Prévia do material em texto
Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda Autor: Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira 11 de Janeiro de 2022 - - - Sumário Aspectos Iniciais sobre Biossegurança ........................................................................................................3 1 - Biotecnologia e Biossegurança ...........................................................................................................3 2 - Patrimônio Genético e Organismos Geneticamente Modificados ........................................................5 Protocolo de Cartagena .............................................................................................................................8 1 - Protocolo de Cartagena e a Convenção da Diversidade Biológica ........................................................8 2 - Objetivo do Protocolo de Cartagena ...................................................................................................9 4 - Avaliação de Risco ........................................................................................................................... 11 5 - Movimentos Transfronteiriços Não-Intencionais e Medidas de Emergência ....................................... 11 6 - Mecanismo de Intermediação de Informações sobre Biossegurança ................................................. 12 Lei de Biossegurança. Lei 11.105/2005 ..................................................................................................... 15 1 - Aspectos Iniciais sobre a Lei de Biossegurança.................................................................................. 15 2 - Diretrizes da Lei de Biossegurança ................................................................................................... 16 3 - Definições Fundamentais previstas na Lei de Biossegurança ............................................................. 17 4 - Atividades Vedadas e Permitidas pela Lei de Biossegurança.............................................................. 23 4.1 - Inaplicabilidade da Lei de Biossegurança..........................................................................................................23 4.2 - Utilização de células-tronco embrionárias........................................................................................................24 4.3 - Vedações na Lei de Biossegurança ...................................................................................................................27 4.4 - Obrigações na Lei de Biossegurança ................................................................................................................29 5 - Órgão e Entidades Responsáveis pela Fiscalização e Controle de OGM .............................................. 32 5.1 - Conselho Nacional de Biossegurança-CNBS ......................................................................................................32 5.2 - Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio....................................................................................35 5.4 - Comissão Interna de Biossegurança-CIBio ........................................................................................................47 6-Sistema de Informações em Biossegurança-SIB .................................................................................. 50 7 - Responsabilidade Civil, Penal e Administrativa ................................................................................. 50 Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 2 95 7.1-Resposabilidade Civil e Administrativa ...............................................................................................................50 7.2 - Responsabilidade Penal ...................................................................................................................................54 Legislação Destacada ............................................................................................................................... 57 Legislação Ambiental ........................................................................................................................... 57 Jurisprudência Destacada ..................................................................................................................... 65 Resumo ................................................................................................................................................... 69 Questões Comentadas ............................................................................................................................. 74 Magistratura...........................................................................................................................................................74 Promotor................................................................................................................................................................76 Procurador .............................................................................................................................................................78 Outros ....................................................................................................................................................................79 Lista de Questões..................................................................................................................................... 86 Magistratura...........................................................................................................................................................86 Promotor................................................................................................................................................................88 Procurador .............................................................................................................................................................89 Outros ....................................................................................................................................................................90 Gabarito .................................................................................................................................................. 94 Magistratura...........................................................................................................................................................94 Promotor................................................................................................................................................................94 Procurador .............................................................................................................................................................95 Outros ....................................................................................................................................................................95 Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 3 95 BIOSSEGURANÇA ASPECTOS INICIAIS SOBRE BIOSSEGURANÇA 1 - BIOTECNOLOGIA E BIOSSEGURANÇA Talvez uma das maiores descobertas da humanidade tenha sido a possibilidade de desenvolver processos produtivos e novos produtos com a utilização de microrganismos. Isso remonta a mais de 6.000 anos a.C em que os sumérios e os babilônicos utilizavam-se da fermentação de cereais para produção de bebidas alcoólicas, sendo posteriormente aperfeiçoada para produção dopão. Essa técnica é conhecida hodiernamente por biotecnologia configurando um conjunto de conhecimentos técnicos e de métodos, de base científica ou prática, que permite a utilização de seres vivos como parte integrante e ativa do processo de produção industrial de bens e serviços. Para fins de concurso, e dentro de uma visão mais prática do instituto, podemos vislumbrar a Biotecnologia como sendo o uso das tecnologias que utilizam organismos vivos, ou produtos elaborados a partir deles, para criar ou modificar produtos para fins específicos. A Convenção da Diversidade Biológica-CDB foi estabelecida durante a Rio-92 e é hoje o principal fórum mundial para questões relacionadas com o tema da diversidade biológica. Essa normativo internacional definiu biotecnologia, em seu art. 2º, como sendo qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica. Assim, se há manipulação dos organismos vivos para a obtenção de produtos e serviços que viabilizem uma melhor qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente, se torna fundamental que se crie um arcabouço de normas jurídicas para regulamentar a manipulação desses organismos. É nesse sentido que surge a biossegurança, que , dentro de uma concepção das ciências jurídicas, corresponde a um conjunto de normas legais e regulamentares que fixam técnicas e procedimentos a serem seguidos no processo de manipulação do patrimônio genético dos organismos vivos, com a finalidade de evitar danos à saúde humana e ao meio ambiente. Essas normas de biossegurança estão previstas essencialmente na Lei 11.105/2005, regulamentada pelo Decreto 5.591/2005. Essa marco legal estabeleceu normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados. Isso demonstra a importância para o país e para a segurança da biodiversidade nacional com a edição da referida norma. A Lei 11.105/2005 cria um arcabouço normativo voltado para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos que possam comprometer a saúde do homem, dos animais e do meio ambiente, atuando na regulamentação e fiscalização das atividades de manipulação de organismos vivos para fins de melhoria genética. Até porque a manipulação genética desses organismos poderá acarretar danos ao meio ambiente Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 4 95 com a criação de novos organismos geneticamente modificados por processos de engenharia genética. Nessa linha, o objetivo é diminuir ou mesmo evitar os riscos que são inerentes à manipulação genética. (CRMV – ES/Agente de Fiscalização/IBADE – 2018) A Lei nº 11.105/2005, de 24 de março de 2005, inovou o sistema jurídico de proteção ambiental pátrio ao dispor expressamente sobre o princípio da precaução adotando-o em seu primeiro artigo, o qual estabelece o seguinte: "Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados - OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente". Biossegurança e transgenia. - 2. ed. - Brasília Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2011 . 120 p. - (Coleção Ambiental ; v. 5) Nesse contexto acerca da biossegurança, pode-se afirmar que: Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 5 95 l. Diante da complexidade, seriedade, abrangência e gravidade dos temas presentes na Lei de Biossegurança, revela-se a sua extrema importância para o país e para a segurança da biodiversidade nacional. Il. A biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos que possam comprometer a saúde do homem e dos animais e o meio ambiente, além dos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços. Resposta. O item I está correto porque a Lei 11.105/2005 representa o marco regulatório para fins de controle dos processos de biossegurança com o patrimônio genético em nosso país. O item II está correto pois corresponde a um dos conceitos de biossegurança. 2 - PATRIMÔNIO GENÉTICO E ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS O objeto de tutela das normas de biossegurança é o patrimônio genético que corresponde a um conjunto de todos os seres vivos existentes em nosso planeta, constituído pelo sistema biótico como os seres humanos, animais, vegetais e os micro-organismos. Segundo o Ministério do Meio Ambiente1, o patrimônio genético é o conjunto de informações genéticas contidas nas plantas, nos animais e nos microrganismos, no todo ou em suas partes estejam eles vivos ou mortos. Também está contido em substâncias produzidas por eles como resinas, látex de plantas ou veneno de animais e substâncias químicas produzidas por microrganismos. O patrimônio genético está nos organismos que ocorrem de forma natural no Brasil, ou seja, de seres vivos nativos ou daqueles que adquiriram características específicas no território nacional. Assim, qualquer informação de origem genética de organismos2 seja de quaisquer dos reinos do sistema biológico (Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia) corresponderá ao patrimônio genético. Como veremos, esse patrimônio genético tem proteção especial na Carta Política, especialmente no art. 225, §1º, II e IV, da CF/88 que foi regulamentado pela Lei 11.105/2005. 1 Ministério do Meio Ambiente. Patrimônio Genético e Conhecimentos Tradicionais Associados. Disponível em: https://www.mma.gov.br/patrimonio-genetico.html. Acesso em: 01/07/2020. 2 Toda entidade biológica capaz de reproduzir ou transferir material genético, inclusive vírus e outras classes que venham a ser conhecidas (art. 3º, I, da Lei 11.105/2005). Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 6 95 O Organismo Geneticamente Modificado - OGM3 é qualquer organismo cujo material genético, seja do tipo ácido desoxirribonucléico – ADN ou ácido ribonucléico – ARN, tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética. Nessa linha, toda entidade biológica capaz de sofrer alteração no ADN e/ou ARN por atividade de produção e manipulação de moléculas de ADN/ARN recombinante é considerado um OGM. Isso ocorre pela modificação de segmentos de ADN/ARN natural ou sintético de moléculas manipuladas fora das células vivas e que possam multiplicar-se em uma célula viva, ou ainda as moléculas de ADN/ARN resultantes dessa multiplicação. Além do conceito de OGMs é importante conhecer o conceito de seus derivados. Assim, são considerados derivados de OGMs, nos termos do art. 3º, VI, da Lei 11.105/2005, o produto obtido de OGM e que não possua capacidade autônoma de replicação ou que não contenha forma viável de OGM. Cumpre destacar que o OGM não é sinônimo de organismo transgênico. Esteé caracterizado quando há a inserção de parte do material genético de outra espécie. Um organismo transgênico é submetido a uma técnica específica de inserção de parte de DNA de outra espécie. Os OGMs são organismos em que há mudança do próprio material genético do organismo sem ter, necessariamente, a introdução de um novo material genético de uma espécie diferente. Podemos então concluir que, tecnicamente, todo transgênico é um OGM, mas nem todo OGM é um transgênico. O OGM é gênero, transgênico é espécie. 3 Art. 3º, V, da Lei 11.105/2005. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 7 95 (PGE-AP/Procurador do Estado/FCC – 2018) De acordo com a Lei nº 11.105/2005, que dispõe sobre as normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvem Organismos Geneticamente Modificados (OGM), é considerado derivado de OGM todo produto obtido de OGM e que possua capacidade autônoma de replicação. Resposta. Item errado. O derivado de OGM não possui capacidade autônoma de replicação ou que não contenha forma viável de OGM. (PC-ES/Médico legista/CESPE – 2011) Acerca dos organismos geneticamente modificados (OGMs) e dos transgênicos, julgue os itens a seguir. Todo organismo transgênico é um OGM, da mesma forma que todo OGM é um organismo transgênico. Resposta. Item errado. Conforme argumento apresentado na parte teórica, o OGM é gênero de caráter mais abrangente; o transgênico é espécie caracterizado pela inserção externa de material genético. Assim, todo transgênico é OGM, mas nem todo OGM é transgênico. (SEPAQ-PA/MOVENS-2007) O avanço científico no campo da manipulação genética possibilitou o desenvolvimento de organismos geneticamente modificados (OGM), os quais devem ser entendidos como aqueles (A)cujo material genético sofreu modificação a partir da tecnologia do ADN/ARN recombinante. (B)oriundos de reprodução assexuada, produzidos artificialmente, baseada em um único material genético, com ou sem utilização de técnicas de engenharia genética. (C)oriundos de técnicas que impliquem na introdução direta em um organismo de material hereditário, sem envolver a utilização de moléculas de ADN/ARN recombinante. (D)que tenham sofrido indução poliplóide. Resposta. Item A. Basta que tenha sofrido alteração do código genético (ADN/ARN) por meio da engenharia genética, independentemente da técnica utilizada. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 8 95 (CREA-GO/Engenheiro Agrônomo/Quadrix – 2019) Em relação à Lei n.º 11.105/2005, que estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização referentes a organismos geneticamente modificados (OGM), julgue o item Organismo geneticamente modificado é aquele cujo material genético tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética. Resposta. Item certo. Nos termos do art 3º, V, da Lei 11.105/2005, organismo geneticamente modificado – OGM é aquele cujo material genético – ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética. PROTOCOLO DE CARTAGENA 1 - PROTOCOLO DE CARTAGENA E A CONVENÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA A diversidade biológica pode ser conceituada como a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte, abarcando ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. A Convenção da Diversidade Biológica-CDB4 é um tratado internacional celebrado no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992 – sendo hodiernamente o principal fórum mundial para debate sobre o tema da biodiversidade. Assim, toda discussão sobre a diversidade biológica e consequentemente do patrimônio genético deve ser adequada as diretrizes ventiladas na CDB. A CDB foi promulgada no Brasil pelo Decreto n 2.519/1988 devendo ser executada tão inteiramente como nela se contém. O art. 19 da CDB trata da Gestão da Biotecnologia e Distribuição de seus Benefícios previu em seu item 3 que as Partes devem examinar a necessidade e as modalidades de um protocolo que estabeleça procedimentos adequados, inclusive, em especial, a concordância prévia fundamentada, no que respeita à transferência, manipulação e utilização seguras de todo organismo vivo modificado pela biotecnologia, que possa ter efeito negativo para a conservação e utilização sustentável da diversidade biológica Regulamentado o dispositivo, o órgão supremo decisório no âmbito da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB (Conferência das Partes – COP), no ano de 2000, decidiu por um acordo complementar sobre 4 Teremos uma aula específica sobre a biodiversidade em que abordaremos com mais detalhes os objetivos e diretrizes da CDB e do conhecimento tradicional associado. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 9 95 biossegurança. Foi elaborado o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança5 objetivando assegurar um melhor nível de proteção no campo da transferência, da manipulação e do uso seguros dos organismos vivos modificados - OVMs resultantes da biotecnologia moderna que possam ter efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando em conta os riscos para a saúde humana, decorrentes do movimento transfronteiriço. O órgão responsável pelas discussões sobre o tema da transfer6encia de OVMs é a Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança denominada simplesmente de MOP (Meeting of Parties). O MOP é órgão integrante da CDB em que os Países Membros analisam documentos e tomam decisões sobre as medidas necessárias ao cumprimento do Protocolo. 2 - OBJETIVO DO PROTOCOLO DE CARTAGENA O Protocolo de Cartagena deve ser interpretado e aplicado com a abordagem de precaução já definida no Princípio 15 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Esse Protocolo rememora o princípio da precaução devendo nortear todas as ações e políticas públicas voltadas as normas de 5 Promulgado pelo Decreto nº 5.705/2006. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 10 95 biossegurança, tendo em vista a incerteza científica dos supostos danos que os OVMs podem causar ao meio ambiente e a saúde humana. O objetivo geral do Protocolo de Cartagena é contribuir para assegurar um nível adequado de proteção no campo da transferência, da manipulação e do uso seguros dos organismos vivos modificados resultantes da biotecnologia moderna que possam ter efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando em conta os riscos para a saúde humana, e enfocando especificamente os movimentos transfronteiriços. O Protocolo de Cartagena foi ratificado pelo Brasil em 24 de novembro de 2003 e promulgado, em 2006, pelo Decreto 5.705/2006. Isso porque a obrigatoriedade do Protocolo, embora dentro do sistema normativo da Convenção da Diversidade Biológica, não é uma espécie de legally binding treaty (protocolo vinculante), só passando a ter esse atributo, com natureza jurídica de lei ordinária no País que a ele aderir. Cada um dos países que ratificaram o Protocolo de Cartagenadeve selar para que o desenvolvimento, a manipulação, o transporte, a utilização, a transferência e a liberação de todos organismos vivos modificados se realizem de maneira a evitar ou a reduzir os riscos para a diversidade biológica, levando também em consideração os riscos para a saúde humana. Nessa linha, o Protocolo de Cartagena deve ser aplicado ao movimento transfronteiriço, ao trânsito, à manipulação e à utilização de todos os organismos vivos modificados que possam ter efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando também em conta os riscos para a saúde humana, não se aplicando ao movimento transfronteiriço de organismos vivos modificados que sejam fármacos para seres humanos e que estejam contemplados por outras organizações ou outros acordos internacionais relevantes. O Protocolo de Cartagena permite que os países importadores tomem decisão quanto à importação de um OVM que será intencionalmente liberado no meio ambiente, por meio do Acordo Prévio Informado e pela realização de Avaliação de Risco. No Acordo, o exportador busca o consentimento do país importador antes da primeira exportação de OVMs para liberação intencional no meio ambiente. Nessa linha, o Acordo Prévio Informado aplica-se ao primeiro movimento transfronteiriço intencional de organismos vivos modificados destinados à introdução deliberada no meio ambiente da Parte importadora. Essa introdução deliberada no meio ambiente não se refere aos organismos vivos modificados destinados ao seu uso direto como alimento humano ou animal ou ao beneficiamento. O procedimento de Acordo Prévio Informado não se aplicará ao movimento transfronteiriço intencional de organismos vivos modificados incluídos numa decisão adotada pela Conferência das Partes atuando na qualidade de reunião das Partes do Protocolo, na qual se declare não ser provável que tenham efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando em consideração os riscos para a saúde humana. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 11 95 4 - AVALIAÇÃO DE RISCO A Avaliação de Risco visa identificar e avaliar potenciais efeitos adversos dos OVMs na conservação e no uso sustentável da biodiversidade, levando em consideração os riscos à saúde humana6. Assim, essas avaliações de risco deve ser baseada, no mínimo, em informações fornecidas pela parte exportadora ( através da notificação da autoridade nacional do país importador antes do movimento transfronteiriço) e em outras evidências científicas a fim de identificar e avaliar os possíveis efeitos adversos dos organismos vivos modificados na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando também em conta os riscos para a saúde humana. Nos termos do Anexo do Protocolo de Cartagena, o objetivo da avaliação de risco é identificar e avaliar os efeitos adversos potenciais dos organismos vivos modificados na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica no provável meio receptor, levando também em conta os riscos para a saúde humana. A avaliação de risco é, entre outros, usada pelas autoridades competentes para tomar decisões informadas sobre os organismos vivos modificados, podendo essa avaliação ser feita pela parte exportadora e apresentada à autoridade competente que promoverá a decisão. Esta deve ser proferida em até 270 dias contados da data de notificação para realização do movimento transfronteiriço A avaliação de risco deverá realizar-se de maneira transparente e cientificamente sólida e poderá levar em conta o assessoramento especializado de organizações internacionais relevantes e diretrizes por elas elaboradas. Por fim, com base no princípio da precaução, a falta de conhecimentos científicos ou de consenso científico não será necessariamente interpretada como indicativo de um nível determinado de risco, uma ausência de risco ou de um risco aceitável. 5 - MOVIMENTOS TRANSFRONTEIRIÇOS NÃO-INTENCIONAIS E MEDIDAS DE EMERGÊNCIA O Protocolo de Cartagena estabelece as regras gerais para os movimentos transfronteiriços intencionais ou não. Os movimentos transfronteiriços não-intencionais, também denominados de involuntários, ocorrem quando há liberação de um organismo vivo modificado em um Estado-Parte que seja provável que tenha efeitos adversos significativos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando também em conta os riscos para a saúde humana. 6 Conselho de Informações sobre Biotecnologia. Análise e Impactos do Protocolo de Cartagena para o Brasil. Disponível em: http://www.abrasem.com.br/wp-content/uploads/2012/12/semin%C3%A1rio-2006-df.pdf. Acesso em 05/07/2020. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 12 95 É obrigação dos Estados-Partes em que tenha ocorrido o movimento involuntário dos OVMs adotar as medidas apropriadas para notificar os Estados afetados ou potencialmente afetados, o Mecanismo de Intermediação de Informação sobre Biossegurança e, conforme o caso, as organizações internacionais relevantes, devendo notificar os demais Estados-Partes tão logo tenha conhecimento dessa situação. Toda notificação emitida pelo Estado-Parte deverá incluir: a) as informações disponíveis relevantes sobre as quantidades estimadas e características e/ou traços relevantes do organismo vivo modificado; b) as informações sobre as circunstâncias e data estimada da liberação, assim como sobre o uso do organismo vivo modificado na Parte de origem; c) todas informações disponíveis sobre os possíveis efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando também em conta os riscos para a saúde humana, bem como as informações disponíveis sobre possíveis medidas de manejo de risco; d) qualquer outra informação relevante; e e) um ponto de contato para maiores informações. A fim de minimizar qualquer efeito adverso na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando também em conta os riscos para a saúde humana, cada Estado-Parte em cuja jurisdição tenha ocorrido a liberação do organismo vivo modificado consultará imediatamente os Estados afetados ou potencialmente afetados para lhes permitir determinar as intervenções apropriadas e dar início às ações necessárias, inclusive medidas de emergência. 