem as funções 
que devem ser desempenhadas por eles.
Despótico - o poder isolado, arbitrário e absoluto de um déspota.
A cidade é o próprio fim evolutivo da natureza humana, pois é exatamente 
onde o ser político aperfeiçoa as suas necessidades. Dessa maneira é que a política, 
dentro das cidades, está na forma mais perfeita, já que há uma união social.
Fonte: Wikimedia Commons (2013).
A política é uma prática do homem que no 
governo tenta exercer o poder, buscando manter uma 
estabilidade por meio da ampliação de suas conquistas.
Na sua obra mais significativa, “O Prín-
cipe”, Maquiavel explica como se dão as conquistas, 
em meio a sucessos e fracassos dos reis. Os fenôme-
nos políticos seriam bem-sucedidos se o governante 
conseguisse conquistar e manter o poder sobre seu 
povo, por isso o poder estava centralizado nas mãos 
da tirania.
Para sustentar a autoridade, o rei deveria utilizar de todas as ferramentas 
necessárias para conduzir a sociedade a uma organização, esse é o princípio formula-
do por Maquiavel (2002) por uma das suas mais famosas frases: “Os fins justificam os 
Nicolau Maquiavel (1469-1527)
23
meios”. Cabe a esse governante saber empregar as estratégias que lhe convém, compe-
tindo ao rei entender o que acontece na sociedade. 
Contudo, Maquiavel (2002) analisou as situações que podem desviar a per-
manência do rei no poder, são elas:
• A Virtú – é a capacidade do político de controlar as mudanças que podem 
acontecer, ou seja, a Fortuna. O próprio autor identificava no homem uma natureza dife-
rente que é manter a mesma conduta, sem tentar modificá-la,por isso tantos fracassos.
• A Fortuna – manifesta as circunstâncias que influenciam a política e é um 
desafio ao representante, já que seu surgimento é algo desconhecido e imprevisível.
Refletindo sobre a política, o pensador a caracteriza como uma prática reali-
zada pelo governo para manter a sua estabilidade e a da sociedade.
Fonte: Wikimedia Commons (2013).
Em suas teorias, o autor compreende na 
política um regime de regras que o homem aceita, 
abdicando de sua própria liberdade para obter be-
nefícios, concebendo desse modo o Contrato Social.
Percebe em sua obra “Leviatã” que exis-
tem tipos de estados que se observam na vida social 
dos homens, consistindo em: o natural e o político-
social.
O estado natural corresponde à condição 
em que o homem vive isolado, sem lei nem repre-
sentantes, não há uma organização e o que existe é a vida com plena liberdade. Como 
afirma Hobbes (1979, p. 78), “a vida é solitária, pobre, vil, bruta e breve”. É nesse estado 
que o homem é considerado um selvagem.
O estado natural é a passagem para o estado político, que é analisado como 
o início da esfera coletiva e adquire nesse meio a segurança, os direitos e os deveres, já 
que há um governo estabelecido.
Desenvolveu a ideia de que o caos político era originado da falta de um go-
verno absoluto e adequado. Para o autor, só há paz e felicidade para o indivíduo dentro 
de uma comunidade, quando houver uma obediência a um soberano legítimo.
Uma vida sem soberania é para o indivíduo a base para os conflitos e a 
luta por uma sobrevivência na sociedade, gerando, assim, motivos pelos sentimentos 
Thomas Hobbes (1588-1679)
24
John Locke (1632-1704)
Fonte: Wikimedia Commons (2013).
Conduzia a discussão que a vida política 
é uma criação humana, independente das teses di-
vinas; dessa forma, o indivíduo é livre e deve agir 
como lhe convém, contanto que não traga malefícios 
na vida de nenhum outro.
O estudioso via na sociedade um crescimen-
to rápido e desordenado, por isso ele acreditava que 
no momento que o homem percebeu essa modificação 
criou leis e regras que conduziram a ordenação social.
Outro fator de extrema relevância para a valorização do indivíduo é a edu-
cação, que é a premissa para a informação e o conhecimento, embora para Locke o 
homem ao nascer não possui nenhuma forma de conhecimento e só a conceberá com o 
passar dos anos e com muita preparação. Partindo do pressuposto que o conhecimento 
é fundamental para que o homem compreenda a si próprio, percebe-se que a produção 
dos problemas é superada com as experiências adquiridas no cotidiano.
A doutrina política, como admitia o pensador, é anunciada pela lei civil que se 
contrapõe a lei racional, moral e natural, pois o ser humano tem direitos fundamentais à 
vida, conduta de sua natureza, mas em relação aos valores políticos, o sujeito não perde 
sua dignidade, contudo deve continuar com direitos e deveres.
Os direitos básicos dos indivíduos são a vida e a propriedade, que integram 
o estado natural do ser humano e se segue na vida em comunidade.
A sociedade civil tem a função de proteger os interesses individuais e condu-
zi-los a uma ordem justa. É no Poder Legislativo que devemos considerar a força social, 
já que é onde está a representação do povo.
Em “Tratados de Governo”, o filósofo propunha que o livre consentimento 
dos indivíduos era a base de um governo autêntico, em contraponto há a obediência dos 
governados perante os governantes que regem o bem-estar de todos.
A ideia de que o povo deveria ter o seu bem-estar garantido significava 
para Locke que os políticos teriam esse papel bem fundamentado, já que era um tipo 
de contrato social, pensamento também explorado por Hobbes. No momento em que a 
população se sentisse explorada e oprimida, ela teria o direito de se opor, manifestar e 
rebelar contra seus opressores.
irracionais. Quando se tornam racionais, os sujeitos tendem a buscar um governo que 
na sua soberania invista na paz e no bem-estar geral; contudo, esses homens perdem 
o seu direito natural e mudam suas condições em prol de um Estado absoluto.
25
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
Fonte: Wikimedia Commons (2013).
Dedicava seus estudos ao livro “Do 
Contrato Social”. Nele, associava a mudança da 
natureza do homem à sociedade, sendo ela regida 
pela política.
 
Ao modificar a sua natureza, o ho-
mem não abandona as suas essências, a liberda-
de e a igualdade, mas passa a seguir os valores da 
sociedade. A vida social, no entanto, decorre do 
contrato ou pacto dos interesses do indivíduo, ou 
seja, das suas perspectivas para o seu bem-estar.
