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2 
 
SUMÁRIO 
1 COMUNICAÇÃO ................................................................................ 3 
2 EDUCAÇÃO, O QUE É ISSO? .......................................................... 8 
2.1 Educação formal x educação informal....................................... 10 
2.2 Educação como produto x educação como processo ............... 10 
2.3 Educação certa x educação errada ........................................... 11 
2.4 Educação como meio x educação como fim ............................. 12 
2.5 Educação como prática individual x educação como prática 
coletiva 13 
2.6 Educação autoritária x educação democrática .......................... 15 
2.7 Educação opressora x educação libertadora ............................ 16 
2.8 Educação reprodutivista x educação crítica .............................. 17 
3 ENSINAR NÃO É SÓ COMUNICAR ................................................ 22 
3.1 Teorização ................................................................................. 23 
3.2 Um modo de comunicação ........................................................ 23 
4 ENTENDENDO OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO ........................... 26 
4.1 Jornais diários ........................................................................... 27 
4.2 Revistas ..................................................................................... 27 
4.3 Rádios e TVs ............................................................................. 27 
4.4 Portais de notícia ....................................................................... 27 
5 A EDUCAÇÃO E A COMUNICAÇÃO .............................................. 28 
6 COMUNICAÇÃO, INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO E SABEDORIA.
 35 
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 50 
 
 
 
 
3 
 
1 COMUNICAÇÃO 
O ato de comunicar é universal e é tão antigo quanto o próprio homem. 
Ele é uma ferramenta indispensável para que as pessoas possam viver em 
grupos e estabelecer normas que garantam direitos mínimos a cada um. 
A comunicação é um instrumento poderoso e mal usado pode trazer 
problemas e gerar conflitos. O domínio do verbo pode fazer a diferença em 
épocas movidas por competições intensas. Os chineses descobriram isso há 
mais de 2,5 mil anos e inventaram, meio sem querer, o ancestral mais próximo 
do assessor de imprensa moderno. 
 
Fonte: thema.net.br 
As pessoas com habilidade para a leitura, com boa dicção e com um 
timbre de voz alto e agradável eram recrutadas pelos antigos monarcas chineses 
para ser “divulgadoras oficiais do reino”. Elas percorriam os vilarejos a cavalo e 
liam pergaminhos contendo, na maioria das vezes, determinações ligadas a 
tributos, condenações ou uma nova orientação que tornasse ainda mais 
incontestável a força do rei. 
Os gregos usaram a palavra e o pensar como mecanismos para construir 
a filosofia, a base do pensamento ocidental e responsável pela incessante busca 
da compreensão do mundo, das coisas e do homem. 
O poderoso império romano tinha a informação como aliada no 
avassalador processo de conquista de novos territórios. 
 
4 
 
Inteligentemente, os romanos fragilizavam a força armada do inimigo mas, 
em vez de aniquilar como era lei em outros povos, transformavam os 
conquistados em cidadãos do grande império. Eles passavam a gozar de direitos 
e deveres como qualquer outra pessoa e também podiam usufruir das glórias 
comuns a uma grande nação. 
O poder da palavra foi claramente entendido na época Medieval pelas 
forças dominantes e impôs-se a limitação aos livros como barreira à socialização 
do conhecimento. O alemão João Gutenberg revolucionaria conceitos ao 
inventar um dispositivo capaz de multiplicar a capacidade de reprodução de 
livros. Ele criou a prensa, imprimiu a bíblia em 1456 e reinventou o trabalho dos 
autores. Os livros, até então, eram escritos à mão e era raro encontrar vários 
exemplares do mesmo título. 
 
 
Fonte: wp.com 
Cabia aos monges enclausurados nos antigos castelos medievais dedicar 
grande parte de suas vidas a copiar e a multiplicar os originais. A prensa, a base 
dos equipamentos gráficos que surgiriam mais tarde, multiplicou 
exponencialmente a produção literária e estimulou novas gerações de escritores 
a colocar suas obras no papel. 
A revolução industrial, a partir do século 19, na Inglaterra, aceleraria ainda 
mais o processo e a comunicação passaria a ganhar contornos profissionais. A 
versão moderna do assessor de imprensa tem o empresário norte-americano 
George Westinghouse como peça-chave. 
 
5 
 
Em 1898, George percebe que a propaganda poderia ampliar as suas 
vendas. O uso da informação como mecanismo para aumentar a 
comercialização de bens duráveis e não-duráveis superou as projeções mais 
otimistas e nascia ali a era da publicidade e da propaganda. John Rockefeller, 
um dos homens mais poderosos da economia norte-americana do início do 
século 20, era admirado pelo seu poder de antever pequenas revoluções no 
mundo dos negócios. 
Ele foi um dos poucos que saíram incólumes da quebra da Bolsa de Nova 
York, em 1929, e um dos primeiros a perceber a função da comunicação em um 
mundo tão sofisticado e com tantas novidades como o de cem anos atrás. 
Rockfeller, acusado de defender o monopólio e por isso com o nome em baixa 
entre a massa norte-americana, decide fazer do comunicador Ive Lee o primeiro 
profissional a ganhar a vida como assessor de imprensa e relações públicas. 
Lee trocou o jornal pelo papel de divulgador das ações das empresas do 
magnata dos negócios e dá os primeiros contornos à comunicação empresarial. 
Rockfeller ainda financiaria a criação do primeiro curso superior de comunicação, 
em 1908. A Universidade de Colúmbia, no Missouri, é até hoje uma das grandes 
referências do jornalismo mundial. 
Adolf Hittler criou durante a 2ª Guerra Mundial ministérios inteiros voltados 
à comunicação e para aperfeiçoar esquemas táticos a partir da obtenção de 
informações privilegiadas. A comunicação foi uma aliada poderosa dos nazistas 
nas frentes de batalha. O brieffing, um dos termos mais usados na área 
publicitária, foi cunhado durante a 2ª Guerra pelos oficiais alemães. Eles faziam 
pequenas convenções, a partir de pesquisas, trocas de informações e análises, 
antes de definir as estratégias de cada novo ataque. 
 
6 
 
 
Fonte: negociofeminino.com.br 
A profissionalização dos processos de comunicação começa no Brasil em 
1909, no governo de Nylo Peçanha. Ela cria um arquivo nacional dedicado a 
preservar memórias e informações consideradas importantes ao País. Em 1915, 
o arquivo se transforma em uma seção específica para cuidar da comunicação 
do governo e tentar equilibrar a queda de braço com os jornais da época. O início 
do principal processo de industrialização brasileiro, a partir de 1950 com a 
chegada das montadoras de automóveis, inaugura a popularização da 
comunicação empresarial. 
 
Fonte: michellyribeiro.files.wordpress.com 
 
7 
 
Cresce o número de profissionais interessados em oferecer serviços 
especializados a grandes empresas e indústrias. A Volkswagen é a primeira, em 
1961, a montar uma assessoria de imprensa e a utilizar mais intensamente os 
recursos de comunicação disponíveis para divulgar notícias, promoções e 
reforçar sua marca. Mas somente 15 anos depois é que alguns dos grandes 
nomes da imprensa brasileira decidem trocar principalmente os jornais pelas 
assessorias. 
Os jornalistas percebem ali um promissor nicho de trabalho, com salários 
iguais ou melhores que os das redações e com uma qualidade de vida 
teoricamente melhor. As assessorias passam a ser comuns a partir dos anos 80 
em associações, sindicatos e em empresas. A informação vira moeda forte nas 
relações entre os mais diversos públicos. Os cursos de comunicaçãopercebem 
o potencial da área e incluem em suas grades disciplinas preocupadas em formar 
o jornalista também para suprir essa nova exigência do mercado. 
Atualmente no Brasil, cerca de 70% dos profissionais formados em 
comunicação têm a assessoria de imprensa como sua primeira oportunidade de 
inserção no mercado. E a tendência é de crescimento. A comunicação alcança 
status de ferramenta estratégica em todas as corporações. Ela passa a ser 
determinante para definir políticas de ação, estratégias para a comercialização 
de produtos e serviços, para fortalecer aspectos comunicacionais e, 
principalmente, para proteger o assessorado de possíveis crises de imagem. 
A contratação de assessorias de comunicação especializadas contribui 
para proteger um dos maiores patrimônios da empresa, a sua marca, que em 
muitos casos vale mais do que todo o patrimônio físico construído ao longo de 
uma trajetória de anos. O conceito mais recente é de que contar com uma 
assessoria de comunicação especializada é mais do que custo. É investimento, 
e ainda mais: é economia. A informação é o motor do mundo globalizado, por 
isso ela precisa ser tratada de forma técnica e competente. 
 
