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Autoria: Carolina Freitas - Revisão técnica: André Abdala Economia industrial, da tecnologia e inovação UNIDADE 1 - EVOLUÇÃO TEÓRICA E HISTÓRICA DA ECONOMIA INDUSTRIAL Caro (a) estudante, nesta unidade, vamos ter contato com os conceitos e o início da evolução histórica da economia industrial, fato que ocorreu devido à Primeira Revolução Industrial, no período do século XVIII. Até anteriormente, o processo produtivo de mercadoria era realizado apenas por trabalhadores, sendo a utilização de máquinas algo inviável. Mas antes de entendermos quais foram as causas e as consequências que levaram à introdução da Primeira Revolução Industrial, vamos compreender o verdadeiro conceito de indústria, sua evolução histórica, suas inovações tecnológicas e como elas se mantêm no meio industrial. Podemos lembrar do conceito principal da economia – demanda e oferta (curto prazo) – para entendermos como o processo evolutivo da indústria ocorreu. No conceito evolutivo industrial, inicialmente, teóricos como Adam Smith (criador da teoria da mão invisível), David Ricardo e Ronald Coase enfatizavam a teoria clássica e neoclássica, cujo mercado é baseado nos preceitos da concorrência perfeita e no monopólio. Adam Smith tinha como proposta o comércio exterior, isto é, o comércio de mercadorias entre países, por conta das vantagens e desvantagens de produção de cada um. Vamos trazer também a teoria proposta por Schumpeter, que procurou enfatizar a inovação como uma oportunidade para a produção de bens e serviços. A teoria neosschumpeteriana busca enfatizar o crescimento e o desenvolvimento das corporações. O êxito econômico advindo dessa teoria replica a importância de inovar para que ocorra bonança para o empreendedor e a empresa consiga sobreviver para continuar seus meios de produção. Além disso, vamos estudar as inovações para compor as pesquisas e desenvolvimento (P&D), por meio do Manual Frascati, as teorias que compõem os conceitos e a importância da inovação no meio industrial. Vamos começar? Bons estudos! Introdução 1.1 Conceito de indústria e evolução histórica A economia industrial é conhecida por tentativas de conceituar indústria e mercado a partir da abordagem neoclássica, sendo que essa é marcada pelas estruturas de mercado da concorrência perfeita e do monopólio. O mercado é levado em consideração, principalmente a demanda, a oferta e seu equilíbrio, tornando-o um conceito de indústria estreito e delimitado visto pelo aspecto neoclássico. Veja, a seguir, uma definição para indústria. É definida por um grupo de empresas canalizadas para a produção de mercadorias que possam ser substitutas próximas entre si, guarnecidas em um determinado mercado. Indústria Conforme Kupfer e Hasenclever (2013), pode-se dizer que o padrão estipulado por uma empresa depende de como é a visão de funcionamento do sistema econômico desenvolvido por teorias. É importante pensar como as teorias retratam essas organizações, pois elas possuem influência direta sobre o arcabouço teórico da empresa. Com o surgimento da teoria neoclássica – que não expressa o agente empresa – estão presentes as seguintes classes sociais: trabalhadores, proprietários de terras e capitalistas, contemplando a empresa capitalista como um agente em progresso. A escola clássica tem como objetivo a acumulação de capital em uma esfera competitiva. E ao propor essa esfera competitiva, foram criadas as leis de rendimentos, com o escopo da ampliação da produtividade vistas pela unidade individual de produção ou em conjunto. Adam Smith propôs a teoria quanto maior a produção, maior a divisão do trabalho (lei de rendimentos crescentes). Já David Ricardo, ao contemplar a visão da agricultura, criou a lei de rendimentos decrescentes, por compreender a terra como um recurso para a expansão da atividade produtiva e pelo acréscimo da população e demanda de alimentos, apresentando como fator principal a fertilidade dessas terras (KUPFER; HASENCLEVER, 2013). Já Léon Walras introduziu a versão do equilíbrio geral, em que uma empresa aparece como demandante de serviços e ofertantes no mercado de bens. As rendas são contribuídas em lucros do capital, salário