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AULA 1 AUTOMAÇÃO E CONTROLE INDUSTRIAL Profª Carla Eduarda Orlando de Moraes de Lara 2 CONVERSA INICIAL Nesta primeira aula abordaremos tópicos relacionados a acionamentos elétricos e eletrônico de máquinas elétricas. Esse assunto é de extrema relevância para automação industrial, pois qualquer sistema automatizado ou de controle envolve máquinas elétricas que necessitam ser acionadas. Portanto, conhecer os tipos de acionamentos disponíveis para estas máquinas se torna fundamental. Assim, estudaremos os comandos elétricos, os dispositivos de manobra e proteção, os tipos de partida e os inversores de frequência. TEMA 1 – COMANDOS ELÉTRICOS Começaremos nossos estudos de acionamentos elétricos e eletrônicos entendendo o que são e como funcionam os comandos elétricos. Por definição, comandos elétricos são os circuitos elétricos responsáveis pelo acionamento de máquinas elétricas. Caso queira revisar seus conhecimentos em máquinas elétricas, o livro Acionamentos Elétricos do autor Franchi (2008) traz uma abordagem de todos os tipos de motores e outras definições importantes empregadas nesta disciplina. Os diagramas de comando tratam-se basicamente de uma lógica de contatos, que por meio da associação de contatos abertos e fechados, controla o acionamento das máquinas. A seguir estudaremos os tipos de contatos e suas possíveis associações, além da lógica empregando as associações destes. 1.1 Tipos de contatos Existem dois tipos de contatos muito utilizados em comando elétricos, sendo eles os contatos abertos e fechados. Os contatos funcionam como chaves que vão fechar ou abrir, dependendo do seu tipo e função, permitindo ou não a passagem de corrente elétrica. Começaremos pelo contato normalmente aberto (NA), o qual pode ser definido como uma chave que seu estado natural é normalmente aberto, porém quando energizado se fecha e passa a conduzir a corrente elétrica. Já o contato normalmente fechado (NF) é definido como uma chave que seu estado natural é normalmente aberto, e quando energizado abre deixando de conduzir corrente elétrica. 3 A seguir podemos verificar a simbologia aplicada a estes contatos. Na Figura 1(a) está representado um contato aberto, enquanto na Figura 1(b) o contato fechado. Convencionalmente, usa-se terminações com os números 1 e 2 para contatos fechados e 3 e 4 para contatos abertos, além disso os primeiros números indicam se o contato é o primeiro, segundo ou outro. Figura 1 – Contatos elétricos Fonte: Carla Eduarda Orlando de Moraes de Lara. 1.2 Lógica e associação contatos Os contatos podem ser associados em série ou em paralelo. O tipo de associação está relacionado com a lógica de comando, que abordaremos na sequência. Dependendo da lógica implementada serão executados os comandos desejados. Por exemplo, caso desejado implementar uma lógica para desligar algo deve-se empregar contatos fechados que quando energizados serão abertos e deixarão de conduzir corrente elétrica, fazendo assim como que o circuito desligue. O mesmo pensamento pode ser pensado para o caso de ligar algo, ou seja, empregando contatos abertos, quando energizados serão fechados e passarão a conduzir corrente elétrica. Lógicas mais complexas podem ser empregadas associando contatos abertos e fechados, tanto em série quanto em paralelo. A seguir serão apresentados estes dois tipos de associações. 1.2.1 Série Na configuração em série os contatos são posicionados um na sequência do outro, ademais operam semelhante a função E para contatos abertos e a função E inversora para os contatos fechados. 4 Figura 2 – Associação em série Fonte: Carla Eduarda Orlando de Moraes de Lara. Por meio da Figura 2(a) é possível verificar como funciona a associação em série de contatos abertos, além de observar que é necessário acionar os dois contatos para que o circuito se feche e passe a conduzir corrente. Já na Figura 2(b) é apresentada a associação em série dos contatos fechados, por meio da qual se pode verificar que quando não acionados os contatos o sistema está permitindo a passagem de corrente, e quando pressionado qualquer um deles ou então ambos, o caminho da corrente é aberto. 1.2.2 Paralela Na configuração em paralelo os contatos são posicionados lado a lado como pode ser observado na Figura 3. Além de que eles operam semelhante a função ou caso sejam empregados os contatos abertos, ou então como a função ou inversora para os contatos fechados. Figura 3 – Associação em paralelo Fonte: Carla Eduarda Orlando de Moraes de Lara. Outros exemplos de circuitos empregando comandos elétricos podem ser encontrados na apostila de Souza (2009). 