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Fichamento "A interpretação das culturas" - GEERTZ, C.

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Fichamento 
 Maria Antônia Machini Costa 
 TEXTO: GEERTZ, C. A interpretação das culturas . Rio de Janeiro: Guanabara, 1989. Cap. 
 1. 
 Conceito de Cultura 
 ● Um conceito de cultura mais limitado, mais especializado e, imagino, teoricamente 
 mais poderoso, para substituir o famoso “o todo mais complexo” de E. B. Tylor. 
 Acerca do conceio dado por Kluckhohn, o autor afirma que o ecletismo é uma 
 autofrustração, não porque haja somente uma direção a percorrer com proveito, mas 
 porque há muitas: é necessário escolher; 
 ● O conceito de cultura que eu (o autor) defendo é essencialmente semiótico; Max 
 Weber: “o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo 
 teceu”, o autor assume a cultura como sendo essas teias e a sua análise uma ciência 
 interpretativa, à procura do significado; 
 ● A cultura, esse documento de atuação, é portanto pública. Embora uma ideação, não 
 existe na cabeça de alguém; embora não física, não é uma identidade oculta. É pública 
 porque o significado o é. Você não pode piscar (ou caricaturar a piscadela) sem saber o 
 que é considerado uma piscadela ou como contrair, fisicamente, suas pálpebras; 
 ● A antropologia cognitiva afirma que a cultura é composta de estruturas psicológicas 
 por meio das quais os indivíduos ou grupos de indivíduos guiam seu comportamento. 
 ● A cultura não é um poder, algo ao qual podem ser atribuídos casualmente os 
 acontecimentos sociais, os comportamentos, as instituições ou os processos; ela é um 
 contexto, algo dentro do qual eles podem ser descritos de forma inteligível — isto é, 
 descritos com densidade; 
 ● Deve atentar-se para o comportamento, e com exatidão, pois é através do fluxo do 
 comportamento — ou, mais precisamente, da ação social — que as formas culturais 
 encontram articulação, e também, em várias espécies de artefatos e vários estados de 
 consciência; As formas da sociedade são a substância da cultura; 
 ● A análise cultural é intrinsecamente incompleta e, o que é pior, quanto mais profunda, 
 menos completa. 
 Etnografia 
 ● Se você quer compreender o que é a ciência, você deve olhar, em primeiro lugar, não 
 para as suas teorias ou as suas descobertas, e certamente não para o que seus 
 apologistas dizem sobre ela; você deve ver o que os praticantes da ciência fazem. Em 
 antropologia social, o que os praticantes fazem é a etnografia; 
 ● Segundo a opinião dos livros-textos, praticar a etnografia é estabelecer relações, 
 selecionar informantes, transcrever textos … um risco elaborado para uma “descrição 
 densa”; 
 ● Comparação de um tique nervoso, a piscadela e a imitação do primeiro. (...) Entre o 
 que Ryle chama de “descrição superficial” do que o ensaiador (imitador, piscador, 
 aquele que tem o tique nervoso...) está fazendo (“contraindo rapidamente sua pálpebra 
 direita”) e a “descrição densa” do que ele está fazendo (“praticando a farsa de um 
 amigo imitando uma piscadela para levar um inocente a pensar que existe uma 
 conspiração em andamento”) está o objeto da etnografia: uma hierarquia estratificada 
 de estruturas significantes em termos das quais os tiques nervosos, as piscadelas, as 
 falsas piscadelas, as imitações, os ensaios das imitações são produzidos, percebidos e 
 interpretados, e sem as quais eles de fato não existiriam (nem mesmo as formas zero 
 de tiques nervosos as quais, como categoria cultural, são tanto não piscadelas como as 
 piscadelas são não tiques), não importa o que alguém fizesse ou não; 
 ● Nossos dados são realmente nossa própria construção das construções de outras 
 pessoas, do que elas e seus compatriotas se propõem. (...) A análise é, portanto, 
 escolher entre as estruturas de significação e determinar sua base social e sua 
 importância; 
 ● O que o etnógrafo enfrenta: uma multiplicidade de estruturas conceptuais complexas, 
 muitas delas sobrepostas ou amarradas umas às outras, que são simultaneamente 
 estranhas, irregulares e inexplícitas, e que ele tem de, de alguma forma, primeiro 
 apreender e depois apresentar; 
 ● O que se deve perguntar a respeito de uma piscadela burlesca ou de uma incursão 
 fracassada aos carneiros não é qual o seu status ontológico. O que devemos indagar é 
 qual é a sua importância: o que está sendo transmitido com a sua ocorrência e através 
 da sua agência, seja ela um ridículo ou um desafio, uma ironia ou uma zanga, um 
 deboche ou um orgulho; 
 ● Em etnografia, o dever da teoria é fornecer um vocabulário no qual possa ser expresso 
 o que o ato simbólico tem a dizer sobre ele mesmo — isto é, sobre o papel da cultura 
 na vida humana. 
 Encontro de culturas 
 ● O que impede a nós, que crescemos piscando outras piscadelas ou cuidando de outros 
 carneiros, de entender corretamente, num lugar como Marrocos, que o que pretendem 
 as pessoas não é a ignorância sobre como atua a cognição (mas principalmente porque, 
 presume-se, ela atua da mesma maneira que entre nós, e seria bem melhor se 
 pudéssemos passar também sobre isso) como a falta de familiaridade com o universo 
 imaginativo dentro do qual os seus atos são marcos determinado; 
 ● Um ser humano pode ser um enigma completo para outro ser humano. Nós não 
 compreendemos o povo (e não por não compreender o que eles falam entre si). Não 
 podemos nos situar entre eles. O que procuramos, no sentido mais amplo do termo, 
 que compreende muito mais do que simplesmente falar, é conversar com eles. Visto 
 sob esse ângulo, o objetivo da antropologia é o alargamento do universo do discurso 
 humano; Compreender a cultura de um povo expõe a sua normalidade sem reduzir sua 
 particularidade; 
 Antropologia e seu objeto de estudo 
 ● Não é necessário ressaltar de forma tão laboriosa que o objeto de estudo é uma coisa e 
 o estudo é uma outra. (...) No estudo da cultura a análise penetra no próprio corpo do 
 objeto — isto é, começamos com as nossas próprias interpretações do que pretendem 
 nossos informantes, ou o que achamos que eles pretendem, e depois passamos a 
 sistematizá- las; Linha entre o modo de representação e o conteúdo substantivo é tão 
 intraçável na análise cultural como é na pintura - pode ameaçar o status objetivo do 
 conhecimento antropológico; 
 ● Se a etnografia é uma descrição densa e os etnógrafos são aqueles que fazem a 
 descrição, então a questão determinante para qualquer exemplo dado é se ela separa as 
 piscadelas dos tiques nervosos e as piscadelas verdadeiras das imitadas. 
 ● Se a interpretação antropológica está construindo uma leitura do que acontece, então 
 divorciá-la do que acontece é divorciá-la das suas aplicações e torná-la vazia; 
 ● A análise cultural é (ou deveria ser) uma adivinhação dos significados, uma avaliação 
 das conjeturas, um traçar de conclusões explanatórias a partir das melhores conjeturas 
 e não a descoberta do Continente dos Significados e o mapeamento da sua paisagem 
 incorpórea; 
 ● A vocação essencial da antropologia interpretativa não é responder às nossas questões 
 mais profundas, mas colocar à nossadisposição as respostas que outros deram e assim 
 incluí-las no registro de consultas sobre o que o homem falou.

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