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APG 29 – HPV GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Magny Emanuele Lima – Medicina Objetivos 1. Compreender a etiologia, epidemiologia, transmissão, fatores de risco, profilaxia, manifestações clínicas e diagnóstico do HPV. 2. Discutir o potencial carcinógeno do HPV. Papiloma vírus humano Epidemiologia O papilomavírus humano (HPV) é considerado o agente da infecção viral sexualmente transmissível mais prevalente em todo o mundo. A maioria dos indivíduos sexualmente ativos (mais de 80%) se infectará em algum momento da vida. A maior incidência ocorre em jovens, mulheres, de 15 a 19 anos. No entanto, as infecções serão predominantemente assintomáticas e serão clareadas em cerca de dois anos. Aproximadamente 1% a 2% da população infectada desenvolverá verrugas anogenitais e cerca de 2% a 5% das mulheres cursarão com alterações na colpocitologia oncótica. A proporção de aquisição de uma nova infecção por HPV em mulheres diminui com a idade; já entre os homens, a proporção de adquirir nova infeção não se altera, permanecendo alta durante toda a vida. No Brasil, a prevalência geral da infecção genital pelo HPV em mulheres é de 14 a 54%. Etiologia É um vírus de DNA dupla-hélice simples com um capsídeo proteico. O HPV infecta principalmente as células epiteliais escamosas ou metaplásicas humanas. O genoma do HPV é dividido em áreas com funções determinadas: uma que codifica proteínas não estruturais, chamada de E (Early = precoce), dividida em E1, E2, E4, E5, E6 e E7 que controlam as funções no período inicial do ciclo de vida do vírus, incluindo manutenção, replicação e transcrição do DNA. Os genes precoces são expressos nas camadas inferiores do epitélio (camada basal e parabasal). A outra região codifica as proteínas do capsídeo viral chamada L (Late = tardio), dividida em L1 e L2. Elas são expressas nas camadas mais superficiais. Essas proteínas são necessárias no período mais tardio do ciclo de vida do vírus para completar a montagem de novas partículas virais infecciosas. Por fim, há uma região de controle que regula a replicação viral e a expressão de genes – LCR. Tipos de HPV Clinicamente, os tipos de HPV são classificados como de alto risco e de baixo risco com base em sua oncogenicidade e força de associação ao câncer de colo uterino. Os tipos são agrupados em grandes grupos filogenéticos, categorizados com letra grega e seguidos pelo número que indica a espécie. O vírus é genótipo-hospedeiro específico e há preferência de determinados tipos por sítios anatômicos, onde causam lesões com características clínicas e patológicas distintas. Baixo risco: são os tipos 6, 11, 40, 42, 43 e 44 Alto risco: são os tipos 16, 18, 31, 33, 35, 45 e 58, como também outros tipos menos comuns, respondem por aproximadamente 95% dos casos de câncer de colo uterino no mundo. Os tipos 6 e 11 causam quase todas as verrugas genitais e uma pequena parcela das infecções subclĩnicas por HPV. As infecções por HPV de baixo risco, raramente são oncogênicas. O HPV 16 ẽ o mais carcinogênico, em razão de sua maior tendência à persistência, quando comparado aos outros tipos. Ele ẽ responsável pela maior porcentagem de lesões NIC 3 (45%) e de cânceres do colo uterino (55%) em todo o mundo, e por cânceres relacionados com HPV e localizados fora do trato anogenital e na orofaringe. A prevalência do HPV 18 ẽ bem menor que a do HPV 16 na população geral. No entanto, ele è encontrado em 13% dos carcinomas de células escamosas e em APG 29 – HPV GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Magny Emanuele Lima – Medicina proporção ainda maior dos adenocarcinomas e carcinomas adenoescamosos do colo uterino (37%). Juntos, os HPVs 16 e 18 respondem por aproximadamente 70% dos cânceres de colo uterino. O HPV 16 ẽ o tipo mais comumente descrito nas lesões de baixo grau e nas mulheres sem neoplasias. A infecção por HPV de alto risco não resulta em neoplasia na maioria das mulheres infectadas. Isso indica que fatores ligados ã hospedeira e ao ambiente determinam se o HPV de alto risco causarà ou não neoplasia. Fisiopatologia A infecção pelo HPV se dá pelo acesso do vírus à membrana basal do