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Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC-Palmas Curso: Medicina SOI VI Acadêmica: Karoline de Jesus Assandri - Turma 7 / 2020/02 APG 14-Trato Urinário Objetivos: Revisar a anatomia do trato urinário; Estudar a fisiopatologia das ITU; Elucidar o quadro clínico; Deslindar o diagnóstico; Compreender o tratamento; Entender a profilaxia. Anatomia O sistema urinário consiste em: • Dois rins, • Dois ureteres, • Uma bexiga urinária • Uma uretra. Após os rins filtrarem o plasma sanguíneo, eles devolvem a maior parte da água e dos solutos à corrente sanguínea. A água e os solutos restantes constituem a urina, que passa pelos ureteres e é armazenada na bexiga urinária até ser eliminada do corpo pela uretra. A nefrologia é o estudo científico da anatomia, fisiologia e patologia dos rins. A especialidade médica que lida com os sistemas urinários masculino e feminino e com o sistema genital masculino é chamada urologia. O médico que se especializa neste ramo da medicina é chamado urologista. ✓ A principal função dos rins é manter o volume e a composição química dos líquidos do organismo dentro de limites adequados ao funcionamento das células. Por isso, pode-se dizer que a função dos rins é manter a homeostasia, a constância do meio interno. ✓ Os rins conseguem manter esse equilíbrio através de um eficiente sistema que poupa água e sais minerais nas quantidades adequadas e, ao mesmo tempo, excreta resíduos tóxicos do metabolismo normal, cuja acumulação é prejudicial à célula, tais como ureia, ácido úrico, creatinina, que são eliminados com a urina. ✓ Os rins também participam da excreção de fármacos e seus metabólitos, secretam hormônios que participam na regulação da hemodinâmica renal e sistêmica na produção de glóbulos vermelhos, na regulação de cálcio, fósforo e no metabolismo ósseo. ✓ Os ureteres são condutos que levam a urina dos rins à bexiga. ✓ A bexiga é um órgão muscular arredondado, localizado na pelve, servindo de depósito temporário para a urina, continuamente formada pelos rins. ✓ Quando a urina ultrapassa os limites fisiológicos da capacidade de armazenamento da bexiga, é eliminada através da uretra. ➢ Rins Os rins desempenham a principal função do sistema urinário. As outras partes do sistema são essencialmente vias de passagem e áreas de armazenamento. As funções dos rins incluem: •Regulação da composição iônica do sangue. Os rins ajudam a regular os níveis sanguíneos de vários íons, sendo que os mais importantes são os íons sódio (Na+), potássio (K+), cálcio (Ca2+), cloreto (Cl–) e fosfato (HPO42–); •Regulação do pH do sangue. Os rins excretam uma quantidade variável de íons hidrogênio (H+) para a urina e preservam os íons bicarbonato (HCO3–), que são um importante tampão do H+ no sangue. Ambas as atividades ajudam a regular o pH do sangue; •Regulação do volume de sangue. Os rins ajustam o volume do sangue por meio da conservação ou eliminação de água na urina. O aumento do volume de sangue eleva a pressão arterial, enquanto a diminuição do volume de sangue reduz a pressão arterial; Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC-Palmas Curso: Medicina SOI VI Acadêmica: Karoline de Jesus Assandri - Turma 7 / 2020/02 •Regulação da pressão arterial. Os rins também ajudam a regular a pressão arterial por meio da secreção da enzima renina, que ativa o sistema renina-angiotensina-aldosterona. O aumento da renina provoca elevação da pressão arterial; •Manutenção da osmolaridade do sangue. Ao regular separadamente a perda de água e a perda de solutos na urina, os rins mantêm uma osmolaridade do sangue relativamente constante de aproximadamente 300 miliosmóis por litro (mOsm/ℓ)*; •Produção de hormônios. Os rins produzem dois hormônios. O calcitriol, a forma ativa da vitamina D, ajuda a regular a homeostasia do cálcio, e a eritropoetina estimula a produção de eritrócitos; •Regulação do nível sanguíneo de glicose. Tal como o fígado, os rins podem utilizar o aminoácido glutamina na gliconeogênese, a síntese de novas moléculas de glicose. Eles podem então liberar glicose no sangue para ajudar a manter um nível normal de glicemia; •Excreção de escórias metabólicas e substâncias estranhas. Por meio da formação de urina, os rins ajudam a excretar escórias metabólicas – substâncias que não têm função útil no corpo. Algumas escórias metabólicas excretadas na urina resultam de reações metabólicas no organismo. Estes incluem amônia e ureia resultantes da desaminação dos aminoácidos; bilirrubina proveniente do catabolismo da hemoglobina; creatinina resultante da clivagem do fosfato de creatina nas fibras musculares e ácido úrico originado do catabolismo de ácidos nucleicos. Outras escórias metabólicas excretadas na urina são as substâncias estranhas da dieta, como fármacos e toxinas ambientais. • Anatomia externa dos rins ✓ Um rim adulto normal tem 10 a 12 cm de comprimento, 5 a 7 cm de largura e 3 cm de espessura – aproximadamente do tamanho de um sabonete comum – e tem massa de 135 a 150 g. A margem medial côncava de cada rim está voltada para a coluna vertebral. Perto do centro da margem côncava está um recorte chamado hilo renal, através do qual o ureter emerge do rim, juntamente com os vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. ✓ Três camadas de tecido circundam cada rim: ✓ A camada mais profunda, a cápsula fibrosa, é uma lâmina lisa e transparente de tecido conjuntivo denso não modelado que é contínuo com o revestimento externo do ureter. Ela serve como uma barreira contra traumatismos e ajuda a manter a forma do rim. ✓ A camada intermediária, a cápsula adiposa, é uma massa de tecido adiposo que