5 TEMA 2 – DISPOSITIVOS DE MANOBRA Começaremos os estudos sobre os dispositivos de manobra entendo o que eles são e quais suas funções. Os dispositivos de manobra são componentes responsáveis por permitir ou não a passagem de corrente elétrica, e suas funções são basicamente ligar e desligar os circuitos. Esses dispositivos são de extrema importância, pois, por meio deles são realizadas todas as manobras desejadas no sistema, tanto de acionamento quanto de desligamento. Entre os principais tipos de dispositivos de manobra podemos citar as botoeiras e os disjuntores, sendo que estes acumulam a função de proteção. A seguir, abordaremos com mais detalhes estes dispositivos. 2.1 Botoeiras Como discutido anteriormente, as botoeiras têm como sua principal função permitir ou não a passagem de corrente elétrica. Elas funcionam basicamente como chaves de liga e desliga, semelhantes aos interruptores de acionamento de lâmpadas, porém cada tipo possui um modo de operação. Por isso, vamos analisar o funcionamento de cada tipo de botoeiras. 2.1.1 Botão pulsador O botão pulsador, também conhecido como botão sem retenção, pode operar como uma chave para ligar ou como chave para desligar, sendo que dependendo do seu modelo executará uma função. Assim como os contatos vistos anteriormente, existem botões pulsadores NA e NF, sendo que ambos mudam o seu estado natural enquanto são pressionados. Portanto, um botão NA quando pressionado se fecha permitindo a passagem de corrente elétrica, enquanto um botão NF quando pressionado se abre bloqueando a passagem de corrente elétrica. Botões pulsadores NA são empregados para acionar elementos, enquanto que os botões pulsadores NF são utilizados no desligamento. Na Figura 4 são apresentados os dois modelos de botão pulsador, os quais são empregados juntamente com os contatos NA e NF em comandos elétricos. A associação entre os contatos e os botões pulsadores são responsáveis por formar as lógicas de comandos dos acionamentos de máquinas elétricas. 6 Figura 4 – Botões pulsadores Fonte: Carla Eduarda Orlando de Moraes de Lara. 2.1.2 Chave seletora Neste tipo de botoeira são encontradas as duas posições possíveis, ou seja, ligada e desligada. Também chamada de botoeira de retenção, esta chave elimina a necessidade de um botão de ligar e outro de desligar, concentrando as duas funções, podendo este fato ser considerado como uma de suas vantagens. Na Figura 5 é apresentada um esquemático da chave seletora. Analisando a figura, é possível observar que são encontradas as duas posições na mesma botoeira. Figura 5 – Chave seletora Fonte: Carla Eduarda Orlando de Moraes de Lara. 2.1.3 Botão de emergência O botão de emergência tem características bem específicas, tanto no acionamento do mesmo quanto na sua forma. Esses botões são utilizados para desligar os circuitos em caso de alguma irregularidade no funcionamento. 7 Fisicamente, são formados por contatos NF que quando acionados se abrem, bloqueando a passagem de corrente elétrica, e ficam retidos nesta posição. Para que sejam destravados é necessário que o botão seja girado nosentido horário, para evitar que o sistema volte a operar por acidente. Uma característica diferente é que esses botões são acionados facilmente, pois o seu formato foi projetado para poder ser acionado com qualquer parte do corpo, além disso, são sempre na cor vermelha, o que indica desligamento. A Figura 5 ilustra um exemplo de botão de emergência. Figura 5 – Exemplo de botão de emergência Fonte: Dhammarat Nunart/Shutterstock. 2.2 Disjuntores O disjuntor consiste em um dispositivo que desarma automaticamente quando em caso de sobrecarga ou curto circuito, sendo que atua tanto na proteção quanto na manobra do sistema. Diferentemente do fusível, que estudará na sequência, o disjuntor não precisa ser trocado a cada desarme que ocorra, ele é apenas rearmado. Sendo assim, a cada vez que o sistema apresenta uma corrente maior do que a suportada pelo disjuntor, ele desarma, e quando a anomalia é solucionada, ele pode ser rearmado sem a necessidade de substituição do mesmo. 8 TEMA 3 – DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO E RELÉS TEMPORIZADORES Os dispositivos de proteção são responsáveis por proteger a carga e o próprio circuito em caso de sobrecargas, queda de tensão ou qualquer outro fenômeno que venha causar algum dano. Entre os equipamentos que atuam na proteção podemos citar os fusíveis, relés térmicos e o disjuntor, como já discutido. Além desses dispositivos, também discutiremos sobre os relés temporizadores. 