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O metabolismo refere-se a todas as reações químicas que ocorrem no corpo. Existem dois tipos de metabolismo: catabolismo e anabolismo. As reações químicas que quebram moléculas orgânicas complexas em moléculas mais simples compõem coletivamente o catabolismo. Em geral, as reações catabólicas (de decomposição) são exergônicas; elas produzem mais energia do que consomem, liberando a energia química armazenada nas moléculas orgânicas. Conjuntos importantes de reações catabólicas ocorrem na glicólise, no ciclo de Krebs e na cadeia transportadora de elétrons, e cada um deles será discutido mais adiante neste capítulo. As reações químicas que combinam moléculas simples e monômeros para a formação de componentes funcionais e estruturais complexos do corpo compõem coletivamente o anabolismo. Exemplos de reações anabólicas são a formação das ligações peptídicas entre aminoácidos durante a síntese proteica, a união de ácidos graxos para a formação de fosfolipídios que compõem a bicamada da membrana plasmática e a ligação de monômeros de glicose para a formação de glicogênio. As reações anabólicas são endergônicas; elas consomem mais energia do que produzem. O metabolismo é um ato de equilíbrio energético entre as reações catabólicas (de decomposição) e as reações anabólicas (de síntese). A molécula que participa mais frequentemente das trocas energéticas nas células vivas é o ATP (trifosfato de adenosina), que acopla as reações catabólicas liberadoras de energia às reações anabólicas consumidoras de energia. As reações metabólicas dependem de quais enzimas estão ativas em uma célula em particular em um dado momento, ou até mesmo em um local específico de uma célula. Podem estar ocorrendo reações catabólicas nas mitocôndrias de uma célula ao mesmo tempo em que ocorrem reações anabólicas no retículo endoplasmático. Uma molécula sintetizada em uma reação anabólica tem uma vida bastante limitada. Com algumas exceções, ela eventualmente será quebrada e os átomos que a compõem serão reciclados em outras moléculas ou excretados do corpo. A reciclagem de moléculas biológicas ocorre continuamente nos tecidos vivos, mais rapidamente em alguns do que em outros. As células individuais podem ser renovadas molécula por molécula ou um tecido inteiro pode ser renovado célula por célula. Acoplamento do catabolismo e do anabolismo pelo ATP As reações químicas dos sistemas vivos dependem da transferência eficiente de quantidades administráveis de energia de uma molécula para a outra. A molécula que realiza mais frequentemente essa tarefa é o ATP, a “molécula energética” de uma célula viva. Assim como o dinheiro, ela está prontamente disponível para “comprar” atividades celulares; ela é gasta e recebida continuamente. Uma célula comum tem cerca de um bilhão de moléculas de ATP e cada uma delas dura normalmente menos de um minuto antes que seja usada. Assim, o ATP não é um tipo de moeda de armazenamento a longo prazo, como o ouro em um cofre, mas sim um trocado conveniente para as transações cotidianas. Lembre-se do Capítulo 2 que uma molécula de ATP consiste em uma molécula de adenina, uma molécula ribose e três grupos fosfato unidos entre si (ver Figura 2.25). A Figura 25.1 mostra como o ATP conecta as reações anabólicas e catabólicas. Quando o grupo fosfato terminal é retirado do ATP, o difosfato de adenosina (ADP) e um grupo fosfato (simbolizado como ) são formados. Uma parte da energia liberada é utilizada para direcionar reações anabólicas como a formação do glicogênio a partir da glicose. Além disso, a energia proveniente de moléculas complexas é utilizada nas reações catabólicas combinando ADP e um grupo fosfato para a síntese de ATP: ADP + + energia → ATP Cerca de 40% da energia liberada no catabolismo é utilizada para as funções celulares; o restante é convertido em calor e uma parte dele ajuda a manter a temperatura corporal normal. O excesso de calor é dissipado para o ambiente. Em comparação com as máquinas que, normalmente, convertem apenas 10 a 20% da energia em trabalho, a eficiência de 40% do metabolismo corporal é impressionante. Ainda assim, o corpo tem uma necessidade contínua de ingestão e de processamento de