A sociedade é constituída pelo homem 
por meio de um acordo estabelecido por sua von-
tade e seus valores. O acordo é constituído pelo 
grupo social por meio de uma assembleia, que é soberana nas suas decisões e expressa 
os interesses do povo. O governante, entretanto, não possui uma soberania diante dessa 
assembleia.
Rousseau (1978, p. 36) diz que: “O que o homem perde pelo contrato social 
é a liberdade natural e um direito ilimitado a tudo quanto aventura e pode alcançar. O 
que com ele ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui”.
Em suas concepções, analisou o Estado de Direito, que retratava a vontade 
do povo. Para ele, nas mesmas condições em que o Estado se encontrar, o grupo tam-
bém estará. Se o Estado manifestar um enfraquecimento econômico, o povo em geral 
sofrerá as consequências, perdendo sua liberdade e seus bens.
Ainda que o indivíduo seja um ser social por natureza, alguns princípios e 
ações estão acima de qualquer necessidade ou impulso, como os conflitos e guerras, que 
são consentidas pelos Estados. O conflito, segundo o autor, é uma instituição, enquanto 
o Estado, que é seu precursor, é o corpo artificial que o conduz.
Suas concepções estão fundamentadas na ideia de que os cidadãos deveriam 
participar da política, já que vivem em um sistema de leis, porém só devem obedecer 
se realmente participarem de sua elaboração. Esse é o pensamento que ele acreditava 
ser formador de uma democracia ideal, com a vontade e aceitação de todos, que era a 
consolidação para a soberania popular.
A descrição da vida social em “Discurso sobre a Origem da Desigualdade 
entre os Homens” é abordada pela forma como as pessoas eram. Para Rousseau (1978), 
inicialmente as pessoas boas viviam em sua inocência e de forma isolada.
26
Biblioteca da Disciplina
Na obra “Do Contrato Social”, Rousseau (1978) articula seus ideais em uma das frases 
mais reconhecidas - “o povo, por ele próprio, quer sempre o bem, mas, por ele próprio, 
nem sempre o conhece”.
Acesse a Leitura Complementar 1, na Biblioteca da Disciplina, e conheça melhor a obra 
desse filósofo político.
John Stuart Mill (1806-1873)
Fonte: Wikimedia Commons (2013).
Na edição “O Governo Repre-
sentativo”, esse economista e filósofo apre-
sentou um sistema político pautado na par-
ticipação do povo e nos direitos iguais, com 
o devido amparo para a classe minoritária e 
com a expressividade das elites intelectuais.
“Depois de todas essas conside-
rações, torna-se evidente que o único gover-
no capaz de satisfazer a todas as exigências 
do Estado social é aquele do qual participou o 
povo inteiro” (MILL, 2000 apud PAULA, 2007, 
p. 80).
A partir da divisão social do trabalho e da iniciativa privada surgiram as de-
sigualdades, que só poderiam ser alteradas se houvessem regras e leis regidas por um 
Estado soberano.
A figura política delineada por Mill (2000) está relacionada diretamente ao 
social e nessa condição devem ser consideradas as seguintes análises:
• A liberdade do homem, que pode ser limitada pela sociedade ou preser-
vada pelo direito individual de cada cidadão.
• O princípio da vida útil do homem, na sua participação ativa na sociedade.
• Os procedimentos metodológicos das ciências sociais.
• A formação do governo representativo.
27
Influenciado pelo Utilitarismo do filósofo inglês Jeremy Bentham, Mill (2000) 
condicionou como objetivo dasleis oferecer à população a felicidade para sua existência 
sem sofrimento e dor. Com a felicidade, o povo tende a se desenvolver e gerar riqueza.
O preceito Utilitarista se apresenta como uma conduta ética para o homem 
e para as leis sociais. Na visão geral, o Utilitarismo é motivado por potencialidades ou 
princípios que devem ser seguidos:
• A ética consequencialista – a ação do sujeito moralmente correta é a que 
maximiza a felicidade para todos de forma igualitária, com a devida justiça e, portanto, 
tornando-a duradoura.
• O bem-estar social – a ética e a moral são os alicerces para o estado de 
bem-estar do indivíduo.
• A utilidade – é a base da contribuição e participação do homem para a 
busca pela felicidade, sendo assim útil para as atuações do grupo.
O autor diferencia as formas de prazer do homem como:
• Prazer Físico – é o prazer por necessidade, temos como exemplo beber e 
comer.
• Prazer Espiritual – definido como o prazer ligado as indigências do pen-
samento, do intelecto e da estética, percebemos como exemplo a apreciação da arte, a 
leitura de um livro, o ato de compartilhar informações e ensinamentos.
Para que a felicidade esteja presente na humanidade, com ausência do so-
frimento e da dor, é necessário entender que o prazer é um dos principais fatores que 
causam a felicidade qualitativamente.
Não há nenhuma dificuldade em demonstrar que a forma ideal de go-
verno é aquela em que a soberania, o poder supremo do controle em 
última instância, pertence à massa reunida da comunidade; aquela em 
que todo cidadão não apenas tem uma voz no exercício do poder su-
premo, mas também é chamado, pelo menos ocasionalmente, a tomar 
parte ativa no governo pelo exercício de alguma função pública, local 
ou geral (MILL, 2000 apud PAULA, 2007, p. 79).
Essa é a política evidenciada por Mill (2000), uma política que deve ser 
representada pelo bem-estar duradouro da comunidade, mas ela deve ter uma partici-
pação intensa na soberania do sistema público, pela valorização das ações práticas, da 
consciência moral e da liberdade individual.
Vimos que diversos autores discutem sobre política, seja na definição ou nos 
elementos que dela fazem parte, ainda que alguns a designam como especificamente 
28
FIGURA 2 – Contextualizando a Ciência Política
Fonte: Elaboração própria (2012).
Os atores pautados pelo caráter político foram, entre outros:
• Os grupos do Estado, com os ministros, burocratas, juízes, coletores de 
impostos.
• Os elementos urbanos emergentes, desempenhados pelos artesãos e 
suas corporações de ofício, comerciantes, prestadores de serviços.
• Uma intelectualidade que, embora dividida partidariamente e, portanto, 
dependente quase sempre da Igreja e militares, passou a constituir um fator de poder.