6 - MECANISMO DE INTERMEDIAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE BIOSSEGURANÇA O art. 20, do Protocolo de Cartagena criou o intercâmbio de informações sobre o os organismos vivos modificados por meio do Mecanismo de Intermediação de Informações sobre Biossegurança-MIIB. Os objetivos do MIIB é facilitar o intercâmbio de informações científicas, técnicas, ambientais e jurídicas sobre organismos vivos modificados e experiências com os mesmos, bem como auxiliar os Estados-Partes a implementar o Protocolo de Cartagena, levando em consideração as necessidades especiais dos países em desenvolvimento, em particular as de menor desenvolvimento econômico relativo e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento entre elas, e os países com economias em transição, como também os países que sejam centros de origem e centros de diversidade genética. O MIIB servirá como um meio de tornar informações disponíveis facilitando o acesso a elas proporcionado pelos Estados-Partes de interesse para a implementação do Protocolo, podendo também facilitar o acesso, quando possível, a outros mecanismos internacionais de intercâmbio de informações sobre biossegurança. Nessa cadência, cada Estado-Parte tem o dever de inserir no MIIB qualquer informação sobre os OVMs, todas as leis, regulamentos e diretrizes nacionaisexistentes para a implementação do Protocolo, como também as informações exigidas pelos Estados-Partes para o procedimento de acordo prévio informado e todos acordos e ajustes bilaterais, regionais e multilaterais existentes. Esses acordos sobre movimentos transfronteiriços intencionais de organismos vivos modificados devem ser compatíveis com o objetivo do Protocolo de Cartagena e desde que não resultem em um nível de proteção inferior àquele provido no normativo. Devem ser informados ainda os resumos de suas avaliações de risco ou avaliações ambientais de organismos vivos modificados que tenham sido realizadas como parte de sua regulamentação e, inclusive, quando Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 13 95 apropriado, informações relevantes sobre produtos deles derivados, a saber, materiais beneficiados que têm como origem um organismo vivo modificado, contendo combinações novas detectáveis de material genético replicável obtido por meio do uso de biotecnologia moderna, bem como suas decisões definitivas sobre a importação ou a liberação de organismos vivos modificados. Por fim, em casos de movimentos transfronteiriços ilícitos, entendidos como todo movimento em que são realizados em contravenção das medidas internas que regem a implementação do Protocolo de Cartagena, cada Estado-Parte tornará disponível ao Mecanismo de Intermediação de Informação sobre Biossegurança as informações referentes a estes movimentos que lhe digam respeito. (TRF - 2ª REGIÃO/Juiz Federal/CESPE – 2009) O Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, exigido pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), celebrado em janeiro de 2000, I- visa contribuir para assegurar nível adequado de proteção no campo da transferência, da manipulação e do uso seguros dos organismos vivos modificados resultantes da biotecnologia moderna que possam ter efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica. II-determina que a utilização da biotecnologia e da bioprospecção, com capacitação em biossegurança, nos países em desenvolvimento, em particular os menos desenvolvidos, deve ser implementada quando houver disponibilização de recursos financeiros suficientes para arcar com a internalização dos custos operacionais. III -estabelece que a contabilização de todos os possíveis efeitos adversos dos organismos vivos modificados na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica e a avaliação dos riscos para a saúde humana são prerrogativas inalienáveis das partes signatárias da CDB. IV -aplica-se ao movimento transfronteiriço, ao trânsito, à manipulação e à utilização de todos os organismos vivos modificados que possam ter efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando também em conta os riscos para a saúde humana. Estão certos apenas os itens (A)I e II. (B)I e III. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 14 95 (C)I e IV. (D)II e III. (E)III e IV. Resposta. Item C. O item I está certo porque o Protocolo visa criar um ambiente de proteção ao movimento transfronteiriço de OVMs que possam ter efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica. O item II está incorreto, pois não previsão quanto à vedação de uso das técnicas de biossegurança aos países em desenvolvimento, podendo utilizar-se de OVMs em seus processos produtivos. O item III está incorreto, considerando que é uma obrigação do Estado- Parte, e não uma prerrogativa, agir e prevenir todos os efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando também em conta os riscos para a saúde humana. O item IV está correto, tendo em vista que o Protocolo, nos termos do art.4º, aplica-se ao movimento transfronteiriço, ao trânsito, à manipulação e à utilização de todos os organismos vivos modificados que possam ter efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando também em conta os riscos para a saúde humana. (Instituto Rio Branco/Diplomata/CESPE – 2014) A Declaração do Milênio das Nações Unidas apoia os princípios consagrados na Agenda 21 e reafirma o compromisso de seus signatários com a implementação de diversos acordos ambientais. Com relação a esse tema, julgue (C ou E) os itens a seguir. Estabelecida durante a Rio-92, a Convenção sobre Diversidade Biológica funciona como espécie de arcabouço legal e político para acordos ambientais mais específicos, a exemplo do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança e a Convenção sobre Armamentos Químicos. Resposta. Item errado. A Convenção da Diversidade Biológica foi estabelecida na Rio-92 sendo a base normativa internacional no que tange ao tema da diversidade biológica, dando origem em 2000, ao Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, mas não teve qualquer norma sobre armamentos químicos, fato que só ocorreu em 1993, com a Convenção Internacional sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Estocagem e Uso de Armas Químicas e sobre a Destruição das Armas Químicas Existentes no Mundo, assinada em Paris, e que foi promulgada pelo Brasil por intermédio do Decreto 2.977/1999. (EPE/CESGRANRIO-2012) A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) tem definido importantes marcos legais e políticos. Aquele que estabelece as regras para movimentações transfronteiriças de organismos geneticamente modificados (OGM) vivos é o seguinte: (A)Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos (B)Protocolo de Cartagena (C)Princípio de Addis Abeba (D)Diretrizes de Bonn Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 15 95 (E)Diretrizes para o turismo sustentável e a biodiversidade Resposta. Item B. O Protocolo de Cartagena aplica-se ao movimento transfronteiriço, ao trânsito, à manipulação e à utilização de todos os organismos vivos modificados que possam ter efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando também em conta os riscos para a saúde humana. LEI DE BIOSSEGURANÇA. LEI 11.105/2005 1 - ASPECTOS INICIAIS SOBRE A LEI DE BIOSSEGURANÇA A Lei 11.105/2005 conhecida por Lei da Biossegurança estabelece as normas de segurança e mecanismo de fiscalização de atividades que envolvam Organismos Geneticamente Modificados – OGM e seus derivados. Fixa também normas para o uso mediante autorização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, para fins de pesquisa e terapia. A Lei de Biossegurança previu os órgãos envolvidos no processo de autorização e fiscalização quanto ao manejo de organismos geneticamente modificados, como, a título de exemplo, o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, Comissão Interna de Biossegurança – CIBio, bem como os órgãos e entidades de registro e fiscalização. A Lei também fixou a responsabilidade administrativa por infração de suas normas, com aplicação de sanções específicas como advertência, multa, apreensão de OGM e seus derivados. Ademais disso, no que tange a responsabilidade civil, é dever do responsável pelos danos acarretados ao meio ambiente e a terceiros indenizar e reparar integralmente o dano perpetrado independentemente da existência de culpa. Por fim, a Lei de Biossegurança traz a responsabilidade criminal pelas infrações de suas normas. Assim, elenca crimes específicos, como ode realizar clonagem humana resultando em pena de reclusão de dois a cinco anos e multa. O Decreto 5.591/2005 regulamentou a Lei de Biossegurança, disciplinando as normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados - OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente, bem como normas para o uso mediante autorização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, para fins de pesquisa e terapia. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 16 95 2 - DIRETRIZES DA LEI DE BIOSSEGURANÇA A Lei 11.105/2005, em seu art. 1º, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente. Nesse sentido, a Lei se aplica a todas as atividades que envolva organismo cujo material genético, seja do tipo ADN ou ARN, tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética, caracterizados como Organismos Geneticamente Modificados e seus derivados. A Lei de Biossegurança definiu como diretrizes essenciais para o controle das atividades com OGMs e derivados: ▪ o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia: A inovação tecnológica tem sido uma constante no desenvolvimento das sociedades desempenhando importante papel na construção de uma sociedade mais inclusiva e integrada com as diversas formas de pensar e agir de Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 17 95 cada indivíduo. A importância em fomentar o desenvolvimento científico para área de biotecnologia e biossegurança objetiva proporcionar novos benefícios ▪ a proteção à vida e à saúde humana: o controle das atividades envolvendo os OGMs e seus derivados pelo Poder Público tem como diretriz a proteção da vida e a saúde pública tendo em vista que esses organismos podem provocar danos genéticos irreversíveis em outros seres vivos, principalmente no ser humano, bem como gerar alterações na cadeia alimentar de outras espécies. ▪ a observância do princípio da precaução: a aplicação do princípio da precaução às atividades de OGMs visa evitar a redução ou perda substancial da diversidade biológica. Lembrando que não deve ser invocada a falta de completa certeza científica como razão para adiar a tomada de medidas destinadas a evitar ou minimizar essa ameaça que o OGM possa trazer para à proteção da vida e saúde púbica. Assim, a ausência de certeza científica devida à insuficiência das informações e dos conhecimentos científicos relevantes sobre a dimensão dos efeitos adversos potenciais de OGMs na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, não impedirá que sejam adotadas medidas mitigadoras ou preventivas quanto ao desenvolvimento de atividades com eles, cabendo ao empreendedor o ônus de provar que o organismo não acarreta danos ao meio ambiente. O Princípio da Precaução tem quatro componentes básicos que podem ser assim resumidos: (i) a incerteza passa a ser considerada na avaliação de risco; (ii) o ônus da prova cabe ao proponente da atividade; (iii) na avaliação de risco, um número razoável de alternativas ao produto ou processo, devem ser estudadas e comparadas; (iv) para ser precaucionária, a decisão deve ser democrática, transparente e ter a participação dos interessados no produto ou processo. 3 - DEFINIÇÕES FUNDAMENTAIS PREVISTAS NA LEI DE BIOSSEGURANÇA A Lei de Biossegurança trouxe definições específicas quanto aos organismos geneticamente modificados de forma a determinar o alcance e aplicação de suas normas. Nesse sentido, elencou, nos arts. 1º, 2º e 3º, conceitos fundamentais que norteiam a escorreita interpretação das regras de biossegurança. O primeiro Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 18 95 deles é diferenciarmos atividade de pesquisa de atividade de uso comercial, prevista nos §§ 1º e 2º, do art.1º, da Lei 11.105/2005. Será considerada atividade de pesquisa de OGM e seus derivados a realizada em laboratório, regime de contenção ou campo, como parte do processo de obtenção de OGM e seus derivados ou de avaliação da biossegurança de OGM e seus derivados, o que engloba, no âmbito experimental, a construção, o cultivo, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a liberação no meio ambiente e o descarte de OGM e seus derivados. Ao seu turno, a atividade de uso comercial de OGM e seus derivados é a que não se enquadra como atividade de pesquisa, e que trata do cultivo, da produção, da manipulação, do transporte, da transferência, da comercialização, da importação, da exportação, do armazenamento, do consumo, da liberação e do descarte de OGM e seus derivados para fins comerciais. Assim, a atividade de uso comercial é residual, sendo considerada toda aquela que não se enquadra como de pesquisa. Entende-se por atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados os conduzidos em instalações próprias ou sob a responsabilidade administrativa, técnica ou científica de uma entidade. Cumpre destacar que essas atividades e projetos relacionados ao ensino com manipulação de organismos vivos, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial , ficam restritos ao âmbito de entidades de direito público ou privado, que serão responsáveis pela obediência aos preceitos da Lei nº 11.105/2005, do Decreto 5.591/2005 e de normas complementares, bem como pelas eventuais consequências ou efeitos advindos de seu descumprimento. Essas atividades e projetos não podem ser conduzidas por pessoas físicas que atuem de forma autônoma e independente, ainda que mantenham vínculo empregatício ou qualquer outro com pessoas jurídicas. Nesse sentido, somente pessoas jurídicas, sejam de direito público ou de direito privado podem desenvolver atividades e projetos que envolvam OGM e derivados. Cabe ao interessado em realizar essas atividades e projetos requerer autorização à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio7, que se manifestará no prazo fixado em regulamento. É função dessas entidades o credenciamento junto à CTNBio para que seja emitido o Certificado de Qualidade em Biossegurança-CQB para que possam desenvolver projetos e atividades com Organismos Geneticamente Modificados e seus derivados. Se essas atividades e projetos forem financiadas ou patrocinadas por organizações públicas ou privadas, sejam nacionais, estrangeiras ou internacionais, é 7 A CTNBio é uma instância colegiada multidisciplinar com finalidadede prestar apoio técnico consultivo e assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança relativa a OGM, bem como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e pareceres técnicos referentes à proteção da saúde humana, dos organismos vivos e do meio ambiente, para atividades que envolvam a construção, experimentação, cultivo, manipulação, transporte, comercialização, consumo, armazenamento, liberação e descarte de OGM e derivados. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 19 95 obrigatória a exigência da apresentação do CQB, sob pena de se tornarem corresponsáveis pelos eventuais efeitos decorrentes do descumprimento das normas de biossegurança. O art. 3º, da Lei de Biossegurança apresenta diversos conceitos que apresentamos esquematicamente abaixo: A ti vi d ad es c o m O G M e D er iv ad o s Pesquisa âmbito experimental realizada em laboratório regime de contenção e campo Uso Comercial não se enquadra como atividade de pesquisa residual fins comerciais Quem pode desenvolver? Pessoa Jurídica de direito público ou privado nacional ou estrangeira Vedada à pessoa Física atuando de forma autônoma e independente Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 2 20 95 Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 2 21 95 O Decreto 5.591/2005, em seu art. 2º, trouxe outros conceitos fundamentais tais como: ▪ embriões inviáveis: aqueles com alterações genéticas comprovadas por diagnóstico pré- implantacional, conforme normas específicas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, que tiveram seu desenvolvimento interrompido por ausência espontânea de clivagem após período superior a vinte e quatro horas a partir da fertilização in vitro, ou com alterações morfológicas que comprometam o pleno desenvolvimento do embrião; ▪ embriões congelados disponíveis: aqueles congelados até o dia 28 de março de 2005, depois de completados três anos contados a partir da data do seu congelamento; ▪ genitores: usuários finais da fertilização in vitro; ▪ tecnologias genéticas de restrição do uso: qualquer processo de intervenção humana para geração ou multiplicação de plantas geneticamente modificadas para produzir estruturas reprodutivas estéreis, bem como qualquer forma de manipulação genética que vise à ativação ou desativação de genes relacionados à fertilidade das plantas por indutores químicos externos. Cumpre assinalar que os OGM são organismos cujo material genético – ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética, mas não são considerados como tais, aqueles organismos resultante da introdução direta, num organismo, de material hereditário, desde que não envolvam a utilização de moléculas de ADN/ARN recombinante ou OGM, inclusive fecundação in vitro, conjugação, transdução, transformação, indução poliplóide e qualquer outro processo natural. Também não se consideram OGM a substância pura, quimicamente definida, obtida por meio de processos biológicos e que não contenha OGM, proteína heteróloga ou ADN recombinante. OGM - são organismos cujo material genético – ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética. Critério para identificação de material que não é OGM - não envolva a utilização de ADN/ARN recombinante ou OGM; - substância pura obtida por processos biológicos (não contenha OGM, proteína heteróloga ou ADN recombinante). Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - ==22c5e1== c 22 95 (Prefeitura de Valinhos - SP/Engenheiro Ambiental/VUNESP – 2019) A Lei nº 11.105/2005, entre outras regulamentações e disposições, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados (OGM). Para efeitos dessa Lei, assinale a alternativa que apresenta a consideração correta de OGM. (A)Células de embrião de um ser vivo, que pode ser animal ou planta, que apresentam a capacidade de se transformar em células de qualquer tecido de um organismo. (B)Organismos cujo material não possua capacidade autônoma de replicação ou que não contenha forma viável de ADN/ARN. (C)Toda entidade biológica capaz de reproduzir ou transferir material genético, inclusive vírus e outras classes que venham a ser conhecidas. (D)Material genético que contém informações determinantes dos caracteres hereditários transmissíveis à descendência. (E)Organismos cujo material genético (ADN/ARN) tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética. Resposta. Item E. Nos termos do art. 3º, V, da Lei de Biossegurança, organismo geneticamente modificado – OGM é aquele cujo material genético – ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética. (MPE-MT/Promotor de Justiça Substituto/FCC – 2019) No art. 1°, caput da Lei n° 11.105/2005 está expresso o seguinte princípio de Direito Ambiental: (A)Limite. (B)Precaução. (C)Impessoalidade. (D)Legalidade. (E)Equilíbrio. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 5 23 95 Resposta. Item B. O art. 1º, caput, da ei 11.105/2005 previu expressamente o princípio da precaução como norteador das regras de biossegurança. 4 - ATIVIDADES VEDADAS E PERMITIDAS PELA LEI DE BIOSSEGURANÇA 4.1 - Inaplicabilidade da Lei de Biossegurança A Lei de Biossegurança previu expressamente os casos em que suas normas não são aplicadas em determinadas atividades que não utilizam OGM como receptor ou doador, bem como proibiu outras por questões éticas. O art. 4º, elencou as técnicas de modificação genética que não incidem as normas da Lei de Biossegurança desde que não utilizem OGM como receptor ou doador. São os casos de: mutagênese; formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal; fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser produzida mediante métodos tradicionais de cultivo; bem como autoclonagem de organismos não- patogênicos que se processe de maneira natural. Esses processos ocorrem constantemente na natureza independentemente de interferência humana pelo uso de engenharia genética. Não se aplica aos OGM e seus derivados o disposto na Lei nº 7.802/1989, e suas alterações, ressalvados os casos em que eles sejam desenvolvidos para servir de matéria-prima para a produção de agrotóxicos, nos termos do art. 39, da Lei de Biossegurança. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - e 24 95 4.2 - Utilização de células-tronco embrionárias As células-tronco embrionárias são células de embrião que apresentam a capacidade de se transformar em células de qualquer tecido de um organismo. São células capazes de autorrenovação e diferenciação em muitas categorias de células. Elas também podem se dividir e se transformar em outros tipos de células. Alémdisso, as células-tronco podem ser programadas para desenvolver funções específicas, tendo em vista que ainda não possuem uma especialização8. Elas podem se autorreplicar, ou seja, se duplicar, gerando outras células-tronco. Ou ainda se transformar em outros tipos de células. Fonte: Instituto de Pesquisa com Células-Tronco Segundo o Instituto de Pesquisa com Células-Tronco elas podem ser embrionárias, adultas (oriundas de fontes naturais – cordão umbilical e medula óssea) e as pluripotentes induzidas, que são produzidas em laboratório. As células-tronco embrionárias são naturalmente pluripotentes, considerando que a capacidade de se transformar em qualquer tipo de célula adulta. Elas são encontradas no embrião, apenas quando este se encontra no estágio de blastocisto, que corresponde a fase gestacional de 4 a 5 dias da fecundação (STF ADI 3510/DF considerou também a fase gestacional de 14 dias). Superado o período, as células-tronco não são 8 Células-Tronco. Instituto de Pesquisa com Células-tronco. Disponível em: http://celulastroncors.org.br/celulas- tronco-2/. Acesso em 29/07/2020. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 1 25 95 mais classificadas como embrionárias apresentando uma significativa especialização. Alguns cientistas chamam essas células de totipotentes quando atinge terceiro dia de vida da fecundação. As células-tronco adultas são denominadas de multipotentes por apresentarem uma capacidade bem menor de se diferenciar em novas células, sendo encontradas principalmente na medula óssea e no sangue do cordão umbilical. Ao seu turno, as células-tronco induzidas são também pluripotentes, pois podem se diferenciar em vários tipos de outras células. Mas, são obtidas por processo de induzimento para que a célula volte ao seu estágio embrionário, tendo propriedades muito parecidas com as embrionárias. A Lei de Biossegurança, em seu art. 5º, permitiu, apenas para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: (1) sejam embriões inviáveis; ou (2) sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, da data da publicação da Lei de Biossegurança (03/2005), ou depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. As células-tronco embrionárias não podem ser objeto de transações comerciais sendo que o desenvolvimento dessa prática constitui o crime previsto no art. 15, da Lei 9.434/1997 (lei da remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento), que tem como figura típica a conduta de comprar ou vender tecidos, órgãos ou partes do corpo humano, com pena de reclusão, de três a oito anos, e multa, de 200 a 360 dias-multa, apresentando como forma equiparada ao referido delito a conduta de promover, intermediar, facilitar ou auferir qualquer vantagem com a transação. Cuidado, esse crime não está previsto na Lei de Biossegurança. Cumpre ainda lembrar que, em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores. É obrigação das instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células- tronco embrionárias humanas submeterem seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa, nos termos do §2º, do art. 5º, da Lei 11.105/2005. O autorizativo do art. 5º, da Lei de Biossegurança, foi objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade 3510/DF9, que teve como relator o Ministro Ayres Brito. O Supremo Tribunal Federal - STF decidiu que as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida, tampouco a dignidade da pessoa humana, como assentado pela Procuradoria da República. O STF entendeu pela constitucionalidade das normas que autorizam a pesquisa em células-tronco seja elas de natureza embrionárias ou adultas, pois, conforme a Suprema Corte, não cabe ao STF decidir sobre qual das duas formas de pesquisa básica é a mais promissora: a pesquisa com células-tronco adultas e aquela incidente sobre células-tronco embrionárias. A certeza científico-tecnológica está em que um tipo de pesquisa não invalida o outro, pois ambos são mutuamente complementares. 9 Ementa completa no nosso tópico de jurisprudência do STF. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 26 95 Segundo o Suprema Corte, a pesquisa científica com células-tronco embrionárias, autorizada pela Lei n° 11.105/2005, objetiva o enfrentamento e cura de patologias e traumatismos que severamente limitam, atormentam, infelicitam, desesperam e não raras vezes degradam a vida de expressivo contingente populacional. A escolha feita pela Lei de Biossegurança não significou um desprezo ou desapreço pelo embrião "in vitro", porém uma mais firme disposição para encurtar caminhos que possam levar à superação do infortúnio alheio. Isto no âmbito de um ordenamento constitucional que desde o seu preâmbulo qualifica "a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça" como valores supremos de uma sociedade mais que tudo "fraterna". O que já significa incorporar o advento do constitucionalismo fraternal às relações humanas, a traduzir verdadeira comunhão de vida ou vida social em clima de transbordante solidariedade em benefício da saúde e contra eventuais tramas do acaso e até dos golpes da própria natureza. Contexto de solidária, compassiva ou fraternal legalidade que, longe de traduzir desprezo ou desrespeito aos congelados embriões "in vitro", significa apreço e reverência a criaturas humanas que sofrem e se desesperam. Inexistência de ofensas ao direito à vida e da dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células-tronco embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os fins a que se destinam) significa a celebração solidária da vida e alento aos que se acham à margem do exercício concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver com dignidade. Para o STF a CF/88 não dispõe sobre o início da vida humana ou o preciso instante em que ela começa. Não faz de todo e qualquer estádio da vida humana um autonomizado bem jurídico, mas da vida que já é própria de uma concreta pessoa, porque nativiva (teoria "natalista", em contraposição às teorias "concepcionista" ou da "personalidade condicional"). E quando se reporta a "direitos da pessoa humana" e até dos "direitos e garantias individuais" como cláusula pétrea está falando de direitos e garantias do indivíduo-pessoa, que se faz destinatário dos direitos fundamentais "à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade", entre outros direitos e garantias igualmente distinguidos com o timbre da fundamentalidade (como direito à saúde e ao planejamento familiar). Aduz ainda que a potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-la, infraconstitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas de obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa humana. O embrião referido na Lei de Biossegurança ("in vitro" apenas) não é uma vida a caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. O Direito infraconstitucionalprotege por modo variado cada etapa do desenvolvimento biológico do ser humano. Os momentos da vida humana anteriores ao nascimento devem ser objeto de proteção pelo direito comum. O embrião pré-implanto é um bem a ser protegido, mas não uma pessoa no sentido biográfico a que se refere a Constituição. Destacou ainda o STF que nem todo embrião humano desencadeia uma gestação igualmente humana, em se tratando de experimento "in vitro". Situação em que deixam de coincidir concepção e nascituro, pelo menos enquanto o ovócito (óvulo já fecundado) não for introduzido no colo do útero feminino. O modo de irromper em laboratório e permanecer confinado "in vitro" é, para o embrião, insuscetível de progressão reprodutiva. Isto sem prejuízo do reconhecimento de que o zigoto assim extra-corporalmente produzido e também extra-corporalmente cultivado e armazenado é entidade embrionária do ser humano. Não, porém, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 27 95 ser humano em estado de embrião. A Lei de Biossegurança não veicula autorização para extirpar do corpo feminino esse ou aquele embrião. Não se cuida de interromper gravidez humana, pois dela aqui não se pode cogitar. A controvérsia constitucional em exame não guarda qualquer vinculação com o problema do aborto. O STF assentou também que a Lei de Biossegurança fortalece os direitos fundamentais à autonomia da vontade, ao planejamento familiar e à maternidade. Ressaltou ainda a importância do direito à saúde como corolário do direito fundamental à vida digna. A Lei de Biossegurança é um instrumento de encontro do direito à saúde com a própria Ciência, diretamente postas pela Constituição a serviço desse bem inestimável do indivíduo que é a sua própria higidez físico- mental. Destacou também que o direito constitucional à liberdade de expressão científica e densificado pela Lei de Biossegurança. Por fim, o STF assentou a suficiência das cautelas e restrições impostas pela Lei de Biossegurança na condução das pesquisas com células-tronco embrionárias. Isso porque a Lei de Biossegurança é um conjunto normativo que parte do pressuposto da intrínseca dignidade de toda forma de vida humana, ou que tenha potencialidade para tanto. A norma não conceitua as categorias mentais ou entidades biomédicas a que se refere, mas nem por isso impede a facilitada exegese dos seus textos, pois é de se presumir que recepcionou tais categorias e as que lhe são correlatas. 