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Investigação - Coop. Investigativa Aula 10 - Exemplos Práticos INTRODUÇÃO Nesta aula, abordaremos alguns exemplos práticos a �m de melhor compreender o conteúdo ministrado. Analisaremos casos práticos de cooperação internacional. Observaremos a atuação do Ministério Público Brasileiro em conjunto com o Ministério Público da Suíça no contexto da Operação Lava Jato, bem como hipóteses de atuação da Interpol. OBJETIVOS Examinar casos de Cooperação Investigativa Internacional. POLÍCIA JUDICIÁRIA Estudamos a Polícia Judiciária e sua estrutura e constatamos que, eventualmente, ela atua em conjunto com polícias estrangeiras a �m de realizar treinamento de seus policiais, aprimorando as técnicas de investigação (Cooperação técnico-cientí�ca), e também com o intuito de realizar diligências investigavas para solucionar delitos (Cooperação operacional). COOPERAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA Em 2017, o Ministério da Justiça celebrou acordo internacional de cooperação com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Tal acordo visa aprimorar as técnicas de investigação utilizadas pela polícia brasileira. Pelo acordo, O�ciais da Polícia Americana virão ao Brasil para transmitir conhecimentos técnicos para os Delegados e Agentes de Policia Federal brasileiros. Os polícias brasileiros aprenderão a usar um sistema digital de rastreamento elaborado pelo Governo dos Estados Unidos. Eventualmente, policiais brasileiros são enviados aos Estados Unidos com o objetivo de realizar treinamentos junto ao FBI a �m de aprimorar as técnicas de investigação e combate ao mais diversos crimes. OPERAÇÃO LAVA A JATO Recentemente, na Operação Lava a Jato, foi de�agrada a operação Unfair Play, com o objetivo de desarticular um esquema de pagamento de propinas envolvendo a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Segundo investigações, teria ocorrido compra de votos para escolha da sede das Olimpíadas de 2016. Estariam envolvidos autoridades do Comitê Olímpico Internacional e agentes públicos e privados brasileiros que se bene�ciariam com os Jogos Olímpicos realizados na cidade do Rio de Janeiro. A �m de combater a Corrupção Internacional, a Operação Unfair Play contou com a cooperação de autoridades francesas. Foram cumpridas diligências simultaneamente em Paris, na França, e no município de Nova Iguaçu, no Estado do Rio de Janeiro. Além da cooperação com a França, o Brasil também solicitou cooperação dos Estados Unidos. MINISTÉRIO PÚBLICO Estudamos a estrutura do Ministério Público e suas funções institucionais, em especial a função investigativa. Aprendemos que, para aprimorar sua atuação em investigações, o Ministério Público mantém constante contato com entes estrangeiros visando o desenvolvimento jurídico e técnico de seus membros. Compreendemos que o Ministério Público pode atuar em conjunto com entidades estrangeiras com o �m de realizar diligências que visem apuração de um delito. COOPERAÇÃO TÉCNICA Em 2017, o então Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, celebrou com a UNAFEI, órgão internacional destinado a combate de crimes no continente asiático, acordo de cooperação. As partes assinaram Memorando de Entendimento com objetivo de intensi�car o intercâmbio entre as nações visando aprimoramento técnico-jurídico na área de combate à criminalidade, em especial à corrupção. Em 2008, também foi celebrado Memorando de Entendimento entre o Ministério Público brasileiro e a UNAFEI, com enfoque no combate às organizações criminosas transnacionais. A Cooperação entre esses órgãos visa o aprimoramento técnico e jurídico dos membros dos Ministérios Públicos asiáticos e o brasileiro. OPERAÇÃO LAVA JATO No contexto da Operação Lava Jato, o Ministério Público Federal celebrou diversos acordos de cooperação com estados estrangeiros. Podemos destacar a cooperação realizada com o Ministério Público da Suíça. Diversos agentes envolvidos em corrupção mantinham contas bancárias na Suíça para guardar dinheiro oriundo de crime, além de “lavar” esse dinheiro. O Ministério Público Suíço em