• Os grupos, em geral das camadas inferiores e muitas vezes participantes 
de desordens e sublevações, envolvidos em movimentos heréticos ou de oposição às 
doutrinas religiosas dominantes.
Heréticos - que diz respeito à heresia, doutrina que se opõe aos dogmas da Igreja.
A finalidade e o desígnio político é disponibilizar a segurança para a vida e 
garantir os interesses humanos, independentemente do ator político.
Em todos os aspectos da vida podemos perceber a presença da política, con-
sistindo no ambiente em família, no trabalho e em grupo. As ações devem ser pautadas 
na ética e na moral e cada indivíduo deve respeitá-las diante das leis e regras conduzidas 
pelo Estado para um bom convívio.
um tema da atividade do Estado, enquanto outros a descrevem como referência ao po-
der, ou a percebem dentro da esfera pública quando se discute o papel do cidadão e do 
conjunto que ele forma, ou seja, o grupo social.
29
QUADRO 3 - Estrutura da ciência política como metodologia e prática
Objetos de estudos 
direcionados a política
Estado, Nação, Governo, Parlamento, Pátria, Soberania, Con-
gresso, etc.
Sistema Político Formas de Governo.
Formas ou tipos de 
Governo
Monarquia, República, Império, Anarquia e Despotismo.
Campos da Política Geopolítica, Política Internacional, Diplomacia, Política Econô-mica, Metapolítica.
Os Poderes Políticos Executivo, Legislativo e Judiciário.
Tipos de Poder Oligarquia, Monarquia, Meritocracia, Coronelismo, Aristocracia e Burocracia.
Sistema de Ideias Comunismo, Fascismo, Nazismo, Socialismo, Liberalismo, Anar-quismo e outros.
Caráter Político Intervencionismo, Coletivismo, Colonialismo, Imperialismo e Nacionalismo.
Fonte: Elaboração própria (2012).
Muitos são os estudos voltados à ciência política que nos ajudam a compre-
ender seu funcionamento e a importância para a vida pública.
A partir de agora, vamos conduzir nossas discussões sobre os objetos de 
análise da política, daremos um enfoque nos atores políticos, indivíduo e sociedade, 
além do Estado e do governo, tratando inclusive sobre o poder desses atores.
O Indivíduo e a Sociedade
O indivíduo é o elemento que irá compor a sociedade, a qual, por sua vez, é 
a extensão desse indivíduo.
O homem é considerado um animal em sua origem, que possui aptidões 
básicas para sua sobrevivência no ambiente. Nos estágios da vida, esse indivíduo se 
aprimorou com a ajuda de meios que lhe favoreceram, como a educação e o convívio 
em grupo.
Um homem que vive isolado é determinantemente fraco em relação aos que 
vivem em conjunto, mas essa necessidade de formar uma sociedade é que vai tornar 
seus interesses mais amplos e fortes.
A partir dessas ideias surgiram associações, sindicatos, grêmios, assembleias 
e outras formas de se buscar o que é bom e fundamental para o senso comum. Essas 
constituições guiaram a vontade do povo e utilizaram a política como meio para demons-
trar, manifestar e conduzir suas aspirações.
A socialização decorre da existência dos indivíduos dentro de uma mesma 
comunidade, cabendo identificarmos esses tipos de extensões desenvolvidas pelo sujeito:
30
Toda ação visa a algum fim, e as regras de ação, como parece natural 
supor, devem tomar todo o seu caráter e aspecto do fim a que são 
subservientes. Quando nos engajamos numa busca, uma concepção 
clara e precisa do que estamos buscando deveria ser, segundo parece, 
a primeira coisa de que necessitamos e não a última por que ansiamos 
(MILL, 2000, p. 178).
As ações visam ao bem-estar, à segurança, à paz e na visão do indivíduo, 
como um ser egocêntrico, a sociedade é um conjunto formado por ele; dessa forma, só 
se precede a sociedade por meio da união e reprodução dos interesses.
O indivíduo em sua visão política origina o cidadão que forma a sociedade. 
Como cidadão, o indivíduo conduz dentro do grupo as classes sociais que discutiremos 
com mais exatidão nos capítulos a seguir.
Continuando com os legados políticos, convivemos com as discussões pauta-
das em torno do Estado, mas devemos nos perguntar:
Quem é o Estado?
Como surge o Estado?
• Socialização Primária – tem caráter construtivo da identidade de uma 
pessoa, inicia-se na fase da infância com o conhecimento da linguagem e é nesse mo-
mento que o indivíduo se torna membro da sociedade.
• Socialização Secundária – nessa fase, o indivíduo já se encontra sociali-
zado. Contudo, com as mudanças que acontecem, como a divisão social do trabalho e a 
divisão de classes, e com a chegada de novas situações e grupos na sua vida, ele precisa 
de extensões para facilitar a comunicação com outros seres humanos.
Embora o indivíduo se fortaleça e adquira muitos conhecimentos na vida so-
cial, pode-se dizer que também há o oposto e ele é inibido em suas ações pela sociedade.
Com a criação dos regulamentos e leis, o cidadão deve respeitá-los e obe-
decê-los para não sofrer represália. Em síntese, ao mesmo tempo em que existem os 
direitos há também os deveres a serem cumpridos para uma sociedade justa e iguali-
tária. Para alguns autores, esse discurso não passa de utopia diante de tanta violência, 
corrupção e desigualdades em todo o mundo.
A dependência é o que caracteriza e traduz a origem das comunidades, que 
nos processos históricos relevarama questão da divisão das funções para que todos 
tivessem sua função bem fundamentada.
Nos seus estudos, Mill (2000) revelou que o social está acima de qualquer 
atuação do homem, por isso vem em primeiro lugar, enquanto que determinadas atitu-
des do indivíduo são influenciadas por todo o grupo.
31
O Estado
O Estado é formado por um conjunto de elementos para uma dominação 
política e só será realmente formado se houver os seguintes elementos:
• O território (espaço)
• A população
• O governo
O conceito do Estado sempre foi uma abordagem que trouxe discussões em 
todo o mundo, o seu significado é denominado no dicionário como uma nação politica-
mente organizada por leis próprias, tendo o conjunto de poderes políticos que regem o 
governo dessa nação.
