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Aula 10 Obtenção e análise de dados cinéticos Metodo Diferencial Cinética aplicada ao cálculo Reatores Químicos Prof. Dr. Jaiver E. Jaimes Figueroa Análise de dados pelo método diferencial Para delinear o procedimento utilizado no método diferencial de análise, vamos considerar uma reação isotérmica realizada em um reator batelada com volume constante, sendo a concentração do composto A medida como função do tempo. Combinando o balanço molar do componente A com a lei de velocidade, chegamos a: − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 = 𝑘𝐴𝐶𝐴 𝛼 Análise de dados pelo método diferencial Após tomar o logaritmo natural dos dois lados da equação, chegamos a: O coeficiente angular do gráfico de (ln(-dCA/dt)) como função de lnCA tem como coeficiente angular a ordem da reação química envolvida. A constante de velocidade kA pode ser determinada primeiro escolhendo um valor de concentração no gráfico (um valor CAp) e em seguida encontrando o valor correspondente de ((-dCA/dt)) na reta. A concentração escolhida para determinar o valor da derivada não precisa ser um valor medido. 𝑙𝑛 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 = 𝑙𝑛𝑘𝐴 + 𝛼𝑙𝑛𝐶𝐴 Análise de dados pelo método diferencial O comportamento gráfico seria: 𝑘𝐴 = −( 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡)𝑝 𝐶𝐴𝑝 𝛼 Para determinar o valor de kA, podemos utilizar a expressão ao lado: Análise de dados pelo método diferencial Para obter a derivada utilizada nesse gráfico, devemos diferenciar os dados concentração-tempo numericamente ou graficamente. Existem três métodos para realizar essa conta: • Diferenciação gráfica • Fórmulas de diferenciação numérica • Diferenciação do polinômio ajustado aos dados Aqui iremos verificar apenas o método de diferenciação gráfica. Método de diferenciação gráfica Esse é um método bastante antigo quando comparado com os métodos computacionais modernos. O método gráfico envolve plotar (-ΔCA/Δt) como função de t e então usar a diferenciação de áreas iguais para obter (-dCA/dt). Assim utilizando o método gráfico, podemos construir uma tabela com a seguinte estrutura: Tempo t0 t1 t2 t3 Concentração CA0 CA1 CA2 CA3 Derivada − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 0 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 1 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 2 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 3 Método de diferenciação gráfica De posse dos dados a ordem de reação pode ser determinada a partir de um gráfico de 𝑙𝑛 −𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 em função de lnCA, através do coeficiente angular. Tempo t0 t1 t2 t3 Concentração CA0 CA1 CA2 CA3 Derivada − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 0 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 1 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 2 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 3 𝑙𝑛 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 = 𝑙𝑛𝑘𝐴 + 𝛼𝑙𝑛𝐶𝐴 Exemplo – determinando a lei de velocidade A reação entre o cloreto de trifenil metano (tritil) (A) e metanol (B) é avaliada através do método diferencial. Os dados da tabela a seguir correlacionam concentração e tempo, sendo obtidos em um reator batelada. Exemplo – determinando a lei de velocidade DADOS: A concentração inicial do metanol era de 0,5 mol/dm3. Determine a ordem de reação em relação ao cloreto de trifenil metano. Tempo (min) 0 50 100 150 200 250 300 Concentração de A (mol/dm3) x103 50 38 30,6 25,6 22,2 19,5 17,4 Exemplo – determinando a lei de velocidade Passo 1: Postular