fontes externas de energia de modo que as células possam sintetizar ATP suficiente para que a vida se sustente. Figura 25.1 O papel do ATP no acoplamento entre as reações anabólicas e catabólicas. Quando moléculas e polímeros complexos são clivados (catabolismo, à esquerda), uma parte da energia é transferida para a formação do ATP e o restante é perdido como calor. Quando moléculas e monômeros simples são combinados para a formação de moléculas complexas (anabolismo, à direita), o ATP fornece a energia para a síntese e, novamente, uma parte da energia é perdida como calor. O acoplamento entre as reações liberadoras de energia e consumidoras de energia é alcançado por intermédio do ATP. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter02.html https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter02.html#ch2fig25 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig1 Metabolismo de carboidratos Como você aprendeu no Capítulo 24, tanto polissacarídios quanto dissacarídios são hidrolisados nos monossacarídios glicose (cerca de 80%), frutose e galactose durante a digestão dos carboidratos. (Uma parte da frutose é convertida em glicose conforme ela é absorvida pelas células epiteliais intestinais.) Os hepatócitos (células do fígado) convertem a maior parte da frutose restante e praticamente toda a galactose em glicose. Desse modo, a história do metabolismo de carboidratos na verdade é a história do metabolismo da glicose. Devido a sistemas de retroalimentação negativa que mantêm a glicose sanguínea em cerca de 90 mg/100 mℓ de plasma (5 mmol/ℓ), um total de 2 a 3 g de glicose normalmente circula no sangue. Destino da glicose Como a glicose é a fonte preferida do corpo para a síntese de ATP, seu uso depende das necessidades das células do corpo, que incluem: •Produção de ATP. Nas células do corpo que necessitam de energia imediata, a glicose é oxidada para a produção de ATP. A glicose que não é necessária para a produção imediata de ATP pode entrar em várias outras vias metabólicas •Síntese de aminoácidos. As células do corpo podem utilizar a glicose para a formação de vários aminoácidos que, então, podem ser incorporados em proteínas •Síntese de glicogênio. Os hepatócitos e as fibras musculares podem realizar glicogênese, em que centenas de monômeros de glicose são combinados para a formação do polissacarídio glicogênio. A capacidade total de armazenamento de glicogênio é de cerca de 125 g no fígado e 375 g nos músculos esqueléticos •Síntese de triglicerídios. Quando as áreas de armazenamento de glicogênio são preenchidas, os hepatócitos podem transformar a glicose em glicerol e ácidos graxos, que podem ser utilizados para a lipogênese, a síntese de triglicerídios. Os triglicerídios são então depositados no tecido adiposo, que possui capacidade de armazenamento virtualmente ilimitada. Catabolismo da glicose A oxidação da glicose para a produção de ATP também é conhecida como respiração celular e envolve quatro tipos de reações: a glicólise, a formação da acetilcoenzima A, o ciclo de Krebs e a cadeia transportadora de elétrons (Figura 25.2). Glicólise. Um conjunto de reações em que uma molécula de glicose é oxidada e são produzidas duas moléculas de ácido pirúvico. As reações também produzem duas moléculas de ATP e duas moléculas contendo energia NADH + H+. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter24.html https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig2 Formação da acetilcoenzima A. É a fase de transição que prepara o ácido pirúvico para a entrada no ciclo de Krebs.Essa fase também produz a molécula contendo energia NADH + H+ e dióxido de carbono (CO2). Reações do ciclo de Krebs. Essas reações oxidam a acetilcoenzima A e produzem CO2, ATP, NADH + H+ e FADH2. Reações da cadeia transportadora de elétrons. Essas reações oxidam NADH + H+ e FADH2 e transferem seus elétrons através de uma série de carreadores de elétrons. Como a glicólise não requer oxigênio, ela pode ocorrer tanto em condições aeróbicas (com oxigênio) quanto anaeróbicas (sem oxigênio). Ao contrário, as reações do ciclo de Krebs e da cadeia transportadora de elétrons requerem oxigênio e são chamadas coletivamente de respiração aeróbica. Desse modo, quando