@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700&display=swap); 5.PSICOLOGIA: EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR.Quando falamos em educação, um assunto muito sério e que deve fazer parte dos estudos e preparação de todos os profissionais da área educacional é a educação especial. Essa por sua vez, exige grande dedicação dos profissionais que precisam estar preparados para lidar com os desafios impostos no dia a dia da educação especial, de modo a contribuir efetivamente para o desenvolvimento e estimulação desta demanda, trazendo uma educação eficaz dentro das possibilidades de desenvolvimento deste público. Dando continuidade aos nossos estudos falaremos agora sobre a educação especial.Falar em educação especial é olhar a outra face da educação, em que o público tem certas peculiaridades. Sabemos que no decorrer da história da humanidade as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência eram tidas como excluídos e não tinham sequer possibilidades de conviver com o meio social ao qual nascera, muitos eram abandonados ou escondidos por suas famílias que não aceitavam a condição da deficiência.Sobre este tema indico o livro ou filme: O Guardião de Memórias.De acordo com Kirk e Gallager (1987, p. 5 - 6 apud BUENO 1993, p. 71) ao examinarmos a história podemos ver que o conceito geral de educar crianças até os limites de sua capacidade é relativamente novo. O uso do termo excepcional é, em si mesmo, o reflexo das mudanças radicais da visão da sociedade em relação àqueles que se desviam da normalidade. A progressão foi lenta, desde a época em que se matavam bebês deficientes ou deformados. Dentro da história, podem ser reconhecidas quatro fases de desenvolvimento das atitudes em relação às crianças com deficiência.Primeiro, na era pré-cristã, a tendência era maltratar e negligenciar os deficientes. Em uma segunda fase, com a difusão do cristianismo, passou-se a protegê-los e a compadecer-se deles. Já na terceira fase, no século XVIII e XIX, foram criadas instituições para oferecer-lhes uma educação à parte. E finalmente na segunda metade do século XX, observa-se um movimento que tende a aceitar as pessoas com deficiência e a integrá-las, tanto quanto possível.Complementando nossos estudos Carvalho (1997 apud CAMACHO, 2004)levanta a questão referente à nomenclatura. O uso do termo excepcionais, muito utilizada no passado, vem sendo substituída por expressões consideradas mais adequadas. Pessoas Portadoras de Deficiência popularizou-se na década de 80,com o tempo foi criticada e substituída por Pessoa com Necessidade Especial, ou Pessoa com Necessidade Escolar Especial. Atualmente a nomenclatura correta seria Portador de Necessidades Educacionais Especiais.Segundo Frias (2008), no Brasil já aconteceram e continuam acontecendo diversas tentativas de se estabelecer as terminologias corretas quando falamos em deficiência, com o objetivo de acabar com a discriminação. A Expressão "necessidades especiais educacionais" acabou se tornando muito conhecida nomeio acadêmico, no sistema escolar, nos discursos oficiais e também entre as pessoas no senso comum. Surgiu da ideia de amenizar os efeitos negativos de terminologias adotadas anteriormente para diferenciar as pessoas em suas singularidades, por apresentarem limitações físicas, motoras, sensoriais, cognitivas, linguísticas, síndromes diversas, altas habilidades, condutas desviantes entre outras, tais como: deficientes, excepcionais, subnormais, infradotados, incapacitados, superdotados etc.Nesse caso, a terminologia "necessidades educacionais especiais" deve ser utilizada no que se refere às crianças e jovens, aos quais as necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas dificuldades de aprendizagem. Dessa forma, a terminologia necessidades educacionais especiais pode ser referida aos diferentes grupos de educandos, desde aqueles que têm deficiências permanentes até aqueles, que por alguma razão acabam fracassando no processo de ensino-aprendizagem. Está associada, portanto às dificuldades de aprendizagem e não necessariamente às deficiências. Na realidade, o que se pretendeu foi, com o uso desta expressão, deslocar o foco especial do aluno direcionando-o para as respostas educacionais que eles necessitam.Camacho (2004) afirma que as últimas três décadas têm presenciado as mudanças e avanços ocorridos no mundo com