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Livro nutriçao materno-infantil uniasselvi

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Nutrição MaterNo-
iNfaNtil
Prof.ª Isabela Maria Sell
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Isabela Maria Sell
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
S467n
 Sell, Isabela Maria
 Nutrição materno-infantil. / Isabela Maria Sell. – Indaial: UNIASSEL-
VI, 2020.
 240 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-203-2
 ISBN Digital 978-65-5663-204-9
 1. Crianças - Nutrição. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 612.3
apreseNtação
Caro acadêmico, é com grande satisfação que convidamos você a 
iniciar os estudos relacionados à disciplina Nutrição Materno-infantil. Como 
o nome sugere, os estudos desta disciplina são direcionados a informar, 
explicar e questionar os aspectos relevantes que compreendem conteúdos 
sobre a nutrição desde a concepção até ao final da infância. É de suma 
importância que o aluno de nutrição conheça todos esses aspectos para que 
sua formação seja integral e após formado no Curso de Nutrição, possa 
aplicar seus conhecimentos de forma segura e responsável.
A ciência da nutrição vem sendo construída ao longo dos anos, de 
forma dinâmica e os conhecimentos acerca do tema passam por constantes 
reformulações, decorrentes do avanço nas pesquisas. Atualmente, as pessoas 
têm acesso a muitas informações, através dos inúmeros meios de comunicação. 
Tal realidade pode ser bem positiva, já que a informação se tornou muito 
democrática, porém é preciso que o acadêmico fique sempre atento às fontes 
dessas informações. Muitos conteúdos sobre nutrição que vinculam em sites 
e redes sociais não condizem com o que é considerado científico e validado 
para uma prática clínica esperada de um futuro profissional.
 
O público alvo da nutrição materno-infantil, gestantes e crianças 
principalmente, pertencem a grupos que estão em ciclos de vida onde uma 
nutrição adequada é fundamental para evitar desfechos inesperados. O 
futuro nutricionista deve ter sua bagagem de conhecimentos muito bem 
embasados em referenciais teóricos e práticos e também ter um bom preparo 
para lidar com as questões humanas de uma forma ampla em que todos os 
aspectos relacionados à saúde do indivíduo sejam levados em consideração.
Você, prezado acadêmico, deverá estar preparado para receber seus 
clientes de forma muito acolhedora e respeitar as especificidades de cada 
indivíduo, seu grupo social e cultural, suas condições econômicas, suas 
crenças e saberes. A partir disso, então deverá aplicar seus conhecimentos 
para prevenir e/ou melhorar a condição nutricional, seja da gestante, 
como do lactente, da criança no pré-escolar e escolar. Vale ressaltar que 
na abordagem em nutrição materno-infantil, além do sujeito que está em 
busca ou necessitando de uma intervenção nutricional, a família faz parte 
do contexto e de uma forma direta ou indireta está envolvida no processo. 
Esperamos que você esteja aberto, para esse momento de sua trajetória, 
para aproveitar todos os conteúdos apresentados nas Unidades 1, 2 e 3 deste 
livro didático, bem como estender sua busca em materiais sugeridos ao longo 
das unidades. Na nutrição é preciso buscar por conhecimento sempre. Um 
profissional nutricionista deverá estar sempre bem informado e atualizado. 
Isabela Maria Sell
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
suMário
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ ............1
TÓPICO 1 — ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS DA GESTAÇÃO .................. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 MUDANÇAS FISIOLÓGICAS NA GESTAÇÃO.......................................................................... 4
3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA GESTANTE ......................................................................... 11
4 GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO ........................................................................... 19
5 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DA GESTANTE ................................................................ 23
6 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA GESTANTES .................................................. 28
7 CONSUMO DE ÁLCOOL E TABAGISMO NA GESTAÇÃO .................................................. 29
8 ABORDAGEM NUTRICIONAL EM SITUAÇÕES COMUNS NA GESTAÇÃO ................ 31
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 33
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 34
TÓPICO 2 — LACTAÇÃO .................................................................................................................. 35
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 35
2 FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO ....................................................................................................... 36
3 COMPOSIÇÃO DO LEITE MATERNO (LM) .............................................................................. 38
4 MANEJO NO PROCESSO DE ALEITAMENTO MATERNO ................................................. 41
5 COMPLICAÇÕES COMUNS NO PROCESSODE LACTAÇÃO
 E ALEITAMENTO MATERNO ....................................................................................................... 47
6 BANCO DE LEITE ............................................................................................................................. 53
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 58
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 62
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 63
TÓPICO 3 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA NUTRIZ ...................................................... 65 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 65
2 NECESSIDADES ENERGÉTICAS DA NUTRIZ ........................................................................ 66
3 NECESSIDADES DE MACRO E MICRONUTRIENTES DA NUTRIZ ................................. 68
4 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA DA NUTRIZ ................................................... 69
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 72
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 73
UNIDADE 2 — ASPECTOS NUTRICIONAIS ATÉ AOS DOIS ANOS DE VIDA ................. 75
TÓPICO 1 — LACTENTE ................................................................................................................... 77 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 77
2 CLASSIFICAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO DE ACORDO COM SUA
 IDADE GESTACIONAL E PESO AO NASCER .......................................................................... 78
3 ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO SISTEMA GASTROINTESTINAL DO LACTENTE .... 79
4 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DO LACTENTE ................................................................ 82
5 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO LACTENTE ......................................................................... 85
6 A INFLUÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO PARA O LACTENTE
 E O DESMAME .................................................................................................................................. 96
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 106
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 107
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS ....................................................... 109
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 109
2 NECESSIDADES NUTRICIONIAS APÓS AOS 6 MESES DE IDADE................................ 110
2.1 REQUERIMENTO DE MACRONUTRIENTES ...................................................................... 110
2.2 REQUERIMENTO DE MICRONUTRIENTES ....................................................................... 111
3 ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR ......................................................................................... 112
3.1 ESQUEMA ALIMENTAR E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR ................................... 116
4 TÉCNICA DE INTRODUÇÃO ALIMENTAR BLW .................................................................. 126
5 DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA MENORES
 DE DOIS ANOS – MINISTÉRIO DA SAÚDE .......................................................................... 127
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 129
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 130
TÓPICO 3 — SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA ..................................... 131
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 131
2 ALIMENTOS ENRIQUECIDOS OU FORTIFICADOS ........................................................... 132
3 SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS E MINERAIS ...................................................................... 133
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 143
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 149
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 150
UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR, ESCOLAR E ADOLESCENTE .............. 151
TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR ........................................................................... 153
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 153
2 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO PRÉ-ESCOLAR ................................................................ 154
2.1 VELOCIDADE DE CRESCIMENTO ....................................................................................... 166
2.1.1 Avaliação da altura em situações especiais .................................................................... 170
3 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DO PRÉ-ESCOLAR, DO
 ESCOLAR E DO ADOLESCENTE ............................................................................................... 175
4 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O PRÉ-ESCOLAR ........................................ 179
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 185
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 186
TÓPICO 2 — NUTRIÇÃO DO ESCOLAR E DO ADOLESCENTE ......................................... 189
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 189
2 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO ESCOLAR E DA ADOLESCÊNCIA ............................ 190
3 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O ESCOLAR ................................................. 194
4 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA ADOLESCENTES ........................................ 196
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 198
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 199
TÓPICO 3 — SITUAÇÕES COMUNS NA INFÂNCIA .............................................................. 201
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 201
2 FORMAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES ........................................................................ 202
2.1 ALIMENTAÇÃO ......................................................................................................................... 202
2.2 NUTRIÇÃO ................................................................................................................................. 202
2.3 INAPETÊNCIA ........................................................................................................................... 206
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 209
RESUMODO TÓPICO 3................................................................................................................... 212
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 213
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 215
1
UNIDADE 1 — 
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• descrever as alterações fisiológicas do organismo materno que ocorrem 
na gestação;
• citar e aplicar os métodos de avaliação do estado nutricional da gestante;
• definir o ganho de peso adequado da mulher no período gestacional e 
as necessidades nutricionais da gestante;
• relacionar os impactos para o bebê do consumo de álcool e do tabagis-
mo durante a gestação;
• identificar as situações comuns na gestação que podem influenciar na 
alimentação e nutrição da gestante;
• descrever os mecanismos fisiológicos da lactação e citar os componentes 
do leite materno;
• apresentar maneiras, técnicas e orientações para resolver ou minimizar 
as complicações no processo de lactação e aleitamento materno;
• conhecer a história, a missão, público alvo, funcionamento e importân-
cias dos bancos de leite;
• compreender as mudanças físicas e psicológicas do puerpério;
• aplicar os métodos de avaliação nutricional para lactantes;
• identificar as necessidades de macro e micronutrientes de nutrizes.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS DA GESTAÇÃO
TÓPICO 2 – LACTAÇÃO
TÓPICO 3 – RECOMNEDAÇÕES NUTRICIONAIS DA NUTRIZ
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Iniciaremos os estudos da disciplina de Nutrição 
Materno-infantil com o evento da gestação e todos os processos envolvidos nesta 
fase. A gestação é um momento da vida da mulher de muita vulnerabilidade 
nutricional. A saúde, tanto materna como do recém-nascido (RN), reflete de 
forma significativa na saúde futura dos cidadãos de uma nação. 
O intenso anabolismo que ocorre nesta fase vem acompanhado de aumento 
das demandas nutricionais que geram necessidade de uma atenção especial para 
evitar intercorrências relacionadas a má alimentação e nutrição.
Vários aspectos estão relacionados com um estilo de vida saudável 
para população em geral e especialmente para a gestante. A American Dietetic 
Association (ADA) alerta para a importância do ganho de peso adequado 
nesta fase, o consumo variado de alimentos incluindo todos os grupos para 
garantir a ingestão de macros e micronutrientes, a suplementação adequada de 
micronutrientes, e a abstinência do consumo de álcool, tabaco e outras substâncias 
tóxicas. 
A condição nutricional antes da gestação é um fator importante na 
conjuntura que envolve a saúde da mulher, do feto e do desdobramento do processo 
gestacional, do parto e pós-parto. A gestação sofre influências, principalmente, 
no primeiro trimestre, das condições nutricionais do período preconcepção. As 
orientações nutricionais devem acontecer preferencialmente já neste período, 
mudanças alimentares e no estilo de vida durante esta fase diminuem riscos de 
agravos gestacionais. 
O nutricionista é um dos profissionais de saúde que atuam na área 
materno-infantil e entre suas atribuições clínicas incluem orientações nutricionais 
e alimentares para as gestantes. A formação acadêmica deve incluir o estudo de 
todas os aspectos envolvidos neste evento que traz muitas mudanças na vida da 
mulher. Começaremos com os aspectos fisiológicos da gestação. 
O entendimento das alterações que o organismo da mulher sofre após 
a concepção permite a compreensão acerca das demandas nutricionais desta 
fase. Tais conhecimentos refletirão na sua atuação profissional dando-lhe mais 
segurança para aplicar suas condutas e orientações para gestantes.
ASPECTOS FISIOLÓGICOS E 
NUTRICIONAIS DA GESTAÇÃO
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
4
2 MUDANÇAS FISIOLÓGICAS NA GESTAÇÃO
A gestação é um período da vida da mulher que tem início na concepção e 
se estende por um período de cerca de 40 semanas sendo finalizado com o parto. 
O corpo materno passa por inúmeras alterações fisiológicas durante a gestação 
e essas desaparecem com o nascimento do bebê. São mudanças inevitáveis, 
porém temporárias, inerentes ao período, que podem ter graus variáveis de 
manifestações.
 As alterações anatômicas, bioquímicas e fisiológicas desta fase 
são importantes para manter um ambiente equilibrado e saudável para o 
desenvolvimento do feto e não alterar a saúde da mãe. Também estão relacionadas 
ao preparo do organismo da gestante para o trabalho de parto e para a lactação. 
Essas mudanças afetam basicamente todos os sistemas corporais, pois 
em decorrência de uma carga fisiológica aumentada, os ajustes funcionais têm 
início já na primeira semana gestacional perdurando até o final. Após ao parto, 
com a expulsão do feto e da placenta o organismo materno vai gradativamente 
voltando ao estado pré gestacional. Esse processo de reversão estará completo em 
aproximadamente seis semanas. As mamas são exceções, pois secretam leite por 
alguns meses enquanto a mãe estiver amamentando seu filho. 
Todas as mudanças corporais que ocorrem no organismo materno durante 
a gestação, somada à formação de um novo organismo favorece o entendimento 
acerca das demandas nutricionais inerentes a este período. Vamos descrever 
as alterações iniciando com a participação dos hormônios que possuem papel 
fundamental no desenvolvimento da gestação, no parto e no período da lactação. 
A gonadotropina coriônica humana, conhecida pela sigla HCG, é 
produzida pelas células do trofoblasto, e detectada no plasma a partir do oitavo 
dia após a fecundação e na urina no décimo quinto dia. A principal função deste 
hormônio é manter o corpo lúteo e com isso a secreção de estrogênio e progesterona 
que posteriormente serão secretados pela placenta (GUERTZENSTEIN, 2007).
Vamos relembrar o que são trofoblatos? O trofoblatos são compostos por um 
conjunto de células heterogênicas derivadas da trofoectoderme, a camada externa do 
blastocisto. Contribui para a formação da placenta. Por isso a placenta é considerada um 
órgão fetal.
NOTA
TÓPICO 1 — ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS DA GESTAÇÃO
5
A progesterona e o estrogênio são produzidos pelo corpo lúteo presente no 
ovário nas primeiras oito semanas. Posteriormente, a placenta é responsável pela 
secreção destes hormônios que chega aos níveis máximos próximos ao momento 
do parto. A produção hormonal da placenta favorece a queda na produção do 
HCG (GUERTZENSTEIN, 2007).
As ações da progesterona na gestação incluem um intenso efeito inibidor 
nas células musculares do útero, mantendo-as relaxadas e com isso evitando 
a expulsão do feto antes do momento ideal para o parto. Esse efeito também 
ocorre nas células musculares do intestino favorecendo a melhora na absorção 
de nutrientes, porém reduz a velocidade do trânsito intestinal acarretando a 
constipação comum na gestação. Também atua no desenvolvimento das mamas 
e no armazenamento de gordura. Favorece o aumento na excreção de sódio 
(VITOLO, 2008).
 
