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Livro Psicoterapia Analítico Funcional - FAP

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Psicoterapia Analítica
Funcional
Cri ando Relações Terap êuti cas
Int ensa s e C urat ivas
Robert J. Kohlenberg
Mavi s Tsai
ESETecESETec
 
www.facebook.com/groups/livrosparadownload
www.slideshare.net/jsfernandes/documents
 
Psicoterapia: Analítica
FuncionalCriando Relações Terapêuticas
Intensas e Curativas
Robert J. Kohlen berg
Universidade de Washington 
Seattle, Washington
Mavis Tsai
Psicóloga Clínica 
Seattle, Washington
Tradução 
OrganizadoraOrganizadora 
 Rac Rachel hel RRododrigrig ueues s KeKerbrbauauyy
' Trad uzido por 
 Fát Fátima ima ComComtete 
 M M aali li DDeelili tttt ii 
 M Mararia Zilia Zilah ah da Sida Si lvlva Brana Brandãodão 
 Pr Priscisc ila ila R, R, OeOerdyrdyltlt 
 Rac Rachel hel RoRo drdrigigueues s KeKerbrbauauyy 
 Reg Regina ina ChChrisristintina a WieleWielenskanska 
 Ro Robeberto rto AA. . BanacoBanaco 
 Ro Ro ososevevelt elt StStarar lilingng
Reimpressão
ESETe©
Edit ores A ssociados
Santo André, 2006
 
Kohlenberg Robert I. (199!)
Psicoterapia Analítica Fun cional: Criando Relações Terapêuticas Intensas e
Curativas / Rob ert J . Kohlenb erg e Mavis Tsa i.
Inclui referências bibliográficas e índice remissivo
ISBN 85-88303-02-7
1. Terapia Compo rtamental, 2.Psicoterapeuta e paciente. I. Tsai. M avis. II. Titulo
[DNLM : 1. Com portamento. 2, Relações terapeuta-paciente. 3 . Tera pia psicana-
lítica. 238 págs.
WM. 460 . 6 IC79f]
RC489.B4K65 2001
616.89’142-cc20 91-21357
CIP.
Versão em Língua Portuguesa 
Editora: Teresa Cristina Cume Grassi
 Revisora : Irene Forli vesi
Título do srcinal (inglês)
Functional Analytic Psychotherapy
Creating Intense and Curative Therapeutic Relationships
Copyright© 1991 Plenum Press, New York
A Division of Plenum Publishing Corporation
233 Spring Street, New York, N.Y. 1033
Direitos exclusivos para Língua Portuguesa
Copyright ©20 01 ESETec Editores Associados
ESETec
Editores Associados
 A solici tação de exempl ares poderá ser fei ta à ESETec 
(( 11)) 4990 56 83/4438 68 66 
www.esetec.com.br 
eset@uol.com.br 
 
Ao s nossos pais
Jack e Bess Kohlenberg
Ed w in e E m ily Ts ai,
cujo am or constant e, apoio e orgulho
foram o sustentáculo de nossas lutas e
realizações.
 
Edição de Língua Portuguesa
 Nós nos sentimos profundam ente honrados pela tenacidade demonstrada por
nosso s colega s brasileiros na produção da edição em portuguê s do livro Functional
An alytic Psyc hotherapy (FAP). Por muito tempo o Brasil tem se destacado na
aplicação da análise do comportamento aos problemas clínicos, e este livro
 posic iona a FAP dentro desse gênero . N ossos cole gas brasileiros es tão
empenhados em várias pesquisas instigantes e no desenvolvimento da FAP, e
nós tem os um a dívida de gratidão par a com eles, pelo trabalho que tiver am natraduçã o desse livro. Robert Kohlenberg ma ntém relações de am izade com quase
todos os que contribuíram para esta tradução e guarda lembranças agradáveis
de m ome ntos em que estiveram junt os.
Trad uzir um livro de psicoterapia analítica funcional (FAP) é uma tarefa
difíci l, d evido às sutilezas dos conceitos teóricos e à sensibilidade para temas
culturais que se faz necessária. Os tradutores mantiveram contato conosco e
temos a certeza de que eles fizer am um trabalho muito bom. Nó s gostarí amos de
agradecer, po r seu trabalho, às seguintes pessoas: Irene Forlivesi pelo prefácio,
Roose velt Starlin gpe lo Capítulo 1 , Regina C. W ielensk ape lo Capítulo 2 , Maly
Delitti pelo Capítulo 3, Roberto Alves Banaco pelo Capítulo 4, Fátima Conte
 
viiiviii PrefácioPrefácio
 pelo Cap ítu lo 5, Priscila Derdyk pelo Capítulo 6 , Maria Zilah Brandão pelo
Capítulo 7, e Rachel Rodrigues Kerba uy pelo Capítulo 8 .
Em especial, desejamos expressar nossa profunda gratidão a Rachel
Rodrigues Ker bauy, po rte r inic iado e coordenado este árduo empreendi mento. O
trabalho de todos neste li vro nos ajuda a alimentar o sonho de qu e um público cada
vez ma ior de terapeutas e de clientes pode ser inspirado e enriquecido pela FA P.
R. J. K.
e
M. T.
 
PrefácioPrefácio
Este livro na sceu da experiência acum ulada ao longo de muitos anos, trata ndo
e pensando a respeito de nossos clientes. Nós encaramos este trabalho como
um manual de tratamento que contem orientações para a criação de relações
terapê uticas que sejam profunda s, intensas, s ignificativas e benéficas. Este l ivro
não é um a coleção de técnicas, mesmo tendo a incl usão de várias del as. Mais do
que isto, nós descrevemos um referencial teórico que pretende servir de guia
 para a ativid ade do te ra peuta . Embora a te oria da qual fazemos uso se ja
 par ticula rm ente m uito adequada para a nossa proposta, nós pe rdem os a m aioria
do nosso público no mome nto em que mencionam os seu no me. D esta for ma, os
 próprios al icerces com os quais contam os , po dem pre ju dicar o nosso desejo de
com partilhar a estimulaç ão intelectual e os nossos insights clínicos .
É difícil para os clínicos adotarem novas técnicas que leram em um
livro. Eles não estão particula rmen te propensos a serem rec eptivos quando estas
técnicas estão baseadas numa teoria que provoca uma forte reação negativa.
Entretanto, esta teoria é amplam ente mal-interpretada e mal- compreendida; como
conseqüência, o primeiro capít ulo fornece explicações sobre os princi pais tópicosdo behaviorism o radical, abordando alguns desses mal-entendidos (talvez você
 
Prefácio
não tenha notado, mas nós omitimos o nome da teoria). No Capítulo 1, nós
também mostramos como o behaviorismo radical conduz o foco da atenção
 para a relação terapeuta-cliente.
Pretendia-se qu e este li vro fosse lido ma is ou men os na seq üência, mas
isto não é obrigatório. Cada capítulo é praticamente independente do outro,
 porque muitos dos conceitos menos conhecidos são retom ados, mesmo que eles
 já tenham sido apresentados num capítu lo anterior. Os temas de conteúdo mais
teórico e abstrato estão contidos nos três primeiros capítulos, e nos capítulos
seguintes a ênfase ma ior é dad a à aplicação clí nica. P ara alguns leitores, iniciar
a leitura por estes capít ulos mais clínicos po deria avivar o interesse em exam inar
os capítulos teóricos an teriores.. N ós e speramo s que, ao per corre r os capítulos e
observar novas formas de aplicação dos conceitos, ocorra um efeito cumulativo
e os conceitos se tornem m ais compreensíveis.
 No segundo capítulo, nós evidenciam os os princípios de como fazer
 psico terapia analítica funcional (FAP). Embora fo rneçam os cinco princípios ,
somente o primeiro é realmente necessário, e esperamos que seja este a ser
guardado na memória: “prestar atenção aos comportamentos clinicamente
releva ntes” ; é nisto que se conce ntra este liv ro.
Talvez o terceiro capítulo venha a ser o mais difícil. É a primeira vez
que são apresentados alguns dos conceitos do com portam ento verbal. Também
é explicado um sistema que analisa o que o client e diz. Um a ‘saída de emergência’
é oferecida aos leitores que não querem perd er tempo no aprend izado do siste ma,
ao contrári o, querem dirigir-se diretamente para as principais conclusões.
As emoções e o afeto são fundam entais no processo terapêutico. Contudo,
nós seguimos por um caminho ligeir amente diferente daqu ele da maioria dos
outros sistemas t erapêuticos. C oncluím os que, por um lado, os sentimentos não
causam os problemas de um cliente nem são os responsáveis pela mudança
terapêut ica. Mas, por outro l ado, a terapia não fun ciona se os sentimentos não
ocorrem. Este e outros paradoxos são explicados no Capítulo 4, no qual se
espera que a nossa discussão sobre a expressão dos sentimentos traga uma luz
adicional a este tópico polêmico.
Todas as pessoas pensam e têm cognições. Além disso, as cognições
têm um papel primordial na ter apia. N o C apítul o 5, nós ex pom os de um a nova
forma a visão do behaviorismo radical sobre estes fenômenos, resul tando em
um a abordagem que, acreditamos, será útil aos psicoterapeutas,
inclusi ve aos
terapeutas cogniti vos.
 