epitélio, por meio de microtraumas que ocorrem na relação sexual, ou entrada do mesmo na zona de transformação do colo uterino. A produção viral è finalizada em sincronia com a diferenciação final das células escamosas, que termina com morte celular programada das células escamosas e sua descamação do epitélio superficial. No HPV de baixo risco, seu DNA se mantém na forma circular sem ocorrer integração ao DNA celular, conhecida assim a forma epissomal. Ele se replica no interior do núcleo da célula hospedeira. Como o vírus depende da maquinaria celular para se multiplicar, ele induz a duplicação celular, que começa a expressar a manifestação da infecção viral nas camadas mais superficiais do epitélio e assim passa a liberar cada vez mais partículas virais no ambiente infectado. Resposta imune O HPV tem a habilidade de se resguardar de uma resposta imune mais robusta e clarear lentamente. São estratégias importantes nesse processo a supressão da resposta inflamatória e se tornar “invisível” a resposta imune, por não causar morte celular. Além disso, a supressão da resposta de interferona, a resistência à apoptose imunemediada e a redução da regulação de moléculas de adesão a células apresentadoras de antígenos interferem no processo-padrão do reconhecimento de antígenos, enquanto uma produção prejudicada de componentes de complexo de histocompatibilidade contribui para minimizar a exposição de antígenos do vírus a células epiteliais e do sistema imune. Transmissão A transmissão genital ocorre por contato direto, normalmente contato sexual com pele ou mucosas genitais ou com líquidos corporais de um parceiro com verrugas ou infecção subclínica por HPV. As transmissões oral-genital e manual-genital são possíveis, mas parecem ser bem menos comuns que a genital-genital, em particular o contato pênis-vagina com penetração. A infecção do colo uterino por HPV de alto risco em geral è limitada as mulheres que tenham tido contato sexual com penetração. A infecção genital por HPV è multifocal, acometendo mais de um local do trato reprodutivo inferior na maioria dos casos. Portanto, a neoplasia em um sítio genital aumenta o risco de neoplasia em outros locais do TGI, embora o colo uterino seja o local mais vulnerável. Além disso, è comum haver infecção sequencial e simultânea por diversos tipos de HPV. Infecção congênita A transmissào vertical è rara, com taxa de aproximadamente 20%. No entanto, a maioria dos neonatos elimina a infecção até o primeiro ano de vida. A infecção não está relacionada com presença de verrugas genitais maternas ou com a via do parto. A presença de verrugas genitais em crianças após a primeira infância è sempre motivo para se considerar a possibilidade de abuso sexual. Todavia, a infecção por contato não sexual, autoinoculação ou fômite parece ser possìvel. Fatores de risco Baixo nível socioeconômico e início precoce da atividade sexual, grande número de parceiros sexuais, gravidez precoce, multiparidade, prostituição, além do número total de parceiros do cônjuge. Fatores relacionados à imunidade também se destacam devido ao HPV como fator causal da doença. HIV associa-se ao câncer de colo de útero devido à imunodepressão. O tabagismo também se relaciona por diminuição APG 29 – HPV GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Magny Emanuele Lima – Medicina da resposta imunológica local na mucosa do colo uterino; entretanto, essa associação acontece somente com as lesões do tipo carcinoma epidermoide. Manifestações clínicas A infecção pode ser latente ou evidente. A expressão pode ser tantoprodutiva, levando à formação de novos vírus, ou neoplásica, causando doença pré-invasiva ou maligna. A maioria das infecções proliferativas e neoplásicas ẽ subclínica, sem manifestações clínicas. A infecção por HPV pode ser transitória ou persistente, com ou sem desenvolvimento de neoplasia. A neoplasia è o resultado menos comum da infecção genital por HPV. Na maioria das pessoas, a infecção pelo HPV não produz qualquer manifestação clínica ou subclínica. O período de latência pode variar de meses a anos. Infecção latente: é quando as células estão infectadas, mas o HPV permanece quiescente. O genoma viral permanece na