 
8 
 
2 EDUCAÇÃO, O QUE É ISSO? 
 
Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br 
Já disse um filósofo que nós, os seres humanos, fomos condenados à 
liberdade. Aí está: condenação e libertação como partes inseparáveis do ser 
individual e social que é o homem. Não é que estejamos permanentemente 
oscilando entre essas duas realidades, que sejamos ora condenados e ora livres. 
Mas é que somos, ao mesmo tempo, as duas coisas, constantemente, em cada 
momento, escravos e livres. Apenas para exemplificar de maneira simples: 
podemos estar livres em relação aos pais até que ponto? e escravos no tocante 
à escola; livres quanto a esta última, mas escravos quanto ao trabalho, e assim 
por diante. Todavia, tudo isso é muito relativo: mesmo separados da família, 
conservamos as influências do tempo de convivência; longe da escola, 
carregamos as marcas que ela nos imprimiu. Com a educação acontece o 
mesmo: trata-se de um processo que escraviza e liberta simultaneamente, mas 
do qual ninguém consegue escapar, do nascimento à morte. 
A educação é, em suma, um processo universal. E, na definição do 
processo educacional, não podemos fugir das influências que sofremos em 
nossa própria formação. 
Assim é que, ao procurar definir o que entendo por educação, não deixo 
de refletir, em parte, o processo educacional ao qual fui submetido. E como esse 
 
9 
 
processo teve uma presença marcante da Filosofia, minha definição buscará ser 
globalizante, interdisciplinar, na tentativa de compreender a perspectiva da qual 
as diversas disciplinas procuram explicar a educação. 
E a primeira observação que faço é a de que parece existir algo em 
comum entre as várias perspectivas, que é uma espécie de definição elicotômica 
da educação, na qual está é sempre classificada em dois termos opostos. 
Vejamos: pelo ponto de vista meramente descritivo geográfico o processo 
educacional é classificado em formal e informal; a Didática fala-nos 
seguidamente da educação como processo e como produto; na Moral vamos 
encontrar a ênfase na distinção educacional entre o certo e o errado, o bom e o 
mau etc.; já a Filosofia tem se esmerado em separar os fins dos meios no 
processo educacional; o estudo da educação como prática individual, em 
oposição à prática coletiva, parece ser um ponto recorrente em Psicologia. 
Quando a perspectiva é a da Política, torna-se comum à distinção entre 
educação autoritária e educação democrática; historicamente, a oposição 
verifica-se entre a educação opressora e a educação libertadora; finalmente, 
talvez possamos identificar como predominantemente sociológica a perspectiva 
que coloca em campos opostos a educação produtivista e a educação crítica. A 
segunda observação diz respeito a uma definição geral de educação, que seria, 
digamos, aplicável a qualquer uma das distinções anteriores. Trata-se da 
educação vista como a influência que as gerações consideradas adultas 
exercem sobre as gerações mais jovens, com o objetivo de levá-las a 
desenvolverem-se fisicamente, intelectualmente e moralmente de acordo com 
as expectativas da sociedade ou, por outra, dos grupos sociais dominantes. 
Então, a educação, sendo universal, varia de sociedade para sociedade, de um 
grupo social a outro, segundo as concepções que cada sociedade e cada grupo 
social tenham de mundo, de homem, de vida social e do próprio processo 
educativo. Ressalta, desta observação, a enorme importância que tem o estudo 
da história da educação, pois nos permite avaliar como foi entendida e praticada 
a educação, em épocas e sociedades diferentes. 
 Possibilita-nos, ainda, entender a educação como um processo dinâmico, 
histórico, e por isso mesmo mutável, e cuja compreensão exige a superação das 
dicotomias acima citadas. 
 
10 
 
2.1 Educação formal x educação informal 
A educação formal ocorre, portanto, sempre que se desenvolve 
sistematicamente, segundo planos que incluem objetivos, conteúdos e meios 
previamente traçados. Diz-se, a partir da definição anterior, que a escola é a 
agência por excelência da educação formal. No entanto, esta ocorre também na 
família, na igreja e em outras instituições, sempre que se utilizam meios 
considerados adequados para atingir intencionalmente determinados fins, que 
são os fins do processo educacional em questão. Não podemos esquecer, 
entretanto, que ambos os processos — a educação formal e a informal — 
ocorrem simultaneamente, na maioria das situações educacionais. Na própria 
escola, considerada a principal responsável pela educação formal, os 65 alunos 
geralmente aprendem muito mais da convivência com colegas e professores — 
de suas atitudes, de sua maneira de falar, de seus gestos, da forma com que 
encaram o homem e o mundo e que transmitem mediante seus atos — do que 
por influência do ensino direto, formal, que o professor faz das matérias 
escolares. Aí está o ponto: não há momentos em que só aprendemos 
formalmente e outros em que só aprendemos informalmente. As duas formas de 
educação coexistem, na escola e fora dela. E, para que a própria educação 
escolar se torne mais eficaz, é necessário que professores e alunos tomem 
consciência do grande alcance dos processos informais de educação, que são 
permanentes na escola, e que os levem em consideração ao desenvolverem 
suas atividades, buscando a coerência entre o dizer e o fazer, entre o pensar e 
o agir, entre o sentir e o falar. 
2.2 Educação como produto x educação como processo 
Trata-se de uma distinção frequente em Didática. E a Didática moderna 
enfatiza a superioridade do processo, em termos educacionais. Isto é, para que 
a educação seja eficaz, produza resultados duradouros, é necessário que o 
aluno aprenda a auto educar-se e não a receber a educação e o conhecimento 
como produtos prontos e acabados, que deve absorver e reproduzir da mesma 
forma. A distinção é real: uma coisa é memorizar uma fórmula matemática e 
aplicá-la automaticamente ao problema e outra, bem diferente, é aprender o 
 
11 
 
processo de dedução da mesma fórmula; uma coisa é aprender a data da 
independência do Brasil e outra, bem diferente, é entender o processo desse 
acontecimento e todas as suas implicações. 
A assimilação do produto encerra-se em si mesma, é isso e acabou; o 
entendimento do processo capacita-nos a enfrentar outras situações, a resolver 
outros problemas, a analisar outros fatos históricos. Mas a coisa não é tão 
simples como pode parecer. 
O próprio professor, muitas vezes, ensina formalmente que a educação 
deve ser encarada como processo, mas o faz transmitindo tal informação como 
um produto pronto e acabado. Isto é, informalmente ensina, em sua prática 
escolar, que a educação é um produto, pois é esta a forma como aencara em 
seu exercício profissional. É preciso, portanto, que haja coerência e que a própria 
superioridade da educação como processo, e tudo o mais que se ensina na 
escola, não seja fornecida como um produto pronto, mas que o aluno seja a ela 
conduzido mediante o próprio processo educacional, na prática cotidiana da sala 
de aula. Contudo, se todo produto resulta de um processo, e se o domínio 
deste é de alto valor educativo, não é menos verdade que todo processo deve 
levar a um produto. Ou seja: o processo de dedução de uma fórmula conduz a 
um produto, que é a própria fórmula; o processo de independência leva a um 
produto, que é a própria independência. A conclusão a que se chega, portanto, 
é a de que o processo e o produto de conhecimento coexistem na educação, um 
não existe sem o outro e ambos são importantes. 
2.3 Educação certa x educação errada 
Guimarães Rosa expressou magistralmente esta característica da 
educação brasileira o maniqueísmo que divide o mundo em duas partes: a certa 
e a errada, a boa e a ruim: "Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor 
sabe: eu careço de que o bom seja bom e o ruim, que dum lado esteja o preto e 
do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da 
tristeza. Quero os todos pastos demarcados... Como é que posso com este 
mundo? A vida é ingrata no macio de si; mas traz a esperança mesmo do meio 
 
12 
 
do fel do desespero. Ao que, este mundo é muito misturado..." (ROSA, J. 
Guimarães, 1984, p. 207). 
Trata-se de um moralismo autoritário que continua impregnando nossa 
educação, agora sim de maneira formal e informal e como conteúdo e processo. 
Mas é um moralismo com endereço certo, que identifica o bom com os valores 
burgueses, que contribuem para preservar o poder da burguesia: o poder 
econômico camuflado em mérito e capacidade; o espírito pacífico e ordeiro 
encobrindo a violência como única alternativa dos marginalizados; a ascensão 
social como sonho a entorpecer a luta dos trabalhadores; a crença na felicidade 
eterna como meio a estimular a renúncia a esta vida; a pobreza como sendo um 
estado de espírito, pois "o dinheiro não traz a felicidade"; e assim por diante. 
Mais do que nunca é preciso recuperar a noção de homem como ser 
integral, espírito e corpo formando uma unidade individual, um ser em formação 
permanente, que engloba as contradições deste mundo. Somos todos feitos do 
mesmo pó e caminhamos todos para o mesmo fim, sujeitos aos tropeços que 
atingem a todos. Igualmente responsáveis pela construção de um mundo 
habitável, cabe à educação papel importante na disseminação da ideia de que 
esse mundo só será possível mediante o respeito aos direitos fundamentais da 
pessoa humana, em qualquer circunstância em que ela se encontre. A escola 
não pode prestar-se à classificação dos indivíduos — bons e maus, sábios e 
ignorantes, e outros rótulos. Cabe-lhe, isto sim, servir à sua realização humana, 
individual e social. 
2.4 Educação como meio x educação como fim 
Há educadores que atribuem exclusiva ou exagerada predominância aos 
meios. Cheios de cuidados em relação aos recursos materiais e humanos e aos 
métodos de ensino, esquecem-se da finalidade para a qual, consciente ou 
inconscientemente, estão conduzindo os educandos. Preocupados com os 
mínimos detalhes exteriores do processo maneira de falar e de escrever, 
limpeza, ordem, conformidade com as regras etc; desprezam o fim a que leva 
essa preocupação e a concepção de educação e de homem que por trás dela 
se esconde. Na verdade, todo e qualquer processo educacional leva a um fim, 
 
