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Investigação - Coop. Investigativa Aula 8 - Agentes Internacionais: Tribunal Penal Internacional INTRODUÇÃO Nesta aula, entenderemos a necessidade da criação do Tribunal Penal Internacional (TPI) e qual seu objetivo principal. Em seguida, conheceremos os países signatários do Estatuto de Roma - tratado que criou o TPI. Estudaremos quais são os crimes julgados pelo Tribunal. OBJETIVOS Descrever a estrutura básica do Tribunal Penal Internacional (TPI). Examinar as atribuições do TPI no âmbito dos crimes transnacionais. Discutir hipóteses de atuação. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL O Tribunal Penal Internacional (International Criminal Court) é um órgão internacional que foi criado pelo Estatuto de Roma e incorporado pelo Brasil por meio do Decreto 4.388/02. O Tribunal Penal Internacional é uma corte independente e permanente, que tem por função julgar crimes de extrema gravidade, aptos a despertar o interesse internacional, como: genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Fonte: Bakhtiar Zein / Shutterstock Atualmente, o Tribunal Penal Internacional é composto por 124 países (glossário). O Tribunal fez duas condenações - Thomas Lubanga Dyilo em 2012 e Germain Katanga em 2014 - ambos envolvidos em con�itos internos na República Democrática do Congo. ESTRUTURA DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL O Tribunal Penal Internacional está sediado em Haia, na Holanda e, eventualmente, se reúne em outros locais. O Tribunal Penal, na qualidade de órgão independente, não está subordinado à Organização das Nações Unidas, mas mantém uma relação de cooperação, especialmente com seu Conselho de Segurança. O Tribunal é composto por quatro órgãos: Presidência Secretariado Presidência Composta pelo Presidente e dois Vice-Presidentes, escolhidos entre os juízes integrantes do Tribunal por seus pares. É o órgão de administração de todo o Tribunal, ressalvado o Gabinete do Procurador, que possui relativa autonomia administrativa e funcional. O Presidente e os Vice-Presidentes somente poderão ser reeleitos uma vez e cada mandato durará três anos, salvo se o mandato como Juiz expirar primeiro, hipótese em que cessará também o mandato na Presidência. A Presidência deve atuar em coordenação com o Gabinete do Procurador, obtendo a aprovação deste nos interesses comuns. Secretariado A Secretaria é responsável pelos aspectos não judiciais de administração, bem como pelo funcionamento do Tribunal, respeitadas as atribuições do Procurador. A Secretaria é che�ada pelo Secretário-Geral, auxiliado pelo Secretário adjunto. O Secretário será escolhido por meio de voto secreto da maioria absoluta dos juízes para exercer mandato de cinco anos. Pode ser reeleito uma única vez. Se necessário, será escolhido o Secretário adjunto pelos juízes pela mesma forma que o Secretário, ou por indicação deste, para períodos de cinco anos ou menos. APOIO ÀS VÍTIMAS E TESTEMUNHAS A Secretaria deverá manter uma unidade de apoio a vítimas e testemunhas, que trabalhará conjuntamente com o Gabinete do Procurador. Deverá adotar medidas de apoio às vítimas e testemunhas que compareçam perante o Tribunal Penal Internacional ou possam vir a se sentir ameaçadas em razão do processo. As medidas de apoio envolvem proteção, segurança, assessoria e assistência em geral. Divisões Judiciais Gabinete do Procurador Divisões Judiciais As divisões judiciais são: SEÇÃO DE INSTRUÇÃO A divisão de instrução atua no inquérito instaurado pelo Procurador. Sua principal função é fazer o controle de legalidade do inquérito. Sempre que considerar que o inquérito oferece oportunidade única de colheita de provas, o Procurador deve comunicar ao Juízo de Instrução e solicitar as medidas cabíveis para assegurar a e�cácia e integridade do processo, e ainda, especialmente, assegurar a defesa do acusado. As medidas que não forem solicitadas pelo Procurador, poderão ser determinadas de ofício pelo Juízo de Instrução, caso este venha a entender que as medidas são necessárias. Da decisão que determinar as medidas de ofício, caberá Recurso a ser interposto pelo Procurador. Cabe ainda à Seção de Instrução analisar a decisão do Procurador de não instaurar inquérito quando esta estiver fundamentada exclusivamente na falta de interesse do Tribunal em