Prefácio xi
 N este livro, a aplicação da teoria behavio rista se es tendeu para além
dos seus domínios costumeiros. Esta extensão ocorre em seu maior grau no
Capítulo 6, no qual abordam -se os proble ma s do sei f. um tópico esporadicamente
discutido nos círculos behavioristas. Nós apresentamos o self como uma
ex pe riên cia a ltamente pesso al que se manifesta de diversas maneiras, .algumas
mais adaptativas do que outras, Borderíine, e transtorno narcisista e de
 personalidade múltip la es tão incluídos entre as fo rm as mal-adap tativas quecolocamos em discussão, Nós explicamos os problemas do self como sendo o
resulta do de várias condições externas que acontecem durante o de senvolvimento,
tanto n orm al quan to patol ógico, na inf ânci a.
 N o Capítulo 7, nós desafiamos a af irmação de que a foca lização da
FAP na rela ção terapêuti ca nada m ais é do que a psicanál ise com n ova leit ura .
São ex am ina do s os conceitos psicanalíticos de transferência e aliança terapêutica
e o modelo relacional da terapia de relações objetais. Argumenta-se sobre a
questão da FAP ocupar um espaço único entre as terapias psicodinâmicas e
com portam entais at uais.
De pend endo de qual seja o interess e dos leitore s, alguns podem conside rar
que n ós deixam os a melhor parte para o fi nal . Nosso últi mo capí tulo se aprofunda
nas precauções éticas, no processo de supervisão, nos problemas inerentes à
m etod olo gia tradicional de pesquisa e sua s implicações par a a pesquisa da F AP,
e em como os princípios da FAP podem ser ampliados para que consigam
abrang er problem as do mundo exter ior à ter apia.
É n ecessário fazer uma referência à terminologia comportamental usada
neste livro. A linguagem comportamental pode proporcionar novos insi ghts sobr e
os fenô m eno s clínicos e transm ite o que pretendem os dizer a respeito de como a
terapia p od e aju dar e do porquê dos problemas dos clie nte s. Entretant o, esta
term ino log ia não foi desenv olvida no ambiente psicoterapêut ico, sendo, por is so,
 pouco efic iente para comunicai' os fenômen os que lá ocorrem . Nós procuramos
 perm anecer entre a linguagem dos beh avio ristas radicais e aquela usada pela
m aior ia do s clínic os. Algum as vezes a pendência foi maior para um dos la dos,
m as nó s ten tam os obter o melho r da riqueza que cada uma delas cont em.
Es te livro surgiu de um capítulo que constou no livro “Psychotherapists 
in Clinicai Practice" (1987), editado por N eil Jacobson. Nós somos gratos a
 N eil p or n os ter en co ra jado a dar o primeiro passo. N o nosso livro, a aplicação
clínica foi facili tada por meio do uso de transcri ções de casos e da ênfas e dada
ao co mp ortame nto verbal do clie nte . O capítulo que t rata do self evoluiu de um
artigo escrito srcinalmente por Robert Kohlenberg e Marsha Linehan.
 
xxiiii PrefácioPrefácio
Bob Kohlenberg gostaria de reconhecer a importância que teve sua
filha Barbara na gênese deste livro, pois ela foi a responsável pelo ‘retomo à
vida’ de um behaviorista radical extinto. Seu filho Andy contribuiu
significativame nte com perspectivas éti cas, ao me smo tem po em qu e seu fi lho
Paul o lemb rava da importância d e se t er uma m ente invest igat iva, bom hum or
e compromisso. Seu irmão David esteve sempre presente para escutar, fato
que foi essencial para a elaboração deste livro. Mavis, querida co-autora,
enrique ceu a vida del e com seu amor e inte lect o ilimitados, os quais forneceram
a linha-mestra que é o âihago da FAP.
Mavis Tsai reverencia a lembrança de Ned Wagner, seu primeiro
orientador de pós-graduação. Foi de inestimável valor o entusiasmo que ele
dem onstro u por sua s idéias e t extos quando ela era ainda uma “ calou ra” na pós-
graduação. No cur to perío do de dois anos , Ned infundiu nela um universo de
confian ça, curiosidade e compaixão . Seus outros dois orientadores, S tanley Sue
e Shirle y Feldman-Summers, também desempenharam p apel esse ncial em seu
desenvolvim ento como ps icóloga. Também foram mentores Laura Brown, James
Co lema n e Ron Smith. Bob, co-autor e seu parceiro na vida, inundo u-lhe a vida
com seu profundo amor, mente fért il e presença marcante, dando-lhe razão e
aleg ria de viver .
Os colegas de clínica Carla Bradshaw, Barbara Johnstone, Karen
Liri dner, Vickie Sears, Ellen Sherwood, e Alejandra Suarez leram um a parte ou
todo o manuscrito em suas difere ntes etapa s de execução e forneceram importante
feedback.
Temo s uma dívida espe cial com Anne U emura, amiga e comp anheira
mu ito próxima, que passou incontáveis horas revisando ca da palavra de nosso
man uscrito e nos ofereceu crít icas detalhadas e construtivas.
W illard Day foi uma grande inspir ação. Seu t rabalho dem onstrou que a
interpretação é uma atividade essencial do behaviorista radical. Seu encanto
 pe las novas idéias tomou-se um refugio no qual elas poderiam crescer e prosperar.
Steve Hayes estabeleceu as bases para a aplicação dos princípios
 behavioristas radicais na psicoterapia de adultos. Stanley Messer, o primeiro
estudioso c om orientação psicodinâmica qu e levou a sério nosso trabalho , nos
de u um fe edbac k crít ico val ioso.
A próxim a geraç ão de terapeutas FAP - Michael Addis, James C ordova,
Da ria Broberg, Victor ia Foll ette, Allan Fruzzeti, En rico Gan aulti, Kelly Koem er,
M arty Stern, Juli an Som ers , Paula Truax, e Jenn ifer Walt z - nossos
 
PrefácioPrefácio xiiixiii
agradec imentos pe la generosidade dem onstrada enquant o as idéias começavam
a surgir e um sistema estava se desenvol vendo.
Agradecemos aos nossos clientes que dividiram conosco suas mais
 pro fu ndas dores e alegr ias. Cada um de nossos cl ientes contribuiu p ara a nossa
 perspicácia clínica e m odelo u quem somos como terapeutas. Para pro teger a
individualidade dos clientes que estão descritos nas histórias de casos, foram
alterados todos os nom es e outras inf ormaç ões que pode riam identifi cá-los.
O fa lecim ento de B. F. Skinner represen ta um a grande perd a para to dos
aqueles qu e o adm iraram. A essência de seu trabalho de uma vida toda consist ia
na esperança de que pudéssemos melhorar nossas vidas e o mundo no qual
vivemos. Fo i com ba se neste legado que nós escrevemos este li vro, e lamentamos
que ele não teve a oportunidade de lê-lo e test emunhar mais um dos in úmeros
efeitos que se u trabalho teve sobre as pessoas.
R.J.K.
M.T.
 
SumárioSumário
Capítulo 1
I n t r o d u ç ã o ........................................................................................................... 1
Pr inc ípio s Filo só fic os d o B eha vior ism o R ad ic a l.... ........................................ 3
A na ture za conte xtua l do co nhe cim ento e da rea lida de.... ....................... 3
Uma visão não-m entalista do comportamento: o enfoque na s variávei s
ambientais que controlam o comportamento..................................... 5
O interesse está centrado no comportamento verbal controlado por
eventos diretamente observados ........................................................ 6
Suportes Teóricos da FAP ................................................................................ 8
R eforçam ento .............................................................................................. 9
Espec ificação de compo rtamento cli nicamente relevante ................... 15
Prep aran do a genera liza ção....................................................................... 17
Capítulo 2
Aplicação Clí nica da Psicoterap ia Analít ica Fu ncion al ........................... 19
Problemas do client e e compor tament os clini camente releva nte s .................. 19
CRB 1: Problemas do cliente que ocorrem na se ss ão .......................... 20
CRB2: Progressos do clien te que ocorr em na sessão ........................... 21
CR B3 : Interpretações d o comportame nto segundo o clie nte ................. 25
Avaliação inicial
...... y ............................................................................. 26
Técnica Terapêutica: As Cinco Regras ......................................................... 27
Reg ra 1: Pr es tar ate nção aos C R B s .......................................................... 27
Regra 2 : Evocar CRBs .......................................................................... 30
 
Reg ra 3: Reforçar CRB2s ........................................................................ 32
Reg ra 4: Observe os efeit os potencialmente reforçadores do com por
tamento do terapeuta em relação aos CRBs do cl ie nt e ....................... 40
Regra 5: Forneça interpretações de variáveis que afetam o compor
tam ento do cliente................................................................................. 41
Exemplo de Caso Clínico ............................................................................... 47
Capítulo 3
Suplementação: Aumentando a capacidade do terapeuta para
id en tifica r co m po rtam en tos clinic am en te rele va nte s .......................... 51
Cla ssif icaç ão de Comp orta mento V erb al....................................................... 51
O Siste ma da FAP de Cl assif icação das Respostas do C lien te .............. 54
Classi ficação e Observação de Comportam ento Clinicamente Relevante 65
Exemplos de Classificação de Respostas do Cliente .......................... 67
Situações Terapêuticas que Freqüentemente Evocam Comportamentos
Clin icam en te Relevan tes .................................................................................. 69
Capítulo 4
O Papel de Emoções e Le m branças na M uda nça do Com port amento.. ,, 75
Emoções .................................................................................................... ........... 75
Aprendendo os Signi ficados d os Se ntim en tos ..................................... 78
Sent iment os co mo Causa s de Com portam ento .................................... 80
Expressa ndo sen ti m ento s........................................................................ 82
Evitando sent im entos ............................................................................... 84
Grau de con tat o com variáve is de co ntr ole ........................................... 85
Lem branças ......................................................................................................... 89
Im plicações C lí n icas .......................................................................................... 92
Ofereça um a Racional Comportamental para Entrar em Contat o com
S entim ento s........................................................................................... 93
Aumente o Contr ole Pri vado de S en time ntos ..................................... 94
Aum ente a Exp ressão de Sen timen tos pelo Te ra pe ut a....................... 96
Melhore o Contato do Cli ente com Vari ávei s de C on trole ................. 97
Cjiso Ilustra tivo .................................................................................................. 103
xvixvi SumárioSumário
 