13 
 
conduz à formação de um ser humano que tem uma teoria e uma prática sociais 
determinadas, tenha ou não o educador consciência disso. 
Outros enfatizam os fins. Frases do tipo "utilizado por um bom educador 
qualquer método funciona" e "o bom educador não precisa de recursos, basta-
se a si mesmo" são ouvidas frequentemente. 
 Entre os que privilegiam os fins há ainda aqueles que são avessos a 
qualquer planejamento, descambando muitas vezes para a doutrinação pura e 
simples, procurando inculcar seus próprios conceitos e preconceitos e inibindo 
todo e qualquer pluralismo, que é essencial ao processo educativo. Existem, 
também, os que se perdem em intermináveis e abstratas discussões acerca da 
educação e de suas finalidades, sem que as mesmas tenham qualquer 
repercussão em seu exercício profissional como educadores. A discussão em 
foco não tem fim. Acredito mais: a excessiva importância que a ela se dá é 
prejudicial ao próprio processo educacional e ao entendimento do que ele seja. 
Importa, isto sim, darmos mais atenção a outra questão, esta de caráter 
verdadeiramente fundamental: como integrar os meios e os fins na atividade 
educativa? Pois, desta integração, não meramente teórica e abstrata, mas ao 
mesmo tempo prática e concreta, é que depende o sucesso da educação. 
Não o sucesso em termos de se atingirem, simplesmente, os objetivos 
previamente traçados. Mas o sucesso quanto à possibilidade, inclusive, de se 
analisarem estes mesmos objetivos, com vistas à realização humana, individual 
e social, de educadores e educandos. É preciso tomar consciência de que 
determinados meios levam a certos fins, que nem sempre são os que o educador 
tem em mente, e que certos fins pressupõem determinados meios. Assim sendo, 
não conseguiremos construir uma escola democrática utilizando meios 
antidemocráticos; não poderemos preparar o educando para "o exercício 
consciente da cidadania", se não criarmos na escola oportunidades concretas 
para tanto. 
2.5 Educação como prática individual x educação como prática coletiva 
A oposição entre prática individual e prática coletiva no processo 
educacional é outra das tantas falácias que desviam os educadores de seu 
 
14 
 
verdadeiro trabalho, que é a educação. Não há como supervalorizar o indivíduo 
ou a sociedade, em prejuízo de um ou de outro polo da dicotomia. 
 Os que assim procedem estão descaracterizando o processo educativo, 
que só se realiza mediante a composição dos mesmos, pois há uma Inter 
complementaridade entre ambos: o social não existe sem o individual e vice-
versa. O homem é um ser social, é o social que lhe fornece a especificidade, já 
escreveu Aristóteles há cerca de 2 500 anos. E Piaget, no século XX, diria que 
a reflexão é uma discussão que se tem consigo mesmo, "uma conduta social de 
discussão interiorizada", ao passo que a "discussão socializada é apenas uma 
reflexão exteriorizada". 
O processo educacional pode ter início tanto no indivíduo a curiosidade 
acerca de um fenômeno, por exemplo quanto na sociedade, como seria no caso 
da transmissão de alguma informação por iniciativa de alguém ou de alguma 
instituição. Mas, seja qual for o ponto de partida, o processo só se completa no 
outro polo: quando se inicia no indivíduo vai completar-se na sociedade que 
fornecerá ou não os elementos para a satisfação da curiosidade; quando se inicia 
fora do indivíduo, é nele que vai concluir, na medida em que aprenderá ou não 
a informação oferecida. Melhor dizendo, o processo não tem fim, é constante, 
pois uma curiosidade satisfeita produz a busca de novos conhecimentos, sempre 
mais completos, e a informação aprendida leva à necessidade de novas 
informações. 
 É na integração equilibrada entre o individual e o social que busca a 
superação tanto do individualismo exacerbado, que desconhece o social, quanto 
do aniquilamento das potencialidades individuais por imposição externa que se 
realizam a autêntica educação e a própria vida humana em seu verdadeiro 
sentido. 
Por extensão, as instituições educativas a família, a escola e outras não 
podem fechar-se em si mesmas, sob pena de prejudicarem a educação e o 
desenvolvimento do indivíduo, mas devem abrir-se ao mundo circundante, 
estabelecendo com ele uma comunicação permanente. Somente dessa maneirapoderão tais instituições acompanhar criticamente a evolução da sociedade, 
adaptando-se a suas mudanças, influindo, ao mesmo tempo, na orientação das 
mesmas. 
 
15 
 
Indivíduo e escola e escola e sociedade não são entidades estanques, 
que se desconhecem, mas dinâmicas, cujo desenvolvimento depende das 
relações que mantêm entre si. 
2.6 Educação autoritária x educação democrática 
Há que distinguir entre autoridade e autoritarismo. A primeira não deixa 
de ser fundamental no processo educacional, pois é sobre a autoridade do 
mestre fundada em sua experiência, em seu conhecimento e em sua 
competência que o mesmo repousa. 
Já o segundo trata-se de uma excrescência, de uma usurpação arbitrária 
do poder, que pretende fundar o processo educativo na imposição pura e simples 
de um ponto de vista, mais do que de uma "verdade" científica, de um estereótipo 
comportamental mais do que de uma orientação aberta e pluralista. A 
democracia, por seu turno, não exclui a autoridade. Antes, pelo contrário: só 
existe democracia quando coexistem autoridade e liberdade, pois a verdadeira 
autoridade assenta na liberdade que têm os indivíduos de várias opções, 
escolherem o caminho que lhes parece, no momento, o mais acertado, que lhes 
permita, no seu entender, a realização pessoal e social que buscam concretizar. 
A democracia é uma conquista da humanidade, que importa conservarmos e 
aperfeiçoarmos constantemente. 
 É o único sistema que permite nosso desenvolvimento como pessoas 
autônomas, em todos os sentidos, isto é, como sujeitos de nossa própria história. 
Cabe à escola contribuir com sua parcela de responsabilidade nessa tarefa 
comum. 
Não apenas com preleções sobre a democracia e sua importância para a 
humanidade, mas, sobretudo, com a implementação de práticas democráticas 
no cotidiano escolar. Tanto na administração externa e interna da escola quanto 
no trabalho especificamente pedagógico, que é a atividade docente 
desenvolvida em sala de aula. É aqui que parece estar o fulcro da questão: 
muitas vezes não há dificuldades em ser democrata no atacado, no abstrato das 
grandes discussões, nas questões meramente teóricas; o difícil está em praticar 
a democracia no varejo da sala de aula, no concreto da relação professor-aluno, 
 
16 
 
no ensino propriamente dito. E é para a prática da democracia que os 
professores devem preparar-se constantemente, pois é nela que se conhecem 
os verdadeiros educadores. 
De que maneira? Não há melhor método que o exercício permanente da 
democracia. Trata-se, aqui também, de um processo que vai se construindo aos 
poucos, na exata medida em que vai sendo vivenciado pela população escolar. 
2.7 Educação opressora x educação libertadora 
 Toda a educação é, em si mesma, opressora. A passagem do ser 
individual ao ser social não se faz sem um preço. E este preço é o controle sobre 
as tendências egoístas e individualistas exacerbadas. 
Controle que, de predominantemente externo, torna-se cada vez mais 
interno, com o decorrer do processo educacional. 
E que exige uma grande força de vontade, capaz de conduzir o indivíduo 
a maneiras de sentir, pensar e agir que se coadunem com uma percepção global 
da sociedade, que, por sua vez, ultrapassa percepções meramente 
particularistas. 
É exatamente nesse processo que se pode dar o salto para a libertação. 
Pois não é apenas da opressão externa, e em busca de si mesmo, que o 
indivíduo precisa libertar-se. 
Deve libertar-se também de si mesmo, de suas tendências egocêntricas, 
para integrar-se na realidade social e nela atuar. E a escola cumprirá tanto mais 
a sua função quanto mais favorecer essa dupla libertação, sendo cada vez 
menos instrumento da opressão externa sobre o indivíduo e estimulando cada 
vez mais seu crescimento rumo à participação social consciente. 
Diria, portanto, que a opressão antecede a libertação, é uma etapa da 
própria libertação, nesse jogo dialético que constitui a vida e a própria educação. 
Se não, libertar-se de quê? Trata-se, no caso, de uma visão parcial do processo 
de desenvolvimento e de educação. Quando vistas globalmente, entretanto, no 
mesmo processo, opressão e libertação coexistem, podendo predominar ora a 
primeira, ora a segunda, ou, mesmo, equilibrar-se momentaneamente. 
 
17 
 
Cabe ao educador trabalhar pela libertação, tendo, porém, consciência 
permanente de que o processo será contínuo, que algum grau de opressão 
sempre existirá e que nunca alcançaremos a libertação total. Mas é exatamente 
essa busca constante que dá sentido à vida. 
2.8 Educação reprodutivista x educação crítica 
 Reprodução, crítica e criação são processos inerentes ao 
desenvolvimento pessoal e social e, portanto, sempre presentes, em maior ou 
menor grau, na atividade educacional. Trata-se, certamente, de uma atitude ante 
educativa aquela que se limita a reproduzir o passado, mas esta reprodução não 
deixa de ser a base da crítica e da criação. Condenável é a reprodução pura e 
simples, que impede o desenvolvimento da crítica e da criação. Mas também 
condenáveis são a crítica vazia e a criação a partir do nada. 
A primeira, por não ter consistência, e a segunda, por ser alienada; 
ambas, por distanciarem-se da realidade em que vivemos. O processo 
educacional é dinâmico. Cabe-lhe estimular as novas gerações a construir um 
futuro melhor com base no conhecimento crítico da história. E, nesta construção, 
quantidade e qualidade, conteúdo e forma, são processos interdependentes, em 
que o predomínio exagerado de um ou de outro traz prejuízos ao 
desenvolvimento global. 
 Não é que não existam dicotomias e contradições, pois a educação é um 
processo dialético. Mas não podemos esquecer que o desenvolvimento dialético 
exige a superação provisória das contradições, mediante a formulação de 
sínteses também provisórias, que constituem novos polos contraditórios, mas 
que orientam nosso pensamento e nossa ação em um dado momento. 
É esse movimento constante que torna a educação um processo vivo e 
palpitante, que não cessa de se renovar. Como Melhorar a Comunicação 
Professor Aluno “A eficácia máxima da comunicação não é alcançada senão 
quando a mensagem é compreendida pelo receptor.” Abrahan Moles. O 
PROBLEMA No atual sistema de ensino centralizado no professor e na matéria, 
a tarefa de transmitir conhecimentos é a maior carga que o professor carrega 
sobre os ombros. Por sua vez, o aluno que deseja passar de ano vê-se obrigado 
 
18 
 
a absorver uma considerável e cada dia maior quantidade de informações: 
conceitos, nomes, fatos, datas, cores, relações, quantidades, fórmulas, 
processos, normas etc., a maioria das quais ele recebe “via professor”. 
A emissão, transmissão e recepção de informações, entretanto, é apenas 
uma das funções da comunicação entre professor e alunos. Da boa comunicação 
dependem não só a aprendizagem, mas também o respeito mútuo, a cooperação 
e a criatividade. 
 
