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LIVRO DE RESUMOS EXPANDIDO Andrea Silva Domingues Benedita Celeste de Moraes Pinto Raryson Maciel Rocha (Organizadores) Labour Editora BCMP Editora Campinas 2021 Andrea Silva Domingues Benedita Celeste de Moraes Pinto Raryson Maciel Rocha (Organizadores) III COLÓQUIO NACIONAL DA LINHA DE PESQUISA DE CULTURAS E LINGUAGENS: DIVERSIDADE E EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE RESISTÊNCIA LIVRO DE RESUMOS EXPANDIDO Labour Editora BCMP Editora Campinas- 2021 Universidade Federal do Pará Reitor Emmanuel Zagury Tourinho Vice-Reitor Gilmar Pereira da Silva Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Maria Iracilda da Cunha Sampaio Campus Universitário do Tocantins/Cametá Coordenador Doriedson do Socorro Rodrigues Vice-Coordenador Adalberto Portilho Costa Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura Universidade Federal do Pará Coordenadora Gilcilene Dias da Costa Vice-Coordenador Eraldo Souza do Carmo Conselho Editorial Andrea Silva Domingues (UFPA/PROCAD AMAZONIA– Brasil) Benedita Celeste de Moraes Pinto (UFPA- Pará - Brasil José Roberto Gonçalves (GP: DISENSOL, CNPq- São Paulo Brasil Marcos Montysuma (UFSC- Santa Catarina - Brasil) Susana A. C. Rodríguez (Facultad de Humanidades de la Universidad Nacional de Salta. Investigadora Ciunsa-Argentina) Cleberson Disessa (UNA – Minas Gerais - Brasil) Elizabete Maria Espindola (GP:DISENSOL-CNPq-Santa Catarina - Brasil) Lucas Lopes (UFPA- Pará - Brasil) Marilda de Castro Laraia (IFSUL- Minas Gerais- Brasil) Marisa Montrucchio (Colégio Viver – São Paulo - Brasil) Mónica Gatica (INSHIS-UNP-Ahora – Patagônia Argentina) Rita de Cássia Paiva (UFPA- Pará - Brasil) Conselho Consultivo Membros da linha de Pesquisa Culturas e Linguagens PPGEDUC/CUNTINS – Cametá/UFPA Andrea Silva Domingues Benedita Celeste de Moraes Pinto Cezar Luís Seibt Francilene de Aguiar Parente Gilcilene Dias da Costa Jorge Domingues Lopes José Valdinei Albuquerque Miranda Luís Augusto Pinheiro Leal Raimundo Nonato de Oliveira Falabelo Vilma Aparecida de Pinho Todos os textos aqui apresentados são de total responsabilidade dos autores (as) Informações sobre os organizadores (as) da obra Andrea Silva Domingues - Possui Pós-doutorado pela Universidade Estadual de Campinas no Laboratório de Estudos Urbanos - LABEURB. Doutorado e Mestrado em História: História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Graduação em História Licenciatura Plena pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Atua como professora, pesquisadora visitante sênior (Bolsista PVNS CAPES) no Programa de Pós-graduação em Educação e Cultura do Campus Universitário do Tocantins - Cametá, da Universidade Federal do Pará, pelo PROCAD AMAZÔNIA (UPA / UFAM / UFMT). Atua como líder do Grupo de Pesquisa Discurso, Sentido, Sociedade e Linguagem (DISENSOL); participa como membro do Grupo de Pesquisa liderado pela Dra Benedita Celeste de M. Pinto Quilombos e Mocambeiros: história da resistência negra na Amazônia (QUIMOHRENA), ambos vinculados ao PPGEDUC - CUNTINS -Cametá. Integra a equipe do projeto RedeBRASIL de Gestão da Informação e Tradução do Conhecimento em Saúde à Ciência Cidadã: ações estratégicas de informação, educação e comunicação frente à Covid-19 e outras síndromes respiratórias agudas graves (SARS), coordenado pela Dra Ana Valéria Machado Mendonça. Email: andrea.domingues@gmail.com - LATTES: http://lattes.cnpq.br/2400924000241808 - ORCID: https://orcid.org/0000- 0002-9264-7754 Benedita Celeste de Moraes Pinto - Doutorado em História: História Social pela PUC/SP (2004), Mestre em História: História Social pela PUC/SP (1999); Licenciada plena e Bacharel em História pela UFPA (1995). É professora Adjunto da Universidade Federal do Pará, lotada no Campus Universitário do Tocantins/Cametá, onde atua na Faculdade de História e no Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura (PPGEDUC). Líder dos Grupos de Pesquisa: História, Educação e Linguagem na Região Amazônica (HELRA); Quilombos e Mocambeiros: história da resistência negra na Amazônia (QUIMOHRENA); é coordenadora da Pesquisa História, Educação, Cultura e Saberes Afro Indígena na região Amazônica. Integrante do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica na Amazônia PROCAD- AM UFPA/PPGEDUC-UFMT/PPGE-UFAM/PPGE: Políticas Educacionais, Linguagens e práticas culturais na Amazônia. E-mail: celpinto18@gmail.com LATTES:http://lattes.cnpq.br/7489392738166786 http://lattes.cnpq.br/7489392738166786 - ORCID: https://orcid.org/0000- 0001-9450-5461 mailto:andrea.domingues@gmail.com http://lattes.cnpq.br/2400924000241808 https://orcid.org/0000-0002-9264-7754 https://orcid.org/0000-0002-9264-7754 mailto:celpinto18@gmail.com http://lattes.cnpq.br/7489392738166786 https://orcid.org/0000-0001-9450-5461 https://orcid.org/0000-0001-9450-5461 Raryson Maciel Rocha - Mestrando em Educação pelo Programa de Pós- Graduação em Educação e Cultura (PPGEDUC/UFPA), tendo como orientadora a professora Dra Andrea Silva Domingues. Possui pós-graduação Lato Sensu em Filosofia e Ensino de Filosofia pelo Centro Universitário Católico Claretiano (2016). É graduado em Pedagogia pela Universidade Federal do Pará (2015). É pesquisador do Grupo de Pesquisa Discurso, Sentido, Sociedade e Linguagem cadastrado no CNPq. Exerce função de secretário na Faculdade de Letras da UFPA (FALE), do Campus Universitário do Marajó-Breves (CUMB). É membro do Conselho deliberativo da Faculdade de Letras, assim como membro do Conselho deliberativo do Campus Universitário do Marajó-Breves. Exerce função de secretário na Faculdade de Letras da UFPA (FALE), do Campus Universitário do Marajó-Breves (CUMB). Link do Lattes: http://lattes.cnpq.br/1746399972507887 Orcid: https://orcid.org/0000-0003- 3058-6949 E-mail: raryson@ufpa.br http://lattes.cnpq.br/1746399972507887 https://orcid.org/0000-0003-3058-6949 https://orcid.org/0000-0003-3058-6949 REALIZAÇÃO Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura (PPGEDUC/UFPA) Linha de Pesquisa Culturas e Linguagens (PPGEDUC/UFPA) COORDENAÇÃO GERAL DO EVENTO Andrea Silva Domingues Benedita Celeste de Moraes Pinto Gilcilene Dias da Costa PARCERIAS Campus Universitário do Tocantins/UFPA-Cametá PROCAD AMAZÔNIA - UFPA/PPGEDUC-UFMT/PPGE- UFAM/PPGE Convenio Marco entre la Universidad Nacional de la Patagonia San Juan Bosco (UNPSJB) y la Universidad Federal do Pará (UFPA – CUNTINS CAMETÁ) GP: História, Educação, Linguagem na Região Amazônica (HELRA) GP: Quilombos e Mocambeiros: história da resistência negra na Amazônia (QUIMOHRENA) GP: Discurso, Sentido, Sociedade e Linguagem (DISENSOL) Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................. 16 EDUCAÇÃO, CULTURA E MOVIMENTOS SOCIAIS .. 19 Valem as humanidades ou é por quilo? ........................ 20 Adolfo Miranda OLEARE; Antelmo da SILVA JÚNIOR Práticas pedagógicas em comunidades ribeirinhas no Município de Cachoeira do Piriá: Um estudo sobre a formação em classes multisseriadas .............................. 27 Ana Paula SOUSA et al. Ensino de Sociologia e Formação Cidadã: a luta pela equidade de gênero no acesso ao direito à educação ...... 32 Amanda Gomes PEREIRA et al Concepções de professores/as sobre inclusão de estudantes público-alvo da educação especial: percepções sobre a diversidade e a diferença ............................................. 40 Ana Luísa ALVES; Maria Carolina da Silva CALDEIRA Língua, Discurso e Memória: Diversidade Linguística no Baixo Tocantins ..........................................................48 Ana Ruth de Sena NUNES; Andrea Silva DOMINGUES Inserção de crianças público-alvo da educação especial em uma escola de tempo integral: cultura escolar e cultura da infância ....................................................................... 53 André Henrique Faria MARQUES; Maria Carolina da Silva CALDEIRA O meio social como influenciador da perda pedagógica nas aulas de Educação Física no Ensino Fundamental (séries finais) numa escola pública de Feira de Santana- BA .... 62 Belardino Souza PEDREIRA NETO O estágio supervisionado em destaque, a realidade da escola pública em contraste com a realidade social de seus alunos ......................................................................... 69 Belardino Souza PEDREIRA NETO A música no processo de ensino e aprendizagem no Ensino Fundamental............................................................... 77 Carla Garcia MEDEIROS et al. O território quilombola no Baixo Tocantins (PA): entre novos e velhos desafios................................................. 84 Carla Joelma de Oliveira LOPES; Daniela de Oliveira SENNA O ensino da matemática a pessoas com deficiência: a função assistiva de Ambientes Virtuais de Aprendizagem ................................................................................... 92 Carlos Alan Vieira do NASCIMENTO; Carla Adriana Vieira do NASCIMENTO Saberes culturais dos ribeirinhos na Amazônia marajoara das florestas .............................................................. 102 Debora Elayne Costa MORAES; Andrea Silva DOMINGUES Os aspectos da cultura popular presentes no Auto da Padroeira: Um estímulo à valorização da memória e identidade local ao aluno da educação básica de Abaetetuba-PA ......................................................... 