Capítulo 5
Cogmições e C r e n ç a s ......................................................................................... 107
Terapia C ognit iv a................................................................................................. 108
Problemas com a terapia cognit iva e o paradigm a^45C ....................109
Formulação Revisada da Terapia Cognitiva .................................... 111
A Revisão FAP do A —>B-> C ...................................................................... 114
Com portam ento Mode lado po r Con tin gê nc ias ....................................... 114
Tatos e Mandos: Do is Tipos de Compo rtam ento Ve rb al ........................ 115
Co mpo rtam ent o Go ve rna do Po r R eg ra s............................................... 122
Estr uturas Cognitivas e Com portamento Mo delado por Contingências 125
Im plic açõ es Clínic as da Visã o da FAP So bre as C re nças.... .......................... 126
Fo ca liz an do o pens am en to aqui e ag ora ............................................... 127
Levando em consideração o papel variável que o s pensamentos podem
exercer..................................................................................................... 128
Ofereça explicações relevantes sobre os problemas do clie n te .......... 132
Us e com cuid ado a manip ulaç ão co gn itiva d ir e ta ............................... 133
Ilustraçã o de Caso ............................................................................................. ^
Capítulo 6 
O self ................................................................................................................... 137
Definiç ões Comun s do Self ................................................................................. 138
Um a Formulação Behav iori sta do Self ............................................................. 139
Concei tos Básicos ..................................................................................... 141
A emerg ênci a do “Eu” como um a pequena uni dade funcional ............... 145
Qual idades do “E u” ................................................................................. 153
Desenvolvimento M al-a daptati vo da Experiência do Self ............................. 156
Distúrbios menos graves de Self ........................................................... 156
Distúrbios graves do self. ......................................................................... 162
Implicações Clínicas ........................................................................................... 173
Re forçan do a fala na ausên cia de dicas externas espec íficas... ............ i 74
Combinar tarefas terapêuticas com 0 nível de controle interno no
repertório do cliente......................................... .................................... 176
SumárioSumário
 
xviii Sumário
Reforçando tantas declarações “eu X’' do cliente quanto possível 182
Capítulo 7
Psicoterapia Analítica Funcional : Uma poníe entre a Psicanálise
e a Terapia Comportamental ....................................................................... . 187
A FAP em Contr aste com Enfoques Psicod inâm icos .................................... 188T ransferência .............................................................................................. 188
A Aliança T era pêji ti ca............................................................................. 196
Relações Objetais ..................................................................................... 199
FAP em Contra ste com Terap ias Atuais do Co mpor tam ento .......................... 202
FAP: Um Raro Nicho entre a Psican álise e a Terapia Co mp ortam ental ..... 205
Capítulo §
Reflexões sobre éti ca, superv isão, pesq uisa e tem as c ultu ra is... ............. 209
Temas É tic o s ....................................................................................................... 209
Proceda cuid adosam ente ......................................................................... 210
Evite Exploração Sexual......................................................................... 211
Esteja Alerta para Interro mp er Tratam entos In ef ic ie n te s............. 212
Atente para Valores Opressivos e Pre co nc eitu oso s ............................. 212
Evite T irania Em ocional ........................................................................... 213
Supervisão da FAP ........................................................................................... 215
Pesquisa e A valiação.......................................................................................... 217
Falh as dos Mo delos C on ven cion ais de Pe sq uis a ................................... 218
Métodos Alternativos de Coleta de Dados que Influenciam a Práti ca
C lín ic a .....................................................................................................
220
Problemas Cultur ais Deco rrentes da Perda de Comunicação .................... 225
C o nc lu são ............................................................................................................. 228
R efe rê n c ias .......................................................................................................... 229
índice............................................................................................ .......................... 235
 
1
IntroduçãoIntrodução
Quando penso naqueles pacientes que eu vi experimentarem uma grande mudança, eu sei
que o fogo estava na relação terapêutica ... Havia luta e medo, proximidade, amor e
terror- Havia intimidade e afronta, apreensão e vergonha... era uma jornada significativa,
mais para o paciente que vinha buscar ajuda mas, de fato, para ambos os participantes
Era um processo que percorria todo o desenrolar da terapia e deixava a ambos, paciente
e te rapeuta, al tera dos pela ex p er iê n ci a .A rel ação ter apêuti ca est á no própr io cent ro
da psicoterapia e é o veículo através do qu al a mud ança terapêutica acontece (Greben,
1981, p. 453-454)
Inde pen den te da sua orientaç ão teóri ca, a maioria dos clínicos experientes teve
client es me moráveis, cujas mud anças excederam em muito, e de maneira mar
cante, os objetivos form ais da terapi a. Para estes clientes, a descrição de Greben
 parece capturar um aspecto importante do que foi o processo te rapêutico, mesmo
que o tratamento tenha sido baseado numa teoria bastante diferente da sua
 perspectiva psicodinâmica. Entre tanto, o que fa lta nos escritos de Greben, bem
como na maioria dos sistemas terapêuticos que enfocam a relação entre o
terap euta e o cliente, é um sistem a conceituai coerente, com construtos teóricos
 bem definidos que conduzam , passo a passo, à fo rm ulação de orientações
 precisas para a terapia .
Descreverem os um trat amento que tem um referenc ial conceituai cl aro
e preciso e, ainda assi m, pare ce produzir o que Greben descr eve. Cham amos
nosso tratamento de psic ote rapia analítica funcional (FAP) e talvez possa
causar uma certa surpresa o fato dele derivar de uma análise funcional
skinneriana do am biente psicot erapêutico tí pico. Seus fundamentos estão na
obra de B. F. Skinner (por ex., 194.5, 19.53, 1957, 1974). Na seção seguinte,
iretnos rever os princípios filos óficos mais importantes do behav iorismo radical.
1
 
22 PrefácioPrefácio
Muito embora a FAP seja um tipo de terapia comportamental, ela é
 bastante diferente das terapias com portamentais tradicionais, tais como o treina
men to em habilidades sociai s, reestruturação cognitiva, dessensibilização e terapia
sexual. Ao contrário daquelas, as técnicas util izadas pela FAP são concordan tes
com as expectativas dos clientes, que buscam uma experiência terapêutica
 pro -funda, tocante, intensa. Além disso, ela também se ajusta muito bem a
clientes que não obtiveram uma melhora adequada com as terapiascomportamentais convencionais e àqueles que têm dificuldades em estabelecer
relações de inti midade e/ou têm problem as interpessoais difusos, pervas ivos,
tais com o os que recpbem diagnósticos tipifi cados pelos do Eixo II do DSM -
III-R (Am erican Psychiatric Association, 1987). Para manejar estes problemas
enraizados, a FAP conduz o terapeuta a uma relação genuína, envolvente,
sensível e cuidadosa com seu cliente, e, ao mesmo tempo, apropria-se com
vantagens das def inições claras, lógicas e precis as do behaviorism o radical .
Infel izmente , o beh aviorismo radical tem sido largamente incompreendido
e rejeit ado. Quando perguntam os aos nossos colegas o que lhes v inha à mente
frente ao termo behaviorismo radical, suas respostas incluíram: (1) “Eu pensonas caixas de Sld nner. Sinto um a rejeição v isceral. Eu acho qu e ele é simp lista
e que nega a real idade de um psiquism o intem o, rico e complexo, qu e interage
com a reali dade externa . Pa ia mim, o behaviorismo sempre me parece u muito
arrogante, ao reduzir o incrível mistério de existir, de ser, “ao que pode ser
observado” e (2) “V ocê já ouviu aq uela dos dois behavioris tas radicais que fazi
am amor apaixona damente? Depois , um perguntou para o out ro: Foi bom para
você! Com o foi para m im?” . Estas r eações - que o behav iorismo radical é
simplis- ta, que reduz ações significat ivas somente ao que pode ser obseivado e
que re-quer conse nso público - são r epresentativas dos mal-entendidos que a
maioria dos clí nicos mantêm. Essas distorções são devidas, em parte, à natureza
cripto-gráfica das obras de Skinner, o que lhe dificulta ser interpretado
corretamente, e também devido ao fato de que o behaviorismo radical é
freqüente mente confun-dido co m o behav iorismo m etodológico ou convenci onal,
que é bem mais conhecido. Em contraste com o behaviorismo radical, o
 behav iorism o metodo-lógico exige consenso público p ara as suas observações.
Estudando somente o que pode ser publicamente observado, o behaviorismo
metodológico exclui o estudo direto da consciência, dos sentimentos e dos
 pensamentos. Já bem cedo Sldnner (1945) diferenciava a su a abordagem do
resto da psicologia, declarando que a sua “dor de dentes é simplesmente tão
físi ca quanto a minha m áquin a de escrever” (p. 294) e rejeitava o pré-requisi to
do consenso público. Para ser mais precisa, a anedota acima, contada pelosnossos colegas, deveria começar assim: “Você já ouviu aquela dos dóis
 behavioristas m eto doló gic os... ?” .
 
IntroduçãoIntrodução 33
PRINC ÍPI OS FI LO SÓFICO S DO BEHAV IORI SMG R ADICAL
Quando alguém diz “r adical”, é comum vir à mente a imagem de um
extremista de olhos esbugalhados. O que geralmente não se sabe é que a palavra
radical vem do latim radix, significan do raiz. “O v erdad eiro radi cal* é aquele
que tenta chegar à raiz das coisas, que não se distrai pelo superficial, vendo
floresta no lugar de árvor es. É bom ser radical. Qualqu er pesso a que pense com
 pro fundidade se rá um deles” (Peclc, 1987, p. 25). Ass im é que o behaviorismo
radical é um a teoria r ica e prof unda, que procura chegar às raízes do compor
tamen to humano. Lapsos verbais , o inconscient e, poesia, espiritual idade e m etá
fora, são exemplos dos temas que têm s ido discutidos pelo behav iorism o radi cal.
Sentimentos e outras experiências privadas são também considerados e “a
estimulação srcinada no corpo desem penha importante papel n o com portamento”
(Skir mer, 1974, p. 241). Muito em bora seja difícil conden sar os vários volume s
da obra de S kinner num breve resumo do behaviorismo radical, o texto que se
segue é um a tentativa de de screver os seus princípios filosóficos bási cos.
A na ture za con textuai d o conhecimento e da realidad e
Skinner rejeita a idéia de qu e, conhe cendo-se algo sobre um a coisa, a
expressão deste nosso conhecimento consista numa declaração sobre o quê
aquele objeto do conhecimento é; a idé ia de que esta co isa pos sa ter , de alguma
foima, um a identidade per manente, com o um ente real da nat ureza. Podemos
atribuir ' o status de “co isa” a eventos principalm ente porqu e estam os habituados
a falar sobre o mu ndo como sendo composto de objetos, que sentimos possuir
em um a c onstância ou estabil idade pró pria s. N a verdade, a meta src inal da
ciência, qual seja a descoberta de verdades objetivas, tem se mostrado cada
vez mais inalcançável. No seu núcleo, ciência é ou o comportamento dos
cientistas, ou os artefatos dessas atividades , e o comp ortame nto científico, por
sua vez, é presumidarnente controlado pelo mesmo tipo de variáveis que
governam quaisquer outros aspectos do comportamento humano complexo.
D esta forma, os cientist as são, em si mesm os, não mais do que organism os que
se comportam e as obser-vações que produzem não podem ser separadas dos
interesses e atividades do observa dor.
Esta posição antiontológica de Skinner é similar ao ponto de vista
construtivista ou kan tiano (Efran, Lul cens & Lukens, 1988). No século
XV III ofilós ofo Imm anuel Kant, um dos pil ares da tradição intelectual ocident al, propôs
 