conjunto com o Ministério Público Federal brasileiro desencadeou uma operação com o �m de investigar tais contas e movimentações �nanceiras. O Ministério Público Suíço fez um levantamento com mais de mil movimentações �nanceiras que tinham por objetivo “lavar” dinheiro desviado da Petrobras, além de bloquear bilhões em contas de pessoas e empresas investigadas. PODER JUDICIÁRIO Aprendemos sobre diversos meios de atuação do Poder Judiciário no cumprimento e na solicitação de diligências de caráter internacional. Examinamos que o Judiciário materializa grande parte dos pedidos de cooperação, realizando diligências necessárias e atendendo a solicitações por diversos meios. CARTA ROGATÓRIA Eventualmente, o Brasil recebe cartas rogatórias solicitando o cumprimento de diligências. Na Carta Rogatória 8.727 (https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/? componente=MON&sequencial=46916949&num_registro=201303798943&data=20150602&formato=PDF), o STJ determinou a identi�cação e a https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=MON&sequencial=46916949&num_registro=201303798943&data=20150602&formato=PDF localização de endereço de determinado indivíduo por meio da “quebra” de dados cadastrais em uma empresa brasileira de telecomunicações. Determinou também o interrogatório dos referidos indivíduos. Após apreciar a legalidade do pedido, o STJ atendeu à solicitação do pedido oriundo da justiça de Portugal. HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA No procedimento de homologação de sentença estrangeira 7.693 (https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/? componente=MON&sequencial=46916949&num_registro=201303798943&data=20150602&formato=PDF) o STJ deu e�cácia parcial à decisão da Justiça do Paraguai que homologou uma transação penal. O Superior Tribunal de Justiça fez somente uma ressalva quanto à parte da sentença que estava em desacordo com os requisitos para homologação da decisão. Graças à homologação, a solução de um crime feita pela justiça do Paraguai pôde produzir seus efeitos no Brasil. EXTRADIÇÃO Em 2013, Henrique Pizzolato foi condenado a 12 anos e 7 meses de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. Para não cumprir pena, Pizzolato fugiu para a Itália, onde foi capturado pela polícia italiana no inicio de 2014. Diante desse cenário, o governo brasileiro pediu sua extradição, tendo o pedido aceito. Henrique Pizzolato foi enviado pela Itália ao Brasil e passou a cumprir pena no Brasil. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal autorizou a Extradição de uma mulher de origem brasileira, mas que abriu mão de sua nacionalidade para se tornar cidadã dos Estados Unidos, que estava sendo investigada pela polícia dos Estados Unidos pelo assassinato do marido. A mulher extraditada já era considerada foragida quando foi capturada pela Policia Federal brasileira. A extradição é ato do Chefe de Estado, cabendo ao STF apenas julgar se ela é viável legalmente ou não. Sob esse aspecto temos o exemplo do Italiano Cesare Battisti. O Supremo Tribunal Federal autorizou a extradição do italiano, mas o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou o pedido de extradição. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL O Tribunal Penal Internacional é uma corte internacional permanente, que julga crimes que, por sua gravidade, transcendem as fronteiras de um único Estado, atraindo atenção internacional. Vimos que o Tribunal irá atuar em crimes de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. CRIME DE GUERRA Em 2011, o Tribunal Penal Internacional condenou o ex-general croata Ante Gotovina por crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos contra a população Sérvia na Croácia. Gotovina foi condenado a 24 anos de prisão pela morte e por tratamento degradante contra população civil e militares que haviam entregado suas armas em 1995. Vídeo. https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=MON&sequencial=46916949&num_registro=201303798943&data=20150602&formato=PDFCRIME CONTA A HUMANIDADE Em 2017, Senadores da Colômbia e do Chile foram ao Tribunal Penal