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4 - Lactação e Leite Materno

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Nutrição 
Materno-Infantil 
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Fernanda Trigo Costa
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Lactação e Leite Materno
Lactação e Leite Materno
 
 
• Compreender as mudanças fisiológicas do período de lactação que interferem nas necessidades 
nutricionais da nutriz;
• Conhecer as características nutricionais do leite materno para ser capaz de planejar e elaborar 
orientações alimentares para esse público.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Fisiologia da Lactação;
• Recomendações Nutricionais para a Nutriz;
• Composição Nutricional do Leite Materno: 
Aspectos Nutricionais e Imunológicos;
• Técnicas de Aleitamento Materno ;
• Aspectos Psicológicos do Aleitamento Materno.
UNIDADE Lactação e Leite Materno
Contextualização
O aleitamento materno envolve diversos fatores: fisiológicos, ambientais, emo-
cionais e socioculturais. É composto pela lactação e a amamentação, que são bem 
diferentes uma da outra: a lactação diz respeito apenas às condições fisiológicas do 
estado materno/bebê, a amamentação vai muito além.
Almeida e Novak (2004), no artigo “Amamentação: um híbrido natureza-cultura”, 
relatam que:
As questões relacionadas à prática da amamentação têm sido objeto de 
interesse para diferentes atores e grupos sociais ao longo da história. Em 
todas as épocas, o ser humano foi levado a construir rotas alternativas 
para responder à demanda das mulheres que, por opção ou imposição, 
trilharam o caminho do desmame precoce. Desde a secular figura da 
ama-de-leite até a emblemática vanguarda científica construída pelo ma-
rketing dos fabricantes de leites modificados, a alimentação do lactente 
tem servido a propósitos que não se circunscrevem exclusivamente às 
questões ligadas à saúde, denotando, em muitas situações, interesses re-
lacionados à modulação de comportamento social e à oportunidade de 
auferir lucros de toda espécie. (ALMEIDA; NOVAK, 2004)
Esses autores discutem os aspectos culturais que permeiam o aleitamento materno e nos 
fazem refletir sobre o papel da mulher como nutriz e as dificuldades encontradas para que 
esse gesto de amor e promoção de saúde seja concretizado. Vale a pena a leitura!
“Amamentação: um híbrido natureza-cultura”. Disponível em: https://bit.ly/31j9zzC
Além de entendermos os aspectos socioculturais que estão associados ao aleita-
mento materno, é essencial o conhecimento das alterações fisiológicas e necessidades 
nutricionais da lactante ou nutriz, bem como a composição nutricional do leite materno 
e seus benefícios, para que possamos defender e promover condições para o manejo 
adequado e facilitado.
Todos esses assuntos serão abordados nessa unidade e as principais questões são: 
como o corpo da mãe se ajusta para a produção do leite materno? Quais são as vanta-
gens da amamentação natural em comparação com a amamentação com outros tipos de 
leite? Como é possível ajustar algumas técnicas de aleitamento para facilitar o processo?
Vamos juntos nessa descoberta?
8
9
Fisiologia da Lactação
As mamas, embora rudimentares nos homens, existem em ambos os sexos e são 
estruturas anexas à pele especializadas na produção de leite. Nas mulheres, desen-
volvem-se e se diferenciam na puberdade, atingindo o seu maior desenvolvimento na 
gravidez e na lactação (ÓRFÃO; GOUVEIA, 2009). São compostas internamente por 
ductos lactíferos, alvéolos, células mioepiteliais, lóbulos, tecido conjuntivo e, externa-
mente, por mamilo, aréola e corpúsculos de Montgomery (Figura 1) (VÍTOLO, 2015).