4 Capítulo 1
que o conhecimento é a invenção de um organismo ativo, interagindo com um
ambiente, Em contraste. John Locke, fundador do empirismo britânico, via o
conhecimento como o resultado do mundo externo imprimir uma cópia dele
mesm o numa m ente inicialment e “em branc o”. Decorre daí que Locke considera
as imagens mentais como sendo basicamente “repre sentações” ou “descobertas”
de algo fora do organismo, enquanto Kant assevera que as imagens mentais
são inteiramente criações ou “invenções” do organismo, srcinadas como um
subproduto do seu percurso através da vida. Os construtivistas reconhecem o pape l ativo que elas desempenham na cr iação de uma visão do mundo e na
interpretação das suas, observações em termos daquela visão.
Traduzindo essas posiçõ es em termos de prática clíni ca, um a em preit ada
objetivista, como a psicanálise clássica, é construída em torno da cren ça de que
a verdade objetiva pode ser descoberta e, quando adequadamente revelada,
conduz iria a um a saúde mental melhorada. Por outro lado, a crença constra tivista
é que uma boa intervenç ão gera as suas próprias verdades. T erapeutas objeti vistas
querem saber o que realment e aconteceu 110 passado. T erapeutas construtivist as
estão mais interessados na “história”, como uma chave para a narrativa que
está se desdobrando e que dará aos eve ntos contemporâne os 0 seu signifi cado.
Ou seja , a história e o meio ambiente imediato daqu ele que percebe, influenciam
a percep ção da experiênc ia srcinal e da sua recordação. A s lembran ças reais e
os seus signif icados podem, assim, manter pouca semelhança com os event os e
os seus signifi cados no passado. M uito embora um a verdade objetiva sob re 0
 passado possa ser impossível de ser descoberta, 0 próprio processo de rememorar
e descobrir significados é consi derado com o sendo uma intervenç ão que levará
à melhora do cli ente. Po r exemplo, se uma cliente relata um sonho sobre incesto
e em seguida põe em dúvida a sua veracidade, a ênfase não estaria em se o
incesto ocorreu ou não, mas sim, prefer encialmente, nas ve rdades inerent es ao
sonho, nas condições que ela experime ntou em sua vida que pode riam conduz ir
a tal sonho. Assim, se for efetiva em termos de benefício terapêutico ou de
 prog ressos na terapia, a intervenção te rapêutica que envo lve a recuperação de
mem órias do passado gera as suas pró prias verdades.
 Na tradição constru tivista, 0 behaviorismo radical enfatiza 0 contexto e
o significado. Tire algo do seu contexto e ele pe rder á 0 seu significado. Ponha
este algo em um novo contexto e ele significará outra coisa. Esta é uma das
razões pelas quais Hayes (1987) prefere o termo contextualismo para 0
 behavior ismo radical. Problemas, men tais ou de qualquer outra natureza , não
existem isoladamente. Eles são imputações de significado que se formam dentro
 
IntroduçãoIntrodução 5
de uma determinad a tradição e tê m signifi cado somente dentro desta t radiç ão.
Até m esmo experiências que as pessoas consideram puram ente físi cas são, na
verdade, modeladas pela linguagem e pelas experiências prévias. A dor, por
exemplo, não é simplesmente o disparo de terminações nervosas; é em parte
sensação, em parte ideação temerosa: um revestimento de interpretações
envolvendo sensações (Efran etal., 1988).
Mas no mais das vezes, e ainda que a posição contextualista
(construtivista) p ossa ser intelectualmente atrati va, é difícil trazer estas idéias
 para a n ossa prática de vida em geral e é particularm ente difícil trazê- las para
as práticas terapêuticas. É dizer que psicoterapeutas (behavioristas radicais
incluídos) podem aceit ar o context ualismo em nível intelectual mas não fazem o
mesm o em nível emocion al. Como coloca do po r Furman e Ahola (1988 ):
Qu ando discutimos filosofi a com o s nossos colegas, talvez possam os concord ar prontame nte
em que n ão existe uma única m aneira de ver as cois as. M as quand o isso toca as nossas próprias
crenças sobre client es específ icos, tendemos a nos apegar com tenacidade às nossas própria s
verdades. Esquecemo-nos de que idéias são fabricadas pelos observadores e, finalmente,
convencemos a nós mesmos de que, de algum modo, elas nos oferecem um diagrama da
realidade.. . Po r que pensamos que sabemos quando, na verdade, simplesme nte imaginamos,
construím os, pensamo s ou acreditamos? (p. 30 ).
Uma visão não-mentalista do comportamento: o enfoque nas variáveis
am bientai s que controla m o com portamento
O behaviorismo radical explica a ação humana em termos de
com portam ento ao invés de enti dades ou objetos dentro do cére bro. Assim, ao
invés de “memória” e “pensamento” , a an ális e baseia-se em “lembrando” e “pen
sando”. O com portament o de int roduzi r uma m oeda num a máquina automática
de venda de doces é vist o como com portamento, e não como um m ero sinal que
indica a presença de alguma en tidade fora do compo rtamento em si mesmo, tais
com o impulso , desejo, expectativa, ati tude ou um a desorganização das funções
egóicas. U ma explicação adequada estaria centrada não em entidades mentais,
mas naq uelas variáveis que afetam o comportam ento, t al como o número de ho
ras sem alimentar-se. No mentalismo, processos psicológicos internos, como
“força de vontad e” e “medo do fr acasso”, adqu irem poderes homun culares para
causa r a ocorrên cia de outros eventos, esses mais com portamen tais. Explicações
do comportamento serão incompletas se não envolverem a busca, tão ret roat iva
 
66 Capítulo 1Capítulo 1
quanto possível , de antecedentes observáveis do com portam ento presentes no
meio-ambiente. M uitas das “explicações” psicológicas m ais difundidas pouco
mais fazem do que especifi car algum processo intem o com o sendo a causa de
um aspecto particular do comportamento. Neste caso, é um questionamento
inteir amente razoável pedirmos explicações sobre o quê faz esse processo intemo
agir como ele age.
É impo rtante notar que Sk inner faz objeções a coisas que sejam mentais,
não a coisas que sejam privadas. Entretanto, aos eventos privados Skinner não
atribui qualquer outro status dist intivo que não seja o da sua privacidade. Eles
 provêm do mesm o material dos comportamentos públicos e estão sujeitos aos
mesm os estímulos discriminativos e reforçadores que afetam todos os com por
tamentos. Assim sendo, na visão de Skinner a resposta privada de um cliente
 pode ter tanto (ou tão pouco) efeito causal no seu comportamento subseqüente
como pode ria ter um a resposta públi ca.
Assim é que, ao procurar explicações para o comportamento, os
 behavioristas radicais percebem a si mesm os como estando, essencialm ente,
engajados numa busc a por “variávei s de con trole”. Eve ntos são considerados
como variáveis de controle quando eles são percebidos com o estando, de alguma
forma, rel acionados ao comportamento. O com portamento verbal que descr eve
uma relação entre um comportamento e variáveis de controle é chamado de
declar ação de uma relaçã o func iona l e a tentativa sistemática de descrever
relações funcionais é cham ada de análi se fun cion al do comporta mento.
O inter esse est á centrado no com portam ento verbal c ontrolado p or event os
diretame nte obse rvad os
Todo comportamento verbal, não importa quão privado pareça ser o
seu conteúdo, tem as suas srcens no ambiente. Embora os fenômenos
relacionados ao funcionamento verbal humano possam variar do mais inti ma
mente pessoal ao mais publicamente social, toda linguagem que faça sentido
tem a sua forma eficaz mode lada pela ação da com unidade verbal. D esta for ma,
quando um a falante di z que ela vê uma imagem dentro da sua mente, o que est á
sendo dito precisa ter-l he sido ensinado, na sua infância, por outros que não po 
deriam ver dentro da sua mente. Assim , para o processo d e ensino os “professores”
 precisar iam, necessariamente , dispor de
eventos dire tamente observáveis (ver
Capítulos 4 e 6).
 
