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1 Erika Francinny - 5 º período APG 5: O quadril em formação Anatomia do quadril PELVE A estrutura óssea da pelve, é uma estrutura óssea complexa em forma de bacia que abriga e protege os órgãos da região pélvica. Denominada cintura pélvica, é composta por dois ossos pélvicos (ilíacos), o sacro e o cóccix. O osso pélvico é formado pela união de três ossos; ílio, ísquio e púbis. Os ossos pélvicos (ilíacos) articulam-se entre si através da sínfise púbica, e com o sacro através da articulação sacroilíaca. O cóccix se articula com o sacro através da articulação sacrococcígea. A pelve fornece proteção e passagem para o plexo lombar e para o plexo sacral (sagrado), formando, juntos, o plexo lombossacral (lombossagrado), à medida que os nervos viajam inferiormente para suprir as estruturas da extremidade inferior. A anatomia pélvica é interessante por causa das suas variações entre os sexos. No homem a pelve é mais estreita e o forame triangular é profundo. Já a pelve feminina é mais larga e rasa, devido à própria função reprodutora, apresenta o forame obturador mais arredondado. ARTICULAÇÃO DO QUADRIL (ANCA) A articulação do quadril (anca) é uma grande articulação sinovial em bola e soquete (esferoide) entre a cabeça do fêmur e o acetábulo da pelve. Está estruturada de tal forma que permite o movimento em todos os eixos, enquanto suporta a nossa massa corporal tanto do verão quanto do inverno e proporciona estabilidade ao corpo durante o movimento. A articulação do quadril 2 Erika Francinny - 5 º período (anca) é reforçada por uma cápsula e ligamentos fortes; o ligamento anular do quadril (anca) e os ligamentos acetabular transverso, iliofemoral, pubofemoral e isquiofemoral. ANATOMIA DO FÊMUR Maior osso do corpo humano, o fêmur todo-poderoso. O fêmur é um osso longo, com uma extremidade proximal, uma diáfise e uma extremidade distal. Encontra-se localizado na coxa, entre o quadril e o joelho, sendo um dos ossos mais importantes do nosso corpo. O fêmur consegue suportar grandes pressões e cargas, nos dando equilíbrio e sustentação. MÚSCULOS DO QUADRIL (ANCA) Músculos glúteos (máximo, médio e mínimo) Os músculos glúteos dão às nádegas a sua curvatura característica. Existem quatro músculos glúteos, localizados posteriormente ao osso pélvico (ilíaco): glúteo máximo, glúteo médio, glúteo mínimo e tensor da fascia lata. Todos são potentes extensores e flexores do quadril (anca), o que os torna essenciais para manter a postura ereta do corpo humano. Músculos internos do quadril (anca) Existem nove músculos internos do quadril (anca), encontrados na região anterior da pelve: ilíaco, psoas maior, psoas menor, obturador externo, obturador interno, gêmeo superior, gêmeo inferior, piriforme e quadrado femoral. Nove pode parecer bastante, mas esses músculos são essenciais para gerar a ampla gama de movimentos do quadril (anca). Doenças osteomusculares da infância Os defeitos congênitos, também chamados anomalias congênitas, são anomalias físicas que ocorrem antes do bebê nascer. “Congênito” significa “presente ao nascimento”. LEGG-CALVÉ-PERTHES Essa doença é causada por osteonecrose (é a morte de um segmento de osso causada pela perda de suprimento de sangue. A osteonecrose é mais comumente causada por uma lesão, mas também pode ocorrer sem uma lesão) da fise femoral proximal (cabeça do fêmur). Essa doença é causada por um fornecimento de sangue insuficiente para a parte superior da placa de crescimento do fêmur, perto da articulação do quadril. A doença Legg -Calvé-Perthes é uma osteocondrose, que é um grupo de distúrbios da placa de crescimento dos ossos que ocorre quando a criança está crescendo rapidamente. A etiologia é desconhecida. EPIDEMIOLOGIA Cerca de 1 0% das crianças têm um pai ou mãe que teve a doença. 