108 Edgar Ferreira CARDOSO Contribuições dos estudos da educação básica: histórias em imagens como forma de olhar para escola pública e seus desafios ..................................................................... 117 Glasiely Virgilio SILVA Inovações no Ensino Médio Modular: saberes linguageiros e prática pedagógica .................................................. 124 Gleno dos Santos BATISTA; Doriedson do Socorro RODRIGUES Mídia e Educação: Uma Análise de Práticas Pedagógicas na Construção da Representatividade e do Protagonismo Juvenil Periférico ...................................................... 133 Joyce Raphaelly Modesto da COSTA; Milene Vasconcelos Leal COSTA Os principais marcos do percurso histórico de constituição da mulher como profissional docente da educação ...... 139 Juliane Sanches SILVA; Andrea Silva DOMINGUES Trajetórias e desafios: estudantes da EJA no Ensino Superior ................................................................... 145 Karolaine HORBACK et al. Estratégias em/de saúde no povoado de Bailique Centro Baião-PA .................................................................. 151 Lediane da Silva BORGES; Benedita Celeste de Morais PINTO Engajamento e participação militante no curso popular TFLivre .................................................................... 157 Luana Barroso de SOUZA; Edivania Santos ALVES Atendimento da comunidade LGBTQIA+ na atenção primária à saúde: revisão integrativa no período de 2011 a 2019 .......................................................................... 165 Lucas Rodrigues CLARO et al. Entre memes e stickers: a circulação de fotografias clandestinas de professores na cultura midiática......... 170 Marcelo Rodrigo da SILVA; Graciene Silva SIQUEIRA Educação e práticas de cura: um discurso e uma prática além do “popular” e do formal .................................. 178 Márcia de Jesus Oliveira VALENTE; Andrea Silva DOMINGUES Caracterização socioespacial de uma vila marajoara por estudantes do ensino médio ........................................ 186 Marcos Paulo de Oliveira BARROS; Jorge Domingues LOPES Linguagem cultura e diferença: Demarcações Linguísticas e Pedagógicas no Ensino- Aprendizagem na Constituição de Subjetividades na Educação Inclusiva ................... 191 Merian de Cristo LOBATO; Raimundo Nonato de Oliveira FALABELO A violência doméstica sofrida por crianças e suas consequências no desenvolvimento escolar ................. 196 Milene Vasconcelos Leal COSTA et al O Que Vivenciamos na Pandemia com a Tecnologia? . 201 Sabrina Guedes de OLIVEIRA; Mônica Ramos da Costa MACEDO Paulo Freire e Hannah Arendt: Um diálogo sobre liberdade .................................................................. 205 Rafael Furtado da SILVA; Francisco Danilo dos Santos OLIVEIRA O ensino de filosofia na ilha do Marajó-Pa: uma proposta discursiva de análise .................................................. 212 Raryson Maciel ROCHA; Andrea Silva DOMINGUES Docência como Resistência ........................................ 217 Rita de Cássia PAIVA; Ana Maria de Jesus Ribeiro da SILVA Discurso e Memória: uma discussão necessária para as "Vozes do Quilombo" ............................................... 223 Sílvia de Lima BATISTA; Andréa Silva DOMINGUES O carnaval chiquitano: um espaço-tempo de educação intercultural na Vila Bela da Santíssima Trindade ..... 228 Stephany Paipilla FERNÁNDEZ A linguagem no ensino fundamental: Perspectiva histórico- cultural de Vigotski. ................................... 234 Talia Balieiro da SILVA; Raimundo Nonato de Oliveira FALABELO Educação Sexual em Escolas de Ensino Médio de Breves/Marajó: percepções de alunos e profissionais da educação ................................................................... 240 Valéria de Oliveira Pena BORGES; Benedita Celeste Moraes PINTO O Ensino de Línguas para Alunos Surdos Interligados a Transversalidades Culturais no Atendimento Educacional Especializado ............................................................ 249 Wanessa Suely C. RODRIGUES; José Orlando F. de MIRANDA JÚNIOR RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E EDUCAÇÃO ........... 257 Capoeiras Versus Sistema CONFEF/CREF’S: negociação e conflitos no Norte do Brasil? ................................... 258 Antonio ALENCAR FILHO; Luiz Augusto Pinheiro LEAL Obax, uma pedra e um caminho de imaginação: as possibilidades pedagógicas das narrativas afrocentradas à luz da interdisciplinaridade ....................................... 267 Claudia Cristina FERREIRA et al. Invisibilidade Racial no Espaço Escolar ..................... 274 Dulcineia Beatriz OLIVEIRA As representações do negro no Livro Didático de Língua Portuguesa: uma leitura crítica da relação entre a negritude pedagógica e a realidade dos jovens negros à luz de Adolescer ............................................................. 279 Eduardo HENRIQUES; Guilherme BARBBOSA Do passado ao presente: um percurso sobre as memórias da literatura indígena latino-americana ..................... 287 Francelina Barreto de ABREU Educação: um caminho para a liberdade e respeito à diversidade religiosa afro-brasileira ........................... 293 Galbanéa Luciano SIDRIM O Livro, a criança e a relações étnico-raciais na escola301 Janmily Dantas de Lima ROCHA et al. Luta anticolonial em Angola: Literatura política e mentalidade colonial ................................................. 308 Jeremias de Oliveira SANTOS; Luiz Augusto Pinheiro LEAL Em busca de produções sobre literatura infantil e relações étnicos raciais ........................................................... 316 Jéssica de Oliveira PINHEIRO et al. Educação do Campo: identidades que se constroem,sujeitos que se afirmam ............................................. 324 Joana Laura Cota CORRÊA; Hellen do Socorro de Araújo SILVA Vozes de mulheres negras: ecos para a decolonialidade do currículo e a educação étnico-racial ........................... 333 Josimere Serrão GONÇALVES; Joyce Otânia Seixas RIBEIRO O Terreiro de Candomblé como proposto de ensino em geografia para as relações étnico-raciais ..................... 342 Laércio da Silva FERREIRA O desenvolvimento acadêmico-social dos discentes do campus de Cametá: um estudo a partir das oficinas PCNA Língua Portuguesa .................................................... 351 Larissa Serrão RIBEIRO et al. A capoeira e os cotidianos de uma educação antirracista ................................................................................. 358 Lindinalvo NATIVIDADE; Mailsa Carla Pinto PASSOS Cultura acústica aplicada ao ensino de história da África: ações de docência no Pará .......................................... 363 Luiz Augusto Pinheiro LEAL A política de cotas como instrumento de inclusão social e democratização do acesso ao ensino superior público: as experiências dos cotistas negros do curso de licenciatura em pedagogia do ISEPAM ......................................... 369 Luiz Gustavo Borges do ROSARIO; Josete Pereira Peres SOARES Uma experiência de inclusão de alunos indígenas surdos na Escola Wararaawa Assurini na aldeia Trocará no município de Tucuruí-PA .......................................... 377 Maria Gorete Cruz PROCÓPIO; Benedita Celeste de Moraes PINTO Relações étnico-raciais e a educação em espaços não formais: contribuições do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmém Bascarán ........................ 385 Matheus Carvalho LIMA et al. Remando contra corrente: pobreza, diferença e resistência na educação básica em escolas quilombolas em Portel/Marajó – Pará ................................................ 394 Mhirlla de Cássia Gonçalves da COSTA; Pedro Cabral da COSTA Relações étnico-raciais no currículo: “o que eu tenho a ver com isso?” ................................................................. 403 Polyana Camargos Barbosa VIEIRA Universidade Indígena Autônoma Aldeia Maraka’Nà: Práticas de rexistência e pluriversidade no centro urbano ................................................................................. 411 Renata Daflon LEITE Percepção de crianças do Ensino Fundamental I sobre questão étnico-raciais ................................................ 417 Rita de Kássia Cândido CARNEIRO et al Educação: a política de identidade e igualdade como processo de emancipação ........................................... 428 Rosana Malato de SOUZA; Raimundo Nonato de Oliveira FALABELO A criança negra na escola: discutindo a representatividade a partir dos estereótipos negativos atribuídos as bonecas pretas ....................................................................... 436 Sheila Gomes de MELO A Bonequinha Preta, Carmen: Educação Infantil e diversidade ............................................................... 440 Tatiana Morais de Souza BERNARDO et al. Universidade e relações étinico-raciais: Percepções de futuros professores sobre o debate de questões raciais em cursos de licenciaturas ............................................... 449 Thaís da Silva Mendonça COPELLI; Lucélia de Moraes Braga BASSALO Representações da “mulher negra” no discurso dos Novos Intelectuais de Angola (1948-1961) ............................. 459 Yasmim Fonseca AMARAL CORPO GÊNERO E LINGUAGENS ................................ 465 Feminismo: Equidade e Educação da Mulher Surda ... 466 Athayse Raiana Wanzeler TELES Arranjos matrimoniais: experiências de mulheres nordestinas em Pouso Alegre-MG .............................. 