Que fatores estão envolvidos em levar 0 falante a falar 0 que ele ou ela
faz? Con hecer de maneira completa 0 que leva a pes soa a falar alguma coisa é
ente nd er o significado do que foi dito no seu sentido mais profund o (Day, 1969).
Por exem plo, para entender o que uma pessoa q uer dizer quando ela fala que
acabou de ter uma experiência de estai' fora do corpo, procuraríamos por suas
causas. Primeiramente, desejaríamos saber sobre a estimulação que foi experi
men tada no corpo. A seguir, gostarí amos de saber porqu e um estado corporal
 par ticular foi e xperimentado como fora do corpo. Des ta form a, procu raríam os
causas am bientais na história passad a daquela pessoa, incluindo as circunstâncias
que ela en controu enquanto crescia e que resultaram nela falar “corpo” , “fora
do”, “acabo de ter” e “ Eu” (uma descrição de algumas experiências que result am
em “Eu” está apresentada no Capítulo 6). Tão logo saibamos de todos estes
fatores, entenderemos profundam ente 0 s ignificado do que ela quis dize r.
A observação d iret a é al tamente valorizada como um m étodo de reunir
dados relevantes. Entretanto, é importante notar que o que é observado não
necessita ser público. Skinner tem uma posição crítica no que diz respeito à
filosofia da “verdade por consenso”, uma perspectiva freqüentemente adotada
 po rbehavioristas convencionais os quais sustentam atese de que 0 conhecimento
científ ico necessita ser de nat ureza essencialmente pública. De fato, na m aioria
das vezes é mais fácil considerar a observação como algo privado, porq ue somente
um a pessoa po de participar de um ato singular de obser vação. M as o interesse
não está restrito somente aos eventos que, em princípio, são considerad os como
sendo o bserváveis por um a outra pessoa. Os behav ioristas radi cais sentem-se
livres para observar ou mesm o responder às suas próprias reações a uma sonat a
de Beethov en, assim como eles estã o livres par a ob servar a reação de qualquer
outra pess oa (Day, 1969). Uma vez que a observação do com portamento tenha
ocorrido, os o bservadores são encorajados a falarem interpretat ivamente sobre
0 que foi observado, reconhecendo que a interpretação particular que for fei ta
 por eles será um a função da sua pró pria his tó ria pessoal. Simplesmente, eles
têm a esperança de que 0 quê eles vêem, venh a a exercer uma crescent e influência
no q ue eles diz em.
A infl uência ampliada d o m undo naquilo que é dito é também entendi da
como um con tato a mpliado com 0 mundo. O contato é alt amente desejável para
o cientista e pode ser vi sto como o núcleo da ciência. Um contato ampliado é
também desejável para a maioria dos cli entes que com parecem à psicotera pia.
Por exemplo, clientes que não expressam emoções (ver Capítulo 4), podem
tamb ém ser descrit os como pessoas que estão evitando contato com situ ações
que eliciam em oções e por isso poderiam te r dificuldades em relações íntimas .
IntroduçãoIntrodução 7
 
Capítulo 1
Os princípi os filosóficos vist os acima - que o conhecimento é contex tuai,
que o comportamento é compreendido de maneira não-mentalista e que mesmo o
comportamento verb al mais privado tem as suas ori gens no ambiente - fornecem a
linguagem e o conceito de natureza humana que pretendem tomai' clara a inte
ração entre o comportamento de um indivíduo e o ambiente natural. Conceitos
 behavioristas radica is têm sido usados tanto para explicar um a ampla gama de
 práticas terapêuticas, como a psicanálise e a dessensibilização, como também para
explicar experiências humanas como o sentimento, a apreensão, o self e a raiva.
Uma outra aplicaçã o dos conceitos sldnneriano s, denom inada análise 
experimental do com portamento, é uma abo rdagem m ais estreit a e que uti liza
analogias c om procedim entos de condicionam ento operante, desenvolvidos em
laboratórios, para solucionar problemas clínicos da vida cotidiana. Usamos o
termo ‘analogias’ porque e xistem diferenças significati vas entre a aplicação c lí
nica e o trabalho de laboratório (como discutiremos mais tarde), diferenças
essas que têm impo rtantes imp licações para a psicoterapia. N a seção seguinte,
estaremos desenvolvendo os nossos argumentos sobre como os fundam entos da
análise experimental do compo rtam ento com põem o suporte teórico da F AP.
SUPORTES TEÓ RICOS DA F AP
O inter esse da análise experimen tal do comp ortamento está centrado no
reforçament o, na e specifi cação dos com portamentos clinicamente relevantes e
na generalização (Reese, 1966; Kazdin, 1975; Lutzke r & Martin, 1981). Estes
 proced imentos têm se mos trado extremamente poderosos no tratamento de
 pacien tes institucionais, estudan tes em sa la de au la e crianças muito jovens ou
severamente perturbadas, populações para as quais o terapeuta pode exercer
um grande controle sobre o arranjo amb iental coti diano. Com as exceções de
Hayes (1987) e Kohlenberg e Tsai (1987), o behaviorismo radical e a análise
experi mental do comportame nto têm sido negligenciadas com o um a fonte de
 procedimentos pa ra o tratam en to de adultos em consu ltórios psicológicos . Esta
desatenção ao beha viorism o radical com o fonte de idéias para a psicote rapia de
adultos é - um tanto m isteriosa pa ra nós. Co nforme já fizemo s notar, a teoria é
extensiva e engloba muitos dos conce itos relevantes para o psicoterapeuta. A lém
disso, esta concepção teór ica tem estad o disponível já há um bom tempo. Muita s
 
Introdução 9
das idéias relevan tes para a psicoterapia foram publicad as nos an os 50 (Skinner ,
195.3, 1957). Há também muitos profissionais, analistas experimentais do
comportamento, que estão familiarizados com estes princípios teóricos e que
estão igualm ente interessad os no trabalho clínic o. É bem p ossív el que o pr óprio
sucesso da análise experimental do comportamento em am bientes controlados
(por ex,, hospitais, escolas) tenha impedido a sua aplicação ao ambiente
 psicoíerápico, bem menos controlado. O que estamos sugerindo é que os analistas
experimentais do com portamento foram tã o bem sucedidos com uma aplicação
limitada da teoria que não examinaram as implicações bem mais extensas do
 behav io rism o radical, re levan tes para a psicoterapia de adultos.
Um obstáculo adicional às apli cações do behaviorismo radical vem das
dificuldades na transposição dos métodos da análise experimental do
com portam ento para a situação psicoterapêutica. Como algumas das r estri ções
que a situação de tratamento em consultório de pacientes adultos estabelece
 para es ta tran sposição , temos: o contato terapeuta/clien te limitad o a uma ou
mais horas de terapia po r semana, o fato do terapeuta não ter acesso ao comp or
tamen to do cliente fora do atendimento e a falt a de controle sobre as contingências
fora da sessão. A FAP tem a sua base na investigação de com o o reforçamento,
a especificação de comp ortamen tos clinicamente relevantes e a general ização
 podem ser obtidos dentro das limitações de uma situação típica de tratam ento
em consultório.
Reforçamento
A m odelagem direta e o fort alecimento de reper tórios comportamentais
mais a daptativos através do reforçamento são cen trais no tratamen to analíti co-
compo rtamental. Usam os o termo reforçamento no seu sentido técnico, genérico,
referindo-se a todas as conseqüênci as o u contingência s q ue afetam (aumentam
ou diminuem) a força do comportamento. A definição de reforçamento é fun
cional, ou seja, algo pode ser definido como um reforçador se, depois da sua
apresentação, há o efeito de aumentar ou diminuir a força do comportamento
que o precedeu.
Para alguns leitores esta definição pode ser insatisfatória, de vez que
ela não identifica reforçadores específicos como sorvete, sexo ou confeitos de
chocolat e. O refor çamento não pode ser defini do d esta forma porqu e ele é um
 processo : u m objeto funciona como um reforçador somen te no contexto
de u m
 
1010 Capítulo 1Capítulo 1
dado processo e não pode ser identi ficado independentemente dele. A inda que
um sorvete possa reforçar o comportamento de uma pessoa, poderá não ter
qualqu er efeit o sobre o com portam ento de uma outra e, portanto, não seria um
reforçad or para o comportam ento. Além disso, o reforçam ento pode atuar s obre
algo que não gostamos. Po r exemplo, um dentista que esteja presen te no horári o
combinado para o nosso atendimento, reforça nosso com portamento de m arcar
horários para outros atendimentos, mesm o que o tratamento d entário sej a, em simesm o, uma experiênci a desagradável .
Mais aind a: é importante notar que o reforçamento não é um processo
consciente. Muito 'do nosso comportamento foi modelado por processos de
reforçam ento antes mesm o que aprendê ssemo s a falar. Quando o reforçam ento
ocorre, ocor re também u ma m udança física no nosso cérebro, da qual não nos
damos conta. Ainda que possamos experimentar uma sensação de prazer ou
uma inclinação para agir desta ou daquela maneira, nós não percebemos o
fortal ecimento do nosso com portamento. Por exemplo, se um m oço diz “Amo
você” para a sua namorada e ela sorri calorosamente e diz “Eu também amo
você” , ele poderá sentir um a sensação de prazer em seu coipo e pensa r “Isto é
maravilhoso!”. Mas, neste exato momen to, o prazer independe do processo de
fortalecimento. O pensam ento “isto é maravilhoso!” foi o resultado da sensaç ão
de prazer, no senti do de que ele estava descrevendo os seus sentimentos par a ele
mesm o. Seu comp ortamento foi fortalecido e também o correram aqueles senti
mento s e pensamentos prazeirosos. De man eira alguma a consciência dos pensa
mentos e senti mentos que acompan haram o processo de reforçamento são neces
sários para que o comp ortamen to seja fortalecido.
Desde o início dos tempos, somente aquelas criaturas cujo
comp ortamento fosse fortalecido pelas suas conseqü ências pud eram adaptar-se
a um ambiente em constante mudança e assim sobreviverem. Desta forma, o
 processo de reforçam ento é o resultado da evolução. Conforme discutiremos
mais adiante com m aiores detal hes, é um processo com portamental básico que
conduz à consciênc ia, ao pensamento, ao se lf e à essência da experiência humana.
O mom ento e o l ugar do reforçamento
Um a das característi cas bem con hecidas do reforçamento é que quanto
mais próximo das suas cons eqüências (no tempo e no espaço) um com portamento
estiver, maiores serão os efeitos deste processo. Qualquer um que já tenha
 
