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Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas Microbiologia Professora: Talita Honorato 1 MICROSCOPIA – COLORAÇÃO DE GRAM DESCRIÇÃO TEÓRICA Quando observados em um microscópio óptico a maioria dos micro-organismos parece quase incolor, por isso devemos prepará-los para observação. A coloração é uma das formas pelas quais isso pode ser feito. Basicamente, existem corantes simples e corantes específicos que são utilizados para distinguir diferentes tipos de material, como lipídeos, carboidratos e proteínas, ou associações de diferentes materiais. (TORTORA; FUNKE; CASE, 2005; VERMELHO et al, 2006). COLORAÇÕES SIMPLES DIFERENCIAL Positiva Separação de Grupos Visualização de Estruturas Negativa Coloração de Gram Esporos Coloração de Ziehl – Neelsen Cápsulas Flagelo Quadro 1: Tipos de colorações utilizadas em microscopia óptica. Os corantes são classificados de acordo com a carga do íon da porção corante da molécula. Assim, os corantes ácidos têm uma carga negativa; e os básicos têm carga positiva. Normalmente os corantes básicos são os mais empregados. Isso se justifica pelo fato de o íon positivo colorido em um corante básico ser atraído pela célula bacteriana carregada negativamente. (SOARES; CASIMIRO; AGUIAR, 1987; TORTORA; FUNKE; CASE, 2005). CORANTES BÁSICOS CORANTES ÁCIDOS Violeta de genciana Eosina Azul de metileno Fucsina ácida Verde malaquita Nigrosina Safranina Quadro 2: Exemplos de corantes básicos e ácidos. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas Microbiologia Professora: Talita Honorato 2 A coloração simples utiliza apenas um único corante básico. Ela pode ser positiva, quando é baseada na utilização de corantes carregados positivamente. E negativa, nesse caso o corante é acídico e repelido pela carga negativa da célula. A lâmina de vidro fica corada enquanto o micro-organismo aparecerá mais claro, transmitindo a idéia de um negativo fotográfico. (VERMELHO et al, 2006). Diferente da coloração simples, na coloração diferencial é empregado dois corantes contrastantes, que reagem de modo distinto com tipos diferentes de bactérias, sendo possível diferenciá-las. Os mais freqüentes são a coloração de Gram e a coloração álcool-ácido resistente (Ziehl-Neelsen). (TORTORA; FUNKE; CASE, 2005). A coloração de Gram recebeu este nome em homenagem a seu descobridor, o médico dinamarquês Hans Christian Joachim Gram. Em 1884, Gram observou que as bactérias adquiriam cores diferentes quando tratadas com diferentes corantes. Isso permitiu classificá-las em dois grupos distintos: as que ficam roxas, chamadas de gram-positivas, e as que ficam vermelhas, chamadas de gram-negativas. (MARTINS et al, 2001). As bactérias gram-positivas retêm o pigmento do corante cristal de violeta ou violeta de genciana, uma vez que ocorre a formação de um complexo com a solução iodo-iodeto (Lugol), mesmo depois da lavagem com álcool, que desidrata a parede celular e diminui a porosidade e a permeabilidade. As bactérias gram-negativas não retêm o pigmento do cristal de violeta, apesar de ser corado por ele. O álcool dissolve a sua membrana externa, deixando pequenos furos na delgada camada de peptideoglicana, promovendo a saída dos cristais de violeta-iodo. Assim, o álcool promove a remoção do pigmento azul ou violeta desse corante, tornando essas bactérias incolores. Com a adição do contra-corante (safranina ou fucsina), as células das gram- negativas tornam-se rosas ou vermelhas e as gram-positivas não são afetadas, permanecendo azuis ou violetas. (MARTINS; CARVALHO, 2008). OBJETIVOS Conhecer e diferenciar os tipos de coloração. Discutir a importância do método de Gram na identificação de micro-organismos. MATERIAL • Lâminas e lamínulas limpas • Pinça Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas Microbiologia Professora: Talita Honorato 3 • Alça de inoculação • Lamparina • Microscópio óptico • Pipeta Pasteur • Culturas microbianas • Solução salina fisiológica 0,85% estéril • Cristal violeta, lugol (solução iodo-iodeto), álcool 95% e fucsina • Papel absorvente • Óleo