472 Bárbara Cristine Casallechi Fonseca SIMÕES; Andrea Silva DOMINGUES Protagonismo de mulheres indígenas Assuriní através da confecção de artesanatos............................................ 477 Bárbara de Nazaré Pantoja RIBEIRO; Benedita Celeste de Moraes PINTO Iniciando uma abordagem sobre diversidade de corpos e sexualidades indígenas na aldeia Assuriní do Trocará . 483 Bárbara de Nazaré Pantoja RIBEIRO Escrevivências Educativas nas Tramas Cartográficas de Vozes-mulheres... ...................................................... 489 Christiane Costa LIRA; Gilcilene Dias da COSTA O quantificador mina na língua falada de Oeiras do Pará: do concreto ao abstrato ............................................. 496 Danielle de Melo VIANA Suicídio e Corporeidade: corpos reprimidos ou rebeldes? ................................................................................. 502 Derijones Leandro SILVA JÚNIOR Relações de Gênero na Escola Agrícola ...................... 509 Franciele Thais SCHEUER et al. Sem imprensa livre não haverá povos livres: Liberdade de imprensa no início do século XX, concepções de Dalcídio Jurandir, o repórter .................................................. 518 Gissandra Diovana Dias TEIXEIRA; Ivone dos Santos VELOSO Contos de fadas e a opressão da mulher ..................... 523 Jaqueline Castilho MACHUCA Mulheres, cooperativismo e gênero ............................ 529 Karlyane Mayra Brito WANZELER; Benedita Celeste de Moraes PINTO Uma linguagem artística componente curricular música como conhecimento de mundo e mediação para o ensino da história social brasileira: experiência da escola Cristo Redentor ................................................................... 534 Lourdileny Bispo MACIEL Educação e a sexualidade insurreta em Frida Kahlo ... 543 Maria Durcilene Freitas CORRÊA; Gilcilene Dias da COSTA Pedagogias culturais e o feminino nas visualidades contemporâneas ........................................................ 550 Maristani Polidori ZAMPERETTI et al. Protagonismo Feminino no Movimento Operariado na Amazônia Marajoara ................................................ 556 Núbia Lafaete dos Santos CORRÊA; Benedita Celeste de Moraes PINTO Educação Sexual na Pedagogia da Alternância: Percepções de uma Escola Família Agrícola com Sistema de Internato ................................................................................. 565 Patrick PEREIRA et al. A função do desenho como representação do mundo Infantil e expressão da subjetividade humana ............ 575 Rafaella Andrade VIVENZIO A importância da arte para as pessoas representadas pela teoria Queer .............................................................. 581 Tuty Veloso Coura GUIMARÃES Rizomas do corpo e a arte Queer na educação ............ 589 Warllen barros de SOUZA; Gilcilene dias da COSTA INDICE REMISSIVO..........................................................592 16 APRESENTAÇÃO Em tempo da pandemia do novo Coronavirus- COVID-19, o III Colóquio da linha de pesquisa Culturas e Linguagens, do Programa de Pós-graduação em Educação e Cultura da Universidade Federal do Pará, em sua terceira edição, objetivou promover um amplo diálogo sociocultural e acadêmico envolvendo troca de saberes e socialização de pesquisas. Esta edição foi realizada em formato online, o colóquio contou com uma participação diversificada de pesquisadores do PPGEDUC (docentes, discentes e egressos) e de instituições nacionais e internacionais em torno da temática “Diversidade e Educação em Tempos de Resistência”, tendo um total de 1.138 (um mil e cento e trinto e oito) inscritos, destes 183 (cento e oitenta e três)com apresentação de trabalhos de pesquisas no evento. A proposta do evento visou contemplar diferentes abordagens teórico-metodológicas no âmbito da pesquisa em educação, cultura, linguagem, práticas culturais das populações tradicionais indígenas e negras na / da 17 Amazônia, questões de gênero e sexualidade, literaturas, artes entre outras. Pensar a educação em tempos de pandemia constituiu um dos desafios do III Colóquio da linha de pesquisa Culturas e Linguagens do Programa de Pós- Graduação em Educação e Cultura, pois, o contexto do ano de 2020 no Brasil, por questões políticas e por conta da pandemia, desafiou as instituições de ensino e os programas de pós-graduação a pensar e propor alternativas à uma educação pública no tempo presente, com qualidade, equidade e responsabilidade social. O terceiro colóquio convidou a comunidade em geral para dialogar sobre “Diversidade e Educação em Tempos de Resistência”. Ao propor como tema “DIVERSIDADE E EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE RESISTÊNCIA”, o III Colóquio da Linha de Pesquisa Culturas e Linguagens do PPGEDUC reafirmou a importância de fomentar o debate acadêmico qualificado entre estudantes, professores, egressos e pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Educação e Cultura da Universidade Federal do Pará, e participantes dos cursos de licenciaturas e áreas afins, com 18 o intuito de discutir as realidades socioeducacionais e divulgar a produção científica local, nacional, internacional e promover o intercâmbio de ideias, profissionais (discentes e docentes), contribuindo para a solidificação das pesquisas. Dentro de seu espírito de renovação e incentivo aos sujeitos sociais envolvidos nas atividades, o evento ofereceu debates dirigidos, espaços para apresentações de trabalhos de pesquisa, convidando a todos, todas e todxs a problematizar temas de pesquisas, práticas pedagógicas em tempos em que ser professor / pesquisador também é resistir pela e na educação e a ciência do Brasil. Andrea Silva Domingues Benedita Celeste de Moraes Pinto Raryson Maciel Rocha 19 EDUCAÇÃO, CULTURA E MOVIMENTOS SOCIAIS 20 Valem as humanidades ou é por quilo? Adolfo Miranda OLEARE Instituto Federal do Espírito Santo Antelmo da SILVA JÚNIOR Instituto Federal do Espírito Santo E-mail do autor principal: pestrats666@yahoo.com INTRODUÇÃO O trabalho se insere na temática “educação e movimentos sociais” e estabelece um debate acerca de esforços empreendidos no sentido da democratização da educação no Instituto Federal do Espírito Santo, por meio de projetos de extensão em parceria com movimentos sociais populares como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o Centro de Defesa dos Direitos Humanos do Município da Serra (ES), o Levante Popular da Juventude, o Coletivo Negrada, o Círculo Palmarino, o Movimento Nacional de Luta pela Moradia, entre outros, protagonistas do debate público em torno de questões de classe, raça, gênero, diversidade sexual, diversidade cultural, meio ambiente etc. Trata-se do primeiro trabalho a abordar criticamente o Seminário de Humanidades do Ifes campus Linhares, o que se faz por meio de um diálogo com Saviani (2008), em Escola e democracia. A partir das considerações de Saviani (2008) sobre as relações entre política e educação, o texto enseja uma mailto:pestrats666@yahoo.com 21 reflexão acerca de questões concretas que envolveram a realização do evento, entre 2010 e 2016, com destaque para o peso atribuído por setores conservadores ao fortalecimento que a área de humanidades no Ifes campus Linhares experimentou com as parcerias efetivadas com movimentos sociais populares. Nesse sentido, colocam-se em pauta as tensões vigentes na disputa social pela educação da juventude. Numa investigação acerca dos efeitos possivelmente produzidos pelo slogan segundo o qual a educação é sempre um ato político, Saviani insiste em que não se deve indiferenciar a prática educativa da prática política, pois isso levaria ao apagamento de ambos os campos, ou de um campo no outro, fazendo-os perderem o que lhes é próprio, o que lhes faz ser o que são. Saviani nomeia esse apagamento por meio dos termos “politicismo pedagógico” e “pedagogismo político” (SAVIANI, 2008, p. 67). De acordo com o autor, enquanto a política não pode deixar de ser partidarizada, pois é exercida entre contrários antagônicos que pretendem a submissão do adversário, a educação não pode ser partidarizada, pois é exercida entre contrários não-antagônicos e cumpre sua função justamente ao socializar o conhecimento culturalmente acumulado e não ao privar dele certas parcelas da sociedade. A privação educacional em curso na sociedade de classes é obra da política, que atua no sentido de esvaziar a tematização do antagonismo inerente ao relacionamento entre as classes e da dominação exercida por umas sobre outras. Desse modo, inscreve-se a dimensão política da educação no processo de desnaturalização do relacionamento classista, pautado pela dinâmica de 22 dominação e submissão. Enquanto educadores, sabemos que não é incomum encontrar entre alunos e alunas das classes médias e trabalhadoras a defesa de concepções produzidas pelo discurso da classe dominante. De modo geral, ao cultivar elementos simbólicos confusos e excludentes como neutralidade, meritocracia e talento, por exemplo, a escola não promove a cooperação entre membros das classes não-dominantes, mas, ao contrário, produz a expectativa de que estas classes haverão de ser dirigidas e comandadas justamente pela parcela que acumulou riquezas às custas da exploração de sua força de trabalho. É corriqueiro que alunos e alunas submetidos e submetidas a rotinas de trabalho altamente