 
Fonte: melhoramiga.com.br 
 Vamos tentar identificar os principais problemas que atualmente 
atrapalham a comunicação professor-aluno, visando a descobrir os pontos de 
estrangulamento: 
-O problema fundamental, a nosso ver, consiste no fato de que o professor 
em geral não percebe que é um mau comunicador, da mesma maneira que são 
poucos os padres que acham ruins seus sermões. 
-O professor está mais preocupado em expor sua matéria, isto é, em falar, 
que em comunicar, isto é, despertar atenção e interesse, mobilizar a inteligência 
do aluno, ser entendido por este e induzi-lo à expressão e ao diálogo. 
-O professor acha que sua função consiste em transmitir conhecimentos 
e que é obrigação do aluno ouvir e compreender. Não percebe que a atenção e 
a aprendizagem são processos que às vezes devem ser provocadas. 
 
19 
 
-Às vezes, o professor tem suas ideias tão mal, ou tão perfeitamente 
organizadas, que não há nelas lugar para a imaginaçãocriativa dos alunos. 
Ambos os extremos produzem uma comunicação falha: quando as ideias do 
professor estão desorganizadas, sua mensagem é confusa e insegura, e os 
alunos não conseguem perceber a estrutura do assunto. Quando estão 
demasiadamente organizadas, o professor em geral não gosta de ser 
interrompido nem de aceitar contribuições dos alunos. Ele evita tudo o que 
ameaça desorganizar o belo edifício mental que traz preparado. 
-O professor expõe partindo da premissa de que, se os alunos mais 
inteligentes da primeira fila entendem o que ele fala, todos os demais também 
entenderão. E não se preocupa em verificar se isto ocorreu ou não. 
-O professor utiliza conceitos ou termos que ainda não existem na 
experiência dos alunos. Ou, se existem, é provável que cada um lhes atribua um 
significado diferente. Vejamos um exemplo: o professor emprega o termo 
“conjuntura”. Se perguntasse aos alunos o que entendem por “conjuntura” ficaria 
surpreendido com respostas tão variadas como “acontecimentos de curto prazo”, 
“situação em um período dado”, “articulação de ossos”, “contexto”, “interseção 
de estradas”, “coincidência de opiniões” etc. 
-O professor não se preocupa em aumentar o vocabulário dos alunos, o 
que poderia ser feito explicando os significados e as diversas aplicações dos 
novos termos. 
-O professor coloca tantas ideias em cada exposição que somente 
algumas delas são compreendidas e retidas. Pela pressa em dar maior 
quantidade de matéria possível, o professor não repete as ideias principais, nem 
se detém o tempo necessário para que os alunos de raciocínio mais lento as 
assimilem. 
-Alguns professores falam tão rápido ou articulam as palavras tão mal que 
muitas das ideias não são percebidas pelos alunos. Outros professores falam 
em voz tão baixa ou em tom tão monótono, que não conseguem manter a 
atenção dos alunos. 
-O professor não utiliza meios visuais para comunicar conceitos ou 
relações que exigem apresentação gráfica. Assim, um professor de Entomologia, 
 
20 
 
por exemplo, descreve apenas verbalmente os insetos do algodão: tamanho, 
forma, cor etc., características todas que exigem visualização objetiva. 
-O professor utiliza os meios visuais de uma forma inadequada: por 
exemplo, emprega o quadro-negro sem planejamento algum, escrevendo e 
desenhando ora aqui, ora ali, com muita confusão e desordem. As Letras muito 
pequenas ou pouco claras são mal decifradas pelos alunos das últimas fileiras. 
Outro exemplo: 
O álbum seriado é empregado por alguns professores como um roteiro de 
aula e não como uma série de estímulos para o pensamento dos alunos. Outros 
projetam filmes, como substituto da aula, sem justificar seu papel na estratégia 
didática. 
Mas, de todas essas deficiências, a pior é a tendência do professor ao 
monólogo, à "salivação" sem diálogo, o que traduz sua falta de interesse pela 
participação ativa dos alunos. Quanto mais passivos e "bem disciplinados" forem 
os alunos, mais felizes são alguns professores. Entretanto, não é justo 
atribuirmos toda a responsabilidade das deficiências da comunicação ao 
professor. Os alunos também contribuem com sua importante quota de 
problemas: 
O aluno tem uma forte tendência a não prestar atenção ao que o professor 
está dizendo. Por diversas razões (a força competitiva de outros estímulos 
atuantes em sua vida: namoradas, esportes, trabalho, família, saúde; as suas 
atitudes negativas contra figuras de autoridade; o seu desinteresse pela matéria 
em pauta) o aluno pode passar consideráveis períodos na classe fazendo 
qualquer outra coisa em lugar de atender às palavras do professor. 
Muitos alunos têm preguiça de pensar e, aplicando de menor esforço, 
adotam uma atitude de passividade e desligamento. (É verdade que esta atitude 
pode ser um produto de experiências escolares anteriores em que justamente 
se estimulava a passividade.) O aluno que, por preguiça, quer confiar em sua 
memória, não toma notas das ideias expostas pelo professor. Depois percebe 
que esqueceu mais da metade. 
O aluno pode manter uma atitude antagônica de rejeição e revolta contra 
um determinado professor. Essa disposição mental gera um bloqueio 
inconsciente contra a assimilação da matéria ensinada. - Certas matérias difíceis 
 
21 
 
e abstratas, como Matemática, Estatística, Teoria Econômica etc., exigem dos 
alunos exercitar uma atividade intelectual fora do comum. 
Por falta de prática do pensamento operatório abstrato (J. Piaget) o aluno 
não acompanha o raciocínio e apenas memoriza as questões, sem realmente 
compreender sua estrutura e alcance. Esse é um produto típico da educação 
“bancária”: o professor pensa pelo aluno e quando este se vê obrigado a pensar 
por sua conta, sua falta de prática o trai. 
-O aluno às vezes pensa que entendeu o que o professor está falando e 
não pede esclarecimentos. Porém, mais tarde, comprova que não entendeu 
realmente. 
-A causa mais séria da ineficiência comunicativa do aluno, entretanto, é 
sua falta de desejo de aprender; quando existe esse desejo, todos os demais 
obstáculos de ordem física ou psicológica são vencidos pelo aluno. 
 Mas muitos nunca vão além de uma atitude de "aceitar serem ensinados", 
sem jamais chegar a um desejo positivo e entusiasta de aprender. Apesar disto 
ser, em parte, um problema para o qual o professor deve ajudar a resolver, cabe 
ao aluno a decisão pessoal de sua própria modificação. 
 
 
 
Fonte: noticias.universia.com.br 
 
22 
 
3 ENSINAR NÃO É SÓ COMUNICAR 
 Mas será um grande professor? Muitos professores acham que é seu 
dever comunicar o máximo do que sabem aos seus alunos, na forma melhor 
estruturada possível. Daí, por exemplo, o abuso do álbum seriado empregado 
como roteiro estruturado da matéria. 
 Ensinar, entretanto, não é somente transmitir, não é somente transferir 
conhecimentos de uma cabeça a outra, não é somente comunicar. Ensinar é 
fazer pensar, é estimular para a identificação e resolução de problemas; é ajudar 
criar novos hábitos de pensamento e de ação. Isto não significa que a exposição 
não deva ter estrutura alguma, ou que seja melhor o professor ser um mal 
comunicador. 
Significa, sim, que a estrutura da exposição deve conduzir à 
problematização e ao raciocínio e não à absorção passiva das ideias e 
informações do professor. 
 Significa ainda que o professor deve ser um comunicador dialogal e não 
um transmissor unilateral de informação. Ser um comunicador, por outro lado, 
não é agir como um "showman" e menos ainda como um persuasivo doutrinador. 
Significa desenvolver "empatia": colocar-se no lugar do aluno e, com ele, 
problematizar o mundo para que, ao mesmo tempo que aprende novos 
conteúdos, desenvolva seu máximo tesouro: sua habilidade de pensar. 
PONTOS-CHAVE: Se examinarmos a lista de problemas citados da 
comunicação professor-aluno, comprovaremos que os pontos de 
estrangulamento giram em torno de: 
-Problemas psicológicos relacionados com percepção, atenção, 
motivação, atitudes, memória, hábitos de pensamento. 
-Problemas semiológicos relacionados com o emprego de signos e 
códigos para comunicar: palavras, gestos, tom de voz, coisas escritas no quadro 
negro. 
-Problemas semânticos relacionados com o significado das palavras, dos 
objetos e das pessoas, e sua interpretação. 
- Problemas sintáticos relacionados com a estrutura ou organização dos 
conteúdos e dos signos. 
 