Parede torácica
Costelas
Músculos peitorais
Lóbulos
Aréola
Mamilo
Ducto lactíferos
Tecido adiposo
Pele
Figura 1 – Glândula mamária e estruturas
Fonte: Adaptado de Getty Images
A mamogênese (desenvolvimento da glândula mamária) apresenta dois momentos 
de desenvolvimento: na puberdade e na gestação. Logo no início da gestação, p ela 
ação dos hormônios do corpo lúteo e da placenta, ocorre a proliferação dos ductos, ra-
mificações e formação lobular, a aréola aumenta de tamanho e escurece, porém, após 
o período de lactação, o grau de pigmentação vai diminuindo embora não retorne em 
absoluto à cor original. Na aréola, é possível observar pequenas papilas constituídas 
por uma glândula sebácea, que correspondem às glândulas de Montgomery, que se 
hipertrofiam na gravidez e lactação e produzem secreções oleosas e antissépticas com 
função protetora da aréola e do mamilo.
Há também a neoformação de ácinos, responsável pelo aumento de volume da 
glândula mamária (Figura 2). No final da gestação, o desenvolvimento da mama é 
evidente e a secreção do colostro identificada pela maioria das grávidas (ÓRFÃO; 
GOUVEIA, 2009; VÍTOLO, 2015).
Ácino: conjunto de células que se assemelha a muitos lóbulos “bagos’”, semelhante a 
cachos de uva.
9
UNIDADE Lactação e Leite Materno
Lóbulos
Pele
Ductos
Papila
Gordura
Não Grávida Grávida
Figura 2 – Desenvolvimento das mamas durante a gestação
Fonte: Adaptado de Getty Images
A prolactina também tem uma ação importante no desenvolvimento mamário, 
promovendo, em torno do terceiro mês de gestação, a secreção de um líquido que 
lembra o colostro. A partir do segundo trimestre, o hormônio lactogênio placentário 
(após o desenvolvimento mamário promovido pelo estrogênio e progesterona) é res-
ponsável pela síntese do colostro.
O processo de lactação acontece em quatro estágios, com características distintas 
(VÍTOLO, 2015):
Tabela 1
Estágio 1
No último trimestre da gravidez, inicia-se a lactogênese – aumento significa-
tivo na produção de lactose, proteínas totais e imunoglobulinas, além da dimi-
nuição de sódio e cloretos. No pós-parto, é quando a lactação se inicia de fato, 
decorrente da queda dos níveis de progesterona e manutenção dos níveis de 
prolactina elevados. Até o terceiro ou quarto dia, esse processo não depende 
da sucção da criança.
Estágio 2 Apojadura ou descida do leite: há um aumento de fluxo sanguíneo e captação de glicose e oxigênio, durando de dois a três dias após o parto.
Estágio 3
Galactopoese: manutenção da lactação por meio da ação do eixo hipotálamo-hipó-
fise, que deve manter a produção de prolactina e ocitocina. O processo de lactação 
exige a produção de leite no alvéolo e a sua saída pelos ductos lactíferos. Quando o 
leite não é extraído, ocorre um aumento de pressão nos capilares, inibindo a nova 
síntese de leite. Por isso é tão importante que o bebê faça a sucção nesta fase, para 
que a produção de leite seja estimulada a partir do sinal enviado ao hipotálamo que 
irá estimular a hipófise anterior de modo a produzir prolactina e a hipófise posterior 
a produzir ocitocina (Figura 3).
10
11
Prolactina de sangue
Impulsos sensoriais
do mamilo
A visão da criança
ajuda o re�exo
Impulsos sensoriais
do mamilo ajudam
o re�exo
Ocitocina no 
sangue
Ansiedade, dor ou 
dúvidas podem 
inibir o re�exo Som da voz 
da criança
ajuda o re�exo
Figura 3 - Refl exo da prolactina ou estímulo da produção de 
leite (esquerda) e refl exo da ocitocina, ou ejeção do leite (direita)
Fonte: Adaptado de Getty Images
Durante o processo de amamentação, o nível basal de prolactina irá se manter 
sempre elevado e aumentará ainda mais cada vez que o bebê mamar. Cerca de 3 
horas após a mamada, o nível de prolactina atinge o seu pico para ir baixando gra-
dualmente. Se o bebê voltar a mamar antes de esse hormônio alcançar o seu nível 
basal, o novo pico de prolactina irá alcançar valores ainda mais altos. Isso explica 
por que dar de mamar frequentemente, mesmo que de forma breve, estimula mais 
a produção de leite do que mamadas prolongadas, bem como reforça a importância 
de amamentar de maneira correta, possibilitando que o bebê sugue adequadamente.