o oxigênio está presente todas as quatro fases ocorrem: a glicólise, a formação da acetilcoenzima A, o ciclo de Krebs e a cadeia transportadora de elétrons. Entretanto, se o oxigênio não estiver disponível ou se a sua concentração for baixa, o ácido pirúvico é convertido em um substrato chamado ácido láctico (ver Figura 25.5) e os passos seguintes da respiração celular não ocorrem. Quando a glicólise ocorre em condições anaeróbicas, ela é chamada de glicólise anaeróbica. Glicólise Durante a glicólise, reações químicas quebram uma molécula de glicose com seis carbonos em duas moléculas de ácido pirúvico com três carbonos cada (Figura 25.3). Embora a glicólise consuma duas moléculas de ATP, ela produz quatro moléculas de ATP, havendo um ganho efetivo de 2s moléculas de ATP para cada molécula de glicose oxidada. A Figura 25.4 mostra as 10 reações que compõem a glicólise. Na primeira metade da sequência de reações (reações a ), a energia na forma de ATP é “investida” e a glicose com seis carbonos é dividida em 2 moléculas de 3 carbonos de gliceraldeído 3-fosfato. A fosfofrutoquinase, a enzima que catalisa a etapa , é o principal regulador da taxa de glicólise. A atividade desta enzima é alta quando a concentração de ADP é alta e nesse caso o ATP é produzido rapidamente. Quando a atividade da fosfofrutoquinase é baixa, a maior parte da glicose não entra nas reações da glicólise e sofre conversão em glicogênio para armazenamento. Na segunda metade da sequência (reações a ), as 2 moléculas de gliceraldeído 3-fosfato são convertidas em 2 moléculas de ácido pirúvico e o ATP é gerado. Anabolismo da glicose https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig5 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig3 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig4 Embora a maior parte da glicose no corpo seja catabolizada para a geração de ATP, ela pode participar ou ser formada por diversas reações anabólicas. Uma delas é a síntese de glicogênio; outra é a síntese de novas moléculas de glicose a partir de alguns dos produtos da clivagem de proteínas e de lipídios. Armazenamento de glicose | Glicogênese Se a glicose não for necessária imediatamente para a produção de ATP, ela se combina com muitas outras moléculas de glicose formando glicogênio, um polissacarídio que é a única forma de armazenamento de carboidratos no corpo. O hormônio insulina, formado a partir das células beta do pâncreas, estimula os hepatócitos e as células musculares esqueléticas a realizarem a glicogênese, a síntese de glicogênio (Figura 25.11). O corpo pode armazenar cerca de 500 g de glicogênio, sendo cerca de 75% dessa quantidade nas fibras musculares esqueléticas e o restante nos hepatócitos. Durante a glicogênese, a glicose é primeiro fosforilada em glicose 6-fosfato pela hexoquinase. A glicose 6-fosfato é convertida em glicose 1-fosfato e, então, em glicose uridina difosfato e, finalmente, em glicogênio. Liberação de glicose | Glicogenólise Quando as atividades corporais requerem ATP, o glicogênio armazenado nos hepatócitos é convertido em glicose e liberado para a corrente sanguínea para ser transportada para as células, onde ela será catabolizada pelos processos de respiração celular já descritos. O processo de conversão do glicogênio em suas subunidades de glicose é chamado de glicogenólise. (Nota: não confunda glicogenólise, a conversão do glicogênio em glicose, com glicólise, as 10 reações que convertem a glicose em ácido pirúvico.) A glicogenólise não é simplesmente o inverso dos passos da glicogênese (Figura 25.11). Ela começa pela separação das moléculas de glicose a partir da ramificação da molécula de glicogênio por fosforilação, formando glicose 1-fosfato. A fosforilase, a enzima que catalisa essa reação, é ativada pelo glucagon liberado pelas células alfa do pâncreas e pela epinefrina liberada pelas células da medula da glândula suprarrenal. A glicose 1-fosfato é, então, convertida em glicose 6-fosfato e, finalmente, em glicose, que deixa os hepatócitos através dos transportadores de glicose (GluT) na membrana plasmática. As moléculas de glicose fosforiladas não conseguem atravessar os transportadores GluT e a fosfatase, a enzima que converte glicose 6-fosfato