da mão de obra empregada e renda de recursos naturais. #PraCegoVer: imagem com vários pequenos rolamentos industriais na cor prata. Não distante da teoria neoclássica, Ronald Coase propôs que as empresas são como instituições que possuem a preferência de contratação em vínculo duradouro a uma contratação por renovação de fatores de mercado. O que isso significa? Ao contratar capital e mão de obra, a empresa, em vez de realizar uma contratação de um autônomo para tal serviço, opta por um vínculo duradouro da mão de obra com a empresa. Esse vínculo empregatício pode gerar benefícios para os dois lados, pois existe uma redução de custos de transação ao manter a mão de obra quando comparado com a dispensa recorrente a cada utilização de serviços dos fatores de produção. A teoria gerada por Coase leva a problemas de ineficiência gerencial conforme o número de fatores contratados pela hierarquia cresce, fazendo com que a economia de custos de transação seja contrabalançada por deseconomias da ineficiência gerencial. Porém, ao tomar o problema alocativo como o principal e fazer uso do cálculo racional e da análise marginal no tamanho da empresa em que se maximiza lucros, a teoria de Coase tornou-se um desenvolvimento teórico em relação à abordagem neoclássica. Figura 1 - O conceito de indústria é o de empresas que produzem mercadorias para determinado mercado Fonte: Maxx-Studio, Shutterstock, 2021. Você o conhece? Alfred Marshall também empregou sua visão de empresa como instituição para a direção neoclássica, para a análise do equilíbrio parcial da teoria microeconômica. Caso a empresa possua qualidades que venham a selecionar no ambiente, ela se desenvolve conforme o ciclo de vida, em que se inicia e sobrevive, dado que a empresa precisa resolver os empecilhos ao crescimento, produção e comercialização de bens e serviços. A teoria marshalliana explica que as empresas não podem manter para sempre as vantagens do seu tamanho, pois conforme o passar de gerações, a empresa pode vir a perder a robustez de gerência. Segundo Kupfer e Hasenclever (2013), a contribuição de Marshall advém da mudança permanente em um ambiente, seja esse composto das inovações temporais ou da introdução de mudanças na produção, administração ou comercialização em um ambiente empresarial competitivo. Assim como outras correntes tradicionais neoclássicas, a teoria gerencialista não aceita o processo de maximização do lucro como fator para a tomada de decisão de uma empresa. Esse modelo tem a introdução da representação do gerente profissional, aquele que possui a tomada de decisão não somente por lucros como também por carreiras, empregos e oportunidades de melhores remunerações. Composta pela contemporaneidade, a teoria neosschumpeteriana tem como arcabouço a empresa que possui o agente que acumula capacidades organizacionais. Essa corrente apresenta a qualificação perante rotinas, ou seja, as empresas se comportam de acordo com as rotinas empregadas pela experiência (PAIVA et al., 2018). Quando colocada em pauta, as rotinas mostram problemas primários de comportamento das empresas, em que as máquinas e os manuais de instruções não são suficientes, pois a empresa não é uma planta de custos variáveis, as rotinas contêm produção, transmissão e interpretação das informações, seja do ambiente externo ou interno da organização. Pode-se dizer, então, que a teoria neosschumpeteriana propõe a relação da rotina e inovação, ressaltando que o comportamento das empresas pode se modificar conforme o tempo, como, por exemplo, problemas de rotinas, introdução de inovações ou adaptações (KUPFER; HASENCLEVER, 2013). Ronald Coase (1910-2013) foi um economista britânico que trouxe fortes contribuições para a microeconomia e economia industrial ao tratar da importância dos custos de transação. Seus estudos geraram bons frutos e lhe trouxe o prêmio Nobelde Economia em 1991. Eficiência seletiva: uma perspectiva neosschumpeteriana evolucionária sobre questões econômicas normativas Ano: 2004 Autor: Mario Luiz Possas Comentário: neste artigo, você verá um campo quase desconsiderado na economia evolucionária neosschumpeteriana: a teoria normativa e as questões de política de