Durante a noite, tanto os níveis basais como os picos de prolactina apresentam 
valores mais elevados, justificando a importância das mamadas noturnas para a ma-
nutenção da amamentação. Após alguns meses de amamentação, o nível basal e os 
picos de prolactina diminuem, mesmo a quantidadede leite produzida sendo maior. 
(ÓRFÃO; GOUVEIA, 2009).
A progesterona é considerada o principal hormônio inibidor da prolactina, sendo 
necessária sua redução para o início da lactogênese. O estrogênio, por ser antago-
nista da prolactina, também tem efeito negativo na lactação.
Por que não se recomenda o uso de anticoncepcionais à base de estrogênio e/ou progeste-
rona durante a lactação?
A ocitocina irá atuar nas células mioepiteliais, que circundam as células alveola-
res, contraindo-as, assim, o leite dentro das células alveolares vai ser ejetado para 
dentro dos ductos lactíferos. Também atua na musculatura lisa do útero, contraindo-a 
e possibilitando às mulheres que amamentam uma involução do útero mais rápida 
(VÍTOLO, 2015). 
 O reflexo de ocitocina, ou reflexo de ejecção do leite, pode ser desencadeado 
de forma espontânea (estímulos visuais, táteis, olfatórios ou auditivos), não sendo 
11
UNIDADE Lactação e Leite Materno
imprescindível a estimulação física da mama. O fato de ouvir o bebê chorar, ou 
pensar carinhosamente no bebê, mesmo estando longe dele, já é suficiente para es-
timular a ejeção. Há mulheres que relatam essa sensação como “formigamento” da 
mama acompanhada de gotejamento, mas há mulheres que não experimentam essa 
sensação, mesmo amamentando normalmente.
A insegurança ou o medo podem inibir temporariamente o reflexo de ejeção do 
leite e dificultar a amamentação através de dois mecanismos: com a inibição direta 
do reflexo de oxitocina e a libertação de um antagonista, a adrenalina (ÓRFÃO; 
GOUVEIA, 2009; VÍTOLO, 2015). Podemos nos embasar neste fato para explicar-
mos porque algumas mulheres passam por períodos conturbados durante a lactação 
e acabam por diminuir a produção de leite.
Tanto a oxitocina como a prolactina são transportadas no sangue e chegam simul-
taneamente a ambas as mamas. Porém, é comum observarmos mães que amamen-
tam apenas em uma das mamas, deixando a outra inativa, o que pode contribuir para 
um desequilíbrio no autocontrole. Embora saibamos que o não esvaziamento da mama 
pressione os capilares e atrapalhe o estímulo de produção dos hormônios, também 
já é conhecida a ação do fator de inibição da lactação (FIL – peptídeo identificado no 
leite humano e no de outros mamíferos) que atua localmente, sendo responsável pelo 
controle autócrino da glândula mamária. Quando o bebê mama, extrai o inibidor e de-
sencadeia a produção de mais leite. Se, pelo contrário, não mamar ou mamar pouco, 
o inibidor permanece na mama e frena a produção (ÓRFÃO; GOUVEIA, 2009). 
Diante do que falamos até agora, é possível observar que a maior parte das dificul-
dades no processo de amamentação que poderia estar relacionada à fisiologia está 
associada à secreção de ocitocina, que é mais fácil de ser controlada e manejada, 
desde que a mãe receba orientação e apoio adequados.
Após a compreensão das alterações pelas quais a mulher passa para estar pronta 
para o processo de amamentação, podemos iniciar os estudos sobre as recomenda-
ções nutricionais para esse estado fisiológico.