4.3 - Vedações na Lei de Biossegurança A Lei 11.105/2005, em seu art. 6º, vedou determinadas atividades com OGM. Dentre elas podemos citar: clonagem humana, e a engenharia genética em célula germinativa humana, zigoto humano e embrião humano. Há dois tipos de clonagem, a reprodutiva e a não reprodutiva. A Lei de Biossegurança proíbe apenas a clonagem humana reprodutiva por não está em consonância com os direitos fundamentais à vida, à saúde à identidade genética e pessoal, e principalmente a dignidade da pessoa humana. Conforme assenta Maria Helena Diniz10, o ser humano tem direito a ser geneticamente único e irrepetível, sendo que essa prática macula o princípio da dignidade da pessoa humana, tendo em vista que o ser humano é o proprietário e responsável pela sua origem genética por processos naturais, sendo vedada as formas de formação genética programada em laboratório. Ressalta ainda a doutrinadora que a pessoa humana e a sua dignidade constituem fundamento e fim da sociedade e do Estado, sendo o valor que prevalecerá sobre qualquer tipo de avanço científico e tecnológico. Consequentemente, não poderão a bioética e o biodireito admitir conduta que venha a reduzir a pessoa humana à condição de coisa, retirando dela sua dignidade e o direito a uma vida digna. A clonagem não reprodutiva tem fins terapêuticos e foi prevista no art. 5º, da Lei de Biossegurança, que autorizou a utilização das células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por 10 DINIZ, Maria Helena. O Estado Atual do Biodireito. 3ª Edição. Saraiva: São Paulo, 2006, p.526. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 28 95 fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas condições específicas previstas no normativo, como a inviabilidade do embrião, ou o prazo temporal de congelamento de 3 anos, mas, em qualquer deles, deve haver o consentimento dos genitores. Por fim, a clonagem humana foi tipificada como crime, nos termos do art. 26 da Lei de Biossegurança. Assim, a Lei além de prevê a responsabilidade civil e administrativa, aumentou a proteção do bem jurídico ao prevê também a responsabilidade penal para aquele que realiza clonagem humana, com pena de reclusão de dois a cinco anos e multa. A Lei também proibiu a possibilidade a implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de registro de seu acompanhamento individual ou mesmo a realização de engenharia genética em organismo vivo ou mesmo o manejo in vitro de ADN/ARN natural ou recombinante em desacordo com as normas previstas na Lei de Biossegurança e em suas normas regulamentares. Outras condutas vedadas pela norma refletem a preocupação do legislador com o descarte dos OGM e as supostas consequências danosas ao meio ambiente e à saúde pública. Nessa linha, são vedadas as condutas de destruição ou descarte no meio ambiente de OGM e seus derivados em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização e as constantes previstas na Lei de Biossegurança e sua regulamentação. No memso diapasão, é vedada a liberação no meio ambiente de OGM ou seus derivados, no âmbito de atividades de pesquisa, sem a decisão técnica favorável da CTNBio e, nos casos de liberação comercial, sem o parecer técnico favorável da CTNBio, ou sem o licenciamento do órgão ou entidade ambiental responsável, quando a CTNBio considerar a atividade como potencialmente causadora de degradação ambiental, ou sem a aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, quando o processo tenha sido por ele avocado. Outra proibição ventilada pela Lei de Biossegurança é a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. Essas tecnologias genéticas de restrição do uso são caracterizadas por qualquer processo de intervenção humana para geração ou multiplicação de plantas geneticamente modificadas para produzir estruturas reprodutivas estéreis, bem como qualquer forma de manipulação genética que vise à ativação ou desativação de genes relacionados à fertilidade das plantas por indutores químicos externos. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 29 95 4.4 - Obrigações na Lei de Biossegurança A Lei de Biossegurança, em seu art. 7º, elencou as obrigações de fazer e de informar em caso de acidentes com OGM e seus derivados pelos responsáveis na sua manipulação, depósito, transporte, pesquisa e comercialização. Nessa quadratura, é obrigatória a investigação de acidentes ocorridos no curso de pesquisas e projetos na área de engenharia genética e o envio de relatório respectivo à autoridade competente no prazo máximo de 5 (cinco) dias a contar da data do evento, bem como a notificação imediata à CTNBio e às autoridades da saúde pública, da defesa agropecuária e do meio ambiente sobre acidente que possa provocar a disseminação de OGM e seus derivados. Outra obrigação é a adoção de meios necessáriospara plenamente informar à CTNBio, às autoridades da saúde pública, do meio ambiente, da defesa agropecuária, à coletividade e aos demais empregados da C o n d u ta s V ed ad as Projetos de OGM Sem registro do acompanhamento individual. Engenharia Genética Em desacordo com a LB e Regulamentos. Em células humanas, zigoto ou embrião humano. Clonagem Humana apenas as clonagens reprodutivas. Destruição e Descarte de OGM Em desacordo com a LB e Regulamentos. Liberação de OGM Sem decisão técnica/parecer da CTNBio. Sem licenciamento (EIA/RIMA). Utilização, Comercialização, Registro, patentiamento e Licenciamento Tecnologias genéticas de restrição de uso. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 30 95 instituição ou empresa sobre os riscos a que possam estar submetidos, bem como os procedimentos a serem tomados no caso de acidentes com OGM. Nessa linha, o procedimento geral adotado pelas entidades que manipulam OGM e derivados, se processa da seguinte forma: a ocorrência de acidente ou liberação acidental de OGM e seus derivados deverá ser imediatamente comunicada, formalmente por escrito, à Comissão Interna de Biossegurança-CIBio da entidade pelo seu técnico responsável e a CIBio, no prazo máximo de cinco dias, a contar da data do evento, comunica à CTNBio e aos órgãos e entidades de registro e fiscalização pertinentes (meio ambiente, sanidade agropecuária), apresentando relatório das ações corretivas já tomadas contendo os nomes das pessoas e autoridades que tenham sido notificadas. A CTNBio, ao tomar conhecimento de qualquer acidente ou incidente que tenha provocado efeitos adversos à saúde humana e animal, aos vegetais ou ao meio ambiente, fará imediata comunicação ao Ministério Público Federal para fins de possível responsabilização do infrator. Cabe ainda a CIBio informar aos trabalhadores e demais membros da coletividade sobre os riscos decorrentes do acidente ou da liberação acidental de OGM e seus derivados e instaurar imediatamente investigação sobre a ocorrência enviando as conclusões à CTNBio. Por fim, no art. 40, da Lei de Biossegurança, há obrigação para que os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM ou derivados deverão conter informação nesse sentido em seus rótulos, conforme regulamento. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 31 95 (MPE-SC/Promotor de Justiça/MPE-SC – 2013) analise cada um dos enunciados das questões abaixo e assinale “Certo” - (c) ou “Errado” - (E) A Lei 11.105/2005 proíbe clonagem humana, engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano. Resposta. Item certo. O art. 6º, da Lei de Biossegurança proibiu, em seu inciso III e IV, respectivamente, a engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano e a clonagem humana. Obrigações das Entiddades Notificação Compulsória Em caso de acidentes com OGM ou derivados possam provocar disseminação CTNBio Autoridade de Saúde Pública Autoridade de defesa agropecuária Autoridade de defesa do meio ambiente Investigação Interna Acidentes no curso de pesquisas e projetos Necessidade de Informar Todos (coletividade) Riscos dos OGM procedimentos a serem adotados em caso de acidentes Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 32 95 (ITEP – RN/Perito Criminal/AOCP – 2018) Sobre a Lei Federal nº 11.105/2005 e suas alterações, assinale a alternativa correta. (A)O Art. 6º proíbe a clonagem humana e de animais. (B)Realizar clonagem humana é penalidade punível com reclusão de 3 a 10 anos e multa. (C) O Art. 5º permite a utilização de células-tronco embrionárias humanas para fins de pesquisa. (D)A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) será composta por membros designados pelo governador dos Estados. (E)Não compete ao CTNBio estabelecer normas para as pesquisas com OGM e seus derivados. Resposta. Item C. O Item A está incorreto porque não há vedação para clonagem de animais. O item B está incorreto, pois a pena é de 2 a 5 anos e multa. O item C está correto, tendo em vista que a clonagem terapêutica é permitida pelo art. 5º, da Lei de Biossegurança desde que atendidos alguns requisitos. O item D está incorreto, considerando que, nos termos do art. 11, da Lei 11.105/2005, a CTNBio, composta de membros titulares e suplentes, designados pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, será constituída por 27 (vinte e sete) cidadãos brasileiros de reconhecida competência técnica, de notória atuação e saber científicos, com grau acadêmico de doutor e com destacada atividade profissional nas áreas de biossegurança, biotecnologia, biologia, saúde humana e animal ou meio ambiente. O item E está incorreto porque é atribuição da CTNBio estabelecer normas para as pesquisas com OGM e derivados (art. 14, I, da Lei 11.105/2005). 5 - ÓRGÃO E ENTIDADES RESPONSÁVEIS PELA FISCALIZAÇÃO E CONTROLE DE OGM Para escorreita normatização, fiscalização e controle do manejo com OGM e derivados, a Lei de Biossegurança previu um arcabouço de órgãos e entidades. Dentre eles podemos citar o Conselho Nacional de Biossegurança-CNBS, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio e a Comissão Interna de Biossegurança-CIBio, dentre outros. Vejamos, resumidamente, as atribuições de cada um deles. 5.1 - Conselho Nacional de Biossegurança-CNBS A Lei de Biossegurança criou, em seu art. 8º, o Conselho Nacional de Biossegurança-CNBS órgão de assessoramento superior do Presidente da República que tem como objetivo geral formular e implementar a Política Nacional de Biossegurança – PNB. Dentro dessa finalidade essencial de elaborar a PNB, compete ao CNBS fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais com competências sobre a matéria; bem como analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos aspectos da conveniência e oportunidade socioeconômicas e do interesse nacional, os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e seus derivados. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 33 95 Compete ainda a CNBS avocar e decidir, em última e definitiva instância, com base em manifestação da CTNBio e, quando julgar necessário, dos órgãos e entidades, no âmbito de suas competências, sobre os processos relativos a atividades que envolvam o uso comercial de OGM e seus derivados. Quando o CNBS deliberar favoravelmente à realização da atividade analisada, encaminhará sua manifestação aos órgãos e entidades de registro e fiscalização e caso delibere contrariamente à atividade analisada, encaminhará sua manifestação à CTNBio para informação ao requerente. O CNBS é composto 11 membros todos integrantes dos Ministérios do governo federal, vejamos: Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, que o presidirá (CC); Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia (MCT); Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário (MDS); Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); Ministro de Estado da Justiça (MJ); Ministro de Estado da Saúde (MS); Ministro de Estado do Meio Ambiente (MMA); Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior (MDIC); Ministro de Estado das Relações Exteriores (MRE); Ministro de Estado da Defesa (MD); Secretário Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República (SEAP). As reuniões do CNBS não são realizadas em periodicidade regular, mas são designadas pelo seu presidente ou mediante provocação da maioria de seus membros. Nessas reuniões poderão ser convidados a participar, em caráter excepcional, representantes do setor público e de entidades da sociedade civil. Para instalação da seção na reunião são necessários a presença de seis membros e as decisões serão tomadas com votos favoráveis da maioria absoluta. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 34 95 C N B S Órgão Assessoria do Presidente da República Objetivo Formular e Implementar a PNB Competências Fixar Princípios e Diretrizes demais órgãos e entidads federais Analisar (conveniência e oportunidade) Os pedidos de liberação de OGM para uso comercial a pedido da CTNBio Avocar e Decidir Processos Administrativos para uso comercial de OGM requerido pela CTNBio órgão e entidades (julgando necessário) Decisões Favoráveis Encaminha a decisão diretamente ao interessado Desfavorável Encaminha a CTNBio que comunica o interessado Composição 11 membros CC, MCT, MDA, MAPA, MJ, MS, MMA, MDIC, MRE, MD SEAP Reuniões Não são periódicas Requisitada pelo CC ou pela maioria dos membros Quórum 6 membros Decisões Maioria Absoluta (6) Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 35 95 5.2 - Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia, é instância colegiada multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo, para prestar apoio técnico e de assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da PNB de OGM e seus derivados, bem como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e de pareceres técnicos referentes à autorização para atividades que envolvam pesquisa e uso comercial de OGM e seus derivados, com base na avaliação de seu risco zoofitossanitário, à saúde humana e ao meio ambiente. Para isso a CTNBio deverá acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente. A Lei 11.105/2005, em seu art.11, ventilou a composição da CTNBio, que é composta de membros titulares e suplentes, designados pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, será constituída por 27 (vinte e sete) cidadãos brasileiros de reconhecida competência técnica, de notória atuação e saber científicos, com grau acadêmico de doutor e com destacada atividade profissional nas áreas de biossegurança, biotecnologia, biologia, saúde humana e animal ou meio ambiente, sendo: ▪ 12 (doze) especialistas de notório saber científico e técnico, em efetivo exercício profissional, escolhidos em lista tríplice elaborada com a participação das sociedades científicas, sendo: ❖ 3 (três) da área de saúde humana; ❖ 3 (três) da área animal; ❖ 3 (três) da área vegetal; ❖ 3 (três) da área de meio ambiente. ▪ 01 representante de cada um dos seguintes órgãos, indicados pelos respectivos titulares (09 representantes): ❖ Ministério da Ciência e Tecnologia; ❖ Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; ❖ Ministério da Saúde; ❖ Ministério do Meio Ambiente; ❖ Ministério do Desenvolvimento Agrário; ❖ Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; ❖ Ministério da Defesa; ❖ Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República; ❖ Ministério das Relações Exteriores. ▪ 01 especialista em defesa do consumidor, indicado pelo Ministro da Justiça (05 representantes). É escolhido a partir de lista tríplice, elaborada pelas organizações da sociedade civil. ▪ 01 especialista na área de saúde, indicado pelo Ministro da Saúde. É escolhido a partir de lista tríplice, elaborada pelas organizações da sociedade civil. ▪ 01 especialista em meio ambiente, indicado pelo Ministro do Meio Ambiente. É escolhido a partir de lista tríplice, elaborada pelas organizações da sociedade civil. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 36 95 ▪ 01 especialista em biotecnologia, indicado pelo Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. É escolhido a partir de lista tríplice, elaborada pelas organizações da sociedade civil. ▪ 01 especialista em agricultura familiar, indicado pelo Ministro do Desenvolvimento Agrário. É escolhido a partir de lista tríplice, elaborada pelas organizações da sociedade civil. ▪ 01 especialista em saúde do trabalhador, indicado pelo Ministro do Trabalho e Emprego. É escolhido a partir de lista tríplice, elaborada pelas organizações da sociedade civil. Cumpre destacar que cada membro efetivo terá um suplente, que participará dos trabalhos na ausência do titular. O mandato será de 2 (dois) anos, renovável por até mais 2 (dois) períodos consecutivos, sendo o presidente da CTNBio será designado, entre seus membros, pelo Ministro da Ciência e Tecnologia para um mandato de 2 (dois) anos, renovável por igual período. Nessa linha, um membro (titular ou suplente) pode ter até 3 mandatos. Os membros da CTNBio devem pautar a sua atuação pela observância estrita dos conceitos ético- profissionais, sendo vedado participar do julgamento de questões com as quais tenham algum envolvimento de ordem profissional ou pessoal, sob pena de perda de mandato, na forma do regulamento. Quanto às reuniões, a CTNBio poderá ser instalada com a presença de 14 (catorze) de seus membros (maioria dos membros), devendo conter pelo menos um representante de cada uma das áreas de saúde humana, animal, vegetal e de meio ambiente. A ausência de pelo menos um dos representantes das quatro áreas referidas, inviabiliza a seção da CTNBio. Ao seu turno, as decisões da CTNBio serão tomadas com votos favoráveis da maioria absoluta de seus membros. Os órgãos e entidades integrantes da administração pública federal poderão solicitar participação nas reuniões da CTNBio para tratar de assuntos de seu especial interesse, sem direito a voto. Poderão ainda ser convidados a participar das reuniões, em caráter excepcional, representantes da comunidade científica e do setor público e entidades da sociedade civil, sem direito a voto. Para melhor visualizar a estrutura da CTNBio, eis a composição atual de seus membros: Especialista Área de Saúde Humana Nome Posição Mandato Vigência Marcia Pinto Alves Mayer Titular 1º 18.03.2020 a 17.03.2022 Ana Lúcia Tabet Oller do Nascimento Suplente 2º 26.01.2019 a 26.01.2021 Nadja Cristhina de Souza Pinto Titular 3º 29.09.2018 a 29.09.2020 José Luiz de Lima Filho Suplente 3º 29.09.2018 a 29.09.2020 Ana Lucia Brunialti Godard Titular 1º 18.03.2020 a 17.03.2022 Rodrigo Guerino Stabeli Suplente 1º 20.11.2019 a 19.11.2021 Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 37 95 Especialista Área de Saúde Animal Nome Posição Mandato Vigência Odir Antonio Dellagostin Titular1º 20.11.2019 a 19.11.2021 Edson Luiz Durigon Suplente 2º 26.01.2019 a 26.01.2021 Carlos Termignoni Titular 3º 29.09.2018 a 29.09.2020 Não Indicado Suplente Francisco Palma Rennó Titular 1º 18.03.2020 a 17.03.2022 Renato de Lima Santos Suplente 1º 18.03.2020 a 17.03.2022 Especialista Área Vegetal Nome Posição Mandato Vigência Patrícia Machado Bueno Fernandes Titular 3º 29.09.2018 a 29.09.2020 Carla Andréa Delatorre Suplente 3º 25.04.2020 a 24.04.2022 Marcos Antônio Machado Titular 3º 29.09.2018 a 29.09.2020 Isabel Rodrigues Gerhardt Suplente 1º 27.12.2018 a 27.12.2020 Maria José Vilaça de vasconcelos Titular 1º 20.11.2019 a 19.11.2021 Liliane Marcia Mertz Henning Suplente 1º 18.03.2020 a 17.03.2022 Especialista Área de Meio Ambiente Nome Posição Mandato Vigência Leandro Vieira Astarita Titular 1º 20.11.2019 a 19.11.2021 Sandra Regina Ceccato Antonini Suplente 2º 26.01.2019 a 26.01.2021 Maria Helena Bodanese Zanettini Titular 1º 20.11.2019 a 19.11.2021 Antônio Alberto da Silva Suplente 2º 26.01.2019 a 26.01.2021 Antônio Euzébio Goulart Santana Titular 1º 18.03.2020 a 17.03.2022 Não Indicado Suplente Representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação Nome Posição Mandato Vigência Maria Sueli Soares Felipe Titular 3º 11.09.2018 a 11.09.2020 Welington Luiz de Araújo Suplente 3º 24.03.2020 a 24.03.2022 Representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Nome Posição Mandato Vigência Gisele Ventura Garcia Grilli Titular 2º 16.03.2020 a 15.03.2022 Fernando Azevedo de Freitas Suplente 1º 07.06.2019 a 07.06.2021 Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 38 95 Representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Nome Posição Mandato Vigência Representante do Ministério da Saúde Nome Posição Mandato Vigência Flávio Finardi Filho Titular e Presidente Substituto 2° 02.04.2020 a 01.04.2022 Sonia aparecida de Andrade Chudzinski Suplente 2° 02.04.2020 a 01.04.2022 Representante do Ministério do Meio Ambiente Nome Posição Mandato Vigência José Fernando Garcia Titular 1º 19.12.2019 a 18.12.2021 Fabrício Santana Santos Suplente 3º 19.12.2019 a 18.12.2021 Representante da Área de Desenvolvimento Agrário Nome Posição Mandato Vigência Paulo Augusto Vianna Barroso Presidente da CTNBio 1º 07.06.2019 a 07.06.2021 Luiz Filipe Protasio Pereira Suplente 1º 07.06.2019 a 07.06.2021 Representante do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços Nome Posição Mandato Vigência Zaira Bruna Hoffmam Titular 1º 30.05.2018 a 30.05.2020 Tito Lívio Moitinho Alves Suplente 1º 18.07.2019 a 18.07.2021 Representante do Ministério da Defesa Nome Posição Mandato Vigência Marcos Dornelas Ribeiro Titular 1° 18.03.2020 a 17.03.2022 Caleb Guedes Miranda dos Santos Suplente 2º 26.03.2020 a 25.03.2022 Representante do Ministério das Relações Exteriores Nome Posição Mandato Vigência Marcelo Henrique Aguiar de Freitas Titular 1° 21.05.2019 a 21.05.2021 Aluízio Borém de Oliveira Suplente 1° 16.07.2020 a 15.07.2022 Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 39 95 Representante da Secretaria de Aquicultura e Pesca Nome Posição Mandato Vigência Alex Augusto Gonçalves Titular 1º 29.08.2019 a 29.08.2021 Mauricio Nogueira de Cruz Pessôa Suplente 1º 18.03.2020 a 17.03.2022 Especialista em Agricultura Familiar Nome Posição Mandato Vigência Danilo Eduardo Rozane Titular 1º 07.06.2019 a 07.06.2021 Não Indicado Suplente Especialista em Biotecnologia Nome Posição Mandato Vigência Alexandre Lima Nepomuceno Titular 3º 06.08.2018 a 06.08.2020 Hugo Bruno Correa Molinari Suplente 2º 15.05.2019 a 15.05.2021 Especialista em Defesa do Consumidor Nome Posição Mandato Vigência Não Indicado Titular 1º 25.05.2020 a 24.05.2022 Não Indicado Suplente 1º 25.05.2020 a 24.05.2022 Especialista em Meio Ambiente Nome Posição Mandato Vigência Marcos Fava Neves Titular 1º 25.05.2020 a 24.05.2022 Eduardo Eugênio Spers Suplente 1º 25.05.2020 a 24.05.2022 Especialista em Saúde do Trabalhador Nome Posição Mandato Vigência Fernando Gallego Dias Titular 1º 26.07.2019 a 26.07.2021 Vera Lucia Zaher Rutherford Suplente 1º 26.07.2019 a 26.07.2021 Especialista na Área de Saúde Nome Posição Mandato Vigência Sérgio Paulo Bydlowski Titular 1º 27.08.2018 a 27.08.2020 Bernardo Elias Correa Soares Suplente 1º 28.01.2020 a 27.01.2022 Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 40 95 A CTNBio constituirá subcomissões setoriais permanentes na área de saúde humana, na área animal, na área vegetal e na área ambiental, e poderá constituir subcomissões extraordinárias, para análise prévia dos temas a serem submetidos ao plenário da Comissão. Tanto os membros titulares quanto os suplentes participarão das subcomissões setoriais e caberá a todos a distribuição dos processos para análise. No mais, o funcionamento e a coordenação dos trabalhos nas subcomissões setoriais e extraordinárias foram definidos no Decreto 5.591/2005 e no regimento interno da CTNBio. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 41 95 C T N B io Órgão colegiado multidiciplinar Integrante do MCT Caráter Consultivo Deliberativo Funções Essenciais Apoio técnico e de assessoramento do Governo Federal Estabelecimento normas técnicas de segurança e de pareceres. Membros (27) Titulares e Suplentes 12 03 da área de saúde humana 03 da área animal 03 da área vegetal 03 da área de meio ambiente 09 MCT, MAPA, MS, MMA, MDA, MDIC, MD, MRE e SEAP 06 01 - Defesa do consumidor 01 - Área de Saúde 01 - Meio Ambiente 01 - Biotecnologia 01 - Agricultura Familiar 01 - Saúde do Trabalhador Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 42 95 As competências da CTNBio foram definidas no art. 14, da Lei de Biossegurança, vejamos: ▪ estabelecer normas para as pesquisas com OGM e derivados de OGM; ▪ estabelecer normas relativamente às atividades e aos projetos relacionados a OGM e seus derivados; ▪ estabelecer, no âmbito de suas competências, critérios de avaliação e monitoramento de risco de OGM e seus derivados; ▪ proceder à análise da avaliação de risco, caso a caso, relativamente a atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados; ▪ estabelecer os mecanismos de funcionamento das Comissões Internas de Biossegurança – CIBio, no âmbito de cada instituição que se dedique ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial que envolvam OGM ou seus derivados; ▪ estabelecer requisitos relativos à biossegurança para autorização de funcionamento de laboratório, instituição ou empresa que desenvolverá atividades relacionadas a OGM e seus derivados; ▪ relacionar-se com instituições voltadas para a biossegurança de OGM e seus derivados, em âmbito nacional e internacional; ▪ autorizar, cadastrar e acompanhar as atividades de pesquisa com OGM ou derivado de OGM, nos termos da legislaçãoem vigor; CTNBio Mandato Membros 2 anos (renovável até 2 perídos) Presidente 2 anos (renovável) Reunião Quórum 14 membros ( pelo menos 1 de cada área) Decisões Maioria absoluta Participação de terceiros nas reuniões Sem Direito a voto Órgão e entidade da APF Representante da Comunidade Centífica , Sociedade Civil e Setor Público Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 43 95 ▪ autorizar a importação de OGM e seus derivados para atividade de pesquisa; ▪ prestar apoio técnico consultivo e de assessoramento ao CNBS na formulação da PNB de OGM e seus derivados; ▪ emitir Certificado de Qualidade em Biossegurança – CQB para o desenvolvimento de atividades com OGM e seus derivados em laboratório, instituição ou empresa e enviar cópia do processo aos órgãos de registro e fiscalização referidos no art. 16 desta Lei; ▪ emitir decisão técnica, caso a caso, sobre a biossegurança de OGM e seus derivados no âmbito das atividades de pesquisa e de uso comercial de OGM e seus derivados, inclusive a classificação quanto ao grau de risco e nível de biossegurança exigido, bem como medidas de segurança exigidas e restrições ao uso; ▪ definir o nível de biossegurança a ser aplicado ao OGM e seus usos, e os respectivos procedimentos e medidas de segurança quanto ao seu uso, conforme as normas estabelecidas na regulamentação desta Lei, bem como quanto aos seus derivados; ▪ classificar os OGM segundo a classe de risco, observados os critérios estabelecidos no regulamento desta Lei; ▪ acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico-científico na biossegurança de OGM e seus derivados; ▪ emitir resoluções, de natureza normativa, sobre as matérias de sua competência; ▪ apoiar tecnicamente os órgãos competentes no processo de prevenção e investigação de acidentes e de enfermidades, verificados no curso dos projetos e das atividades com técnicas de ADN/ARN recombinante; ▪ apoiar tecnicamente os órgãos e entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, no exercício de suas atividades relacionadas a OGM e seus derivados; ▪ divulgar no Diário Oficial da União, previamente à análise, os extratos dos pleitos e, posteriormente, dos pareceres dos processos que lhe forem submetidos, bem como dar ampla publicidade no Sistema de Informações em Biossegurança – SIB a sua agenda, processos em trâmite, relatórios anuais, atas das reuniões e demais informações sobre suas atividades, excluídas as informações sigilosas, de interesse comercial, apontadas pelo proponente e assim consideradas pela CTNBio; ▪ identificar atividades e produtos decorrentes do uso de OGM e seus derivados potencialmente causadores de degradação do meio ambiente ou que possam causar riscos à saúde humana; ▪ reavaliar suas decisões técnicas por solicitação de seus membros ou por recurso dos órgãos e entidades de registro e fiscalização, fundamentado em fatos ou conhecimentos científicos novos, que sejam relevantes quanto à biossegurança do OGM ou derivado, na forma desta Lei e seu regulamento; ▪ propor a realização de pesquisas e estudos científicos no campo da biossegurança de OGM e seus derivados; ▪ apresentar proposta de regimento interno ao Ministro da Ciência e Tecnologia. Das competências listadas é notório observar que a CTNBio é órgão técnico-normativo. Visa de um modo geral o estabelecimento de normas técnicas na área de biossegurança no manejo dos OGM e seus derivados, seja para pesquisa ou uso comercial, abarcando diversos campos de atuação como a classificação, análise e avaliação de risco, importação, certificação, bem como o acompanhamento e registro das atividades de pesquisa com OGM ou derivado. Regra importante ventilada na Lei de Biossegurança, prevista no §1º, do art.14, refere-se ao fato de a decisão técnica emitida pela CTNBio ter caráter vinculativo quanto aos demais órgãos e entidades da administração. Melhor dizendo, todos os aspectos de biossegurança do OGM e seus derivados analisados pela CTNBio não Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 44 95 podem ser questionados pelos demais entidades, estando vinculadas unicamente quanto aos referidos aspectos. Conforme já assentado nesta obra, em caso de decisão técnica favorável sobre a biossegurança no âmbito da atividade de pesquisa, a CTNBio remeterá o processo respectivo aos órgãos e entidades de registro e fiscalização, para o exercício de suas atribuições. A decisão deverá conter resumo de sua fundamentação técnica, explicitar as medidas de segurança e restrições ao uso do OGM e seus derivados e considerar as particularidades das diferentes regiões do País, com o objetivo de orientar e subsidiar os órgãos e entidades de registro e fiscalização no exercício de suas atribuições. Não se submeterá a análise e emissão de parecer técnico da CTNBio o derivado cujo OGM já tenha sido por ela aprovado. As pessoas físicas ou jurídicas envolvidas em qualquer das fases do processo de produção agrícola, comercialização ou transporte de produto geneticamente modificado que tenham obtido a liberação para uso comercial estão dispensadas de apresentação do CQB e constituição de CIBio, salvo decisão em contrário da CTNBio. Por fim, a CTNBio poderá realizar audiências públicas, garantida participação da sociedade civil. Em casos de liberação comercial, a audiência pública poderá ser requerida por partes interessadas, incluindo-se entre estas organizações da sociedade civil que comprovem interesse relacionado à matéria, na forma do regulamento. O Decreto no Decreto 5.591/2005, em seu art. 43, disciplinou a audiência pública fixando a regra de que a CTNBio poderá realizá-la, garantida a participação da sociedade civil, que será requerida: por um de seus membros e aprovada por maioria absoluta, em qualquer hipótese; por parte comprovadamente interessada na matéria objeto de deliberação e aprovada por maioria absoluta, no caso de liberação comercial. Cabe a CTNBio publicar no SIB e no Diário Oficial da União, com antecedência mínima de trinta dias, a convocação para audiência pública, dela fazendo constar a matéria, a data, o horário e o local dos trabalhos. Considera-se parte interessada, o requerente do processo ou pessoa jurídica cujo objetivo social seja relacionado às áreas de atuação previstas na Lei de Biossegurança. 