Segundo Aristóteles (1965), o Estado é um fato natural e aquele que vive 
fora da sociedade devido a sua própria constituição e não por casualidade é, por certo, 
ou um ser degradado, ou um ser superior à espécie humana. Dessa maneira, pode-se 
afirmar que a sociedade faz parte do Estado e incorpora seus valores nas relações com 
os indivíduos e as organizações, pautando as leis que devem ser regidas para o bem-
estar de todos.
Qual o papel do Estado?
E como se relaciona o Estado com o indivíduo, a sociedade e a política?
Perguntas essas que vamos entender e responder agora com as temáticas 
que envolvem o Estado.
O fenômeno social é produto da interação que se concretiza numa con-
figuração – ambiente físico, complexo cultural, momento histórico –, 
alicerçando em valores e padrões, objetivando uma finalidade psicos-
social, econômica, política, cultural, conectada com os papéis sociais 
dos participantes, tendo em vista não só a estabilidade estrutural, mas 
também as contínuas transformações e respectivos fatores (CASTRO, 
2009, p. 28).
O governo emana da institucionalização do poder, fundamentado no direito 
e na legitimidade que são inerentes ao poder social pela organização política. Assim, o 
Estado é apresentado como instrumento da vontade da maioria, com o seu funciona-
mento segundo determinadas normas, ou seja, é o domínio direto de certas atividades 
de interesse da sociedade.
O Estado deve manter o equilíbrio da sociedade de classes, atuando sempre 
e garantindo seu desenvolvimento. Ao mesmo tempo, compete ao Estado reger as dire-
trizes que deverão ser ditas em prol dos indivíduos, uma vez que do indivíduo convergem 
as diferentes ideias dos interesses estatais.
32
Atenção
A legitimidade oriunda da vontade nacional. Ao contrário da legitimidade monárquica, 
permanece, no final das contas, sujeita à revisão. Tudo depende da maneira pela qual o 
governo reconhecido como legítimo se comportará.
De acordo com Georg Jellinek (apud PORFÍRIO, 2006), o preceito dos quatro 
status foi desenvolvido nos plausíveis níveis do indivíduo na sua relação com o Estado, 
caracterizando-se por:
• Passivo – pressupõe que o indivíduo encontra-se em caráter de depen-
dência com relação aos domínios públicos. Assim, o Estado tem domínio para atrelar o 
indivíduo, por meio de preceitos e impedimentos.
• Ativo – concebe a força do indivíduo de interferir na concepção da von-
tade do Estado. Sendo uma clara manifestação dos direitos políticos, o status ativo do 
indivíduo concretiza-se, sobretudo, pelo voto.
• Negativo – idealiza o espaço que o indivíduo tem para agir livre da atua-
ção do Estado, podendo se produzir sem intervenção estatal.
• Positivo – incide na possibilidade do indivíduo estabelecer ações positivas 
do Estado a seu favor, de acordo com o seu interesse.
O traço fundamental da política está na defesa de interesses, que representa 
um desdobramento do conflito entre os Estados. Assim, a crise política no mundo deriva 
da necessidade dos governos em conduzir a força para o seu benefício.
O papel principal do Estado é manter uma organização social, pautada sobre 
obrigações e direitos iguais. Por isso, são divididos em três grupos de funções essenciais 
básicas:
1. A função técnico-econômica – trata do ato de viabilizar o componente 
econômico das camadas dominantes da sociedade.
2. A função ideológica – estabelece a conformidade e o acordo humano nas 
ideias, ou seja, no consenso.
3. A função política – incide na coerção e na luta de classes.
A acepção de Estado, segundo a história, foi exatamente o de um agente 
que reivindicava o direito pela legitimidade e detinha o poder dos recursos para ins-
tituir e atribuir determinados preceitos e normas que construíam bases sólidas para o 
comércio que se desenvolvia pelas negociações em um território.
33
O sociólogo Max Weber (apud PEREIRA, 1995) visualizava no Estado a con-
figuração da ordenação política e institucional, que detém o poder legítimo que estabe-
lece o sistema jurídico e econômico. Entretanto, o governo e a força pública originam 
o aparelho do Estado que, diante de uma organização bem consolidada, se pratica em 
toda sociedade.
A premissa do Estado Moderno encontra-se em duas vertentes diferentes: 
a primeira é a soberania do Estado, que reflete a autonomia de sua autoridade, e a se-
gunda é a distinção entre Estado e sociedade civil, que se comprova com a ascensão da 
sociedade.
A constituição do Estado Moderno encontra-se justamente na competição de 
vários pretendentes à hegemonia. Entende-se que a soberania é, sem dúvida, o alicerce 
da ideia de Estado Moderno.
Existem dois tipos de Estado que determinam o modo de atuação aplicado 
ao conceito moderno, o Estado Regulador e o Estado Mínimo. O primeiro é diligente 
quanto à forte determinação em buscar interesses provenientes dos ideais soberanos. O 
segundo é dirimente às realizações para o bem-estar da sociedade.
Diligente - que tem ou denota diligência; ativo, aplicado, zeloso, cuidadoso.
Dirimente - que dirime, que resolve; decisivo, conclusivo, terminante.
No Estado Contemporâneo, os dois tipos de Estados delineiam a sociedade 
no que tange as perspectivas, pois não há mais lugar para um aparelho estatal relaciona-
do só ao poder e à opressão, tornando-se um Estado Mínimo, ou seja, devendo apenas 
manter a ordem e administrar a justiça, visando ao bem-estar da sociedade.
O Estado Mínimo é considerado dirimente em referência ao bem-estar social, 
pois tem como papel resolver, solucionar os problemas que podem surgir, a exemplo de 
uma crise. 
O Estado Regulador, embora seja analisado sob a ótica repressora para im-
por a ordem, é considerado como diligente, pois zela e vigia pela sociedade rapidamente 
para que as consequências dos efeitos produzidos sejam mínimas.
O Estado não possui, por sua própria natureza, a plenitude das compe-
tências e reconhece a presença a seu lado de outras entidades neces-
sárias e complementares (organizações internacionais). Isso significa 
que, na práxis constitucional, a comunidade dos Estados substitui por 
si mesma, a nível nacional, seus poderes de imperium por um nível ou 
momento parcial de sua soberania total (PANEBIANCO apud FIGUEIRE-
DO, 2009, p. 155).