concorrência. Acesse (https://www.scielo.br/pdf/rep/v24n1/1809-4538- rep-24-01-77.pdf) Você quer ler? https://www.scielo.br/pdf/rep/v24n1/1809-4538-rep-24-01-77.pdf 1.2 Inovação tecnológica no segmento industrial e padrões de competição Instaurado por Schumpeter, a economia da inovação – parte da economia industrial – aborda que as inovações provocam fraturas no sistema econômico e nas indústrias, levando a uma metamorfose produtiva e gerando diferenciações para as corporações (PAIVA et al., 2018). O processo de inovação, desde o surgimento da indústria, advém do investimento em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e na inclusão de resultados de seus produtos e organização. A mudança tecnológica acontece quando uma empresa é capaz de produzir determinada mercadoria por meio de um novo método ou insumo. Mas, então, como podemos nos referir às atividades P&D? Elas são as pesquisas básicas, aplicadas e de desenvolvimento experimental, para enfatizar quais são as normas e regras estabelecidas pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a partir do Manual Frascati. #PraCegoVer: imagem traz, ao centro, ilustração de uma lâmpada acesa, que está dividida em quadrados, como se fosse um quebra-cabeça. Ao redor, estão seis mãos de pessoas, que tocam as peças que formam a ilustração. Outras instituições nacionais podem vir a contribuir com a inovação tecnológica, como, por exemplo, as universidades, os institutos públicos de pesquisa, as agências públicas e privadas e o sistema de educação. Você sabia? Figura 2 - A economia da inovação produz novos conhecimentos Fonte: Gajus, Shutterstock, 2021. Antes de explicar o que está inserido no Manual Frascati, vamos compreender o arcabouço das pesquisas P&D. Entende-se por pesquisa básica, os trabalhos teóricos e experimentais que procuram compreender os acontecimentos e as ocorrências da natureza, sem uma aplicação em específico. Diferentemente, a pesquisa aplicada possui classificação nas investigações originais com a intenção de introduzir os novos conhecimentos às atividades práticas. O desenvolvimento experimental é a comprovação da acessibilidade técnica de novos produtos, processos ou aperfeiçoamentos, dado a partir do conhecimento obtido de forma empírica. Conforme trazem Kupfer e Hasenclever (2013), a inovação possui um ciclo de três estágios. Vamos conhecê-los. Isso posto, o Manual Frascati tem como destaque a padronização do conjunto de indicadores, entre eles: o número de pessoas empregadas em P&D, as horas trabalhadas e as despesas das atividades (mão de obra, insumos e capital físico), número de patentes, resultado empresarial, receitas das novas produções dos últimos cinco anos. Devido ao fato de o Manual Frascati registrar apenas as atividades P&D realizadas de maneira organizada e continuada, é possível expor alguns impasses em relação aos estudos empíricos (KUPFER; HASENCLEVER, 2013). Invenção Está diretamente relacionada ao processo criativo para a origem de algo que até anteriormente seria inexistente. Para isso, são utilizadas fontes de conhecimentos novas ou já existentes. Como resultado da invenção, o processo pode ser patenteado. Inovação Corresponde à introdução de outras alterações denominadas de difusão das inovações. Essas alterações são incluídas nas mercadorias de forma inovadora, a fim de aprimorar as necessidades dos usuários. Imitação ou difusão É associada à introdução de melhorias dos bens e serviços prestados aos consumidores, com o intuito de uma melhoria por meio da inovação. A falta de informação sobre as despesas referentes somente às atividades de P&D, que podem vir a ocorrer nos processos de aprendizagem, que são os usos de máquinas e equipamentos. Outras fontes de inovação tecnológica são fundamentais, assim como as advindas das empresas, como, por exemplo, as pesquisas desenvolvidas nas universidades. O descontentamento dos indicadores P&D provocam discussões para a ciência, tecnologia e inovação para que ocorra uma visão com menor simplicidade e mais sistêmica ao processo de inovação. A sugestão é a inclusão de novos indicadores, como, por exemplo, em relação ao marketing interior da empresa, produção e atividades P&D que exibem que o