5.3 - Órgãos e Entidades de Registro e Fiscalização São os demais órgãos e entidades que são responsáveis pelo registro e fiscalização, aplicando as penalidades pelo descumprimento das normas de biossegurança, vinculados ou subordinados ao Ministério da Saúde, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ao Ministério do Meio Ambiente, e à Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República. Dentre eles podemos citar o IBAMA, ANVISA, Secretaria de Defesa Agropecuária, dentre outros órgãos federais. Compete a esses órgãos/entidades entre outras atribuições, no campo de suas competências, observadas a decisão técnica da CTNBio, as deliberações do CNBS e os mecanismos estabelecidos na legislação de regência: ▪ fiscalizar as atividades de pesquisa de OGM e seus derivados; ▪ registrar e fiscalizar a liberação comercial de OGM e seus derivados; ▪ emitir autorização para a importação de OGM e seus derivados para uso comercial; Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 45 95 ▪ manter atualizado no SIB o cadastro das instituições e responsáveis técnicos que realizamatividades e projetos relacionados a OGM e seus derivados; ▪ tornar públicos, inclusive no SIB, os registros e autorizações concedidas; ▪ aplicar as penalidades de que trata a Lei de Biossegurança; ▪ subsidiar a CTNBio na definição de quesitos de avaliação de biossegurança de OGM e seus derivados. Após manifestação favorável da CTNBio, ou do CNBS, em caso de avocação ou recurso, em decorrência de análise específica e decisão pertinente, caberá: ▪ ao MAPA emitir as autorizações e registros e fiscalizar produtos e atividades que utilizem OGM e seus derivados destinados a uso animal, na agricultura, pecuária, agroindústria e áreas afins, de acordo com a legislação em vigor; ▪ ao órgão competente do Ministério da Saúde emitir as autorizações e registros e fiscalizar produtos e atividades com OGM e seus derivados destinados a uso humano, farmacológico, domissanitário e áreas afins, de acordo com a legislação em vigor; ▪ ao órgão competente do Ministério do Meio Ambiente emitir as autorizações e registros e fiscalizar produtos e atividades que envolvam OGM e seus derivados a serem liberados nos ecossistemas naturais, de acordo com a legislação em vigor e segundo o regulamento desta Lei, bem como o licenciamento, nos casos em que a CTNBio deliberar, na forma da Lei de Biossegurança, que o OGM é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente; ▪ à SEAP emitir as autorizações e registros de produtos e atividades com OGM e seus derivados destinados ao uso na pesca e aquicultura, de acordo com a legislação em vigor. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental, bem como da deliberação da CTNBio de que o OGM é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente. Assim, a CTNBio delibera, em última e definitiva instância, sobre os casos em que a atividade é potencial ou efetivamente causadora de degradação ambiental, como também sobre a necessidade do licenciamento ambiental. A emissão dos registros, das autorizações e do licenciamento ambiental referidos nesta Lei deverá ocorrer no prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias, ficando a contagem do prazo suspensa, por até 180 (cento e oitenta) dias, durante a elaboração, pelo requerente, dos estudos ou esclarecimentos necessários. Essas autorizações e registros estarão vinculados à decisão técnica da CTNBio correspondente, sendo vedadas exigências técnicas que extrapolem as condições estabelecidas naquela decisão, nos aspectos relacionados à biossegurança. Em caso de divergência quanto à decisão técnica da CTNBio sobre a liberação comercial de OGM e derivados, os órgãos e entidades de registro e fiscalização, no âmbito de suas competências, poderão apresentar recurso ao CNBS, no prazo de até 30 (trinta) dias, a contar da data de publicação da decisão técnica da CTNBio. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 46 95 Ó rg ão s e En ti d ad es d e R eg is tr o e F is ca liz aç ão Responsável - Fiscalização - Registro - Aplicação de Penalidades Integrantes MAPA MS MMA SEAP Competências Fiscalizar as atividades de pesquisa de OGM e seus derivados Registrar e Fiscalizar a liberação comercial de OGM e seus derivados Emitir autorização para a importação de OGM e seus derivados para uso comercial Aplicar Penalidades Subsidiar CTNBio na definição de quesitos de avaliação de biossegurança de OGM Licenciamento (EIA/RIMA) CTNBIo Decide se a atividade é de significativo impacto ao meio ambiente Sobre a necessidade de licenciamento Prazo de emissão dos registros/licenciamento Máximo de 120 dias Divergência com a decisão da CTNBio Cabe recurso Prazo de 30 dias ( da publicação) Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 47 95 5.4 - Comissão Interna de Biossegurança-CIBio Toda instituição que utilizar técnicas e métodos de engenharia genética ou realizar pesquisas com OGM e seus derivados deverá criar uma Comissão Interna de Biossegurança - CIBio, além de indicar um técnico principal responsável para cada projeto específico. A CIBio é uma comissão criada no âmbito da instituição que tem a função primordial de prevenir acidentes com OGM e derivados, informar os trabalhadores sobre os riscos de manipulação dos OGM, bem como informar a CTNBio sobre eventuais acidentes e investigá-los. São competências da CIBio: ▪ manter informados os trabalhadores e demais membros da coletividade, quando suscetíveis de serem afetados pela atividade, sobre as questões relacionadas com a saúde e a segurança, bem como sobre os procedimentos em caso de acidentes; ▪ estabelecer programas preventivos e de inspeção para garantir o funcionamento das instalações sob sua responsabilidade, dentro dos padrões e normas de biossegurança, definidos pela CTNBio; ▪ encaminhar à CTNBio os documentos cuja relação será por esta estabelecida, para os fins de análise, registro ou autorização do órgão competente, quando couber; ▪ manter registro do acompanhamento individual de cada atividade ou projeto em desenvolvimento que envolva OGM e seus derivados; ▪ notificar a CTNBio, aos órgãos e entidades de registro e fiscalização e às entidades de trabalhadores o resultado de avaliações de risco a que estão submetidas as pessoas expostas, bem como qualquer acidente ou incidente que possa provocar a disseminação de agente biológico; ▪ investigar a ocorrência de acidentes e enfermidades possivelmente relacionados a OGM e seus derivados e notificar suas conclusões e providencias à CTNBio. Assim, a CIBio é responsável pelo credenciamento, monitoramento, informação e medidas a serem adotadas em caso de acidentes com OGM e derivados no âmbito da empresa que pratica engenharia genética ou realiza pesquisa com OGM e derivados. (TRF - 2ª REGIÃO/Juiz Federal/CESPE – 2009) A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia, (A)deve acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais, das plantas e do meio ambiente. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 48 95 (B)é instância colegiada multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo, formada pelo Comitê Nacional de Biogestão e presidida pelo presidente do IBAMA. (C)presta apoio técnico e de assessoramento ao governo federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional da Biodiversidade de OGMs e seus derivados, bem como no estabelecimento das diretrizes de controle dos procedimentos de clonagem do genoma humano. (D)estabelece normas técnicas de segurança referentes à autorização para atividades que envolvam pesquisa e uso comercial do genoma humano em seu estado natural, bem como de OGMs e seus derivados. (E)é responsável pelo processo de licenciamento das atividades de bioprospecção e exerce poder de polícia sobre os institutos de pesquisa que utilizam genes recombinantes em órgãos transplantados. Resposta. Item A. Nos termos do art. 10, Parágrafo único, da Lei de Biossegurança, a CTNBio deverá acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científiconas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente. O item B está incorreto porque nos termos do art. 11, § 5º, o presidente da CTNBio será designado, entre seus membros, pelo Ministro da Ciência e Tecnologia para um mandato de 2 (dois) anos, renovável por igual período. O item C e D estão incorretos, pois a clonagem humana ou uso do genoma humano para fins reprodutivo são vedadas pela Lei de Biossegurança. O item E está incorreto, considerando que o poder de polícia fica a cargo dos órgãos e entidades de registro e fiscalização previstos no art. 16, da Lei de Biossegurança. (MPE-MG/Promotor de Justiça/MPE-MG – 2013) É INCORRETO afirmar-se que: (A)Encontra-se entre as competências da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança–CTNBio, instância colegiada multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo que integra o Ministério da Ciência e da Tecnologia, estabelecer normas para as pesquisas, atividades e projetos relacionados com organismos geneticamente modificados e seus derivados, e estabelecer, no âmbito de suas competências, critérios de avaliação e monitoramento de risco de organismos geneticamente modificados e seus derivados. (B)Constitui crime, punível com reclusão de dois a cinco anos e multa, realizar clonagem humana, conforme o artigo 26 da Lei Federal 11.105/2005, que dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança. (C)Toda instituição que utilizar técnicas e métodos de engenharia genética ou realizar pesquisas com organismos geneticamente modificados e seus derivados deverá criar uma Comissão Interna de Biossegurança–CIBio, além de indicar um técnico principal responsável para cada projeto específico. (D)É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos viáveis produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, desde que estejam congelados há menos de três anos e haja consentimento dos genitores. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 49 95 Resposta. Item D. A letra A está com enunciado correto porque, nos termos do art. 14, da Lei de Biossegurança, compete à CTNBio: estabelecer normas para as pesquisas com OGM e derivados de OGM; estabelecer normas relativamente às atividades e aos projetos relacionados a OGM e seus derivados; bem como estabelecer, no âmbito de suas competências, critérios de avaliação e monitoramento de risco de OGM e seus derivados. A letra B está com enunciado correto, pois a clonagem humana é tipificada como crime com pena de reclusão de 2 a 5 anos e multa. A letra C está com enunciado correto, considerando que , nos termos do art. 17, da Lei 11.105/2005, toda instituição que utilizar técnicas e métodos de engenharia genética ou realizar pesquisas com OGM e seus derivados deverá criar uma Comissão Interna de Biossegurança - CIBio, além de indicar um técnico principal responsável para cada projeto específico. A letra D está com enunciado incorreto, tendo em vista que um dos requisitos é temporal exigindo o congelamento com tempo igual ou superior a 3 anos para autorizar a utilização do embrião viável. (ANVISA/Especialista em Regulação/CETRO – 2013) A respeito da Lei de Biossegurança (nº 11.105/2005), assinale a alternativa correta: (A)Compete à CIBio (Comissão Interna de Biossegurança), no âmbito da instituição onde constituída, estabelecer normas relativamente às atividades e aos projetos relacionados a OGM (Organismos Geneticamente Modificados) e seus derivados. (B)A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), composta de membros titulares e suplentes, designados pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, será constituída por 27 (vinte e sete) cidadãos brasileiros de reconhecida competência técnica, de notória atuação e saber científicos, com grau acadêmico de doutor e com destacada atividade profissional nas áreas de biossegurança, biotecnologia, biologia, saúde humana e animal ou meio ambiente. (C)O CNBS (Conselho Nacional de Biossegurança) é composto por 11 membros e presidido pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia. (D)Liberar ou descartar OGM (Organismos Geneticamente Modificados) no meio ambiente, em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) e pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização, acarreta pena de detenção. (E)Os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM (Organismos Geneticamente Modificados) ou derivados não necessitam conter informação nesse sentido em seus rótulos, conforme regulamento. Resposta. Item B. O item A está incorreto porque essa competência é da CTNBio. O item B está correto, pois nos termos do art. 11, da Lei de Biossegurança, a CTNBio, composta de membros titulares e suplentes, designados pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, será constituída por 27 (vinte e sete) cidadãos brasileiros de reconhecida competência técnica, de notória atuação e saber científicos, com grau acadêmico de doutor e com destacada atividade profissional nas áreas de biossegurança, biotecnologia, biologia, saúde humana e animal ou meio ambiente. O item C está incorreto, considerando que é presidido pelo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República. O item D está incorreto, tendo em vista que, nos termos do art. 27, da Lei 11.105/2005, a pena é de reclusão de (um) a 4 (quatro) anos, e multa. O item E está incorreto porque, nos termos do art. 40, da Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 50 95 Lei de Biossegurança, os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM ou derivados deverão conter informação nesse sentido em seus rótulos, conforme regulamento. 6-SISTEMA DE INFORMAÇÕES EM BIOSSEGURANÇA-SIB A Lei de Biossegurança, em seu art. 19, criou, no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia, o Sistema de Informações em Biossegurança – SIB, destinado à gestão das informações decorrentes das atividades de análise, autorização, registro, monitoramento e acompanhamento das atividades que envolvam OGM e seus derivados. Nessa linha todos os atos legais, regulamentares e administrativos que alterem, complementem ou produzam efeitos sobre a legislação de biossegurança de OGM e seus derivados deverão ser divulgadas no SIB concomitantemente com a entrada em vigor desses atos. Essa obrigação também fica a cargo dos órgãos e entidades de registro e fiscalização, que também alimentarão o SIB com as informações relativas às atividades por eles desenvolvidas, processadas no âmbito de sua competência. A CTNBio dará ampla publicidade a suas atividades por intermédio do SIB, entre as quais, sua agenda de trabalho, calendário de reuniões, processos em tramitação e seus respectivos relatores, relatórios anuais, atas das reuniões e demais informações sobre suas atividades, excluídas apenas as informações sigilosas, de interesse comercial, assim por ela consideradas. O SIB permitirá a interação eletrônica entre o CNBS, a CTNBio e os órgãos e entidades federais responsáveis pelo registro e fiscalização de OGM. 7 - RESPONSABILIDADE CIVIL, PENAL E ADMINISTRATIVA 7.1-Resposabilidade Civil e Administrativa A responsabilidade civil foi disciplinada no art. 20, da Lei 11.505/2005, fixando a regra de que os responsáveis pelos danos ao meio ambiente e a terceiros pelo manejo de OGM e derivadosresponderão, solidariamente, por sua indenização ou reparação integral, independentemente da existência de culpa. A norma estabelece a mesma regra já ventilada no art. 14, §1º, da Lei 6.938/98, de que é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. Essa regra caracteriza a responsabilidade civil objetiva, não tendo que se perquirir sobre os elementos subjetivos da conduta, lastreada pela teoria do risco integral, não se admitindo as causas de exclusão do nexo causal. Quanto à responsabilidade administrativa, é sempre subjetiva, havendo que se perquirir sobre os elementos subjetivos da conduta dolo e culpa. A infração administrativa é toda ação ou omissão que viole as normas previstas na Lei de Biossegurança e demais disposições legais pertinentes. Assim, aquele que provocar danos ao meio ambiente ou a saúde pública pelo manejo de OGMs e derivados comete, em tese, infração administrativa sujeita a penalidades específicas. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 51 95 Cumpre advertir que a Lei de Biossegurança não tipificou as infrações administrativas. Coube ao Decreto 5.591/2005 elencar os tipos administrativos, em seu art. 69, Vejamos: ▪ realizar atividade ou projeto que envolva OGM e seus derivados, relacionado ao ensino com manipulação de organismos vivos, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial como pessoa física em atuação autônoma; ▪ realizar atividades de pesquisa e uso comercial de OGM e seus derivados sem autorização da CTNBio ou em desacordo com as normas por ela expedidas; ▪ deixar de exigir a apresentação do CQB emitido pela CTNBio a pessoa jurídica que financie ou patrocine atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados; ▪ utilizar, para fins de pesquisa e terapia, células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro sem o consentimento dos genitores; ▪ realizar atividades de pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas sem aprovação do respectivo comitê de ética em pesquisa, conforme norma do Conselho Nacional de Saúde; ▪ comercializar células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro; ▪ utilizar, para fins de pesquisa e terapia, células tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro sem atender às disposições previstas no Capítulo VII; ▪ deixar de manter registro do acompanhamento individual de cada atividade ou projeto em desenvolvimento que envolva OGM e seus derivados; ▪ realizar engenharia genética em organismo vivo em desacordo com as normas deste Decreto; ▪ realizar o manejo in vitro de ADN/ARN natural ou recombinante em desacordo com as normas previstas neste Decreto; ▪ realizar engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano; ▪ realizar clonagem humana; ▪ destruir ou descartar no meio ambiente OGM e seus derivados em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização e neste Decreto; ▪ liberar no meio ambiente OGM e seus derivados, no âmbito de atividades de pesquisa, sem a decisão técnica favorável da CTNBio, ou em desacordo com as normas desta; ▪ liberar no meio ambiente OGM e seus derivados, no âmbito de atividade comercial, sem o licenciamento do órgão ou entidade ambiental responsável, quando a CTNBio considerar a atividade como potencialmente causadora de degradação ambiental; ▪ liberar no meio ambiente OGM e seus derivados, no âmbito de atividade comercial, sem a aprovação do CNBS, quando o processo tenha sido por ele avocado; ▪ utilizar, comercializar, registrar, patentear ou licenciar tecnologias genéticas de restrição do uso; ▪ deixar a instituição de enviar relatório de investigação de acidente ocorrido no curso de pesquisas e projetos na área de engenharia genética no prazo máximo de cinco dias a contar da data do evento; ▪ deixar a instituição de notificar imediatamente a CTNBio e as autoridades da saúde pública, da defesa agropecuária e do meio ambiente sobre acidente que possa provocar a disseminação de OGM e seus derivados; ▪ deixar a instituição de adotar meios necessários para plenamente informar à CTNBio, às autoridades da saúde pública, do meio ambiente, da defesa agropecuária, à coletividade e aos demais empregados da instituição ou empresa sobre os riscos a que possam estar submetidos, bem como os procedimentos a serem tomados no caso de acidentes com OGM e seus derivados; ▪ deixar de criar CIBio, conforme as normas da CTNBio, a instituição que utiliza técnicas e métodos de engenharia genética ou realiza pesquisa com OGM e seus derivados; Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 52 95 ▪ manter em funcionamento a CIBio em desacordo com as normas da CTNBio; ▪ deixar a instituição de manter informados, por meio da CIBio, os trabalhadores e demais membros da coletividade, quando suscetíveis de serem afetados pela atividade, sobre as questões relacionadas com a saúde e a segurança, bem como sobre os procedimentos em caso de acidentes; ▪ deixar a instituição de estabelecer programas preventivos e de inspeção, por meio da CIBio, para garantir o funcionamento das instalações sob sua responsabilidade, dentro dos padrões e normas de biossegurança, definidos pela CTNBio; ▪ deixar a instituição de notificar a CTNBio, os órgãos e entidades de registro e fiscalização, e as entidades de trabalhadores, por meio da CIBio, do resultado de avaliações de risco a que estão submetidas as pessoas expostas, bem como qualquer acidente ou incidente que possa provocar a disseminação de agente biológico; ▪ deixar a instituição de investigar a ocorrência de acidentes e as enfermidades possivelmente relacionados a OGM e seus derivados e notificar suas conclusões e providências à CTNBio; ▪ produzir, armazenar, transportar, comercializar, importar ou exportar OGM e seus derivados, sem autorização ou em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização. As infrações administrativas são punidas na forma estabelecida no Decreto 5.591/2005, independentemente das medidas cautelares de apreensão de produtos, suspensão de venda de produto e embargos de atividades, com as seguintes sanções: ▪ advertência; ▪ multa; ▪ apreensão de OGM e seus derivados; ▪ suspensão da venda de OGM e seus derivados; ▪ embargo da atividade; ▪ interdição parcial ou total do estabelecimento, atividade ou empreendimento; ▪ suspensão de registro, licença ou autorização; ▪ cancelamento de registro, licença ou autorização; ▪ perda ou restrição de incentivo e benefício fiscal concedidos pelo governo; ▪ perda ou suspensão da participação em linha de financiamento em estabelecimento oficial de crédito; ▪ intervenção no estabelecimento; ▪ proibição de contratar com a administração pública, por período de até 5 (cinco) anos. Para a imposição da pena e sua gradação, os órgãos e entidades de registro e fiscalização levarão em conta: ▪ a gravidade da infração; ▪ os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento das normas agrícolas, sanitárias, ambientais e de biossegurança; ▪ a vantagem econômica auferida pelo infrator; ▪ a situação econômica do infrator. Quanto a gravidade da infração, elas devem ser classificadas, para fins de gradação da multa em leves, graves e gravíssimas, segundo os seguintes critérios: a classificação de risco do OGM; os meios utilizados para Equipe MateriaisCarreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 53 95 consecução da infração; as consequências, efetivas ou potenciais, para a dignidade humana, a saúde humana, animal e das plantas e para o meio ambiente; a culpabilidade do infrator. A pena de advertência será aplicada somente nas infrações de natureza leve. Ao seu turno, a multa poderá ser aplicada cumulativamente com as demais sanções obedecendo a seguinte gradação: variando de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), proporcionalmente à gravidade da infração, conforme esquema abaixo: Multa e natureza da Infração natureza leve natureza grave natureza gravíssima de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) de R$ 60.001,00 (sessenta mil e um reais) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) de R$ 500.001,00 (quinhentos mil e um reais) a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) A multa será aplicada em dobro nos casos de reincidência. As multas serão aplicadas pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização, de acordo com suas respectivas competências. Os recursos arrecadados com a aplicação de multas serão destinados aos órgãos e entidades de registro e fiscalização que aplicarem a multa. Os órgãos e entidades fiscalizadores da administração pública federal poderão celebrar convênios com os Estados, Distrito Federal e Municípios, para a execução de serviços relacionados à atividade de fiscalização, facultado o repasse de parcela da receita obtida com a aplicação de multas. As demais sanções são aplicadas de acordo com a seguinte gradação da infração: natureza grave ou gravíssima ❖ apreensão de OGM e seus derivados; ❖ suspensão da venda de OGM e seus derivados ❖ embargo da atividade; ❖ interdição parcial ou total do estabelecimento, atividade ou empreendimento; ❖ suspensão de registro, licença ou autorização; ❖ perda ou restrição de incentivo e benefício fiscal concedidos pelo governo; ❖ perda ou suspensão da participação em linha de financiamento em estabelecimento oficial de crédito; natureza gravíssima ❖ cancelamento de registro, licença ou autorização; ❖ perda ou restrição de incentivo e benefício fiscal concedidos pelo governo; ❖ proibição de contratar com a administração pública, por período de até cinco anos. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 54 95 Por fim, os órgãos e entidades de registro e fiscalização poderão, independentemente da aplicação das sanções administrativas, impor medidas cautelares de apreensão de produtos, suspensão de venda de produto e embargos de atividades sempre que se verificar risco iminente de dano à dignidade humana, à saúde humana, animal e das plantas e ao meio ambiente. 