julgar o crime. Neste caso, a decisão do Procurador que negar a instauração de inquérito somente terá efeito se rati�cada pelo Juízo de Instrução. O Juízo de Instrução também tem por competência, após analisar todas as provas colhidas no inquérito, julgar procedente ou não a acusação do Procurador. Caso julgue procedente, deverá remeter o inquérito para Seção de Julgamento de Primeira Instância. O referido julgamento deve ser feito em audiência com a presença do acusado e seu defensor. SEÇÃO DE JULGAMENTO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA É o órgão do Tribunal que tem a competência para julgar as acusações que tenham sido julgadas procedentes pela Seção de Instrução. A Seção de Julgamento de Primeira Instância deve repetir todas as provas produzidas no Juízo de Instrução, pois somente poderá decidir com base nas provas produzidas e examinadas em audiência de julgamento. Caso necessário, o Juízo de Julgamento poderá exercer funções que são típicas do Juízo de Instrução, ou remeter o Julgamento para que este o faça. SEÇÃO DE RECURSOS A Seção de Recursos é o órgão do Tribunal com a atribuição de rever as decisões das demais divisões judiciais. Para tanto, dispõe dos mesmos poderes da Seção de julgamento. Gabinete do Procurador É o órgão do Tribunal Penal Internacional que possui a atribuição de receber informações e comunicações com o �m de examinar e investigar eventual crime, além de ser o titular da ação penal junto ao Tribunal Penal Internacional. O Gabinete do Procurador possui autonomia administrativa e funcional relativamente ao restante do Tribunal, não estando os seus membros subordinados aos demais órgãos do Tribunal. O chefe do Gabinete é o Procurador, que será eleito pela Assembleia dos Estados-partes para mandato de nove anos. Os Procuradores Adjuntos serão eleitos da mesma maneira, dentre uma lista indicada pelo Procurador. O Procurador tem por função principal presidir o inquérito no âmbito do Tribunal Penal Internacional, devendo promover investigações nos Estados acerca dos crimes de interesse do Tribunal, rejeitando os pedidos de instauração de inquérito quando julgar que o crime não é de competência do Tribunal. O Procurador deve, também, promover o processo perante as divisões judiciais do Tribunal. Sua atuação deve sempre levar em consideração a natureza do crime, bem como as condições pessoais das vítimas e testemunhas. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL O Tribunal Penal Internacional tem sua competência restringida pelo próprio tratado. O Tribunal não julgará todo e qualquer crime e tampouco todo e qualquer indivíduo em toda ou qualquer hipótese. A atuação do Tribunal Penal Internacional obedecerá às seguintes regras: QUANTO AO CRIME O Tribunal Penal Internacional atuará somente quando ocorrerem crimes de extrema gravidade, assim entendidos os crimes de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. Crimes de Genocídio Por crime de genocídio se entende todo o tipo de delito que vise o extermínio de determinado grupo de pessoas, seja por motivos de raça, religião, sexualidade, ideologia política etc. Considera-se extermínio todo o tipo de matança, lesão corporal, redução à condição de vida indigna, impedimento à reprodução ou qualquer outra forma que prejudique a existência de determinado grupo. Crimes de Guerra São condutas que violam as regras de Direito Internacional em guerra. Basicamente, considera-se crime de guerra todo atentado contra objetos (humanos ou materiais) não militares. Crimes contra a humanidade São crimes mais amplos do que os crimes de guerra, posto que podem ser praticados também em tempos de paz. São ataques praticados de forma sistemática contra determinada população civil. QUANTO AO INDIVÍDUO O Tribunal Penal Internacionaljulga indivíduos nacionais dos países-partes. Assim, não será todo e qualquer indivíduo que poderá ser processado e julgado pelo Tribunal, mas tão somente os nacionais dos Estados que, no exercício de sua soberania, aceitaram se submeter à Jurisdição do Tribunal Penal Internacional. Poderá, entretanto, ser julgado o nacional de país não submetido à jurisdição do Tribunal que praticar ato em território de Estado-parte. QUANTO À HIPÓTESE O Tribunal Penal Internacional atuará de forma subsidiária à justiça local. Assim, se cometido um crime por um indivíduo