O estrogênio provoca um efeito na musculatura uterina aumentando 
muito a proliferação de suas células e o aumento na elasticidade na parede do 
útero e do canal cervical. Também influencia no desenvolvimento das mamas 
para o processo de lactação. Juntamente à progesterona interfere no metabolismo 
do ácido fólico (GUERTZENSTEIN, 2007).
O hormônio lactogênio placentáriotem estrutura semelhante ao da 
prolactina e do hormônio do crescimento. Favorece o depósito de proteínas 
nos tecidos. Um efeito importante na gestação é a glicogenólise que interfere na 
concentração de glicose sanguínea, antagonizando os efeitos da insulina. E como 
o nome sugere atua no início da lactogênese nas mamas. 
A insulina, hormônio produzido pelas células beta do pâncreas, tem 
sua eficiência alterada durante a gestação, que é considerado um mecanismo 
fisiológico. No início da gestação a insulina provoca uma resposta glicêmica 
normal. Com a evolução da gestação, a quantidade de insulina necessária para o 
metabolismo da glicose torna-se maior. O que caracteriza uma menor sensibilidade 
à insulina que desencadeia um “estado hiperinsulinêmico”. São necessárias 
quantidades maiores de insulina para transportar a mesma quantidade de 
glicose. Pelo menos uma parte deste efeito é provavelmente causado pela ação dos 
hormônios progesterona, cortisol, hormônio lactogênio placentário e prolactina. 
São chamados de antagonistas da insulina (VITOLO, 2015).
Quando o organismo da futura mamãe não se adapta a essa demanda 
aumentada de insulina (não ocorre o aumento da secreção pelo pâncreas) pode ocorrer 
diabetes gestacional.
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
6
A tiroxina, hormônio produzido pela glândula tireoide, atua em vários 
sistemas corporais e regula as reações implicadas na produção de energia. As 
necessidades corporais deste hormônio estão aumentadas já nas primeiras 
semanas após a concepção. 
O HCG estimula a tireoide materna no primeiro trimestre, através de 
uma ação similar ao do TSH (hormônio tireoestimulante produzido pela hipófise 
anterior). O pico de elevação ocorre lá pela 12ª a 14ª semana gestacional, porém 
não se mantém aumentado devido à diminuição na secreção de HCG (MACIEL; 
MAGALHÃES, 2008). O estrogênio e a progesterona também interferem na 
secreção tireoidiana. É importante destacar que a tiroxina é transferida da mãe 
para o feto através da placenta.
Um dos órgãos protagonistas na gestação é o útero. É um dos órgãos 
maternos que sofre as maiores mudanças. Ele passa de um órgão pequeno, que 
pesa aproximadamente 60 gramas antes da gestação, para um tamanho cinco a 
seis vezes maior no final com peso de 1.000 gramas. Lembrando que de órgão 
oco, passará a abrigar um feto, a placenta e 500 a 1000 ml de líquido amniótico 
(ZIEGEL; CRANLEY, 2008).
 
O miométrio, camada de músculo liso encontrado na parede uterina, 
fica aumentado e com isso favorece a expulsão do bebê durante o trabalho de 
parto. Esse aumento ocorre através da hipertrofia (aumento no tamanho da célula 
muscular) e também a hiperplasia (aumento no número de células) das células 
musculares lisas. As células musculares do útero podem aumentar de tamanho 
17 a 40 vezes. O aumento da musculatura uterina também é acompanhado 
pelo aumento do tecido conjuntivo, vascularização e inervação. Todas essas 
mudanças são ocasionadas pela ação dos hormônios progesterona, estrogênio e 
somatomamotropina coriônica (ZIEGEL; CRANLEY, 2008). 
A partir da metade da gestação o aumento do útero se dá também por 
ação mecânica exercida pelo feto na parede de útero que sofre distensão e vai 
afinando. A espessura do útero no final chega a 5 mm, o que facilita a palpação 
do feto (ZIEGEL; CRANLEY, 2008).
A formação da placenta faz parte das alterações inerentes à gestação. 
Trata-se de um anexo fetal que possui uma porção fetal e uma porção materna. É 
um órgão temporário que tem funções essenciais no processo gestacional como 
nutrição, respiração, excreção produção de hormônios e proteção. Se o desempenho 
da placenta estiver comprometido provavelmente o desenvolvimento do feto será 
afetado (GUERTZENSTEIN, 2007).
A placenta começa a ser formada, primeiramente pela decídua, após a 
implantação do ovo no endométrio que passa por modificações (GUERTZENSTEIN, 
2007). Tem formato oval e aspecto esponjoso (VITOLO, 2008). É intensamente 
vascularizada. Seu peso final é de 600 a 650 gramas. Possui uma porção fetal 
e uma porção materna. Os sangues fetais e maternos são separados por uma 
TÓPICO 1 — ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS DA GESTAÇÃO
7
membrana placentária, chamada de barreia placentária, que evita que os sangues 
se misturem (GUERTZENSTEIN, 2007).
 