circunda a cápsula fibrosa. Ela também protege o rim de traumas e ancora-o firmemente na sua posição na cavidade abdominal. ✓ A camada superficial, a fáscia renal, é outra camada fina de tecido conjuntivo denso não modelado que ancora o rim às estruturas vizinhas e à parede abdominal. Na face anterior dos rins, a fáscia renal localiza-se profundamente ao peritônio. Anatomia interna dos rins ✓ Um corte frontal através do rim revela duas regiões distintas: uma região vermelha clara superficial Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC-Palmas Curso: Medicina SOI VI Acadêmica: Karoline de Jesus Assandri - Turma 7 / 2020/02 chamada córtex renal e uma região interna mais escura castanha-avermelhada chamada medula renal. A medula renal consiste em várias pirâmides renais em forma de cone. A base (extremidade mais larga) de cada pirâmide está voltada para o córtex renal, e seu ápice (extremidade mais estreita), chamado papila renal, está voltado para o hilo renal. O córtex renal é a área de textura fina que se estende da cápsula fibrosa às bases das pirâmides renais e nos espaços entre elas. Ela é dividida em uma zona cortical externa e uma zona justamedular interna. As partes do córtex renal que se estendem entre as pirâmides renais são chamadas colunas renais. ✓ Juntos, o córtex renal e as pirâmides renais da medula renal constituem o parênquima, ou porção funcional do rim. No interior do parênquima estão as unidades funcionais dos rins – aproximadamente 1 milhão de estruturas microscópicas chamadas néfrons. O filtrado formado pelos néfrons é drenado para grandes ductos coletores, que se estendem através da papila renal das pirâmides. Os ductos coletores drenam para estruturas em forma de taça chamadas cálices renais maiores e cálices renais menores. Cada rim tem de 8 a 18 cálices renais menores e 2 ou 3 cálices renais maiores. Um cálice renal menor recebe urina dos ductos coletores de uma papila renal e a carreia para um cálice renal maior. Uma vez que o filtrado entra nos cálices, torna-se urina, porque não pode mais ocorrer reabsorção. O motivo é que o epitélio simples dos néfrons e túbulos se tornam epitélio de transição nos cálices. Dos cálices renais maiores,a urina flui para uma grande cavidade única chamada pelve renal e, em seguida, para fora pelo ureter até a bexiga urinária. ✓ O hilo se expande em uma cavidade no interior do rim chamada seio renal, que contém parte da pelve renal, os cálices e ramos dos vasos sanguíneos e nervos renais. O tecido adiposo ajuda a estabilizar a posição destas estruturas no seio renal. ✓ Os dois rins contêm em torno de 2.400.000 unidades funcionais, chamadas néfrons . O número de néfrons varia de acordo com a raça e pode estar diminuído em nascidos com baixo peso, diminuindo a reserva funcional renal, o que torna o indivíduo mais suscetível a complicações renais. Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC-Palmas Curso: Medicina SOI VI Acadêmica: Karoline de Jesus Assandri - Turma 7 / 2020/02 ✓ O néfron compõe-se de glomérulo, túbulos contornados (proximal e distal), alça de Henle e tubo coletor. ✓ O glomérulo ou corpúsculo renal é formado pelo tufo glomerular e cápsula de Bowman. ✓ O tufo glomerular é constituído por três tipos de células especializadas: células endoteliais, que revestem o lúmen dos capilares; células mesangiais, localizadas entre as alças dos capilares glomerulares, na região denominada mesângio, dão suporte estrutural ao glomérulo. São unidades contráteis que participam da regulação da filtração glomerular, secretam substâncias, captam imunocomplexos que estão envolvidas no aparecimento de doenças glomerulares. Por último, as células epiteliais viscerais, também conhecidas como podócitos, que se localizam na superfície externa dos capilares. As células epiteliais formam os processos podocitários, que são prolongamentos que se interdigitam, formando fendas de filtração ao longo da parede capilar. ✓ A cápsula de Bowman é revestida por uma camada de células epiteliais parietais. ✓ A esta se segue o túbulo contornado proximal, que tem um curso tortuoso no córtex renal. Posteriormente, penetra em ângulo reto na medula renal, formando o ramo descendente da alça de Henle. Neste percurso sofre redução de diâmetro. A este segmento, segue-se uma curvatura que dá origem ao ramo ascendente da alça de Henle, conferindo-lhe o formato de grampo de cabelo. Este ramo segue em linha reta de volta à proximidade do glomérulo que lhe deu origem no córtex renal. No meio deste percurso retoma a sua largura original. ✓ No córtex origina-se o túbulo contornado distal, que se liga ao tubo coletor através do túbulo conector (antigamente considerado parte do túbulo contornado distal) e se orienta para a papila. Ao nível da papila, grupos de tubos coletores se juntam para formar os ductos papilares de Bellini, que aparecem na superfície da ponta da papila por onde sai a urina. ➢ Ureteres, bexiga e uretra ✓ Em continuidade à pelve renal de cada rim, encontra-se o ureter. O ureter é um conduto de natureza muscular, medindo 30 a 35 cm de comprimento por 4 a 8 mm de diâmetro. Em sua parte mais distal, ele atravessa a parede vesical, abrindo-se no interior da bexiga. ✓ A bexiga é um órgão muscular oco, formando cavidade virtual, situada no assoalho pélvico e que se continua com a uretra. A localização da bexiga na primeira infância é abdominal, assumindo progressivamente localização pélvica à medida que a criança se desenvolve. O soalho pélvico lhe serve de suporte. A parede da bexiga é formada por uma rede entrelaçada de tecido muscular, cujas fibras se orientam para formar o colo vesical. Na base da bexiga encontra-se o músculo