7.2 - Responsabilidade Penal Algumas das infrações administrativas foram tipificadas pelo legislador como infração penal, criando um duplo grau de proteção do bem jurídico. O primeiro crime é o de utilizar embrião humano em desacordo com o estabelecido na Lei de Biossegurança. Vejamos: Art. 24. Utilizar embrião humano em desacordo com o que dispõe o art. 5º desta Lei: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. O crime só se configura se a utilização for em desacordo com a previsão do art.5º, da norma. Assim, não haverá o crime se o embrião for utilizado para fins de pesquisa e terapia, produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições de ser inviável, ter autorização dos genitores e estar congelado, no mínimo, 3 anos. Outro delito é o de praticar engenharia genética em célula germinativa humana. Vejamos o normativo: Art. 25. Praticar engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano ou embrião humano: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Será configurado o crime do art. 25, da Lei de Biossegurança, toda atividade de produção e manipulação de moléculas de ADN/ARN recombinante realizados em célula-mãe (célula germinativa humana) responsável pela formação de gametas presentes nas glândulas sexuais femininas e masculinas e seus descendentes diretas em qualquer grau de ploidia. Também caracteriza o crime a engenharia genética em zigoto, ou também denominada de célula-ovo, sendo formada após a união do espermatozoide (gameta masculino) com o ovócito (gameta feminino). Ao seu turno, caracteriza também o crime a engenharia genética em embrião entendido como o produto da concepção do momento da fecundação até 8 semanas de vida embrionária. Outro crime previsto na norma consiste na realização de clonagem humana. Vejamos a norma do art. 26, da Lei de Biossegurança: Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 55 95 Art. 26. Realizar clonagem humana: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. No termos do art. 6º, da Lei de Biossegurança veda a clonagem humana. Melhor dizendo, qualquer processo de reprodução assexuada, produzida artificialmente, baseada em um único patrimônio genético humano, com ou sem utilização de técnicas de engenharia genética é crime. Mas frise-se, só será crime se for a clonagem para fins reprodutivo que tem a finalidade de obtenção de um indivíduo. Se for para fins terapêutico com a finalidade de produção de células-tronco embrionárias para utilização terapêutica não há crime. Assim, a clonagem não reprodutiva tem fins terapêuticos e foi prevista no art. 5º, da Lei de Biossegurança, que autorizou a utilização das células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas condições específicas previstas no normativo, como a inviabilidade do embrião, ou o prazo temporal de congelamento de 3 anos, sendo obrigatório, em ambos os casos o consentimento dos genitores. O art. 27 previu o crime de liberar ou descartar OGM no meio ambiente em desacordo com as normas regulamentares, vejamos: Art. 27. Liberar ou descartar OGM no meio ambiente, em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 2º Agrava-se a pena: I – de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se resultar dano à propriedade alheia; II – de 1/3 (um terço) até a metade, se resultar dano ao meio ambiente; III – da metade até 2/3 (dois terços), se resultar lesão corporal de natureza grave em outrem; IV – de 2/3 (dois terços) até o dobro, se resultar a morte de outrem. Nesse sentido, qualquer liberação ou descarte de OGM no meio ambiente em desacordo com as normas estabelecidas na Lei de Biossegurança e nas normas regulamentares, será caracterizado não apenas como uma infração administrativa, como também um crime ambiental. A norma previu as causas de aumento de pena que devem ser aplicadas na terceira fase de dosimetria da pena. Vejamos o quadro abaixo para fins de fixação: Causa de aumento Plus na pena 1/6 até 1/3 se resultar dano à propriedade alheia. 1/3 até 1/2 se resultar dano ao meio ambiente. 1/2 até 2/3 se resultar lesão corporal de natureza grave em outrem. 2/3 até dobro se resultar a morte de outrem. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 56 95 Por fim, em face do princípio da taxatividadeque regem as normas penais, não caracteriza o crime se a liberação ou o descarte for de um derivado de OGM por falta de previsão legal. O art. 28 previu o crime de utilizar, comercializar, registrar, patentear e licenciar tecnologias genéticas de restrição do uso. Vejamos o normativo: Art. 28. Utilizar, comercializar, registrar, patentear e licenciar tecnologias genéticas de restrição do uso: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. O desenvolvimento de tecnologias de restrição de uso é considerado crime, bem como qualquer tentativa de comercializar ou licenciar qualquer tipo dessa tecnologia. Assim, qualquer processo de intervenção humana para geração ou multiplicação de plantas geneticamente modificadas para produzir estruturas reprodutivas estéreis, bem como qualquer forma de manipulação genética que vise à ativação ou desativação de genes relacionados à fertilidade das plantas por indutores químicos externos é considerado crime ambiental. Por fim, temos o crime do art. 29 que visa punir aquele que manipula comercialmente o OGM e seus derivados sem autorização ou em desacordo com as normas de biossegurança. Vejamos: Art. 29. Produzir, armazenar, transportar, comercializar, importar ou exportar OGM ou seus derivados, sem autorização ou em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização: Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Assim, a conduta de transportar, armazenar ou mesmo produzir OGM ou seus derivados, caracteriza o crime do art. 29, desde que atendido o elemento normativo do tipo, qual seja, sem autorização ou em desacordo com as normas estabelecidas. Esse crime de múltipla conduta admite a transação penal se preenchido os demais requisitos previstos na Lei 9.099/95, tendo em vista que a pena máxima em abstrato é de 2 anos. Adite-se também a suspensão condicional do processo tendo em vista que a pena mínima é de 1 ano, desde que preenchido os demais requisitos previsto no art. 89, da Lei 9.099/95. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 57 95 (TRF - 4ª REGIÃO/Juiz Federal/TRF - 4ª REGIÃO – 2012) Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta. Constitui crime a comercialização de células-tronco embrionárias. Resposta. Item certo. É vedada a comercialização de qualquer célula-tronco embrionária ou embrião humano caracterizando o crime do art. 24, da Lei de biossegurança. (MPE-MG/Promotor de Justiça/MPE-MG – 2013) Analise a assertiva abaixo: Constitui crime, punível com reclusão de dois a cinco anos e multa, realizar clonagem humana, conforme o artigo 26 da Lei Federal 11.105/2005, que dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança. Resposta. Item errado. Previsão expressa do art. 26, da Lei de Biossegurança. LEGISLAÇÃO DESTACADA Senhores! Para sistematizar a legislação ventilada na presente aula, trago os principais dispositivos abordados, bem como jurisprudência adicional. O objetivo é que possam revisá-los e fixá-los com o tempo, considerando que a maioria das provas de concurso exigem a literalidade das leis e o conhecimento da jurisprudência. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL LEI 11.105/2005 – LEI DE BIOSSEGURANÇA Art. 1º Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente. § 1º Para os fins desta Lei, considera-se atividade de pesquisa a realizada em laboratório, regime de contenção ou campo, como parte do processo de obtenção de OGM e seus derivados ou de avaliação da biossegurança de OGM e seus derivados, o que engloba, no âmbito experimental, a construção, o cultivo, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a liberação no meio ambiente e o descarte de OGM e seus derivados. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 58 95 § 2º Para os fins desta Lei, considera-se atividade de uso comercial de OGM e seus derivados a que não se enquadra como atividade de pesquisa, e que trata do cultivo, da produção, da manipulação, do transporte, da transferência, da comercialização, da importação, da exportação, do armazenamento, do consumo, da liberação e do descarte de OGM e seus derivados para fins comerciais. Art. 2º As atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados, relacionados ao ensino com manipulação de organismos vivos, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial ficam restritos ao âmbito de entidades de direito público ou privado, que serão responsáveis pela obediência aos preceitos desta Lei e de sua regulamentação, bem como pelas eventuais conseqüências ou efeitos advindos de seu descumprimento. § 1º Para os fins desta Lei, consideram-se atividades e projetos no âmbito de entidade os conduzidos em instalações próprias ou sob a responsabilidade administrativa, técnica ou científica da entidade. § 2º As atividades e projetos de que trata este artigo são vedados a pessoas físicas em atuação autônoma e independente, ainda que mantenham vínculo empregatício ou qualquer outro com pessoas jurídicas. § 3º Os interessados em realizar atividade prevista nesta Lei deverão requerer autorização à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, que se manifestará no prazo fixado em regulamento. § 4º As organizações públicas e privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais, financiadoras ou patrocinadoras de atividades ou de projetos referidos no caput deste artigo devem exigir a apresentação de Certificado de Qualidade em Biossegurança, emitido pela CTNBio, sob pena de se tornarem co-responsáveis pelos eventuais efeitos decorrentes do descumprimento desta Lei ou de sua regulamentação. Art. 3º Para os efeitos desta Lei, considera-se: I – organismo: toda entidade biológica capaz de reproduzir ou transferir material genético, inclusive vírus e outras classes que venham a ser conhecidas; II – ácido desoxirribonucléico - ADN, ácido ribonucléico - ARN: material genético que contém informações determinantes dos caracteres hereditários transmissíveis à descendência; III – moléculas de ADN/ARN recombinante: as moléculas manipuladas fora das células vivas mediante a modificação de segmentos de ADN/ARN natural ou sintético e que possam multiplicar-se em uma célula viva, ou ainda as moléculas de ADN/ARN resultantes dessa multiplicação; consideram-se também os segmentos de ADN/ARN sintéticos equivalentes aos de ADN/ARN natural; IV – engenharia genética: atividade de produção e manipulação de moléculas de ADN/ARN recombinante; V – organismo geneticamente modificado - OGM: organismo cujo material genético – ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética; VI – derivado de OGM: produto obtido de OGM e que não possua capacidade autônoma de replicação ou que não contenha forma viável de OGM; VII – célula germinal humana: célula-mãe responsável pela formação de gametas presentes nas glândulas sexuais femininas e masculinas e suas descendentes diretas em qualquer grau de ploidia; VIII – clonagem: processo de reprodução assexuada, produzida artificialmente, baseada em um único patrimôniogenético, com ou sem utilização de técnicas de engenharia genética; Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 59 95 IX – clonagem para fins reprodutivos: clonagem com a finalidade de obtenção de um indivíduo; X – clonagem terapêutica: clonagem com a finalidade de produção de células-tronco embrionárias para utilização terapêutica; XI – células-tronco embrionárias: células de embrião que apresentam a capacidade de se transformar em células de qualquer tecido de um organismo. § 1º Não se inclui na categoria de OGM o resultante de técnicas que impliquem a introdução direta, num organismo, de material hereditário, desde que não envolvam a utilização de moléculas de ADN/ARN recombinante ou OGM, inclusive fecundação in vitro, conjugação, transdução, transformação, indução poliplóide e qualquer outro processo natural. § 2º Não se inclui na categoria de derivado de OGM a substância pura, quimicamente definida, obtida por meio de processos biológicos e que não contenha OGM, proteína heteróloga ou ADN recombinante. Art. 4º Esta Lei não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio das seguintes técnicas, desde que não impliquem a utilização de OGM como receptor ou doador: I – mutagênese; II – formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal; III – fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser produzida mediante métodos tradicionais de cultivo; IV – autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira natural. Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: I – sejam embriões inviáveis; ou II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. § 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores. § 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa. § 3º É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. Art. 6º Fica proibido: I – implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de registro de seu acompanhamento individual; Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 60 95 II – engenharia genética em organismo vivo ou o manejo in vitro de ADN/ARN natural ou recombinante, realizado em desacordo com as normas previstas nesta Lei; III – engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano; IV – clonagem humana; V – destruição ou descarte no meio ambiente de OGM e seus derivados em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, e as constantes desta Lei e de sua regulamentação; VI – liberação no meio ambiente de OGM ou seus derivados, no âmbito de atividades de pesquisa, sem a decisão técnica favorável da CTNBio e, nos casos de liberação comercial, sem o parecer técnico favorável da CTNBio, ou sem o licenciamento do órgão ou entidade ambiental responsável, quando a CTNBio considerar a atividade como potencialmente causadora de degradação ambiental, ou sem a aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, quando o processo tenha sido por ele avocado, na forma desta Lei e de sua regulamentação; VII – a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, entende-se por tecnologias genéticas de restrição do uso qualquer processo de intervenção humana para geração ou multiplicação de plantas geneticamente modificadas para produzir estruturas reprodutivas estéreis, bem como qualquer forma de manipulação genética que vise à ativação ou desativação de genes relacionados à fertilidade das plantas por indutores químicos externos. Art. 7º São obrigatórias: I – a investigação de acidentes ocorridos no curso de pesquisas e projetos na área de engenharia genética e o envio de relatório respectivo à autoridade competente no prazo máximo de 5 (cinco) dias a contar da data do evento; II – a notificação imediata à CTNBio e às autoridades da saúde pública, da defesa agropecuária e do meio ambiente sobre acidente que possa provocar a disseminação de OGM e seus derivados; III – a adoção de meios necessários para plenamente informar à CTNBio, às autoridades da saúde pública, do meio ambiente, da defesa agropecuária, à coletividade e aos demais empregados da instituição ou empresa sobre os riscos a que possam estar submetidos, bem como os procedimentos a serem tomados no caso de acidentes com OGM. Art. 8º Fica criado o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, vinculado à Presidência da República, órgão de assessoramento superior do Presidente da República para a formulação e implementação da Política Nacional de Biossegurança – PNB. § 1º Compete ao CNBS: I – fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais com competências sobre a matéria; II – analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos aspectos da conveniência e oportunidade socioeconômicas e do interesse nacional, os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e seus derivados; Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 61 95 III – avocar e decidir, em última e definitiva instância, com base em manifestação da CTNBio e, quando julgar necessário, dos órgãos e entidades referidos no art. 16 desta Lei, no âmbito de suas competências, sobre os processos relativos a atividades que envolvam o uso comercial de OGM e seus derivados; Art. 10. A CTNBio, integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia, é instância colegiada multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo, para prestar apoio técnico e de assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da PNB de OGM e seus derivados, bem como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e de pareceres técnicos referentes à autorização para atividades que envolvam pesquisa e uso comercial de OGM e seus derivados, com base na avaliação de seu risco zoofitossanitário, à saúde humana e ao meio ambiente. Parágrafo único. A CTNBio deverá acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente. Art. 14. Compete à CTNBio: I – estabelecer normas para as pesquisas com OGM e derivados de OGM; II – estabelecer normas relativamente às atividades e aos projetos relacionados a OGM e seus derivados; III – estabelecer, no âmbito de suas competências, critérios de avaliação e monitoramento de risco de OGM e seus derivados; IV – proceder à análise da avaliação de risco, caso a caso, relativamente a atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados; V – estabelecer os mecanismos de funcionamento das Comissões Internas de Biossegurança– CIBio, no âmbito de cada instituição que se dedique ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial que envolvam OGM ou seus derivados; VI – estabelecer requisitos relativos à biossegurança para autorização de funcionamento de laboratório, instituição ou empresa que desenvolverá atividades relacionadas a OGM e seus derivados; VII – relacionar-se com instituições voltadas para a biossegurança de OGM e seus derivados, em âmbito nacional e internacional; VIII – autorizar, cadastrar e acompanhar as atividades de pesquisa com OGM ou derivado de OGM, nos termos da legislação em vigor; IX – autorizar a importação de OGM e seus derivados para atividade de pesquisa; X – prestar apoio técnico consultivo e de assessoramento ao CNBS na formulação da PNB de OGM e seus derivados; XI – emitir Certificado de Qualidade em Biossegurança – CQB para o desenvolvimento de atividades com OGM e seus derivados em laboratório, instituição ou empresa e enviar cópia do processo aos órgãos de registro e fiscalização referidos no art. 16 desta Lei; XII – emitir decisão técnica, caso a caso, sobre a biossegurança de OGM e seus derivados no âmbito das atividades de pesquisa e de uso comercial de OGM e seus derivados, inclusive a classificação quanto ao grau de risco e nível de biossegurança exigido, bem como medidas de segurança exigidas e restrições ao uso; Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 62 95 XIII – definir o nível de biossegurança a ser aplicado ao OGM e seus usos, e os respectivos procedimentos e medidas de segurança quanto ao seu uso, conforme as normas estabelecidas na regulamentação desta Lei, bem como quanto aos seus derivados; XIV – classificar os OGM segundo a classe de risco, observados os critérios estabelecidos no regulamento desta Lei; XV – acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico-científico na biossegurança de OGM e seus derivados; XVI – emitir resoluções, de natureza normativa, sobre as matérias de sua competência; XVII – apoiar tecnicamente os órgãos competentes no processo de prevenção e investigação de acidentes e de enfermidades, verificados no curso dos projetos e das atividades com técnicas de ADN/ARN recombinante; XVIII – apoiar tecnicamente os órgãos e entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, no exercício de suas atividades relacionadas a OGM e seus derivados; XIX – divulgar no Diário Oficial da União, previamente à análise, os extratos dos pleitos e, posteriormente, dos pareceres dos processos que lhe forem submetidos, bem como dar ampla publicidade no Sistema de Informações em Biossegurança – SIB a sua agenda, processos em trâmite, relatórios anuais, atas das reuniões e demais informações sobre suas atividades, excluídas as informações sigilosas, de interesse comercial, apontadas pelo proponente e assim consideradas pela CTNBio; XX – identificar atividades e produtos decorrentes do uso de OGM e seus derivados potencialmente causadores de degradação do meio ambiente ou que possam causar riscos à saúde humana; XXI – reavaliar suas decisões técnicas por solicitação de seus membros ou por recurso dos órgãos e entidades de registro e fiscalização, fundamentado em fatos ou conhecimentos científicos novos, que sejam relevantes quanto à biossegurança do OGM ou derivado, na forma desta Lei e seu regulamento; XXII – propor a realização de pesquisas e estudos científicos no campo da biossegurança de OGM e seus derivados; XXIII – apresentar proposta de regimento interno ao Ministro da Ciência e Tecnologia. § 1º Quanto aos aspectos de biossegurança do OGM e seus derivados, a decisão técnica da CTNBio vincula os demais órgãos e entidades da administração. § 2º Nos casos de uso comercial, dentre outros aspectos técnicos de sua análise, os órgãos de registro e fiscalização, no exercício de suas atribuições em caso de solicitação pela CTNBio, observarão, quanto aos aspectos de biossegurança do OGM e seus derivados, a decisão técnica da CTNBio. § 3º Em caso de decisão técnica favorável sobre a biossegurança no âmbito da atividade de pesquisa, a CTNBio remeterá o processo respectivo aos órgãos e entidades referidos no art. 16 desta Lei, para o exercício de suas atribuições. § 4º A decisão técnica da CTNBio deverá conter resumo de sua fundamentação técnica, explicitar as medidas de segurança e restrições ao uso do OGM e seus derivados e considerar as particularidades das diferentes regiões do País, com o objetivo de orientar e subsidiar os órgãos e entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, no exercício de suas atribuições. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 63 95 § 5º Não se submeterá a análise e emissão de parecer técnico da CTNBio o derivado cujo OGM já tenha sido por ela aprovado. § 6º As pessoas físicas ou jurídicas envolvidas em qualquer das fases do processo de produção agrícola, comercialização ou transporte de produto geneticamente modificado que tenham obtido a liberação para uso comercial estão dispensadas de apresentação do CQB e constituição de CIBio, salvo decisão em contrário da CTNBio. Art. 16. Caberá aos órgãos e entidades de registro e fiscalização do Ministério da Saúde, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente, e da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República entre outras atribuições, no campo de suas competências, observadas a decisão técnica da CTNBio, as deliberações do CNBS e os mecanismos estabelecidos nesta Lei e na sua regulamentação: I – fiscalizar as atividades de pesquisa de OGM e seus derivados; II – registrar e fiscalizar a liberação comercial de OGM e seus derivados; III – emitir autorização para a importação de OGM e seus derivados para uso comercial; IV – manter atualizado no SIB o cadastro das instituições e responsáveis técnicos que realizam atividades e projetos relacionados a OGM e seus derivados; V – tornar públicos, inclusive no SIB, os registros e autorizações concedidas; VI – aplicar as penalidades de que trata esta Lei; VII – subsidiar a CTNBio na definição de quesitos de avaliação de biossegurança de OGM e seus derivados. Art. 20. Sem prejuízo da aplicação das penas previstas nesta Lei, os responsáveis pelos danos ao meio ambiente e a terceiros responderão, solidariamente, por sua indenização ou reparação integral, independentemente da existência de culpa. Art. 21. Considera-se infração administrativa toda ação ou omissão que viole as normas previstas nesta Lei e demais disposições legais pertinentes. Parágrafo único. As infrações administrativas serão punidas na forma estabelecida no regulamento desta Lei, independentemente das medidas cautelares de apreensão de produtos, suspensão de venda de produto e embargos de atividades, com as seguintes sanções: I – advertência; II – multa; III – apreensão de OGM e seus derivados; IV – suspensão da venda de OGM e seus derivados; V – embargo da atividade; VI – interdição parcial ou total do estabelecimento, atividade ou empreendimento; Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 64 95 VII – suspensão de registro, licença ou autorização; VIII – cancelamento de registro, licença ou autorização; IX – perda ou restrição de incentivo e benefício fiscal concedidos pelo governo; X – perda ou suspensão da participação em linha de financiamento em estabelecimentooficial de crédito; XI – intervenção no estabelecimento; XII – proibição de contratar com a administração pública, por período de até 5 (cinco) anos. Art. 24. Utilizar embrião humano em desacordo com o que dispõe o art. 5º desta Lei: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Art. 25. Praticar engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano ou embrião humano: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 26. Realizar clonagem humana: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 27. Liberar ou descartar OGM no meio ambiente, em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 2º Agrava-se a pena: I – de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se resultar dano à propriedade alheia; II – de 1/3 (um terço) até a metade, se resultar dano ao meio ambiente; III – da metade até 2/3 (dois terços), se resultar lesão corporal de natureza grave em outrem; IV – de 2/3 (dois terços) até o dobro, se resultar a morte de outrem. Art. 28. Utilizar, comercializar, registrar, patentear e licenciar tecnologias genéticas de restrição do uso: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 29. Produzir, armazenar, transportar, comercializar, importar ou exportar OGM ou seus derivados, sem autorização ou em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização: Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 65 95 Art. 39. Não se aplica aos OGM e seus derivados o disposto na Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, e suas alterações, exceto para os casos em que eles sejam desenvolvidos para servir de matéria-prima para a produção de agrotóxicos. Art. 40. Os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM ou derivados deverão conter informação nesse sentido em seus rótulos, conforme regulamento. JURISPRUDÊNCIA DESTACADA JURISPRUDÊNCIA DO STF CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DE BIOSSEGURANÇA. IMPUGNAÇÃO EM BLOCO DO ART. 5º DA LEI Nº 11.105, DE 24 DE MARÇO DE 2005 (LEI DE BIOSSEGURANÇA). PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DIREITO À VIDA. CONSITUCIONALIDADE DO USO DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS EM PESQUISAS CIENTÍFICAS PARA FINS TERAPÊUTICOS. DESCARACTERIZAÇÃO DO ABORTO. NORMAS CONSTITUCIONAIS CONFORMADORAS DO DIREITO FUNDAMENTAL A UMA VIDA DIGNA, QUE PASSA PELO DIREITO À SAÚDE E AO PLANEJAMENTO FAMILIAR. DESCABIMENTO DE UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE INTERPRETAÇÃO CONFORME PARA ADITAR À LEI DE BIOSSEGURANÇA CONTROLES DESNECESSÁRIOS QUE IMPLICAM RESTRIÇÕES ÀS PESQUISAS E TERAPIAS POR ELA VISADAS. IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA AÇÃO. I - O CONHECIMENTO CIENTÍFICO, A CONCEITUAÇÃO JURÍDICA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS E SEUS REFLEXOS NO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE BIOSSEGURANÇA. As "células-tronco embrionárias" são células contidas num agrupamento de outras, encontradiças em cada embrião humano de até 14 dias (outros cientistas reduzem esse tempo para a fase de blastocisto, ocorrente em torno de 5 dias depois da fecundação de um óvulo feminino por um espermatozóide masculino). Embriões a que se chega por efeito de manipulação humana em ambiente extracorpóreo, porquanto produzidos laboratorialmente ou "in vitro", e não espontaneamente ou "in vida". Não cabe ao Supremo Tribunal Federal decidir sobre qual das duas formas de pesquisa básica é a mais promissora: a pesquisa com células-tronco adultas e aquela incidente sobre células-tronco embrionárias. A certeza científico-tecnológica está em que um tipo de pesquisa não invalida o outro, pois ambos são mutuamente complementares. II - LEGITIMIDADE DAS PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS PARA FINS TERAPÊUTICOS E O CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. A pesquisa científica com células-tronco embrionárias, autorizada pela Lei n° 11.105/2005, objetiva o enfrentamento e cura de patologias e traumatismos que severamente limitam, atormentam, infelicitam, desesperam e não raras vezes degradam a vida de expressivo contingente populacional (ilustrativamente, atrofias espinhais progressivas, distrofias musculares, a esclerose múltipla e a lateral amiotrófica, as neuropatias e as doenças do neurônio motor). A escolha feita pela Lei de Biossegurança não significou um desprezo ou desapreço pelo embrião "in vitro", porém u'a mais firme disposição para encurtar caminhos que possam levar à superação do infortúnio alheio. Isto no âmbito de um ordenamento constitucional que desde o seu preâmbulo qualifica "a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça" como valores supremos de uma sociedade mais que tudo "fraterna". O que já significa incorporar o advento do constitucionalismo fraternal às relações humanas, a traduzir verdadeira comunhão de vida ou vida social em clima de transbordante solidariedade em benefício da saúde e contra eventuais tramas do acaso e até dos golpes da própria natureza. Contexto de solidária, compassiva ou