23 
 
- Problemas cibernéticos relacionados com a retro informação e o diálogo, 
com a quantidade de ideias transmitidas por diversos canais e com a capacidade 
deste para levar sinais. 
Esta lista de focos ou áreas de pontos-chave vem demonstrar a 
complexidade do processo da comunicação, mas também vem nos oferecer um 
caminho para uma solução, que é apelar às ciências básicas: Psicologia. 
Semiologia, Semântica, Sintática, Cibernética, na procura de subsídios para 
melhorar nossa açãode comunicar. 
 Neste momento não analisaremos separadamente as contribuições de 
cada uma dessas ciências para a compreensão do processo da Comunicação. 
3.1 Teorização 
 O ato de comunicar, em geral, é deflagrado por um objeto ou assunto, 
em uma situação determinada. Ou seja, as pessoas se comunicam com respeito 
a alguma coisa e o fazem em um contexto situacional determinado. No ato de 
comunicar, a pessoa que inicia o processo o faz com uma certa intenção ou 
objetivo escolhido (consciente ou inconsciente) entre todos os objetivos 
possíveis de seu repertório. Apela em seguida para o seu repertório de ideias e 
experiências e escolhe aquelas que lhe servem para sua intenção ou objetivo. 
Agora apela para o seu repertório de signos ou códigos, para com eles 
representar suas ideias. Finalmente escolhe no repertório de meios o melhor 
veículo para transmitir os signos, e o melhor tratamento dos signos para fazer 
uma mensagem adequada e efetiva. 
3.2 Um modo de comunicação 
 Os diversos elementos e processos que intervêm na comunicação 
interpessoal podem resumir-se no seguinte modelo: É importante lembrar que a 
comunicação é um processo dinâmico e não mecânico, o que significa que, 
embora seus elementos sejam colocados no modelo como partes separadas, na 
realidade, todos eles agem de maneira simultânea e interativa. Por outra parte, 
 
24 
 
a comunicação é parte orgânica da própria vida e não consiste apenas na 
emissão e recepção de mensagens deliberadas. 
Assim, por exemplo, ao mesmo tempo que o professor está comunicando, 
ele está recebendo e processando toda classe de sensações internas e externas, 
acontecendo a mesma coisa com os alunos. 
 A seguir apresentam-se algumas considerações sobre os diversos 
processos que intervêm na comunicação interpessoal. 
As funções da comunicação quanto ao repertório de intenções pensemos 
quantas coisas pode pretender conseguir o professor quando se dirige aos 
alunos: informar, convencer, disciplinar, ferir, recompensar, perguntar, persuadir, 
comover etc. Umberto Eco (41) esclarece que as diversas funções da mensagem 
aparecem raramente isoladas. Em geral coexistem todas na mesma mensagem 
ainda que uma predominante. 
 Assim classifica Eco as funções: 
 Função indicativa ou referencial: A mensagem "indica" algo, seja 
um objetivo ou ideia. 
 Função emotiva: A mensagem quer suscitar emoções 
(associações de ideias, projeções, identificações etc.). 
 Função imperativa: A mensagem tenta impor um comportamento. 
 Função de contrato: Procura estabelecer vínculo psicológico com 
o receptor (Por exemplo a ação de cumprimentar). 
 Função estética: Pretende criar uma sensação harmoniosa 
(Exemplo: um quadro). 
 Função metalinguística: A mensagem fala de outra mensagem ou 
de si mesma. 
Os meios de comunicação no seu repertório de meios, o professor pode 
contar com meios individuais, tais como a instrução programada e o estudo 
orientado; meios grupais, tais como a discussão, o painel, o seminário, a 
excursão etc., e meios coletivos, tais como a TV, o rádio, a imprensa e o mais 
tradicional de todos: o livro. 
Os meios, segundo McLuhan (42) são extensões do homem: foram 
inventados para multiplicar a força e o alcance da capacidade humana de emitir 
mensagens. A fala individual, por exemplo, não iria muito longe sem o rádio, o 
 
25 
 
telefone, o altofalante, a televisão. O repertório de signos o conceito de signo é 
a base da Comunicação. 
 "Todo objeto material ou a propriedade desse objeto, ou um 
acontecimento qualquer, converte-se em signo quando, no processo de 
comunicação, serve, dentro da estrutura de uma linguagem adotada pelas 
pessoas que se comunicam, ao propósito de transmitir certos pensamentos 
sobre a realidade (isto é, concernentes ao mundo exterior ou a experiências 
internas, emocionais, estéticas, volitivas etc. de qualquer dos partícipes do 
processo de comunicação" (SCHAFF, Adam. 1962, p. 180). 
 Recentemente está chamando bastante atenção o papel dos signos não-
verbais na comunicação humana, tendo sido observado que às vezes as 
palavras de uma pessoa não dão a mesma mensagem que seus olhos ou seus 
gestos. Para alguns antropólogos como Hall, a cultura inteira é um sistema de 
signos. 
 A comunicação será efetiva se o comunicador levar sempre em conta os 
repertórios correspondentes do receptor. Se ele utilizar uma ideia ou uma 
experiência que não existir no repertório respectivo do receptor, este não 
entenderá a mensagem. Se o comunicador escolher signos que não figurem no 
repertório de signos do receptor, não haverá comunicação. 
 Vemos logo que a tarefa de comunicar é mais fácil e efetiva quando o 
professor conhece bem os seus alunos, pois isto significa que conhece seus 
repertórios de objetivos, ideias e experiências, signos e meios. A tarefa do 
professor não consiste apenas em conhecer os repertórios dos alunos, mas 
principalmente em ajuda-los a modificar e aumentar seus repertórios. 
 Este crescimento, entretanto, não é somente quantitativo, mas consiste 
em uma modificação da estrutura sistêmica dos repertórios. Vejamos, por 
exemplo, como está organizado o sistema de signos de um professor: 
 O professor em si é um conjunto de signos: a cor de sua pele, sua roupa, 
sua forma de falar, indicam sua classe social, seu grau de educação, sua origem 
geográfica, sua autoimagem, sua atitude para com os outros. 
 Para comunicar-se, ele utiliza diversos tipos de códigos: O código icônico 
compreende as representações visuais dos objetos, tais como fotografias, 
desenhos, modelos etc. O código linguístico é o da linguagem em que fala. 
 
26 
 
O código cinético compreende signos que implicam movimentos, tais 
como os gestos. O código sonoro compreende os sons quando utilizados para 
expressar emoções ou ideias. 
Assim, quando o professor bate palmas para chamar os alunos de volta à 
atenção, faz um ruído que tem um significado. O professor maneja todos estes 
códigos combinadamente, como um sistema. O processo de representar suas 
ideias, emoções ou experiências, utilizando estes signos, chama-se processo de 
codificação. 
4 ENTENDENDO OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO 
 
Fonte: static.todamateria.com.br 
Cada tipo de veículo tem exigências diferenciadas quanto ao tratamento 
dado à informação, velocidade no atendimento e o nível de detalhamento. O que 
é exigido de um repórter de jornal impresso é diferente do que é exigido de um 
repórter de TV, por exemplo. 
Há diferenças também quanto ao nível de especialização do jornalista que 
recebe a informação. Cabe a Assessoria de Comunicação dar o atendimento 
adequado a cada profissional, levando em consideração a sua experiência e o 
seu veículo. 
 
27 
 
4.1 Jornais diários 
Nos jornais diários, o repórter recebe a pauta no início do seu horário de 
trabalho e tem que apresentar os resultados no final do dia. A questão do prazo 
é muito importante. 
 
Fica claro então que caso o repórter não consiga as informações para a 
conclusão da sua matéria certamente ele perderá o interesse por ela no dia 
seguinte. Por isso deve-se ter as informações sempre à mão, pois o jornalista 
quer a informação no menor prazo possível; 
Essa regra altera-se, eventualmente, por ocasião de matéria especial 
elaborada com mais tempo e com maior flexibilidade. 
4.2 Revistas 
O redator ou repórter de revista, embora também tenha o compromisso 
do fechamento semanal ou mensal, dispõe de um pouco mais de elasticidade 
quanto aos prazos. Como trabalha, em geral, mais de uma matéria ao mesmo 
tempo e procura ouvir o maior número possível de fontes, lhe convém agendar 
com razoável antecedência suas entrevistas. 
4.3 Rádios e TVs 
Estes veículos trabalham com tempo contado em segundos. Nas 
entrevistas a esses veículos o ideal é a fonte estar preparada para dizer a 
essência de seu pensamento em curto espaço de tempo; 
4.4 Portais de notícia 
O acessoàs informações na web ocorre a qualquer momento, em 
diversos lugares, por qualquer pessoa, necessitando para tanto de um 
computador conectado à rede. As informações transitam com grande rapidez, 
caracterizando a instantaneidade das notícias, além de disponibilizar espaços 
para a interatividade. Diante do exposto, o tempo é contado em segundos. 
 
28 
 
Mesmo que a gravação se estenda, o material é, em geral, editado e 
veiculado de maneira sintética. 
5 A EDUCAÇÃO E A COMUNICAÇÃO 
 
Fonte: blog.opovo.com.br 
A modernidade iluminista, com os seus ideais de liberdade, igualdade e 
fraternidade, conseguiu fazer reverberar por mais de dois séculos as suas 
aspirais de superação de todas as carícias materiais e espirituais dos cidadãos. 
O sistema político por ela engendrado ecoou profundamente no coração 
das elites emergentes do mundo colonizado, por libertar-se dos jugos 
metropolitanos, como o evidenciaram os movimentos nativistas que eclodiram 
em toda a América Colonial. Embora esses ideais também tenham repercutido 
amplamente nos subterrâneos das monarquias europeias, foi na América onde 
eles tornaram-se mais consequentes. O estabelecimento das repúblicas não 
significou, no entanto, a extenso da cidadania a todos os homens e mulheres da 
América. Na verdade, as monarquias não foram desmontadas por revolvais 
populares, mas por golpes de estado articulados pelas oligarquias 
tradicionalmente privilegiadas que, não somente conseguiram manter as regalias 
dos tempos monárquicos, como conseguiram exercer uma vigorosa hegemonia 
no seio das formais sociais que se forjaram na América. 
 