precarizadas expressem a opinião de que a estrutura produtiva baseada na relação entre patrão e empregado é algo “natural”, como se as classes sociais e a hierarquização classista fossem algo “natural”. A experiência em sala de aula tem mostrado que as insistentes naturalização e biologização (o dominador e o serviçal; o sexo biológico; a tipificação racial) das opressões manifestadas nas relações de poder construídas socialmente se apresentam como alvos principais de abordagem teórica pelas disciplinas do campo das humanidades. Desfazer a teia resistente dessa ideia hegemônica de que não há outras possibilidades de articulação da dinâmica produtiva e, de modo amplo, da vida social, é algo que se impõe como função elementar das humanidades no ensino médio. Inserir as pessoas no fluxo do estranhamento dessa naturalização e dessa biologização, enfatizando que a lógica das ciências da natureza não é mais o espelho da articulação epistemológica das ciências humanas não é tarefa das mais 23 tranquilas, nós sabemos, sobretudo em função das exigências conceituais e teóricas desse processo. Para além do espaço da sala de aula, os praticantes críticos das humanidades encontram também dificuldades dessa natureza na lida com colegas de trabalho conservadores, alguns das humanidades, inclusive. Na rotina dos questionadores não faltam tensionamentos internos. De forma empírica, parece-nos que o perfil médio das pessoas que trabalham hoje com docência, gestão e administração educacional acompanha o movimento de reprodução dos valores priorizados em nossa sociedade de classes e de consumo, na ambiência de um capitalismo dependente-tutelado. Há muita gente egressa da iniciativa privada trabalhando hoje em institutos e universidades federais, profissionais acostumados à castração inerente ao totalitarismo da ordem empresarial e sem nenhumaexperiência de participação social e de luta em causas coletivas, populares. Nesse panorama, que princípios para a conduta pessoal são comumente repetidos, promovidos e ensinados? Arrisquemos alguns dos itens da lista: individualismo, consumismo, consumo de luxo, colonialismo, aversão ao debate sobre temas sociais e políticos, conservadorismo moral, baixa disposição para a leitura teórica, aversão ao debate conceitual, baixa abertura para o acolhimento das diferenças; espírito dogmático e antidemocrático (a noção geral de democracia se deixa infectar radicalmente pelo moralismo, de modo que não alcança sequer o postulado liberal das liberdades individuais), orientação discursiva limitada aos parâmetros do senso comum etc. 24 Desse modo, a concepção de escola e grande parte das pessoas envolvidas profissionalmente com educação acompanha essa bitola tacanha e alienada, restrita à reprodução superficial de conteúdos, à tutela de adolescentes, à promoção da obediência, à repressão das ações contestatórias; ao enquadramento disciplinar moralista e ao silenciamento de alunos e alunas quanto aos temas polêmicos referentes a classe, raça/etnia, gênero, devastação ambiental, modelo hegemônico de desenvolvimento etc, e também quanto ao movimento intelectual de pensar o real a partir do movimento de autossuperação, para além do hábito. Os cultivadores críticos das humanidades (não nos esqueçamos de que há conservadores nas ciências humanas) invariavelmente desgastam-se com a permanente tentativa de sabotagem por parte dos colegas de trabalho que se mantêm no cordão da acriticidade, do conservadorismo, do moralismo, do preconceito carente de problematização teórica. Diante dos temas que tratam das contradições elementares da sociedade capitalista, parece se instalar uma atmosfera pesada, formada por constrangimento, medo e censura, como se a escola tivesse obrigatoriamente que viver isolada, funcionando de modo auto-referente, impermeável à agenda sociopolítica. OBJETIVOS O trabalho objetiva refletir sobre o peso da formação em humanidades nos processos de politização de estudantes do ensino médio, considerando a recepção dessa formação por setores conservadores da sociedade. 25 METODOLOGIA O trabalho se constitui em uma interpretação crítica da prática extensionista realizada no Ifes campus Linhares, com movimentos sociais populares, a partir de ideias apresentadas em Escola e democracia, de Saviani (2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO Do diálogo com Saviani, em torno das relações entre política e educação, resulta a reflexão acerca da importância da extensão na formação em humanidades no ensino médio do Instituto Federal do Espírito Santo. A atividade extensionista possibilita a associação da instituição com movimentos sociais populares que vivificam os conteúdos de disciplinas como Filosofia, Geografia, História e Sociologia, oferecendo ao corpo discente a possibilidade de experimentar o exercício do debate público com atores sociais que protagonizam os enfrentamentos pela igualdade de direitos e pela democratização da vida comum. CONCLUSÕES O trabalho conclui que que a extensão realizada por meio de parcerias com movimentos sociais populares contribui de forma determinante para o ensino de humanidades, fomentando também a identificação de projetos de pesquisa que abrem novos espaços para os estudantes. Para o ensino de humanidades é altamente produtivo cultivar um espaço de debate que trate 26 especificamente da prática de organização social e política, a partir da experiência de agentes ativos nesses processos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. Campinas, SP: Autores Associados, 2008. 27 Práticas pedagógicas em comunidades ribeirinhas no Município de Cachoeira do Piriá: Um estudo sobre a formação em classes multisseriadas Ana Paula SOUSA Faculdade Maurício de Nassau - UNINASSAU Vitoria CARVALHO Faculdade Maurício de Nassau – UNINASSAU Milene Vasconcelos Leal COSTA Faculdade Maurício de Nassau - UNINASSAU E-mail do autor principal: anapaullasousa020@gmail.com INTRODUÇÃO No Brasil historicamente a população do campo sempre esteve a nível de carência ao acesso à educação. Foi então que surgiu a idéia da junção de crianças em um mesmo ambiente em meados dos anos 90, para que fosse possível a democratização da Educação. As classes multisseriadas surgem como uma solução de acesso à educação formal dentro dos setores rurais, onde haveria alunos de diversos níveis de ensino em uma mesma sala com um único professor. (apud LOIOLA, 2017) “ressalta que as aulas são ministradas em um espaço de tempo de 4 horas, com conteúdos que se adéquam a cada ano escolar no qual se encontra o educando”. 28 Como resultado mostra-se então o contexto da Educação do campo no Pará, bem como a realidade de escolas com classes multisseriadas e como são caracterizadas as escolas do campo. A educação do campo tem grande importância uma vez que nossa territorialidade mostra uma realidade que interfere tanto na mobilidade dos alunos, quanto no tempo que estão na escola, pois são grandes as dificuldades enfrentadas. Especificamente no município de Cachoeira do Piriá, a implementação da modalidade de ensino multissėrie foi vista como melhoria para a comunidade, porém, no decorrer dos anos vem apresentando uma vasta desvalorização do ensino da rede pública exatamente por alunos e educadores serem deixados à margem dos suportes e da falta de recursos que deveriam ser repassados por órgãos responsáveis para o pleno desenvolvimento da educação básica (Secretaria de Educação) às instituições do campo, pressupondo que a ausência dos ditos suportes acarretam em precariedades físicas, nas quais impossibilita uma educação de qualidade, transformando então a educação do meio rural em uma notória exclusão social. O artigo 205 da constituição federal diz que: “A educação, é um direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A proposta deste trabalho é compreende as práticas pedagógicas dos docentes que atuam em turmas multisseriadas, com intuito de aprofundar conhecimentos e esclarecer como pode ser o ensino mediante a realidade e dificuldade que pode ser encontrada no ensino do meio 29 rural. Pressupondo, que os educadores têm sob sua responsabilidade o auxílio do desenvolvimento cognitivo de todos os alunos da turma. OBJETIVOS Geral • Compreender as Práticas Pedagógicas desenvolvidas com os educandos no contexto das salas multisseriadas no município de Cachoeira do Piriá Específicos • Identificar as práticas pedagógicas usadas pelos educadores na modalidade de ensino multissérie/multisseriada. • Verificar as dificuldades existentes, para o desenvolvimento do trabalho docente na classe multissérie. • Refletir sobre a precarização do ambiente escolar e os desafios de ensinar em salas de aulas. METODOLOGIA Iniciamos o desenvolvimento metodológico deste trabalho com um levantamento bibliográfico, através do qual fizemos leitura e análises de dissertações de mestrado no banco de dados da Universidade do Estado do Pará e Universidade Federal do Pará, e outras informações disponíveis na internet (Livros). Sentimos a necessidade de compreender de maneira especifica a modalidade de ensino multisserie das escolas 30 ribeirinhas do campo situadas em Cachoeira do Piriá localizado no Estado do Pará lócus campus da pesquisa. Participaram como principaissujeitos- colaboradores da pesquisa, 01 (uma) professora e 1(uma) diretora de ensino do sexo feminino. Como critério de escolha ser professor da classe multisserie e fazer parte da