em glicose, está ausente nas células musculares esqueléticas. Desse modo, os hepatócitos, que possuem fosfatase, podem liberar a glicose derivada do glicogênio para a corrente sanguínea, mas as células musculares esqueléticas não. Nas células musculares esqueléticas, o glicogênio é clivado em glicose 1-fosfato que é então catabolizado para a produção de ATP pela glicólise e pelo ciclo de Krebs. Entretanto, o ácido láctico produzido pela glicólise nas células musculares pode ser convertido em glicose pelo fígado. Assim, o glicogênio muscular pode ser uma fonte indireta de glicose sanguínea. Formação de glicose a partir de proteínas e gorduras | Gliconeogênese Quando seu fígado apresenta escassez de glicogênio, é hora de comer. Se você não comer, seu corpo começa a catabolizar triglicerídios (gorduras) e proteínas. Na verdade, o corpo cataboliza normalmente uma parte de seu conteúdo de triglicerídios e de proteínas, porém o catabolismo em grande escala dessas moléculas não ocorre a menos que você esteja em inanição, comendo pouco carboidrato ou sofrendo de um distúrbio endócrino. O glicerol dos triglicerídios, o ácido láctico e alguns aminoácidos podem ser convertidos em glicose no fígado (Figura 25.12). O processo pelo qual a glicose é formada a partir dessas fontes que não são carboidratos é chamado de gliconeogênese. Um modo fácil de diferenciar esse termo da glicogênese ou da glicogenólise é lembrar que nesse caso a glicose não é formada a partir do glicogênio, ela é recém-formada. Cerca de 60% dos aminoácidos do corpo podem ser utilizados para a gliconeogênese. Ácido láctico e aminoácidos como alanina, cisteína, glicina, serina e treonina são convertidos em ácido pirúvico que, então, pode ser sintetizado em glicose ou entrar no ciclo de Krebs. O glicerol pode ser convertido em gliceraldeído 3-fosfato, que pode formar ácido pirúvico ou ser utilizado para a síntese de glicose. Metabolismo de lipídios Transporte de lipídios por lipoproteínas A maior parte dos lipídios, como os triglicerídios, são moléculas apolares e, portanto, bastante hidrofóbicas. Elas não se dissolvem em água. Para serem transportadas na corrente sanguínea aquosa, essas moléculas devem antes se tornar mais hidrossolúveis pela combinação com proteínas produzidas pelo fígado e pelo intestino. As combinações entre lipídios e https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig11 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig11 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig12 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig12 proteínas formadas desse modo são as lipoproteínas, partículas esféricas com uma camada externa de proteínas, fosfolipídios ecolesterol circundando um núcleo interno de triglicerídios e outros lipídios (Figura 25.13). As proteínas na camada externa são chamadas de apoproteínas (apo) e são designadas pelas letras A, B, C, D e E, mais um número. Além de ajudarem a solubilizar as lipoproteínas nos líquidos corporais, cada apoproteína possui funções específicas. Cada um dos vários tipos de lipoproteínas possui diferentes funções, mas elas são essencialmente veículos de transporte. Elas fornecem serviços de busca e entrega de modo que os lipídios possam estar disponíveis quando as células precisam deles ou possam ser removidos da circulação quando não forem necessários. As lipoproteínas são categorizadas e nomeadas principalmente de acordo com sua densidade, que varia com a taxa de lipídios (que possuem densidade baixa) e proteínas (que possuem densidade alta). Das maiores e mais leves até as menores e mais pesadas, as quatro classes principais de lipoproteínas são quilomícrons, lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL, do inglês very low density lipoprotein), lipoproteínas de baixa densidade (LDL, do inglês low density lipoprotein) e as lipoproteínas de alta densidade (HDL, do inglês high density lipoprotein). Os quilomícrons, que são formados nas células epiteliais da túnica mucosa do intestino delgado, transportam os lipídios da dieta para serem armazenados no tecido adiposo. Eles contêm cerca de 1 a 2% de proteínas, 85% de triglicerídios, 7% de fosfolipídios e 6 a 7% de colesterol, além de uma pequena quantidade