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É consenso entre os especialistas da área de educação que a literatura infantil é muito importante para o desenvolvimento do gosto pela leitura. Diante disso, a escola tem um papel central, pois nem sempre a primeira experiência de leitura de uma pessoa acontece no ambiente familiar. Então, com o objetivo de nos capacitarmos para formar leitores literários, nesta webaula entenderemos o que é a literatura infantil e o que é a escolarização da literatura, além disso, saberemos qual é o papel do professor e da biblioteca escolar na formação desses leitores. Literatura infantil A literatura infantil pertence ao estatuto do literário, portanto, é compreendida como arte: “fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização” (COELHO, 2000, p. 27). Enquanto arte, a obra literária manifesta por meio do “�ctício e da fantasia um saber sobre o mundo e oferece ao leitor um padrão para interpretá-lo” (CADEMARTORI, 1986, p. 23). Fonte: iStock Aprendizagem da Língua Portuguesa A formação do leitor literário Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso signi�ca que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos �cam desabilitados. Por essa razão, �que atento: sempre que possível, opte pela versão digital. Bons estudos! Para Oliveira (2010), a experiência da criança com a leitura de textos literários é fundamental na formação da sensibilidade para o estético e para a ampliação do seu conhecimento de mundo. Escolarização da literatura infantil De acordo com Girotto e Souza (2012, p. 18), "o ensino da leitura baseado no ‘letramento ativo’ pressupõe a tomada de consciência de estratégias de leitura, desde a educação infantil". As autoras complementam essa ideia dizendo que "o objetivo de aula, de professores de leitura literária, deve ser, explicitamente, ensinar um repertório de estratégias para aumentar o motivo do entendimento e interesse pela leitura" (GIROTTO; SOUZA, 2010, p. 55). Daí depreende-se a necessidade de entender o ensino das estratégias como forma de auxiliar o aluno a interagir com o texto, tornando a compreensão possível. Ao abordar a escolarização da literatura infantil, Soares (1999, p. 21) diz que [...] não há como evitar que a literatura, qualquer literatura, não só a literatura infantil e juvenil, ao se tornar “saber escolar”, se escolarize, e não se pode atribuir, em tese, conotação pejorativa a essa escolarização, inevitável e necessária; não se pode criticá-la, ou negá-la, porque isso signi�caria negar a própria escola. “ A questão que se coloca é que, na prática, a tal “escolarização acaba por adquirir, sim, sentido negativo, pela maneira como ela se tem realizado, no cotidiano da escola. Ou seja: o que se pode criticar, o que se deve negar não é a escolarização da literatura, mas a inadequada, a errônea, a imprópria escolarização da literatura [...]” (SOARES, 1999, p. 21-22), que se traduz, por exemplo, nas atividades mecânicas e desprovidas de sentido (LERNER, 2002) . Para Soares (1999, p. 47), uma escolarização adequada da literatura “seria aquela [...] que conduzisse e�cazmente às práticas de leitura literária que ocorrem no contexto social e às atitudes e valores próprios do ideal de leitor que se quer formar”. Quando a escolarização da literatura é inadequada, ou seja, quando o trabalho com a literatura não se orienta para os propósitos sociais, uma consequência possível disso é o aluno tomar “aversão” ao livro e ao ato de ler, �naliza a autora. Papel do professor O papel do professor na formação leitora do aluno é o de mediador de leitura. Um docente, enquanto leitor ativo que cultiva o gosto pela leitura, consegue escolher bons textos literários e fazer boas mediações de leitura, estimulando, dessa forma, seus alunos não só a sonhar, imaginar, mas também a participar ativamente da construção de sentidos do texto, que, a depender da sua profundidade, provavelmente, não conseguiriam sozinhos. Para Silva e Martins (2010), do ponto de vista do planejamento das situações de leitura, ao decidir o que ler e com quais objetivos, o professor imprime maior qualidade a essa leitura, bem como se dedica a pensar em como ler para os seus alunos ou com eles. Os modos de ler, a entonação, “a relação afetiva com o leitor-mediador e com o ambiente em que a leitura se desenvolve” (SILVA; MARTINS, 2010, p. 34) fazem toda a diferença para a não aversão dos alunos pelos livros e pela literatura. Fonte: iStock Cabe destacar também o professor como um ator no papel de leitor. Quando se trata da leitura de uma história, o professor “lê tentando criar emoção, intriga, suspense ou diversão” (LERNER, 2002, p. 96) e evita interrupções que poderiam cortar o �o condutor da narrativa. Assim, perguntas de veri�cação de compreensão ou explicações de palavras que, porventura, pareçam difíceis para os alunos no momento da leitura não são feitas porque não são bem-vindas. No caso de algum aluno demonstrar dúvida sobre determinada palavra, o professor deve incentivá-lo a seguir o �o condutor do texto, como fazem os leitores mais experientes, e [...] a apreciar a beleza daquelas passagens cuja forma foi especialmente cuidada pelo autor. Quando termina a história, em vez de interrogar os alunos para saber o que compreenderam, prefere comentar suas próprias impressões – como faria qualquer leitor – e é a partir de seus comentários que se desencadeia uma animada conversa com as crianças sobre a mensagem que se pode inferir a partir do texto, sobre o que mais impressionou cada um, sobre os personagens com que se identi�cam ou os que lhes são estranhos, sobre o que elas teriam feito se houvesse tido que enfrentar uma situação similar ao con�ito apresentado na história [...]. — LERNER, 2002, p. 96. “ Tais conversas são primordiais para engajar o leitor ou o ouvinte na ampliação da atribuição de sentido para aquilo que leu ou escutou. Lerner (2002) segue a�rmando que, uma vez terminada a leitura, o professor no papel de ator põe o livro que leu nas mãos das crianças para que folheiem e possam deter-se no que lhes chama a atenção; propõe que levem para casa o livro em questão e outros que lhes pareçam interessantes. Atenção! Quando o professor tem entusiasmo pela leitura e consegue demonstrar isso para os seus alunos, estes provavelmente se sentirão seduzidos pela leitura em razão “da curiosidade sobre o que está sendo lido” (OLIVEIRA, 2010, p. 51) . Papel da biblioteca Agora, é preciso abordar o papel da biblioteca como espaço de aprendizagem e como possibilidade de ampliação do gosto pela leitura. Sabe-se que a escola precisa garantir um acervo de qualidade e diverso. Os estudantes quando têm a oportunidade de explorar esse acervo, mediado por um parceiro mais experiente, e fazem uso desse espaço têm mais chances de ampliar aquilo que Campello (2010, p. 132) denominou como habilidades informacionais: “capacidades que permitem às pessoas utilizar informações com competência, possibilitando que aprendam com autonomia”. Como exemplos dessas habilidades, podemos citar: “entender a organização da biblioteca” e “escolher livros que lhe interessem” (CAMPELO, 2010, p. 132). Fonte: Shutterstock. Por �m, ressalta-se que o esperado é que o conteúdo apresentado possa mobilizar ainda mais os futuros professores a fazerem uso da biblioteca escolar e a atuarem como mediadores da leitura. Vídeo de encerramento Para visualizar o vídeo, acesse seu material digital.