trigonal, que exerce importante papel no esvaziamento vesical. O interior da bexiga é revestido por epitélio de tipo transicional, desprovido de glândulas mucosas. ✓ A uretra constitui o conduto para eliminação da urina. No homem serve também para ejaculação e eliminação de secreções prostáticas. Doenças Vias Urinárias ✓ As doenças dos rins e das vias urinárias podem ser agrupadas nas seguintes síndromes: síndrome nefrítica, que inclui a glomerulonefrite aguda, a glomerulonefrite rapidamente progressiva, a glomerulonefrite crônica, a glomerulonefrite aguda pós-estreptocócica, outras glomerulonefrites agudas pós-infecciosas, a nefropatia por IgA ou doença de Berger, a glomerulonefrite mediada por anticorpo antimembrana basal glomerular, a glomerulonefrite pauci-imune ou glomerulonefrite necrosante, a glomerulonefrite associada a crioglobulinas, a síndrome nefrótica, que inclui a doença de lesões mínimas, a glomerulosclerose segmentar e focal, a glomerulonefrite membranosa, a glomerulonefrite membranoproliferativa, a injúria renal aguda (IRA), que inclui a IRA pré-renal, a IRA renal e a IRA pós-renal, a doença renal crônica, a infecção urinária, que inclui a pielonefrite aguda, a pielonefrite crônica, a cistite e a uretrite, a prostatite. ✓ Além destas síndromes serão estudadas a tuberculose renal, a litíase urinária, as neoplasias do sistema urinário, a doença policística dos rins, o rim esponjoso e a uropatia obstrutiva. ✓ Infecção do sistema urinário é uma condição clínica de ocorrência muito comum, com elevada prevalência em mulheres de todas as idades e, no homem, nos extremos da vida. ➢ Infecção urinária ➢ A expressão infecção urinária (IU) refere-se a processo infeccioso que acomete as vias urinárias, dos rins à bexiga. Pielonefrite significa inflamação dos rins, quase sempre bacteriana, acompanhada de acometimento dos cálices, da pelve e do ureter. Por sua elevada prevalência e repercussões, infecção bacteriana dos rins e das vias urinárias tem enorme interesse clínico e patológico. Infecção no trato urinário inferior é importante especialmente por sua frequência; ao lado disso, constitui via de acesso natural para infecções do trato urinário superior e dos rins, além de ser a origem de muitos quadros sépticos. ➢ Infecção urinária é mais comum no gênero feminino, desde a infância, declinando até o início da vida sexual ativa, quando tem grande prevalência sobre o gênero masculino (10:1). Mais tarde, particularmente após 55 anos, aumenta significativamente no gênero masculino, mantendo maior frequência em mulheres. Em recém-nascidos, porém, IU é mais comum no gênero masculino e está associada a anomalias congênitas do trato urinário e dos rins. Pielonefrite é encontrada em porcentagem elevada de necrópsias (20%). Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC-Palmas Curso: Medicina SOI VI Acadêmica: Karoline de Jesus Assandri - Turma 7 / 2020/02 ✓ A infecção pode apresentar-se sob diversas formas, localizações e modos de evolução. ✓ O termo pielonefrite aguda indica infecção bacteriana do sistema urinário alto (rins e pelve renal), ocasionando uma síndrome clínica caracterizada por febre alta de aparecimento súbito, calafrios e dor no flanco. ✓ O termo pielonefrite crônica é utilizado para caracterizar ataques recorrentes de infecção, geralmente associados a diminuição da função renal. ✓ As infecções do sistema urinário baixo (cistite, uretrite, prostatite) caracterizam-se por disúria, polaciúria e urgência. Cistite e pielonefrite aguda podem ocorrer conjuntamente. ✓ A infecção urinária pode ser recorrente por recidiva ou reinfecção. ✓ Por recidiva entende-se recorrência de bacteriúria ocasionada pelo mesmo microrganismo, a despeito do tratamento, nas 3 semanas após o tratamento. Reserva-se o termo reinfecção quando esta ocorre após a cura aparente, mas com cepas diferentes. ➢ Etiologia ✓ Os principais agentes etiológicos são bactérias Gram-negativas encontradas na microbiota entérica normal (infecção endógena). Escherichia coli é responsável por 85 a 90% das infecções urinárias; seguem-se as infecções por Enterobacter, Klebsiella, Proteus, Pseudomonas e outras bactérias (10 a 15%). A frequência dessas últimas aumenta muito nas infecções urinárias complicadas (instrumentação urológica, obstrução urinária) e nas reinfecções. Bactérias Gram-positivas, notadamenteestafilococos e Streptococcus faecalis, contribuem com baixa frequência. Entre os fungos, merece especial menção a Candida albicans, especialmente em pacientes com baixa resposta imunitária (AIDS, transplantes), nos quais aparecem também infecções virais (citomegalovírus, adenovírus etc.). ✓ Urocultura é significativa quando existem mais de 100.000 bactérias/mm3 de urina. Não obstante, em certas circunstâncias infecção urinária pode estar presente com números inferiores (nos casos de fluxo urinário rápido, pH baixo, uso de fármacos bacteriostáticos etc.). Particularmente no gênero feminino, pode-se encontrar número significativo de bactérias na urina sem manifestações clínicas (bacteriúria assintomática), notadamente em crianças até 12 anos (1 a 2%) e na gravidez (3 a 7% das gestantes). Na maioria desses casos, são isoladas E. coli ou Klebsiella. ✓ Além de bactérias, certos fungos e alguns vírus (p. ex., citomegalovírus, adenovírus, vírus do polioma etc.), especialmente em indivíduos imunossuprimidos, podem também causar infecção urinária. ➢ Patogênese Os microrganismos atingem o sistema urinário superior através de três vias, comentadas a seguir. ✓ Ascendente ou urinária. É a via mais comum, através da qual bactérias do meio externo atingem as vias urinárias. A uretra distal tem microbiota bacteriana semelhante