IntroduçãoIntrodução 1111
dispensado pelotas de com ida a um rato numa caixa de Skinner , pôde observar
os efeitos deletérios que o atraso do reforçador pode ter no comportamento do
animal. Todavia, o processo de modelagem é eficaz, se a pressão na barra e a
 pelota de comida estiverem bem próximas uma da outra, no tempo . D e maneira
semelh ante, é fácil par a o terapeuta reforçar, e assim fortalecer, as habilidades
de relaxamen to do cliente enquanto elas ocorrem no con sultório. Ou seja, quando
solicitado, o cliente prontamente relaxará 110 consultório, porque o terapeuta
está presente e pode reforçar diretamente o comportamento. Por outro lado, é
amiúde um problema fazer com que os clientes cumpram um programa de
relaxam ento em casa, entre os atendimentos, pois o terapeuta só pode reforçar 0
com portamen to quando os client es comparecem à consult a.
Para 0 paciente de consultório, isto implica em que os efeitos do
tratamento serão mais significativos se os comportamentos-problema e as
melho ras oco rrerem durante a sessão, onde est es estarão, no tempo e no espaço,
o mais perto possível do reforçamento. Esta é a razão pela qual a FAP é um
tratamento para problemas cotidianos que também ocorrem durante 0 atendimento
terapê utico. Exem plos de tais probl emas incluem as dificuldades nas relações
de intimidade, incluindo os me dos do abandono, da rejeição e de ser “engolido”
na relação; dificuldades na expressão de sentimentos; afetos inapropriados,
hostilidade, hipersensibilidade a críticas, ansiedade social e comportamentos
obsessivos-compulsivos. As palavras acima não se referem a estados mentais
ou internos. São uti lizadas aqui com o termos descritivos de uso geral , para dar
ao leitor um a idéia da gam a de comportame ntos obse rváveis do cliente que, s ob
as condições ap ropriadas, pod em ser evocados e modificado s durante a ter apia.
Um a outra caracterí stica i mportante da FAP - e que é de certa maneira
 problemática - é que melhoras no comportam ento do cl iente que ocorrem no
consultório, deveriam ser reforçadas imediatamente. O reforçamento de
comp ortamentos durante a sessão é problemático porque a própria tentat iva de
aplicar 0 reforçamento de maneira imediata e contingente pode também,
inadvertidamente, tomá-lo ineficaz e at é mesmo contrapr oducente.
O problema em aplicar 0 reforçamento durante o tratamento nasce da
imitação dos métodos da análise experimental do comportamento. Com 0
 propósito de atingir a m eta de reforçar a resposta o mais prontamente possível,
os analistas experimentais do comportamento, quando clinicando, usaram
 procedimentos análogos aos usados, em laboratório , em experim entos operantes
com animais. Aqueles clínicos adotaram a regra “Dê a pelota de comidaimediatamente após a resposta” e fizeram uma transposiçã o literal para a situaç ão
 
12 Capítulo 1
clínica: “Dê o confeito de chocolate imediatamente depois que a criança
 perm anecer na cadeira por dois minutos.”. E ntretan to, o propósito dos expe
rimentos de laboratório era o d e estudar os parâm etros do reforçam ento e não o
de beneficiar o sujeito ou obter uma generalização do comportamento para a
sua vida cotidiana.
Ferster (1967, 1972b, c) discutiu extensam ente as implicações clínicas
da utilização do reforçamento arbitrário, ta l como o em pregado em m ontagens
de laboratóri o, contra stando- o com o tipo de reforçam ento que ocorre no ambiente
natural . Antecipand o os risco s do uso do refo rçam ento no tratam ento de pacient es
de consultório, Ferster'avisava que muitas das recompensas utilizadas pelos
anali stas experi mentais do com portamento - alimento, objetos simbólicos e
elogi os -po de ria m ser a rbitrár ias. Ele via iss o com o um séri o problema clíni co
de vez que, comportament os reforçados arbitrar iamente somente ocorrer iam
quando o controlador estivesse presen te ou se o cliente e stivesse interessado no
tipo específico de recompensa que estivesse sendo oferecida, Com o exem plo de
um reforçamento arbitrário que foi distorcido, ele citava o caso de um autista
que apresentava mutismo eletivo e , tratado pela análise do com portamento, parava
de falar quando o alimento não estava presente.
 Reforçamento Natura l versus Arbitrário
Devido às deficiências do reforçamento arbitrário, a FAP orienta-se
 para prover reforçam ento natural às m elho ras do cliente que ocorrem durante a
sessão. Nossas sugestões sobre como fazer isso se encon tram no Cap ítulo 2. As
comparações abaixo ajudarão a destacar a diferença entre os dois tipos de
reforçamento. R eforçadores arbitrár ios e naturais diferem em quatro dimensões
 básicas, como expomos a seguir:
1. Quão ampla ou estreita é a classe de respostas ? O reforçamento
arbitrári o especifica um desemp enho estreito enquanto o reforçamento natural é
contingente a uma am pla clas se de respost as. P or exem plo, um p rofessor que
esteja usando reforçamento arbitrário para ensinar um menino disléxico a ler,
está sujeit o a estar sendo limitado e contra produ cente em sua práti ca. C omo é o
caso de qualquer pessoa usando reforçamento arbitrário com propósitos
educacionais, este professor precisa decid ir quais os com portamen tos que serão
reforçados e quais os p unidos . E le decide punir o men ino por ler uma revist a em
quadrinhos ao invés do livr o texto . Este profe ssor está mostrand o um a das de fi-
 
Introdução 13
ciênc ias do uso de
reforçamento arbitrário, ou seja , ele está pedindo uma resposta 
estreita - ler o livro-texto - e perdendo de vista a class e de respost as muito mais
ampla de ler, em geral. O reforçamento natural inerente à leitura (tais como os
 proporc ionados pelas informações, pelo divertim ento) reforça uma ampla classe
de respostas, que inclui ler revistas em quadrinhos, resultados de corridas e
tan tos outros. Assim, u m dos riscos no uso d e reforça me nto arbitr ário é que ele
 pode inadvertidam ente in terferir com o reforçamento natural e com a aquisição
do compo rtamento-a lvo.
2 . O comportamento desejado existe no repertório da pessoal 0
reforçamento natural inicia com um desempenho já existente no repertório da
 pessoa, enquan to o reforçam ento arbitrário não leva em conta, no mesmo grau
do refo rçam ento natural, o repertório de c om portam entos exist ente na pessoa.
Tal é o caso quan do um a m ãe critica a prime ira ten tativa de sua fil ha em costurar
um a peça em cu rva e não lev a em conta o seu nível de habil idade em costear. A
utiliz açã o da crítica como re força men to arb itrário fe z com que essa mãe falhasse
em ve r qu e a sua filha estava se saindo be m p ara o n ível das suas habilidades
atuais em costura. Po r contraste, o re forçam ento natural consist iria na a preciação, por essa mãe , de uma peça de costura u tilizável que a filha conseguiu fazer em
sua prim eira tentativa, desconsiderando a sua aparênci a.
3. Quem proporciona o reforçamento è o primeiro beneficiado ?
Refo rçam ento arbitr ário prod uz m udanç as de com portamento na pes soa sendo
reforç ada que somente ben eficiam a pessoa que faz o ref orça mento. Nenhum
 benefic io precisa ser oferecido à pesso a submetida ao reforçamento arbitrário.
 N a verdade, pessoas são freqüentem ente pre ju dic adas pelo reforçamento
arbitrário. Adultos que abusam sexualmente de crianças usam reforçadores
arb itrário s (am eaças, e logios, abuso físico) pa ra o bter aceit ação. Mui tas vezes
eles reiv ind icam ben efícios pa ra a cr iança d izendo “que ela quis isso” ou “ela
tev e ex periê ncias de sex ualida de e des sa form a foi beneficiad a” . Este argumento
é ridículo; qualquer adulto que usa sexualmente uma criança não o faz para
 beneficia r a ela, a criança. Na verdade, o abuso sexual pode causar uma ampla
va ried ade de prob lem as e, esp ecificam ente, interfere co m o refor çamento natural
do com portam ento sexual que oco rre em relações ínti mas cons ensuais.
4. Para o comportamento que está sendo apresentado, o reforçador 
ofereci do é típ ico e co mum ente pres ente no am biente nat ural ? Uma outra
maneira de formular esta mesma pergunta é: “Para este comportamento em
 particular, qual se ria o refo rçam ento mais pro vável no ambiente natural?”.
Reforçadores naturais são partes mais estáveis e fixas do ambiente natural do
 
1414 Capítulo 1Capítulo 1
que os reforçadores arbitrários. Este aspecto do reforçamento é o mais
facilmente perceptível, de vez que um o bserv ador não necess ita da história dos
indivíduos envolvidos numa operação de reforçamento para que possa dizer
quão típico é o r eforçam ento que está sendo utili zado. P or exem plo, a maioria
das pessoas co ncord aria que dar doces ao seu filho para que ele vista o casaco
é arbit rário, ao passo que lhe cham ar a atenção por estar sem casaco é natural.
Pagar à sua filha para que pratique no piano é arbitrário ao passo que o fatodela tocar simplesm ente pela música criada é natural. De igual maneira, multar
o seu cliente em alguns centavos por não manter contato visual é arbitrário,
enquanto que é natural deixar que a sua atenção flutue.
Em re sumo, o reforça mento natural é diferente do reforçamento arbitrário
 por fortalecer um a ampla classe de respostas, por ter em consideração o nível de
habilidade da pessoa, por beneficiar pri mariam ente a pessoa sendo reforçada ao
invés da pessoa que prop orciona o reforço e po r ser típico e de ocorrência comu m
no ambiente natural . Entretanto, a maior parte das conseqü ências não se encai xa
 perfeitamente nas categorias associadas tanto ao reforçamento arbitrário quanto
ao natural e, prova velme nte, apresentam dim ensões de am bos os ti pos.
Em bora nenhum a pesquisa t enha com parado diretamente os reforç a-
men tos arbitrário e nat ural, dados que fundamentam a nossa posição provi eram,
 paradoxalmen te, de pesquisas orien tadas cogn itivãm ente e planejadas para
desacreditar a ênfase behaviorist a no reforçamento. A pesquisa concernia ao s
efeitos de recompensas externas sobre a motivação intrínseca (estes termos não
são comportamentais mas foram aqueles usados pelos investigadores nãó-
 behavioristas ). Por exemplo, Deci (1971), num estudo típico deste tipo de
 pesquisa, pagou a um grupo de sujeitos para encontrarem soluções corretas
 para u m quebra-cabeças e comparou este grupo a um outro , ao qual foi dado o
mesm o problema, porém sem qualquer pagamento pelo en contro da soluç ão.
Quando deixados sós por oito minutos, numa situação de “descan so”,'o s sujeit os
 pagos ocuparam menos tempo manipulando o quebra-cabeças do que os sujeitos
sem pagamento. Após uma revisão da literatura sobre este tipo de pesquisa,
Levine e Fasnacht (1974) argumentaram que “recompensas externas” são
arriscadas, po r apresentarem pouco pode r de perm anên cia (isto é , um a resist ência
reduzida à extinção) e interferem com a generalização, “solapando” assim o
 pró prio com portam ento que elas visavam fo rtalecer . Operacionalm ente ,
“recompensas externas” e “motivação intrínseca” correspondem aos conceitos
de Fers ter de reforçam ento arbitrári o e natur al. Assim , em bora os dados sobre
mo tivação intrínseca tenham tido o intento srcinal de demo nstrar defici ências
 