forma epissomal, ou seja, intacto e sem integrar-se ao genoma da célula hospedeira. A infecção será identificada apenas por métodos de detecção do DNA viral (por biologia molecular), não havendo lesão morfologicamente detectável. Infecção proliferativa: caracterizam-se pela ocorrência do ciclo de vida completo do vírus e por aumento da população de partículas virais infecciosas. Ocorre produção abundante de partículas virais infecciosas ao longo de um período de 2 a 3 semanas. Tanto no trato genital feminino como no masculino, as infecções proliferativas por HPV causam verrugas genitais visíveis (condilomas) acuminados ou, muito mais comumente, infecções subclínicas. Infecções subclínicas: As apresentações subclínicas do HPV não são visíveis a olho nu, mas podem ser detectadas pela citologia oncótica, por meio de lupas, corantes e da colposcopia, acompanhada ou não de biópsia. As lesões associadas a tipos virais de baixo risco oncogênico são, geralmente, lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (LIEBGs), equivalente ao diagnóstico histopatológico de neoplasia intraepitelial cervical grau 1 (NIC 1). Já as lesões associadas a infecção por HPV de alto risco oncogênico são, em geral, associadas a lesões intraepiteliais escamosas de alto grau (LIEAGs) - diagnóstico histopatológico de neoplasia intraepitelial de grau 2 (NIC 2) ou 3 (NIC 3). Além da cérvice uterina, outros epitélios podem sofrer a ação oncogênica do vírus, originando neoplasias intraepiteliais vaginais, vulvares, perianais, penianas e anais. Lesões verrucosas: As manifestações clinicamente detectáveis induzidas pelo HPV são polimórficas, podendo ser pontiagudas (condiloma acuminado), espiculadas, com circunvoluções, ou mesmo planas. Seu tamanho varia de um milímetro a vários centímetros. Podem ser únicas ou múltiplas, achatadas ou papulosas, embora, na maioria das vezes, sejam papilomatosas. A superfície das lesões é fosca, aveludada ou semelhante à da couve-flor; e pode-se apresentar da cor da pele, eritematosa ou hiperpigmentada. Geralmente, as lesões são assintomáticas, podendo ser pruriginosas, dolorosas, friáveis ou sangrantes. No homem, as lesões ocorrem mais frequentemente no folheto interno do prepúcio, sulco bálano-prepucial ou glande, podendo ainda se localizar na pele do pênis e do escroto. Na mulher, costumam ser observadas na vulva, vagina e cérvice. Em ambos os sexos, podem ser encontradas nas regiões inguinais ou perianais. Com menos frequência, podem-se encontrar lesões em áreas extragenitais, como conjuntivas, mucosas nasal, oral e laríngea. Infecção neoplásica O HPV causa quase 100% dos cânceres do colo uterino. O período entre infecção por HPV e APG 29 – HPV GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Magny Emanuele Lima – Medicina câncer do colo uterino pode superar 20 anos. As portadoras persistentes dos tipos oncogênicos de HPV correm mais risco de displasia de alto grau e câncer de colo uterino. Além dos cânceres de colo uterino e ânus, o HPV foi associado aos cânceres de vulva e vagina em 50 a 70% dos casos; do pênis, causado por HPV em 50% dos casos; e pelo menos 65% dos casos de carcinoma espinocelular de orofaringe (CECOF). Nas lesões NIC 3 ou cancerosas, o genoma circular do HPV sofre uma quebra e integra-se linearmente em locais aleatórios no cromossomo do hospedeiro. Segue-se transcrição ilimitada dos oncogenes E6 e E7. Os produtos, as oncoproteínas E6 e E7, interferem na função e aceleram a degradação de p53 e pRB, proteínas importantes de supressão tumoral no hospedeiro. Com isso, a célula infectada torna-se vulnerável ã transformação maligna em razão de perda de controle sobre o ciclo celular, proliferação celular e acúmulo de mutações no DNA ao longo do tempo. Em lesões prè-invasivas, a diferenciação epitelial normal è abreviada. O grau de maturação epitelial anormal resultante è usado para classificar a histologia das lesões, como NIC leve, moderada ou grave. Os carcinomas em fase inicial parecem lesões erosivas que sangram com facilidade. Os carcinomas mais avançados apresentam-se como lesões ulceradas ou como uma massa exofítica no colo. Alguns carcinomas do colo uterino localizam-se dentro do canal do colo