à da pele adjacente, sendo a maioria dos microrganismos não patogênica. No gênero feminino, existem bactérias também no vestíbulo vaginal. Infecção urinária começa pela colonização dos microrganismos, na grande maioria das vezes por coliformes, facilitada pela aderência bacteriana ao epitélio da vagina e da uretra. Alcançando a bexiga (normalmente estéril), inicia-se a multiplicação bacteriana quando há redução dos fatores locais de defesa (a capacidade inibitória da substância intercelular do epitélio vesical e de outros fatores antibacterianos) e/ou estase urinária. A infecção vesical (cistite) pode ficar isolada ou estender-se ao ureter, mesmo contra a gravidade e o fluxo urinário, às vezes auxiliada por refluxo vesicoureteral; da pelve renal, atinge o rim através de refluxo intrarrenal. Na pielonefrite crônica por bactérias de baixa virulência, os focos localizam-se na medular. Quando as bactérias são muito virulentas, a propagação da infecção se faz até a cortical. A medular é mais vulnerável a infecção por bactérias do grupo coli, possivelmente por condições locais: (1) baixo teor de O2, condicionado pelo sempre ativo metabolismo tubulointersticial e pela circulação relativamente pobre; (2) hiperosmolaridade; (3) inativação da fração IV do complemento pela amônia. ✓ Hematogênica ou descendente. É menos importante do que a anterior, com a qual pode atuar concomitantemente. Pelo sangue, as bactérias chegam ao sistema urinário a partir de focos em outros órgãos (endocardite, infecção pulmonar, endomiometrites, septicemia etc.). Os estafilococos são as bactérias mais envolvidas. ✓ Linfática. A possibilidade de conexões linfáticas entre o trato urinário inferior e superior e deste com o intestino favorece essa rota de contaminação. A disseminação da infecção dentro do rim pode ser feita por vasos linfáticos. Numerosos fatores de risco favorecem o aparecimento de infecções urinárias, sua recidiva ou reinfecção. ■Gênero. Nas mulheres, a uretra mais curta e mais calibrosa e sua vizinhança com cavidades naturalmente contaminadas favorecem a penetração de microrganismos. Além disso, a aderência bacteriana parece ser favorecida por fatores hormonais. Traumatismos nas relações sexuais são também mais intensos na uretra feminina. Em homens, o líquido prostático tem atividade antibacteriana ■Gravidez. IU na gravidez associa-se a bacteriúria assintomática, já citada. Resulta de estase urinária por dilatação fisiológica do ureter e da pelve e à diminuição do seu peristaltismo, a partir do segundo mês de gestação e até o puerpério imediato, sob efeito hormonal. Níveis elevados de progesterona parecem ter ação sobre a musculatura vesical, reduzindo a Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC-Palmas Curso: Medicina SOI VI Acadêmica: Karoline de Jesus Assandri - Turma 7 / 2020/02 contratilidade normal. Compressão pelo útero grávido parece não ter grande significado ■Obstrução urinária. Microrganismos na bexiga são normalmente eliminados com o fluxo da urina. Quando há obstrução urinária, porém, as bactérias não são eliminadas, multiplicam-se e causam infecção. Por isso mesmo, deve-se suspeitar de obstrução urinária em todos os casos de infecção urinária persistente. A obstrução pode ocorrer: (a) na uretra (anomalias congênitas, estenose cicatricial, hiperplasia e tumores da próstata etc.); (b) na bexiga (bexiga neurogênica, tumores, cálculos, hipertrofia do colo vesical, extrofia da bexiga etc.); (c) nos ureteres e na pelve renal (anomalias congênitas, cálculos, vasos aberrantes, tumores, fibrose retroperitoneal, irradiação etc.); (d) no interior dos rins, por precipitação intratubular de cristais de ácido úrico, nefrocalcinose e doença policística autossômica dominante. Estase vesical aumenta o volume residual após a micção e inibe fatores antibacterianos locais. Infecção urinária, inclusive por via hematogênica, é muito mais comum quando existe estase urinária; o problema é agravado pelo fato de esses casos serem frequentemente submetidos a instrumentação urológica ■Refluxo vesicoureteral (RVU). Normalmente, a porção intravesical do ureter tem disposição oblíqua e fica comprimida durante a micção, impedindo o retorno da urina para os ureteres (mecanismo valvular). RVU consiste na passagem do conteúdo vesical para o ureter, especialmente durante a micção, quando aumenta a pressão intravesical, por incompetência da válvula ureterovesical. O RVU pode ser primário ou secundário. O primário resulta de distúrbio congênito da válvula ureterovesical, sobretudo na porção terminal submucosa e intravesical do ureter, mais curta ou ausente devido a ectopia lateral do meato ureteral. Infecções vesicais podem agravar o RVU, particularmente em crianças. O RVU secundário deve-se a insuficiência da válvula ureterovesical por anormalidades do ureter, da bexiga e da uretra (ureterocele, obstrução do colo vesical, cistites, divertículos da bexiga, cálculos e tumores vesicais, bexiga neurogênica, hiperplasia prostática). Cerca de 10% dos paraplégicos têm RVU. Em qualquer caso, RVU contribui para propagação da infecção ao trato urinário superior e está presente em cerca de 40% das crianças com IU. Para o diagnóstico, utiliza-se a cistoureterografia miccional ■Refluxo intrarrenal. Encontrado “normalmente” em crianças com até 4 anos de idade, corresponde ao mecanismo pelo qual conteúdo da pelve e dos cálices penetra nos ductos coletores e chega ao interstício renal. O refluxo é favorecido por papila anormal com extremidade côncava e/ou invaginada, que permite abertura ampla dos ductos coletores terminais; cerca de 60 a 70% dos rins normais possuem uma ou mais papilas com tal variação