processo de inovação não termina no departamento do P&D, mas emitem para todos os fornecedores e usuários da empresa. Kupfer e Hasenclever (2013) apontam que as melhorias no processo de produção e inovação estão envolvidas em um conjunto em que estão inseridos: máquinas, equipamentos, novos materiais, métodos de produção, designs funcionais e técnicos, marketing, logística e design estético. Além disso, referente à economia da inovação, são apresentados dois modelos com fortes divergências em relação à natureza do processo inovativo e das conclusões. O primeiro modelo foi formulado inicialmente por Kenneth Arrow, em 1962, e possui abordagem neoclássica. Em sua teoria, Arrow parte do pressuposto neoclássico que o conhecimento é um bem e todos os agentes econômicos são capazes de obtê-lo de maneira igual e sem custos, devido aos investimentos passados. Outro pressuposto é que as únicas estruturas de mercado existentes são a concorrência perfeita e o monopólio. A problemática da teoria de Arrow está na motivação da empresa para investir em P&D ao considerar as características das estruturas de mercado, pois para que a empresa tome essa decisão é necessário que a inovação tecnológica seja atrativa a ponto de para ter financiamento e garantir o rendimento. Isso posto, quando a empresa possui uma estrutura de monopólio, automaticamente garante à empresa o sobrelucro, assim a inovação tecnológica só é viável quando houver uma redução de custos substancial. Em contrapartida, em uma estrutura de concorrência perfeita – que não consegue fixar preços para acrescer o lucro – tem como solução a inserção de inovações para evitar a entrada de novas empresas. #PraCegoVer: imagem traz moedas, organizadas em pilhas, que estão em cima de uma folha de papel, contendo um gráfico, com linhas irregulares. Próxima às moedas também há uma caneta. Ao descrever os resultados obtidos pelas pesquisas, a partir do número total de patentes, eleva-se a propensão à inovação em comparação a propensão a investir. Isso ressalta que as tecnologias empregadas podem elevar os ativos rentáveis além do patenteamento. Figura 3 - A inovação tecnológica precisa garantir o lucro para ter investimentos da empresa Fonte: EM Karuna, Shutterstock, 2021. Distintivamente, o segundo modelo procurou seguir as teorias inicialmente propostas por Penrose e Alchian, na década de 1950. O arcabouço teórico dessa teoria está baseado na análise do desempenho industrial, nas interações das estruturas de mercado e progresso tecnológico. Assim, as corporações buscam técnicas como uma forma alternativa de aumentar a rentabilidade, pois as formas antigas de atividades levam, consequentemente, à falência. Se levar em conta que muitas vezes as empresas não respondem da mesma maneira aos sinais do mercado, quando uma empresa opta pela inovação ou por imitar rapidamente, possui maior probabilidade de dominar a indústria, sendo que para esse modelo teórico há dois tipos de comportamentos: a inovação e a imitação. Em teoria, é apresentado que as empresas nem sempre apresentam em suas políticas os procedimentos de maximização, pois ao investirem em P&D não é possível saber se serão bem-sucedidas ou não, e nem de conhecerem o nível de P&D que foi inovado ou imitado. Isso posto, somente a direção dos acontecimentos pode revelar se a estratégia tomada teve êxito. Shirley Ann Jackson é conhecida como a primeira mulher negra a possuir a titulação de doutorado em Física, em 1973, peloInstituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). A partir de seus estudos, se chegou à inovação tecnológica de cabos de fibra óptica, o gerou como consequência o processo de produção de telecomunicações (RENSSELAER, 2021). Você o conhece? Uma ótima indicação para você compreender a área da microeconomia é o documentário Freakonomics (2010), que analisa os aspectos econômicos de várias situações e responde a questões como: quais são os verdadeiros interesses de um agente imobiliário? O nome de uma pessoa influi em seu sucesso profissional? Você quer ver? Teste seus conhecimentos (Atividade não pontuada) Os trechos abaixo refletem as sínteses expostas pelas teorias propostas por Adam Smith e Joseph Schumpeter. Em