3 Erika Francinny - 5 º período Afeta mais meninos -> 5:1 10% dos casos são bilaterais Idade: entre 4 a 8 anos FISIOPATOLOGIA O fornecimento de sangue insuficiente acarreta a necrose e o colapso da extremidade do fêmur (necrose avascular ou osteonecrose ). A causa desse fornecimento de sangue insuficiente na doença de Legg - Calvé-Perthes é desconhecida. Outros problemas também podem causar a interrupção do fornecimento de sangue para as placas de crescimento. Esses problemas incluem anemia falciforme e o consumo de corticosteroides. A doença é autolimitada, e sua história natural é dividida em 4 estágios: 1) Necrose: fase dolorosa; à radiografia, apresenta-se com aumento da densidade da epífise; 2) Fragmentação: período de vulnerabilidade mecânica da cabeça femoral, no qual o osso desvitalizado é gradualmente substituído por um osso novo (radiotransparente) e fica suscetível a deformidades causadas pela descarga de peso e pela pressão excêntrica do labrum acetabular. À radiografia, essa fase apresenta o sinal “do crescente”, ou de Caffey: uma fratura do osso subcondral; 3) Reossificação: quando a densidade retorna ao normal, e é possível observar as alte rações na forma da cabeç a; 4) Remodelamento ou residual ou sequela: pode apresentar vários padrões de deformidade. QUADRO CLÍNICO O paciente apresenta-se com dor no quadril, na região inguinal e/ou no joelho, neste último por irradiação do nervo obturatório. Todo paciente pediátrico com queixa no joelho deve ter o quadril investigado. Sinal de Drehman (consiste no aparecimento da rotação lateral durante a realização da flexão do quadril); Atrofia glútea, claudicação; Contratura dos adutores. DIAGNÓSTICO Radiografia simples, RM, cintilografia. 4 Erika Francinny - 5 º período EPIFISIOLISTESE OU EPIFIÓLISE FEMORAL PROXIMAL Epifisiólise do quadril é “Subluxação/luxação” progressiva da fise femoral próxima, sendo uma afecção caracterizada pelo aumento da espessura, e consequente enfraquecimento, da placa de crescimento proximal do fêmur no nível da cama da hipertrófica. O estresse mecânico, aplicado à placa fisária enfraquecida, facilita o escorregamento da epífise em relação ao colo femoral (epifisiolistese). EPIDEMIOLOGIA Afeta mais meninos Idade média: 14 anos meninos e 12 anos meninas. Mais comum em negros e obesos É bilateral de 20 a 25% dos casos FISIOPATOLOGIA A etiologia é desconhecida, também chamada de deslizamento, escorregamento, descolamento do fêmur proximal ou coxa vara do adolescente. Durante o período do estirão, ocorre o enfraquecimento da placa de crescimento, e o colo do fêmur desloca-se em direção anterossuperior em relação à epífise. Essa alteração parece acometer todas as placas de crescimento dos ossos longos, porém somente no fêmur proximal a fise é inclinada e sujeita às forças de cisalhamento do peso do corpo. Embora a doença ocorra na adolescência, o escorregamento acarreta alteração mecânica em articulação de carga, e isto pode desencadear, no futuro, a osteoartrose degenerativa do quadril. QUADRO CLÍNICO Claudicação, Dor irradiada pela região anterior da coxa ou joelho por causa da inervação do quadril, encurtamento ou rotação externa do membro afetado, sinal de Drehman positivo. A flexão é limitada, e o quadril tende a rodar externamente, caracterizando o sinal de Drehmann. A epifisiólise pode apresentar-se de forma aguda, crônica ou crônica agudizada, sendo o padrão crônico o mais comum. 1) Aguda: até 3 semanas; nesses casos, o quadro clínico apresenta-se de maneira abrupta, geralmente provocada por algum trauma ou esforço; 2) Crônica: mais comum, acima de 3 semanas, já apresentando sinais radiográficos de remodelamento no colo do fêmur; 3) Crônica agudizada: dor e claudicação de início insidioso, com súbita exacerbação dos sintomas. DIAGNÓSTICO Radiografia simples, ultrassonografia. Classificação de Lovell-Winter-> considera o grau de deslizamento da fise em relação à largura do colo femoral: Leve: menos de 1/3 Moderado: de 1/3 a metade Grave: mais da metade 5 Erika Francinny - 5 º período SINOVITE TRANSITÓR IA DO QUADRIL Damos o nome de sinovite quando há uma inflamação na membrana sinovial. A sinovite transitória do quadril é, portanto, um quadro de inflamação temporária da membrana sinovial de uma das articulações dos quadris. EPIDEMIOLOGIA Atinge indivíduos de 3 a 12 anos – meninos mais do que meninas, na proporção de 2:1. 