29 
 
Os estatutos de cidadania estabelecidos nas jovens repúblicas nunca 
estiveram ao alcance das maiorias populares. Além dos aparatos repressivos do 
Estado, foram os sistemas educacionais e de comunicação que asseguraram 
através de um rigoroso controle ideológico a manutenção de uma cidadania de 
papel, como se costuma ouvir nos meios populares. O sistema escolar, além de 
se ter mantido inacessível maioria da população, que permaneceu analfabeta, 
sempre foi pautado nos ideais dos setores dominantes, indiferente, portanto a 
realidade do povo. 
A educação era tida como um aparato de preparação de quadros para uso 
do sistema. Desde cedo, portanto, a educação É orientada para a heteronômica. 
O sistema de Comunicação destinava-se também as elites, permanecendo as 
grandes massas à margem da vida pública. Os grandes inventos na área da 
Comunicação, sobretudo, após a Segunda Guerra Mundial, foram capazes de 
impulsionar profundas transformações sociais com o acesso ao rádio; com o uso 
do rádio para o acesso à educação a distância, mais tarde a televisão; foram 
difundidos as grandes mobilizações sociais e políticas através do mundo pelas 
causas populares; fundaram uma nova democracia que subverte a hegemonia 
dos setores dominantes; promoveram o despertar da humanidade em busca da 
autonomia. Esse papel libertário dos meios de Comunicação popular é 
evidenciado pelo controle que sempre lhe impuseram os setores hegemônicos. 
Esse capítulo, portanto, procura contribuir para o aclaramento das ideias 
de educação e comunicação na tentativa de remover as névoas que se 
depositaram sobre as trilhas que levam os sujeitos a construção da cidadania 
ativa e participante. 
 A ideia de educação assumida é a de que ela se constitui em um 
processo intencional, consciente, fundamentado na valorização da vida e que 
busca a orientação das pessoas para o conhecimento de si mesmas, como base 
para o autodomínio e para reconhecimento dos outros como diversos. 
A ideia de Comunicação, por sua vez, é a de que ela é um processo social 
básico que expressa toda relação de transmissão e de potencialização de ideias, 
de valores, de sentimentos entre as pessoas mediante um infindável acervo de 
signos, de certo modo organizados pela linguagem pela qual se faça opção. 
 
30 
 
As ideias de comunicação e de educação, embora sejam distintas, elas 
são inseparáveis. Essas reflexões sobre comunicação e educação enfocam 
ainda as relações e as inter-relações entre os dois campos do conhecimento, 
mediada por processos comunicativos, pelos meios de comunicação, pelas 
Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), pela cultura mediática e 
pelos processos simbólicos que perpassam as culturas e os coletivos. Tais inter-
relações denotam processos interativos, onde a interatividade e a 
disponibilização consciente de um mais comunicacional de modo 
expressivamente complexo, ao mesmo tempo atentando para as inter-relações 
existentes e promovendo mais e melhores relações não seja entre usuário e 
tecnologias digitais ou analógicas, seja nas relações presenciais ou virtuais entre 
seres humanos (SILVA, 2001, p. 20). 
Desta forma, tratamos os processos comunicativos e educacionais em 
outros espaços, além dos espaços delimitados, racionais e homogeneizadores. 
Santos (1997, p. 27) destaca que a sociedade seria o ser, e o espaço seria a 
existencial. O espaço é uma estrutura social, nela está contida um dinamismo, 
nesse dinamismo está contido o movimento que por sua vez é formado por 
elementos indissociáveis vida dos sujeitos, em progressiva mudança. 
 Desta forma, os espaços vividos proporcionam o exercício da curiosidade 
que convoca a reflexeis e a capacidade de conjecturar novas possibilidades de 
relações humanas, capazes de superar ideais racionais e iluministas na 
EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO. Os estudos que contemplam a relação entre 
esses dois temas na educação e comunicação não multiplicam-se em 
abordagens, as mais diversas. 
Diante disso, reconhecendo a polissemia que se abriga sob cada uma 
dessas duas expressões, impõe-se, antes de tudo, anunciar o que se quer dizer 
sobre cada uma delas em particular, assim como da relação que se pretende 
destacar entre as duas é a importância que se atribui a cada uma delas, seja 
como fator de construção da autonomia dos sujeitos, seja como nas experiências 
de democracia direta, ou de preservação do status quo onde prospera a 
heteronômica que, dentre as muitas consequências desastrosas para a 
humanidade, mutila os sujeitos. 
 
31 
 
O vertiginoso crescimento populacional e o estabelecimento do arranjo 
social societário intensificam cada vez mais a ficção social, ampliando sempre 
mais, a cada momento, as ocasiões conflituosas, tanto para os indivíduos entre 
si, como entre os indivíduos. Daí a necessidade de que se estabeleçam 
processos sociais que resultem em relações sociais que tornem possível a 
sobrevivência dos indivíduos marcada pelo respeito mútuo. Prevalece mais o 
esforço pessoal para a solução dos conflitos, mas eles devem ser dirimidos com 
a assistência ou intervenção do Estado, não prevalece mais o estado de 
natureza. Na ordem moderna, além de se intensificar a permanência entre a 
vontade individual e a vontade coletiva acrescentam-se, desde cedo, as tensões 
com o mundo do trabalho. Daí em diante, não se conta mais o tempo pelos sinais 
da natureza, mas pela máquina de medir o tempo é o relógio. Os indivíduos 
transformados em mão-de-obra, já não cumprem jornadas adequadas as suas 
condições físicas, nem descansam quando sentem necessidade, mas somente 
de acordo com as exigências do processo produtivo. 
Os processos do viver foram-se tornando cada vez mais distantes das 
condições o ontológico dos seres humanos. 
As pessoas foram-se tornando artificiais, ou seja, cada vez menos ligadas 
a ordem natural (BAUMAN, 1997), nesse contexto de oposição entre a vontade 
pessoal e a vontade coletiva, entre identidade e alteridade, entre a consciência 
de si e do outro, entre o singular e o plural, entre a liberdade e a opressão, entre 
a ordem natural e a ordem historicamente elaborada que se estabelece o campo 
da educação. Assim, estabeleceu-se o dilema histórico entre o respeito e a 
desconfiança em relação a conduta dos indivíduos.Para Hobbes (1999), a liberdade sem vigilância é a porta aberta para a 
degeneração. Assim, segundo essa linha de pensamento, a conduta humana 
desejada deve ser aprendida dos sábios, pois a conduta do homem simples foi 
sempre vista como fruto do instinto e por isso passível do descontrole. O 
processo histórico, no entanto, produziu diferenças social e historicamente 
construídas, como já percebia Rousseau (1994), ainda nos limiares da 
modernidade iluminista, antes mesmo de trazer a lume o seu memorável 
Contrato Social em 1762. 
 
32 
 
Essas desigualdades, intencionalmente elaboradas ao longo do processo 
histórico e dramaticamente aprofundadas na vigência da modernidade, 
tornaram-se a inspiração básica sob as quais se legitimaram os diferentes 
processos civilizatórios ocidentais. Como essas desigualdades fizeram 
prevalecer a heteronômica, a ideia inicial de educação tornou-se refém do projeto 
moderno, convertendo-se no processo de adestramento dos sujeitos para a 
adequação ao projeto societário engendrado pela modernidade. O pensamento 
crítico e o exercício do reflexo como recurso necessário a orientação da vida 
tornou-se um ofício de poucos iluminados, restando aos demais, situados fora 
das instâncias de poder e de saber, a submisso. 
A educação que nasce dessa visão, portanto, não passa de um 
adestramento dos indivíduos ao mundo pensado artificialmente pelos sábios. Ela 
se constitui para as pessoas como um processo de aprender o que lhes ensinam 
sobre o mundo de forma fragmentada e desconexa e não como um processo de 
reflexo sobre o mundo e de realização permanente de escolhas. 
Diante disso, Morin (2000, p. 42-43) nos adverte: Como nossa educação 
nos ensinou a separar, compartimentar, isolar e, não a unir os conhecimentos, o 
conjunto deles constitui um quebra-cabeças ininteligível. As interações, as 
retroações, os contextos e as complexidades que se encontram entre as 
disciplinas se tornam invisíveis. Os grandes problemas humanos desaparecem 
em benefício dos problemas técnicos particulares. A incapacidade de organizar 
o saber disperso e compartimentado conduz a atrofia da disposição mental 
natural de contextualizar e de globalizar. A educação, entendida dessa forma, 
acabou produzindo uma sociedade dos desencontros humanos, pois os 
indivíduos desencontram-se de seu próprio eu e dos seus semelhantes. Como 
diria, há quase meio século, o psicólogo Erich Fromm, prefaciando a obra de Neil 
(1960), Liberdade sem medo, foram produzidas gerações cujos gostos passaram 
a ser conhecidos por antecipação por uma manipulação do complexo industrial 
militar que regia o mundo ocidental e que agora estendeu-se por todo o globo. 
Tornamo-nos todos industrializados pelo medo (BAUMAN, 2008). 
Sob essa perspectiva educacional heterônoma, temos hoje um mundo em 
descontrole, ou seja, não se sabe ao certo onde se situam as bases do poder, 
como nos alerta Anthony Giddens (2002a). Vivemos numa sociedade onde se 
 