Recomendações Nutricionais para a Nutriz
Considerando a necessidade de um desempenho adequado na lactação, podemos 
afirmar que o acompanhamento do estado nutricional da mulher durante a ama-
mentação é tão importante quanto a assistência nutricional pré-natal. Nesta fase, um 
bom acompanhamento nutricional é capaz de reduzir os riscos à saúde tanto da mãe 
quanto do filho, por garantir à lactante suas necessidades nutricionais (preservação 
do estado nutricional materno), bem como do recém-nascido, já que uma mãe, em 
estado nutricional adequado, será capaz de produzir leite de qualidade.
Em relação aos aspectos fisiológicos, espera-se uma perda de peso gradual de 
0,6 a 0,8 kg/mês, nos primeiros 6 meses pós-parto. Caso as perdas de peso sejam 
12
13
superiores a 2 kg/mês, podem representar risco ao processo de lactação e à saúde 
materna, especialmente para mulheres eutróficas ou com baixo peso. Mesmo que a 
perda de peso durante a lactação seja algo fisiológico, aproximadamente 20% das 
mulheres em lactação podem manter ou, até mesmo, ganhar peso.
O mais importante na avaliação nutricional da nutriz é o acompanhamento da 
perda de peso e das reservas gordurosas, bem como os aspectos qualitativos da 
dieta, com o objetivo de prevenir perdas acentuadas da reserva gordurosa adquirida 
no período gestacional, garantindo substratos para a produção adequada de leite 
materno (ROSSI, 2015).
Em relação às necessidades energéticas, estima-se que sejam necessários cerca 
de 900kcal para a produção de 1L de leite. Considerando que a média de produção 
materna é de aproximadamente 850mL/dia, é considerado um adicional energético 
de 500kcal para a lactante (OMS, 1985). 
Porém, visto que a produção de leite diminui após o bebê iniciar a introdução 
alimentar, o IOM (Institute of Medicine) recomenda que esse adicional seja reduzido 
para 400kcal após os seis meses de lactação (VÍTOLO, 2015).
A utilização do adicional calórico irá depender do peso atual e pré-gestacional da 
mãe, e, também, da perda de peso identificada durante a lactação. Caso seja neces-
sário, é possível ajustar o adicional calórico ou, até mesmo, não o utilizar. 
Para lactantes com estado nutricional normal, o Gasto Energético Total (GET) 
deve ser realizado com a utilização do peso pré-gestacional; para lactantes obesas, 
deve-se utilizar o peso pré-gestacional visando ao restabelecimento do estado nu-
tricional e, para lactantes com baixo peso, utilizar o peso desejável que pode ser 
calculado por meio do IMC ideal (MUSSOI, 2014).
Para o cálculo das necessidades energéticas, considerar o GET mais o adicional 
de lactação.
As recomendações de proteína para mulheres que estão amamentando baseiam-
-se na composição do leite e na quantidade média produzida por dia. Recomenda-se 
1,3 g/kg/dia (peso pré-gestacional) ou de 10 a 35% do valor energético total do 
intervalo aceitável de distribuição de macronutrientes (IOM,1992). 
Em relação aos carboidratos, o consumo da mãe não influencia a composição do 
leite, o que já não acontece com os lipídios, cuja composição de ácidos graxos pode 
interferir na qualidade do leite. Os percentuais desses macronutrientes no total da 
dieta seguem as recomendações para mulheres não gestantes.
A alimentação da lactante deve oferecer variedade qualitativa, principalmente em 
relação aos micronutrientes, para garantir que suas reservas não sejam utilizadas para 
a produção do leite, comprometendo sua saúde e, também, a composição do leite.
Uma dieta variada e baseada nas recomendações dos guias alimentares pode 
garantir a disponibilidade desses nutrientes. Mas, nos casos em que a alimentação 
13
UNIDADE Lactação e Leite Materno
materna não segue um padrão adequado, muitas vezes, torna-se necessário lan-
çar mão de suplementação para garantir as condições de saúde da mãe e do bebê 
(VÍTOLO, 2015; ROSSI, 2015).