3.1 Fusíveis Os fusíveis são elementos de proteção amplamente utilizados devido ao seu funcionamento simplificado e custo acessível. São aplicados na proteção contra curto-circuito e em caso de sobrecarga de longa duração. Estes componentes são definidos como um elo de ligação, por meio do qual a corrente elétrica transita. Quando ocorre uma variação de corrente acima da sua capacidade, ele aquece e por efeito Joule se funde, interrompendo assim a passagem de corrente. Após a ocorrência de uma fundição, o fusível deve ser trocado, ou seja, a cada anomalia apresentada no sistema o fusível é danificado para proteger o sistema, porém deve ser reposto. Esse fato o diferencia do disjuntor, que como foi analisado, só precisa ser rearmado. 3.2 Relés térmicos Os relés térmicos, também chamados de relés de sobrecarga, atuam na proteção de motores elétricos e são acionados pelo aquecimento. Quando ocorre um aquecimento do motor, seja por bloqueio do seu eixo ou então por uma carga acima da sua capacidade, o relé térmico identifica esta situação e desarma o circuito de comando, com o objetivo de evitar danos à máquina. A Figura 6 ilustra a simbologia dos relés térmicos, apresentando seus contatos principais que são ligados no contator ao circuito de força e os contatos auxiliares empregados no circuito de comando. 9 Figura 6 – Simbologia do relé térmico Fonte: Carla Eduarda Orlando de Moraes de Lara. 3.3 Relés temporizadores Os relés temporizadores são dispositivos que executam ações por meio de tempos pré-definidos, realizando a comutação de seus contatos com base no tempo definido. São empregados em aplicações em que é necessário atuar após um determinado intervalo de tempo, como máquinas que não possam ser acionadas simultaneamente. Existem basicamente dois tipos de temporizadores, sendo eles temporizador com retardo na energização e temporizador com retardo na desenergização. A Figura 6 apresenta a simbologia destes temporizadores. Figura 7 – Simbologia dos relés temporizadores Fonte: Carla Eduarda Orlando de Moraes de Lara. O temporizador apresentado pela Figura 6(a) é o com retardo na energização. Após a energização da sua bobina, ele conta o tempo pré-definido e após o final da contagem ele comuta os seus contatos de 15 – 16 para 15 – 18. Já o temporizador apresentado na Figura 6(b) é o com retardo na desenergização, ou seja, quando sua bobina é energizada ele comuta os seus contatos, e após 10 sua desenergização ele começa a contar o tempo também pré-estabelecido e ao final da contagem volta seus contatos para a posição de origem. TEMA 4 – PARTIDAS ELETROMECÂNICAS A partida de motores elétricos é um dos momentos mais cruciais de seu funcionamento, isso acontece devido a necessidade de uma alta corrente para mudar seu estado de inércia. A corrente de pico, como é chamada a corrente de partida, pode chegar a 8 vezes o valor da corrente nominal. Em algumas situações, essa alta corrente de pico pode acionar dispositivos de proteção ou então causar problemas à rede de alimentação. Por outro lado, sabe-se que a corrente de um motor está relacionada diretamente a sua tensão. Portanto, empregando chaves de partida, pode-se reduzir a tensão na partida e aumentá-la quando o motor tiver em velocidade nominal. A seguir, estudaremos os principais tipos de chaves de partidas. 4.1 Partida direta Na partida direta a chave fornece energia diretamente ao motor, sendo as três fases ligadas no motor, gerando uma corrente de pico. Nesse tipo de partida não existe um controle da corrente de pico, portanto é aplicada apenas em motores de pequenas potências na faixa de até 5CV, dependendo das exigências da concessionária na qual a instalação está inserida. Segundo Franchi (2008), esse tipo de partida é indicado então para motores de baixa potência, em caso de a máquina movimentada não necessitar de uma aceleração gradativa e estar equipada com algum dispositivo mecânico que evite uma alta velocidade de partida. Esquemas de ligação e exemplos de dimensionamentos de chaves de partidas diretas e indiretas podem ser encontrados no livro de Franchi (2008). 4.2 Partida Estrela Triângulo A partida estrela triângulo é uma das partidas indiretas empregadas no acionamento de motores trifásicos, sendo que todos os tipos de partidas indiretas têm como objetivo diminuir a corrente de partida, para que a partida seja mais suave. 11 Seu princípio de funcionamento consiste em realizar a partida em duas etapas. Na primeira o motor é fechado em estrela e é aplicado então uma tensão de 220 V em seus terminais, o que faz com a que a corrente de partida seja diminuída em 33%, aproximadamente. Após um tempo, a alimentação do motor é comutada para 380 V, e ele passa a operar em tensão nominal. Esse tipo de partida é amplamente empregado, pois possui um baixo custo e pode ser utilizada em diversas aplicações. 