e podem ser difíceis de visualizar. Também foram descritos sangramento, sintomas de lesão de massa nos estágios tardios e doença metastática, que pode se manifestar como obstrução intestinal ou vesical em razão de extensão direta do tumor. Diagnóstico A suspeita de infecção por HPV decorre do aparecimento de lesões clínicas e achados citológicos, histológicos e de colposcopia, todos subjetivos e normalmente imprecisos. O diagnóstico definitivo só pode ser estabelecido por detecção direta do DNA do HPV. Isso pode ser feito histologicamente via hibridização in situ, por PCR ou por outras técnicas. Teste de biologia molecular: É importante entender que as técnicas de detecção do DNA- HPV diagnosticam a infecção, mas não a lesão. É um recurso que tem um custo, por isso deve ser usado apenas em situações com evidência de benefício para a paciente. Duas plataformas têm sido utilizadas: a captura híbrida de segunda geração e a técnica de PCR. Esta última, considerada padrão-ouro, permite a genotipagem viral, embora em alguns casos apenas para os tipos 16 e 18. Citopatologia: O exame citopatológico é um método de estudo morfológico de alterações celulares, em esfregaços, que, no caso do epitélio escamoso, podem ser classificadas conforme o tipo de lesão causada pelo HPV, como lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL) e lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL). A infecção, no entanto, pode ocorrer e o exame de citologia não ter alteração ou ter alterações ditas como equívocas e denominadas de células escamosas de significado indeterminado (ASC- US), células escamosas atípicas, em que não é possível afastar lesão de alto grau (ASC-H), e células glandulares endocervicais atípicas. O material a ser estudado pode ser na forma convencional (exame de Papanicolaou) ou em base líquida, no qual são empregadas mais frequentemente duas técnicas: ThinPrep (Hologic) e SurePathTM (BD). Em todos os sítios, a citopatologia pode ser empregada, no entanto tem sido mais útil no rastreio de lesões pré- cancerosas do colo uterino e do ânus. APG 29 – HPV GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Magny Emanuele Lima – Medicina Colposcopia: é um método de magnificação que exige habilidade do examinador para determinar, em caso de anormalidade, o sítio adequado para a realização de biópsia, se indicada. O colposcópio serve para visualizar toda a superfície do colo uterino, porém, enfatiza-se a área da JEC e a ZT, sítios comuns (cerca de 90%) das principais lesões pré-malignas do câncer de colo uterino. A JEC, como o próprio nome já diz, é a junção entre o epitélio escamoso ectocervical e o glandular endocervical, e a ZT é uma área de metaplasia escamosa que vai desde a JEC até o epitélio escamoso remanescente. A técnica baseia-se em dois passos: 1. Aplicação de ácido acético a 3 a 5%: promove a desidratação das células em 30 a 60 segundos, fazendo as célulasescamosas com núcleo largo ou denso com grande quantidade de material nuclear (células displásicas) refletirem luz e adquirirem coloração esbranquiçada, o que se chama de alteração acetobranca. A rapidez da reação e a intensidade e a duração desse efeito estão diretamente relacionadas com a gravidade da lesão. Se necessário, o ácido acético pode ser reaplicado após 3 a 5 minutos; 2. Aplicação de lugol: A solução de lugol ou Schiller consiste em uma solução de 5 gramas de iodo e 10 gramas de iodo potássico diluídos em 100 mL de água destilada. Células ricas em glicogênio coram e tornam-se marrom-escuras (iodo positivo, Schiller negativo), enquanto células desprovidas de glicogênio (células glandulares e displásicas) não coram e tornam-se cor de mostarda (iodo negativo, Schiller positivo). As biópsias são realizadas com pinças adequadas sem a necessidade de anestesia. Define lesões de maior relação com HSIL no colo. Além disso, a colposcopia tem sido útil para os outros sítios como vulva, vagina, pênis e ânus. Histopatológico: é considerado o padrão-ouro no diagnóstico das lesões induzidas pelo HPV, mas não do HPV. O padrão-ouro para diagnóstico da infecção é a biologia molecular, pesquisa do DNA do vírus. O diagnóstico das lesões glandulares endocervicais (adenocarcinoma) possui dois estágios o adenocarcinoma in situ e o adenocarcinoma invasor, que pode ser subclassificado conforme o tipo. Imunoistoquímica: A grande ajuda desse método veio pela inclusão na rotina, para casos de dúvida, do marcador p16ink4a. Esse marcador deve ser utilizado pelo patologista para casos mimetizadores de HSIL e quando da presença de NIC2. Prevenção Primária Intervenções comportamentais: abstine ̂ncia sexual, postergação da primeira relação sexual e redução no número de parceiros sexuais são estratégias lógicas para evitar ou minimizar a infecção por HPV genital e seus efeitos adversos. Preservativo: O preservativo é bastante eficaz na prevenção da maioria das ISTs, exceto para o APG 29 – HPV GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Magny Emanuele Lima – Medicina herpes genital e o HPV, cuja transmissão ocorre pelo contato com a pele e/ou a mucosa contaminadas. Como parte do genital masculino não é coberta pelo preservativo (base da glande, púbis e escroto), pode haver a transmissão do HPV tanto do homem para a mulher quanto da mulher para o homem, mesmo com a utilização correta do material. Em média, a redução do HPV por meio do uso de preservativo é de 60 a 70% para verruga genital; 80% para NIC 1; 30 a 70% para NIC 2/3; e 20 a 80% para câncer. Por outro lado, as mulheres já infectadas pelo HPV e com lesão intraepitelial apresentam maior regressão da lesão com o uso do preservativo e maior chance de clearance viral. Provavelmente, a causa da regressão por meio do uso do preservativo esteja associada ao não contato com o esperma, que tem várias substâncias de ação imunossupressora, entre elas as prostaglandinas (principalmente PGE2). Portanto, a ação imunossupressora do sêmen pode facilitar a transmissão sexual do HPV, reativar uma infecção latente e promover a progressão de uma lesão intraepitelial para o câncer. Vacina: Atualmente, a forma mais eficaz de prevenção é o uso de vacinas. Três vacinas contra o HPV estão disponíveis no mercado: Bivalente ou Cervarix (contra os HPV 16 e 18, com o esquema de 0, 1 e 6 meses) Quadrivalente ou Gardasil (contra os HPV 6, 11, 16 e 18, com o esquema de 0, 2 e 6 meses) Nonavalente ou Gardasil 9 (contra os HPV 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58, com o esquema de 0, 2 e 6 meses) As três apresentam-se altamente imunogênicas e seguras, sendo associadas, na maioria das vezes, a efeitos tópicos adversos não preocupantes, como dor, desconforto, hiperemia e edema. As três vacinas anti-HPV foram originalmente testadas e aprovadas no regime de 3 doses (0, 1 ou 2 e 6 meses). No entanto, recentemente, a OMS passou a recomendar um esquema de 2 doses com intervalo de 6 a 12 meses para meninos e meninas de 9 a 14 anos. Isso porque tal esquema, nestas idades, tem demonstrado imunogenicidade igual ou melhor na produção de anticorpos em relação às mulheres sexualmente ativas de 16 a 26 anos que receberam o esquema tradicional de 3 doses. O momento mais adequado para o uso da vacina é antes da exposição ao vírus. Entretanto, os estudos mais recentes mostram benefícios também para as mulheres já infectadas, inclusive aquelas com lesões NIC 2/3. Assim, ocorre uma diminuição das recidivas em cerca de 75 a 88% para as mulheres vacinadas. Prevenção secundária Rastreio para câncer de colo uterino: esse rastreio deve ser feito pela colpocitologia oncótica (papanicolau) em mulheres sexualmente ativas com 25 anos ou mais. Deve ser feito 1x ao ano e se 2 exames vierem negativos o rastreio é a cada 3 anos. Esse rastreio deve ser feito até a mulher completar 64 anos, caso a paciente já apresente 2 exames negativos consecutivos nos últimos 5 anos. Pacientes com mais de 64 anos e que nunca fizeram o rastreio, deve realizar 2 citologias com um intervalo de 1 a 3 anos. Se os 2 exames vierem negativos, ela está excluída do rastreio. Pacientes não sexualmente ativas não precisam fazer o rastreio. Mulheres pós- menopausa deve-se estrogenizar antes de colher a amostra e o rastreio de gestante é a mesma das não gestantes. APG 29 – HPV GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Magny Emanuele Lima – Medicina
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