relação à educação especial. Nela tem ficado evidente a vontade de buscar métodos de ensino eficazes para intervenção de meninos e meninas com algum transtorno ou alteração no desenvolvimento, a participação da família, a escola e a comunidade em busca deformar uma comunidade científica educativa e a aplicação das tecnologias como ferramentas importantes para detecção, diagnóstico e intervenção nos déficits de desenvolvimento.O autor resume que todas essas mudanças e avanços têm se encaminhado com o propósito de determinar um tipo de escola capaz de adaptar, acolher e cultivar as diferenças como um elemento de valor positivo, e a abertura de um espaço pluralista e multicultural, no qual se misturam cores, os gêneros e as capacidades, possibilitando o acesso aos serviços básicos e elementares em que todos os seres humanos encontrem uma resposta educativa de acordo com as necessidades e características individuais. De acordo com Bueno (1993 apud CAMACHO 2003, p. 23):A Educação Especial tem cumprido, na sociedade moderna, duplo papel, ode complementaridade da educação regular, atendendo de um lado a democratização do ensino, na medida em que responde as necessidades de parcela da população que não consegue usufruir dos processos regulares de ensino; do outro, responde ao processo de segregação legitimando a ação seletiva da escola regular.O papel da educação assume no decorrer dos anos, importância maior, dentro do fato de atender às crescentes exigências de uma sociedade que está se renovando e que busca incessantemente a democracia, que será alcançada quando todos os seres humanos, sem discriminação, tiverem acesso à informação, ao conhecimento e aos meios essenciais para a formação de uma plena cidadania. Mas como o discurso democrático, nem sempre corresponde ao discurso das interações humanas, alguns segmentos da comunidade, principalmente os portadores de necessidades especiais, permanecem à margem, discriminados, exigindo ordenamentos sociais específicos, que lhes garantam o exercício dos direitos e deveres (CAMACHO 2004).Segundo a UNESCO (1994, p. 40 apud CAMACHO 2004, p. 18), no decorrer dos anos mudanças importantes ocorreram com relação ao conceito de educação especial, as quais estão gerando enfoques educativos em várias partes do mundo: falar de necessidades educacionais especiais enfatiza aquilo que a escola pode fazer para compensar as dificuldades do aluno, já que neste enfoque, compreende-se que as dificuldades para aprender têm caráter interativo e não dependem apenas das limitações dos alunos, mas também das condições educacionais que lhe são oferecidas.É importante sabermos que a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (2008, apud Frias 2008, p. 8), garante a oferta de atendimento educacional especializado àqueles que apresentam necessidades educacionais decorrentes de:Deficiência Mental; Física/Neuromotora; Visual e Auditiva;Transtornos Globais do Desenvolvimento;Superdotação/Altas Habilidades.Analisando todo este contexto da Educação Especial, é preciso que voltemos a nossa atenção aos profissionais que atuam nesta área.Será que realmente estão preparados?Como os psicólogos lidam com a Educação Especial?Mattos et. al (2010) afirma que atualmente a implantação das políticas de educação especial no que se refere à inclusão tem trazido novos desafios para a prática profissional do psicólogo no contexto escolar e educacional. Mesmo o processo de avaliação psicológica reestrutura-se com este processo, com o objetivo de comprometer o contexto institucional no fornecimento dos sistemas de apoio, resultando, em novas perspectivas da participação do psicólogo na educação de pessoas com deficiência. Os documentos atuais de grande importância sobre a classificação e diagnóstico da deficiência vêm englobar este viés sociológico e político. Nesse sentido, o foco da intervenção da psicologia sai de maneira progressiva do enfoque clínico para o enfoque social e institucional.Vale destacar que a psicologia como ciência e profissão tem muito ainda a contribuir no que diz respeito a estratégias de atenção e atendimento aos alunos com deficiência, nos diferentes níveis de ensino, elaborando ações mais focadas nas instituições escolares e em seus processos interativos, ultrapassando enfoques individualistas e restritos dos modelos médicos de deficiência (OLKIN; PLEDGER,2003, apud MATTOS et. al 2010 