70% dos casos estão relacionados à infecção viral ou bacteriana de vias áreas superiores, otites ou gastrintestinais. QUADRO CLÍNICO A criança está mancando ou não consegue apoiar o membro inferior no solo. Sente dor localizada na face anterior (na parte da f rente) do quadril e da coxa, podendo atingir o joelho. Frequentemente a doença ocorre durante ou a pós um quadro viral. Porém, algumas vezes, a dor no quadril aparece antes. Algumas doenças alérgicas também podem desencadear um processo inflamatório nas articulações, semelhantes à sinovite transitória. Geralmente a movimentação do quadril é acompanhada de dor. Apresentam -se em bom estado geral, alguns casos com febre baixa, marcha antálgica e dor moderada no quadril acometido. A mobilidade articular pode estar limitada, principalmente a abdução e a rotação interna, e a criança tende a manter o quadril discretamente em flexão e rotação externa. SINAIS DE ALARME Febre, sonolência, cansaço, perda do apetite ou queda do estado geral. Inchaço ou vermelhidão no quadril ou perna. Agravamento da dor, tornando-se intensa. Persistência da dor após 2 semanas. DIAGNÓSTICO: Exames de sangue para excluir uma possível infecção, raio-x e ultrassom são suficientes para confirmar ou excluir o diagnóstico de sinovite transitória, na maioria das vezes. 6 Erika Francinny - 5 º período TRATAMENTO Por definição, a sinovite transitória é uma doença autolimita e de cura espontânea. Sendo assim, a maioria dos casos de sinovite transitória do quadril pode ser gerenciada em casa com acompanhamento próximo pelo pediatra. Repouso, anti-inflamatórios, e monitoramento da temperatura e qualquer febre deve ser relatada ao médico. É permitido às crianças um retorno gradual à atividade à medida que a dor diminui. O retorno às atividades normais é permitida quando o quadril estiver completamente livre de dor, sem nenhuma evidência de coxear. DOENÇA DE OSGOOD-SCHLATTER FISIOPATOLOGIA A doença de Osgood-Schlatter ocorre devido a lesão por uso excessivo. As forças mecânicas aplicadas no joelho, especialmente durante a corrida e os saltos, causam microtraumatismos no tendão rotuliano. O microtraumatismo repetitivo leva a pequenas avulsões crónicas do tendão rotuliano no ponto de inserção no tubérculo tibial. Seguem-se edema e ossificação distal do tendão rotuliano no ponto de inserção na tíbia. 7 Erika Francinny - 5 º período DOR DO QUADRIL E JOELHOS INFANTIS OSTEOCONDRITE DISSECANTE DO JOELHO JUVENIL 8 Erika Francinny - 5 º período JOELHO VARO E JOELHO VALGO Ao nascimento, a criança apresenta joelho varo de cerca de 10 a 15°. Essa angulação se corrige gradualmente, conforme o crescimento, e torna-se neutra entre os 18 e 24 meses. A partir de então, a criança apresenta valgo progressivo, com o pico na idade de 3 a 4 anos, com 10 a 1 5°. Novamente, com o crescimento, o ângulo tibiofemoral retifica-se aos 7 anos, até ficar como é considerado normal: 5° valgo em meninos e de 5 a 8° em meninas. A causa mais comum de joelho varo na faixa etária antes de 1 ano é o fisiológica, que se resolve espontaneamente. DIAGNÓSTICO Radiografias panorâmicas ou telerradiografias (com carga) dos membros inferiores devem ser solicitadas se houver assimetria entre eles, se o varo for aumentando progressivamente após os 18 meses e em crianças com baixa estatura. O joelho valgo pode ser avaliado por meio da distância intermaleolar com os côndilos femorais aproximados. TRATAMENTO O tratamento compreende observação, depende da idade, do grau da deformidade, do estágio da doença e do comprometimento da placa de crescimento, e varia de observação, emprego de órteses e cirurgias. PÉ TORTO CONGÊNITO O Pé Torto Congênito (PTC) é uma das deformidades congênitas mais frequentes. Predomina no sexo masculino (2M:1 F) e pode ser bilateral em 50% dos casos, bem como estar associado a outras patologias, como DDQ, torcicolo congênito, artrogripose, mielome ningocele etc. Acredita-se que tanto fatores intrínsecos (alterações histológicas musculares, herança familiar) quanto extrínsecos (oligoidrâmnios, postural) estejam relacionados à etiologia. Displasia congênita de quadril DEFINIÇÕES Displasia do quadril é um termo que denota uma anormalidade no tamanho, na morfologia, na orientação anatômica ou na organização da cabeça femoral, na cavidade acetabular ou em ambos; podendo acarretar a subluxação ou luxação. A displasia acetabular é caracterizada pelo acetábulo imaturo, com a cavidade rasa que pode acarretar a subluxação ou a luxação da cabeça femoral. Na subluxação do quadril, a cabeça femoral está deslocada de sua posição anatômica normal, mas ainda mantém algum contato com a cavidade acetabular. 