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Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Digital Atividade de Avaliação a Distância – AD Unidade de Aprendizagem: Economia Monetária Curso: Bacharelado em Ciências Econômicas Atividade obrigatória, vale 50% da sua nota. Questão 1 (10,00 pontos) Em março de 2020, com o início da Pandemia houve uma discussão entre os principais economistas brasileiros a favor de emissão de moeda. Você concorda com esta opção? Por quê? Poderíamos utilizar o mesmo argumento agora em março de 2022? Por quê? Cite a bibliografia utilizada. Caso tenha dúvidas referentes às normas, na biblioteca temos um livro sobre como escrever a bibliografia dentro das normas. No nosso site: https://www.unisul.br/biblioteca/orientacao-para-trabalhos-academicos/. Fazer download do Livro Acadêmicos da Unisul. Emissão de moeda na economia brasileira https://www.unisul.br/biblioteca/orientacao-para-trabalhos-academicos/ Analisando o cenário da economia brasileira, no início da pandemia da COVID- 19, contatou-se que: houve uma forte redução de demanda (interna e externa); interrupção do funcionamento de uma ampla gama de atividades produtivas (setores de serviços, comércio e indústria), tendo em vista as medidas de isolamento social; queda nos níveis de emprego e renda da população, no faturamento das empresas e na disponibilidade de crédito, razões que provocaram a retração imediata da atividade econômica. Também ocorreram fortes oscilações nos juros, na taxa de câmbio e na bolsa de valores, bem como uma aceleração da inflação, refletindo em alguns produtos agrícolas. O impacto mais negativo foi sentido no setor do varejo e serviços por causa das restrições à mobilidade e o fechamento compulsório dos estabelecimentos comerciais. Os investimentos sofreram com os efeitos da desvalorização cambial que também impactaram negativamente as importações e exportações. Assim, percebe-se que no ano de 2020, por conta da pandemia, houve uma forte contração da demanda por bens e serviços por conta da paralisação de várias atividades econômicas. Nesse ínterim, alguns economistas sugeriram a emissão de moeda como forma de impulsionar a economia. Cabe destacar que, no ano de 2020, o Governo adotou uma política monetária expansiva, visando minimizar os efeitos da pandemia. Com base nos motivos apresentados, também sou de parecer favorável para a emissão de moeda, a partir de março de 2020, pois a pandemia afetou profundamente os resultados esperados para a economia do país no ano de 2020. A política monetária consiste no controle da quantidade de dinheiro em uma economia, sendo a política mais eficaz e utilizada pelos governos. Conforme Leite (2011), o Banco Central (Bacen) é o órgão responsável pela política monetária no Brasil e tem como principal objetivo regular a quantidade de moeda, crédito, taxas de juros e o equilíbrio do balanço de pagamentos. Kroth (2013, p. 129) indica que “[…] o Bacen, além de ofertar moeda, pode também retirar moeda da economia”. Ainda, Leite (2011, p. 103) afirma que a política monetária “[…] controla a oferta de moeda e, consequentemente, as taxas de juros, para garantir a liquidez ideal de cada momento. Por consequência, a política monetária também determina as condições de crédito”. A política monetária pode ser realizada através da atuação no Mercado Aberto de títulos (Open-Market); manipulação da taxa dos depósitos compulsórios; utilização e manipulação do redesconto; crédito direcionado; emissão de moeda (KROTH, 2013, p. 129). Como resultados dessas medidas haverá uma maior disponibilidade de recursos na economia, aumentando o consumo, a renda, a produtividade industrial e, por consequência, o Produto Interno Bruto (PIB). A política monetária expansiva é utilizada em cenários de deflação ou para contornar crises como a que vivemos durante a pandemia. Com base nos dados obtidos no site do Banco Central, referente ao ano de 2019 e 2020, verificou-se que a meta da inflação no país para 2019 era de 4,25%, mas a inflação efetiva (IPCA) fechou em 4,31%. Em 2020, a meta da inflação era de 4%, mas a inflação efetiva (IPCA) fechou em 4,52%. A Taxa SELIC iniciou o ano de 2019 com meta de 6,5% e fechou com Taxa SELIC de 6,4%. No fim de 2019, a meta era de 4,5% e fechou com Taxa SELIC de 4,4%. No fim de 2020, a meta era de 2% e fechou com Taxa SELIC de 1,9%. A alíquota dos depósitos compulsórios à vista para 2019 era de 21% e a prazo era 35%. No ano de 2020, a alíquota dos depósitos à vista se manteve e os depósitos a prazo caiu para 17%. Analisando o cenário econômico de 2020, entendo que a redução da Taxa SELIC foi o que mais impactou no aumento de moeda na economia, influenciando diretamente nos depósitos compulsórios e no Mercado Aberto. A redução da taxa básica