33 
 
assiste ao dever e a Ética indolor dos novos tempos democráticos, na expressão 
de Lipovetsky (2005). Teríamos atravessado, na vigência do arranjo social 
moderno, de uma educação autoritária, para educação nenhuma? Da vigência 
de valores universais para o laissez-faire? De fato, vivemos num mundo refém 
da incerteza e da insegurança. A educação nesse contexto torna-se ela própria 
num processo de exclusão social e de acirramento das diferenças sociais. 
Embora as possibilidades de acesso aos sistemas educacionais sejam cada vez 
mais numerosas, as práticas e os conteúdos educacionais se diferenciam entre 
os educandos oriundos das classes dominantes e a maioria oriunda das 
camadas populares. Assim, os educandos da segunda categoria além de já não 
serem assimilados pela ordem social moderna e além de não terem tido acesso 
à educação tal como concebida pela racionalidade moderna, tornam-se 
marginalizados, refugos humanos. 
Esse contingente de marginalizados, sempre considerados perigosos a 
ordem social, foram vistos desde os tempos da Revolução Industrial pelos 
críticos do desenvolvimento capitalista como exército industrial de reserva. Hoje, 
no entanto, com as profundas transformais tecnológicas ocorridas no sistema 
produtivo, já nem são mais reservas, mas apenas refugos humanos, 
redundantes, e desperdiçadas (BAUMAN, 2005). Em tempos de adesão 
incondicional aos ideais iluministas, todas as instituições, que de certo modo 
abrigavam os indivíduos seja como membros da família, como sócios, como 
adeptos religiosos, como partidários, como voluntários e outras denominais de 
sociabilidades, convergiam para a formação dos indivíduos em alinhamento com 
a educação heterônoma do sistema educacional oficial. 
Com a emergência de novas sociabilidades, em boa medida sem a 
constituição de leis mais duradouros em todas as dimensões da sociedade, a 
educação assume o caráter de uma mera referência nos orçamentos públicos e 
de desafio para o sistema escolar, retoricamente parafraseado como sistema 
educacional. 
 Está por demais demonstrado que, embora a educação seja portadora 
de todas as esperanças que os aflitos diante do mundo em descontrole lhe 
devotam, ela não se constitui numa variável independente de um projeto social, 
de uma visão de mundo, como não foi sob a racionalidade moderna. Diante 
 
34 
 
desse quadro os pensadores contemporâneos tendem a convergir para a visão 
de Boaventura Souza Santos (1999, p. 31). Os riscos que corremos em face da 
erosão do contrato social são sérios demais para que, ante eles, cruzemos os 
braços. Há, pois, que buscar alternativas de sociabilidade que neutralizem ou 
previnam esses riscos e abram o caminho a novas possibilidades democráticas. 
Não se trata de tarefa fácil, dado que a desregulação social provocada pela crise 
do contrato social é tão profunda que acaba por desregular as próprias 
resistências aos fatores de crise e as exigências emancipatórias que lhe dariam 
sentido. 
Não é fácil hoje saber com equivocidade e convicção em nome de que e 
de quem há que resistir, mesmo pressupondo que se conhece aquilo a que se 
resiste, o que é igualmente problemático. 
 Diante de panorama tão sombrio, que alternativas emergem das 
experiências de exercícios de autonomia vivenciadas por movimentos sociais, 
grupos Étnicos, grupos de sociabilidade juvenil, associações de moradores de 
periferia, grupos de apoio e de assessoria dirigidas para a emancipação, 
associáveis de pais e mestres que compartilham experiências de educação para 
a autonomia e demais experiências que se alinham ao propósito de construção 
de um mundo solidário? Já aprendemos com a experiência da modernidade que 
não há educação sem projeto de sociedade, sem uma leitura e uma visão de 
mundo. 
 
35 
 
6 COMUNICAÇÃO, INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO E SABEDORIA. 
 
Fonte: bp.blogspot.com 
O conhecimento, supostamente é adquirido primeiramente através do 
processo de comunicação existente no meio localizado, gerando informações ao 
mesmo. Através destas informações, poderemos adquirir ou não o conhecimento 
esperado. Isto nos leva a discorrer um pouco sobre a sabedoria. A sabedoria é 
desenvolvida através da vivência, e não exclusivamente pela inteligência. 
Envolve saber dispor do conhecimento e da ação de modo a trazer o máximo 
benefício para os indivíduos. Se o conhecimento muitas vezes nos leva a uma 
postura arrogante, a sabedoria só se atinge a partir da humildade, podendo ser 
entendida em função da ação associada e no contexto e no momento específico 
desta ação, não podendo ser expressa em termos de regras, isto é, não pode 
ser generalizada, nem transmitida diretamente, sendo inseparável da realização 
pessoal daquele que busca o saber. 
Já a tecnologia da informação se traduz nas ferramentas tecnológicas 
utilizadas em um determinado meio (sistema), representada a partir da 
existência dos softwares, vídeo e teleconferências,bem como o uso da internet, 
Walton (1994). 
 
36 
 
Existem várias críticas em relação à utilização dos computadores na 
escola, principalmente nos níveis da pré-escola e ensino fundamental, segundo 
Seltzer (1994). Para o autor, as máquinas devem ser consideradas como mero 
instrumento para uma porção de atividades úteis, mas que estas últimas não 
englobam seu uso na educação de matérias que não sejam a computação 
propriamente dita, pelo menos até as últimas séries do segundo grau. O autor 
comenta que o ensino apresenta um cenário ruim causado não pelo fator 
tecnológico, mas sim pelo fato de existir um inter-relacionamento humano, onde, 
deveria ser dado maior importância à relação aluno-professor, ou seja, para que 
essa relação fosse sensivelmente mais humana. 
Mas devemos simplesmente nos esquecer dos computadores na 
educação em pleno término do século vinte? Não, acreditamos que devemos sim 
participar deste avanço tecnológico com a sociedade em geral e também em 
estar utilizando essas tecnologias com as crianças. É claro que a utilização deste 
equipamento (computador) não deve, em hipótese alguma, ser utilizado como 
um fim em si mesmo, mas sim como uma ferramenta auxiliar no processo de 
ensino e aprendizagem, despertando desta maneira algum tipo de interesse 
maior na questão do conhecimento. 
Em experiências vividas na área acadêmica com alunos de Pedagogia 
(primeiros e segundos anos do curso), verificamos que essa é uma preocupação 
existente dessa classe de educadores e que as principais vantagens 
constatadas na utilização de computadores na educação com os alunos são: 
 Despertar da curiosidade; 
 Aumento da criatividade, principalmente nos casos de utilização no 
auxilio a aprendizagem de crianças deficientes, até então realizada 
de uma forma não tão eficaz, como é o caso de programas 
utilizados pela prefeitura da cidade de São Paulo, na gestão de 
1992; 
 Uma ferramenta poderosa como auxílio no aprendizado, como por 
exemplo a utilização de softwares educacionais (multimídia); 
 Uma produtividade maior em relação ao tempo necessário ao 
estudo -propriamente dito; 
 
37 
 
 Necessidade de treinamento, para o acompanhamento 
tecnológico; 
 E, onde as principais desvantagens seriam: 
 A falta de preparo dos próprios educadores e educandos; 
 As influências negativas causadas pela utilização de técnicas 
relacionadas com a tecnologia (computadores), ou seja, a 
utilização excessiva das máquinas e se realmente a utilização da 
tecnologia (computadores) significará um aperfeiçoamento efetivo 
do ensino no país. Neste caso comenta-se a eficácia da 
viabilização de projetos computacionais internamente nas 
instituições de ensino. 
De certa maneira, este é um cenário que a cada dia que passa, o processo 
de aprendizagem aumenta, causado prontamente pelas aquisições de novos 
equipamentos (computadores) pelas instituições de ensino público e privado, 
juntamente com os incentivos de treinamentos e uso em geral pelas pessoas, 
dentre os quais os próprios professores e alunos. 
 
38 
 
 
Fonte: image.slidesharecdn.com 
Reflexões em torno do assunto tecnologia e educação tomou conta da 
sociedade há várias décadas, na realidade desde que se notou sua influência na 
formação do sujeito contemporâneo, e da necessidade de explorar o assunto 
diante do rápido desenvolvimento nos meios de informação e comunicação. O 
mundo atual está passando por inúmeras e cada vez mais aceleradas 
transformações em torno de todos os campos da sociedade, desde o princípio 
da civilização o homem está sempre em busca de adaptações, mudanças, novos 
conhecimentos, aliás, fato este implícito em sua constante busca do saber e 
aprender. 
A preocupação com o impacto que as mudanças tecnológicas podem 
causar no processo de ensino-aprendizagem impõe a área da educação a 
tomada de posição entre tentar compreender as transformações do mundo, 
produzir o conhecimento pedagógico sobre ele auxiliar o homem a ser sujeito da 
tecnologia, ou simplesmente dar as costas para a atual realidade da nossa 
sociedade baseada na informação (SAMPAIO e LEITE, 2000, op cit SANTOS, 
2012, p. 9). 
Desde a década de 1940, quando se deu início as grandes 
transformações tecnológicas a sociedade atribuiu a escola e as instituições de 
ensino a responsabilidade de formação da personalidade do indivíduo, tendo em 
 
39 
 
vista a transmissão cultural do conhecimento acumulado historicamente. No que 
se referem à escola as tecnologias sempre estiveram presentes na educação 
formal, o que faz necessário é o fato de que as instituições de ensino têm o papel 
de formar cidadãos críticos e criativos em relação ao uso dessas tecnologias. 
Para tanto é preciso que as mesmas abandonem a prática instrumental 
das tecnologias, e faça avaliações sobre o trabalho com a inserção das novas 
tecnologias educativas, visto que: 
Dessa forma, temos de avaliar o papel das novas tecnologias aplicadas à 
educação e pensar que educar utilizando as TICs (e principalmente a internet) é 
um grande desafio que, até o momento, ainda tem sido encarado de forma 
superficial, apenas com adaptações e mudanças não muito significativas. 
Sociedade da informação, era da informação, sociedade do 
conhecimento, era do conhecimento, era digital, sociedade da comunicação e 
muitos outros termos são utilizados para designar a sociedade atual. Percebe-
se que todos esses termos estão querendo traduzir as características mais 
representativas e de comunicação nas relações sociais, culturais e econômicas 
de nossa época (SANTOS, 2012, p. 2). 
A internet atinge cada vez mais o sistema educacional, a escola, enquanto 
instituição social é convocada a atender de modo satisfatório as exigências da 
modernidade, seu papel é propiciar esses conhecimentos e habilidades 
necessários ao educando para que ele exerça integralmente a sua cidadania, 
construindo assim uma relação do homem com a natureza, é o esforço humano 
em criar instrumentos que superem as dificuldades das barreiras naturais. 
As redes são utilizadas para romper as barreiras impostas pelas paredes 
das escolas, tornando possível ao professor e ao aluno conhecer e lidar com um 
mundo diferente a partir de culturas e realidades ainda desconhecidas, a partir 
de trocas de experiências e de trabalhos colaborativos. 
Em uma sociedade com desigualdade social como a que vivemos, a 
escola pública em alguns casos torna-se a única fonte de acesso às informações 
e aos recursos tecnológicos, das crianças de famílias da classe trabalhadora 
baixa. A esse respeito Pretto (1999, 104) vem afirmar que “em sociedades com 
desigualdades sociais como a brasileira, a escola deve passar a ter, também, a 
função de facilitar o acesso das comunidades carentes às novas tecnologias”. O 
 