fraternal legalidade que, longe de traduzir desprezo ou desrespeito aos congelados embriões "in vitro", significa apreço e reverência a criaturas humanas que Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 66 95 sofrem e se desesperam. Inexistência de ofensas ao direito à vida e da dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células-tronco embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os fins a que se destinam) significa a celebração solidária da vida e alento aos que se acham à margem do exercício concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver com dignidade (Ministro Celso de Mello). III - A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DIREITO À VIDA E OS DIREITOS INFRACONSTITUCIONAIS DO EMBRIÃO PRÉ-IMPLANTO. O Magno Texto Federal não dispõe sobre o início da vida humana ou o preciso instante em que ela começa. Não faz de todo e qualquer estádio da vida humana um autonomizado bem jurídico, mas da vida que já é própria de uma concreta pessoa, porque nativiva (teoria "natalista", em contraposição às teorias "concepcionista" ou da "personalidade condicional"). E quando se reporta a "direitos da pessoa humana" e até dos "direitos e garantias individuais" como cláusula pétrea está falando de direitos e garantias do indivíduo-pessoa, que se faz destinatário dos direitos fundamentais "à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade", entre outros direitos e garantias igualmente distinguidos com o timbre da fundamentalidade (como direito à saúde e ao planejamento familiar). Mutismo constitucional hermeneuticamente significante de transpasse de poder normativo para a legislação ordinária. A potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-la, infraconstitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas de obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa humana. O embrião referido na Lei de Biossegurança ("in vitro" apenas) não é uma vida a caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. O Direito infraconstitucional protege por modo variado cada etapa do desenvolvimentobiológico do ser humano. Os momentos da vida humana anteriores ao nascimento devem ser objeto de proteção pelo direito comum. O embrião pré-implanto é um bem a ser protegido, mas não uma pessoa no sentido biográfico a que se refere a Constituição. IV - AS PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO NÃO CARACTERIZAM ABORTO. MATÉRIA ESTRANHA À PRESENTE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. É constitucional a proposição de que toda gestação humana principia com um embrião igualmente humano, claro, mas nem todo embrião humano desencadeia uma gestação igualmente humana, em se tratando de experimento "in vitro". Situação em que deixam de coincidir concepção e nascituro, pelo menos enquanto o ovócito (óvulo já fecundado) não for introduzido no colo do útero feminino. O modo de irromper em laboratório e permanecer confinado "in vitro" é, para o embrião, insuscetível de progressão reprodutiva. Isto sem prejuízo do reconhecimento de que o zigoto assim extra-corporalmente produzido e também extra-corporalmente cultivado e armazenado é entidade embrionária do ser humano. Não, porém, ser humano em estado de embrião. A Lei de Biossegurança não veicula autorização para extirpar do corpo feminino esse ou aquele embrião. Eliminar ou desentranhar esse ou aquele zigoto a caminho do endométrio, ou nele já fixado. Não se cuida de interromper gravidez humana, pois dela aqui não se pode cogitar. A "controvérsia constitucional em exame não guarda qualquer vinculação com o problema do aborto." (Ministro Celso de Mello). V - OS DIREITOS FUNDAMENTAIS À AUTONOMIA DA VONTADE, AO PLANEJAMENTO FAMILIAR E À MATERNIDADE. A decisão por uma descendência ou filiação exprime um tipo de autonomia de vontade individual que a própria Constituição rotula como "direito ao planejamento familiar", fundamentado este nos princípios igualmente constitucionais da "dignidade da pessoa humana" e da "paternidade responsável". A conjugação constitucional da laicidade do Estado e do primado da autonomia da vontade privada, nas palavras do Ministro Joaquim Barbosa. A opção do casal por um processo "in vitro" de fecundação artificial de óvulos é implícito direito de idêntica matriz constitucional, sem acarretar para esse casal o dever jurídico do aproveitamento reprodutivo de todos os embriões eventualmente formados e que se revelem geneticamente viáveis. O princípio fundamental da dignidade da pessoa humana opera por modo binário, o Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 67 95 que propicia a base constitucional para um casal de adultos recorrer a técnicas de reprodução assistida que incluam a fertilização artificial ou "in vitro". De uma parte, para aquinhoar o casal com o direito público subjetivo à "liberdade" (preâmbulo da Constituição e seu art. 5º), aqui entendida como autonomia de vontade. De outra banda, para contemplar os porvindouros componentes da unidade familiar, se por eles optar o casal, com planejadas condições de bem-estar e assistência físico-afetiva (art. 226 da CF). Mais exatamente, planejamento familiar que, "fruto da livre decisão do casal", é "fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável" (§ 7º desse emblemático artigo constitucional de nº 226). O recurso a processos de fertilização artificial não implica o dever da tentativa de nidação no corpo da mulher de todos os óvulos afinal fecundados. Não existe tal dever (inciso II do art. 5º da CF), porque incompatível com o próprio instituto do "planejamento familiar" na citada perspectiva da "paternidade responsável". Imposição, além do mais, que implicaria tratar o gênero feminino por modo desumano ou degradante, em contrapasso ao direito fundamental que se lê no inciso II do art. 5º da Constituição. Para que ao embrião "in vitro" fosse reconhecido o pleno direito à vida, necessário seria reconhecer a ele o direito a um útero. Proposição não autorizada pela Constituição. VI - DIREITO À SAÚDE COMO COROLÁRIO DO DIREITO FUNDAMENTAL À VIDA DIGNA. O § 4º do art. 199 da Constituição, versante sobre pesquisas com substâncias humanas para fins terapêuticos, faz parte da seção normativa dedicada à "SAÚDE" (Seção II do Capítulo II do Título VIII). Direito à saúde, positivado como um dos primeiros dos direitos sociais de natureza fundamental (art. 6º da CF) e também como o primeiro dos direitos constitutivos da seguridade social (cabeça do artigo constitucional de nº 194). Saúde que é "direito de todos e dever do Estado" (caput do art. 196 da Constituição), garantida mediante ações e serviços de pronto qualificados como "de relevância pública" (parte inicial do art. 197). A Lei de Biossegurança como instrumento de encontro do direito à saúde com a própria Ciência. No caso, ciências médicas, biológicas e correlatas, diretamente postas pela Constituição a serviço desse bem inestimável do indivíduo que é a sua própria higidez físico-mental. VII - O DIREITO CONSTITUCIONAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO CIENTÍFICA E A LEI DE BIOSSEGURANÇA COMO DENSIFICAÇÃO DESSA LIBERDADE. O termo "ciência", enquanto atividade individual, faz parte do catálogo dos direitos fundamentais da pessoa humana (inciso IX do art. 5º da CF). Liberdade de expressão que se afigura como clássico direito constitucional-civil ou genuíno direito de personalidade. Por isso que exigente do máximo de proteção jurídica, até como signo de vida coletiva civilizada. Tão qualificadora do indivíduo e da sociedade é essa vocação para os misteres da Ciência que o Magno Texto Federal abre todo um autonomizado capítulo para prestigiá-la por modo superlativo (capítulo de nº IV do título VIII). A regra de que "O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas" (art. 218, caput) é de logo complementada com o preceito (§ 1º do mesmo art. 218) que autoriza a edição de normas como a constante do art. 5º da Lei de Biossegurança. A compatibilização da liberdade de expressão científica com os deveres estatais de propulsão das ciências que sirvam à melhoria das condições de vida para todos os indivíduos. Assegurada, sempre, a dignidade da pessoa humana, a Constituição Federal dota o bloco normativo posto no art. 5º da Lei 11.105/2005 do necessário fundamento para dele afastar qualquer invalidade jurídica (Ministra Cármen Lúcia). VIII - SUFICIÊNCIA DAS CAUTELAS E RESTRIÇÕES IMPOSTAS PELA LEI DE BIOSSEGURANÇA NA CONDUÇÃO DAS PESQUISAS COM CÉLULAS- TRONCO EMBRIONÁRIAS. A Lei de Biossegurança caracteriza-se como regração legal a salvo da mácula do açodamento, da insuficiência protetiva ou do vício da arbitrariedade em matéria tão religiosa, filosófica e eticamente sensível como a da biotecnologia na área da medicina e da genética humana. Trata-se de um conjunto normativo que parte do pressuposto da intrínseca dignidade de toda forma de vida humana, ou que tenha potencialidade para tanto. A Lei de Biossegurança não conceitua as categorias mentais ou entidades biomédicas a que se refere, mas nem por isso impede a facilitada exegese dos seus textos, pois é de se presumir que recepcionou tais categorias e as que lhe são correlatas com o significado que elas portam no âmbito das ciências médicas e biológicas. IX - IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. Afasta-se o uso da técnica de Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 68 95 "interpretação conforme" para a feitura de sentença de caráter aditivo que tencione conferir à Lei de Biossegurança exuberância regratória, ou restrições tendentes a inviabilizar as pesquisas com células-tronco embrionárias. Inexistência dos pressupostos para a aplicação da técnica da "interpretação conforme a Constituição", porquantoa norma impugnada não padece de polissemia ou de plurissignificatidade. Ação direta de inconstitucionalidade julgada totalmente improcedente. (ADI 3510, Relator(a): AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 29/05/2008, DJe-096 DIVULG 27-05-2010 PUBLIC 28-05-2010 EMENT VOL-02403-01 PP-00134 RTJ VOL-00214-01 PP-00043) JURISPRUDÊNCIA DO STJ CRIMINAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. LIBERAÇÃO DE ORGANISMO GENETICAMENTE MODIFICADO NO MEIO AMBIENTE. SEMENTES DE SOJA TRANSGÊNICA. FALTA DE AUTORIZAÇÃO DA CNTBio. EVENTUAIS EFEITOS AMBIENTAIS QUE NÃO SE RESTRINGEM AO ÂMBITO DE ESTADOS DA FEDERAÇÃO INDIVIDUALMENTE CONSIDERADOS. POSSIBILIDADE DE CONSEQÜÊNCIAS À SAÚDE PÚBLICA. INTERESSE DA UNIÃO NO CONTROLE E REGULAMENTAÇÃO DO MANEJO DE SEMENTES DE OGM. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio) - Órgão diretamente ligado à Presidência da República, destinado a assessorar o governo na elaboração e implementação da Política Nacional de Biossegurança ? é a responsável pela autorização do plantio de soja transgênica em território nacional. Cuidando-se de conduta de liberação, no meio ambiente, de organismo geneticamente modificado ? sementes de soja transgênica ? em desacordo com as normas estabelecidas pelo Órgão competente, caracteriza-se, em tese, o crime descrito no art. 13, inc. V, da Lei de Biossegurança, que regula manipulação de materiais referentes à Biotecnologia e à Engenharia Genética. Os eventuais efeitos ambientais decorrentes da liberação de organismos geneticamente modificados não se restringem ao âmbito dos Estados da Federação em que efetivamente ocorre o plantio ou descarte, sendo que seu uso indiscriminado pode acarretar consequências a direitos difusos, tais como a saúde pública. Evidenciado o interesse da União no controle e regulamentação do manejo de sementes de soja transgênica, inafastável a competência da Justiça Federal para o julgamento do feito. Conflito conhecido para declarar a competência o Juízo Federal da Vara Criminal de Passo Fundo, SJ/RS, o Suscitado. (CC 41.301/RS, Rel. Ministro GILSON DIPP, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/05/2004, DJ 17/05/2004, p. 104) Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 69 95 RESUMO Apresentarei os principais temas destacados na aula para fins de revisão de última hora. Um olhar periódico sobre os resumos é uma tática de estudo importante, pois além de economizar tempo em rememorar as ideias principais sobre os temas, ajuda no processo de memorização e manutenção das informações em nosso cérebro por mais tempo. No entanto, não esqueça que em havendo dificuldades quanto ao entendimento do assunto, a melhor tática é a retomada dele diretamente nesta aula. 1. Aspectos Iniciais sobre Biossegurança ➢ A Convenção da Diversidade Biológica-CDB foi estabelecida durante a Rio-92 e é hoje o principal fórum mundial para questões relacionadas com o tema da diversidade biológica. Essa normativo internacional definiu biotecnologia, em seu art. 2º, como sendo qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica. ➢ As normas de biossegurança estão previstas essencialmente na Lei 11.105/2005, regulamentada pelo Decreto 5.591/2005. Essa marco legal estabeleceu normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados. ➢ O patrimônio genético é o conjunto de informações genéticas contidas nas plantas, nos animais e nos microrganismos, no todo ou em suas partes estejam eles vivos ou mortos. Também está contido em substâncias produzidas por eles como resinas, látex de plantas ou veneno de animais e substâncias químicas produzidas por microrganismos. O patrimônio genético está nos organismos que ocorrem de forma natural no Brasil, ou seja, de seres vivos nativos ou daqueles que adquiriram características específicas no território nacional. ➢ O Organismo Geneticamente Modificado - OGM é qualquer organismo cujo material genético, seja do tipo ácido desoxirribonucléico – ADN ou ácido ribonucléico – ARN, tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética. Nessa linha, toda entidade biológica capaz de sofrer alteração no ADN e/ou ARN por atividade de produção e manipulação de moléculas de ADN/ARN recombinante é considerado um OGM. Isso ocorre pela modificação de segmentos de ADN/ARN natural ou sintético de Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 70 95 moléculas manipuladas fora das células vivas e que possam multiplicar-se em uma célula viva, ou ainda as moléculas de ADN/ARN resultantes dessa multiplicação. 2. Protocolo de Cartagena ➢ A Convenção da Diversidade Biológica-CDB é um tratado internacional celebrado no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992 – sendo hodiernamente o principal fórum mundial para debate sobre o tema da biodiversidade. Assim, toda discussão sobre a diversidade biológica e consequentemente do patrimônio genético deve ser adequada as diretrizes ventiladas na CDB. ➢ O Protocolo de Cartagena deve ser interpretado e aplicado com a abordagem de precaução já definida no Princípio 15 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Esse Protocolo rememora o princípio da precaução devendo nortear todas as ações e políticas públicas voltadas as normas de biossegurança, tendo em vista a incerteza científica dos supostos danos que os OVMs podem causar ao meio ambiente e a saúde humana. ➢ O objetivo geral do Protocolo de Cartagena é contribuir para assegurar um nível adequado de proteção no campo da transferência, da manipulação e do uso seguros dos organismos vivos modificados resultantes da biotecnologia moderna que possam ter efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando em conta os riscos para a saúde humana, e enfocando especificamente os movimentos transfronteiriços. ➢ O Protocolo de Cartagena deve ser aplicado ao movimento transfronteiriço, ao trânsito, à manipulação e à utilização de todos os organismos vivos modificados que possam ter efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando também em conta os riscos para a saúde humana, não se aplicando ao movimento transfronteiriço de organismos vivos modificados que sejam fármacos para seres humanos e que estejam contemplados por outras organizações ou outros acordos internacionais relevantes. 3. Lei de Biossegurança. Lei 11.105/2005 ➢ A Lei 11.105/2005 conhecida por Lei da Biossegurança estabelece as normas de segurança e mecanismo de fiscalização de atividades que envolvam Organismos Geneticamente Modificados – OGM e seus derivados. Fixa também normas para o uso mediante autorização de células-tronco embrionárias Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 71 95 obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, para fins de pesquisa e terapia. ➢ O Decreto 5.591/2005 regulamentou a Lei de Biossegurança,disciplinando as normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados - OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente, bem como normas para o uso mediante autorização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, para fins de pesquisa e terapia. ➢ A Lei de Biossegurança previu expressamente os casos em que suas normas não são aplicadas em determinadas atividades que não utilizam OGM como receptor ou doador, bem como proibiu outras por questões éticas. ➢ O art. 4º, elencou as técnicas de modificação genética que não incidem as normas da Lei de Biossegurança desde que não utilizem OGM como receptor ou doador. São os casos de: mutagênese; formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal; fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser produzida mediante métodos tradicionais de cultivo; bem como autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira natural. Esses processos ocorrem constantemente na natureza independentemente de interferência humana pelo uso de engenharia genética. ➢ A Lei de Biossegurança, em seu art. 5º, permitiu, apenas para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: (1) sejam embriões inviáveis; ou (2) sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, da data da publicação da Lei de Biossegurança (03/2005), ou depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. ➢ As células-tronco embrionárias não podem ser objeto de transações comerciais sendo que o desenvolvimento dessa prática constitui o crime previsto no art. 15, da Lei 9.434/1997 (lei da remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento), que tem como figura típica a conduta de comprar ou vender tecidos, órgãos ou partes do corpo humano, com pena de reclusão, de três a oito anos, e multa, de 200 a 360 dias-multa, apresentando como forma equiparada ao referido delito a conduta de promover, intermediar, facilitar ou auferir qualquer vantagem com a transação. Cuidado, esse crime não está previsto na Lei de Biossegurança. Cumpre ainda lembrar que, em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 72 95 ➢ O STF entendeu pela constitucionalidade das normas que autorizam a pesquisa em células-tronco seja elas de natureza embrionárias ou adultas, pois, conforme a Suprema Corte, não cabe ao STF decidir sobre qual das duas formas de pesquisa básica é a mais promissora: a pesquisa com células-tronco adultas e aquela incidente sobre células-tronco embrionárias. A certeza científico-tecnológica está em que um tipo de pesquisa não invalida o outro, pois ambos são mutuamente complementares. ➢ A Lei 11.105/2005, em seu art. 6º, vedou determinadas atividades com OGM. Dentre elas podemos citar: clonagem humana, e a engenharia genética em célula germinativa humana, zigoto humano e embrião humano. Há dois tipos de clonagem, a reprodutiva e a não reprodutiva. A Lei de Biossegurança proíbe apenas a clonagem humana reprodutiva por não está em consonância com os direitos fundamentais à vida, à saúde à identidade genética e pessoal, e principalmente a dignidade da pessoa humana. ➢ Outra proibição ventilada pela Lei de Biossegurança é a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. Essas tecnologias genéticas de restrição do uso são caracterizadas por qualquer processo de intervenção humana para geração ou multiplicação de plantas geneticamente modificadas para produzir estruturas reprodutivas estéreis, bem como qualquer forma de manipulação genética que vise à ativação ou desativação de genes relacionados à fertilidade das plantas por indutores químicos externos. ➢ A Lei de Biossegurança, em seu art. 7º, elencou as obrigações de fazer e de informar em caso de acidentes com OGM e seus derivados pelos responsáveis na sua manipulação, depósito, transporte, pesquisa e comercialização. Nessa quadratura, é obrigatória a investigação de acidentes ocorridos no curso de pesquisas e projetos na área de engenharia genética e o envio de relatório respectivo à autoridade competente no prazo máximo de 5 (cinco) dias a contar da data do evento, bem como a notificação imediata à CTNBio e às autoridades da saúde pública, da defesa agropecuária e do meio ambiente sobre acidente que possa provocar a disseminação de OGM e seus derivados. Outra obrigação é a adoção de meios necessários para plenamente informar à CTNBio, às autoridades da saúde pública, do meio ambiente, da defesa agropecuária, à coletividade e aos demais empregados da instituição ou empresa sobre os riscos a que possam estar submetidos, bem como os procedimentos a serem tomados no caso de acidentes com OGM. ➢ A Lei de Biossegurança criou, em seu art. 8º, o Conselho Nacional de Biossegurança-CNBS órgão de assessoramento superior do Presidente da República que tem como objetivo geral formular e implementar a Política Nacional de Biossegurança – PNB.Dentro dessa finalidade essencial de elaborar a PNB, compete ao CNBS fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais com competências sobre a matéria; bem como analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos aspectos da conveniência e oportunidade socioeconômicas e do interesse nacional, os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e seus derivados. Compete ainda a CNBS avocar e decidir, em última e definitiva instância, com base em manifestação da CTNBio e, quando julgar necessário, dos Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 73 95 órgãos e entidades, no âmbito de suas competências, sobre os processos relativos a atividades que envolvam o uso comercial de OGM e seus derivados. ➢ A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia, é instância colegiada multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo, para prestar apoio técnico e de assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da PNB de OGM e seus derivados, bem como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e de pareceres técnicos referentes à autorização para atividades que envolvam pesquisa e uso comercial de OGM e seus derivados, com base na avaliação de seu risco zoofitossanitário, à saúde humana e ao meio ambiente. Para isso a CTNBio deverá acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente. ➢ A Lei 11.105/2005, em seu art.11, ventilou a composição da CTNBio, que é composta de membros titulares e suplentes, designados pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, seráconstituída por 27 (vinte e sete) cidadãos brasileiros de reconhecida competência técnica, de notória atuação e saber científicos, com grau acadêmico de doutor e com destacada atividade profissional nas áreas de biossegurança, biotecnologia, biologia, saúde humana e animal ou meio ambiente ➢ Os Órgãos e Entidades de Registro e Fiscalização são os demais órgãos e entidades que são responsáveis pelo registro e fiscalização, aplicando as penalidades pelo descumprimento das normas de biossegurança, vinculados ou subordinados ao Ministério da Saúde, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ao Ministério do Meio Ambiente, e à Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República. Dentre eles podemos citar o IBAMA, ANVISA, Secretaria de Defesa Agropecuária, dentre outros órgãos federais. ➢ Compete a esses órgãos/entidades entre outras atribuições, no campo de suas competências, observadas a decisão técnica da CTNBio, as deliberações do CNBS e os mecanismos estabelecidos na legislação de regência: fiscalizar as atividades de pesquisa de OGM e seus derivados; registrar e fiscalizar a liberação comercial de OGM e seus derivados; emitir autorização para a importação de OGM e seus derivados para uso comercial; manter atualizado no SIB o cadastro das instituições e responsáveis técnicos que realizam atividades e projetos relacionados a OGM e seus derivados; tornar públicos, inclusive no SIB, os registros e autorizações concedidas; e aplicar as penalidades de que trata a Lei de Biossegurança; ➢ Toda instituição que utilizar técnicas e métodos de engenharia genética ou realizar pesquisas com OGM e seus derivados deverá criar uma Comissão Interna de Biossegurança - CIBio, além de indicar um técnico principal responsável para cada projeto específico. A CIBio é uma comissão criada no âmbito da instituição que tem a função primordial de prevenir acidentes com OGM e derivados, informar os trabalhadores sobre os riscos de manipulação dos OGM, bem como informar a CTNBio sobre eventuais acidentes e investigá-los. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 74 95 ➢ A responsabilidade civil foi disciplinada no art. 20, da Lei 11.505/2005, fixando a regra de que os responsáveis pelos danos ao meio ambiente e a terceiros pelo manejo de OGM e derivados responderão, solidariamente, por sua indenização ou reparação integral, independentemente da existência de culpa. A norma estabelece a mesma regra já ventilada no art. 14, §1º, da Lei 6.938/98, de que é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. Essa regra caracteriza a responsabilidade civil objetiva, não tendo que se perquirir sobre os elementos subjetivos da conduta, lastreada pela teoria do risco integral, não se admitindo as causas de exclusão do nexo causal. ➢ Quanto à responsabilidade administrativa, é sempre subjetiva, havendo que se perquirir sobre os elementos subjetivos da conduta dolo e culpa. A infração administrativa é toda ação ou omissão que viole as normas previstas na Lei de Biossegurança e demais disposições legais pertinentes. Aquele que provocar danos ao meio ambiente ou a saúde pública pelo manejo de OGMs e derivados comete, em tese, infração administrativa sujeita a penalidades específicas. ➢ As infrações administrativas são punidas na forma estabelecida no Decreto 5.591/2005, independentemente das medidas cautelares de apreensão de produtos, suspensão de venda de produto e embargos de atividades, com as seguintes sanções: advertência; multa; apreensão de OGM e seus derivados; suspensão da venda de OGM e seus derivados; embargo da atividade; interdição parcial ou total do estabelecimento, atividade ou empreendimento; suspensão de registro, licença ou autorização; cancelamento de registro, licença ou autorização; perda ou restrição de incentivo e benefício fiscal concedidos pelo governo; perda ou suspensão da participação em linha de financiamento em estabelecimento oficial de crédito; intervenção no estabelecimento; proibição de contratar com a administração pública, por período de até 5 (cinco) anos. QUESTÕES COMENTADAS Magistratura 1. (TJ-PB/Juiz Substituto/CESPE – 2015) Acerca de biossegurança, OGMs e responsabilidade ambiental no âmbito do direito ambiental e dos principais instrumentos de proteção internacional, assinale a opção correta. (A)O princípio da prevenção é aplicado em julgamentos relacionados à incerteza científica dos possíveis danos causados ao meio ambiente pelos OGMs. (B)A legislação que regulamenta as atividades que envolvam OGM prevê hipóteses em que será permitida a comercialização de material biológico. (C)A responsabilidade por danos ambientais causados pela exploração de OGMs possui natureza de responsabilidade compartilhada, que difere da responsabilidade solidária. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 75 95 (D)O Protocolo de Cartagena foi negociado no âmbito da Convenção sobre Diversidade Biológica como um instrumento mais preciso e específico que essa convenção. (E)A CF é silente em relação às atividades de pesquisa e manipulação de material genético. Resposta. Item D. O item A está incorreto, pois relaciona-se com o princípio da precaução. O item B está incorreto porque há vedação quanto a comercialização de material biológico (art. 5º, §3º). O item C está incorreto, considerando nos termos do art. 20, da LB, os responsáveis pelos danos ao meio ambiente e a terceiros responderão, solidariamente, por sua indenização ou reparação integral, independentemente da existência de culpa. O Item D está correto, tendo em vista que o protocolo de Cartagena foi viabilizado na Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica que adotou o seu primeiro acordo suplementar conhecido como Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, visando assegurar um nível adequado de proteção no campo da transferência, da manipulação e do uso seguros dos organismos vivos modificados (OVMs) resultantes da biotecnologia moderna que possam ter efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando em conta os riscos para a saúde humana, decorrentes do movimento transfronteiriço. O item E está incorreto, pois a Constituição Federal previu expressamente em seu art. 225. § 1, II, o dever do Estado em preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético. 