9 Erika Francinny - 5 º período A causa da DDQ é desconhecida, mas acredita-se que certos fatores tais com o sexo, ordem do nascimento, histórico familiar, posição intrauterina, tipo de parto, frouxidão articular e posicionamento pós-natal influenciam o risco de DDQ. Os fatores pre disponentes associados à DDQ podem ser divididos em três amplas categorias: Fatores fisiológicos, os quais incluem a secreção de hormônios maternos e o posicionamento intrauterino; Fatores mecânicos, os quais envolvem a apresentação pélvica, fetos múltiplos, oligodrâmnio e tamanho grande do lactente (outros fatores mecânicos podem incluir manutenção contínua dos quadris em abdução e extensão, que irão causar uma luxação com o tempo); Fatores genéticos, os quais ocorrem com uma incidência de DDQ mais alta em irmãos de lactentes acometidos e uma incidência ainda maior de recorrência se um irmão e um dos pais são acometidos. FATORES DE RISCO Os fatores de risco para a DDQ incluem: sexo feminino, raça branca, primiparidade, mãe jovem, apresentação pélvica ao nascimento, história familiar, oligohidrâmnio, recém-nascido com maiores peso e altura e c om deformidades nos pés ou na coluna vertebral. A DDQ predomina no sexo feminino, de 6 a 8:1, sendo o lado esquerdo o mais afetado – 60%, fato que tem relação com a posição fetal mais comum: dorso lateral esquerdo; bilateralmente, o distúrbio apresenta- se em 20% dos casos. -A DDQ está associada a apresentação pélvica, gestação gemelar, oligodrâmnio, primogênitos, raça branca e história familiar positiva. Pode apresentar outras deformidades posicionais associadas, com o metatarso varo, calcâneo valgo, contratura em extensão dos joelhos, torcicolo congênito e plagiocefalia. ACHADOS CLÍNICOS Dobras cutâneas assimétricas da coxa e poplíteas (sinal de Peter-Bade); Assimetria das dobras inguinais; Assimetria das pregas glúteas; Encurtamento aparente do fêmur (sinal de Galeazzi) Limitação da abdução (sinal de Hart) – sinal mais confiável após os 3 meses de idade; Frouxidão em extensão do quadril e joelho (o normal é até os 3 meses, em uma contratura em 15 a 20° de flexão); DIAGNÓSTICO Ao nascer, o exame físico do recém-nascido é imprescindível. Mesmo existindo casos de desenvolvimento da displasia com exame físico normal, as manobras descritas por Barlow e Ortolanisão de extrema importância na triagem dos pacientes. Observar assimetria de pregas e restrição de abdução dos quadris também são dados colhidos no exame. 10 Erika Francinny - 5 º período Também, a diferença na altura dos joelhos quando acriança está em pronação, quadris fletidos, joelhos dobrados e pés sobre a mesa examinadora (Sinal de Galeazzi) sugerem displasia, sobretudo a forma unilateral. Exames de imagem auxiliam e determinam mais precisamente o diagnóstico. As radiografias trazem informações importantes, porém não auxiliam no diagnóstico definitivo em crianças menores. O padrão ouro utilizado é o método ultrassonográfico de Graf, este é realizado com paciente em decúbito lateral com quadril a ser examinado fletido entre 35-45º e rotação interna de 10-15º. TRATAMENTO O tratamento depende da idade do paciente, do grau de displasia acetabular e da porção proximal do fêmur. O tratamento inicial dos quadris displásicos consiste no uso do suspensório de pavilk, este tem como base a limitação da extensão e abdução do quadril afetado, mantendo-o locado na cavidade acetabular. Em caso de falha do tratamento com o suspensório a utilização de redução incruente/cruenta seguida de imobilização gessada é uma boa tentativa. Em casos de detecção mais tardia, ou de tratamentos refratários, o tratamento cirúrgico baseado em osteotomias se torna a opção mais adequada. Uma opção cirúrgica para o tratamento da DDQ, após o início da marcha, é a associação entre a osteotomia do osso de Salter e o encurtamento femoral de Ombrédanne. Essa associação pretende diminuir a pressão na cabeça femoral que será reduzida cirurgicamente para dentro do acetábulo, compensando a contratura de partes moles. O objetivo é restaurar a melhor relação cabeça femoral –acetábulo com adequado grau de cobertura, e não passando ao extremo oposto de hipercobertura, que desencadearia um impacto fêmoroacetabular. O tratamento tem por objetivo evitar a progressão para artrose, que acontece mais precocemente quanto mais estiver alterada a congruência da cabeça femoral com o acetábulo. As opções de osteotomia incluem abordagens femorais, acetabulares e conjuntas. 11 Erika Francinny - 5 º período REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MOORE, Anatomia orientada para a clínica. 6° Ed. CLINICA ORTOPETICA, ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA.
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