de imersão PROCEDIMENTOS Precedendo a coloração propriamente dita, é necessária a confecção de lâminas com os micro- organismos a serem analisados. As lâminas de vidro devem ser lavadas com água e sabão, enxaguadas exaustivamente em água e deixadas em um recipiente com etanol (álcool) a 95%. Antes da utilização devem ser retiradas do recipiente com uma pinça e secas com papel-toalha ou pano bem macio que não solte fiapos. (VERMELHO et al, 2006). O preparo do esfregaço obedece aos seguintes procedimentos: Preparo do esfregaço • Micro-organismos em meio líquido: - Com o auxílio de uma pinça, tomar uma lâmina de microscopia imersa em álcool; - Flambá-la na chama de um bico de Bunsen ou lamparina; - Deixar que a lâmina esfrie a temperatura ambiente; - Flambar, ao rubro, a alça de platina (alça de inoculação); - Transferir uma porção, 1 gota do meio (do tubo de cultura) para a área central da lâmina; - Espalhar, esfregando o material numa pequena área (1 a 2 cm); - Flambar, ao rubro, novamente a alça de platina; - Deixar secar ao ar, antes de submetê-la a coloração. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas Microbiologia Professora: Talita Honorato 4 • Micro-organismos em meio sólido: - Preparar a lâmina do modo referido anteriormente; - Colocar previamente 1 gota de solução salina (0,85% de cloreto de sódio) estéril sobre a lâmina de vidro; - Flambar, ao rubro, a alça de platina; - Recolher uma pequena porção do crescimento de micro-organismos; - E diluir na gota de salina espalhando as células em movimentos circulares, por uma pequena área de, aproximadamente 1 a 2 cm; - Deixar secar ao ar; - Fixá-la pelo calor passando a lâmina de vidro, contendo o esfregaço seco ao ar, 3 vezes sobre a chama do bico de Bunsen, antes de submetê-la a coloração. Coloração de Gram • Cobrir o esfregaço, com o auxílio de uma pipeta Pasteur, com solução de cristal violeta 2% durante 1 a 2 minutos; • Lavar ligeiramente com água corrente. Escorrer; • Cobrir o esfregaço com lugol, usando uma pipeta Pasteur, durante 1 a 2 minutos; • Descorar rapidamente com álcool a 95%; • Lavar ligeiramente com água corrente. Escorrer; • Contra corar com uma solução de fucsina ou safranina, durante 30 segundos; • Lavar com água corrente e enxugar entre dois lenços de papel absorvente, com cuidado, sem esfregar; • Examinar ao microscópio óptico com a lente objetiva de imersão (100x). Para observação na objetiva de imersão não esquecer de adicionar sobre o esfregaço corado uma gota de óleo de imersão. QUESTÕES PARA DISCUSSÃO 01 – A coloração de Gram exerce alguma importância em diagnósticos clínicos de bactérias isoladas de infecções humanas e animais? Citar pelos menos um exemplo. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas Microbiologia Professora: Talita Honorato 5 02 – Empiricamente, Gram estabeleceu uma sequência para a aplicação dos corantes que integram a metodologia. Comentar os resultados possíveis de serem obtidos com modificações (exclusões ou inversões) da sequência referida nos procedimentos. REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO MARTINS, Cláudia Renata Fernandes et al. Técnica de Coloração de Gram: Brasília: Ministério da Saúde, Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS, 1997. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. MARTINS, Janaína Cunha; CARVALHO, Natália Sales de. Manual de Aulas Práticas de Microbiologia Geral Destinado a Monitores. Fortaleza:Universidade Estadual do Ceará. Centro da Ciência da Saúde. Curso Nutrição. Setor Microbiologia, 2008. SOARES, Juarez Braga. Microbiologia básica por Juarez Braga Soares, Antonio Renato S. de Casimiro e Laurênia Maria B. Aguiar. Fortaleza, edições UFC, 1987. TORTORA, GERARD J. Microbiologia/ Gerard J. Tortora, Berdell R. Funke, Christine L. Case; trad. atual. por Roberta Marchiori Martins. – 8. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2005. VERMELHO, Alane Beatriz. Práticas de microbiologia/Alane Beatriz Vermelho... [et al.]. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
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