A ingestão adequada de líquidos favorece a produção de leite e recomenda-se a 
ingestão de 2 a 3L/dia, podendo ser composta por água, sucos, chá de ervas claras, 
leite e outros, exceto bebidas açucaradas.
Composição Nutricional do Leite Materno: 
Aspectos Nutricionais e Imunológicos
O aleitamento materno é o modo mais apropriado e seguro de alimentação na 
primeira infância. Proporciona uma combinação única de proteínas, lipídios, carboi-
dratos, minerais, vitaminas, enzimas e células vivas, assim como benefícios nutricio-
nais, imunológicos, psicológicos e econômicos reconhecidos e inquestionáveis.
O leite secretado do nascimento até uma semana depois é denominado colostro, 
do sétimo ao décimo dia é chamado de leite de transição e somente após o décimo 
dia é classificado como leite maduro.
O colostro é um líquido amarelado e espesso, rico em proteínas (imunoglobulinas) 
e com menor conteúdo de gorduras e lactose. As proteínas do colostro estão muito 
mais relacionadas com os aspectos imunológicos do que nutricionais, visto a necessi-
dade de proteçãoque o recém-nascido apresenta nessa fase extrauterina. A coloração 
amarelada do colostro é decorrente da grande concentração de vitaminas lipossolúveis 
e carotenoides. Há notória concentração de Na, K, Cl e Zn e a presença de imunoglo-
bulinas é altíssima, mas vai diminuindo até o terceiro dia, o que torna muito importante 
que o bebê receba o colostro nas primeiras 48h (VÍTOLO, 2015).
Além dos anticorpos, o colostro humano contém inúmeros fatores bioquí-
micos e células imunocompetentes, que interagem entre si e com a muco-
sa dos tratos digestivo e respiratório do lactente, conferindo não apenas 
imunidade passiva, como também estímulo ao desenvolvimento e matu-
ração do próprio sistema imune de mucosas do neonato. (PASSANHA; 
CERVATO-MANCUSO; SILVA, 2010)
Na tabela a seguir, podemos observar uma síntese dos principais nutrientes e como 
compõem o leite materno maduro.
Tabela 2 – Composição Nutricional do Leite Humano (LH)
Nutriente Descrição
Água Compõe 88% do leite e o aleitamento em livre demanda mantém o bebê hidratado.
Proteínas
Em comparação com os leites de outros mamíferos, o LH tem o menor teor de 
proteínas. Inclui caseína e lactoalbuminas (proteínas do soro), principalmente 
a alfa-lactoalbumina, importante para a síntese de lactose, e os fatores de pro-
teção, como lactoferrina, lisozima e imunoglobulinas. A relação soro/proteína 
forma um coalho gástrico mais suave, reduzindo o tempo de esvaziamento do 
estômago e facilitando a digestão. Contém glutamina e carnitina.
14
senac
Realce
15
Nutriente Descrição
Aminoácidos
Composição perfeitamente adequada, com reduzida quantidade de fenilalanina 
e tirosina. Presença de taurina (que não está presente no leite de vaca) e relação 
metionina/cistina adequada.
Lipídios
Componente mais variável do LH, fornece de 35 a 50% do total de energia ne-
cessária ao bebê. Incluem os triglicérides, os fosfolípides e o colesterol, além dos 
ácidos graxos livres, e são derivados de gordura circulante proveniente da dieta e 
da reserva corporal materna ou sintetizados na própria mama a partir da glicose.
Colesterol
Altas concentrações, elevando os níveis sanguíneos de bebês em aleitamento 
natural em comparação com aleitamento artificial. Isso promove melhor dispo-
nibilidade de colesterol para o cérebro em desenvolvimento.
Ácidos graxos 
essenciais
Melhor fonte desses nutrientes, com maiores concentrações de ácidos graxos 
poli-insaturados de cadeia longa, que são essenciais para o desenvolvimento 
normal dos lactentes, com destaque para o ácido docosahexaenoico (DHA), pela 
importância no desenvolvimento cerebral e da retina, e o ácido araquidônico, 
como precursor de prostaglandinas e leucotrienos.