anatômica, sobretudo nos polos renais. Cicatrizes de pielonefrite são mais comuns nesses locais. Aumento da pressão intrapélvica, como na hidronefrose, favorece tal refluxo ■Diabetes melito. Diabéticos têm maior risco de desenvolver infecção urinária, provavelmente devido à neuropatia vesical, às lesões vasculares e ao próprio distúrbio metabólico. Necrose das papilas é mais comum em diabéticos com pielonefrite grave ■Isquemia renal. Regiões isquêmicas do rim são mais sujeitas a infecções. Redução do fluxo sanguíneo causa hipóxia e dificulta a chegada de leucócitos. Por esse motivo, inúmeras nefropatias criam condições favoráveis a infecções (glomerulonefrites, nefroesclerose vascular, necrose tubular aguda, doença policística renal e hipopotassemia) ■Diminuição da resposta imunitária. Desnutrição. Em todas as doenças ou situações acompanhadasde redução da resposta imunitária, há maior risco de IU (neoplasias malignas, hipogamaglobulinemia, imunodeficiência, uso de medicação antiblástica e/ou imunossupressora etc.). Desnutrição predispõe a IU, especialmente em crianças ■Instrumentação urológica. Mesmo com a mais cuidadosa técnica e rigorosa assepsia, instrumentação urológica (cateterismo, endoscopia etc.) aumenta a frequência de infecção no trato urinário e é um dos seus principais fatores de risco. Pielonefrite aguda Caracteriza-se pela invasão bacteriana aguda do rim e da pelve renal e costuma ser unilateral. O aparecimento da infecção pode estar associado à ocorrência de algum tipo de obstrução do sistema urinário, como hipertrofia prostática em homens e obstrução ureteral pelo útero gravídico em mulheres. Cálculos, neoplasias e malformações anatômicas também predispõem a infecção. No sexo feminino, a pielonefrite é comum na primeira infância ou no início da fase de atividade sexual, porque a uretra, sendo mais curta e sujeita a traumas, torna-se mais vulnerável a infecções. O germe mais frequentemente encontrado é a Escherichia coli, presente em 75% dos casos. A pielonefrite caracteriza-se pelo aparecimento súbito de febre (39 a 40°C), calafrios, náuseas e vômito; mal-estar, taquicardia e hipotensão arterial podem ocorrer. Muitos pacientes apresentam dor em um ou em ambos os flancos, com irradiação para a fossa ilíaca e região suprapúbica. Pode haver disúria, polaciúria, urgência e eliminação de urina turva, denotando a presença de cistite associada. Dor e contração muscular no ângulo costovertebral e região lombar costumam ocorrer ao exame físico. Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC-Palmas Curso: Medicina SOI VI Acadêmica: Karoline de Jesus Assandri - Turma 7 / 2020/02 Pielonefrite aguda. A. Microabscessos e eliminação de pus pelo sistema coletor (setas). B. Numerosos neutrófilos no interior dos túbulos, formando cilindros piocitários característicos da doença. ➢ Aspectos clínicos | Prognóstico. ✓ O início das manifestações é súbito, com dor lombar, sinais gerais de infecção, inclusive febre, e evidências de comprometimento do trato urinário inferior (disúria, algúria, polaciúria), especialmente em adultos. Aparecem ainda piúria, hematúria e cilindros leucocitários (purulentos); estes últimos confirmam o comprometimento renal, pois se formam nos túbulos. Insuficiência renal depende da extensão do processo. O quadro clínico e a evolução modificam-se quando surgem complicações; necrose das papilas precipita insuficiência renal aguda. Com tratamento adequado, normalmente a doença evolui para cura. Quando há obstrução urinária ou se os pacientes estiverem debilitados ou imunossuprimidos, ou se forem diabéticos ou submetidos a instrumentação urológica, pode ocorrer septicemia. Recidivas ou reinfecções não são raras, sobretudo se persistirem os fatores predisponentes. ✓ Dentre os dados laboratoriais, destaca-se, ao exame de urina, a presença de piócitos, cilindros leucocitários e bactérias. ✓ A presença de microrganismos em urina recém- eliminada e não centrifugada tem grande valor como indício de infecção. Em geral, hematúria microscópica está presente. Leucocitose é comum. ✓ A cultura da urina geralmente permite a identificação do microrganismo infectante. Na infância, a pielonefrite pode apresentar um quadro febril, muitas vezes sem sinais de localização. Figura A. Pielonefrite aguda supurativa (nefrite intersticial). A superfície do rim mostra-se bosselada, vendo-se áreas amareladas, de aspecto purulento, além de zonas necro- hemorrágicas. B. Pielonefrite aguda, na tomografia computadorizada de abdome, evidenciando nefrograma estriado bilateral, mais evidente à direita. ✓ Em adultos, a pielonefrite pode evoluir com pouco ou nenhum sintoma urinário. Isso acontece especialmente na gravidez, situação em que a bacteriúria assintomática ocorre com maior frequência, podendo evoluir para o quadro de pielonefrite aguda. Com tratamento adequado, as manifestações clínicas desaparecem em 1 a 2 dias, e a urina torna-se estéril em pouco tempo. Recuperação completa é comum em pacientes sem afecções subjacentes que facilitem a manutenção ou o reaparecimento da infecção, principalmente litíase e obstrução urinária. Em algumas condições, contudo, os sintomas desaparecem, mas a bacteriúria persiste, transformando-se em infecção crônica. ✓ Em pacientes diabéticos, a infecção aguda pode ser suficientemente grave para causar necrose de papila renal. Pielonefrite crônica A pielonefrite crônica surge geralmente após um episódio inicial de pielonefrite aguda ou cistite, principalmente associada a obstrução urinária, presença de cálculo, hipertrofia prostática, bexiga neurogênica e refluxo vesicouretral. As lesões fibróticas decorrentes da infiltração inflamatória uni ou bilateral levam a uma redução do tecido renal funcionante. Quando a infecção é unilateral, o rim normal compensa a redução da função do rim comprometido. Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC-Palmas Curso: Medicina SOI VI Acadêmica: Karoline de Jesus Assandri - Turma 7 / 2020/02 Pielonefrite crônica. A. Cicatrizes grosseiras e redução volumétrica do rim direito. B. Infiltrado inflamatório intersticial e aspecto pseudotireoidiano. ✓ Os sinais e sintomas (polaciúria, dor lombar) podem sugerir que a origem da doença seja no sistema urinário. No entanto, é comum o paciente não apresentar queixa atribuível ao aparelho urinário, dominando o quadro clínico fraqueza geral, apatia, perda de peso ou sintomas relacionados com a uremia. A hipertensão arterial pode ser o achado dominante. ✓ A urina geralmente contém piócitos, bactérias e pequena quantidade de proteínas. ✓ A evolução da doença costuma ser longa, com exacerbações frequentes, mesmo nos pacientes em que se corrigiu alguma eventual obstrução ou depois da retirada de cálculo das vias urinárias. ➢ Aspectos clínicos | Prognóstico. ✓ A PNC tem curso lento, frequentemente assintomático, exceto nas crises de recorrência, que se manifestam como pielonefrite aguda. Especialmente na PNC de refluxo, a evolução é arrastada, oligossintomática, de diagnóstico tardio, já com insuficiência renal crônica e hipertensão arterial. Em crianças com hipertensão arterial, é importante investigar nefropatia de refluxo como fator predisponente. Às vezes, há perda da capacidade de concentração urinária (poliúria e nictúria) ou bacteriúria e piúria assintomáticas; bacteriúria pode estar ausente na fase tardia. Na nefropatia de refluxo, a urografia excretora mostra estreitamento localizado do parênquima renal, distorção dos cálices e apagamento das papilas. ✓ Em cerca de 70% dos casos de PNC obstrutiva, há sinais de infecção urinária aguda e manifestações de infecção do trato urinário inferior. Insuficiência renal crônica e hipertensão arterial ocorrem nos casos de longa evolução. Exames radiográficos mostram dilatação do ureter e dos cálices, achatamento ou desaparecimento das papilas e estreitamento do parênquima; nas obstruções ureteropélvicas, não há dilatação ureteral. ✓ Pielonefrite crônica pode estar associada a rim em estágio terminal, seja como doença primária, seja como afecção superposta a outras nefropatias. Nesses casos, acompanha-se de hipertensão arterial e de insuficiência renal crônica. Quando unilateral, pode causar hipertensão arterial do tipo renovascular, inclusive com as alterações vasculares que surgem no rim contralateral. ✓ Quando existe proteinúria intensa, suspeita-se de glomerulosclerose focal segmentar secundária, interpretada como consequência a adaptações glomerulares pela perda do parênquima renal, particularmente na nefropatia de refluxo. Esses casos têm prognóstico desfavorável e evoluem para insuficiência renal. Pielonefrite xantogranulomatosa Trata-se de inflamação pielocaliceal acentuada,com infiltrado inflamatório rico em macrófagos xantomatosos. Em geral, acomete mais adultos (50 a 60 anos), prefere mulheres e quase sempre é unilateral. Obstrução do trato urinário e cálculos renais estão frequentemente associados. Infecção por Proteus (60% dos casos), Klebsiella, E. coli e Pseudomonas são as mais frequentes, embora outras bactérias possam estar envolvidas. Pielonefrite xantogranulomatosa: massas de material friável distribuídas no parênquima. ➢ Aspectos clínicos | Prognóstico. ✓ A pielonefrite xantogranulomatosa é mais frequente no gênero feminino e incide em qualquer idade. Os pacientes apresentam dor lombar, febre, emagrecimento, anemia, leucocitose, proteinúria, piúria e massa palpável. Como a lesão é geralmente unilateral, a função renal encontra-se preservada; nefrectomia é o tratamento de escolha. Cistite e uretrite ✓ Infecção urinária restrita à bexiga e/ou uretra, caracterizada por polaciúria, disúria, urgência e piúria. Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC-Palmas Curso: Medicina SOI VI Acadêmica: Karoline de Jesus Assandri - Turma 7 / 2020/02 ✓ A cistite provoca desconforto e sensação dolorosa na região suprapúbica. A irritação da parede vesical causa contração espasmódica da bexiga, fazendo com que o paciente apresente desejo de urinar acompanhado de dor, mesmo quando o órgão está vazio ou imediatamente após a micção (estrangúria). ✓ A urina pode apresentar-se turva e com odor desagradável. ✓ Piócitos, hemácias, células epiteliais e bactérias são encontrados no exame do sedimento urinário. ✓ Na uretrite aguda, observa-se queimor intenso ou dor durante a micção. Observa-se, também, corrimento uretral purulento entre as micções. ➢ Síndrome uretral aguda Aplica-se essa denominação à condição em que mulheres apresentam disúria, polaciúria e leucocitúria, embora com colonização não significativa de bactérias na urocultura (abaixo de 100.000 colônias/mℓ). Prostatite ✓ Caracteriza-se por dor na região sacra e perineal, que se acompanha de desconforto retal e testicular; piúria e hematúria costumam ocorrer. A prostatite bacteriana aguda produz manifestações sistêmicas de bacteriemia com febre alta e calafrios, acompanhando-se de disúria e polaciúria. ✓ O toque retal acompanha-se de dor intensa, devido ao aumento de volume da glândula, o que torna a cápsula tensa. ✓ Na prostatite bacteriana crônica, o paciente pode ser assintomático, com próstata de tamanho normal e indolor ao toque retal. Bacteriúria assintomática Consiste na observação de bactérias na urina de pacientes sem manifestações clínicas de infecção urinária. A bacteriúria deve ser comprovada em duas culturas consecutivas, com