A placenta constitui o local de transporte que favorece as trocas de 
substâncias entre mãe e feto. Para que o feto recebe o aporte adequado de nutrientes 
é fundamental que o organismo materno esteja tendo acesso aos nutrientes, possa 
digerir, absorver, metabolizar utilizar e transportas os nutrientes para que a 
placenta os disponibilize (GUERTZENSTEIN, 2007).
 
Do ponto de vista funcional a barreira placentária é similar da mucosa 
intestinal, utiliza vários tipos de transportes como difusão simples e facilitada, 
transporte ativo, ultrafiltração e pinocitose para efetuar as trocas de gases, 
resíduos metabólicos e nutrientes entre mãe e feto. 
O feto recebe através da placenta aminoácidos para sintetizar suas 
próprias proteínas. As proteínas que são moléculas de alto peso molecular não 
atravessam a placenta. Uma exceção é a imunoglobulina G (IgG) que através de 
pinocitose chega ao feto vinda da mãe e lhe confere proteção imunológica.
 
Além de transportar nutrientes a própria placenta é capaz de sintetizar 
alguns nutrientes como glicogênio, ácidos graxos e colesterol que servem de 
substrato energético para o feto. 
Algumas alterações da placenta podem que podem estar associadas com 
intercorrências fetais incluem as lesões vasculares, vilosite crônica, aumento de 
fibrina no espaço interviloso e descolamento abrupto de placenta. Uma avaliação 
e acompanhamento médico é fundamental para identificar problemas no 
crescimento e desenvolvimento fetal (CÔRREA et al., 2006).
E então, acadêmico? O que achou da maestria na organização hormonal 
da gestação? Percebeu que a progesterona e o estrogênio são fundamentais 
no preparo do útero e para a amamentação? Agora vamos explorar os demais 
sistemas e as adaptações durante a gestação.
O sistema cardiovascular sofre alterações características e graduais 
durante a gestação e o parto. Uma delas é o aumento do volume plasmático de 
A placenta representa um órgão imprescindível para um efetivo e bom 
resultado do processo gestacional. É altamente metabólico e além de produzir várias 
enzimas, secreta hormônios que são responsáveis pela manutenção da gestação e também 
atuam nas mamas preparando-as para lactação.
NOTA
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
8
até 50% em relação ao período pré gestacional caracterizando uma hipervolemia. 
Esse mecanismo favorece a perfusão adequada para o útero hipervascularizado 
e um suprimento reserva para minimizar as possíveis perdas na hora do parto. 
O aumento do volume sanguíneo não é acompanhado proporcionalmente 
pelo aumento no número de hemácias, o que leva a uma hemodiluição. A 
quantidade de hemácias e hemoglobina aumenta cerca de 20%. O resultado é 
de uma redução do hematócrito de 15% e de hemoglobina de 20% com valores 
do volume corpuscular médio (VCM) e da concentração média de hemoglobina 
inalterados (VITOLO, 2008). Ocorre também uma redução na concentração das 
proteínas plasmáticas principalmente a albumina resultante da hemodiluição. 
O edema comum nas gestantes pode ser explicado em partes por essa redução 
proteica (GUERTZENSTEIN, 2007).
Tanto o débito como a frequência cardíaca também aumentam 
gradativamente durante a gestação (PICON; SÁ, 2005). O débito cardíaco tem um 
aumento de cerca de 40% em resposta ao aumento das necessidades de oxigênio. 
O coração fica aproximadamente 12% maior, aumento relacionado à expansão 
no volume sanguíneo (TURNER, 2009). Os batimentos cardíacos estão cerca de 
10 batimentos por minutos acima da frequência cardíaca do período anterior à 
gestação. No final do período volta ao normal (GUERTZENSTEIN, 2007). 
A funçãorespiratória se adapta ao período gestacional. O aumento no 
volume uterino acarreta elevação do diafragma e o ônus pulmonar reduz pela 
ação da progesterona. A respiração da gestante fica mais profunda e mais rápida 
o que resulta em diminuição da pressão parcial de gás carbônico e aumento 
da pressão parcial de oxigênio. Consequentemente, ocorre maior ventilação 
pulmonar e otimização nas trocas gasosas garantido suprimento de oxigênio para 
o feto e os anexos (GUERTZENSTEIN, 2007).
 
Os rins sofrem alterações anatômicas durante a gestação. O cumprimento 
aumenta discretamente, os ureteres alongam-se ficam mais largos e mais 
encurvados. A gestante tem um aumento na frequência de micção já no início da 
gestação decorrente tanto da ação hormonal como pelas adaptações anatômicas. 
O útero que aumenta de tamanho repousa sobre a bexiga e pressiona este órgão 
(TURNER, 2009). 
O fluxo sanguíneo renal eleva-se entre 25 a 50% e a taxa de filtração 
glomerular aumenta aproximadamente 50%. O aumento da taxa de filtração 
glomerular favorece a glicosúria fisiológica comum na gestação devido às taxas 
de reabsorção tubular da glicose não acompanharem essa mudança. Também 
ocorre perda de folato, iodo e aminoácidos pela urina, provavelmente pelo 
mesmos motivos (TURNER, 2009). 
A progesterona provoca um efeito natriurético com excreção aumentada 
de sódio pela urina, porém o aumento na secreção de renina, angiotensina 
e aldosterona desencadeia maior reabsorção tubular de sódio. O resultado 
TÓPICO 1 — ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS DA GESTAÇÃO
9
final é a manutenção de níveis seguros de sódio no organismo materno 
(GUERTZENSTEIN, 2007). 
O trato gastrintestinal também sofre alterações durante a gestação que 
favorecem o melhor aproveitamento de nutrientes para garantir as demandas 
aumentadas neste período. As alterações ocorrem em toda a extensão deste 
sistema. Na boca, as gengivas apresentam hiperemia, tumefação e edema. Estudos 
demonstram maior suscetibilidade de gestantes à presença de caries e de doenças 
periodontais (GUERTZENSTEIN, 2007). 
 
 Alguns sintomas são comuns principalmente no início da gestação como 
náuseas, vômitos e constipação (SAFFIOTI et al., 2011). Náuseas e vômitos são 
mais frequentes pela manhã e podem levar à redução na ingestão de alimentos. 
O aumento de apetite, o apetite específico por algum alimento, comumente 
chamado de “desejo” e ou a aversão por outros também são relatados por várias 
gestantes (GUERTZENSTEIN, 2007). Tais situações podem refletir na qualidade 
da alimentação da futura mamãe. 
As funções olfativas e gustativas mostram-se alteradas na gestação que 
provavelmente estão relacionadas com as alterações hormonais. É comum a 
gestante demonstrar uma redução na sensibilidade ao sal e consequentemente 
aumentar a sua ingestão. O aumento na função olfativa tem sido apontado como 
uma das causas das náuseas e vômitos das gestantes (VITOLO, 2015).
Como já mencionado, a progesterona reduz a motilidade do trato 
gastrintestinal por ação na musculatura lisa. Esse hormônio também reduz 
a secreção de motilina, hormônio que estimula os movimentos musculares 
intestinais. Essa ação da progesterona favorece a diminuição no tempo de 
esvaziamento gástrico e consequente maior tempo de contato dos nutrientes com 
a mucosa abortiva. Por outro lado, a diminuição do tônus muscular somada com 
a maior absorção de água pelo cólon é relacionada com a presença de constipação 
na gestação e também o desenvolvimento de hemorroidas (TURNER, 2009; 
GUERTZENSTEIN, 2007; VITOLO, 2015).
 A progesterona influencia na diminuição no tônus do esfíncter 
gastroesofágico inferior o que favorece o retorno do bolo alimentar. O aumento 
do útero pela presença do feto acarreta a elevação do diafragma, estomago e 
esôfago. Essas alterações explicam a presença de pirose, refluxo gastresofágico e 
hérnia de hiato em algumas gestantes (TURNER, 2009; GUERTZENSTEIN, 2007; 
VITOLO, 2015). 
A vesícula biliar também apresenta hipotonia e libera volumes menores de 
bile. Tal mecanismo induz certa intolerância à ingestão de gorduras na gestação 
(GUERTZENSTEIN, 2007). 
UNIDADE 1 — ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA GESTANTE, LACTANTE E NUTRIZ
10
Sobre o metabolismo basal ocorre um aumento que no final da gestação é 
de 15 a 20% acima das taxas do período preconcepção. As causas desse aumento 
incluem o aumento de peso, o consumo maior de oxigênio e maior produção de 
hormônios (VITOLO, 2015). 
O ganho de peso corporal ocorre sempre na gestação, decorrente tanto pela 
presença e crescimento do feto, anexos embrionários, e aumento na gordura corporal. 
Pode variar de 7 a 18 kg, podendo estar fora deste intervalo em situações adversas. 
As mamas sofrem um rápido aumento do tamanho e do peso. O aumento 
médio é de 700g para cada mama. Esse aumento é ocasionado pela ação hormonal 
do estrogênio e progesterona. Observa-se um desenvolvimento dos ácinos e o 
número dos ductos lactíferos estão aumentados e também o calibre dos ductos. 
No final da gestação a presença do colostro distende os alvéolos e ductos lactíferos 
(GUERTZENSTEIN, 2007; HALL, 2016).
Na região da aréola as veias ficam mais aparentes decorrente do incremento 
do volume sanguíneo. A coloração fica mais intensa, com aparência escurecida e 
aumenta o diâmetro das glândulas de Montgomery, que pode ser observada na 
Figura 1, produzem substância lubrificante (GUERTZENSTEIN, 2007).
A pele também sofre alterações na gestação. A perfusão sanguínea elevada 
para esta região faz parte de adaptações fisiológicas que favorecem a excreção de 
metabólitos (GUERTZENSTEIN, 2007). 
 