Carboidrato
O principal é a lactose que metaboliza galactose (matéria prima para a substân-
cia branca do cérebro em crescimento), facilita a absorção de cálcio e a coloniza-
ção da microbiota intestinal.
Minerais
Concentração 1/3 menor quando comparado ao leite de vaca. Junto ao teor pro-
teico reduzido, contribui para uma dissolução dos compostos sólidos. Propor-
ciona alta biodisponibilidade de cálcio (relação cálcio/fósforo adequada), ferro e 
zinco, além de conter quantidades adequadas de sódio.
Vitaminas do Com-
plexo B e Vitaminas C 
(hidrossolúveis)
A concentração depende da alimentação da nutriz, sendo necessária a atenção, 
principalmente na presença de práticas de restrição alimentar, como vegetaria-
nismo ou dietas inadequadas em aspectos qualitativos.
Adaptado de GUILHERME; NASCIMENTO (2013)
Quanto aos aspectos imunológicos, eles estão associados à sua perfeita compo-
sição e pureza, de forma a garantir um efeito protetor em relação à morbidade e à 
mortalidade da criança. Os anticorpos presentes no leite materno podem combater 
diversos microrganismos com os quais a mãe entrou em contato durante toda sua 
vida, e que ela já desenvolveu alguma defesa. 
As propriedades do leite humano capazes de estimular o sistema imunológico incluem 
o fornecimento de imunoglobulinas, IgA, IgM, IgD, IgE, IgG, (predominância da IgA), 
lisozima, lactoferrina, componentes do sistema do complemento (C3, C4), peptídeos 
bioativos, oligossacarídeos e lipídios com fator antiestafilococos e ação de inativação de 
vírus, além de fagócitos polimorfonucleares, linfócitos, macrófagos, nucleotídeos, plas-
mócitos e células epiteliais (PASSANHA; CERVATO-MANCUSO; SILVA, 2010).
O sistema imunológico. Disponível em: https://youtu.be/9tTKXhcLpf4
O que é uma imunoglobulina. Disponível em: https://youtu.be/Ct5wrqvfjs4
Além disso, o aleitamento prolongado traz benefício extra ao final do primeiro 
e segundo anos de vida, quando a incidência de diarreia é maior. A presença de 
leite no lúmen intestinal estimula o desenvolvimento de sua mucosa e a atividade da 
enzima lactase. Também é marcante a influência que o LH exerce sobre a compo-
sição da microbiota intestinal do RN. Há a predominância das bifidobactérias e os 
oligossacarídios auxiliam na promoção do desenvolvimento da flora bífida, através 
15
UNIDADE Lactação e Leite Materno
da queda do pH, que impedem a multiplicação de enterobactérias, exercendo papel 
importante na prevenção de doenças infecciosas no recém-nascido. 
No que diz respeito às diferenças que podem trazer prejuízos ao bebê, além 
das diferenças nutricionais (Tabela 3), no leite de vaca há predomínio de beta-
-lactoglobulina, proteína altamente alergênica e detectada no leite humano em 
pequenas quantidades, provavelmente originada de da ingestão de leite de vaca 
pela nutriz. O contato precoce do bebê com essas substâncias pode desenca-
dear reações de curto, médio e longo prazo, relacionadas à produção de hista-
mina ou imunoglobulinas em defesa a substâncias alergênicas (GUILHERME; 
NASCIMENTO, 2013). 