de juros tornou o crédito mais barato, estimulando o consumo e a retomada da economia. O Banco Central reduziu bastante a Taxa SELIC, visto que em março de 2020, a SELIC estava em 3,75%, encerrando o ano em 2%. O depósito compulsório é um dos instrumentos de política monetária utilizado pelo Governo para controlar a oferta de moeda e, consequentemente, as taxas de juros e as condições de crédito, ou seja, controlar a quantidade de dinheiro que circula na economia. Consiste em um depósito obrigatório feito pelos bancos comerciais junto ao Banco Central e serve para evitar a multiplicação do dinheiro pelas instituições bancárias, bem como assegurar que os bancos mantenham certo grau de liquidez. Esse depósito equivale a um percentual dos depósitos à vista e a prazo que são recebidos pelos bancos comerciais. Kroth (2013, p. 132) indica que “[…] quando o Bacen tem interesse em aumentar a quantidade de moeda na economia, reduz a taxa de compulsório, fazendo com que os bancos possam oferecer uma quantidade maior de crédito à população […]”. “Dessa forma, o Bacen, ao alterar a taxa dos depósitos compulsórios, consegue controlar o volume de crédito na economia” (KROTH, 2013, p. 131). Souza nos dá um exemplo do que acontece quando ocorre o aumento ou a diminuição dos recolhimentos compulsórios. Neste caso, nos interessa apenas a segunda opção, conforme segue: Quanto aos depósitos compulsórios, estes podem influir no multiplicador monetário, afetando positiva ou negativamente a quantidade de recursos para as instituições converterem em crédito para a economia, de forma a regular a ampliação dos agregados monetários. Logo, quanto maior o recolhimento, menor se torna o multiplicador monetário e, consequentemente, menor a quantidade de depósitos à disposição para a realização de empréstimos; e vice-versa […] (SOUZA, 2017, p. 53). Como exposto acima, o Bacen reduziu o percentual dos depósitos a prazo e manteve o percentual dos depósitos à vista, assim, aumentou a quantidade de moedas em circulação no país, visto que os bancos comerciais passaram a depositar um valor menor junto ao Bacen, ficando com uma quantidade maior de moeda em seu poder, o que lhes permitiu aumentarem as suas linhas de crédito. Ainda sobre os instrumentos de política monetária, a redução da Taxa SELIC aumentou a oferta de moeda, por meio da compra de títulos públicos no Mercado Aberto que é o mais ágil instrumento da política monetária. Kroth (2013, p. 130) sinaliza que a atuação no mercado aberto de títulos “[…] tem a finalidade de afetar a quantidade de moeda na economia”. Assim, quando o Bacen quer aumentar a quantidade de moeda na economia faz a compra títulos públicos, e quando quer retirar moeda vende títulos”. Por meio da compra de títulos “[…] o Bacen compra de volta/resgata os papéis da dívida do Governo, que estão em posse dos agentes econômicos. Nesse caso, ao trocar dinheiro pelos títulos, o Bacen injeta mais dinheiro na economia” (KROTH, 2013, p. 130). Deste modo, verifica-se que o Bacen agiu no mercado de títulosda dívida pública, realizando operações de compra desses títulos, logo, injetando dinheiro na economia. Segundo Leite (2011, p. 106) as operações de Mercado Aberto permitem: […] o controle permanente do volume de moeda ofertada no mercado; a manipulação das taxas de juros de curto prazo; às instituições financeiras bancárias, que realizem aplicações a curto e curtíssimo prazo de suas disponibilidades monetárias ociosas; a garantia de liquidez para os títulos públicos. A redução da Taxa SELIC atendeu o desejo do Governo de aumentar a liquidez da moeda na economia e os efeitos foram sentidos em relação ao consumo e inflação, bem como impactou em um dos principais indicadores macroeconômicos (PIB), pois a fomentação do crédito constitui em uma alavanca importante para a retomada da economia, com base na redução da taxa básica de juros (Mercado Aberto) e dos depósitos compulsórios. No Anexo A – Efeitos da Taxa SELIC, constam as figuras 1, 2 e 3, que ilustram os efeitos da Taxa SELIC sobre o investimento e consumo, sobre o crédito e sobre as expectativas das empresas e famílias. Ainda, é importante destacar que “[…] ao reduzir ou afrouxar as medidas macroprudenciais em se tratando da quantidade de capital requerido aos bancos, haveria uma maior quantidade de moeda na economia, incentivando taxas de juros menores no mercado, acarretando em maior demanda agregada (maiores níveis de consumo e investimento) (VARTANIAN e ALMEIDA apud SOUZA, 2017, p. 56)”. Como resultado da política monetária expansiva adotada em 2020, no final do ano, a economia brasileira apresentou sinais de recuperação e deste modo, o PIB que tinha uma estimativa de queda de 4,3%, foi menor do que o projetado. É importante destacar que a emissão de moeda