crescimento do mesmo microrganismo (acima de 100.000 colônias/ml de urina), para confirmação do diagnóstico. Bacteriúria assintomática ocorre mais frequentemente em crianças com refluxo vesicoureteral ou com outras alterações do sistema urinário, em mulheres grávidas e em pessoas idosas de ambos os sexos. Diagnóstico laboratorial ✓ A infecção urinária é caracterizada pelo crescimento bacteriano de pelo menos 105 unidades formadoras de colônias por ml de urina (100.000 ufc/ml) colhida em jato médio e de maneira asséptica. Em determinadas circunstâncias (paciente idoso, infecção crônica e uso de antimicrobianos) pode ser valorizado crescimento bacteriano igual ou acima de 104 colônias (10.000 ufc/ml). ✓ A bacteriúria assintomática é definida como a presença de, no mínimo, 105 colônias/ml da mesma bactéria em pelo menos duas amostras de urina em paciente, habitualmente mulher, que não apresenta os sintomas de infecção urinária habituais. 1. Exame de urina I com sedimento urinário. Este exame irá fornecer, quando associado à anamnese e ao quadro clínico, os dados que praticamente confirmam o diagnóstico de ITU: presença de piúria (leucocitúria), de hematúria e de bacteriúria. Os valores encontrados são, habitualmente, proporcionais à intensidade da infecção. 2. Urocultura. A cultura de urina quantitativa, avaliada em amostra de urina colhida assepticamente, jato médio, poderá fornecer, na maioria dos casos, o agente etiológico causador da infecção e trazer subsídio para a conduta terapêutica. Sua importância crescerá quando, diante de falha da terapia empírica, possibilitará a realização do teste de sensibilidade in vitro (antibiograma), que orientará uma nova conduta terapêutica. Fator limitante à importância da cultura de urina é a demora habitualmente exigida para a obtenção do seu resultado. Na grande maioria das vezes, a paciente com cistite não complicada, tratada empiricamente, já está clínica ou mesmo microbiologicamente curada quando o resultado da cultura é fornecido; nestas situações, este exame torna-se inútil, além de dispendioso. 3. Teste de sensibilidade in vitro a antimicrobianos (TSA). O antibiograma, como é habitualmente reconhecido este exame, atua complementarmente à cultura de urina. Na rotina das cistites não complicadas, sua utilidade é pequena, haja vista a predominância maciça e resolutiva da terapia empírica. No entanto, naqueles casos em que ocorre falha desse tipo de terapia, nas pielonefrites e nas infecções urinárias hospitalares, a presença do antibiograma é de grande utilidade. Igualmente sua importância cresce nas cistites complicadas, quando o risco de insucesso da terapia empírica aumenta. O antibiograma fornecerá os antimicrobianos potencialmente úteis a serem prescritos. 4. Hemocultura. Este exame não tem nenhum valor em pacientes com cistite. No entanto, diante de um quadro de pielonefrite, torna-se potencialmente valioso; sua positividade, nesta infecção, situa-se entre 25% a 60% e, além da informação do agente etiológico (nem sempre identificável na urocultura), indica para o risco de uma sepse, sugerindo uma potencial gravidade. 5. Exames de imagem. A ultra-sonografia, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética têm indicação restrita àqueles casos de cistite/pielonefrite não resolvidos com terapia empírica; assumem maior importância para o diagnóstico de complicações e, também, para evidenciar alterações estruturais e/ou funcionais do sistema urinário. Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC-Palmas Curso: Medicina SOI VI Acadêmica: Karoline de Jesus Assandri - Turma 7 / 2020/02 Tratamento ✓ A escolha da terapia antimicrobiana para a ITU varia de acordo com a apresentação da infecção, hospedeiro e agente. ✓ Estratégias envolvendo diferentesesquemas terapêuticos de acordo com grupos específicos de pacientes maximizam os benefícios terapêuticos, além de reduzir os custos, as incidências de efeitos adversos e o surgimento de microrganismos resistentes. ✓ O tratamento de ITU baixa (cistite) de origem comunitária em mulheres jovens imunocompetentes e ✓ sem fatores associados à ocorrência de ITU complicada pode ser instituído empiricamente sem a solicitação de urocultura. ✓ Para isto deve existir dois ou mais dos sintomas como disúria, urgência miccional, polaciúria, nictúria e dor suprapúbica, associado ao encontro de leucocitúria na urina tipo 1. ✓ Já em mulheres idosas ou diabéticas, a investigação com urocultura é necessária, o tempo de uso dos agentes deve ser prolongado (10 a 14 dias) e a ciprofloxacina 500 mg VO de 12/12 h passa a fazer parte das opções terapêuticas. ✓ Em gestantes com cistite de origem comunitária, algumas contraindicações relativas a determinados antimicrobianos promovem uma redução significativa com relação às drogas potencialmente utilizáveis. As possibilidades terapêuticas disponíveis para a gestante são antibióticos beta- lactâmicos, nitrofurantoína e fosfomicina. ✓ Quando a cistite ocorre em pacientes do sexo masculino a ciprofloxacina é uma opção terapêutica e o tempo de tratamento se prolonga para 10 a 14 dias. ✓ Caso o paciente possua mais de 60 anos, justifica-sea realização do exame de próstata e a solicitação de ✓ urocultura e teste de sensibilidade a antimicrobianos deve ser realizada em todos os casos. ✓ O uso de Sulfametoxazol+Trimetoprin, amplamente difundido em guias internacionais, poderá ser utilizado baseado em teste de sensibilidade a antimicrobianos e não em tratamento empírico, devido ao aumento de resistência desta droga em isolados de Escherichia coli. ✓ Os antimicrobianos da classe dos aminoglicosídeos, apesar de possuírem excelente ação sobre enterobacteriácias no