gestão das escolas ribeirinha pertencente a essa modalidade de ensino. Portanto a pesquisa aponta para uma pesquisa de natureza qualitativa que possui algumas características básicas, comentadas por GODOY (1995, p. 62-63), tais como: o estudo empírico é realizado no seu ambiente natural, pois os fatos sociais têm que ser observados e analisados inseridos no contexto ao qual pertencem, através de contato direto, desempenhando o pesquisador um papel fundamental na observação, seleção, consolidação e análise dos dados gerado. RESULTADOS E DISCURSSÃO Essa pesquisa encontra-se em andamento mas cabe destacar que existem resultados parciais evidentes até o dado momento, entre os quais podemos citar, a É necessário problematizar o atual cenário que se inserir as classes multisseriadas pensando em uma junção de fatores que vão contribuir ou prejudicar no processo de evolução dos discente que estão sendo atendidos nesse espaço escolar e as Práticas Pedagógicas usadas pelos docentes; buscando dialogar principalmente com os saberes desses alunos bem como todo seu contexto social, ético e cultural. Segundo Hage (2005) que busca entender melhor a realidade das classes multisseriadas e destaca as dificuldades que os educadores e educandos enfrentam no 31 processo de ensino-aprendizagem no sistema seriado urbano de ensino. A autora retrata as mais diversas dificuldades dentre as quais podemos citar o severo processo de exclusão social e educacional que ainda se apresenta em dados alarmantes apresentados periodicamente pelos meios de comunicação em massa. CONCLUSÕES Concluímos então, que existe muito a se percorrer até atingir um nível de inclusão social e educacional que faça valer as tantas leis que garantem constitucionalmente o processo inclusivo do público atendido pela educação do campo. Cabe então finalizar analisando criticamente as condições em que a educação rural continua existindo e as possibilidades da emergência e consolidação da educação do campo, que se faz e refaz na luta concreta dos milhares de trabalhadores rurais pelo direito ao trabalho, a terra e à educação. REFERÊNCIAS LOIOLA, Hélio dos Santos Júnior. As Classes Multisseriadas no contexto da Educação do campo. (FAI), Itaituba – PA, 2014. 32 Ensino de Sociologia e Formação Cidadã: a luta pela equidade de gênero no acesso ao direito à educação Amanda Gomes PEREIRA Universidade Federal do Maranhão Lucas Oliveira dos SANTOS Universidade Federal do Maranhão Maria da Conceição Portela ROCHA Universidade Federal do Maranhão E-mail do autor(a) principal: ag.pereira@ufma.br INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo desenvolver um relato sobre a realização do Projeto de Ensino “Cinema e Educação: linguagens, mídias sociais e performances no Ensino de sociologia na rede pública de São Bernardo/MA”, vinculado ao Programa Foco Acadêmico da Universidade Federal do Maranhão. O projeto teve por intuito se valer de recursos metodológicos diversificados na elaboração de atividades de ensino de Sociologia, tendo como público alvo estudantes da escola Déborah Correia Lima, no município de São Bernardo/MA. A proposta esteve sob a coordenação da professora Dra. Amanda Gomes Pereira e contou também com a participação de discentes do Curso de Licenciatura em Ciências Humanas/Sociologia da Universidade Federal do Maranhão mailto:ag.pereira@ufma.br 33 (Campus São Bernardo), que atuaram como bolsistas e voluntários. Para sua realização, o projeto foi dividido em várias etapas. Essas etapas metodológicas foram escolhidas em reuniões realizadas no Campus da UFMA/ São Bernardo. Nesses momentos, debateu-se acerca das ações a serem empreendidas que fomentassem o interesse na disciplina de Sociologia pelos estudantes da educação básica. Na primeira reunião a coordenadora do projeto sugeriu utilizarmos como material didático – e base para o desdobramento das ações do projeto –, o livro escrito pela ativista paquistanesa Malala Yousafzai, uma vez que ela, em uma das suas atividades de supervisão de estágio, encontrou vários exemplares desta autobiografia no chão da escola citada (uma preciosidade a ser compartilhada). Desse modo, foi então que optou-se por utilizar o livro da Malala, vendo que havia vários exemplares e pelo fato da história de vida da ativista possibilitar debates sobre a questão da luta pelo direito a educação de meninas em sua terra natal, possibilitando diálogos profícuos acerca do acesso a educação no estado maranhense, principalmente na região Leste. Assim, a partir dos desafios enfrentados por Malala na luta pelo direito de meninas e adolescentes frequentarem às escolas, conceitos, teorias e temas sociológicos foram apresentados de maneira transversal às histórias narradas no livro. A seguir serão expostos os objetivos, metodologia, os resultados e discussões provocados, finalizando com algumas conclusões. O que se espera ao delinearmos nossa trajetória de realização desse projeto de ensino é que ele possa inspirar atividades semelhantes, destinadas a promoção do ensino de Sociologia. 34 OBJETIVOS Geral • Apresentar os passos traçados no desenvolvimento do projeto de ensino “Cinema e Educação: linguagens, mídias sociais e performances no Ensino de sociologia na rede pública de São Bernardo/MA”, destacando os êxitos e desafios enfrentados na execução das atividades no Centro de Ensino Déborah Correia Lima. Específicos • Descrever as etapas e as atividades elaboradas pela equipe da UFMA e da Unidade Escolar; • Destacar como a realização do projeto estreitou laços entre a universidade e a comunidade bernardense, abrindo possibilidades para futuras parcerias; • Analisar os resultados das ações e atividades desenvolvidas no espaço escolar, em diálogo com os diferentes atores integrantes desse espaço (gestores) METODOLOGIA No primeiro momento realizou-se a observação para compreendermos e entendermos as dinâmicas presente no respectivo ambiente escolar. Com o fim da observação, deu-se início ao segundo momento que foi o contato direto com os alunos em que realizou-se uma aula para apresentação do Projeto, a aula abordou sobre a história de 35 Malala para a realização da aula utilizou-se um banner e o livro da jovem Malala. É importante destacar que este segundo momento constitui-se fundamental, visto que ele foi utilizado para explicar sobre como funcionaria o projeto, apresentação sobre a história de Malala e seu país. No decorrer do projeto optou-se por utilizar as dinâmicas do lápis magico e a das cartas para Malala como forma de propiciar uma maior interação dos alunos no projeto. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em nosso encontro para apresentar o projeto e como ele seria desenvolvido, foi utilizado um banner. Nele se encontrava os objetivos prospostos que buscaríamos alcançar, além da equipe. Nessa apresentação, abordamos também o fato de que o livro da Malala seria usado e explicamos quem era ela, contando sua história. Os livros foram entregues aos estudantes e, durante, a conversa estabelecida com eles, ficamos sabendo que muitos nunca tinham tido contado com um livro, além da Bíblia. Cabe ressaltar que, na cidade, a única biblioteca que existe é a da UFMA e que não é vista como aberta ao público pela comunidade bernardense. Não há livraria e a compra de livros pela rede mundial de computadores é dificultada pelo elevado valor do frete. Em contrapartida, existe o projeto do estado do Maranhão de fundação da Rede de Bibliotecas Faróis do Saber em94 municípios, mas que, na prática, está inativo em muitas dessas cidades. Assim, como o que acontece com relação a outros serviços públicos, em São Bernardo há o espaço físico, mas não existe recursos materiais e humano. 36 É importante, desse modo, chamarmos atenção para importância de projetos como realizados em escolas da rede pública que, mesmo diante das dificuldades apresentadas durante sua realização, teve seus êxitos ao tocar aspectos que envolvem as vivências e experiências dos educandes, além de convidá-los a serem parte integrante do processo educativo. A partir das aprendizagens advindas dessa dinâmica, no último dia do projeto, desenvolvemos a atividade da escrita de cartas, em que os alunos e as alunas detacavam como a vida da Malala e a deles se entrelaçavam em vários aspectos, apresentando as semelhanças. CONCLUSÕES Será que as mulheres tem o mesmo direito que os homens, utilizado a realidade enfrentada por Malala, e das mulheres de um modo geral do Brasil e em São Bernardo. Quando perguntamos aos alunos, que se por exemplo, uma aluna engravidasse, quem ia parar de estudar? Essas são questões que abordamos em nosso encontro com os alunes quando fomos apresentar o projeto a eles, além de apresentamos Malala, falamos também sobre sua terra natal, o Paquistão, para os alunos. Quando os discentes do projetos fizeram sua observação, na sala onde seria realizada o projeto, notou-se que apressar da professora ter o domínio do conteúdo, percebia-se que na sala tinha alguns alunos prestado a atenção a aula, enquanto que grande maioria os alunos ficavam conversado entre si, como se a professora não estivesse na sala de aula, ministrado sua aula, a professora pedia para os alunos ficarem em silencio, mais não adiantava. 