submetido à jurisdição do Tribunal for processado e julgado regularmente pela justiça do Estado Competente, o Tribunal Penal Internacional não irá atuar. O Tribunal atuará somente caso a justiça local seja omissa ou atue de forma fraudulenta para evitar a punição do indivíduo. Quando instaurado processo perante o Tribunal Internacional, o Estado responsável será noti�cado e terá prazo de um mês para que, se quiser, instaurar procedimento criminal perante as autoridades locais, ocasião em que poderá requerer a transferência do inquérito no Tribunal Penal Internacional para si. COOPERAÇÃO COM OS ESTADOS Os Estados-partes têm a obrigação de cooperar com o Tribunal Internacional. A cooperação visará sempre o bom andamento das investigações e processos que tramitem no Tribunal e envolvam o Estado. O Estatuto de Roma não de�niu quais os meios de cooperação, �cando a cargo de cada Estado, no momento da rati�cação do Estatuto, decidir qual a melhor forma de materializar a Cooperação. CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA Além do Tribunal Penal Internacional, existe também outro órgão judiciário internacional, a Corte Internacional de Justiça (também chamada de Tribunal Internacional de Justiça). Diferente do Tribunal Penal Internacional, a Corte Internacional de Justiça não é um órgão independente. A Corte é parte integrante das Nações Unidas. A participação no Tribunal é aberta a Estados que não sejam membros da ONU. A Corte é um órgão com competência para causas cíveis entre os Estados, não interferindo na competência do Tribunal Penal Internacional. Fonte: Zolnierek / Shutterstock ATIVIDADE Hugo, acusado de crime de genocídio contra a população de ciganos, está sendo investigado pela polícia brasileira. Por causa da complexidade do caso, a investigação se prolongou no tempo, de modo que ainda não foi proposta ação penal. Diante disso, Tarim, membro da comunidade cigana, insatisfeito com o fato de Hugo não ter sido julgado, procura o Tribunal Penal Internacional a �m de que Hugo possa ser processado e julgado perante a Corte Internacional por seus crimes. Qual a atitude a ser tomada pelo Procurador? Resposta Correta EXERCÍCIOS Questão 1: Sobre o Gabinete do Procurador, assinale a alternativa incorreta: a) Não integra o Tribunal Penal Internacional. b) Possui autonomia administrativa e funcional. c) É che�ado pelo Procurador com auxílio dos Procuradores Adjuntos. d) Deve manter, juntamente com a Secretaria, uma unidade de apoio a vítimas e testemunhas. e) É o órgão responsável por instaurar o inquérito para investigar crimes de competência do Tribunal Penal Internacional. Justi�cativa Questão 2: Qual dos órgãos não pertence ao Tribunal Penal Internacional? a) Seção de Instrução. b) Presidência. c) Conselho de Segurança. d) Secretaria. e) Seção de Recursos. Justi�cativa Glossário 124 PAÍSES Afeganistão; África do Sul; Albânia; Alemanha; Andorra; Antiga República Iugoslava da Macedônia; Antígua e Barbuda; Argentina; Austrália; Áustria; Bangladesh; Barbados; Bélgica; Belize; Benin; Bolívia; Bósnia e Herzegovina; Botswana; Brasil; Bulgária; Burkina Faso; Burundi; Cabo Verde; Camboja; Canadá; Chade; Chile; Chipre; Colômbia; Comores; Congo; Costa Rica; Côte d'Ivoire; Croácia; Dinamarca; Djibouti; Dominica; El Salvador; Equador; Eslováquia; Eslovênia; Espanha; Estônia; Fiji; Filipinas; Finlândia; França; Gabão; Gâmbia; Gana; Geórgia; Grécia; Grenada; Guatemala; Guiana; Guiné; Honduras; Hungria; Ilhas Cook; Ilhas Marshall; Irlanda; Islândia; Itália; Japão; Jordânia; Lesoto; Letônia; Libéria; Liechtenstein; Lituânia; Luxemburgo; Madagáscar; Malawi; Maldivas; Mali; Malta; Maurícia; México; Mongólia; Montenegro; Namíbia; Nauru; Níger; Nigéria; Noruega; Nova Zelândia; Países Baixos; Estado da Palestina; Panamá; Paraguai; Peru; Polônia; Portugal; Quênia; Reino Unido; República Centro- Africana; República Checa; República da Coréia (Coréia do sul); República da Moldávia; República Democrática do Congo; República Dominicana; República Unida da Tanzânia; Roménia; Samoa; Santa Lúcia; São Cristóvão e Nevis; São Marinho; São Vicente e Granadinas; Senegal; Serra Leoa; Sérvia; Seychelles; Suécia; Suíça; Suriname; Tajiquistão; Timor-Leste; Trinidad e Tobago; Tunísia; Uganda; Uruguai; Vanuatu; Venezuela e Zâmbia.
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