Além das várias alterações e adaptações fisiológicas da gestação acima 
estudadas, a mudança da postura corporal motivada pela alteração do centro 
de gravidade também é bem características deste período (GUERTZENSTEIN, 
2007). De acordo com a literatura, tal adaptação é decorrente do aumento do 
volume uterino e também a ação do hormônio relaxina. A ação da relaxina é a de 
provocar a frouxidão ligamentar e consequentemente, promover a flexibilidade 
da sínfise púbica e a articulação sacroilíaca o que facilita a passagem do feto no 
parto (MOREIRA et al., 2011). 
FIGURA 1 – ARÉOLA COM GLÂNDULAS DE MONTGOMERY
FONTE: <https://bit.ly/3lUjc0y>. Acesso em: 15 jan. 2020.
11
Agora que você, acadêmico, já adquiriu conhecimentos sobre as principais 
alterações fisiológicas que ocorrem na gestação, vamos focar nosso estudo na 
avaliação nutricional nesta fase.
3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA GESTANTE
A avaliação nutricional da gestante tem como objetivo identificar desvios 
ponderais iniciais e ganho de peso abaixo ou acima do recomendado e desta 
forma possibilitar a definição de condutas adequadas em cada caso e com isso, 
reduzir os riscos e resultados desfavoráveis durante a gestação e no parto, tanto 
para a mãe como para o bebê.
 
Para a realização de uma adequada avaliação nutricional da gestante 
é necessário realizar uma anamnese nutricional bem completa que deverá 
incluir a avaliação antropométrica, bioquímica, clínica e alimentar. A partir 
destas informações é possível identificar o diagnóstico nutricional que deverá 
ser o resultado de uma análise de todos esses aspectos e uma interpretação do 
profissional nutricionista baseado nas diretrizes recomendadas pelos órgãos 
competentes (VITOLO, 2008). 
Antes da apresentação do conteúdo sobre as técnicas de avaliação 
nutricional, é importante que você se familiarize sobre as particularidades em 
relação aos períodos gestacionais. 
Como já foi exposto, a gestação é um período de aproximadamente 40 
semanas, podendo variar entre 38 a 42 semanas. Neste caso, é chamada de “a 
termo”. Quando a gestação dura menos de 37 semanas completas é considerada 
uma gestação pré-termo e o RN é chamado de recém-nascido pré-termo (RNPT). 
Uma gestação com duração acima de 42 semanas é considerada pós-termo e o 
RN é chamado de recém-nascido pós-termo. Cada extremo da idade gestacional 
poderá aumentar o riscode desenvolver alguns problemas.
As 40 semanas de gestação são divididas em três trimestres. Cada 
trimestre possui características peculiares relacionadas ao desenvolvimento do 
bebê e também das transformações do corpo da mãe. Até a 8ª semana de gestação 
o futuro bebê é um embrião. Após será chamado de feto. 
A idade gestacional (IG) é expressa em semanas e não em meses. Isso se 
dá porque os meses variam em quantidade de dias, podendo ter 30, 31, 28 e até 29 
dias como é o caso de fevereiro. Já as semanas não variam, possibilitando cálculos 
mais precisos.
Para calcular a idade gestacional existem alguns métodos. O Ministério da 
Saúde (MS) recomenda identificar a data do primeiro dia da última menstruação 
(DUM) para o cálculo da data provável do parto (DPP).
12
 Vamos aprender como calcular a idade gestacional? Primeiro vamos 
identificar com a gestante o primeiro dia da última menstruação – DUM. Em 
seguida, verifica-se a quantidade de dias entre a DUM e o dia que se está fazendo 
o cálculo. O valor deve ser dividido por 7. O resultado é o número de semanas 
gestacionais. Se houver “resto” da divisão é a quantidade de dias passados na 
última semana (que ainda não completou 7 dias total que formam uma semana). 
Observe o exemplo no Quadro 1. Atenção para o fato que a concepção se dá 
próxima ao 14º dia após o primeiro dia da menstruação (dia da ovulação para 
ciclos regulares). Desta forma, o resultado deste método na verdade é de semanas 
da última menstruação (NEGRINI, 2018).
 
QUADRO 1 – EXEMPLO DE CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL EM SEMANAS
A avaliação antropométrica merece uma atenção especial, pois para 
gestantes alguns dados anteriores ao período são utilizados. O peso pré-
gestacional, a nutrição e o ganho de peso materno influenciam na repercussão 
final da gestação. Já é bem estabelecida a relação entre o peso e a saúde do recém-
nascido e o estado nutricional materno, inclusive influenciando nos processos de 
crescimento e desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida (BARROS; 
SAUNDERS; LEAL, 2008). 
Estudos apontam que o ganho de peso materno insuficiente durante a 
gestação aumenta o risco de nascimento pré-termo e o crescimento intrauterino 
restrito caracterizado pelo baixo peso do RN ao nascer (BARROS; SAUNDERS; 
LEAL, 2008).
FONTE: Negrini (2018, s.p.)
Gestante com DUM, no dia 4 de março. 
20 de abril, dia da primeira consulta pré-natal e momento do cálculo da IG.
• Do dia 4 de março até dia 21 de abril somam 49 dias
• Divide-se 49 por 7 → 49 ÷ 7 = 7
• A gestante está com 7 semanas de IG. 
Atualmente, existem calendários especiais para verificar a ID e da DPP.
DICAS
13
Identificar inadequações do estado nutricional quanto mais precoce 
possível, possibilita a instalação de conduta adequada e com isso aumenta as 
chances de melhorar as condições de nascimento do bebê e também reduz o risco 
de mortalidade perinatal e ou neonatal (BARROS; SAUNDERS; LEAL, 2008; 
VITOLO, 2015).
 A avaliação antropométrica é considerada um dos meios mais acessíveis, 
rápido e não invasivo utilizado para avaliar o estado nutricional da gestante. As 
medidas mais comumente utilizadas na avaliação antropométrica é a altura, o 
peso pré-gestacional e ganho de peso. 
 