37 Recentemente, jovem professor universitário, de opção democrática, comentava comigo o que lhe parecia ter sido um desvio seu no uso de sua autoridade. Disse, constrangido, ter se oposto a que aluno de outra classe continuasse na porta entreaberta de sua sala, a manter uma conversa gesticulada com uma das alunas. Ele tivera inclusive que parar sua fala em face do descompasso que a situação provocava. Para ele, sua decisão, com que devolvera ao espaço pedagógico o necessário clima para continuar sua atividade especifica e com a qual restaurara o direito dos estudantes e o seu de prosseguir a prática docente, fora autoritária. Na verdade, não. Licencioso teria sido se tivesse permitido que a indisciplina de uma liberdade mal centrada desequilibrasse o contexto pedagógico, prejudicando assim o seu funcionamento (FREIRE, 1996, p.117-118). Nota-se que as vezes os professores tem que ser autoritários para manter, a “turma” sobre controle, visto que quando não exerce essa autoridade os se ver no direito de conversa a vontade, mesmo em pleno horário de aula. Alguns atividades também foram feitas, o lápis magico e a carta para Malala, o primeiro foi espirado em um programa que a Malala, assistia. Contra a história de garoto que tem um lápis magico que tudo que ele escreve se realiza, então foi feito com a turma a seguinte dinâmica, tinha uma música rolado e enquanto isso estava em um ciclo entre alunos da turma e os discente do projeto, que contou com a participação das duas professora tanto a 38 coordenadora do projeto e a preceptora do projeto, visto que se ela participante os alunos também ai querer fazer parte dessa dinâmica, quando parava a música a pessoa que estava com o lápis na mão ai contra seu sonho ou um desejo que ele queriam que realizasse, essa dinâmica tinha o intuito de conhecemos mais um pouco sobre os alunos e seus sonhos. Outra dinâmica foi a carta para Malala, como o nome sugere essa carta tinha o intuito de compara as realidade com a realidade da Malala, visto que o contato que os integrantes do projeto tinha com os alunos era só naquele momento, não conheciam a realidade que cada aluno tinha ou enfrentava em suas casas, as carta foram surpreendente visto que muito enfrentam uma realidade que os professores não imaginam, visto que a turma que foi realizada o projeto 1° C, era tida pelo professores com a turma onde tinha o maior número de reprovados e alunos que não ligava para os estudos. Esse também foi o dos motivos pelo qual a turma foi escolhida, pois o projeto queria adentra a realidade desses alunos, que foi possível, nos depararmos com diversa realidade. Foi um aprendizado multou pois enquanto estava ensinado também estávamos aprendendo com eles. Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educado que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os “argumentos de autoridade” já não valem. Em que, para ser-se, funcionalmente, autoridade, se necessita de estar sendo com 39 as liberdades e não contra elas (FREIRE, 1996, p.79). O projeto proporcionou, uma grande experiência, visto que conhecemos um pouco da realidade de cada aluno, pois as vezes não conhecemos a realidade daquele aluno que está sentado diante de nós, não sabemos sua realidade ou o que o mesmo enfrenta, visto que alguns alunos trabalha no contra turno para ajuda na despesa da casa, e muitos são da zona rural onde a realidade é completamente diferente do alunos que mora na zona urbana. Pois muitas vezes o professor por essa falta do conhecimento do alunos acaba por tirar conclusões precipitadas, tais como os professores falar que aquelas turma era a difícil de lidar, mais os mesmo não paravam para fazer uma simples pergunta, sobre a vida daquele aluno. REFERÊNCIAS FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra: São Paulo, 1996. 40 Concepções de professores/as sobre inclusão de estudantes público-alvo da educação especial: percepções sobre a diversidade e a diferença Ana Luísa ALVES Universidade Federal de Minas Gerais Maria Carolina da Silva CALDEIRA Universidade Federal de Minas Gerais E-mail do autor principal: analuisazxc@gmail.com INTRODUÇÃO Este artigo baseia-se em informações produzidas em uma pesquisa desenvolvida pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva e Diversidade (NEPED), do Centro Pedagógico (CP) da UFMG. O CP é um Colégio de Aplicação que atende ao ensino fundamental (1º ao 9º ano) e desenvolve suas atividades em tempo integral. O ingresso na escola se dá por meio de sorteio público de cinquenta vagas para crianças ingressantes no Ensino Fundamental (1º ano). Dessas, há uma reserva de 5% das vagas para estudantes público-alvo da educação especial (PAEE), ou seja, três vagas. Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/1996), são estudantes PAEE aqueles que apresentam deficiências, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Além da reserva de vaga, há ingressantes pela ampla concorrência que podem ter alguma deficiência ou que descobrem essa deficiência mailto:analuisazxc@gmail.com 41 posteriormente ao ingresso na escola, fazendo com que o número de educandos PAEE nessa escola seja bastante significativo. Para compreender o processo de inclusão desses educandos, é desenvolvido o estudo “Inclusão na Escola Regular de Tempo Integral: principais desafios para o cotidiano escolar e para a formação docente”. Uma ação desenvolvida nesta pesquisa refere-se à realização de grupos focais com os/as docentes da escola para investigar suas concepções a respeito da inclusão. Este artigo analisa alguns excertos desses grupos focais, para compreender como esses/as docentes narram suas percepções sobre a diversidade e adiferença. A análise dos dados evidencia que há concepções conflitantes na escola a respeito da inclusão, da diversidade e da diferença. OBJETIVOS O CP, por ser um colégio de aplicação, tem na sua essência a produção de pesquisas. Nesse intuito criou-se o NEPED com o objetivo maior de estimular a produção e divulgação de pesquisas sobre educação inclusiva e diversidade, relacionando-as ao papel da escola de tempo integral, à formação docente e à garantia da permanência bem-sucedida de todos/as os/as estudantes. O presente trabalho tem por objetivo analisar as concepções que os/as professores/as do Centro Pedagógico têm a respeito da inclusão de estudantes PAEE, por meio de suas falas expressas em grupos focais. A partir das análises, pretende- se mostrar de que forma a diferença e a diversidade são narradas por esses docentes no que se refere à inclusão desses educandos. 42 METODOLOGIA O estudo foi desenvolvido, em 2019, no CP localizado no campus Pampulha da UFMG, em Belo Horizonte/MG. Os grupos focais se caracterizam por se constituírem de “um conjunto de pessoas selecionadas e reunidas por pesquisadores para discutir e comentar um tema, que é objeto de pesquisa, a partir de sua experiência pessoal” (POWEL; SINGLE, 1996 apud GATTI, 2005, p.7). É considerado mais eficaz que outros métodos, pois cruza diferentes pontos de vistas e gera pensamentos e discussões que em uma entrevista ou questionário, por exemplo, não seriam possíveis. No ano de 2019, o CP contava com uma equipe de 64 professores/as e os grupos focais tinham o objetivo de atingir pelo menos 20% da equipe. Em sua fase inicial, foi feito um convite a todos/as os/as professores/as do CP para participação nos grupos focais e definidos dias e horários diferentes para atingir um público maior. Foram realizados cinco grupos focais, que atingiram 40% do corpo docente da escola. O número de participantes variou de três a sete, além dos/as moderadores/as e da bolsista de iniciação científica. Em todos os encontros, foi feita uma breve apresentação do grupo de pesquisa, a caracterização do estudo e cada professor/a contou sua experiência com inclusão e como isso o afetou como pessoa. Após a coleta de dados, os grupos focais foram transcritos e enviados a cada um dos professores/as participantes que revisaram e aprovaram o texto, para assim partir para uma categorização que aconteceu no primeiro semestre de 2020. Os membros do NEPED dividiram-se em 43 duplas e trios e cada um dos grupos propôs categorias emergentes que foram discutidas e unificadas em uma planilha subdividida em categorias, subcategorias e unidades de contexto. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir da análise dos grupos focais foi possível identificar falas que mostram a percepção que os/as docentes têm no que se refere à inclusão de estudantes público-alvo da educação especial. As diferentes falas foram agrupadas em três grandes grupos que mostram concepções distintas em torno da inclusão. O primeiro desses grupos é composto por docentes que dizem acerca da neurodiversidade e da diferença dentro da diferença. O segundo grupo é composto por falas que negam as possibilidades da inclusão na instituição escolar. O terceiro engloba falas que dizem da importância de mudar a lógica escolar para atender à diferença. No primeiro grupo, percebe-se a constatação de que a diferença é constitutiva do ser humano. Nesse sentido, todas as diferenças devem ser acolhidas no espaço escolar e consideradas em sua singularidade. Seguindo essa perspectiva, uma das professoras afirma que: A gente precisa criar uma outra cultura humana, mas nós que estamos na ponta dessa história, é puxado pra nós, muito puxado. Eu considero um aprendizado enorme aqui no CP, tenho lido, desde o meu irmão, o que é neurodiversidade, procurei ler uns livros. O que me ajudou muito foi "Quem disse que é bom ser normal?". Então eu não chamo mais 44 de especificidades, é uma neurodiversidade que eles têm. (Professora 1) A “neurodiversidade” surgiu como um movimento dos autistas que lutam defendendo que o autismo “não é uma doença a ser tratada e, se for possível, curada. Trata-se antes de uma diferença humana que deve ser respeitada como outras diferenças (sexuais, raciais, entre outras)” (ORTEGA, 2008, p. 477). Assim como a professora aborda no trecho acima, essa perspectiva considera que todas as deficiências devem ser entendidas como algo constitutivo do ser humano. Todos/as devem ter suas características respeitadas no ambiente escolar, que se torna mais rico e diverso no contato com a diferença. Um outro exemplo de professores que têm uma concepção articulada à perspectiva da neurodiversidade pode ser visto no excerto a seguir, quando a professora diz a respeito da diversidade que existe mesmo em grupos tidos como iguais, como os autistas. O que eu aprendo com isso, principalmente de ter tido vários alunos autistas *confuso*, é cada um com seu autismo, é cada um. [...] Se tem alguma razão de ser, nesse mundo que a gente tá binário, das coisas serem aqui ou aqui, de ter tanto autista na escola é pra gente perceber que a diversidade é natural e da singularidade do ser humano. O autista te obriga a olhar pra singularidade, porque cada um é singular. Você pode ter experiência com 10 autistas em 10 anos que no final de 10 anos vão ter 10 diferentes. (Professora 2) O segundo grupo apresenta uma concepção de inclusão que considera que nem todos/as podem ser 45 incluídos. Nesse sentido essa concepção nega o fato de que a “escola pública brasileira é uma escola para todos” (LIMA; MANTOAN, 2017, p. 825). São bem radicais e desacreditam na capacidade do CP como uma escola inclusiva, podemos perceber isso na fala de uma professora: Eu acho que nós não vamos dar conta de determinadas inclusões. Eu acho que ultrapassa a nossa competência, a nossa condição. Será que determinados alunos vão ficar conosco 1, 2, 3, 4 anos e vão ter que sair? Eu acho que não tem jeito, acho que não vamos conseguir avançar com crianças que a gente viu hoje que estão chegando aqui, essa criança que está na cadeira de rodas. Será que a gente vai ajudar até quando? Eu não sei se a gente, pra determinadas situações, tem condições. (Professora 3) Por fim, no terceiro grupo temos aqueles/as professores/as que consideram a necessidade de repensar a lógica escolar para que a instituição se torne, de fato, inclusiva. O apoio ao sistema de cotas e a mudança do olhar do professor para a inclusão, para que aquilo se torne algo natural, rotineiro, aparecem nas falas agrupadas conforme essa concepção. Eles/as consideram que é preciso “promover experiências, com vistas à interpretação e criação de novos sentidos e significados” (LIMA; MANTOAN, 2017, p. 831), como mostra o excerto a seguir. [...] se a gente não mudar enquanto concepção de ensino, acho que não adianta ter mais professores em sala, não adianta ter 46 os monitores envolvidos, que a nossa inclusão vai ser sempre muito pontual, vai ser pra casos específicos. (Professora 4) CONCLUSÕES A análise das falas dos/as docentes mostrou que há diferentes concepções em torno da inclusão de estudantes PAEE. Essas concepções passam tanto por ideias de que a inclusão na escola não é possível como por perspectivas que defendem a singularidade de cada indivíduo e a necessidade de mudança da escola para acolher a diferença. Nesse sentido, percebe-se a necessidade de investimentos na formação docente voltada para a diferença, a fim de que se avance a fim de promover uma escola que seja inclusiva, democrática e, de fato, para todos/as. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Lei 9394, de 20 de dezembro 1996.Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm>. Acesso em: 15 ago. 2020. GATTI, B. A. Grupo Focal na Pesquisa em Ciências Sociais e Humanas, v. 10, p. 7-41, 2005. ORTEGA, F. O sujeito cerebral e o movimento da neurodiversidade. Mana, v.14, n.2, p. 447-509, out. 2008. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm 47 LIMA, N. S. T. DE; MANTOAN, M. T. E. Notas sobre inclusão, escola e diferença. ETD - Educação Temática Digital, v. 19, n. 4, p. 824-832, out. 2017. 48 Língua, Discurso e Memória: Diversidade Linguística no Baixo Tocantins Ana Ruth de Sena NUNES Universidade Federal do Pará Andrea Silva DOMINGUES Universidade Federal do Pará/PPGEDUC/PROCAD- Amazônia CAPES E-mail do autor principal: ruthnunes999@gmail.com INTRODUÇÃO As pesquisas nos domínios da linguística, da Análise do Discurso e dos estudos culturais são beneficiadas quando há uma preocupação de produzir um material didático de base linguística cultural com a participação de sujeitos sociais de grupos diversos da sociedade. O estudo nos possibilita compreender parte dos saberes culturais e tradicionais da Vila do Juaba, Cametá – Pará; localidade que possui influência de povos remanescentes de quilombolas que se faz presente em suas formas de falar. Compreender as diversas línguas da e na Amazônia, especialmente na região do Pará é produzir um conhecimento linguístico importante para a preservação das práticas culturais e da memória destes povos que buscam diferentes formas de viver e se fazer na sociedade contemporânea como sujeitos em movimento, significando sentidos cotidianamente, porém mantendo traços culturais que se materializam na língua, constituindo processos mailto:ruthnunes999@gmail.com 49 identitários para as novas gerações como um movimento de resistência presente em todos espaços desta localidade, inclusive no espaço escolar, assim pensar a relação de língua, memória e discurso se faz uma tarefa fundamental para compreensão da Amazônia brasileira. OBJETIVO (S) Considerando que “o campo da cultura não é homogêneo, e sim atravessado por contradições e pelos conflitos de classe na disputa pela hegemonia” (DOMINGUES, 2017, p.17), e que por conta destas disputas muitos povos tiveram suas terras, suas vidas invadidas de forma cruel desde tempos remotos. A população amazônica é composta por povos diversos, que constituíram seus traços, práticas culturais e processos identitários, podendo ser evidenciado nas formas de viver, de falar de trabalhadores e trabalhadoras que vivem entre as matas e as águas; comunidades estas que foram fortemente violentadas por invasões e muitas permanecem até os dias atuais correndo riscos, por conta dos interesses do capitalismo. ´Que surgiu nosso objetivo de central deste estudo: analisar as formas linguísticas dos moradores da Vila de Juába, que se localiza no Município de Cametá- Pará, a margem esquerda do rio Tocantins que permanecem até o tempo presente se manifestando em suas práticas culturais e como elas são transmitidas de geração a geração. METODOLOGIA Neste estudo propomos realizar uma pesquisa qualitativa-interpretativa, utilizando da Análise de Discurso 50 para interpretação de nosso corpus de análise, entendendo- a como uma disciplina de interpretação, que trabalha com o funcionamento do discurso; que envolve toda conjuntura política, social e ideológica que constitui cada acontecimento, para desta forma interpretarmos o funcionamento do discurso, a começar de suas articulações ideológicas (ORLANDI, 2010). O corpus de análise é composto de narrativas orais e imagens disponíveis em vídeos disponíveis no youtube que tratam das práticas culturais dos moradores da Vila Juaba – Cametá, Pará. Nesta materialidade discursiva nos é oportunizado trabalhar com a língua, a cultura, o discurso e a memória, observando nas variações linguísticas como é o funcionamento da linguagem desses sujeitos sociais. RESULTADOS ALCANÇADOS Iniciamos nosso estudo dialogando os dispositivo teóricos analíticos da Análise do Discurso, para que no momento da interpretação das fontes possamos entender que os sentidos do funcionamento dos discursos não estão soltos, que sempre estão em meio a “um jogo da memória: o da memória institucional que estabiliza, cristaliza, e, ao mesmo tempo, o da memória constituída pelo esquecimento que é o que torna possível ou diferente, a ruptura, o outro” (ORLANDI, 2010, p. 10) Como resultado parcial observamos que a categoria memória é fundamental para a manutenção dos saberes de cada comunidade tradicional, e entre estes a língua, como prática de linguagem é um fator predominante para as manutenções linguísticas, pois como nos afirma Orlandi (2010) o discurso é a palavra em movimento, 51 prática de linguagem, é a língua fazendo sentido, é o sentido do discurso e seu funcionamento, a partir de suas articulações ideológicas. CONSIDERAÇÕES FINAIS No levantamento bibliográfico realizado foi possível perceber que nas últimas décadas os estudos linguísticos vêm se dedicando com mais ênfase aos estudos com as narrativas orais como corpus de análise e os dispositivos teóricos analíticos da Análise de Discurso vêm oportunizando um olhar histórico e político, que nos permite compreender a língua como materialidade do discurso, que está em constante movimento, entrelaçado com a memória, com a história e produzindo sentidos. Língua, Cultura, Discurso e Memória são dispositivos teóricos fundamentais para compreensão e investigação das práticas linguísticas das comunidades tradicionais da Amazônia Tocantina. É pela oralidade, pelo corpo que muitos saberes tradicionais resistem até o tempo presente, e entre estes estão as formas de se dizer, de falar que mantém especificidades linguísticas de cada comunidade, que mesmo em tempos “modernos” através de cantorias, festejos, rezas mantem os seus trejeitos presente em seu cotidiano se (re)significando. REFERÊNCIAS DOMINGUES, Andrea Silva. Cultura e memória: A festa de Nossa Senhora do Rosário na cidade de Silvianópolis- MG. Pouso Alegre-MG:UNIVAS, 2017. 