de vitaminas lipossolúveis. Os quilomícrons entram nos vasos linfáticos a partir das vilosidades intestinais e são carregados pela linfa até o sangue venoso e, então, para a circulação sistêmica. Sua presença fornece ao sangue uma aparência leitosa, mas eles permanecem no sangue apenas por alguns minutos. Conforme os quilomícrons circulam pelos capilares do tecido adiposo, uma de suas apoproteínas, a apo C- 2, ativa a lipase endotelial de lipoproteínas, uma enzima que remove os ácidos graxos dos triglicerídios dos quilomícrons. Os ácidos graxos livres são captados pelos adipócitos para a síntese e o armazenamento como triglicerídios e pelas células musculares para a produção de ATP. Os hepatócitos removem os remanescentes dos quilomícrons do sangue por endocitose mediada por receptor, nesse processo outra apoproteína do quilomícron, a apo E, é a proteína de atracação. As lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), que são formadas pelos hepatócitos, contêm principalmente lipídios endógenos (produzidos no corpo). As VLDLs contêm cerca de 10% de proteínas, 50% de triglicerídios, 20% de fosfolipídios e 20% de colesterol. As VLDLs transportam os triglicerídios sintetizados nos hepatócitos para serem armazenados pelos adipócitos. Assim como os quilomícrons, elas perdem seus triglicerídios conforme sua apo C-2 ativa a lipase endotelial de lipoproteínas e os ácidos graxos resultantes são captados pelos adipócitos para serem armazenados ou pelas células musculares para a produção de ATP. Conforme elas depositam uma parte de seu conteúdo de triglicerídios nos adipócitos, as VLDLs são convertidas em LDL. As lipoproteínas de baixa densidade (LDL) contêm 25% de proteínas, 5% de triglicerídios, 20% de fosfolipídios e 50% de colesterol. Elas carregam cerca de 75% do colesterol total no sangue e o entregam às células em todo o corpo para que seja utilizado no reparo das membranas celulares e na síntese de hormônios esteroides e de sais biliares. As LDLs contém uma única apoproteína, a apo B100, que é a proteína de atracação que se liga aos receptores de LDL nas membranas plasmáticas das células do corpo de modo que a LDL possa entrar na célula por endocitose mediada por receptor. Dentro da célula, a LDL é clivada e o colesterol é liberado para atender às necessidades da célula. Uma vez que a célula tenha colesterol suficiente para as suas atividades, um sistema de retroalimentação negativa inibe a síntese de novos receptores de LDL pela célula. Quando presente em quantidades excessivas, a LDL também deposita colesterol dentro e ao redor das fibras musculares lisas das artérias, formando placas gordurosas que aumentam o risco de doença da artéria coronária (ver Distúrbios | Desequilíbrios homeostáticos no final do Capítulo 20). Por esse motivo, o colesterol contido na LDL, chamado de colesterol LDL, é conhecido como o “mau”colesterol. Como algumas pessoas possuem poucos receptores de LDL, suas células removem a LDL do sangue com menos eficiência e, como resultado, seus níveis plasmáticos de LDL são anormalmente altos e elas estão mais propensas a desenvolverem placas gordurosas. A ingestão de uma dieta com grande quantidade de gordura aumenta a produção de VLDL, que aumenta o nível de LDL e aumenta a formação das placas gordurosas. As lipoproteínas de alta densidade (HDL), que contém 40 a 45% de proteínas, 5 a 10% de triglicerídios, 30% de fosfolipídios e 20% de colesterol, removem o excesso de colesterol das células do corpo e do sangue e transportam o colesterol para o fígado para que seja eliminado. Como a HDL evita o acúmulo de colesterol no sangue, um alto nível de HDL está associado a menor risco de doença da artéria coronária. Por esse motivo, o colesterol HDL é conhecido como o “bom” colesterol. Destino dos lipídios Assim como os carboidratos, os lipídios podem ser oxidados para a produção de ATP. Se o corpo não tem necessidade imediata do uso de lipídios, eles são armazenados no tecido adiposo (depósitos de gordura) espalhado pelo corpo e no fígado. Alguns lipídios são utilizados como moléculas estruturais ou para a síntese de outras substâncias essenciais. Alguns exemplos incluem os fosfolipídios, que são constituintes das membranas plasmáticas; as