De acordo com estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do 
Instituto de Medicina dos Estados Unidos (IOM) as medidas de circunferência 
braquial e dobra tricipital também são citadas em estudos populacionais. Altura 
uterina e a circunferência da panturrilha são considerados bons indicadores do 
estado nutricional (VITOLO, 2008). 
A estatura deve ser aferida no início da gestação de preferência na primeira 
consulta após a concepção e no máximo até a 20ª semana gestacional, devido 
à alteração postural que leva a uma lordose fisiológica. A estatura de gestantes 
adolescente deve ser aferida a cada consulta ou a cada trimestre. O peso corporal 
da gestante deve ser anotado no prontuário e especificado como: 
• Peso atual que é o valor aferido a cada consulta, útil para acompanhar o ganho 
de peso.
• O peso habitual que é relatado pela gestante na primeira consulta pré-natal.
• O peso pré-gestacional.
• Avaliação antropométrica.
O Ministério da saúde (MS) no Brasil adotou durante anos o nomograma 
e a curva de Rosso, que inclusive fizeram parte da caderneta da gestante antes dos 
anos 2000. Este método não é mais utilizado, foi substituído pela curva percentilar 
de ganho de peso. Mesmo assim é importante para a formação do nutricionista 
conhecer vários métodos. 
Atualmente, a obesidade é tão ou mais prevalente que a desnutrição nos 
países em desenvolvimento como o Brasil. O excesso de peso da gestante ou ganho 
excessivo de peso durante a gestação são considerados fatores de risco para complicações 
neste período, como doença hipertensiva específica da gestação, diabetes gestacional, 
macrossomia fetal, parto cirúrgico, retenção maior de peso materno no pós-parto 
(BARROS; SAUNDERS; LEAL, 2008).
ATENCAO
14
O nomograma e curva de Rosso utiliza a relação peso atual da gestante 
e a altura para encontrar a relação da porcentagem P/A por meio de uma linha 
diagonal (Figura 2). Em seguida, transporta-se o P/E encontrado para a curva e 
relaciona-o com a idade gestacional. O ponto de convergência na curva apontará 
o estado nutricional da gestante (Figura 3). Este método pode ser utilizado 
somente para mulheres com estatura mínima de 1,45 m e estatura máxima de 
1,74 m (VITOLO, 2008; GUERTZENSTEIN, 2007). 
FIGURA 2 – NOMOGRAMA DE ROSSO
FONTE: <https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/nutricao/avaliacao-do-es-
tado-nutricional-pre-gestacional-e-gestacional/11824>. Acesso em: 17 fev. 2020.
15
FONTE: <https://www.passeidireto.com/arquivo/2116918/avaliacao-gestante-curva-de-rosso>. 
Acesso em: 17 fev. 2020.
FIGURA 3 – CURVA DE ROSSO
16
A utilização do nomograma e a curva de Rosso foi muito criticado, pois 
o método utiliza a relação peso atual com a altura, sendo considerado menos 
fidedigno com o estado nutricional comparado com a curva do IMC. Como 
superestima a prevalência da desnutrição é muito útil para populações com alta 
incidência de desnutrição. É considerado por muitos autores como um método 
excelente para ser aplicado com a população da rede pública de saúde.
Atualmente, o MS recomenda a avaliação antropométrica da gestante 
através da análise do peso pré-gestacional, altura atual e acompanhamento do 
ganho de peso de acordo com a idade gestacional. O estado nutricional pré-
gestacional é um fator preditivo do crescimento fetal e possibilita determinar o 
ganho de peso adequado durante a gestação.
O cálculo do índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional deve ser 
realizado na primeira consulta do pré-natal, no primeiro trimestre de gestação, 
baseado no peso pré-gestacional anterior a 14ª semana gestacional. 
O guia de pré-natal e puerpério do Ministério da Saúde recomenda 
considerar o IMC pré-gestacional referido pela gestante ou calculá-lo com os 
dados coletados até a 13ª semana de gestação. Caso não conheçam tais dados, 
utilizar os dados coletados na primeira consulta de pré-natal, mesmo que aconteça 
após a 13ª semana gestacional. Lembrem-se de que para gestantes adolescentes é 
necessária a coleta da altura de três em três meses e recálculo do IMC (FERNADES 
et al., 2013). 
Como você já deve saber o IMC é o resultado da divisão do peso em kg 
pela a altura em metro ao quadrado. Após calcular o IMC da gestante é necessário 
identificar o estado nutricional de acordo com a Tabela 1.
TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ACORDO COM O IMC PRÉ-GESTA-
CIONAL
FONTE: Adaptado de Melo (2011)
IMC pré-gestacional (kg/alt² (m)) Classificação dom estado nutricional pré-gestacional
< 18,5 Baixo peso
18,5 a 24,9 Peso adequado
25,0 a 29,9 Sobrepeso
≥ 30,0 Obesidade
Quando o peso pré-gestacional não é conhecido, pode-se optar pela 
avaliação do estado nutricional da gestante fazendo uma associação entre o estado 
nutricional atuale a semana gestacional de acordo com a proposta de (ATALAH et 
al.,1997; HINKELMANN et al., 2015). Neste caso utilizam-se os dados da Tabela 2.
17
Semana 
gestacional
Baixo peso
(BP) IMC ≤
Adequado
IMC entre
Sobrepeso 
(S) entre
Obesidade
(O) ≥
6 19,9 20,0 – 24,9 25,0 – 30,0 30,1
8 20,1 20,2 – 25,0 25,1 – 30,1 30,2
10 20,2 20,3 – 25,2 25,3 – 30,2 30,3
11 20,3 20,4 – 25,3 25,4 - 30,3 30,4
12 20,4 20,5- 25,4 25,5 – 30,3 30,4
13 20,6 20,7 – 25,6 25,7 – 30,4 30,5
14 20,7 20,8 – 25,7 25,8 – 30,5 30,6
15 20,8 20,9 – 25,8 25,9 – 30,6 30,7
16 21,0 21,1 – 25,9 26,0 – 30,7 30,8
17 21,1 21,2- 26,0 26,1 – 30,8 30,9
18 21,2 21,2 – 26,1 26,2 – 30,9 31,0
19 21,4 21,5 – 26,2 26,3 – 30,9 31,0
20 21,5 21,6 – 26,3 26,4 – 31,0 31,1
21 21,7 21,8 – 26,4 26,5 – 31,1 31,2
22 21,8 21,9 – 26,6 26,7 – 31,2 31,3
23 22,10 22,1 – 26,8 26,9 – 31,3 31,4
24 22,2 22,3 – 26,9 27,0 – 31,5 31,6
25 22,4 22,5 – 27,0 27,1 – 31,6 31,7
26 22,6 22,7 – 27,2 27,3 – 31,7 31,8
27 22,7 22,8 – 27,3 27,4 – 31,8 31,9
28 22,9 23,0 – 27,5 27,6 – 31,9 32,0
29 23,1 23,2 – 27,6 27,7 – 32,0 32,1
30 23,3 23,4 – 27,8 27,9 – 32,1 32,2
31 23,4 23,5 – 27,9 28,0 – 32,2 32,3
32 23,6 23,7 – 28,0 28,1 – 32,3 32,4
33 23,8 23,9 – 28,1 28,2 – 32,4 32,5
34 23,9 24,0 – 28,3 28,4 – 32,5 32,6
35 24,1 24,2 – 28,4 28,5 – 32,6 32,7
36 24,2 24,3 – 28,5 28,6 – 32,7 32,8
37 24,4 24,5 – 28,7 28,8 – 32,8 32,9
38 24,5 24,6 – 28,8 28,9 – 32,9 33,0
39 24,7 24,8 – 28,9 29,0 – 33,0 33,1
40 25,0 25,1 – 29,2 29,3 – 33,2 33,3
42 25,0 25,1 – 29,2 29,3 – 33,2 33,3
FONTE: Adaptado de Fagundes at al. (2004)
TABELA 2 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES DE ACORDO COM O 
IMC POR IDADE GESTACIONAL
18
Fonte: <http://g1.globo.com/platb/files/2126/2012/03/TABELA_IMC_MENINAS1.jpg>. Acesso 
em: 13 fev. 2020.
Gestantes, que ainda estão na fase da adolescência, são fisiologicamente 
imaturas e a gestação é de risco. O risco aumenta quando a gestação acontece 
em menos de dois anos após a menarca (BELARMINO, 2009). Neste caso, para 
meninas com idade inferior a 19 anos, a avaliação antropométrica utiliza a 
análise do estado nutricional pré-gestacional com base no IMC pré-gestacional, 
analisando nas curvas de IMC por idade e sexo recomendada pelo OMS para 
adolescentes, conforme Figura 4.
FIGURA 4 – ESCORE Z DE IMC POR IDADE (MENINAS DE 5 A 19 ANOS)
A avaliação bioquímica faz parte de uma avaliação nutricional completa, 
além da antropometria, e avaliação dietética. Do ponto de vista nutricional, 
geralmente é investigado bioquimicamente a dosagem de hemoglobina. Os 
valores < 11 mg/dL e > 8 mg/Dl são sugestivos de anemia leve a moderada. Valores 
abaixo de 8 mg/dL indicam anemia grave (HINKELMANN et al., 2015).
A glicemia é outro exame bioquímico imprescindível no acompanhamento 
gestacional. É recomendada a solicitação da dosagem de glicose plasmática 
em jejum na primeira consulta. Após a vigésima semana gestacional também 
é solicitada e o teste de tolerância à glicose, realizados para rastreamento de 
diabetes gestacional (HINKELMANN et al., 2015).
19
O teste de tolerância à glicose – TTG – é realizado em laboratório bioquímico. 
Consiste na ingestão de uma solução com 75 g de glicose pela gestante após a um jejum, 
com posterior dosagem da glicose plasmática: em jejum, após 1 hora e após 2 horas após 
a ingestão da solução.
NOTA
Com o objetivo de identificar erros alimentares relevantes para o processo 
gestacional e possibilitar intervenções nutricionais precoces, a avaliação dietética 
deve fazer parte da abordagem do profissional nutricionista na assistência a 
gestantes.
 Vários são os métodos que podem ser utilizados como história dietética, 
questionário de frequência alimentar, recordatório de 24 horas etc. O profissional 
deverá identificar quais serão mais úteis em cada caso (GUERTZENSTEIN, 2007).
4 GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO
As alterações de peso no primeiro trimestre gestacional, não trazem 
grandes repercussões. É comum, inclusive, acontecer perda de peso nesta fase de 
até três kg. Podem não ocorrer alterações em relação ao peso pré-gestacional ou 
ter um aumento do peso de aproximadamente dois kg. Nenhuma destas situações 
comprometem nem a saúde da gestante nem a do embrião. Portanto, quando 
ocorrem desvios muito grandes, com ganho excessivo ou perdas significativas 
de peso é indicado um acompanhamento especial em relação à nutrição para 
minimizar riscos de inadequações no período gestacional (VITOLO, 2008).
É importante ficar atento ao fato do aumento da prevalência de obesidade 
em mulheres em idade reprodutiva e uma elevação do ganho de peso durante 
a gestação. Dados do VIGITEL – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para 
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, demonstram excesso de peso em 
mulheres nas faixas etárias entre 18 a 44 anos no Brasil. 
A gestação é um fator de risco para a obesidade. E a obesidade na gestação 
aumenta fatores de risco tanto fetais como maternos (MELO, 2011). 
O ganho de peso insuficiente, principalmente em gestantes com 
reservas de nutrientes inadequadas, somadas a uma ingestão dietética abaixo 
do recomendado, poderão favorecer o comprometimento do crescimento fetal 
(WERUTSKY et al., 2008), aumentando o risco de recém-nascido com baixo peso 
(RNBP) e prematuridade (GUERTZENSTEIN, 2007).
20
Nos dois últimos trimestres o ganho de peso vai sofrer influências do es-
tado nutricional da gestante. O ganho de peso total durante a gestação resulta da 
soma do peso do feto que é de aproximadamente 3,0 kg para recém-nascido a ter-
mo, membranas fetais e líquidos amnióticos é cerca de 2,5 kg, mamas que variam 
de 1 a 1,5 kg, aumento do volume plasmático e retenção (edema) variam de 2 a 3 
kg e maior ou menor depósito de gordura materna cerca de 1 kg.
 