52 ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. Campinas, SP: Pontes 2010. 53 Inserção de crianças público-alvo da educação especial em uma escola de tempo integral: cultura escolar e cultura da infância André Henrique Faria MARQUES Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte/MG Maria Carolina da Silva CALDEIRA Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte/MG E-mail do autor principal: andre8faria@gamil.com INTRODUÇÃO A inserção de crianças de seis anos no Ensino Fundamental (EF) representa um grande desafio para as instituições de ensino, que, de modo geral, não estão preparadas para lidar com as características da cultura da infância. Dantas e Maciel (2010) afirmam que é necessário atenção ao processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças que ingressam no EF haja vista que essa introdução é complexa e as mudanças exigem uma adaptação, que, por consequência, requer tempo. De acordo com Corsino et al. (2011) a interação forma e transforma as crianças em sujeitos ativos. Nesse sentido, acompanhar suas interações e relações com os demais sujeitos do ambiente escolar ajuda a compreender a gênese de uma formação cultural que articula elementos da cultura escolar com a cultura da infância. No que se refere às crianças público-alvo da educação especial(PAEE), o desafio da inserção no EF é mailto:andre8faria@gamil.com 54 ainda maior, pois tradicionalmente a escola não está adaptada para atender à diversidade que estes/as estudantes trazem para a instituição escolar. Essas crianças, quando ingressam no Ensino Fundamental, têm contato com as demandas diversas que essa nova etapa de escolarização implica, como, por exemplo: espaço físico, rotina, disciplinas, pessoas e ambientes novos. Lima e Mantoan (2017) apontam como a inclusão dessas crianças na escola é fundamental, pois ela faz eclodir vozes dissonantes. Contudo, tecem críticas ao currículo e à sua lógica binária, que prejudica outros saberes e representações cujos valores não são apreciados na hierarquização do conhecimento. Sendo assim, é necessário que as práticas pedagógicas e o currículo se envolvam em processos que “assegurem de forma efetiva o direito à diferença” (LIMA; MANTOAN, 2017, p.824). A respeito de currículo, Caldeira e Paraíso (2017) afirmam que ele articula dispositivos, conhecimentos, saberes e práticas. De modo geral, o currículo do primeiro ano do EF tem como principal objetivo formalizar aspectos relativos à alfabetização para as crianças, além de construir determinados elementos relativos à cultura escolar. Isso geralmente representa um novo desafio para as crianças. Considerando este contexto, a pesquisa de que este artigo resulta procurou analisar, no ano de 2020, as práticas curriculares desenvolvidas com crianças do primeiro ano do ensino fundamental (EF), que estavam ingressando no Centro Pedagógico da UFMG para compreender como as questões relativas à inclusão se apresentavam nesse primeiro contato das crianças com uma escola de tempo integral. O CP/UFMG é uma escola de tempo integral, com horário de funcionamento de 07h30 as 14h30, que oferta do 55 1° ao 9° ano do EF, dividindo essas fases em 3 ciclos, com 3 anos de duração cada. A turma acompanhada tinha três estudantes PAEE e 22 estudantes neurotípicos. O foco principal da observação se deu nas interações desses estudantes com o currículo e com as outras crianças. Para isso, a pesquisa utilizou técnicas etnográficas de observação e registro. Entretanto, com a pandemia de COVID-19 e a necessidade do isolamento social, a pesquisa precisou se adequar a novos objetivos, tendo em vista que as crianças do primeiro ano ainda não haviam iniciado o horário integral até a suspensão das atividades. Com isso, a principal questão analisada: como se dão os contatos iniciais dos estudantes público-alvo da educação especial (PAEE) com o EF, além das interações entre os sujeitos, com maior enfoque nas relações entre alunos atípicos e alunos neurotípicos. OBJETIVOS A pesquisa teve como objetivo geral acompanhar os estudantes que ingressaram no ensino fundamental, no primeiro ano de escolarização, particularmente aqueles que se constituem como público-alvo da educação especial, ou seja, estudantes que têm deficiência, transtorno global de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação (BRASIL, 1996). Como objetivo específico, o estudo procurou investigar como se dão as interações e relações entre sujeitos público-alvo da educação especial e os alunos típicos de uma turma de primeiro ano do ensino fundamental em uma escola de tempo integral, para compreender de que modo a diferença e a diversidade são 56 tratados nesse currículo. O objetivo deste trabalho é narrar como a diferença é percebida e tratada em dois episódios específicos: o primeiro dia de aula e o primeiro almoço na escola. METODOLOGIA A pesquisa usou como base elementos da etnografia escolar. Sobre etnografia escolar, Caldeira e Paraíso (2016) explicam como essas análises ajudam na compreensão das relações em sala de aula e na análise do currículo, mostrando como marcas culturais podem aparecer nesse contexto. Partindo dessa afirmação, elas estabelecem que “a etnografia é definida como a elaboração de uma descrição densa [...], ou seja, procura entender os sentidos atribuídos a um determinado fato pelos viventes de uma dada cultura” (CALDEIRA; PARAÍSO, 2016, p.1508). A etnografia se vale de registros, observações e descrições detalhadas para explicar tais vivências. Na pesquisa em questão, o registro se deu a partir de um diário de campo, onde o pesquisador anotava a rotina dos estudantes em relatórios diários. As anotações continham as ações de todos os envolvidos em sala de aula em diversos momentos do dia. Além das ações, o fato e as consequências implicadas a partir dele também foram levados em consideração para a realização das análises. O trabalho em campo se iniciou no dia 06/02/2020 e encerrou no dia 18/03/2020, em função da suspensão das aulas. A princípio, a ideia era acompanhar a turma durante todo o 1º semestre. A turma pesquisada é do 1° ano e conta com 25 alunos com a faixa etária de 6 a 7 anos, desses, 3 alunos são público alvo da educação especial com especificidades diferentes, com um estudante com Paralisia 57 Cerebral e dois estudantes no Transtorno do Espectro Autista. A sala conta ainda com 4 monitores, sendo 3 deles para acompanhamento de crianças da educação especial. RESULTADOS E DISCUSSÃO O ingresso no EF se mostrou um desafio para todos os sujeitos envolvidos. Enquanto a pesquisa foi realizada, muitos desafios foram presenciados. O principal deles, foi como conseguir construir o currículo do primeiro ano garantindo que a diferença fosse assegurada. Em observação mais minuciosa sobre os estudantes público- alvo da educação especial, percebe-se que muitas questões ainda estão presentes no modo de lidar com esses alunos, sendo necessário pensar em uma estrutura pautada na própria diferença para conseguir atender a todos. De maneira geral, foi possível testemunhar muito empenho por parte dos profissionais da escola em questão, muita vontade em fazer com que essa entrada no Ensino Fundamental ocorresse de forma a considerar a cultura da infância, levando em consideração todas as questões que a transição entre educação infantil e ensino fundamental envolve. A partir das análises realizadas pela pesquisa, destacamos dois episódios emblemáticos para pensar a forma como a escola lida com a diferença no ingresso no primeiro ano: o primeiro dia de aula e o primeiro almoço dos alunos na escola, tendo em vista sua importância para compreender como a escola acolhe a diferença. O registro em diário de campo do primeiro dia de aula é transcrito a seguir: 58 O primeiro dia de aula foi bastante agitado, muitas novidades em um curto espaço de tempo. Dois pontos importantes desse primeiro contato com a escola e com o Ensino Fundamental emergiram nessa análise. No primeiro dia os alunos tiveram que fazer atividades onde eles deveriam escrever seus nomes e fazer desenhos. Essa questão da escrita mostra como a preocupação com a alfabetização já é inserida no currículo logo no primeiro dia. Além disso, outro fato que deixou os estudantes inquietos foi à presença dos monitores em sala por serem quatro adultos, além da professora. Dois alunos da Educação especial agiram de forma distintas a este momento. O aluno com TEA fez barulhos com a boca e batia um carrinho em sua mesa. Já a aluna com Paralisia Cerebral interagiu de imediato com as duas monitoras que vieram conversar com ela. (Excerto do diário de campo,05/02/2020) A preocupação com a alfabetização no Ensino Fundamental observada em outros estudos que lidam com este tema foi observada na pesquisa. A questão de letramento/ alfabetização no primeiro ano do ensino fundamental é tratada por Caldeira e Paraíso (2017, p.771) ao dizerem que “o currículo articula, então, dispositivos, conhecimentos, saberes e práticas” que visam a atingir a alfabetização
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