34
Diferente do Estado Mínimo, que busca uma sociedade melhor, o Estado 
Regulador é caracterizado pela necessidade de ordem, de imposição ao ordenamento 
jurídico. O Estado Regulador tem como premissas as leis, normas e contratos, respon-
sáveis por fazer com que a vida social seja ministrada e amparada pela máxima jurídica.
O Estado Regulador não estabelece profundas reformas econômicas, mas 
sim expressivas transformações políticas.
Em consequência ao Estado Moderno surge o Estado Liberal, representando 
as revoluções liberais, que defendem a autonomia e a liberdade individual política, eco-
nômica e social. Exatamente nesse Estado percebemos o aparecimento dos ideais dos 
Direitos Humanos.
Como ressalta Richard Sennett (apud BAUMAN, 1999, p. 62): “Numa ge-
ração anterior, a política social baseava-se na crença de que as nações, e dentro delas 
as cidades, podiam controlar suas riquezas; agora, abre-se uma divisão entre Estado e 
economia”.
No período moderno, o Estado tornou-se a formamais difundida de organi-
zação política da sociedade e, consequentemente, as organizações militares e policiais 
são garantias ao Estado de capacidade de supremacia e fazer respeitar as suas decisões.
Disposto de poder extroverso, o Estado, por assumir a função de um apa-
relho ou de uma organização burocrática, é distinto das formas organizacionais que se 
encontram na sociedade, compreendendo que seu poder é mais extenso e fundamental 
para reger os cidadãos.
Biblioteca da Disciplina
Para saber mais sobre o Estado e as formas de propriedade, acesse a Biblioteca da Dis-
ciplina para ver a Leitura Complementar 2 – “Plano Diretor da Reforma do Aparelho 
do Estado”.
O aparelho ideológico do Estado, concebido pelo filósofo francês Louis Al-
thusser (1980), consiste nas formas de instituições que agem no âmbito da comunidade 
para o seu desenvolvimento.
São tipos de aparelhos do Estado:
• Aparelho Repressivo – faz parte do domínio público, como a política e o 
sistema jurídico.
35
• Aparelho Ideológico – considerado de domínio privado e exerce sobre o 
sujeito um consenso moral e ético, como a família, a escola e a Igreja.
As instituições asseguram aos indivíduos as diretrizes adequadas para um 
bom funcionamento social, incluindo as organizações privadas que auxiliam no fortale-
cimento do Estado.
Em referência ao poder do Estado, no entanto, percebemos que como apa-
relho ideológico ele tem a capacidade e o domínio da esfera popular, determinando a 
legislação e os tributos que devem se incidir sobre ela.
Indica-se que a população existente em um território, por sua vez, caracte-
riza-se como o povo, com direitos de cidadãos e se organiza em sociedade civil. A união 
do Estado e da sociedade configura o que conhecemos como Estado-nação.
O Governo
Vimos que o governo é elemento integrante do Estado, sua definição é rela-
cionada ao desígnio das ações que devem conduzir o grupo social e seu território. Esse 
governo pode ser limitado, ou seja, suas ações são restringidas a determinada localida-
de, ponderando as esferas:
• Local
• Regional
• Nacional
O exercício do poder do Estado é fazer referência ao governo, sendo o guia 
para a política da população. Compreende-se por governo o órgão que, por lei, possui 
um poder, o Poder Executivo de uma sociedade. O governo em questão, em âmbito 
nacional, possui na estrutura um presidente, um vice-presidente ou primeiro-ministro 
e seus respectivos secretários. O Poder Legislativo corresponde ao Senado e aos depu-
tados, já o Poder Judiciário corresponde ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e aos 
Tribunais Superiores.
Locke (1994) identifica o contrato como a base para a atuação do governo e 
das suas limitações. Os contratos definidos na relação entre sociedade e Estado formam 
as diretrizes para os interesses comuns.
Nas formas de governo, os contratos caracterizam-se pelo funcionamento do 
poder do Estado e da sua organização, que fazem parte do processo natural de desen-
volvimento desse Estado. Em cada parte do contrato devem ser indicados os papéis a 
serem cumpridos pelo Estado, já que é o representante do povo.
36
Segundo Aristóteles (1965) e alguns renomados pensadores de sua época, 
as formas de governo possuíam tipos adequados para sua ordenação: monarquia, aris-
tocracia e democracia. Essas são, no entanto, as mais importantes e existentes para o 
período em que se viviam as sociedades dos intelectuais.
Existem tipos de governo caracterizados pela forma com que se divide o po-
der, ou então como é sua estrutura política. Vamos conhecer alguns dos principais tipos 
ou formas de governo:
• Monarquia – regida pelos reis.
• Ditadura – gerida por um líder opressor.
• Oligarquia – concentração de poder nas mãos de um pequeno grupo.
• Despotismo – é o governo de um chefe de Estado com poderes ilimitados, 
que tem o domínio pleno e único.
• Democracia – é a forma de governo em que há a administração pela von-
tade do povo.
• Aristocracia – a dominação do poder está nas mãos da classe dominante, 
elitista. O que para Aristóteles (1965) era uma das melhores formas de governo por ter 
os melhores e mais informados cidadãos.
Com a separação dos poderes e o declínio de algumas dessas formas de po-
der classificadas por Aristóteles (monarquia, aristocracia e democracia), surgiram novas 
formas para conduzir as necessidades do povo, classificadas em formas de governo: par-
lamentar, presidencial, convencional ou de assembleia. Ainda discutiremos essas formas 
nos próximos capítulos.
Voltando ao governo, o estado natural do indivíduo não o reconhece, já que 
não se considera entrelaçado às regras por ele impostas.
Para Giddens (2005, p. 343), “o governo refere-se à representação regular 
de políticas, decisões e assuntos de Estado por parte de servidores que compõem um 
mecanismo político”. É o governo que deve desempenhar as atividades originadas pela 
política do Estado.
Devemos lembrar que governo não possui o mesmo significado de Estado, 
pois são distintos e cada um tem o seu papel. O governo adere ao poder (como no 
exemplo da democracia, que acontece pelas eleições), cumpre com as suas delegações 
e retira-se, uma vez que o Estado continuará a ser igual e inflexível e estará presente 
nos governos continuamente. Em síntese, pode-se descrever o governo como o conjunto 
dos órgãos dirigentes de um Estado, que proclama o poder estatal pela ordem jurídica.