2. (TRF - 3ª REGIÃO/Juiz Federal/TRF - 3ª REGIÃO – 2013) Assinale a alternativa correta: Todas as decisões da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio, quanto aos aspectos de biossegurança de OGM e seus derivados vincula os demais órgãos e entidades da administração. Resposta. Item errado. Somente as decisões de cunho técnico da CTNBio vincula os demais órgãos e entidades da administração, quanto aos aspectos de biossegurança do OGM e seus derivados (§1º, art. 14, da LB). 3. (TJ-SC/Juiz/TJ-SC) Sobre o patrimônio genético e a aplicação da Lei nº 11.105/2005, assinale a alternativa INCORRETA: (A)A Lei nº 11.105/2005 não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio de mutagênese, desde que não implique a utilização de organismo geneticamente modificado como receptor ou doador. (B)A Lei nº 11.105/2005 não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio de formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal, desde que não implique a utilização de organismogeneticamente modificado como receptor ou doador. (C)A Lei nº 11.105/2005 não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio de fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser produzida mediante métodos tradicionais de cultivo, desde que não implique a utilização de organismo geneticamente modificado como receptor ou doador. (D)A Lei nº 11.105/2005 não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio de autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira natural, desde que não implique a utilização de organismo geneticamente modificado como receptor ou doador. (E)A utilização de organismo geneticamente modificado como receptor ou doador em atividades de modificação genética por meio das técnicas de mutagênese, fusão celular e autoclonagem de organismos não patogênicos afasta a incidência da Lei nº 11.105/2005. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 76 95 Resposta. Item E. Só não ocorre a incidência da Lei de Biossegurança se não houver utilização de organismo geneticamente modificado como receptor ou doador em atividades de modificação genética nas técnicas de modificação genética por meio das técnicas de mutagênese, fusão celular e autoclonagem de organismos (art. 4º, da Lei de Biossegurança). 4. (TRF - 5ª REGIÃO/Juiz Federal/CESPE – 2011) Acerca da engenharia genética e de sua relação com o ambiente, assinale a opção correta. (A)A lei que estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam OGM e seus derivados prevê o estabelecimento de sanções administrativas, mas não criminais, contra as ações ou omissões que as violem. (B)Atividades e projetos que envolvam OGMs e seus derivados somente podem ser desenvolvidos por pessoas físicas ou entidades de direito público ou privado que se dediquem à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial. (C)Estão sujeitos a controle legal a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no ambiente e o descarte de OGM e seus derivados. (D)A comercialização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento só é possível mediante a obtenção de certificado de qualidade em biossegurança, emitido pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, atendidas as condições estabelecidas na legislação pertinente. (E)Em qualquer hipótese, são vedadas a liberação, a destruição ou o descarte, no ambiente, de OGM ou seus derivados. Resposta. Item C. O item A está incorreto porque a LB prevê tanto a responsabilidade civil e administrativa como a penal. O item B está incorreto, pois os projetos não podem se desenvolvidos por pessoas físicas (art.2º). O item C está correto, tendo em vista que, o art. 1º, da LB, previu que as atividades de construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no ambiente e o descarte de OGM e seus derivados, estão sujeitos à Lei de biossegurança. Promotor 1. (MPE-SC/Promotor de Justiça/MPE-SC – 2016)Estabelece a Lei n. 11.105/05 (Biossegurança), que ela não se aplica, me smo quando impliquem a utilização de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) como receptor ou doador, quando a modificação genética for obtida por meio das seguintes técnicas: mutagênese; formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal e fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser produzida mediante métodos tradicionais de cultivo. Resposta. Item errado. Nos termos do art. 4º, da Lei de Biossegurança, se a modificação genética for obtida pelas técnicas referidas no enunciado da questão, A Lei não se aplica a, desde que não impliquem a utilização de OGM como receptor ou doador. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 77 95 2. (MPE-MG/Promotor de Justiça/MPE-MG – 2012) Em 1953, Watson e Crick descobriram a hélice dupla do ácido desoxirribonucléico, o que possibilitou a incorporação no genoma de uma espécie de genes de outra espécie, sem o concurso da reprodução sexual, originando os organismos denominados transgênicos, o que mais tarde redundou em regramento normativo no Brasil. Nesse viés, é INCORRETO asseverar: (A)desde que não impliquem a utilização de OGM como receptor ou doador, não haverá incidência da Lei Federal nº 11.105/05 quando a modificação genética for obtida por meio das técnicas de: mutagênese; formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal; fusão nuclear (inclusive a de protoplasma) de células vegetais, que possa ser produzida mediante métodos tradicionais de cultivo; e autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira natural. (B)é da competência da Comissão Interna de Biossegurança, no âmbito da instituição onde foi constituída: manter informados os trabalhadores e demais membros da coletividade, quando suscetíveis de serem afetados pela atividade, sobre as questões relacionadas com a saúde e a segurança, bem como sobre os procedimentos em caso de acidentes; estabelecer programas preventivos e de inspeção para garantir o funcionamento das instalações sob sua responsabilidade, dentro dos padrões e normas de biossegurança, definidos pela CTNBio; encaminhar à CTNBio os documentos secundariamente exigidos, para efeito de análise, registro ou autorização do órgão competente; manter registro do acompanhamento individual de cada atividade ou projeto em desenvolvimento que envolvam OGM ou seus derivados; notificar à CTNBio, aos órgãos e entidades de registro e fiscalização e às entidades de trabalhadores o resultado de avaliações de risco a que estão submetidas as pessoas expostas, bem como qualquer acidente ou incidente que possa provocar a disseminação de agente biológico; investigar a ocorrência de acidentes e as enfermidades possivelmente relacionados à OGM e seus derivados e notificar suas conclusões e providências à CTNBio. (C)a autorização normativa para pesquisa e manipulação genética tem assento no art. 225, § 1º, inciso II da Constituição Federal, no entanto, mediante fiscalização do Poder Público para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo certo que o princípio da prevenção - já que ausente certeza absoluta científica de ameaça de danos – ganha destacada utilização. (D)referente à manipulação e pesquisa do OGM, são vedadas as seguintes condutas: implementação de projeto relativo à OGM sem a manutenção de registro de seu acompanhamento individual; engenharia genética em organismo vivo ou o manejo in vitro de ADN/ARN natural ou recombinante, realizado em desacordo com as normas previstas; engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano; clonagem humana; destruição ou descarte no meio ambiente de OGM e seus derivados em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização; liberação no meio ambiente de OGM ou seus derivados, no âmbito de atividades de pesquisa, sem a decisão técnica favorável da CTNBio e, nos casos de liberação comercial, sem o parecer técnico favorável da CTNBio, ou sem o licenciamento do órgão ou entidade ambiental responsável, quando a CTNBio considerar a atividade como potencialmente causadora de degradação ambiental, ou sem a aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança– CNBS, quando o processo tenha sido por ele avocado; a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. Resposta. Item C. O item A está correto porque corresponde a literalidade do art.4º, incisos I, II, III e IV. O item B está correto, pois corresponde a literalidade do art. 18, incisos, I II, III, IV, V e VI, da Lei de Biossegurança. O item C está incorreto, considerando que se deve observância ao princípio da precaução para a proteção do meio ambiente. O item D está correto, tendo em vista que corresponde a literalidade do art. 6º, incisos, I, II, III, IV, V e VI, da LB. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 78 95 Procurador 1. (Prefeitura de Juiz de Fora – MG/Procurador Municipal/AOCP – 2016) Acerca do Conselho Nacional de Biossegurança - CNBS, de acordo com as disposições previstas na Lei nº 11.105/2005, assinale a alternativa correta. (A)A presidência do CNBS cabe ao Ministro de Estado Chefe da Casa Civil. (B)O Ministro de Estado da Educação é membro do CNBS. (C)Compete ao CNBS avocar e decidir, em primeira instância, com base em manifestação do Ministério Público e, quando julgar necessário, dos Ministérios da Saúde, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente, no âmbito de suas competências, sobre os processos relativos a atividades que envolvam o uso comercial de organismos geneticamente modificados e seus derivados. (D)O Ministro de Estado da Saúde presidirá o CNBS. (E)O Ministro de Estado das Relações Exteriores não é membro do CNBS. Resposta. Item A. O item A está correto porque, nos termos do art. 9º, da Lei de Biossegurança, o CNBS é composto por vários membros dentre eles, o Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, que o presidirá. O item B está incorreto, pois o Ministro de Estado da Educação não é membro do CNBS. O item C está incorreto, considerando que cabe ao CNBS avocar e decidir, em última e definitiva instância, com base em manifestação da CTNBio e, quando julgar necessário, dos órgãos e entidades referidos no art. 16 desta Lei, no âmbito de suas competências, sobre os processos relativos a atividades que envolvam o uso comercial de OGM e seus derivados. O item D está incorreto, tendo em vista que o presidente é o Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República. O item E está incorreto porque o Ministro de Estado das Relações Exteriores é membro do CNBS. 2. (Prefeitura de Caruaru – PE/Procurador do Município/FCC – 2018) Em relação à utilização de células-tronco embrionárias, para fins de pesquisa e terapia, obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, é correto afirmar: (A)Quando utilizada para fins de terapia é dispensável a submissão de seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa. (B)É permitida a utilização de células-tronco embrionárias, desde que sejam embriões inviáveis ou estejam congelados há mais de 03 (três) anos. (C)É necessário o consentimento de ambos os genitores para a comercialização e pesquisa, bastando, contudo, consentimento de apenas um deles para fins de terapia. (D)A pesquisa pode ser autorizada pelos órgãos competentes, desde que passado o prazo de 03 (três) anos do congelamento e tenha sido descartado no procedimento de fertilização in vitro, ainda que sem o consentimento dos genitores. (E)É apenas autorizado seu uso para fins de terapia. Resposta. Item B. O item A está incorreto porque nos termos do art. 5º, § 2º, da Lei de Biossegurança as instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa. O item B está correto, pois nos termos do art. 5º, I e II, da Lei 11.105/2005, é permitida, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 79 95 para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: I – sejam embriões inviáveis; ou II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. O item C está incorreto, considerando que não se admite a comercialização e é necessário o consentimento dos genitores para qualquer procedimento, seja pesquisa ou terapia. O item D está incorreto, tendo em vista que se exige em qualquer caso o consentimento dos genitores. O item E está incorreto, pois seu uso é utilizado também para fins de pesquisa, nos termos do caput, do art. 5º, da Lei de Biossegurança. 3. (PGE-AP/Procurador do Estado/FCC – 2018) De acordo com a Lei nº 11.105/2005, que dispõe sobre as normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvem Organismos Geneticamente Modificados (OGM), é (A)permitida engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano. (B)considerado derivado de OGM todo produto obtido de OGM e que possua capacidade autônoma de replicação. (C)permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos viáveis, produzidos por fertilização in vitro. (D)permitida a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. (E)proibida a implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de registro de seu acompanhamento individual. Resposta. Item E. O item A está incorreto porque o art.6º, da Lei 11.105/2005, III, proibiu a engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano. O item B está incorreto, pois considera-se derivado de OGM o produto obtido de OGM e que não possua capacidade autônoma de replicação ou que não contenha forma viável de OGM. O item C está incorreto, considerando que só será permitida se tiver congelamento de tempo maior ou igual a 3 anos e consentimento dos genitores. O item D está incorreto, tendo em vista que o art. 6º veda a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. O item E está correto, pois corresponde a literalidade do art. 6º, I, da Lei de Biossegurança. Outros 1. MCT/Tecnologista Pleno/CESPE – 2012) Julgue o seguinte item, relativos à ética em ciência e tecnologia e inovação. Uma das sanções previstas para aqueles que cometem infrações administrativas contra o patrimônio genético ou o conhecimento tradicional associado consiste na proibição de contratar com a administração pública por período de até cinco anos. Resposta. Item certo. Nos termos do art. 21, parágrafo único, da Lei de Biossegurança, as infrações administrativas serão punidas com diversas sanções, dentre elas a proibição de contratar com a administração pública, por período de até 5 (cinco) anos (XII). Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 80 95 2. (MCT/Tecnologista Pleno/CESPE – 2012) No que se refere a biossegurança e biotecnologia, julgue o próximo item. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança deve constituir câmaras técnicas nacionais permanentes nas áreasanimal, vegetal e de saúde humana. Resposta. Item errado. Nos termos do art. 13, da Lei 11.105/2005, a CTNBio constituirá subcomissões setoriais permanentes na área de saúde humana, na área animal, na área vegetal e na área ambiental, e poderá constituir subcomissões extraordinárias, para análise prévia dos temas a serem submetidos ao plenário da Comissão. 3. (MCT/Tecnologista Pleno/CESPE – 2012) No que se refere a biossegurança e biotecnologia, julgue o próximo item. Compõem o Conselho Nacional de Biossegurança, entre outras autoridades, o ministro da Casa Civil da Presidência da República e o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, a quem compete presidi -lo e convocá-lo, unilateralmente ou mediante provocação de dois terços de seus membros. Resposta. Item errado. Nos termos do art. 9°, §1°, da lei 11.105/05, o CNBS reunir-se-á sempre que convocado pelo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, ou mediante provocação da maioria de seus membros. 4. (AGU/Advogado da União/CESPE – 2012) Com base nos termos da legislação que trata da responsabilização por danos ambientais, julgue os itens seguintes. Será responsabilizado administrativamente aquele que utilizar em pesquisas científicas células-tronco embrionárias obtidas a partir de embriões humanos viáveis produzidos por fertilização in vitro. Resposta. Item certo. O art. 5º, da Lei de Biossegurança autoriza, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, desde que sejam embriões inviáveis; ou sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. Mas, em qualquer caso, deverá ter o consentimento dos genitores. Se a utilização da célula-tronco era viável e ocorreu sem atender ao requisito temporal de 3 anos, haverá infração administrativa prevista no VII, do art. 69, do Decreto 5.591/2005. 5. (Prefeitura de Venda Nova do Imigrante – ES/Técnico em Segurança do Trabalho/ CONSULPLAN – 2016) São competências do Conselho Nacional de Biossegurança: I. Fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais com competências sobre a matéria. II. Analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos aspectos de conveniência e oportunidade socioeconômicas e do interesse nacional, os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e seus derivados. III. Avocar e decidir, em última e definitiva instância, com base em manifestação da CTNBio e, quando julgar necessário, dos órgãos e entidades referidos no Art. 16 desta Lei, no âmbito de suas competências, sobre os processos relativos às atividades que envolvam o uso comercial de OGM e seus derivados. Estão corretas as afirmativas (A) I, II e III. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 81 95 (B)I e II, apenas. (C)I e III, apenas. (D)II e III, apenas. Resposta. Item A. Todos os itens estão corretos pois correspondem a literalidade do art.8, §1º, incisos, I, II e III, da Lei de Biossegurança. 6. (CODESAIMA/Engenheiro Agrônomo/UERR – 2017) Assinale a alternativa incorreta. De acordo com Lei da Biossegurança, Lei nº 11.105/2005, fica proibida: (A)implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de registro de seu acompanhamento individual; (B)engenharia genética em organismo vivo ou o manejo in vitro de ADN/ARN natural ou recombinante, realizado em desacordo com as normas previstas nesta Lei; (C)engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano. (D)clonagem humana; (E)a utilização e a comercialização, ressalvado o registro e o patenteamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. Resposta. Item E. Os itens A, B, C e D estão corretos e correspondem, respectivamente as proibições previstas no art.6º, incisos I, II, III e IV, da Lei de Biossegurança. O Item E está incorreto porque o art. 6º, VII, da Lei de Biossegurança veda a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. 7. (CODESAIMA/Engenheiro Agrônomo/UERR – 2017) Considerando a Lei nº 11.105/2005, Lei da Biossegurança, analise o que se segue. “Organismo cujo material genético – ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética”. Assinale a alternativa que define de forma correta o conceito acima. (A)Organismo geneticamente modificado - OGM. (B)Ácido desoxirribonucléico - ADN, ácido ribonucléico - ARN. (C)Clonagem terapêutica. (D)Clonagem. (E)Derivado de OGM. Resposta. Item A. Nos termos do art. 3º, V, da Lei de Biossegurança, considera-se organismo geneticamente modificado – OGM o organismo cujo material genético – ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética. 8. (ITEP – RN/Perito Criminal/INSTITUTO AOCP – 2018) Sobre a Lei Federal nº 11.105/2005 e suas alterações, assinale a alternativa correta. (A)O Art. 6º proíbe a clonagem humana e de animais. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 82 95 (B)Realizar clonagem humana é penalidade punível com reclusão de 3 a 10 anos e multa. (C)O Art. 5º permite a utilização de células-tronco embrionárias humanas para fins de pesquisa. (D)A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) será composta por membros designados pelo governador dos Estados. (E)Não compete ao CTNBio estabelecer normas para as pesquisas com OGM e seus derivados. Resposta. Item C. O item A está incorreto porque só há proibição da clonagem humana. O item B está incorreto, pois a pena é de 2 a 5 anos. O item C está correto, considerando que as células-tronco podem ser utilizadas para fins terapêuticos e de pesquisa. O item D está incorreto, tendo em vista que a CTNBio é formada por Membros do Governo Federal, em sua maioria por Ministros de Estado. O item E está incorreto porque, nos termos do art. 14, I, da Lei de biossegurança, compete à CTNBio estabelecer normas para as pesquisas com OGM e derivados de OGM. 9. (Câmara Legislativa do Distrito Federal/Consultor Legislativo/FCC – 2018) Para efeitos da Lei de Biossegurança, organismo é toda entidade biológica capaz de reproduzir ou transferir material genético, inclusive vírus e outras classes que venham a ser conhecidas, e os organismos geneticamente modificados são aqueles organismos cujo material genético (ADN/ARN) tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética. Com lastro nesses conceitos: (A)É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro, bem como sua comercialização, desde que precedido de consentimento de ambos os genitores. (B)Não se aplica aos OGM e seus derivados a Lei que disciplina o uso de agrotóxicos e suas alterações, exceto para os casos em que eles sejam desenvolvidos para servir de matéria-prima para a produção de agrotóxicos. (C)A utilização de embrião humano em desacordo com a Lei de Biossegurança é sanção administrativa que sujeita o responsável ao cancelamento do registro, licença ou autorização. (D)Os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM são dispensados de prestar a informação em seus rótulos, quando autorizados pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), nos termos do regulamento. (E)É facultativa a notificação imediataà Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e às autoridades da saúde pública, da defesa agropecuária e do meio ambiente sobre acidente que possa provocar a disseminação de OGM e seus derivados, quando o empreendedor ou responsável pela atividade controlar os danos e o manejo dos efeitos disseminadores. Resposta. Item B. O item A está incorreto porque não se admite a comercialização (art. 5º, §3º, da Lei 11.105/2005). O item B está correto, pois corresponde a literalidade do art. 39, da Lei 11.105/2005. O item C está incorreto, considerando que também configura o crime do art. 24, da Lei de Biossegurança. O item D está incorreto, tendo em vista que, nos termos do art. 40, da Lei de Biossegurança, os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM ou derivados deverão conter informação nesse sentido em seus rótulos. O item E está incorreto porque, nos termos do art. 7º, da Lei 11.105/2005, é obrigatória a notificação imediata à CTNBio e às autoridades da saúde pública, da defesa agropecuária e do meio ambiente sobre acidente que possa provocar a disseminação de OGM e seus derivados. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 83 95 10. (PC-BA/Delegado de Polícia/VUNESP – 2018) Quanto às normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvem organismos geneticamente modificados – OGM, é correta a seguinte assertiva: (A)É permitida engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano. (B)São permitidos a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. (C)É proibida a implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de registro de seu acompanhamento individual. (D)Derivado de OGM é todo produto obtido de OGM e que possua capacidade autônoma de replicação. (E)É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos viáveis, produzidos por fertilização in vitro. Resposta. Item C. O item A está incorreto porque, nos termos do art. 6º, III, fica proibida a engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano. O item B está incorreto, pois, nos termos do art.6, VII, fica proibida a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. O item C está correto, considerando que, nos termos do art. 6º, I, da Lei de Biossegurança, fica proibida a implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de registro de seu acompanhamento individual. O item D está incorreto, tendo em vista que o derivado de OGM é o produto obtido de OGM e que não possua capacidade autônoma de replicação ou que não contenha forma viável de OGM. O item E está incorreto, pois os embriões devem ser inviáveis, ou se viáveis, estejam congelados a três anos ou mais, mas, em qualquer caso, deve haver o consentimento dos genitores. 11. (IFB/Técnico em Laboratório/IFB – 2016) De acordo com a Lei 11.105, de 24 e março de 2005, que estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que integra o Ministério da Ciência e Tecnologia: (A)deve acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais, das plantas e do meio ambiente. (B)é responsável pelo processo de licenciamento das atividades de bioprospecção e exerce poder de polícia sobre os institutos de pesquisa que utilizam genes recombinantes em órgãos transplantados. (C)presta apoio técnico e de assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional da Biodiversidade de OGMs e seus derivados, bem como no estabelecimento das diretrizes de controle dos procedimentos de clonagem do genoma humano. (D)estabelece normas técnicas de segurança referentes à autorização para atividades que envolvam pesquisa e uso comercial do genoma humano em seu estado natural, bem como de OGMs e seus derivados. (E)representa uma instância colegiada multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo, formada pelo Comitê Nacional de Biogestão e presidida pelo presidente do IBAMA. Resposta. Item A. O item A está correto porque nos termos do art. 1º, parágrafo único da Lei de Biossegurança, a CTNBio deverá acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 84 95 de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente. O item B está incorreto, pois a CTNBio não tem poder de polícia que é atribuído aos demais órgãos de fiscalização e registro como Anvisa e Ibama. Os itens C e D estão incorretos, considerando que a clonagem humana é vedada pelo art. 6º, da lei de Biossegurança. O item E está incorreto, tendo em vista que o referido comitê não o integra e o seu presidente será designado, entre seus membros, pelo Ministro da Ciência e Tecnologia para um mandato de 2 (dois) anos, renovável por igual período. 12. (Prefeitura de Cascavel – PR/Técnico em Meio Ambiente/CONSULPLAN – 2016) Em acordo com a legislação, posteriormente à manifestação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), cabe ao Ministério da Agricultura a emissão de autorizações e registros, assim como a fiscalização de produtos e atividades que utilizem organismos geneticamente modificados e seus derivados destinados ao uso animal, na agricultura, na pecuária, na agroindústria e áreas afins. São atividades sob responsabilidade da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, EXCETO: (A)Identificar atividades e produtos decorrentes do uso de OGM e seus derivados potencialmente causadores de degradação do meio ambiente ou que possam causar riscos à saúde humana. (B)A CTNBio deverá acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente. (C)Os membros da CTNBio devem pautar a sua atuação pela observância estrita dos conceitos ético- profissionais, sendo vedado participar do julgamento de questões com as quais tenham algum envolvimento de ordem profissional ou pessoal, sob pena de perda de mandato, na forma do regulamento. (D)A CTNBio, composta de membros titulares e suplentes, designados pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia deve ser constituída por 30 cidadãos brasileiros de reconhecida competência técnica, de notória atuação e saberes científicos, com grau acadêmico de doutor e com destacada atividade profissional nas áreas de biossegurança, biotecnologia, biologia, saúde humana e animal ou meio ambiente. (E)Responsabilidade da divulgação no Diário Oficial da União, previamente à análise, os extratos dos pleitos e, posteriormente, dos pareceres dos processos que lhe forem submetidos, bem como dar ampla publicidade no Sistema de Informações em Biossegurança – SIB a sua agenda, processos em trâmite, relatórios anuais, atas das reuniões e demais informações sobre suas atividades, excluídas as informações sigilosas, de interesse comercial, apontadas pelo proponente e, assim, consideradaspela CTNBio. Resposta. Item D. O item A está incorreto, pois corresponde a literalidade do art.14, XX, da Lei de Biossegurança. O item B está incorreto, tendo em vista que corresponde a literalidade do art. 14, XV. O item C está incorreto, pois corresponde a literalidade do art. 11, §6º, da Lei de Biossegurança. O item D está correto, considerando que apresenta erro quanto ao indicativo dos membros da CTNBio que é constituída por 27 membros, nos termos do art. 11, da Lei 11.105/2005. O item E está incorreto porque nos termos do art. 14, XIX, da Lei de Biossegurança, divulgar no Diário Oficial da União, previamente à análise, os extratos dos pleitos e, posteriormente, dos pareceres dos processos que lhe forem submetidos, bem como dar ampla publicidade no Sistema de Informações em Biossegurança – SIB a sua agenda, processos em trâmite, relatórios anuais, atas das reuniões e demais informações sobre suas atividades, excluídas as informações sigilosas, de interesse comercial, apontadas pelo proponente e assim consideradas pela CTNBio. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 85 95 13. (PC-DF/Perito Criminal/IADES – 2016) A Lei nº 11.105/2005 − Lei de Biossegurança − estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, além de dar outras providências. No que se refere a essa lei, assinale a alternativa correta. (A)Segundo essa lei, fica regulamentada a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. (B)Compete ao Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) avocar e decidir, em última e definitiva instância, com base em manifestação da CTNBio e, quando julgar necessário, dos órgãos e entidades referidos no art. 16 da Lei nº 11.105/2005, no âmbito de suas competências, sobre os processos relativos a atividades que envolvam o uso comercial de OGM e seus derivados. (C)É facultativa a notificação imediata à CTNBio e às autoridades da saúde pública, da defesa agropecuária e do meio ambiente acerca de acidente que possa provocar a disseminação de OGM e seus derivados. (D)A CTNBio, integrante do Ministério do Meio Ambiente, é instância colegiada multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo. (E)Ao CNBS compete estabelecer normas para as pesquisas com OGM e seus derivados. Resposta. Item B. O item A está incorreto porque é vedada a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso (art. 6º, VII). O item B está correto, pois corresponde a literalidade do art.8º, §1º, III, da Lei de Biossegurança. O item C está incorreto, considerando que a notificação é obrigatória (art. 7º, II, da Lei 11.105/2005). O item D está incorreto, tendo em vista que a CTNBio é integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia. O item E está incorreto porque essa competência é da CTNBio (art. 14, I, da LB). 14. (ANVISA/Especialista em Regulação/CETRO – 2013) É correto afirmar que engenharia genética é (A)a atividade de produção e manipulação de moléculas de DNA/ARN recombinante. (B)a atividade que manipula as moléculas fora das células vivas mediante a modificação de segmentos de ADN/ARN natural ou sintético que possam multiplicar-se em uma célula viva. (C)clonagem com a finalidade de produção de células-tronco embrionárias para utilização terapêutica. (D)técnica de fecundação in vivo. (E)o processo de reprodução assexuada, produzida artificialmente, baseada em um único patrimônio genético. Resposta. Item A. Nos termos do art. 3º, IV da Lei de Biossegurança, a engenharia genética é a atividade de produção e manipulação de moléculas de ADN/ARN recombinante. 15. (Prefeitura de Rio Novo do Sul – ES/Técnico em Segurança do Trabalho/IDECAN – 2015) A Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005, em seu art. 1º, dispõe que “Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGMs e seus derivados”. Trata‐se da Lei de (A)Biossegurança. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 86 95 (B)Higiene de Saúde Ambiental. (C)Condicionantes do processo saúde‐doença. (D)Determinantes do processo saúde‐doença. Resposta. Item A. Corresponde à lei de Biossegurança. 16. (ANVISA/Especialista em Regulação/CETRO – 2013) De acordo com a Lei nº 11.105/2005, assinale a alternativa que apresenta uma competência do Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS). (A)Fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais com competências sobre a matéria. (B)Estabelecer normas para as pesquisas e atividades com Organismos Geneticamente Modificados (OGM) e derivados de OGM. (C)Proceder à análise da avaliação de risco, caso a caso, relativamente a atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados. (D)Estabelecer os mecanismos de funcionamento das Comissões Internas de Biossegurança (CIBio), no âmbito de cada instituição que se dedique ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial que envolvam OGM ou seus derivados. (E)Estabelecer requisitos relativos à biossegurança para autorização de funcionamento de laboratório, instituição ou empresa que desenvolverá atividades relacionadas a OGM e seus derivados. Resposta. Item A. O item A está correto porque o art. 8º, §1º, define que compete ao CNBS fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais com competências sobre a matéria. O item B está incorreto, pois é competência da CTNBio (art. 14,I, da LB). O item C está incorreto, considerando que é competência da CTNBio previsto no art. 14, IV, da LB). O item D está incorreto, tendo em vista que é competência da CTNBio previsto no art. 14, V, da LB). O item E está incorreto, tendo em vista que é competência da CTNBio previsto no art. 14, VI, da LB). LISTA DE QUESTÕES Magistratura 1. (TJ-PB/Juiz Substituto/CESPE – 2015) Acerca de biossegurança, OGMs e responsabilidade ambiental no âmbito do direito ambiental e dos principais instrumentos de proteção internacional, assinale a opção correta. (A)O princípio da prevenção é aplicado em julgamentos relacionados à incerteza científica dos possíveis danos causados ao meio ambiente pelos OGMs. (B)A legislação que regulamenta as atividades que envolvam OGM prevê hipóteses em que será permitida a comercialização de material biológico. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 87 95 (C)A responsabilidade por danos ambientais causados pela exploração de OGMs possui natureza de responsabilidade compartilhada, que difere da responsabilidade solidária. (D)O Protocolo de Cartagena foi negociado no âmbito da Convenção sobre Diversidade Biológica como um instrumento mais preciso e específico que essa convenção. (E)A CF é silente em relação às atividades de pesquisa e manipulação de material genético. 2. (TRF - 3ª REGIÃO/Juiz Federal/TRF - 3ª REGIÃO – 2013) Assinale a alternativa correta: Todas as decisões da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio, quanto aos aspectos de biossegurança de OGM e seus derivados vincula osdemais órgãos e entidades da administração. 3. (TJ-SC/Juiz/TJ-SC) Sobre o patrimônio genético e a aplicação da Lei nº 11.105/2005, assinale a alternativa INCORRETA: (A)A Lei nº 11.105/2005 não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio de mutagênese, desde que não implique a utilização de organismo geneticamente modificado como receptor ou doador. (B)A Lei nº 11.105/2005 não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio de formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal, desde que não implique a utilização de organismo geneticamente modificado como receptor ou doador. (C)A Lei nº 11.105/2005 não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio de fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser produzida mediante métodos tradicionais de cultivo, desde que não implique a utilização de organismo geneticamente modificado como receptor ou doador. (D)A Lei nº 11.105/2005 não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio de autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira natural, desde que não implique a utilização de organismo geneticamente modificado como receptor ou doador. (E)A utilização de organismo geneticamente modificado como receptor ou doador em atividades de modificação genética por meio das técnicas de mutagênese, fusão celular e autoclonagem de organismos não patogênicos afasta a incidência da Lei nº 11.105/2005. 4. (TRF - 5ª REGIÃO/Juiz Federal/CESPE – 2011) Acerca da engenharia genética e de sua relação com o ambiente, assinale a opção correta. (A)A lei que estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam OGM e seus derivados prevê o estabelecimento de sanções administrativas, mas não criminais, contra as ações ou omissões que as violem. (B)Atividades e projetos que envolvam OGMs e seus derivados somente podem ser desenvolvidos por pessoas físicas ou entidades de direito público ou privado que se dediquem à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial. (C)Estão sujeitos a controle legal a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no ambiente e o descarte de OGM e seus derivados. (D)A comercialização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento só é possível mediante a obtenção de certificado de qualidade em biossegurança, emitido pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, atendidas as condições estabelecidas na legislação pertinente. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 88 95 (E)Em qualquer hipótese, são vedadas a liberação, a destruição ou o descarte, no ambiente, de OGM ou seus derivados. Promotor 1. (MPE-SC/Promotor de Justiça/MPE-SC – 2016)Estabelece a Lei n. 11.105/05 (Biossegurança), que ela não se aplica, me smo quando impliquem a utilização de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) como receptor ou doador, quando a modificação genética for obtida por meio das seguintes técnicas: mutagênese; formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal e fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser produzida mediante métodos tradicionais de cultivo. 2. (MPE-MG/Promotor de Justiça/MPE-MG – 2012) Em 1953, Watson e Crick descobriram a hélice dupla do ácido desoxirribonucléico, o que possibilitou a incorporação no genoma de uma espécie de genes de outra espécie, sem o concurso da reprodução sexual, originando os organismos denominados transgênicos, o que mais tarde redundou em regramento normativo no Brasil. Nesse viés, é INCORRETO asseverar: (A)desde que não impliquem a utilização de OGM como receptor ou doador, não haverá incidência da Lei Federal nº 11.105/05 quando a modificação genética for obtida por meio das técnicas de: mutagênese; formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal; fusão nuclear (inclusive a de protoplasma) de células vegetais, que possa ser produzida mediante métodos tradicionais de cultivo; e autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira natural. (B)é da competência da Comissão Interna de Biossegurança, no âmbito da instituição onde foi constituída: manter informados os trabalhadores e demais membros da coletividade, quando suscetíveis de serem afetados pela atividade, sobre as questões relacionadas com a saúde e a segurança, bem como sobre os procedimentos em caso de acidentes; estabelecer programas preventivos e de inspeção para garantir o funcionamento das instalações sob sua responsabilidade, dentro dos padrões e normas de biossegurança, definidos pela CTNBio; encaminhar à CTNBio os documentos secundariamente exigidos, para efeito de análise, registro ou autorização do órgão competente; manter registro do acompanhamento individual de cada atividade ou projeto em desenvolvimento que envolvam OGM ou seus derivados; notificar à CTNBio, aos órgãos e entidades de registro e fiscalização e às entidades de trabalhadores o resultado de avaliações de risco a que estão submetidas as pessoas expostas, bem como qualquer acidente ou incidente que possa provocar a disseminação de agente biológico; investigar a ocorrência de acidentes e as enfermidades possivelmente relacionados à OGM e seus derivados e notificar suas conclusões e providências à CTNBio. (C)a autorização normativa para pesquisa e manipulação genética tem assento no art. 225, § 1º, inciso II da Constituição Federal, no entanto, mediante fiscalização do Poder Público para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo certo que o princípio da prevenção - já que ausente certeza absoluta científica de ameaça de danos – ganha destacada utilização. (D)referente à manipulação e pesquisa do OGM, são vedadas as seguintes condutas: implementação de projeto relativo à OGM sem a manutenção de registro de seu acompanhamento individual; engenharia genética em organismo vivo ou o manejo in vitro de ADN/ARN natural ou recombinante, realizado em desacordo com as normas previstas; engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano; clonagem humana; destruição ou descarte no meio ambiente de OGM e seus derivados em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização; liberação no meio ambiente de OGM ou seus derivados, no âmbito de atividades de pesquisa, sem a decisão Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 89 95 técnica favorável da CTNBio e, nos casos de liberação comercial, sem o parecer técnico favorável da CTNBio, ou sem o licenciamento do órgão ou entidade ambiental responsável, quando a CTNBio considerar a atividade como potencialmente causadora de degradação ambiental, ou sem a aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, quando o processo tenha sido por ele avocado; a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. Procurador 1. (Prefeitura de Juiz de Fora – MG/Procurador Municipal/AOCP – 2016) Acerca do Conselho Nacional de Biossegurança - CNBS, de acordo com as disposições previstas na Lei nº 11.105/2005, assinale a alternativa correta. (A)A presidência do CNBS cabe ao Ministro de Estado Chefe da Casa Civil. (B)O Ministro de Estado da Educação é membro do CNBS. (C)Compete ao CNBS avocar e decidir, em primeira instância,com base em manifestação do Ministério Público e, quando julgar necessário, dos Ministérios da Saúde, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente, no âmbito de suas competências, sobre os processos relativos a atividades que envolvam o uso comercial de organismos geneticamente modificados e seus derivados. (D)O Ministro de Estado da Saúde presidirá o CNBS. (E)O Ministro de Estado das Relações Exteriores não é membro do CNBS. 2. (Prefeitura de Caruaru – PE/Procurador do Município/FCC – 2018) Em relação à utilização de células-tronco embrionárias, para fins de pesquisa e terapia, obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, é correto afirmar: (A)Quando utilizada para fins de terapia é dispensável a submissão de seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa. (B)É permitida a utilização de células-tronco embrionárias, desde que sejam embriões inviáveis ou estejam congelados há mais de 03 (três) anos. (C)É necessário o consentimento de ambos os genitores para a comercialização e pesquisa, bastando, contudo, consentimento de apenas um deles para fins de terapia. (D)A pesquisa pode ser autorizada pelos órgãos competentes, desde que passado o prazo de 03 (três) anos do congelamento e tenha sido descartado no procedimento de fertilização in vitro, ainda que sem o consentimento dos genitores. (E)É apenas autorizado seu uso para fins de terapia. 3. (PGE-AP/Procurador do Estado/FCC – 2018) De acordo com a Lei nº 11.105/2005, que dispõe sobre as normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvem Organismos Geneticamente Modificados (OGM), é (A)permitida engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano. (B)considerado derivado de OGM todo produto obtido de OGM e que possua capacidade autônoma de replicação. (C)permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos viáveis, produzidos por fertilização in vitro. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 90 95 (D)permitida a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. (E)proibida a implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de registro de seu acompanhamento individual. Outros 1. (MCT/Tecnologista Pleno/CESPE – 2012) Julgue o seguinte item, relativos à ética em ciência e tecnologi(a e inovação. Uma das sanções previstas para aqueles que cometem infrações administrativas contra o patrimônio genético ou o conhecimento tradicional associado consiste na proibição de contratar com a administração pública por período de até cinco anos. 2. (MCT/Tecnologista Pleno/CESPE – 2012) No que se refere a biossegurança e biotecnologia, julgue o próximo item. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança deve constituir câmaras técnicas nacionais permanentes nas áreas animal, vegetal e de saúde humana. 3. (MCT/Tecnologista Pleno/CESPE – 2012) No que se refere a biossegurança e biotecnologia, julgue o próximo item. Compõem o Conselho Nacional de Biossegurança, entre outras autoridades, o ministro da Casa Civil da Presidência da República e o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, a quem compete presidi-lo e convocá-lo, unilateralmente ou mediante provocação de dois terços de seus membros. 4. (AGU/Advogado da União/CESPE – 2012) Com base nos termos da legislação que trata da responsabilização por danos ambientais, julgue os itens seguintes. Será responsabilizado administrativamente aquele que utilizar em pesquisas científicas células-tronco embrionárias obtidas a partir de embriões humanos viáveis produzidos por fertilização in vitro. 5. (Prefeitura de Venda Nova do Imigrante – ES/Técnico em Segurança do Trabalho/ CONSULPLAN – 2016) São competências do Conselho Nacional de Biossegurança: I. Fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais com competências sobre a matéria. II. Analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos aspectos de conveniência e oportunidade socioeconômicas e do interesse nacional, os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e seus derivados. III. Avocar e decidir, em última e definitiva instância, com base em manifestação da CTNBio e, quando julgar necessário, dos órgãos e entidades referidos no Art. 16 desta Lei, no âmbito de suas competências, sobre os processos relativos às atividades que envolvam o uso comercial de OGM e seus derivados. Estão corretas as afirmativas (B) I, II e III. (B)I e II, apenas. (C)I e III, apenas. (D)II e III, apenas. 6. (CODESAIMA/Engenheiro Agrônomo/UERR – 2017) Assinale a alternativa incorreta. De acordo com Lei da Biossegurança, Lei nº 11.105/2005, fica proibida: Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 91 95 (A)implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de registro de seu acompanhamento individual; (B)engenharia genética em organismo vivo ou o manejo in vitro de ADN/ARN natural ou recombinante, realizado em desacordo com as normas previstas nesta Lei; (C)engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano. (D)clonagem humana; (E)a utilização e a comercialização, ressalvado o registro e o patenteamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. 7. (CODESAIMA/Engenheiro Agrônomo/UERR – 2017) Considerando a Lei nº 11.105/2005, Lei da Biossegurança, analise o que se segue. “Organismo cujo material genético – ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética”. Assinale a alternativa que define de forma correta o conceito acima. (A)Organismo geneticamente modificado - OGM. (B)Ácido desoxirribonucléico - ADN, ácido ribonucléico - ARN. (C)Clonagem terapêutica. (D)Clonagem. (E)Derivado de OGM. 8. (ITEP – RN/Perito Criminal/INSTITUTO AOCP – 2018) Sobre a Lei Federal nº 11.105/2005 e suas alterações, assinale a alternativa correta. (A)O Art. 6º proíbe a clonagem humana e de animais. (B)Realizar clonagem humana é penalidade punível com reclusão de 3 a 10 anos e multa. (C)O Art. 5º permite a utilização de células-tronco embrionárias humanas para fins de pesquisa. (D)A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) será composta por membros designados pelo governador dos Estados. (E)Não compete ao CTNBio estabelecer normas para as pesquisas com OGM e seus derivados. 9. (Câmara Legislativa do Distrito Federal/Consultor Legislativo/FCC – 2018) Para efeitos da Lei de Biossegurança, organismo é toda entidade biológica capaz de reproduzir ou transferir material genético, inclusive vírus e outras classes que venham a ser conhecidas, e os organismos geneticamente modificados são aqueles organismos cujo material genético (ADN/ARN) tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética. Com lastro nesses conceitos: (A)É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro, bem como sua comercialização, desde que precedido de consentimento de ambos os genitores. (B)Não se aplica aos OGM e seus derivados a Lei que disciplina o uso de agrotóxicos e suas alterações, exceto para os casos em que eles sejam desenvolvidos para servir de matéria-prima para a produção de agrotóxicos. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881- - - 92 95 (C)A utilização de embrião humano em desacordo com a Lei de Biossegurança é sanção administrativa que sujeita o responsável ao cancelamento do registro, licença ou autorização. (D)Os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM são dispensados de prestar a informação em seus rótulos, quando autorizados pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), nos termos do regulamento. (E)É facultativa a notificação imediata à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e às autoridades da saúde pública, da defesa agropecuária e do meio ambiente sobre acidente que possa provocar a disseminação de OGM e seus derivados, quando o empreendedor ou responsável pela atividade controlar os danos e o manejo dos efeitos disseminadores. 10. (PC-BA/Delegado de Polícia/VUNESP – 2018) Quanto às normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvem organismos geneticamente modificados – OGM, é correta a seguinte assertiva: (A)É permitida engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano. (B)São permitidos a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. (C)É proibida a implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de registro de seu acompanhamento individual. (D)Derivado de OGM é todo produto obtido de OGM e que possua capacidade autônoma de replicação. (E)É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos viáveis, produzidos por fertilização in vitro. 11. (IFB/Técnico em Laboratório/IFB – 2016) De acordo com a Lei 11.105, de 24 e março de 2005, que estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que integra o Ministério da Ciência e Tecnologia: (A)deve acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais, das plantas e do meio ambiente. (B)é responsável pelo processo de licenciamento das atividades de bioprospecção e exerce poder de polícia sobre os institutos de pesquisa que utilizam genes recombinantes em órgãos transplantados. (C)presta apoio técnico e de assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional da Biodiversidade de OGMs e seus derivados, bem como no estabelecimento das diretrizes de controle dos procedimentos de clonagem do genoma humano. (D)estabelece normas técnicas de segurança referentes à autorização para atividades que envolvam pesquisa e uso comercial do genoma humano em seu estado natural, bem como de OGMs e seus derivados. (E)representa uma instância colegiada multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo, formada pelo Comitê Nacional de Biogestão e presidida pelo presidente do IBAMA. 12. (Prefeitura de Cascavel – PR/Técnico em Meio Ambiente/CONSULPLAN – 2016) Em acordo com a legislação, posteriormente à manifestação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), cabe ao Ministério da Agricultura a emissão de autorizações e registros, assim como a fiscalização de produtos e atividades que utilizem organismos geneticamente modificados e seus derivados destinados ao uso Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 93 95 animal, na agricultura, na pecuária, na agroindústria e áreas afins. São atividades sob responsabilidade da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, EXCETO: (A)Identificar atividades e produtos decorrentes do uso de OGM e seus derivados potencialmente causadores de degradação do meio ambiente ou que possam causar riscos à saúde humana. (B)A CTNBio deverá acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente. (C)Os membros da CTNBio devem pautar a sua atuação pela observância estrita dos conceitos ético- profissionais, sendo vedado participar do julgamento de questões com as quais tenham algum envolvimento de ordem profissional ou pessoal, sob pena de perda de mandato, na forma do regulamento. (D)A CTNBio, composta de membros titulares e suplentes, designados pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia deve ser constituída por 30 cidadãos brasileiros de reconhecida competência técnica, de notória atuação e saberes científicos, com grau acadêmico de doutor e com destacada atividade profissional nas áreas de biossegurança, biotecnologia, biologia, saúde humana e animal ou meio ambiente. (E)Responsabilidade da divulgação no Diário Oficial da União, previamente à análise, os extratos dos pleitos e, posteriormente, dos pareceres dos processos que lhe forem submetidos, bem como dar ampla publicidade no Sistema de Informações em Biossegurança – SIB a sua agenda, processos em trâmite, relatórios anuais, atas das reuniões e demais informações sobre suas atividades, excluídas as informações sigilosas, de interesse comercial, apontadas pelo proponente e, assim, consideradas pela CTNBio. 13. (PC-DF/Perito Criminal/IADES – 2016) A Lei nº 11.105/2005 − Lei de Biossegurança − estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, além de dar outras providências. No que se refere a essa lei, assinale a alternativa correta. (A)Segundo essa lei, fica regulamentada a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso. (B)Compete ao Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) avocar e decidir, em última e definitiva instância, com base em manifestação da CTNBio e, quando julgar necessário, dos órgãos e entidades referidos no art. 16 da Lei nº 11.105/2005, no âmbito de suas competências, sobre os processos relativos a atividades que envolvam o uso comercial de OGM e seus derivados. (C)É facultativa a notificação imediata à CTNBio e às autoridades da saúde pública, da defesa agropecuária e do meio ambiente acerca de acidente que possa provocar a disseminação de OGM e seus derivados. (D)A CTNBio, integrante do Ministério do Meio Ambiente, é instância colegiada multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo. (E)Ao CNBS compete estabelecer normas para as pesquisas com OGM e seus derivados. 14. (ANVISA/Especialista em Regulação/CETRO – 2013) É correto afirmar que engenharia genética é (A)a atividade de produção e manipulação de moléculas de DNA/ARN recombinante. (B)a atividade que manipula as moléculas fora das células vivas mediante a modificação de segmentos de ADN/ARN natural ou sintético que possam multiplicar-se em uma célula viva. (C)clonagem com a finalidade de produção de células-tronco embrionárias para utilização terapêutica. (D)técnica de fecundação in vivo. Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 94 95 (E)o processo de reprodução assexuada, produzida artificialmente, baseada em um único patrimônio genético. 15. (Prefeitura de Rio Novo do Sul – ES/Técnico em Segurança do Trabalho/IDECAN – 2015) A Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005, em seu art. 1º, dispõe que “Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobrea construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGMs e seus derivados”. Trata‐se da Lei de (A)Biossegurança. (B)Higiene de Saúde Ambiental. (C)Condicionantes do processo saúde‐doença. (D)Determinantes do processo saúde‐doença. 16. (ANVISA/Especialista em Regulação/CETRO – 2013) De acordo com a Lei nº 11.105/2005, assinale a alternativa que apresenta uma competência do Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS). (A)Fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais com competências sobre a matéria. (B)Estabelecer normas para as pesquisas e atividades com Organismos Geneticamente Modificados (OGM) e derivados de OGM. (C)Proceder à análise da avaliação de risco, caso a caso, relativamente a atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados. (D)Estabelecer os mecanismos de funcionamento das Comissões Internas de Biossegurança (CIBio), no âmbito de cada instituição que se dedique ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial que envolvam OGM ou seus derivados. (E)Estabelecer requisitos relativos à biossegurança para autorização de funcionamento de laboratório, instituição ou empresa que desenvolverá atividades relacionadas a OGM e seus derivados. GABARITO Magistratura 1. D 2. ERRADO 3. E 4. C Promotor 1. ERRADO Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - - 95 95 2. C Procurador 1. A 2. B 3. E Outros 1. CERTO 2. ERRADO 3. ERRADO 4. CERTO 5. A 6. E 7. A 8. C 9. B 10. C 11. A 12. D 13. B 14. A 15. A 16. A Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Luis Carlos Miranda de Oliveira Aula 09 Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos Miranda www.estrategiaconcursos.com.br 2278881 - - -