Internacional para apresentar uma denúncia contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, por crimes contra a humanidade. Em documento entregue ao Gabinete do Procurador do Tribunal Penal Internacional, os Senadores acusam Maduro de crimes de tortura, segregação, ataques desmesurados a determinado segmento da população, homicídios seletivos, sequestros e deportações. GENOCÍDIO O Presidente Sudanês Omar al-Bashir foi acusado no Tribunal por crime de genocídio cometido contra os grupos étnicos dos Fur, os Masalit e Zaghawa de Darfur que, supostamente, foram vítimas de assassinatos, torturas e danos psicológicos ordenados pelo Presidente. Apesar de o Tribunal ter expedido ordens de prisão contra o presidente, o Sudão, que não é Estado Parte do Tribunal, se recusa cumpri-las. INTERPOL Aprendemos que a Interpol é o órgão internacional responsável pela centralização de informações sobre crimes e criminosos internacionais, além de promover o apoio do desenvolvimento das polícias de todo o mundo. A Interpol não possui um setor operacional. Essa tarefa é desempenhada pelas polícias de seus estados-membros. BASE DE DADOS INTERNACIONAIS A Interpol mantém uma base de dados internacionais sobre Exploração Sexual de Crianças (ICSE). As polícias dos diversos países-membros da organização possuem acesso ao sistema, e graças a ele tem identi�cado e capturado criminosos envolvidos na disseminação de material de exploração sexual via internet. Segundo a Interpol, mais de 10 mil crianças foram resgatadas de situação de exploração sexual graças a esse sistema. A Interpol mantém também um sistema chamado StAR-Interpol, criado em 2009, com o objetivo principal de combater a corrupção em paraísos �scais. O sistema é uma base de dados em funcionamento permanente e visa atender auxílios de grande urgência, quando a demora pode causar uma perda irreversível para a investigação. DESENVOLVIMENTO TÉCNICO Em 2017, foi realizado no Ceará um treinamento com Policiais Federais ministrado pela Interpol. O treinamento teve por objeto a capacitação de polícias para utilização do sistema integrado da Interpol, desenvolvido especi�camente para viabilizar a cooperação internacional, além de viabilizar o combate a crimes transnacionais, especialmente trá�co de drogas e pessoas e o uso de documentos falsos. A Interpol realizou, também em 2017, um treinamento de técnicas para o combate de terrorismo em redes sociais. O treinamento envolveu o�ciais da Jordânia, Tunísia, Líbano e Marrocos. CONCLUSÃO: CRIMES TRANSNACIONAIS E COOPERAÇÃO Todos os exemplos desta aula demonstram as diversas formas de crimes transnacionais. Crimes que são cometidos em determinado país, mas guardam provas em outros estados; quando determinado sujeito criminoso foge para outra país; quando o crime é cometido em mais de um território. Como vimos, são inúmeras possibilidades aptas a caracterizar a transnacionalidade de um delito. A Cooperação �ca bem delineada à medida que os países e organismos internacionais buscam a cada dia, em conjunto, meios de combater os delitos e de prestar assistência técnica e cientí�ca uns aos outros, a �m de que as investigações possam sempre alcançar o seu objetivo - elucidar o fato criminoso. ATIVIDADE Discorra sobre a Interpol. Resposta Correta EXERCÍCIOS Questão 1: Sobre a Extradição, marque a alternativa incorreta: a) É ato de Chefe de Estado. b) O Brasileiro nato não pode ser extraditado. c) É a entrega de pessoa condenada em processo criminal por um país a outro. d) É a entrega de pessoa com prisão decretada em investigação criminal por um país a outro. e) É a entrega de pessoa para cumprir pena no seu país de origem. Justi�cativa Questão 2: Sobre o Tribunal Penal Internacional, assinale a alternativa incorreta. a) Possui competência Subsidiária. b) Tem poder de expedir mandados de prisão. c) Pode eventualmente julgar indivíduos de países que não estejam sob sua jurisdição. d) É um órgão das Nações Unidas. e) Tem competência para julgar crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio. Justi�cativa Glossário Vídeo.
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