notoriedade, Smith vem a criticar a teoria mercantilista em sua obra A riqueza das nações (1776). Diferentemente, Schumpeter na obra Teoria do Desenvolvimento Econômico (1911) exibe que a inovação está ligada à produção e ao consumo de mercadorias. I. A gestão de curto prazo da demanda e oferta (modelo capitalista de produção) possui uma limitação em relação à conquista de novos mercados e inovação. O modelo de novas tecnologias só foi considerado a partir do momento em que essas tecnologias foram incorporadas ao crescimento econômico, isto é, inseridas no modelo capitalista de geração de riqueza. II. Joseph Schumpeter inseriu a importância da inovação ao método de produção do sistema capitalista. A teoria neosschumpeteriana apresenta a inovação como uma forma de preservar o desenvolvimento econômico e a capacidade de produção das empresas. Esses estudos mostraram apenas de maneira teórica a relação entre a inovação e o desempenho. III. Adam Smith, ao diferir sua teoria capitalista de produção das teorias mercantilistas, tinha como proposta que a riqueza de uma nação deveria advir do comércio internacional, ou seja, das trocas de produção entre os países, devido às desvantagens e vantagens de produção de cada país. IV. Adam Smith, conhecido como o pai da teoria clássica, introduziu as teorias que regem a demanda, a oferta e a mão invisível. Os preceitos de Smith vieram a corroborar com os entendimentos do processo de revolução industrial. CERQUEIRA, H. E. A. da G. Adam Smith e o surgimento do discurso econômico. Brazil. J. Polit. Econ., São Paulo, v. 24, n. 3, p. 433-453, set. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rep/v24n3/1809-4538-rep-24-03-433.pdf (https://www.scielo.br/pdf/rep/v24n3/1809-4538-rep-24-03-433.pdf). Acesso em: 13 jan. 2021. SANTOS, A. B. A dos; FAZION, C. B.; MEROE, G. P. S. de. Inovação: um estudo sobre a evolução do conceito de Schumpeter. Caderno de Administração, São Paulo, v. 5, n. 1, 2011. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/caadm/article/view/9014/6623 (https://revistas.pucsp.br/index.php/caadm/article/view/9014/6623). Acesso em: 13 jan. 2021. Considerando as informações acima, assinale a alternativa com as afirmativas corretas. a. I e II. b. II, III e IV. c. I, II e IV. d. I, III e IV. e. III e IV. Verificar 1.3 Causas e consequências da Primeira Revolução Industrial A Primeira Revolução Industrial é um marco histórico na sociedade mundial e se refere às primeiras mudanças no trabalho industrial, que surgiram no período de 1760 a 1850. O primeiro território a passar pelas consideráveis mudanças por conta das intervenções das máquinas foi a Grã-Bretanha, pois sua produção com o uso de maquinário era em um volume maior quando comparado ao trabalho manual. As primeiras máquinas eram da área de fiação e tecelagem (LIMA; OLIVEIRA NETO, 2017). https://www.scielo.br/pdf/rep/v24n3/1809-4538-rep-24-03-433.pdf https://revistas.pucsp.br/index.php/caadm/article/view/9014/6623 #PraCegoVer: imagem, em preto e branco, traz três pessoas trabalhando em máquinas de tecer. Inicialmente, a mão de obra empregada para a fabricação de bens não tinha distinção, eram homens, mulheres e crianças que utilizavam da força física para operacionalizar as máquinas hidráulicas e a vapor. A forte transformação que foi a Revolução Industrial levou a substituição da energia da mão de obra pela energia não humana e consolidou a existência de duas classes sociais. A Revolução Industrial inglesa trouxe consequências, entre elas a antecipação, quando comparada a outros países europeus, da acumulação primitiva de capital (composta pelos meios de produção, comércio e finanças) para uma porcentagem pequena da população, o que seria investido em inovação para montagens de fábricas e mão de obra. Figura 4 - O uso de máquinas de tecer foi uma das transformações da Primeira Revolução Industrial Fonte: Everett Collection, Shutterstock, 2021. Constituída por proprietários e exploradores do meio de produção. Constituídos pela mão de obra que vende sua força de trabalho. Burguesia Trabalhadores livres John Birley nasceu em Londres em 1905. Aos 5 anos, ficou órfão e logo começou a trabalhar em uma fábrica. Em entrevista ao jornal