é um dos instrumentos da política monetária. Kroth (2013, p. 135) indica que a emissão de moeda “[…] é a possibilidade de injetar dinheiro novo na economia, pelo simples ato de imprimir mais moeda, atribuição essa, restrita ao Bacen”. Verificou-se, durante a pandemia, que a emissão de moeda não ocorreu pelo simples fato de imprimir moeda (a emissão da nota de 200 reais teve a finalidade principal de facilitar o pagamento do auxílio emergencial, que ocasionou um desequilíbrio na circulação de papel-moeda no país), mas sim pela injeção de moeda na economia, por meio da compra de títulos ou pelo direcionamento do Governo para pagar suas despesas (KROTH, 2013, p. 135). Ainda, no ano de 2020, também houve a adoção de uma política fiscal expansionista que consistiu no aumento dos gastos do Governo (pagamento do auxílio emergencial) e na redução dos impostos para contribuir com o avanço da economia, com a finalidade de minimizar os efeitos decorrentes da pandemia da COVID-19. Com relação à emissão de moeda, em março de 2022, sou de parecer desfavorável, pois, com o passar do tempo, o cenário econômico mudou bastante. As cadeias globais de produção sofreram desestruturação, ocasionando escassez de diversos insumos de produção, gerando uma inflação de custos que é causada pelo “[…] aumento no preço dos insumos que eleva o custo de produção, o qual é repassado ao preço final dos produtos. Por ser resultado de um acentuado aumento no preço dos insumos, esse tipo de inflação também é conhecido como choque de oferta” (KROTH, 2013, p. 182- 183). Além disso, teve a crise hídrica que encareceu ainda mais a produção, bem como o aumento do dólar que impactou as commodities, também elevando os custos de produção. Como resultado, o Bacen iniciou uma escalada de aumento da Taxa SELIC, a partir de março de 2021, como forma de controlar a inflação e hoje a taxa está em 11,75%, pois quando se aumentam os juros, a consequência é a redução de moeda. Cabe apontar que há uma previsão de que a Taxa SELIC pode fechar acima de 13%, em dezembro de 2022. Deste modo, a política monetária atual precisa ser uma política restritiva que consiste na “[…] redução da oferta de moeda, e, por consequência, aumenta a taxa de juros, o que encarece o crédito” (LEITE, 2011, p. 108). Logo, é preciso diminuir a quantidade de moeda na economia com a finalidade de reduzir a inflação. Souza (2017, p. 66) destaca que “[…] o aumento dos recolhimentos compulsórios e o aumento da taxa de juros tendem a reduzir o nível de inflação da economia […]”. REFERÊNCIAS BANCO CENTRAL DO BRASIL. Estabilidade financeira. Recolhimentos compulsórios. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/recolhimentoscompulsorios. Acesso em: 29 abr. 2022. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Política monetária. Mecanismos de transmissão da política monetária. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/transmissaopoliticamonetaria. Acesso em: 29 abr. 2022. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Carta de conjuntura. Atividade econômica: revisão das previsões de crescimento 2020/2021. Brasília: IPEA, 2010. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntura/200609_cc_47_secao_a tividade_revisao_das_previsoes_de_crescimento.pdf. Acesso em: 29 abr. 2022. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Carta de conjuntura. Visão geral da conjuntura. Brasília: IPEA, 2010. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntura/201221_cc_49_nota_33 _visao_geral.pdf. Acesso em: 29 abr. 2022. KROTH, Darlan Christiano. Economia monetária. Palhoça: UnisulVirtual, 2013. LEITE, André Luís da Silva. Análise macroeconômica. 2. ed. Palhoça: UnisulVirtual, 2011. PORTAL DA INDÚSTRIA. Economia brasileira: edição especial do informe conjuntural. 2020-2021. Disponível em: https://static.portaldaindustria.com.br/portaldaindustria/noticias/media/filer_public/d8/e a/d8eac450-a9a1-4616-acb9-200bec5d221e/economia_brasileira_2020-2021.pdf. Acesso em: 29 abr. 2022. SOUZA, Ana Carla Porto de. Medidas macroprudenciais e inflação: uma análise do papel do compulsório no Brasil (2004 - 2016). 2017. 96 f. Monografia (Departamento de Ciências Econômicas) - Universidade Federal Fluminense, Campo dos Goytacazes - RJ, 2017. Disponível em: https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/6430/1/Monografia%20Ana%20Carla%20- %20vers%C3%A3o%20corrigida.pdf. Acesso em: 29 abr. 2022. Anexo A – Efeitos da Taxa SELIC Figura 1 – Efeitos da Taxa SELIC no investimento e consumo Fonte: Banco Central do Brasil, 2022. Figura 2 – Efeitos da Taxa SELIC no crédito Fonte: Banco Central do Brasil, 2022. Figura 3 – Efeitos da Taxa SELIC nas expectativas das famílias e empresas Fonte: Banco Central do Brasil, 2022.
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