O ganho ponderal durante a gestação deve levar em considerado questões 
individuais, ter como base o estado nutricional pré-concepcional, idade e estatura 
materna, a presença de doença e antecedentes obstétricos (GUERTZENSTEIN, 2007). 
O Ministério da Saúde – MS adota atualmente, como indicador para a 
avaliação do ganho de peso materno durante a gestação, as recomendações do 
Instituto de Medicina dos Estados Unidos (IOM), de acordo com o estado nutri-
cional pré-gestacional ou inicial. Utiliza o índice de massa corporal (IMC), que 
reflete a relação entre peso e altura (SATO; FUJIMORI, 2012), conforme Tabela 4. 
TABELA 4 – RECOMENDAÇÃO DE GANHO DE PESO TOTAL E SEMANAL DE ACORDO COM O 
IMC PRÉ-GESTACIONAL
Uma ferramenta útil para acompanhar o estado nutricional da gestante é 
o gráfico de IMC (kg/alt²) de acordo com a idade gestacional em semanas (Figura 
5). A interpretação do gráfico reflete traçado ascendente um ganho de peso 
adequado, traçado horizontal ou descendente ganho de peso inadequado. Este 
gráfico é encontrado na caderneta da gestante e utilizado para acompanhamento 
nutricional. Não é indicado para avaliar gestantes adolescentes. 
IMC pré- gestacional 
(Kg/m²)
Ganho de peso total 
recomendado
Ganho de peso por semana – 
2º e 3º trimestre (Kg)
< 18,5 12,5 – 18,0 0,5
18,5 – 24,9 11,5 – 16,0 0,4
25,0 – 29,9 7,0 – 11,5 0,3
> 30 5,0 – 9,0 0,2
FONTE: Adaptado de IOM (2009)
21
FIGURA 5 – ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL DE GESTANTES DE ACORDO COM IMC POR 
SEMANA GESTACIONAL
FONTE: Adaptado de Brasil (2005)
O ganho de peso e as necessidades nutricionais recomendadas para 
gestantes gemelares são maiores (WERUTSKY et al., 2008.) O ganho de peso total 
recomendado para gestante gemelar e por período semanal de acordo com o 
estado nutricional pré-gestacional encontra-se na Tabela 5.
22
Você sabia que quando a gestação ocorre na adolescência a atenção em 
saúde, incluindo a nutricional, deve respeitar especificidades inerentes a esse 
período de crescimento e desenvolvimento da menina? 
A adolescência é considerada uma fase de alta vulnerabilidade, pois é 
caracterizada por intensas mudanças tanto corporais como psicológicas e sociais. 
A Organização Mundial de Saúde (OMS), considera a adolescência como o 
períodocompreendido entre 10 a 19 anos de idade (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL 
DA SAÚDE, 1997).
Dados preocupantes identificados por estudos demográficos, 
demonstraram um aumento da ocorrência de gravidez na adolescência no Brasil 
(IBGE, 2008). Os fatores que têm sido apontados como determinantes desta 
realidade incluem, o início da vida sexual mais precocemente, desestruturação 
familiar, baixo nível de escolaridade, baixa renda, falta de informação sobre 
métodos contraceptivos, entre outros (FERNANDES et al., 2013).
É fundamental para a abordagem nutricional adequada, direcionada a 
gestantes adolescentes, que os envolvidos tenham ciência das especificidades da 
situação. A gravidez na adolescência é considerada pela Organização Mundial 
de Saúde (1997) uma gravidez de risco. A menina adolescente encontra-se ainda 
em fase de crescimento e desenvolvimento. Quando a adolescente tem idade 
ginecológica, menor a dois anos é considerada em imaturidade biológica. Vale 
relembrar que idade ginecológica é referente a menarca, primeira menstruação. A 
primiparidade nessa fase também é apontado como um fator de vulnerabilidade. 
Tal panorama influencia no desfecho final da gestação.
 
As complicações presentes na gestação em adolescentes, referidas na 
literatura abrange diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, abortamento espontâneo, 
parto prematuro, baixo crescimento intrauterino, maior incidência de recém-
nascido pré-termo e com baixo peso (ROCHA et al., 2006; GARCÍA; AVENDAÑO-
BECERRA; ISLASRODRÍGUEZ, 2008). 
FONTE: Adaptado de Brasil (2005)
Estado 
nutricional 
pré-
gestacional
Ganho de 
peso 
(Kg) por 
semana
0 a 20 
semanas
Ganho de peso 
(Kg) por 
semana
20 a 28 
semanas
Ganho de peso 
(Kg) por 
semana
28 semanas até 
o parto
Ganho de 
peso 
total
(Kg)
Baixo peso 0,560 a 0,790 0,680 a 0,790 0,560 22,5 a 27,9
Peso adequado 0,450 a 0,680 0,560 a 0,790 0,450 18 a 24,3
Sobrepeso 0,450 a 0,560 0,450 a 0,680 0,450 17,1 a 21,2
Obesidade 0,340 a 0,450 0,340 a 0,560 0,340 13 a 17,1
TABELA 5 – RECOMENDAÇÃO DE GANHO DE PESO SEGUNDO O ESTADO NUTRICIONAL 
PRÉ-GESTACIONAL DE GESTANTE GEMELAR
23
FONTE: Adaptado de Brasil (2006)
IMC pré-gestacional Faixa de ganho de peso recomendada (Kg)
< 19,8 12,5 – 18
19,8 – 26 11,5 – 16
26-29 7,0 – 11,5
> 29 7,0 – 9,1
A recomendação de ganho de peso para gestantes adolescentes também 
é baseada no IMC pré-gestacional. Na Tabela 6, você pode observar essas 
recomendações.
TABELA 6 – RECOMENDAÇÃO DE GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO PARA ADOLES-
CENTES
5 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DA GESTANTE
 
Os estudos revelam que as alterações fisiológicas que ocorrem durante 
a gravidez determinam as necessidades nutricionais da grávida, que apesar de 
serem semelhantes às das mulheres não grávidas, apresentam algumas particu-
laridades em relação às necessidades de energia, proteínas, algumas vitaminas, 
como a tiamina, o ácido fólico, a vitamina C, e alguns minerais como o ferro, o 
zinco, o cobre e o magnésio (BLUMFIELD et al., 2013).
O aumento na taxa metabólica basal de gestantes leva ao aumento das 
necessidades nutricionais das gestantes, principalmente entre a 10ª e 30ª semana 
gestacional. Uma mulher eutrófica, com ganho médio de peso durante toda a 
gestação a termo de 12,5 kg e o recém-nato com aproximadamente 3 kg, necessita 
adicionalmente de 80.000 kcal. Sendo que 36.000 destas calorias seriam utilizadas 
para o gasto energético basal adicional e o restante como depósito de gordura 
(equivalente a 3,5 kg). Esse valor corresponde a apenas um adicional diário de 
200 a 300 kcal por dia. Baseado nestes cálculos foi primeiramente estabelecido 
pela OMS a recomendação adicional de 150 kcal ao dia no primeiro trimestre e 
350 kcal ao dia no segundo e terceiro trimestre. 
Posteriormente, a recomendação passou para 200 kcal e 280 kcal a partir 
do primeiro trimestre. De acordo com a Ingestão dietética recomendada de 1989 
(RDA) a recomendação é de um adicional de 300 kcal ao dia no segundo e terceiro 
trimestre. Para gestantes adolescentes ou com baixo peso a recomendação é acres-
centar as 300 kcal desde o primeiro trimestre. Na presença de sobrepeso ou obe-
sidade não há necessidade de aumentar as calorias (GUERTZENSTEIN, 2007).
24
Agora que você já conheceu a importância de saber quais as necessidades 
energéticas da gestante chegaram a hora de aprender como fazer o cálculo. De 
acordo com a RDA, 1989, calcula-se o gasto energético total (GET) da gestante, 
utiliza-se a fórmula FAO/OMS, 1985 (Tabela 7). Utiliza-se o peso pré-gestacional. 
Multiplica-se o valor da TMB pelo fator atividade física (Tabela 8). A este valor 
acrescentam-se 300 kcal ao dia no segundo e terceiro trimestre.
Algumas situações específicas necessitam de atenção especial em relação ao 
consumo energético. No início da gestação pode haver redução na ingestão alimentar 
devido à presença de náuseas e vômitos desencadeando um déficit energético. No caso 
de gestantes que necessitam de repouso em maior ou menor grau devem receber o 
equivalente às necessidades energéticas para o metabolismo basal (VITOLO, 2015).
IMPORTANT
E
GET = TMB x Fator atividade física GET pré-gestacional + 300 Kcal
TABELA 7 – CÁLCULO DA TAXA DE METABOLISMO BASAL DE ACORDO COM A IDADE MATERNA
TABELA 8 – FATOR DE ATIVIDADE FÍSICA
FONTE: Adaptado de FAO/OMS (1985 apud VITOLO, 2008)
FONTE: Adaptado de FAO/OMS (1985 apud VITOLO, 2008)
Idade TMB ou GEB (Kcal/dia)
10 a 18 anos 12,2 P(Kg) + 746
18 a 30 anos 14,7 P(Kg) + 496
30 a 60 anos 8,7 P(Kg) + 829
Natureza da atividade Fator de atividade física
Leve 1,56
Moderada 1,64
Intensa 1,82
25
Caro acadêmico! O requerimento de energia para gestantes também pode 
ser determinado através das recomendações energéticas de acordo com as novas 
DRI, calcula-se o requerimento energético estimado (EER) (VITOLO, 2008). Para 
o cálculo da EER da gestante são utilizados dados como peso, altura e atividade 
física pré-gestacional. Será adicionado um acréscimo de energia segundo a idade 
gestacional (IG). Utiliza-se para gestantes entre 19 a 50 anos o cálculo da EER da 
seguinte maneira: 
– EER = EER Pré-gestacional + (8 kcal x IG em semanas) + 180 kcal 
Em que: EER Pré-gestacional = 354 – (6,91 x idade) + PA x (10 x Peso) + (934 
x Altura) + 25 kcal. 
• idade em anos; 
• peso em quilos; 
• altura em metros;
• PA = nível de atividade física. 
• PA = 1,0 (sedentária); 
• PA = 1,16 (pouco ativa);
• PA = 1,31 (ativa); 
• PA = 1,56 (muito ativa).
Não há um consenso para as recomendações de energia para gestante 
gemela. Alguns autores sugerem um acrescimento de 450 kcal/dia no 2º e 3º 
semestre (VITOLO, 2008). 
 