p. 2).Na Educação Especial, atualmente compreendida como um modelo de ensino, os profissionais de psicologia contam com um significativo reconhecimento como especialistas no desenvolvimento humano. Contudo é raro encontrar estudos da atuação do psicólogo neste contexto, devido ao fato das Políticas Nacionais de Educação Especial na perspectiva inclusiva serem muito recentes (ANACHE, 2007,apud MATTOS 2010, P. 2).PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO.Ressalta-se que para contribuir para a atuação dos profissionais de psicologia na educação inclusiva o Conselho Federal de Psicologia (CFP), elaborou uma cartilha com algumas experiências profissionais de modo a direcionar melhor a participação dos psicólogos neste trabalho tão importante. Souza e Anache (2009)enfatizam que apesar de todos os avanços no que diz respeito ao conhecimento científico sobre as possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento das pessoas com deficiência e da criação de leis que estabelecem a educação como um direito ,este direito nem sempre é garantido a todos. Dessa maneira, os psicólogos estão envolvidos na construção da educação inclusiva e devem contribuir para a sua real efetivação.No que se refere ao Sistema de Conselhos, a educação inclusiva tem sido temas de teses em Congressos Nacionais, instância máxima da participação democrática dos psicólogos. Citaremos aqui, alguns encaminhamentos aprovados nos dois últimos Congressos Nacionais de Psicologia, relacionados à educação inclusiva, em que propuseram que o Sistema de Conselhos de Psicologia deveria(Conselho Federal de Psicologia, 2007 apud Silva e Anache, 2009, p. 14):1.Incrementar e intensificar os debates da psicologia para a educação inclusiva;2.Divulgar o trabalho de psicólogos que atuam nesta área;3.Recomendar e defender a atualização teórico-conceitual, o desenvolvimento de competências e a mobilização intensa dos psicólogos no campo da educação, objetivando uma educação profissional que traga ganhos para a consolidação da proposta da educação inclusiva.McNamara (1998, apud Sant\u2019Ana 2010, p. 2) coloca que atualmente no que se refere a atuação do profissional do psicólogo na educação inclusiva, podemos citar: oferecer suporte aos professores regular e especial por meio da coleta e busca de dados relacionados às crianças e suas dificuldades; investigar as variáveis que interferem na manutenção do problema; analisar condições ambientais e interpessoais, propor e desenvolver estratégias e planos de intervenção e também avaliar os resultados obtidos.Podemos acrescentar ainda o fornecimento de apoioa os programas de transição dos alunos com deficiência, a assessoria aos professores e administradores escolares; de modo a colaborar com sugestões para melhoras de currículos e programas de instrução, tendo em vista a organização dos conteúdos e de padrões de desempenho, assim como o favorecimento na relação entre família e escola por meio de uma comunicação mais próxima com a comunidade, pais e alunos (Ysseldyke e Geenen, 1996; Witter, 2002 apud Sant\u2019Ana2010, p. 2 ).No que se refere ao suporte técnico citamos a criação de novas formas de estruturação do processo de ensino-aprendizagem, dando um direcionamento às necessidades dos alunos; realização de monitoramento de maneira regular do projeto pedagógico, com apoio técnico aos participantes e à comunidade em geral; a oferta de cursos e grupos de estudo aos educadores. Assim como se pode favorecer em forma de trabalhos mais adequados, no sentido da inclusão social e educação destas crianças (MRECH 1998, apud SANT'ANA 2010, p. 3).Pensando nos desafios da educação inclusiva, não podemos deixar de citara falta de preparo de muitos profissionais para lidar com esta realidade. Podemos ver com frequência nos noticiários, famílias que lutam para dar aos seus filhos com deficiência a oportunidade de inclusão por meio de um ensino de qualidade que possibilite seu real desenvolvimento e o direito à inclusão social. O que acontece na verdade é que esta falta de preparo gera nos profissionais medo, insegurança e sensação de impotência, o que consequentemente gera mecanismos de discriminação e segregação.Entramos então a uma nova discussão: como o psicólogo pode contribuir na preparação da escola e dos educadores? O psicólogo pode sim contribuir na preparação dos agentes educadores envolvidos no processo