IntroduçãoIntrodução 1155
na abordag em behaviorist a, esse s dados po dem ser vi stos , alt ernat ivamente,
com o um exem plo no qual o r eforçamen to arbi trário mostrou efeitos negat ivos.
Especifi cação de c om portam ento clini camente relevant e
Além do reforçamen to, a anális e do comportamento é caracterizada por
sua atenção à especifi cação dos com portamen tos de int eress e. O term o compor
tamento clinicamente relevant e (CRB) inclui tanto os com portam entos-problem a
com o os comp ortamentos finais des eja dos. Discutir emos os dois componentes
da especificação de com portamentos clinicamente relevantes - a observação e a
definição compo rtamental - e examinaremos as implicaç ões diss o para a condu 
ção de terapias de pacien tes em consultórios.
Obsei-vação
A obseivação é um pré-requisi to neces sári o para a definição compo r
tamen tal dos CRBs (comportamentos clinica mente relevant es). O s behavioris tas
assum em que, se os compo rtamentos podem ser observa dos, então ele s podem
ser especificados e contados. Obviamente, o comp ortamen to-problema do client e
não po de ser obser vado a menos que ele ocorra na presença do terapeut a. Para
atend er a est e requisito, os analista s do co mp ortamen to têm (a) tr atado clientes
que estão com seu movimento restrito, tais como aqueles hospitalizados ou
internados em presídios, ou (b) tratado problemas graves e que se manifestam
com alta f reqüên cia, com o ecolalia em crianças auti stas .
Ainda que seja conveniente usa r problemas graves e amb ientes rest ritos
 para observ ar dire tamente o comportam ento-problema, qualquer pro blema que
 possa ser diretam ente obseivado é adequado para um a análise do comportamento.
O ambiente psicoterapêutico do cliente de consultório atende a este requisito
caso o problem a cotidiano do client e seja de tal natureza que tam bém ocorra
durante o atendimen to. Um exemplo significa tivo, ainda que trivi al, é o de alguém
que procu ra tratamento po r ter f icado “sem palavras” ao relatar ao seu médico
suas queixas e q ue realmente fica “sem palavras” quando est á relat ando esse
seu problem a ao terapeut a. Fundam entada no pré-requis ito da observação, umaabord agem
terapêu tica analí tico-comportamental para um paciente de consultório
 
16 Capítulo 1
enfoca aqueles problemas do mun do externo ao consultório que tamb ém ocorrem
durante a sessão.
 Definindo comportam enialmente os CRBs
Tradicionalmente, os analistas do comportamento têm formuladodescrições comportamentais de comportamentos-alvo que se refiram exclu
sivamente a;comportámen tos observáveis. Este requisito atende ao propósito de
obter-se confiabilidade, medida por consenso entre os observadores. Os
observadores, os quais devem concordar se um problema de comportamento
ocorreu ou não, habitualmente incluem o terapeuta e pelo menos uma outra
 pessoa. Entretanto e por conveniênc ia, es ta ou tra pe ssoa u tilizada como obse r
vador costuma ser relativamente inexperiente, tal como um estudante de
graduação. Observadores inexperientes podem realizar o trabalho quando os
comportamentos de inter esse são simples , tais como comp letar um problema de
matemática, a ocorrênc ia de um tique faci al ou o com portamento de roer u nhas.
Mas são el es mesmos um problema, quan do os comp ortamentos são algo mais
comp lexos (por ex. , ansiedade e discórdia conjugal). Quan do os compo rtamentos-
 pro blem a são mais complexos, é nece ssário um treinam ento , antes que os
observadores possam fazer o trabalho. Por outro lado, a quantidade de tr eina
me nto qu e pode ser dada é limit ada. A ssim, o uso de observad ores r elativamente
ingênuos tem colocado um limite prático com relação à complexidade dos
compo rtamentos com os quais os analistas do com portamento têm traba lhado.
Por exemplo, estari am excluídos tratamentos que env olvessem com portamentos
finai s que não existi ssem no repertório dos o bservadores, fato que não pod e ser
remediado através do treinamento do observador. Exemplos de tais compor
tamentos do cliente incluem reações interpessoais mais sutis, como as relacionadas
às relações de intimidade e à aceitação de riscos interpessoais.
 Na prát ica, é quase im possível obter -se a dese jada ob jetiv idade com
 base nas descrições comportamentais típicas que são formuladas para problem as
aplicados (Hawkins & Dobes, 1977). Não obstante, o consenso entre os
observadores é enormemente facilitado se o comportamento que está sendo
observado exist e no repertóri o dos observadores. A inda qu e certas habilidades
(por ex., lance s livr es no basquete ou o desem penho físico de um ginast a) possam
ser observadas e aval iadas com con fiabili dade po r alguém qu e não possui essas
habilidades, geralmente é dif ícil obter-se confiabilidade na o bservação de comp or
 
Introdução 11 77
tamentos interpessoais complexos que inexistam no repertório do observador.
Conseqüentemente, é mais fácil para os terapeutas perceberem e descreverem
com portam entos clinicamente relevantes s e o comportam ento final desej ado fizer
 parte do seu próprio repertório. Como exemplo, poderia ser difícil para um
terap euta que nã o tenh a estab elecido re lações de intim idade em* sua vida,
discriminar, no cliente, a presenç a ou a ausência desses com portame ntos.
Por estas razões e para os tipos mais sutis de problemas que a psico-
terapia de clientes adultos ap resenta, a observaç ão direta e a definição comporta-
mental do problem a e dos com portamentos fina is desejados podem ser lev adas a
cabo se (a) os comportamentos relacionados ao problema ocorrem durante a
sessão e desta ma neira pode m se r dir etamente observado s, e se (b) o terapeuta e
os observadores forem c uidadosamente selecionados de forma que eles mes mos
tenham , em seus repertórios, os comportamentos finais desej ados para o cliente.
Prep arand o a gener al iz ação
A terap ia será ineficaz caso o cliente me lhore no am biente terapêuti co
mas esses ganhos não se tr ansfiram para a vida cotidi ana. P or isso , a genera
lização tem sid o um a preocupação fundamental para os analistas d o compor
tamento. A m elhor m aneira para preparar a generali zação é conduzir a terapi a
no mesm o am biente no qual o problema ocorre. H istoricamente, os analist as do
com portam ento têm co nseguido este obj etivo at ravés do oferecim ento de r eforça-
me nto ime diato em instituições, salas de aula, na residênc ia do cli ente ou onde
mais seja possível condu zir o trat amento no mesm o am bient e onde o problema
ocorreu.
Com o podem os m edir ou determinar se dois ambient es são similar es?
U m a análise for mal procura descrever e comp arar os ambientes em termos d as
suas carac terísticas físi cas. A s limitações deste tipo de análise são encontradas
quando comparamos dois ambientes que são diferentes em alguns aspectos,
mas semelhantes em outros. Por exemplo, se voc ê conduzir um tratamento para
déficit s de atenção num a classe de educação especial , os comp ortamentos adqui
ridos gen eralizar-se-iam para um a clas se regu lar ou para o am biente doméstico ?
Para evitar est e problema, a com paração pode ter po r base uma análise fun cion al.
Os ambientes são então com parados com base no com portamento que eles evo
cam, ao invés das suas características físicas. Se eles evocarem o mesmo
com portam ento, então são funcionalme nte s imilares.
 