O governo é vital para uma regulamentação da vida pública. Segundo 
Schwarzenberger (1971), os diversos conceitos que são oferecidos como alternativas 
quanto ao conhecimento de soberania, assim como na síntese da convivência ativa e 
37
O Poder
Encontramos a manifestação do poder de diversas formas e em diferentes 
situações do nosso cotidiano, seja no ambiente de trabalho, na busca por um desen-
volvimento ou numa perspectiva melhor de vida. Dessa maneira, podemos citar como 
exemplo o domínio de um chefe sobre o seu empregado.
Apresentaremos algumas concepções sobre poder, formuladas por diferentes 
estudiosos, para melhor definir o termo:
• Segundo o sociólogo Amitai Etzioni (1989), o poder é uma capacidade de 
um indivíduo em desvirtuar o outro para que ele siga a orientação desejada.
• Para o pensador francês Michel Foucault (1992), o poder é algo que se 
exerce em sociedade, sem distinções.
• Para a filósofa política Hannah Arendt (apud SOUZA, 2008, p. 119-120), 
o poder é o adverso da violência, pois ocorre em comum acordo:
pacífica ou interdependência social, parece representar uma conjuntura complexa. No 
entanto, com base nessa concepção do autor, podemos perceber que os avanços e retro-
cessos sociais são consequências das ações que regulamentamos pelas nossas próprias 
leis, que inclusive são dirigidas por um governo.
O ‘poder’ corresponde à habilidade humana de não apenas agir, mas 
de agir em uníssono, em comum acordo. O poder jamais é propriedade 
de um indivíduo; pertence ele a um grupo e existe apenas enquanto o 
grupo se mantiver unido.
Com efeito, o poder nasce da natureza humana, da vontade de comandar e 
de impulsionar sua vida social. Contudo, na condição de Estado, o poder é analisado sob 
três tipos de ideologias do poder moderno:
• O Poder Econômico – materializa-se na conquista do poder, viabilizando o 
componente econômico pelos sistemas produtivos e no interesse do indivíduo em obter 
os ganhos.
• O Poder Ideológico – o poder estabelece consenso diante das ideias para 
fazer parte do grupo.
• O Poder Político – advém do poder da coerção do governo e de outros 
grupos.
Independentemente do tipo de poder, o que institui esse domínio é a força 
do homem, enfraquecendo o outro e aproveitando a sua capacidade de se organizar.
Segundo Aristóteles (1965), podemos vislumbrar três formas de poder clássico:
• Poder Político – a forma administrativa de poder está inclusa nesse grupo, 
já que consiste no interesse do governante e dos governados.
38
• Poder Despótico – é a influência do Senhor da propriedade, assim, nesse 
tipo de poder,há o interesse do Senhor em manter o controle sobre os seus escravos.
• Poder Paterno – tipo de poder relacionado entre o chefe familiar e seus 
filhos, que são os maiores beneficiários e interessados, já que receberão o poder direto 
do pai.
Da mesma maneira que Aristóteles (1965), Locke (1994) avalia três formas 
de poder, embora conduza seu pensamento diferentemente:
• Poder Político – com o tempo, o homem abdica do seu estado de natureza 
e, consequentemente, consente o governo, é exatamente nesse consentimento que há 
o poder político.
• Poder Despótico – é o poder do indivíduo para seu próprio benefício, ao 
mesmo tempo em que é absoluto é arbitrário, fundamentando o poder como uma repre-
ensão por um delito cometido.
• Poder Paterno – esse poder é concebido pela natureza do ser humano.
O poder foi analisado e discutido em períodos diferentes, sendo dividido 
nas formas clássicas de poder, estudadas por Aristóteles e Locke, e um poder moderno, 
como os pensamentos refletidos nas condições que vivem a atual sociedade.
O problema que a política enfrenta é a dificuldade de entendimento da socie-
dade diante de uma intervenção forte emanada do poder estatal e também da superação 
das diversidades entre o poder e o papel que é instituído para a vida coletiva.
O modelo de poder moderno idealizado por Foucault (apud BAUMAN, 1999, 
p. 41) desenvolve o pensamento de que os atores possuem “na manipulação da in-
certeza a essência e o desafio primário na luta pelo poder e influência dentro de toda 
totalidade estruturada.”
Essa totalidade configura-se na remodelação ou nas mudanças realizadas no 
território para alcançarmos a perfeição, assim a sociedade deveria estar em um territó-
rio que estivesse uniforme e caberia ao Estado impor essa remodelação por meio das 
regras.
39
Saiba Mais
A Liberdade só Existe com Lei e Poder
Liberdade e lei (pela qual a liberdade é limitada) são os dois eixos em torno dos quais 
gira a legislação civil. Mas, a fim de que a lei seja eficaz, em vez de ser uma simples reco-
mendação, deve ser acrescentado um meio-termo, o poder, que, ligado aos princípios 
da liberdade, garanta o sucesso da lei. É possível conceber apenas quatro formas de 
combinação desse único elemento com os dois primeiros:
a) Lei e liberdade sem poder (Anarquia).
b) Lei e poder sem liberdade (Despotismo).
c) Poder sem liberdade nem lei (Barbárie).
d) Poder com liberdade e lei (República).
Fonte: Kant (2006, p. 225).
A legitimidade do poder corresponde a uma intensa e significativa mudança 
do aparelho político do Estado, que incide na coexistência das formas clássicas do Estado 
de bem-estar social (Welfare State).
O poder pode ser imposto ou também pode ser de forma mais perspicaz, 
isso depende de quem está utilizando e com qual finalidade.
Compreendemos em algumas situações o abuso de poder, seja pela agres-
são de uma pessoa forte em relação a uma fraca, a imposição da vontade de alguém 
diante de uma situação, como vemos nos filmes quando os bandidos infligem as regras 
e dominam os outros indivíduos que estão contra eles.
No abuso de poder, a dominação de um soberano ou de uma autoridade 
máxima, muitas vezes, ultrapassa qualquer limite dos princípios vigentes, ou seja, é ile-
gítimo. O abuso de poder pode ser cometido em qualquer condição, independe da classe 
e do local em que se encontra.
O poder está na dominação política, econômica e social, o que o determina 
é o objetivo do indivíduo ou grupo.