4.3 Partida Compensadora A partida compensadora também é um tipo de partida indireta, e trabalha de forma semelhante a estrela triângulo. Porém, na partida compensadora quem vai fornecer os níveis de tensões diferentes, um nível mais baixo na partida e a tensão nominal após a partida, é um autotransformador. A redução da corrente de partida depende da derivação do transformador, ou seja, do TAP empregado. Caso seja um TAP de 65%, teremos uma redução e 42% da corrente de pico, já se o TAP usado for de 85% a redução será de 64%. Esta partida pode ser aplicada a motores que precisam partir com carga e também em motores monofásicos ou motores com apenas três bornes externos. Suas desvantagens consistem no custo mais elevado, uma vez que é necessário o uso do autotransformador, e possui limitações de manobra. TEMA 5 – PARTIDAS ELETRÔNICAS Com a evolução da eletrônica de potência, torna-se cada vez mais comum o uso de partidas eletrônicas para motores elétricos, as quais são viáveis economicamente e práticas. Os autores Bruna, et al, 2012, apresentam em seu artigo resultados que mostram que as partidas eletrônicas se apresentaram mais eficientes na redução da corrente de partida. Entre as partidas eletrônicas mais utilizadas destacam-se a soft-starter e os inversores de frequências, as quais trataremos na sequência. Os circuitos de potência e comando destas partidas também podem ser encontrados no livro de Franchi (2008). 125.1 Soft-starter A chave de partida soft-starter é um dispositivo que permite realizar a partida de motores elétricos de maneira indireta e com maior eficiência. Por meio do soft-starter a partida do motor ocorre como um sinal rampa, ou seja, ele vai aumentando a tensão linearmente até atingir a tensão normal. Esta característica de acionamento garante acelerações e desacelerações progressivas, permitindo a adaptação da velocidade a diversos tipos de aplicações. Além disso, vale ressaltar que empregando o soft-starter se tem uma melhor eficiência, pois o motor tem uma melhor performance. Também, controlando a energização se tem controle da corrente de partida e controlando a desenergização se tem um desligamento controlado do motor. Do ponto de vista de operação, a rampa de tensão na aceleração e desaceleração é realizada por circuitos eletrônicos empregando ponte de tiristores controlada por placas eletrônicas, que ajustam a tensão conforme as especificações pré-definidas pelo usuário. Os soft-starters podem ser utilizados em diversas aplicações, como: ventiladores e exaustores, britadores e moedores, bombas centrífugas e compressores. 5.2 Inversos de Frequência Outro dispositivo muito utilizado para partidas indiretas é o inversor de frequência, o qual tem como principal função gerar tensão e frequência trifásica ajustável. Com a criação deste dispositivo pôde-se empregar motores de indução trifásicos em aplicações que existem controle de velocidade, o que até então só era possível com motores de corrente contínua (cc). O uso dos motores cc implicava em várias limitações, como custo deste tipo de motor e necessidade de conversão de tensão alternada para contínua. Assim como o soft-starter, o inversor de frequência também surgiu com a evolução da eletrônica de potência, e atua por meio do melhor método no controle de velocidade dos motores de indução trifásicos que é a variação na frequência da fonte alimentadora. Pode-se definir o inverso de frequência então como um conversor de frequência de possibilita o ajuste da velocidade e do conjugado. Se considerarmos que um motor de indução trifásico possui a característica de velocidade constante, o uso do inversor de frequência para alterar essa 13 característica amplia suas aplicações. A frequência de um motor trifásico é diretamente proporcional a suja velocidade. Logo, atuar na variação da frequência de alimentação do motor resulta em uma alteração de sua velocidade. O inversor de frequência também opera a rampa de aceleração, permitindo uma partida de motor sem solavancos, ou seja, o motor não muda seu estado de inércia instantaneamente. Isso evita desgastes nos componentes do motor, aumentando sua durabilidade. Outra vantagem dos inversores de frequência é que esses possuem interfaces de comunicação, o que facilita a operação e permite um monitoramento da velocidade e frequência do motor. 14 REFERÊNCIAS BRUNA, B. P. D. et al., Estudo de acionamentos das chaves de partidas elétricas e eletrônicas para motores elétricos. In: Simpósio de Integração Científica e Tecnológica do Sul Catarinense, Santa Catarina, n. 1, 2012. FRANCHI, C. M. Acionamentos Elétricos. 4ª ed. São Paulo: Érica, 2008. SOUZA, N. S. Apostila de acionamentos elétricos. Apostila do Curso de Eletrotécnica do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, 2009.
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