A quantidade de proteína armazenada durante a gestação varia muito 
durante o período. Nos momentos de maior crescimento fetal, expansão acelerada 
do volume sanguíneo e desenvolvimento maior dos anexos fetais a utilização é 
maior. A OMS preconiza uma ingestão adicional média de seis gramas ao dia por 
todo o período gestacional. 
A recomendação proteica leva em consideração a digestibilidade e o 
aproveitamento pelo organismo, além da quantidade depositada no feto e anexos. 
A NRC (1989) recomenda a adição de 10 g de proteínas diariamente. A qualidade 
Outro método para calcular o valor energético total para gestantes adultas é 
o cálculo simplificado. Utiliza-se o valor de caloria por quilograma (kg) de peso ideal para 
mulheres adultas de acordo com a RDA (1989), que é 36 kcal/kg/dia. A determinação do 
peso ideal pré-gestacional pode ser efetuada pelo utilizando o IMC de eutrofia (19 a 24) 
multiplicado pela altura ao quadrado. O mais frequente é utilizar o IMC médio de 22 kg/
m². A partir do segundo trimestre acrescentar a esse valor 300 kcal por dia. No caso de 
adolescentes utilizar os padrões de peso do Metropolitan Life ou NCHS, para determinar o 
“peso ideal” (VITOLO, 2008).
DICAS
26
das proteínas também deve ser observada. Cinquenta por cento da proteína 
ingerida deverá ser de alto valor biológico (VITOLO, 2008; GUERTZENSTEIN, 
2007). 
Para gestantesgemelares estima-se um total de 80 g ao dia, 20 g a mais 
do que o recomendado para gestantes uníparas (MARES; CASANUEVA, 2002). 
A recomendação da ingestão de lipídios para gestante deve ser de até 30% 
do valor calórico total. A dieta da gestante deve priorizar os ácidos graxos poli-
insaturados como ácido graxo ômega-3 e ômega-6 e também os monoinsaturados. Os 
aminoácidos essenciais são importantíssimos no funcionamento uteroplacentário 
e na formação do sistema nervoso, retina fetal. Os lipídios da dieta também vão 
influenciar na absorção das vitaminas lipossolúveis pela gestante (VITOLO, 
2008; GUERTZENSTEIN, 2007). Não são recomendadas dietas hipolipídicas para 
gestantes saudáveis (HINKELMANN et al., 2015). 
 
A quantidade de carboidrato para gestantes é a mesma que para mulheres 
não gestantes de 50 a 60% do valor calórico total. Esse valor pode sofrer pequenas 
variações dependendo da referência. Devido ao crescimento do número de casos 
de obesidade e diabetes mellitus na população em geral, as recomendações em 
relação aos tipos de carboidratos têm sido muito discutidas no meio científico 
mesmo na gestação. Aconselha-se à gestante dar preferência aos carboidratos 
complexos, de preferência integral e de baixo índice glicêmico. 
A quantidade de fibra dietética recomendada para o período gestacional 
é a mesma que para mulheres não grávidas adultas e adolescentes, 28 g ao dia 
(PADOVANI et al. 2006).
 
As recomendações de ingestão diária de vitaminas e minerais 
correspondem às Dietary Reference Intakes (DRI), específicas para gestantes por 
idade. 
O MS preconiza a suplementação com ácido fólico já no período anterior a 
gestação, pelo menos 30 dias antes da data que a mulher planeja engravidar, com 
o objetivo de reduzir o risco de distúrbios do tubo neural. A suplementação deve 
ser continuada por toda a gestação, com 400 µg de ácido fólico diariamente ou 
iniciar logo que seja descoberta a gestação (BRASIL, 2013). E a suplementação de 
ferro, preconizada é de 60 mg de ferro elementar por via oral por dia. 
A Tabela 9 apresenta os principais micronutrientes e uma breve exposição 
da participação na gestação e suas fontes alimentares. 
27
TABELA 9 – MICRONUTRIENTES E O IMPACTO NA GESTAÇÃO E FONTES ALIMENTARES
Micronutrientes Impacto na gestação Fontes alimentares
Vitamina B2 – 
Riboflavina
Atua no metabolismo 
energético
Ovos, fígado, rim, cereais 
queijo, folhosos verdes, 
castanhas.
Vitamina B6 – 
Piridoxina
Parece que a deficiência está 
relacionada com pré-
eclâmpsia
Cereais integrais, 
leguminosas, fígado, 
frango, carne de porco.
Vitamina B12 – 
Cobalamina
A deficiência leva a anemia 
megaloblástica
Os riscos são maiores para as 
gestantes vegetarianas
Carnes, ovos, leite, 
alimentos de origem 
animal.
Ácido fólico Reduzem risco de distúrbios no tubo neural
Fígado, beterraba, vegetais 
verde-escuros, aspargo, 
leite, suco de laranja.
Vitamina C Risco de ruptura prematura da placenta
Laranja, morango, manga, 
tomate, couve-flor, 
brócolis.
Vitamina A
Aumenta a produção de 
progesterona. Não tem 
valores de requerimento 
aumentados na gestação
Fígado de boi, queijo, 
manteiga, leite integral e 
as fontes de precursores da 
vitamina A (betacaroteno): 
abóbora, cenoura, manga e 
couve.
Vitamina D
A deficiência está relacionada 
com crescimento fetal 
restrito
Sardinha, salmão, gema de 
ovo, fígado de galinha.
Vitamina E
A deficiência está relacionada 
com doença hipertensiva 
específica da gestação
Óleos vegetais, leite de 
vaca, abacate, damasco, 
salmão.
Vitamina K
Doença hemorrágica do 
RN. É prevenida com a 
suplementação do RN ao 
nascer.
Vegetais verde-escuros, 
repolho, manteiga, queijo e 
fígado de boi.
Cálcio
Deficiência está relacionada 
com prejuízos 
no crescimento e 
desenvolvimento fetal
Leite e derivados, carnes, 
peixes, feijões.
Iodo
A deficiência pode levar a 
aborto, bócio, cretinismo 
etc.
Peixes e frutos do mar, sal 
de cozinha iodado.
Zinco A deficiência tem relação com RNBP e RNPT
Carnes, peixes, cereais 
integrais, nozes, fígado, 
ostras, leguminosas.
FONTE: Adaptado de Guertzenstein (2007)
28
6 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA GESTANTES
A prática de uma alimentação equilibrada propicia a gestante a diminuir 
os riscos de complicações na gravidez, no parto e até no pós-parto, como diabetes 
gestacional, hipertensão, pré-eclâmpsia, obesidade etc.
 