O indivíduo ou o grupo dotado de poder pode influenciar o comporta-
mento e os resultados de outras pessoas. Pode conseguir o que quer de 
acordo com seus interesses. O poder influencia quem consegue o quê, 
quando e como (MORGAN, 1996, p. 163).
Do mesmo modo que no governo delineamos os seus tipos, há ainda as 
formas de poder que são desempenhadas na sociedade, seja dentro da organização ou 
fora dela, que são:
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Dica de Vídeo
Filme: A Duquesa
Original: The Duchess
Ano: 2008
Direção: Saul Dibb
Duração: 110 min.
Gênero: Drama
Sinopse: O filme é um registro da vida da aristocrata Georgiana Cavendish, 
Duquesa de Devonshire, que viveu na Inglaterra de 1757 a 1806, a qual se 
reconhece pela sua extravagância política e vida pessoal.
Georgiana casou jovem com o distante e mais velho Duque de Devonshire, 
íntimo de ministros e príncipes, e tornou-se um ícone de moda, uma mãe de-
vota, uma astuta figura política e a mulher mais adorada pelo povo inglês.
• O Poder Coercitivo – utiliza a coação e a ameaça para atingir um determi-
nado fim. Podemos citar como exemplo quando um funcionário, em uma organização, é 
obrigado a realizar alguma tarefa contra sua própria vontade, sendo ameaçado a cumprir 
o que o chefe solicitou e ainda sob a possibilidade de uma repreensão. A punição não 
precisa ser necessariamente de forma física, ela pode ser psicológica.
• O Poder de Recompensa – diferente do poder de coerção, há nesse fato 
o consentimento de um indivíduo para satisfazer as necessidades de outro, porém com 
benefícios recíprocos. O poder surge na influência que o sujeito, ao oferecer algo, exerce 
sobre a outra pessoa. Um exemplo é quando ao pedir um favor a um colega se oferece 
em troca um dinheiro ou uma informação que seja relevante no trabalho, numa promo-
ção ou uma gratificação sobre a venda de um determinado produto, atingindo as metas 
da empresa, isso é uma forma de poder. Até um simples elogio conquistado é parte 
desse princípio. É a troca que caracteriza esse tipo de poder na sociedade.
• O Poder de Competência – de acordo com Bowditch e Buono (1997, p. 
118), “é baseado no domínio de um indivíduo sobre certos assuntos, se isso for perce-
bido como um recurso valioso”. O poder é influenciado na forma de conhecimento e na 
capacidade que um indivíduo tem em relação aos principais acontecimentos que envol-
vem a comunidade.
• O Poder de Referência – esse poder acontece por meio do carisma de um 
indivíduo e da identificação que as pessoas têm com ele, seja pelos recursos que possui 
ou pela característica física.
As ações políticas se moldam nas extensões legítimas, consideradas natu-
rais, e ilegítimas, que violam as leis e regras.
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É estudando e compreendendo os conceitos e principais ideias que chega-
remos a delinear a ciência política. No próximo capítulo, continuaremos contemplando a 
política pelos sistemas que a compõem e seu reflexo nas organizações.
Resumo
• A ciência social é composta pelo estudo da vida do indivíduo e do grupo.
• Identificar, analisar, observar e explicar compõem a dinâmica da ciência.
• O Estado é a base e o suporte do poder político.
• Os direitos básicos dos indivíduos são a vida e a propriedade.
• O aparelho ideológico do Estado é a instituição, privada ou pública.
• O traço fundamental da política está na defesa de interesses.
• O reflexo do poder na política é instituído pelo domínio e pela força do 
homem.
• O poder se encontra na dominação política.
Atividades
1. Explique o conceito das expressões ciência e política, evidenciando a relação entre 
ambas.
2. Diferencie as ciências formais, das naturais e das sociais.
3. Quais as contribuições romanas para o desenvolvimento político?
4. Dê exemplos de situações cotidianas em que política esteja presente.
5. O que a vila representa para Aristóteles na sua concepção de cidade?
6. O que você entende quando Maquiavel menciona que “Os fins justificam os meios”?
7. Como Hobbes compreende a política?
8. Complete a afirmativa com o nome do pensador: 
Influenciado pelo Utilitarismo do filósofo inglês Jeremy Bentham, ______________ con-
dicionou como objetivo das leis oferecer à população a felicidade para sua existência 
sem sofrimento e dor.
9. Qual a função do Estado? Considerando os dias atuais, você concorda que o papel do 
Estado é bem desempenhado?
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Anotações
10. Qual dos aparelhos ideológicos do Estado é considerado de domínio privado e exerce 
sobre o sujeito um consenso moral e ético, como exemplo a família, a escola e a Igreja?
11. Explique o que éPoder de Competência.
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o sistEma PolítiCo E o rEflExo nas organizaçõEs E PolítiCas EmPrEsariais
Capítulo 2
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No capítulo anterior, estudamos o conceito e a evolução da ciência política, 
tratamos ainda das formas de governo, também chamadas de sistema político, pelas 
quais o Estado exerce seu poder sobre a sociedade, tendo como base um conjunto de 
instituições reguladoras do poder entre governantes e governados.
Todo e qualquer indivíduo observa a sua própria vida e quais os objetivos 
que deve seguir para ter uma boa aceitação e participação na comunidade. Essa obser-
vação, presente no primeiro capítulo, é o papel da ciência, que inicia a discussão pre-
determinando os fatores, somente a partir disso é que temos um aprofundamento das 
necessidades humanas e suas consequências.
A ciência política, percebemos, é uma ação, não apenas dos cientistas, filó-
sofos e sociólogos, mas também de todos os indivíduos que no seu cotidiano buscam um 
bem-estar, seja na família ou no ambiente de trabalho.
Nas organizações temos que seguir normas que regem o bom funciona-
mento de todo o trabalho, mas devemos nos perguntar: como isso está relacionado aos 
sistemas políticos?
Outro questionamento que devemos considerar é: quais políticas empresa-
riais vislumbram no cenário atual e quais atores estão inseridos nos processos?
As respostas irão nos conduzir por este capítulo. Vamos aprofundar os es-
tudos da ciência política, iniciando com a macropolítica, abordando resumidamente os 
tipos de política que se destacam no cenário mundial, depois analisaremos a composição 
dos sistemas políticos, nos modelos clássico e contemporâneo, além de pensar nas polí-
ticas dentro do ambiente organizacional.