40 
 
uso da informática na educação implica em novas formas de comunicar, de 
pensar, ensinar/aprender, ajuda aqueles que estão com a aprendizagem muito 
aquém da esperada. 
A informática na escola não deve ser concebida ou se resumir a disciplina 
do currículo, e sim deve ser vista e utilizada como um recurso para auxiliar o 
professor na integração dos conteúdos curriculares, sua finalidade não se 
encerra nas técnicas de digitações e em conceitos básico de funcionamento do 
computador, a tudo um leque de oportunidades que deve ser explorado por aluno 
e professores. Valente (1999) ressalta duas possibilidades para se fazer uso do 
computador, a primeira é de que o professor deve fazer uso deste para instruir 
os alunos e a segunda possibilidade é que o professor deve criar condições para 
que os alunos descreva seus pensamentos, reconstrua-os e materialize-os por 
meio de novas linguagens, nesse processo o educando é desafiado a 
transformar as informações em conhecimentos práticos para a vida. 
Pois como diz Valente: 
A implantação da informática como auxiliar do processo de construção do 
conhecimentoimplica mudanças na escola que vão além da formação do 
professor. É necessário que todos os segmentos da escola – alunos, 
professores, administradores e comunidades de pais – estejam preparados e 
suportem as mudanças educacionais necessárias para a formação de um novo 
profissional. 
Nesse sentido, a informática é um dos elementos que deverão fazer parte 
da mudança, porém essa mudança é mais profunda do que simplesmente 
montar laboratórios de computadores na escola e formar professores para 
utilização dos mesmos. 
Implantar laboratórios de informática nas escolas não é suficiente para a 
educação no Brasil de um salto na qualidade, é necessário que todos os 
membros do ambiente escolar inclusive os pais tenham seu papel redesenhado. 
Atualmente o mundo dispõe de muitas inovações tecnológicas para se 
utilizar em sala de aula, o que condiz com uma sociedade pautada na informação 
e no conhecimento, pois através desses meios temos a possibilidade virtual de 
ter acesso a todo tipo de informação independente do lugar em que nos 
encontramos e do momento, esse desenvolvimento tecnológico trouxe enormes 
 
41 
 
benefícios em termos de avanço científico, educacional, comunicação, lazer, 
processamento de dados e conhecimento. Usar tecnologia implica no aumento 
da atividade humana em todas as esferas, principalmente na produtiva, pois, “a 
tecnologia revela o modo de proceder do homem para com a natureza, o 
processo imediato de produção de sua vida social e as concepções mentais que 
delas decorrem” (Marx, 1988, 425). 
Com toda essa disponibilidades é preciso formar cidadãos capazes de 
selecionar o que há de essencial nos milhões de informações contidas na rede, 
de forma a enriquecer o conhecimento e as habilidades humanas. Pois segundo 
Marchessou (1997): 
Excesso nas mídias, onde as performances tecnológicas e o consumo de 
informação submergem, “anestesiam” a capacidade de análise dessa 
informação e de reflexão tanto individual quanto social. Saturação e 
superabundância ameaçam o navegador da internet que, como certas pesquisas 
mostram, não tira partido das riquezas de informação pertinente, não estando 
formado para ir diretamente ao essencial (Marchessou, 1997, p. 15). 
Antes de introduzir as novas mídias interativas nas aulas expositivas é 
preciso entender suas funcionalidades e as consequências de seu uso nas 
relações sociais, pois somente a partir desse momento é possível utilizá-las de 
forma a transformar as aulas em eventos de discussão onde ocorra de maneira 
efetiva à participação de todos os indivíduos, bem como professores, alunos e 
pesquisadores, propiciando assim a comunicação que só é possível a partir do 
momento que todas as partes se envolvem. 
Para que os recursos tecnológicos façam parte da vida escolar é preciso 
que alunos e professores o utilizem de forma correta, e um componente 
fundamental é a formação e atualização de professores, de forma que a 
tecnologia seja de fato incorporada no currículo escolar, e não vista apenas como 
um acessório ou aparato marginal. É preciso pensar como incorporá-la no dia a 
dia da educação de maneira definitiva. Depois, é preciso levar em conta a 
construção de conteúdos inovadores, que usem todo o potencial dessas 
tecnologias. 
A incorporação das TICs deve ajudar gestores, professores, alunos, pais 
e funcionários a transformar a escola em um lugar democrático e promotor de 
 
42 
 
ações educativas que ultrapassem os limites da sala de aula, instigando o 
educando a enxergar o mundo muito além dos muros da escola, respeitando 
sempre os pensamentos e ideais do outro. O professor deve ser capaz de 
reconhecer os diferentes modos de pensar e as curiosidades do aluno sem que 
aja a imposição do seu ponto de vista, pois com lembra Freire: 
Não haveria exercício ético-democrático, nem sequer se poderia falar em 
respeito do educador ao pensamento diferente do educando se a educação 
fosse neutra – vale dizer, se não houvesse ideologias, política, classes sociais. 
Falaríamos apenas de equívocos, de erros, de inadequações, de “obstáculos 
epistemológicos” no processo de conhecimento, que envolve ensinar e aprender. 
A dimensão ética se restringiria apenas à competência do educador ou da 
educadora, à sua formação, ao cumprimento de seus deveres docentes, que se 
estenderia ao respeito à pessoa humana dos educandos (2001, p. 38-39). 
As escolas são locais onde ocorre a emancipação do estudante, desde 
cedo já se molda cidadãos conscientes de suas responsabilidades 
socioambientais, formar-se indivíduos empreendedores do conhecimento e 
lapidam-se vocações. Portanto a necessidade de que os ambientes educativos 
se tornem lugares onde crianças e jovens tenham habilidades de interferir no 
conhecimento estabelecido, desenvolver novas soluções e aplicá-las de forma 
responsável para o bem-estar da sociedade. 
Como Piaget enunciou: “A principal meta da educação é criar homens que 
sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras 
gerações já fizeram”. Podemos considerar que a educação ao longo da vida será 
o único meio de evitar a desqualificação profissional e de atender às exigências 
do mercado de trabalho da sociedade tecnológica. Assim segundo BELLONI 
(1999) op cit CAPELLO (2011), faz-se necessário uma flexibilização forte de 
recursos, tempos, espaços e tecnologias, que abrigam à inovação constante, por 
meio de questionamentos e novas experiências. 
Nesse processo colaborativo de interatividade, o educador deve assumir 
um novo papel no processo educacional, deixar de lado a postura de provedor 
de conhecimento e atuar como mediador, até mesmo porque diante dos rápidos 
avanços em sua área, somente um profissional pleno e capaz de se ajustar aos 
avanços tecnológicos sobreviverá nesse mercado. É fundamental que o 
 
43 
 
professor se torne mediador e principalmente orientador na aprendizagem 
mediada pelas novas tecnologias, pois é seu papel criar novas possibilidades 
para ensinar e aprender. Segundo Moran (2000) o papel do professor é dividido 
em: 
Orientador/mediador intelectual- informa, ajuda a escolher as 
informações mais importantes, trabalha para que elas sejam significativas para 
os alunos, permitindo que eles a compreendam, avaliem conceitual e 
eticamente, reelaborem-nas e adaptem-nas aos seus contextos pessoais. Ajuda 
a ampliar o grau de o grau de compreensão de tudo, a integrá-lo em novas 
sínteses provisórias. 
Orientador/mediador emocional - motiva, incentiva, incentiva, estimula, 
organiza os limites, com equilíbrio, credibilidade, autenticidade e empatia. 
Orientador/mediador gerencial e comunicacional – organiza grupos, 
atividades de pesquisa, ritmos, interações. Organiza o processo de avaliação. É 
a ponte principal entre a instituição, os alunos e os demais grupos envolvidos 
(comunidade). Organiza o equilíbrio entre o planejamento e a criatividade. O 
professor atual como orientador comunicacional e tecnológico; ajuda a 
desenvolver todas as formas de expressão, interação, de sinergia, de troca de 
linguagens, conteúdos e tecnologias. 
Orientador ético – ensina a assumir e vivenciar valores construtivos, 
individual e socialmente, cada um dos professores colabora com um pequeno 
espaço, uma pedra na construção dinâmica do “mosaico” sensorial-intelectual-
emocional-ético de cada aluno. Esse vai valorizando continuamente seu quadro 
referencial de valores, ideias, atitudes, tendo por base alguns eixos 
fundamentais comuns como a liberdade, a cooperação, a integração pessoal. 
Um bom educador faz a diferença. 
A educação não pode mais viver sob o modelo antigo, sob o risco de virar 
virtual e invisível para a sociedade, às novas tecnologias devem ser exploradas 
para servir como meios de construção do conhecimento, e não somente para a 
sua difusão. Nos últimos anos a presença dos alunos em sala de aula diminuiu 
consideravelmente, sem falar nas universidades

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