Tabela 3 – Comparação nutricional entre o leite materno e o leite de vaca
Nutriente Leite Materno Leite de vaca
Leite modificado 
(Fórmula)
Proteína Quantidade adequada, fácil de digerir Excesso, difícil de digerir Parcialmente modificado
Lipídios Suficiente em ácidos graxos essenciais, lipase para digestão
Deficiente em ácidos graxos 
essenciais, não apresenta lipase
Deficiente em ácidos graxos 
essenciais, não apresenta lipase
Minerais Quantidade correta/ equilibrado Em excesso (desequilibrado) Parcialmente correto/ parcial-mente equilibrado
Ferro Pouca quantidade, bem absorvido Pouca quantidade, mal absorvido Adicionado, mal absorvido
Vitaminas Quantidade suficiente Deficiente A e C Vitaminas adicionadas
Água Suficiente Necessário extra Necessário extra
Fonte: Adaptado de OMS, 2005
Fica claro que o leite materno é o melhor alimento para o recém-nascido e o bebê nos 
primeiros meses de vida. O uso de outros tipos de leites, fórmulas ou alimentos, além de 
não oferecer componentes protetores, pode provocar doenças no recém-nascido.
Técnicas de Aleitamento Materno 
Embora a amamentação seja a maneira mais natural de alimentar do bebê, tanto 
as mães, quanto os bebês e a família precisam de um tempo para adaptação. Ama-
mentar nem sempre é fácil, principalmente nos primeiros dias, e exige muita paciên-
cia e persistência, além de apoio e informação.
Para a promoção adequada da amamentação, é importantíssimo que o modo como 
se amamenta esteja correto, ou seja, posição e pega adequadas, para proporcionar 
bem estar à mãe e ao bebê. Para tanto, são necessários alguns requisitos (TERUYA; 
BUENO, 2013):
Posição adequada:
• cabeça e corpo do bebê alinhados; 
• boca de frente para a região mamilo-areolar; 
16
17
• corpo do bebê próximo e voltado para a mãe; 
• nádega do bebê apoiada (se for recém-nascido).
Pega adequada (encaixe adequado da boca do bebê ao peito da mãe):
• boca bem aberta; 
• lábios virados para fora; 
• queixo tocando o peito; 
• visualização maior da parte de cima da aréola.
Quando cumpridos esses requisitos, a sucção é favorecida e não machuca e nem 
causa dores na mãe. Se, durante a amamentação, a mãe sentir dor, é sinal de pega 
incorreta, sendo necessário retirar cuidadosamenteo bebê da mama e colocá-lo de 
novo, de forma correta.
A posição da amamentação deve ser confortável e há formas variadas de ser feita, 
conforme interação da mãe com o bebê (Figura A). O apoio à mama deve ser sempre 
em formato de “C” (Figura 5), evitando o apoio em forma de tesoura, que impede a 
passagem do leite pelos ductos.
A B C
D
A
D E
B C
Figura 4 – Tipos de posição para a amamentação
Adaptado de Getty Images
A) Posição Tradicional: sentada, a mulher posiciona o bebê no colo (barriga 
com barriga). B) Posição Invertida: a mãe posiciona o bebê com os pés em 
direção à cabeceira da cama ou poltrona. C) Posição de Jogador de Futebol 
Americano: mulher sentada com o bebê posicionado na sua lateral. D) Po-
sição deitada: mulher deitada, junto ao bebê, com apoio de um travesseiro 
para que a cabeça do bebê fica mais alta que o corpo. E) Posição cavalinho: 
mulher sentada com o bebê apoiado ao seu corpo verticalmente. A mãe 
apoia a cabeça do bebê com uma mão e com a outra posiciona a mama.
17
UNIDADE Lactação e Leite Materno
Figura 5 – Apoio da mama em formato “C”
Fonte: Getty Images
Para favorecer e estimular a amamentação, é essencial que o bebê tenha tempo 
para mamar por completo o leite de uma mama antes de passar para a outra. A dura-
ção das mamadas não está relacionada com a quantidade de leite ingerido. O volume 
de leite ingerido por unidade de tempo varia muito de um lactente para outro, de uma 
mamada para outra e ao longo de uma mesma mamada. No entanto, o teor de lipídios 
do leite materno aumenta gradativamente à medida que o bebê mama. O leite disponí-
vel no final da mamada, ou seja, quando o bebê esvazia a mama, pode conter 5 vezes 
mais lipídios do que o do início, sendo ideal que primeiro o bebê esvazie a primeira 
mama, para depois ocorrer a oferta da segunda mama (GOUVEIA; ÓRFÃO, 2009).