Introdução
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Tipos de Conhecimento da Política
Quando pesquisamos sobre a macropolítica encontramos vários conteúdos 
que definem o tema e demonstram sua representação para diversos autores. 
Não há apenas a macropolítica como tipo fundamental de estudo, outros 
estudos também explicam como cada ser político irá se comportar ou o que deve fazer 
para atingir um público maior e em qual extensão.
Hoje, a ciência política vem sendo discutida pelas áreas que possibilitam 
uma maior compreensão dos temas que a cercam, seja em âmbito local ou mais amplo, 
ou apenas em uma condição que a fará discutir o aspecto social de uma maneira mais 
específica, temos assim alguns tipos de conhecimento da política:
FIGURA 3 – Síntese de Ciência Política
Fonte: Elaboração própria (2012).
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FIGURA 4 – Tipos de conhecimento da política
Fonte: Elaboração própria (2012).
A micropolítica
De forma sucinta, podemos dizer que essa área é a representação de um 
grupo de indivíduos que desempenham atividades, sem benefícios próprios, para que mais 
pessoas possam ter acesso e compartilhar os mesmos pensamentos e necessidades. 
A micropolítica é desenvolvida em âmbito local, sendo exercida por um grupo 
dentro da organização, ou de uma instituição privada, como funcionários ou alunos.
Sobre a micropolítica, prosseguiremos com nossos estudos no próximo capí-
tulo, de forma mais abrangente e completa.
A nunciopolítica
Trata sobre o tema comunicação da política, usando artifícios para uma me-
lhor transmissão das informações relacionadas às ideias e decisões de um grupo. No 
dicionário, núncio significa anunciador ou mensageiro, que tem como objetivo negociar, 
avisar ou dizer dados e elementos indispensáveis ao conhecimento.
A nunciopolítica, para os estudiosos, é uma elocução que utiliza várias ma-
neiras e canais para atingir uma finalidade, trazendo a público os conhecimentos neces-
sários para a organização política.
Elocução - modo de expressar-se, oralmente ou na escrita.
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Um exemplo claro é a propaganda política em época de eleição, quando o 
candidato, em sua oratória, apresenta seus projetos ao público para que ele seja esco-
lhido na hora da votação. Essas demonstrações formarão as atitudes e posicionamentos 
da população e dos seus governantes.
A comunicação é um fator decisivo nas organizações e na política; por esse 
pretexto, ela deve ser estruturada de forma que contribua para o desenvolvimento.
Na nunciopolítica é essencial entender o que se quer comunicar, equivalente 
a ideia central, que deve também ser bem direcionada para um público específico, que 
possui interesse nas informações dirigidas.
A metapolítica
A metapolítica é a extensão dos pensamentos políticos, a definição de meta 
é algo direcionado como fim a que se dirigem as ações ou os pensamentos de alguém. 
É ainda definida como resultados sucessivos a se obter de um trabalho.
No entanto, a metapolítica é a área que analisa as ideologias, os princípios, 
as doutrinas políticas, por meio das manifestações de cada pessoa ou de um grupo, e 
pelo seu comportamento sobre os assuntos mais pertinentes no mundo. Esse campo vai 
além do propósito político, consagrando o predomínio de temas como a tecnologia, a 
economia e a sustentabilidade para a sociedade.
A macropolítica
A macropolítica é a área da ciência política que, neste capítulo, daremos 
um enfoque mais completo. Portanto, vamos buscar um entendimento do conceito da 
macropolítica!
A palavra macro se traduz como algo amplo e que em conjunto com a polí-
tica torna-se um fenômeno das instituições para visar ao lucro ou a algum benefício por 
meio de suas ações e atividades.
A macropolítica pode ser realizada por um único indivíduo, assim como tam-
bém em grupos que se movimentam com determinado desígnio. 
Fica mais visível o conceito da macropolítica com os exemplos a seguir: um 
empresário, que desenvolve estratégias para obter as vantagens esperadas; uma orga-
nização, que busca lucros para os seus sócios e, ao mesmo tempo, faz investimentos 
futuros para que a empresa alcance novas perspectivas.
A macropolítica estuda desde o poder do indivíduo, como líderes ou lidera-
dos, até o processo complexo de regras e institucionalização de uma sociedade. 
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Partindo do princípio de que um sistema sempre está submetido a outro 
sistema maior de regras e contextos, e assim sucessivamente, é possível analisarmos 
que vivemos sob diversos níveis de sistemas, que envolvem os indivíduos e seus núcleos 
familiares, povos, cidades e nações, dos quais fazem parte a comunidade internacional 
como um todo. Portanto, a macropolítica é formada, segundo essa concepção, pela pró-
pria sociedade em geral.
O autor Mintzberg (1983), estudioso da Administração, identifica nas organi-
zações dois tipos de poder que se acentuam nas relações entre os indivíduos:
• O micro poder – provém de um plano menor, ou seja, dos interesses dos 
grupos internos da organização e se desenvolve a partir dos acordos e consentimentos 
das pessoas, o que para alguns caracteriza um jogo político.
• O macro poder – nesse cenário percebemos uma ligação interdependente 
da organização com os stakeholders, representados pelos atores externos da empresa, 
mas que contribuem para o seu desenvolvimento.
Saiba Mais
Stakeholders: é um termo inglês que indica uma pessoa, física ou jurídica, grupo ou 
entidade com interesse a um empreendimento que está diretamente interligado pela 
execução de ações comuns.
Na ciência política o ponto de partida é a própria macropolítica, que é um 
fenômeno amplo e superior estabelecido pelas análises do poder de todos os aparelhos 
do Estado, seja uma organização ou uma instituição pública.
Todas as ciências, a macropolítica, a micropolítica, a metapolítica e a nuncio-
política, seguem o mesmo enfoque, que é a vida humana. Porém, a dinâmica utilizada e 
as transformações que acontecem nas relações entre os indivíduos fazem com que cada 
uma assuma uma função específica para a compreensão política.
Baseando-se no pensamento de que a intervenção de políticas públicas é 
essencial para uma análise mais completa dos problemas sociais e das soluções mais 
importantes para esses problemas, Lindblom (1985) afirmou que o planejamento macro 
para a vida da sociedade, seja nos planos econômicos

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