lipoproteínas, que são utilizadas para o transporte de colesterol pelo corpo; a tromboplastina, que é necessária para a coagulação sanguínea; e as bainhas de mielina, que aceleram a condução dos impulsos nervosos. O ácido linoleico e o ácido linolênico são dois ácidos graxos essenciais que o corpo não consegue sintetizar. As fontes dietéticas incluem óleos vegetais e vegetais folhosos. As várias funções dos lipídios no corpo são encontradas na Tabela 2.7. Armazenamento de triglicerídios https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig13 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter20.html https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter02.html#ch2tab7 Uma função importante do tecido adiposo é a remoção de triglicerídios dos quilomícrons e do VLDL e seu armazenamento até que eles sejam necessários para a produção de ATP em outras partes do corpo. Os triglicerídios armazenados no tecido adiposo constituem 98% de todas as reservas energéticas do corpo. Eles são armazenados mais facilmente do que o glicogênio, em parte porque os triglicerídios são hidrofóbicos e não exercem pressão osmótica nas membranas plasmáticas. O tecido adiposo também isola e protege várias partes do corpo. Os adipócitos na tela subcutânea contêm cerca de 50% dos triglicerídios armazenados. Os outros tecidos adiposos contribuem para a outra metade: cerca de 12% ao redor dos rins, 10 a 15% nos omentos, 15% nas áreas genitais, 5 a 8% entre os músculos e 5% atrás dos olhos, nos sulcos do coração e na parte externa do intestino grosso. Os triglicerídios no tecido adiposo são continuamente decompostos e sintetizados novamente. Assim, os triglicerídios armazenados no tecido adiposo hoje não são as mesmas moléculas que estavam presentes no mês passado porque eles são continuamente liberados, transportados no sangue e depositados novamente em outras células dos tecido adiposo. Catabolismo dos lipídios | Lipólise Para que músculos, fígado e tecido adiposo possam oxidar os ácidos graxos derivados dos triglicerídios para a produção de ATP, eles devem primeiroser separados em glicerol e ácidos graxos, um processo chamado de lipólise. A lipólise é catalisada por enzimas chamadas de lipases. A epinefrina e a norepinefrina aumentam a decomposição dos triglicerídios em ácidos graxos e glicerol. Esses hormônios são liberados quando aumenta o tônus simpático como ocorre, por exemplo, durante o exercício. Outros hormônios lipolíticos incluem cortisol, hormônios tireoidianos e fatores de crescimento insulina-símiles. Ao contrário, a insulina inibe a lipólise. O glicerol e os ácidos graxos resultantes da lipólise são catabolizados por vias diferentes (Figura 25.14). O glicerol é convertido por muitas células do corpo a gliceraldeído 3-fosfato, um dos compostos formados durante o catabolismo da glicose. Se o conteúdo de ATP na célula for alto, o gliceraldeído 3-fosfato é convertido em glicose, um exemplo de gliconeogênese. Se o conteúdo de ATP na célula for baixo, o gliceraldeído 3-fosfato entra na via catabólica e se torna ácido pirúvico. Figura 25.14 Vias de metabolismo de lipídios. O glicerol pode ser convertido em gliceraldeído 3-fosfato, que pode então ser convertido em glicose ou entrar no ciclo de Krebs para a oxidação. Os ácidos graxos sofrem betaoxidação e entram no ciclo de Krebs pela formação de acetilcoenzima A. A síntese de lipídios a partir da glicose de aminoácidos é chamada de lipogênese. Glicerol e ácidos graxos são catabolizados em vias distintas. Os ácidos graxos são catabolizados de modo diferente do glicerol e geram mais ATP. O primeiro estágio do catabolismo de ácidos graxos é uma série de reações, chamadas coletivamente de betaoxidação, que ocorre na atriz mitocondrial. As enzimas removem dois átomos de carbono da longa cadeia de átomos de carbono do ácido graxo de cada vez e ligam o fragmento com dois carbonos à coenzima A, formando acetil CoA. A acetil CoA então entra no ciclo de Krebs (Figura 25.14). Um ácido graxo com 16 carbonos como o ácido palmítico pode gerar até 129 moléculas de ATP em sua oxidação completa por betaoxidação, ciclo de Krebs e cadeia transportadora de elétrons. Como parte do catabolismo normal dos ácidos graxos, os