The Ashton Chronicle, em maio de 1849, ele conta sobre sua experiência. “Nosso período regular de trabalho ia das cinco da manhã até as nove ou dez da noite. No sábado, até às onze, às vezes meia-noite, e então éramos mandados para a limpeza das máquinas no domingo. Não havia tempo disponível para o café da manhã e não se podia sentar para o jantar ou qualquer tempo disponível para o chá da tarde. Nós íamos para o moinho às cinco da manhã e trabalhávamos até às oito ou nove horas quando vinha o nosso café, que consistia em flocos de aveia com água, acompanhado de cebolas e bolo de aveia tudo amontoado em duas vasilhas. Acompanhando o bolo de aveia vinha o leite. Bebíamos e comíamos com as mãos e depois voltamos para o trabalho sem que pudéssemos nem ao menos nos sentar para a refeição” (MACHADO, 2006). Devido à acumulação primitiva de capital, foi então formado e unificado o Estado Nacional, a partir da derrubada de reis absolutistas e ascensão da burguesia no poder. Além disso, o Estado inglês exerceu critérios para maior interação no mercado internacional e metamorfoses agrárias, aumentando o êxodo rural e o número de mão de obra. Em consequência, a política do Estado inglês para a agropecuária trouxe o fim da propriedade feudal, pois a inserção de novas formas de produção levou o setor a atender à demanda em formação, que crescia fortemente em curto prazo. Além da contribuição agropecuária, a economia se envolveu na construção de portos, equipamentos de frota, estradas e na defesa da propriedade privada dos meios de produção, característica principal do capitalismo (LIMA; OLIVEIRA NETO, 2017). A Revolução Industrial também chegou ao setor de transformação, em que muitos artesãos se viram diante de uma perda significativa da concorrência para as fábricas, que possuíam novas formas, técnicas e disciplinas para aplicar ao trabalho e à mercadoria. Essas novas técnicas determinaram ao trabalhador onde, como e quando ele deveria trabalhar, além de que a força motriz passou a ser eólica ou hidráulica, e logo depois a vapor, deixando, portanto, de se utilizar da força humana. Em compensação, o trabalhador começou a perder o controle do tempo no processo produtivo advindo do proprietário do capital. Esse processo produtivo trouxe como consequência ao trabalhador livre a alienação, a indiferença em relação à vida real. Entre os fatores que colaboraram com a Primeira Revolução Industrial destacam-se os recursos naturais, como as reservas de ferro e carvão, movimentando o desenvolvimento da siderurgia, importante para a produção de máquinas e instrumentos. Porém, a existência de recursos naturais não levaria a produção maximizada de bens, só sendo possível com a expansão e o controle do mercado internacional pela Inglaterra. Caso Uma ótima crítica de como se deu a produção na Revolução Industrial é o filme de Charles Chaplin Tempos Modernos (1936). O icônico vagabundo está empregado em uma fábrica, onde as máquinas inevitavelmente o dominam e vários Você quer ver? Outra causa significativa da Revolução Industrial foi a controle do mercadointernacional, que levou a uma exploração das colônias no século XVIII, principalmente do mercado de algodão e do tráfico de escravos, que financiaram as transformações do setor produtivo e promoveram o acúmulo de capital da burguesia. Pode-se dizer que o desenvolvimento da industrialização entre o período de 1760-1850 não ocorreu de forma homogênea, pois a introdução de novos métodos de produção levou a substituição da força de trabalho (indivíduos) pelo trabalho de máquinas que no futuro viriam a trazer mais revoluções, tornando- se uma característica fundamental do capitalismo e levando ao surgimento de inovações tecnológicas. percalços o levam para a prisão. Entre suas passagens pela prisão, ele conhece e faz amizade com uma garota órfã. Ambos, tentam lidar com as dificuldades da vida moderna. Teste seus conhecimentos (Atividade não pontuada) Leia o trecho a seguir. “As origens da Revolução Industrial [...] são complexas e diversas, uma vez que abarca um amplo debate histórico sobre a gênese, evolução e resultados finais desse processo. O mundo assistiu a uma transformação ampla e profunda na