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O QUE É HISTORIOGRAFIA? Professor Doutor Ulisses Monteiro Coli Diogo • O que hoje se concebe como História nas Universidades é um estudo de caráter científico e orientado metodologicamente sobre o passado. Mas a história sempre teve esse formato hoje conhecido e estudado? • Qual o objetivo da disciplina “Historiografia”? Além de estudar os pressupostos teóricos, ela também busca analisar a História criticamente a partir de sua própria trajetória e construção no tempo. • A História como forma de produzir e transmitir conhecimento tem sua própria trajetória. Essa história da História é repleta de debates e reformulações sobre a natureza do conhecimento que ela própria produz. Assim, pode-se afirmar que seu conhecimento efetuado é debatido e reavaliado por seus pares no decorrer do tempo. HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA Assim, o estudo da Historiografia permite: • Reorientar e trazer para a prática historiográfica novidades teóricas e metodológicas. •A revisão de temas anteriormente debatidos com novas interpretações, não os deixando como verdades estabelecidas ou versões finais. • Demonstrar as características de tempo e espaço correspondentes a cada historiador e do contexto em que a obra foi produzida. POR QUE ESTUDAMOS A HISTORIOGRAFIA? Para ser uma obra História, deve referir-se ao passado em relação ao humano como assunto. Mas apenas tratar do passado não é suficiente, também existe a necessidade de retratar algo verossímil. Para a História acadêmica, o exame crítico das fontes deve permitir revisões, novas metodologias e abordagens devem ser consideradas, assim como o surgimento de novas fontes. Assim, o diálogo com os pares permitem ao pesquisador ver nas brechas dessa barreira partes daquilo que ocorreu; e a metodologia e a teoria auxiliariam a montar uma espécie de quebra-cabeças sobre o passado analisado. O QUE CARACTERIZA UMA OBRA DE HISTÓRIA? O segundo aspecto que é possível observar, e essencial ao presente debate se remete a subjetividade do historiador. Um mesmo tema pode ser entendido de diferentes formas, e isso não necessariamente significa um problema. Ao admitir que não conseguimos respostas finais ou sempre concordantes para o passado que estudamos, demonstra como a sociedade é dinâmica, assim como sua história. Dependendo da distância que se tem de um passado analisado e das condições do pesquisador, as questões sobre ele mudam. Esse aspecto é importantíssimo para um debate ao qual devemos submeter todo e qualquer tipo de conhecimento que se pretende científico. Por não conseguir isolar e mensurar os elementos da pesquisa, os historiadores precisam encontrar outros meios epistemológicos para atingir seus objetivos. Mas como chegamos a conclusões sobre um tema, já que é impossível estabelecer versões definitivas das histórias que contamos? É possível a História trazer resoluções imutáveis para a sociedade? Assim, pode-se destacar dois aspectos: O primeiro se refere aos fatos. Ocorridos como uma morte ou uma guerra não podem ser negados. Pode-se debater as circunstâncias de um evento, as intenções de quem participa, mas dificilmente negar sua ocorrência. São dados objetivos, mais fáceis de determinar veracidade. O HISTORIADOR ENTRE A OBJETIVIDADE E A SUBJETIVIDADE Uma das funções da ciência, e todos seus diferentes campos, é trazer resoluções para a sociedade. Essas resoluções se dão através de paradigmas que são constituídos através de seus estudos. No caso da História, através dessa busca por resoluções e paradigmas, nos é permitido dizer, por exemplo, se houve ou não escravidão, se houve ou não nazismo, se houve ou não ditadura no Brasil, se existe ou não racismo, dentre outros. Essa é a importância dos processos teóricos e metodológicos que permitem revisar aquilo que durante algum tempo foi tido como verdade a partir do campo do conhecimento e se modificou perante novas situações. Procedimentos epistemológicos específicos para a História são essenciais para não nos tornar reféns de uma única versão dos fatos ocorridos, de versões parciais ou distorcidas. Esse fator também serve para diferenciar opinião de conhecimento debatido e referendado. O HISTORIADOR E OS PARADIGMAS Ao mesmo tempo a defesa de uma prática historiográfica científica não pode limitar a compreensão do passado apenas a visão que ela oferece. Diferentes formas de refletir o passado também podem compor o debate e serem válidas, através da arte, do jornalismo, da produção de memórias, dos debates que ocorrem na sociedade. Cabe ao historiador demonstrar suas diferenças, a importância da crítica e do debate, numa expressão que seja válida a todos. Desta maneira evita-se também que o debate historiográfico fique preso as academias e não atinja a sociedade. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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