hepatócitos podem retirar duas moléculas de acetil CoA de uma vez e condensá-las, formando ácido acetoacético. Essa reação libera a porção CoA, que não consegue se difundir para fora das células. Uma parte do ácido acetoacético é convertida em ácido beta-hidroxibutírico e em acetona. A formação dessas três substâncias, conhecidas coletivamente como corpos cetônicos, é chamada de cetogênese (Figura 25.14). Como os corpos cetônicos se difundem livremente pelas membranas plasmáticas, eles deixam os hepatócitos e entram na corrente sanguínea. Outras células captam o ácido acetoacético e ligam seus quatro carbonos a duas moléculas de coenzima A, formando duas moléculas de acetil CoA, que podem entrar no ciclo de Krebs para serem oxidadas. O músculo cardíaco e o córtex (porção externa) dos rins usam o ácido acetoacético em detrimento da glicose para a geração de ATP. Os hepatócitos, que produzem o ácido acetoacético, não conseguem utilizá-lo para a produção de ATP porque eles não possuem a enzima que transfere o ácido acetoacético de volta para a coenzima A. Anabolismo dos lipídios | Lipogênese Os hepatócitos e os adipócitos conseguem sintetizar lipídios a partir da glicose ou de aminoácidos por intermédio da lipogênese (Figura 25.14), que é estimulada pela insulina. A lipogênese ocorre quando os indivíduos consomem mais calorias do que o necessário para a satisfação de suas necessidades de ATP. Excesso de carboidratos, proteínas e gorduras dietéticos têm todos o mesmo destino – eles são convertidos em triglicerídios. Alguns aminoácidos podem sofrer as seguintes reações: aminoácidos → acetil CoA → ácidos graxos → triglicerídios. O uso de glicose para a formação de lipídios ocorre por duas vias: (1) glicose → gliceraldeído 3-fosfato → glicerol e (2) glicose → gliceraldeído 3-fosfato → acetil CoA → ácidos graxos. O glicerol e os ácidos graxos resultante podem sofrer reações anabólicas e se tornarem triglicerídios armazenados ou podem passar por uma série de reações anabólicas para a produção de outros lipídios como lipoproteínas, fosfolipídios e colesterol. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig14 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig14 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig14 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25fig14 Conceitos essenciais Introdução 1.Nossa única fonte de energia para a realização do trabalho biológico são os alimentos que comemos. Os alimentos também fornecem as substâncias essenciais que nós não conseguimos sintetizar. 2.A maior parte das moléculas absorvidas a partir dos alimentos pelo trato gastrintestinal é utilizada para o fornecimento de energia para os processos da vida, para o fornecimento de unidades para a síntese de moléculas complexas e para o armazenamento para o uso futuro. 25.1Reações metabólicas 1.Metabolismo se refere a todas as reações químicas do corpo e pode ser de dois tipos: catabolismo e anabolismo. 2.Catabolismo é o termo utilizado para as reações que clivam compostos orgânicos complexos em outros mais simples. Em geral, as reações catabólicas são exergônicas; elas produzem mais energia do que consomem. 3.As reações químicas que combinam moléculas simples em outras mais complexas, formando os componentes funcionais e estruturais do corpo, são conhecidas coletivamente como anabolismo. Em geral, as reações anabólicas são endergônicas; elas consomem mais energia do que produzem. 4.O acoplamento entre anabolismo e catabolismo ocorre por intermédio do ATP. 25.2Transferência de energia 1.A oxidação é a remoção de elétrons de uma substância; a redução é o acréscimo de elétrons em uma substância. 2.Duas coenzimas que carregam os átomos de hidrogênio durante as reações acopladas de oxirredução são o dinucleotídio de nicotinamida adenina (NAD) e o dinucleotídio de flavina adenina (FAD). 3.O ATP pode ser gerado por fosforilação ao nível do substrato, fosforilação oxidativa e fotofosforilação. 25.3Metabolismo de carboidratos 1.Durante a digestão, polissacarídios e dissacarídios são hidrolisados nos monossacarídios glicose (cerca de 80%), frutose e galactose; os dois últimos são, então, convertidos em glicose. Parte da glicose é oxidada pelas células para a produção de ATP. A glicose também pode ser utilizada para a síntese de aminoácidos, glicogênio e triglicerídios. 