Com o objetivo de favorecer o melhor aproveitamento dos nutrientes e 
garantir que todas as necessidades nutricionais da gestante sejam atendidas, o 
nutricionista deverá repassar para a gestante orientações nutricionais ajustadas 
ao seu estilo de vida e respeitar as especificidades tanto físicas como socioculturais 
na qual ela está inserida. Não basta apenas definir o valor calórico total e as 
quantidades exatas de macro e micronutrientes. É preciso que a prescrição e ou 
as orientações passadas a gestantes sejam viáveis na prática do seu dia a dia. 
É especialmente desafiador realizar orientações nutricionais para 
gestantes adolescentes, pelas próprias características alimentares desta fase, 
gostam de lanches rápidos, refrigerantes, alimentos industrializados como 
biscoitos recheados, salgadinhos etc., e muitas vezes fazem restrições severas por 
conta de dietas para perda de peso. Cabe ao profissional buscar estratégias para 
alcançar este público e reduzir os riscos inerentes da gestação na adolescência. 
O Ministério da Saúde disponibiliza às gestantes os dez passos para uma 
alimentação saudável na caderneta da gestante (BRASIL, 2018b). São eles:
Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e duas 
refeições menores por dia, evitando ficar muitas horas sem comer. Entre as 
refeições beba água.
Faça as refeições em horários semelhantes e, sempre que possível, 
acompanhada de familiares ou amigos. Evite “beliscar” nos intervalos e coma 
devagar, desfrutando o que você está comendo. 
Alimentos mais naturais de origem vegetal devem ser a maior parte de sua 
alimentação. Feijões, cereais, legumes, verduras, frutas, castanhas, leites, carnes e 
ovos tornam a refeição balanceada e saborosa. Prefira os cereais integrais.
Ao consumir carnes, retire a pele e a gordura aparente. Evite o consumo 
excessivo de carnes vermelhas, alternando, sempre que possível, com pescados, 
aves, ovos, feijões ou legumes. 
Utilize óleos, gorduras e açúcares em pequenas quantidades ao temperar e 
cozinhar alimentos. Evite frituras e adição de açúcar a bebidas. Retire o saleiro da 
mesa. Fique atenta aos rótulos dos alimentos e prefira aqueles livres de gorduras 
trans.
Coma todos os dias legumes, verduras e frutas da época. Ricos em 
várias vitaminas, minerais e fibras, possuem quantidade pequena de calorias, 
contribuindo para a prevenção da obesidade e de doenças crônicas.
29
Alimentos industrializados, como vegetais e peixes enlatados, extrato 
de tomate, frutas em calda ou cristalizadas, queijos e pães feitos com farinha e 
fermento, devem ser consumidos com moderação. 
Evite refrigerantes e sucos artificiais, macarrão instantâneo, chocolates, 
doces, biscoitos recheados e outras guloseimas em seu dia a dia.
Para evitar a anemia (falta de ferro no sangue), consuma diariamente 
alimentos ricos em ferro, principalmente carnes, miúdos, feijão, lentilha, grão-
de-bico, soja, folhas verde-escuras, grãos integrais, castanhas e outros. Com esses 
alimentos, consuma frutas que sejam fontes de vitamina C, como acerola, goiaba, 
laranja, caju, limão e outras. 
Todos esses cuidados ajudarão você a manter a saúde e o ganho de peso 
dentro de limites saudáveis. Pratique alguma atividade física e evite as bebidas 
alcoólicas e o fumo.
Outra orientação importante para gestantes é em relação ao consumo de 
líquidos durante as refeições. Para minimizar os sintomas de azia, é recomendado 
não ingerir líquidos quando a gestante estiver consumindo alimentos.
7 CONSUMO DE ÁLCOOL E TABAGISMO NA GESTAÇÃO
Ao descobrir que está grávida a maioria das mulheresinterrompem o 
consumo de álcool, porém algumas continuam ingerindo bebidas alcoólicas na 
mesma quantidade ou em alguns casos aumentam o consumo (FLOYD et al., 
2009). O alcoolismo é um dos maiores problemas de saúde pública no muno. 
Gestantes não devem ingerir bebidas alcoólicas. A ingestão de álcool é 
prejudicial ao feto. O consumo de doses elevadas de álcool por gestantes pode 
perturbar o transporte de oxigênio para o feto (GUERTZENSTEIN, 2007).
Além de todas as recomendações acima a gestante precisa estar ciente do 
risco da ingestão de alimentos crus ou malcozidas como carnes e verduras e legumes 
mal lavados e a infecção com o agente etiológico, o protozoário Toxoplasma gondii, 
da toxoplasmose. A toxoplasmose congênita pode ocorrer quando a mãe portadora 
transmite ao feto. O bebê pode apresentar complicações como hidrocefalia, convulsões, 
alterações oculares etc. Além da transmissão da toxoplasmose por alimentos pode ocorrer 
pela ingestão de oocistos por contato direto com fezes de gato ou manipulação de água 
contaminados (FEBRASGO, 2017).
IMPORTANT
E
30
O espectro de desordens fetais alcoólicas (FASD – fetal alcohol spectrum 
disorders) causada por ingestão excessiva de álcool durante a gestação, abran-
ge danos ao embrião/feto que incluem alterações tanto físicas como mentais, de 
aprendizados e comportamentos. Podem ser irreversíveis e prejudicar o funcio-
namento do sistema nervoso, desencadear problemas mentais, e levar a depen-
dência de álcool e outras drogas A síndrome alcoólica fetal (SAF) é a mais grave 
das condições do espectro de desordem fetais alcoólicas (MESQUITA, 2010). É 
uma condição caracterizada por alterações na formação cerebral, envolve o com-
prometimento na proliferação normal e migração de neurônios, desencadeia ano-
malias do sistema nervoso central. A prevenção da SAF ocorre pela abstinência 
total do consumo de álcool antes, quando a mulher estiver tentando engravidar 
e durante a gestação.
 
O tabagismo durante a gestação é contraindicado. São vários os riscos 
associados ao fumo na gestação. De acordo com Leopércio e Gigliotti (2004), o 
tabagismo durante a gestação, é extremamente maléfico para o feto, desencade-
ando várias situações indesejáveis. 
Fumar durante a gravidez interfere no crescimento fetal (RCIU – Retardo 
no crescimento intrauterino) (VITOLO, 2008). Gestantes fumantes têm risco au-
mentado de ter recém-nascidos de baixo peso (RNBP), com redução de 220 a 250 
gramas do peso potencial do nascimento (GUERTZENSTEIN, 2007).
O hábito de fumar em gestantes resulta em diminuição da pressão parcial 
de oxigênio e aumento na pressão parcial de gás carbônico. Gestantes tabagistas 
apresentam uma redução de até 10% da capacidade de transporte de oxigênio 
(GUERTZENSTEIN, 2007). Estudos apontam para a relação positiva entre taba-
gismo na gestação e a síndrome da morte súbita (LEOPÉRCIO; GIGLIOTTI, 2004).
Os riscos de tabagismo na gestação estão provavelmente associados aos 
efeitos da nicotina que tem ação vasoconstritora. As consequências deste meca-
nismo incluem menor perfusão placentária com hipóxia fetal, redução na oferta 
de nutrientes e insuficiência na remoção de resíduos (GUERTZENSTEIN, 2007). 
A nutrição da gestante também é prejudicada pelo hábito de fumar. Fu-
mantes tendem a ingerir quantidades menores de alimentos. Os efeitos pró-o-
xidantes da fumaça do cigarro, que além da nicotina contém várias outras subs-
tâncias tóxicas para o organismo, podem prejudicar os níveis de vitamina C. As 
necessidades de vitamina C estão aumentadas em fumantes. O metabolismo do 
folato também pode ser afetado pelo cigarro (GUERTZENSTEIN, 2007).
Cessar o tabagismo em qualquer momento da gestação sempre traz bene-
fícios para a mãe e para o feto. Quando essa parada ocorre no início da gestação 
os benefícios são bem maiores. Para mulheres fumantes a tentativa de abolir o 
tabagismo poderá causar muito estresse e ansiedade. O apoio da equipe de saú-
de é fundamental neste processo. Pode ser indicado uma redução no número de 
cigarros ao dia ao invés de uma parada abrupta. 
31
8 ABORDAGEM NUTRICIONAL EM SITUAÇÕES COMUNS NA 
GESTAÇÃO
As náuseas e vômitos são situações comuns principalmente no primeiro 
trimestre de gestação. É comum que apareçam em torno da sexta semana até 
aproximadamente a vigésima semana. A presença das náuseas e vômitos 
podem fazer com que a mulher não consiga se alimentar adequadamente neste 
período, o que gera preocupação em relação ao bebê. O profissional de saúde 
deverá esclarecer a gestante que não ocorrem prejuízos decorrentes dessa 
situação. O estado nutricional pré-gravídico tem mais influência na formação e 
desenvolvimento do feto (VITOLO, 2008). Caso os sintomas perdurarem muito 
além desta fase e se tornarem muito intensos, caracterizando uma hiperemese 
gravídica, é necessário um apoio profissional mais específico. 
Duarte et al. (2018) recomenda a adesão de dietas mais leves, com menos 
gordura e em intervalos menores, evitar ingestão de líquidos nas primeiras duas 
horas do dia na presença de náuseas e vômitos na gestação. Algumas orientações 
podem ajudar a atenuar o incomodo gerado pelas náuseas e vômitos e até preveni-
los como:
• Aumentar a frequência das refeições e diminuir o volume.
• Não consumir líquidos junto às refeições.
• Evitar alimentos com alto teor de gorduras.
• Ingerir os alimentos de consistência mais branda.
• Não ficar na cozinha na hora do preparo dos alimentos.
• Evitar alimentos com cheiros muito forte.
• Comer biscoitos tipo cream-crakers ainda na cama, antes de levantar.
O consumo de gengibre é recomendado como coadjuvante no tratamento 
para náuseas e vômitos na gestação. A administração de 1 grama de gengibre 
demonstrou eficácia no alivio de náuseas e vômitos em gestantes em um estudo 
dinamarquês (SALGADO, 2004).
Outra queixa bem comum na gestação é a pirose, caracterizada por 
sensação de queimação ou azia. Geralmente, ocorrem após as refeições. As 
alterações anatômicas do corpo da gestante favorecem o aparecimento da pirose. 
O útero aumentado exerce pressão sobre o estômago facilitando o retorno de 
seu conteúdo para o esôfago. O ácido clorídrico, misturado aos alimentos que 
retornam, provoca a sensação de queimação (VITOLO, 2008). Diminuir o volume 
das refeições, evitar líquidos durante as refeições e mastigar bem os alimentos 
podem ajudar a diminuir a pirose.
Como já estudamos no início deste tópico, a constipação é comum na 
gestação devido em partes pela ação da progesterona. Medidas alimentares 
podem minimizar esse problema que consistem basicamente em aumentar a 
ingestão de água para no mínimo 4 copos ao dia, consumir de alimentos que 
32
contenham boas quantidades de fibras como cereais integrais, frutas, vegetais 
folhosos e realizar caminhadas regulares (VITOLO, 2008).
Leia o texto Prevalência e fatores associados ao ganho de peso gestacional 
excessivo em unidades de saúde do sudoeste da Bahia. Disponível em: https://www.scielosp.
org/article/ssm/content/raw/?resource_ssm_path=/media/assets/rbepid/v18n4/1980-5497-
rbepid-18-04-00858.pdf. Boa leitura!
DICAS
33
Neste tópico, você aprendeu que:
• A gestação é um período que dura em média 40 semanas e neste período 
ocorrem várias alterações fisiológicas no organismo materno para garantir o 
crescimento e desenvolvimento do feto, preparar o corpo da gestante para o 
processo gestacional, o parto e a lactação.
• A avaliação nutricional da gestante é fundamental para que o profissional 
nutricionista possa identificar inadequações e possa intervir o mais 
precocemente possível. Também conheceu os vários métodos de avaliação 
nutricional para este período.
• É importante monitorar o ganho de peso durante a gestação e as recomendações 
de acordo com a idade da gestante e o período gestacional que a gestante se 
encontra.
• As gestantes têm necessidades nutricionais específicas tanto energéticas, 
proteicas como de alguns micronutrientes e quais as fontes alimentares são 
recomendadas

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