de inclusão, buscando por meio de suporte aos educadores, uma visão crítica de ações coletivas, tendo como resultado mecanismos de transformação na dinâmica institucional. Segundo Picchi (2002, p. 43):Parceiro maior do aluno, o professor da Educação Especial deve, além dos conhecimentos básicos para o desempenho de sua função docente, deter os conhecimentos específicos que o possibilitará detectar qual a necessidade de seu aluno, elaborar, desenvolver, acompanhar, avaliar e reformular o projeto pedagógico construído, tendo em vista um único objetivo, atender o aluno em sua necessidade e possibilitar seu desenvolvimento para que possa vivenciar o sucesso.EQUIPE PREPARADA X SUCESSO DO ALUNOEste mesmo autor enfatiza que muitos professores da educação especial ainda trabalham somente os conteúdos dos componentes curriculares com foco no específico, visando minimizar as dificuldades escolares, isso acontece, muitas vezes, até mesmo devido à própria condição do educando; mas é importante deixar claro que tais procedimentos, além de ocasionar distorções da verdadeira função da Educação Especial por vezes perde a razão de sua denominação.No caso do professor especializado aquele que trabalha somente com alunos especiais, o mesmo deverá proporcionar ao aluno situações de vivências em grupo e individual, para que tenha, por meio de uma reflexão da prática, o aprendizado de noções e condutas para que o aluno se torne integrável e sociável. Além do conteúdo curricular já definido, nos trabalhos especializados, o planejamento educacional deve prever a sondagem das aptidões, visando no caso do educando adulto, o encaminhamento para o mercado de trabalho (PICCHI 2002).Falar de educação especial é falar de sociedade, não podemos deixar toda a responsabilidade nas mãos dos educadores. Segundo Sassaki (1999 apud LIMA[2010]), a inclusão escolar é também inclusão social e essa por sua vez deve pequenas e grandes, nos ambientes físicos e também na mente das pessoas, e na própria pessoa com necessidades especiais.Sobre a formação dos educadores, uma das principais estruturas de ação consta na Declaração de Salamanca (1994), citada por Lima [2010] como item chave na promoção de progresso no sentido de estabelecer escolas inclusivas, é o recrutamento e treinamento de educadores. Quando se tem o objetivo de trabalharem ambientes que propiciem a aprendizagem de forma inclusiva, é importante que se pense em mudanças, tanto das concepções educativas que o professor já carrega consigo, como também da sua prática dentro da sala de aula, para que atenda as necessidades de todos os alunos sem que possa interferir no seu desenvolvimento. Para isso, é preciso que o professor tenha como objetivo principal à aprendizagem do aluno, fazendo o acompanhamento do seu desenvolvimento.Mas qual o perfil ideal de educador para se trabalhar na educação inclusiva?De acordo com Lima [2010] os conhecimentos e aptidões para uma boa pedagogia nestes casos:Capacidade de avaliar as necessidades educativas;De adaptar os conteúdos previstos no programa de estudo;De buscar a ajuda da tecnologia;De individualizar os processos pedagógicos;E trabalhar de maneira conjunta com especialistas e com a família.O professor tem o papel principal neste processo, visto que tem um grande desafio pela frente: o desenvolver uma pedagogia centrada no aluno, de maneira que possa ser capaz de educar e incluir integralmente os educandos, já que a inclusão escolar se aplica a todos que fizerem parte da sala de aula. Além de tudo, os educadores devem estar preparados para quebrar paradigmas e se sustentar em contínuas mudanças educacionais progressivas criando escolas inclusivas de qualidade. Prioste, Raica e Machado (2006, p. 54 apud LIMA [2010], p.10) enfatizam ainda que o professor tem o papel de promotor da aprendizagem inclusiva.Será ele o profissional que irá coordenar com maestria toda a abordagem que visa à qualidade do desenvolvimento humano, desde que esteja realmente sensibilizado para tais questões. Diante de tudo o que foi discutido no decorrer destes módulos, podemos concluir que a educação é algo complexo e que a presença do profissional de psicologia vem somar a equipe de educadores de modo a tornar o aprendizado mais eficaz e de qualidade, tanto no que diz respeito à educação regular como na educação inclusiva.
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