sociedade, em que a produção deixou de ser agrária e de manufatura para se transformar numa economia industrial fundamentada em métodos, princípios e práticas capitalistas, caracterizado pelo vertiginoso crescimento populacional e constante migração do homem do campo para a cidade” (LIMA; OLIVEIRA NETO, 2017, p. 103-104). LIMA, E. C. de; OLIVEIRA NETO, C. R. Revolução Industrial: considerações sobre o pioneirismo industrial inglês. Revista Espaço Acadêmico, Maringá, v. 17, n. 194, p. 102-113, 2017. Disponível em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/download/32912/19746/ (http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/download/32912/19746/). Acesso em: 13 jan. 2021. O texto discute a importância da Primeira Revolução Industrial em relação ao aspecto estrutural, industrial, social e para as economias em geral. O texto permite concluir que: a. O processo da primeira Revolução Industrial se deu no Brasil no século XVIII. b. O processo de produção, na primeira Revolução Industrial, continuou a ser realizado apenas por trabalhadores. c. A Grã-Bretanha reduziu consideravelmente sua produção durante o século XVI. d. A Revolução Industrial ocorreu em muitos setores, exceto no setor agrário na Inglaterra. e. A primeira Revolução Industrial ocorreu apenas no território da Grã-Bretanha. Verificar http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/download/32912/19746/ A indústria mostra por meio de fatos históricos a sua metamorfose de inovação no processo produtivo, como também a tecnologia imposta no produto. A Primeira Revolução Industrial foi um marco para o crescimento econômico da Inglaterra e a causa para que outros países procurassem também o crescimento. Considerando o apontado, procure filmes que mostrem a época da Primeira Revolução Industrial e faça uma reflexão sobre a realidade do trabalhador e da burguesia nesse contexto. Vamos Praticar! Nesta unidade, você pôde compreender os estudos iniciais da economia industrial, desde os primórdios da história e de como os acontecimentos ocorreram. Além disso, foi abordado o importante marco histórico industrial, a Primeira Revolução Industrial, suas causas e efeitos mundiais. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: Conclusão entender o conceito dado pelas teorias neoclássicas que envolvem a evolução histórica da produção; compreender as teorias que abrangem a inovação e a importância de inserir inovação no processo produtivo à globalização; identificar e captar os fatores, causas e consequências que levaram a Primeira Revolução Industrial e como esta ecoou ao mundo; analisar o marco histórico da humanidade que foi o início da industrialização mundial. CERQUEIRA, H. E. A. da G. Adam Smith e o surgimento do discurso econômico. Brazil. J. Polit. Econ., São Paulo, v. 24, n. 3, p. 433-453, set. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rep/v24n3/1809-4538-rep-24-03-433.pdf (https://www.scielo.br/pdf/rep/v24n3/1809-4538-rep-24-03- 433.pdf). Acesso em: 13 jan. 2021. Referências https://www.scielo.br/pdf/rep/v24n3/1809-4538-rep-24-03-433.pdf FREAKONOMICS. Direção: Heidi Ewing; Alex Gibney; Seth Gordon; Rachel Grady; Morgan Spurlock; Eugene Jarecki. Produção: Chad Troutwine; Chris Romano; Dan O'Meara. Santa Monica, Califórnia: Chad Troutwine Film, 2010. 1 DVD (93 min). KUPFER, D.; HASENCLEVER, L. Economia industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. LIMA, E. C. de; OLIVEIRA NETO, C. R. Revolução Industrial: considerações sobre o pioneirismo industrial inglês. Revista Espaço Acadêmico, Maringá, v. 17, n. 194, p. 102-113, 2017. Disponível em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/download/32912/197 46/ (http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/download/32912/19 746/). Acesso em: 13 jan. 2021. MACHADO, J. L. de A. As condições de trabalho na Revolução Industrial. Acervo educacional Planneta Educação, São José dos Campos, 2006. Disponível em: https://acervo.plannetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=504 (https://acervo.plannetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=504). Acesso em: 18 jan. 2021. PAIVA, M. S. de et al. 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