Embora análises do comportamento não sejam tradicionalmente
conduzidas num ambien te de psicoterapia para adu ltos, elas poderiam ser, se o
ambiente terapêuti co for funcionalmente similar ao amb iente cotidiano do cliente.
Uma similaridade funcional entre estes dois ambientes estará demonstrada se
comportamentos clinicamente relevante s ocorrerem em ambos os ambien tes.
Por exemplo , um hom em cujo problema apresentado é uma hostilidade que se
desenvolve em relações interpessoais próximas, demonstrará que o ambienteterapêutico é funcionalmente similar ao seu cotidiano se ele desenvolver um a 
hostili dade em relação ao terapeuta na medida em que um a relação mais próxima
venh a a se estabelecer entre eles .
 Neste capítulo, lançamos as bases para a psicoterapia analítica funcional,
descrevendo seus pressu posto s teóricos e fil osóficos. Co mo esqu ematizad o no
 prefácio, os Capítulos 2 e 3 são ded icados às técn icas de manejo clínico e a
estratégias para am pliar as percep ções do terap euta. A seguir, nos C apítulos 4
e 5, revemos os conceit os, o papel e a im portância das recordações, das emoções
e da cogni ção para a mu dança do com portamento. No Capítulo 6 , formulam os
um a teori a com portamental do desenvolvimento da noção do se lf e discut imossuas implicações clínicas. No Capítulo 7, comparamos e contrastamos a FAP
com a psicanális e e com ou tras terapias comp ortam entais e demonstram os que
a FAP aproveita-se dos melhores atributos desses dois enfoques. Finalmente,
temas éticos e temas cu lturais, de supervisão e de pesq uisa são exam inados no
Capítulo 8.
18 18 Capítulo Capítulo 11
 
Aplicação ClínicaClínica da
PsicoterapiaPsicoterapiaAnalítica FuncionalFuncional
A aplicação clínica da FAP será discutida em termos de certos tipos de
com portamento do cliente e do ter apeuta, os quais ocorrem ao longo da sessão
de terapia. Os comportamentos do cliente são seus problemas, progressos e
i inter pretaç ões. Os comportam entos do terapeuta são métodos terapêuticos, que
inclu em evocar, notar, reforç ar e interpretar o com portam ento do cli ente.
PROBLEMAS DO CLIENTE E COMPORTAMENTOS
CLINICAMENTE RELEVANTES
Tudo que um terapeuta pod e fazer para auxili ar os client es oco rre durante
a sessão. Para o behaviorista radical, as ações do terapeuta afetam o cliente
através de três funções de estímulo: 1) discriminativa, 2) eliciadora e 3)
reforçadora. Um estímulo discriminativo refere-se às circunstâncias externas
nas quais certos comportam entos foram reforçados e onde, conseqüentemente,
tomam -se mais prováveis de ocor rer. A m aior part e de nosso comportamento
está sob controle discriminat ivo e é usualmente conhecido co mo comportamento 
voluntário (comportamento operante). Um comportamento eliciado
1199
 
20 Capítulo 2
(compo rtamento respondente) é produzido de modo reflexo e é costumeirame nte
denominado invo luntário , A fu nção reforçadora (discutida no C apítulo 1) refere-
se às conseqüências que afetam o comportamento. Cad a ação do terapeuta possui
um ou ma is destes três efei tos. Por exemp lo, uma a ção do terapeuta poderia ser
 pe rgun tar ao cliente “O que você es tá sentindo agora?” O efeito discriminativo
afirm a que “agora é apropriado você dizer como se sente.” A questão, entretanto ,
 poderia também ser aversiva para o cliente e, assim, puniria o com portam ento
que precedeu a questão do terapeuta; esta é a função reforçadora. A função
eliciado ra da pergunta pode ria fazer o cliente enrube scer, sua r e induzir outros
estados coiporais. Os motivos pelos quais o cliente reage destas formas à pergunta
sobre sentimentos enco ntram-se em sua história de vida.
Ao assumirmos que (1) o único modo do terapeuta ajudar o cliente é
 por m eio das funções reforçadoras , disc riminativas e eliciadoras das ações do
terapeuta, e que ( 2 ) estas funções de estímulo no decorrer da sessão exercerão
seus maiores efeit os sobre o com portamento do client e que ocorrer na pr ópria
sessão, então a principal car acterística de um prob lem a que poderia ser alvo da
FAP é que ele ocorra durante a sessão. Além disso, os progressos do cliente
tam bém deverão ocorrer dur ante a sessão e sere m naturalmen te reforçados pel os
reforça dores existentes na sess ão. O mais impo rtante é que os reforçadore s sejam
as ações e reações do terapeuta e m relação ao client e.
Três comportamentos do cliente que podem ocorrer durante a sessão
são de particular relevância e são denominados compo rtamentos clinica mente 
relevantes (CRB).
CR B1: Problem as do cli ente que oco rrem na sess ão
CRB ls referem-se aos probl ema s vigentes do client e e cuja freqüênci a
deveria ser reduzida ao l ongo da t erapia. Tipicamente, os CR B ls são esquivas
sob controle de estímulos aversivos. Tal comp ortam ento pod e ser ilustrado por
casos clínicos reais, como os descritos abaixo:
1. Um a cliente cujo problema é não ter amigos e que afi rma “ não saber
conquistá-los” exi be comp ortamentos como: evitar cont ato visual , res
 ponder a perguntas fa lando excessivamente, de um modo imprec iso e
tangencial, tem uma “crise” atrás da outra e exige ser cuidada, fica
 
Aplicação Clínica da FAP 21
enfu recida se o terapeuta não Lhe forn ece tod as as respostas, e freqü en
temen te queix a-se de que o mund o não se imp orta com ela e lhe reservou
a pior parte.
2. Um home m cuj o prin cipa l problema é evitar relac ionamentos amoros os
sempre d ecide, antecipadamente, sobre o que vai falar na terapia, vi gia
o rel ógio para encerrar a se ssão pon tualmen te, afirma q ue só poderá
ter sessõe s qu inzenais em função de lim itações financeiras (embora
sua ren da an ual seja superior a trinta mil dólares), e cance la a sess ão
subseqüente àquela em que fez um a imp ortante revelação a respei to
de si mesm o.
3. Um h om em que se descreve com o “erem ita” diz que gostar ia de
construir uma relação de inti midade, está há três anos em terapia e
continua periodicamente a brincar com seu terapeuta afi rmando que
este só se interessa pelo dinheiro do clien te e secretam ente o rej eita.
4. Uma mu lher cujo padrão é mergulhar em relaci onam entos inat ingí veis ,
apaixona-se pelo ter apeuta .
5. Um a mulher, que foi abandona da po r pessoa s que “se cansam ” dela,
inicia t emas no vos ao final da s essão, freqüentem ente am eaça se matar
e apareceu bêbad a na casa do t erape uta no m eio da noit e.
6 . Um hom em, com ansie dade para fa lar , “congela” e não consegue s e
com unicar com o terapeuta na sessã o.
CRB2: Progressos do clie nte que ocorrem na se ssão
Du rante os estágios inici ais do t ratam ento, estes com portamen tos não
são observados ou possuem um a baixa probabilidade de ocorrência nas ocasi ões
em que oco rre um a instância real do problema clínico, o CRB1. P or exemplo,
considere um cliente cujo problem a é se afastar e vivenc iar senti men tos de baixa
auto-estima quando “as pessoas não lhe dão atenção” durante conversas ou
outras situações sociais. Este cliente pode demonstrar um padrão similar de
compo rtamentos de afastamento durante um a con sulta na qual' o terapeuta não
 presta atenção às suas palavras e interrompe se u discurso antes que te rm ine de
falar. Prováv eis CRB 2s para esta sit uação incluem um repertóri o de com por
tamento asseitivo q ue d irigiria o terapeuta de volta para o que o cliente es tava
 
2222 Capítulo 2Capítulo 2
dizendo, ou a discriminação do crescente desinteresse do terapeuta pelo que
estava sendo dit o até o mom ento em que, de fato , interrom peu o client e.
O caso abaixo ilustra o desenvolvimento dos CRB2s de uma cliente.
Joanne, uma mulher brilhante e sensí vel, que buscou terapia em função de um a
ansiedade constante, insônia e recorrentes pesadelos de estupro. Embora ela
suspeit asse ter s ido abusada sexualm ente pelo pai na infânci a, ela não guardava,
especifi camente, l embra nças de tal abuso. Ela m elhorou gradu almente no de coirer
dos seis anos de terapia com o segun do autor . Alguns dos CR B2s fortalecidos
em diferentes momeilt os do tratamen to foram:
1.Recordar-se e responder com emoção. Durante a infância, Joanne
viveu um a década de indizí vel terror, envolven do d or física e emocional provo cada
 por quem supostam ente deveria am á-la, o pai. Recordar e reag ir emocionalmente
a estes eventos não foi r eforçado. A o invés disso, era funcional esq uece r e reagir
de forma não-emocional, e el a evitou estímulos que poderiam evocar sentimentos
indesejá veis. Sua esquiva era pervasiva, e associada às exp eriências precoces
de não ser validada, passou a sentir-se desprovida de um senso de se lf (v e r
Capítulo 6). Joanne evitou revive r sentimentos com o dor, t error, i mpotên cia e
fur ian ão estabelecendo relaci onam entos de inti midade. E la não era aber ta, não
confiava nos outr os e não se mostrava vulnerável. U m ob jetivo terapêutico foi
reduzir a esqui va generalizada e aumentar os CRB2s de lembrar-se e viver a dor
 pelo oco irido. Gradualm ente, Joanne foi encora jada a aumentar seu contato
com as recordações vívi das de tortura física e emocional, um pro cesso que foi
terrivelmente penoso.
2.Ap rend er a dizer o que deseja (ou seja, que suas necessidades são
importantes e merecem at enção). Como ocorre com quase todos os sobreviventes
de abuso sexual, Joanne foi reforçada po r dar ao seu pai o que ele desejava, mas
fortemente punida po r ter seu próp rio desejo. E la codificou este fat o com o não
tendo o direit o de esperar al go dos ou tros e aprendeu que “d esejar é r uim ” . Eu a
encorajei a de sejar- e gradualm ente estes CRB 2s foram fortalecidos. Deste modo ,
tente i reforçar qualquer pedido que eu pud esse, com referên cia a aspectos como
os téfnas a discutir, a duração e freqüência das sessões e reasseguramentos
verbais. Além disso, foi explicado a Joanne que suas necessidades eram
importantes e q ue se eu ou outra pessoa não as preenchessem , ela não dev eria se
 
Aplicação Clínica da FAPAplicação Clínica da FAP 2323
considerar “má” p or tèr desejos, necessi dades. U m inci dente important e ocorreu
 por volta do qua rto mês de te rapia , quando m e ligou às 23 :30 hs. , durante um
episódio de flashback. Joanne estava em pânico e gr itava. Na med ida em que
reconheci seu t elefonema como um CRB2, pergunt ei-l he se gostar ia de ter uma
sessão naquele mom ento, o que ela aceitou de imediat o. M ais tarde Joanne cont ou-
me ter sido m uito difícil aceitar a ofert a, emb ora estivesse apavorada e precisasse,
de fato, estar comigo. Quando respondi à sua necessidade, o “querer” foi
reforçado . S ubseqüe nteme nte, Joanne aprendeu a me solici tar sessões extras e
conversas pelo telefon e quando isto fosse necessário, e seu com portame nto de
expressar

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