2.A glicose se move para dentro da maior parte das células do corpo por difusão facilitada pelos transportadores de glicose (GluT) e é fosforilada em glicose 6-fosfato. Nas células musculares, esse processo é estimulado pela insulina. A entrada de glicose nos neurônios e nos hepatócitos está sempre “ligada”. 3.A respiração celular, oxidação completa da glicose em CO2 e H2O, envolve a glicólise, o ciclo de Krebs e a cadeia transportadora de elétrons. 4.A glicólise é a clivagem da glicose em 2 moléculas de ácido pirúvico; há um ganho efetivo de 2 moléculas de ATP. 5.Quando a disponibilidade de oxigênio é baixa, o ácido pirúvico é reduzido em ácido láctico; em condições aeróbicas, o ácido pirúvico entra no ciclo de Krebs. O ácido pirúvico é preparado para a entrada no ciclo de Krebs pela conversão em um grupo acetil com dois carbonos seguida pela adição da coenzima A, formando acetilcoenzima A. O ciclo de Krebs envolve descarboxilação, oxidação e redução de vários ácidos orgânicos. Cada molécula de ácido pirúvico que é convertida em acetilcoenzima A e então entra no ciclo de Krebs produz 3 moléculas de CO2, quatro moléculas de NADH e 4 H+, 1 molécula de FADH2 e 1 molécula de ATP. A energia armazenada originalmentena glicose e então no ácido pirúvico é transferida para as coenzimas reduzidas NADH e FADH2. 6.A cadeia transportadora de elétrons envolve uma série de reações de oxirredução em que a energia no NADH e no FADH2 é liberada e transferida para o ATP. Os carreadores de elétrons incluem MNF, citocromo, centros ferro-enxofre, átomos de cobre e coenzima Q. A cadeia transportadora de elétrons gera entre 26 e 28 moléculas de ATP e 6 moléculas de água. 7.A Tabela 25.1 resume a formação de ATP durante a respiração celular. A oxidação completa da glicose pode ser representada da seguinte maneira: C6 H12O6 + 6 O2 + 30 ou 32 ADP + 30 ou 32 → 6 CO2 + 6 H2O + 30 ou 32 ATP https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter25.html#ch25tab1 8.A conversão de glicose em glicogênio para o armazenamento no fígado e nos músculos esqueléticos é chamada de glicogênese. Ela é estimulada pela insulina. 9.A conversão de glicogênio em glicose é chamada de glicogenólise. Ela ocorre entre as refeições e é estimulada por glucagon e epinefrina. 10.A gliconeogênese é a conversão de moléculas diferentes de carboidrato em glicose. Ela é estimulada por cortisol e glucagon. 25.4Metabolismo de lipídios 1.As lipoproteínas transportam lipídios na corrente sanguínea. Os tipos de lipoproteínas incluem quilomícrons, que transportam lipídios dietéticos até o tecido adiposo; lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), que carregam triglicerídios do fígado para o tecido adiposo; lipoproteínas de baixa densidade (LDL), que levam colesterol até as células do corpo; e lipoproteínas de alta densidade (HDL), que removem o excesso de colesterol das células do corpo, transportando-o para o fígado para que seja eliminado. 2.O colesterol no sangue pode vir de duas fontes: dos alimentos e da síntese pelo fígado. 3.Os lipídios podem ser oxidados para a produção de ATP ou serem armazenados como triglicerídios no tecido adiposo, principalmente na tela subcutânea. 4.Alguns lipídios são utilizados como moléculas estruturais ou para a síntese de moléculas essenciais. 5.No tecido adiposo existem lipases que catalisam a deposição dos triglicerídios provenientes dos quilomícrons, hidrolisando-os em ácidos graxos e glicerol. 6.Na lipólise, os triglicerídios são divididos em ácidos graxos e glicerol e liberados do tecido adiposo sob a influência da epinefrina, da norepinefrina, do cortisol, dos hormônios tireóideos e dos fatores de crescimento insulina-símiles. 7.O glicerol pode ser convertido em glicose pela formação de gliceraldeído 3-fosfato. 8.Na betaoxidação dos ácidos graxos, os átomos de carbono são removidos em pares das cadeias de ácidos graxos; as moléculas resultantes de acetilcoenzima A entram no ciclo de Krebs. 9.A conversão de glicose ou de aminoácidos em lipídios é chamada de lipogênese; ela é estimulada pela insulina.
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