uma lei de velocidade Passo 2:Trate os seus dados em termos de variável medida, nesse caso CA. Passo 3: Procure por simplificações, como no caso desse exemplo, temos que a concentração de metanol (B) é 10 vezes superior que a concentração de A, dessa forma podemos considerar a concentração de B como constante. Assim: −𝑟𝐴 = 𝑘𝐶𝐵0 𝛽 𝐶𝐴 𝛼 𝐶𝐵 = 𝐶𝐵0 −𝑟𝐴 = 𝑘 ′𝐶𝐴 𝛼 Exemplo – determinando a lei de velocidade Passo 4: Utilizando os passos normais de resolução dos problemas de ERQ: Balanço molar: Equação cinética: Desconsiderando a variação de volume em decorrência da reação química: − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 = 𝑘′𝐶𝐴 𝛼 𝑑𝑁𝐴 𝑑𝑡 = −𝑟𝐴𝑉 −𝑟𝐴 = 𝑘 ′𝐶𝐴 𝛼 Exemplo – determinando a lei de velocidade Tomando o logaritmo natural dos dois lados da equação: A partir dessa equação e dos dados fornecidos somos capazes de determinar o valor da ordem de reação em relação ao composto A. Passo 5: Determinar (-dCA/dt) como função de CA a partir dos dados de concentração e tempo. 𝑙𝑛 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 = 𝑙𝑛𝑘′ + 𝛼𝑙𝑛𝐶𝐴 Exemplo – determinando a lei de velocidade Passo 5.1. Aplicar o método gráfico – para essa avaliação é mais simples lidar com os dados em forma de tabela. Vamos avaliar o método de diferenciação numérica em relação a dados genéricos. Método de diferenciação gráfica por áreas iguais Existem muitas formas de diferenciar dados numéricos e dados representados em gráficos. Limitaremos a nossa discussão a técnica de diferenciação por áreas iguais. O procedimento pode ser simplificado de acordo com as seguintes etapas. 1 – Tabule as observações do tipo (xi, yi); 2 – Para cada intervalo, calcule Δxn = xn-xn-1 e Δyn = yn – yn-1; 3 – Determine o valor de Δyn/ Δxn como uma estimativa da inclinação média no intervalo que vai de xn-1 a xn; 4 – Plote esses valores em função de x. a partir desse gráfico determine a função que melhor se ajusta a esses pontos (normalmente exponencial) Método de diferenciação gráfica por áreas iguais 5 – A partir dos valores da função estime o comportamento dos pontos em relação a novos valores de x (não necessariamente precisam ser os mesmos dos dados experimentais); 6 – plote o gráfico de ln(-dCA/dt) (calculado) versus ln(CA) (experimental). Esse gráfico será uma reta com coeficiente angular representando a ordem de reação em relação ao componente em questão. Exemplo – determinando a lei de velocidade usando diferenciação ajustada pelo metodo exponencial Partindo dos dados fornecidos: Vamos construir a tabela para facilitar a determinação da derivada (- dCA/dt),essa derivada é determinada a partir do cálculo de –(ΔCA/Δt) Tempo (min) CA (mol/dm3) x 10 3 deltat delta CA deltaCA/deltat 0 = t0 50 = CA0 - - - 50 = t1 38 = CA1 (t2-t1) 50 (CA2-CA1) -12 0,00024 100 = t2 30,6 = CA2 50 -7,4 0,00015 150 25,6 50 -5 0,00010 200 22,2 50 -3,4 0,00007 250 19,5 50 -2,7 0,00005 300 17,4 50 -2,1 0,00004 Exemplo – determinando a lei de velocidade O próximo passo é realizar a construção do gráfico de –dCA/dt vs t. Exemplo – determinando a lei de velocidade A próxima etapa é determinar a partir da função ajustada, os valores de – dCA/dt para as unidades de tempo, isso pode ser conseguido através do gráfico ou através da função ajustada. A partir desses dados determinamos: tempo (min) -dCA/dt 0 0,000300 50 0,000211 100 0,000149 150 0,000105 200 0,000074 250 0,000052 300 0,000037 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 = 0,0003𝑒−0,007𝑡 A partir da função ajustada determinar os valores de –dCA/dt para construir o gráfico precisamos dos valores fornecidos de CA e determinar o ln dos dois