Quais são as vantagens nutricionais para o bebê quando a mamada ocorre até o final?
Outra forma de promover a amamentação saudável e contínua é amamentar sob 
livre demanda, ou seja, no momento em que o bebê desejar. Em locais onde o clima 
é muito quente, o bebê terá mais sede e irá mamar com maior frequência, mesmo 
sem estar com fome. 
Destaque: Recomenda-se que a criança seja amamentada desde a primeira hora 
de vida e sempre que quiser mamar. A quantidade de leite produzida pela mulher 
depende principalmente do quanto a criança mama. Mais mamadas, mais leite, mais 
saúde! (BRASIL, 2019).
Aspectos Psicológicos 
do Aleitamento Materno
O desenvolvimento da criança depende de suas próprias características, mas tam-
bém da interação com o meio em que vive. Tanto as necessidades físicas, quanto as 
emocionais, como se sentir segura, amada e protegida, precisam ser atendidas. 
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Amamentar direto do peito possibilita, através da troca de calor, cheiro, olhares, 
sons e toques, estimular a criança de forma a ajudá-la a se desenvolver. Sentir-se 
num colo que a sustente, traz segurança. Receber o leite associado ao carinho do 
processo de amamentação é importante para o desenvolvimento da criança e o 
estabelecimento de laços afetivos. Traz benefícios incontestáveis ao bebê, mas tam-
bém à mãe (BRASIL, 2019).
Embora natural, amamentar é um processo de escolha e persistência. Escolher 
por amamentar e não conseguir é uma frustração. Escolher não amamentar é um 
risco ao julgamento, um risco social, um risco à saúde. Escolhas envolvem riscos e 
resiliência. E, nesse processo de escolha, muitas vezes, a mulher se vê sozinha, por 
isso é tão importante uma rede de apoio para que o aleitamento materno seja esti-
mulado e viabilizado (ALMEIDA; NOVAK, 2004).
A mulher precisa de auxílio da família, das empresas, do governo para que possa 
desempenhar seu papel de mãe e de nutriz. Também precisa de informação, que 
pode ser obtida através de profissionais da saúde, capazes de orientar de forma 
acolhedora e humanizada neste momento tão importante da vida da mãe e do bebê.
Ao final desta unidade, pudemos compreender como os aspectos fisiológicos, 
sociais e psicológicos influenciam o estado da nutriz, bem como conhecer algumas 
formas de auxiliar o binômio mãe-bebê no período de lactação, promovendo saúde e 
estimulando o aleitamento materno, condição essencial de saúde pública e uma das 
formas mais simples de prevenir doenças ao longo da vida. 
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UNIDADE Lactação e Leite Materno
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Mês do Aleitamento Materno
https://youtu.be/FPNmyUAUTDw
 Leitura
Etiopatogenia, clínica e diagnóstico. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira 
de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
https://bit.ly/3a2lOVj
Diagnóstico, tratamento e prevenção. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira 
de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
https://bit.ly/33yZ3qM
Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos
https://bit.ly/31sXqbo
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Referências
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IOM. Institute of Medicine. Nutrition during pregnancy and lactation. An 
Implementation Guide. Washington: National Academy Press, 1992. 
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Rubio, 2015.
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informe de una reunión consultiva conjunta FAO/OMS/UNU de expertos. Ginebra: 
OMS, 1985. (Série de Informes Técnicos, 724.)
ALMEIDA, J. A. G. de; NOVAK, F. R. Amamentação: um híbrido natureza-
cultura. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 80, n. 5, supl. p. s119-s125, Nov. 2004. 
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-
-75572004000700002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 11/03/20.
ÓRFÃO, A.; GOUVEIA, C. Apontamentos de anatomia e fisiologia da lactação. Rev. 
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