trato urinário, têm seu uso res tringido devido ao potencial de nefrotoxicidade e a existência de drogas com excelente ação e com perfil de segurança maior em relação aos efeitos colaterais. ✓ Entretanto são opções válidas nos casos de contraindicações de outros agentes ou guiado por teste de sensibilidade a antimicrobianos, não sendo, portanto, indicado entre as primeiras opções para tratamento. ✓ drogas e doses utilizadas são: Gentamicina 3mg/Kg/ dia dividido em 3 doses diárias e Amicacina 15mg/Kg/ ✓ dia em dose única com infusão de 1h. ✓ A ITU alta (pielonefrite) de origem comunitária e não complicada inicialmente pode ser tratada em regime ambulatorial, com reavaliação a cada 48 h para determinar a efetividade do tratamento. Em pacientes com sinais de instabilidade ou com fatores associados à ocorrência de ITU complicada, devem preferencialmente ser internados. Nestes pacientes Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC-Palmas Curso: Medicina SOI VI Acadêmica: Karoline de Jesus Assandri - Turma 7 / 2020/02 o uso de antimicrobianos endovenosos deverá ser instituído até que se encontrem sem febre por um período de 48 a 72h, quando a terapia pode ser completada por via oral. Em caso de internação hospitalar, recomenda-se a coleta de hemoculturas e a realização de ultrassonografia. ✓ O tratamento da ITU hospitalar baixa ou alta, considerando a variedade de microrganismos infectantes no ambiente hospitalar e a variação em sua sensibilidade, deve fundamentar-se no isolamento da bactéria na urocultura e na sensibilidade demonstrada ao antibiograma. ✓ A bacteriúria assintomática definida pela presença de bactérias na urocultura (>100.000 UFC/ml) e ausência de sinais e sintomas clínicos de infecção, não deve ser tratada em mulheres jovens não grávidas. Em gestantes, pacientes submetidos a transplante de órgãos sólidos, granulocitopenia, pré-operatório de cirurgias urológicas e pré- operatório de colocação de próteses, devemos instituir tratamento para bacteriúria assintomática guiados pelo teste de sensibilidade a antimicrobianos. ✓ Nos casos em que a ITU é causada por fungos, a Candida albicans predomina entre os agentes isolados. A abordagem nos casos de candidúria é semelhante aos agentes bacterianos: - candidúria assintomática (ausência de sintomas clínicos, ausência de piúria e presença de urocultura positiva com >10.000 UFC/ml) em pacientes sem fatores de risco, estes não deverão receber tratamento. Na presença fatores de risco (transplante de órgãos sólidos, granulocitopenia, pré-operatório de cirurgias urológicas) e sondagem vesical de demora (SVD), deve-se retirar a sonda e colher nova amostra de urocultura em 48h. Caso persistir a positividade, está indicado o tratamento; - candidúria sintomática: sempre retirar ou trocar a SVD quando presente e instituir tratamento, principalmente, para pacientes que tenham sido submetidos previamente a múltiplos agentes antimicrobianos, transplante de órgãos sólidos, granulocitopenia e indicação ou ✓ manipulação invasiva ou cirúrgica de vias urinárias. ✓ O tratamento da ITU fúngica deve ser dirigido pela cultura, pois existem cândidas resistentes aos agentes mais comumente utilizados na abordagem empírica. Entretanto, quando esta abordagem se faz necessária, o uso de Fluconazol 200 mg ao dia por 7 a 14 dias deve ser instituído. Em casos onde o agente é resistente a este azólico, deve-se utilizar Anfotericina B na dose de 0,3 - 1 mg/Kg Profilaxia Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC-Palmas Curso: Medicina SOI VI Acadêmica: Karoline de Jesus Assandri - Turma 7 / 2020/02 Quais as recomendações gerais? ✓ Ingira bastante líquido, de preferência água; ✓ Não demore para urinar, caso tenha vontade; ✓ Urine e faça higiene prontamente após a relação sexual; ✓ Lave as mãos antes e após urinar e/ou evacuar; ✓ Não tome medicamentos por conta própria. Em caso de sinais ou sintomas, procure um médico para diagnóstico e tratamento corretos. Para mulheres gestantes é importante redobrar a atenção, com as recomendações acima descritas; Para pacientes idosos, é importante ressaltar que os sintomas podem ser precedidos ou camuflados por sonolência, alterações da consciência, inapetência, e queda do estado geral. Referencias: Lopes, Hélio Vasconcellos e Tavares, WalterDiagnóstico das infecções do trato urinário. Revista da Associação Médica Brasileira [online]. 2005, v. 51, n. 6 [Acessado 21 Março 2022] , pp. 306-308. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-42302005000600008>. Epub 19 Jan 2006. ISSN 1806-9282. https://doi.org/10.1590/S0104-42302005000600008. https://portaldaurologia.org.br/medicos/wp- content/uploads/2015/09/infeccao_urinaria_de_repeticao.p df PORTO, Celmo C. Semiologia Médica, 8ª edição . [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2019. 9788527734998. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527 734998/. Acesso em: 21 mar. 2022. FILHO, Geraldo B. Bogliolo - Patologia . [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2016. 9788527736992. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527 736992/. Acesso em: 21 mar. 2022. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia . [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527 728867/. Acesso em: 21 mar. 2022. https://doi.org/10.1590/S0104-42302005000600008 https://portaldaurologia.org.br/medicos/wp-content/uploads/2015/09/infeccao_urinaria_de_repeticao.pdf https://portaldaurologia.org.br/medicos/wp-content/uploads/2015/09/infeccao_urinaria_de_repeticao.pdf https://portaldaurologia.org.br/medicos/wp-content/uploads/2015/09/infeccao_urinaria_de_repeticao.pdf
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