casos. Exemplo – determinando a lei de velocidade Com os valores de CA podemos determinar: 𝑙𝑛 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 = 𝑙𝑛𝑘′ + 𝛼𝑙𝑛𝐶𝐴 tempo (min) -dCA/dt CAx10 -3 ln(-dCA/dt) lnCA 0 0,000300 0,05 -8,11173 -2,99573 50 0,000211 0,038 -8,46173 -3,27017 100 0,000149 0,0306 -8,81173 -3,48676 150 0,000105 0,0256 -9,16173 -3,66516 200 0,000074 0,0222 -9,51173 -3,80766 250 0,000052 0,0195 -9,86173 -3,93734 300 0,000037 0,0174 -10,2117 -4,05129 Exemplo – determinando a lei de velocidade A partir dos valores da tabela temos como determinar o gráfico linearizado do tipo: 𝑙𝑛 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 = 𝑙𝑛𝑘′ + 𝛼𝑙𝑛𝐶𝐴 Do gráfico linearizado observa-se que o valor do coeficiente angular é de 1,98, dessa forma podemos aproximar que a nossa reação é de segunda ordem em relação ao componente A. Exemplo – determinando a lei de velocidade Ainda do valor do gráfico podemos determinar o valor de k’: 𝑙𝑛 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 = 𝑙𝑛𝑘′ + 𝛼𝑙𝑛𝐶𝐴 O valor de k´ é : 0,1322 dm3/mol.min Exemplo – determinando a lei de velocidade Podemos ainda determinar o valor de k, lembrando que: Assumindo que a reação seja de primeira ordem em relação ao metanol: Assumindo que CB0 é constante e igual a 0,5 mol/dm 3, podemos determinar o valor de k. 𝑘′ = 𝐶𝐵0 𝛽 𝑘 𝑘′ = 𝐶𝐵0 𝛽 𝑘 = 𝐶𝐵0𝑘𝑘 = 𝑘′ 𝐶𝐵0 = 0,122 0,5 = 0,244 𝑑𝑚3 𝑚𝑜𝑙 2/𝑚𝑖𝑛 Exemplo – determinando a lei de velocidade Mas poderíamos tomar um caminho ligeiramente diferente na determinação da função para derivada, caso isso fosse feito, teríamos um ajuste polinomial, por exemplo, do tipo: Exemplo – determinando a lei de velocidade Ao mudar a expressão de ajuste mudamos os valores da derivada determinada, assim: tempo (min) -dCA/dt CAx10 -3 ln(-dCA/dt) lnCA 0 0,000300 0,05 -8,11173 -2,99573 50 0,000210 0,038 -8,4684 -3,27017 100 0,000140 0,0306 -8,87387 -3,48676 150 0,000090 0,0256 -9,3157 -3,66516 200 0,000060 0,0222 -9,72117 -3,80766 250 0,000050 0,0195 -9,90349 -3,93734 300 0,000060 0,0174 -9,72117 -4,05129 𝑦 = 4.10−9𝑡2 − 2.10−6 𝑡 + 0,0003 Exemplo – determinando a lei de velocidade Com esses dados obtemos o seguinte gráfico linearizado: 𝑙𝑛 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 = 𝑙𝑛𝑘′ + 𝛼𝑙𝑛𝐶𝐴 Do gráfico linearizado observa-se que o valor do coeficiente angular é de 1,79. Exemplo – determinando a lei de velocidade Com esses dados obtemos o seguinte gráfico linearizado: 𝑙𝑛 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 = 𝑙𝑛𝑘′ + 𝛼𝑙𝑛𝐶𝐴 O valor de k’ é de: 0,06654 dm3/mol.min Exemplo – determinando a lei de velocidade Dessa forma: Partindo do ajuste polinomialPartindo do ajuste exponencial Exemplo – determinando a lei de velocidade Dessa forma: 𝑙𝑛 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 = 𝑙𝑛𝑘′ + 𝛼𝑙𝑛𝐶𝐴 O valor da ordem da reação em relação a A foi de 1,79. O valor de k’ é de: 0,06654 dm3/mol.min Partindo do ajuste polinomialPartindo do ajuste exponencial 𝑙𝑛 − 𝑑𝐶𝐴 𝑑𝑡 = 𝑙𝑛𝑘′ + 𝛼𝑙𝑛𝐶𝐴 O valor da ordem da reação em relação a A foi de 1,98. O valor de k’ é de: 0,1322 dm3/mol.min Questão da aula Refaça a questão da aula passada dessa vez utilizando o método diferencial de análise de dados. Exemplo O reagente A se decompõe em um reator batelada conforme representado na equação abaixo: A composição de A no reator foi medida em vários tempos, sendo os resultados apresentados na Tabela abaixo. Verifique se essa reação segue cinética de primeira ou segunda ordem. 𝐴 → 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 Tempo (s) Concentração CA, mol/L 0 10 20 8 40 6 60 5 120 3 180 2 300 1
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