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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL Professor Me. Henrique Lacerda Nieddermeyer Reitor Márcio Mesquita Serva Vice-reitora Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva Pró-Reitor Acadêmico Prof. José Roberto Marques de Castro Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva Pró-reitor Administrativo Marco Antonio Teixeira Direção do Núcleo de Educação a Distância Paulo Pardo Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico B42 Design *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Universidade de Marília Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001 CEP 17.525–902- Marília-SP Imagens, ícones e capa: ©freepik, ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia BOAS-VINDAS Ao iniciar a leitura deste material, que é parte do apoio pedagógico dos nossos queridos discentes, convido o leitor a conhecer a UNIMAR – Universidade de Marília. Na UNIMAR, a educação sempre foi sinônimo de transformação, e não conseguimos enxergar um melhor caminho senão por meio de um ensino superior bem feito. A história da UNIMAR, iniciada há mais de 60 anos, foi construída com base na excelência do ensino superior para transformar vidas, com a missão de formar profissionais éticos e competentes, inseridos na comunidade, capazes de constituir o conhecimento e promover a cultura e o intercâmbio, a fim de desenvolver a consciência coletiva na busca contínua da valorização e da solidariedade humanas. A história da UNIMAR é bela e de sucesso, e já projeta para o futuro novos sonhos, conquistas e desafios. A beleza e o sucesso, porém, não vêm somente do seu campus de mais de 350 alqueires e de suas construções funcionais e conectadas; vêm também do seu corpo docente altamente qualificado e dos seus egressos: mais de 100 mil pessoas, espalhados por todo o Brasil e o mundo, que tiveram suas vidas impactadas e transformadas pelo ensino superior da UNIMAR. Assim, é com orgulho que apresentamos a Educação a Distância da UNIMAR com o mesmo propósito: promover transformação de forma democrática e acessível em todos os cantos do nosso país. Se há alguma expectativa de progresso e mudança de realidade do nosso povo, essa expectativa está ligada de forma indissociável à educação. Nós nos comprometemos com essa educação transformadora, investimos nela, trabalhamos noite e dia para que ela seja ofertada e esteja acessível a todos. Muito obrigado por confiar uma parte importante do seu futuro a nós, à UNIMAR e, tenha a certeza de que seremos parceiros neste momento e não mediremos esforços para o seu sucesso! Não vamos parar, vamos continuar com investimentos importantes na educação superior, sonhando sempre. Afinal, não é possível nunca parar de sonhar! Bons estudos! Dr. Márcio Mesquita Serva Reitor da UNIMAR Que alegria poder fazer parte deste momento tão especial da sua vida! Sempre trabalhei com jovens e sei o quanto estar matriculado em um curso de ensino superior em uma Universidade de excelência deve ser valorizado. Por isso, aproveite cada minuto do seu tempo aqui na UNIMAR, vivenciando o ensino, a pesquisa e a extensão universitária. Fique atento aos comunicados institucionais, aproveite as oportunidades, faça amizades e viva as experiências que somente um ensino superior consegue proporcionar. Acompanhe a UNIMAR pelas redes sociais, visite a sede do campus universitário localizado na cidade de Marília, navegue pelo nosso site unimar.br, comente no nosso blog e compartilhe suas experiências. Viva a UNIMAR! Muito obrigada por escolher esta Universidade para a realização do seu sonho profissional. Seguiremos, juntos, com nossa missão e com nossos valores, sempre com muita dedicação. Bem-vindo(a) à Família UNIMAR. Educar para transformar: esse é o foco da Universidade de Marília no seu projeto de Educação a Distância. Como dizia um grande educador, são as pessoas que transformam o mundo, e elas só o transformam se estiverem capacitadas para isso. Esse é o nosso propósito: contribuir para sua transformação pessoal, oferecendo um ensino de qualidade, interativo, inovador, e buscando nos superar a cada dia para que você tenha a melhor experiência educacional. E, mais do que isso, que você possa desenvolver as competências e habilidades necessárias não somente para o seu futuro, mas para o seu presente, neste momento mágico em que vivemos. A UNIMAR será sua parceira em todos os momentos de sua educação superior. Conte conosco! Estamos aqui para apoiá-lo! Sabemos que você é o principal responsável pelo seu crescimento pessoal e profissional, mas agora você tem a gente para seguir junto com você. Sucesso sempre! Profa. Fernanda Mesquita Serva Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária da UNIMAR Prof. Me. Paulo Pardo Coordenador do Núcleo EAD da UNIMAR 007 Aula 01: 017 Aula 02: 026 Aula 03: 035 Aula 04: 040 Aula 05: 049 Aula 06: 055 Aula 07: 062 Aula 08: 067 Aula 09: 074 Aula 10: 081 Aula 11: 088 Aula 12: 093 Aula 13: 112 Aula 14: 118 Aula 15: 126 Aula 16: Da Revolução Industrial ao Taylorismo PCP – Planejamento e Controle da Produção Sistemas de Produção Layouts de Produção Planejamento Estratégico de Manufatura Gestão da Cadeia de Suprimentos Fundamentos da Gestão de Projetos As Organizações Industriais e o Pensamento Sistêmico A Gestão de Talentos Humanos Motivação e Liderança Fundamentos de Economia Gestão do Conhecimento nas Organizações Industriais Principais Ferramentas da Qualidade FMEA – Failure Mode And Effect Analysis Gestão de Materiais Estratégias e Tecnologias Aplicadas aos Negócios Introdução Prezado aluno, nesta obra, abordaremos temas relevantes e atualizados acerca da organização industrial e de suas relações internas e externas. Também resgataremos conceitos desde a Revolução Industrial de modo a compreendermos o processo de transformação do processo produtivo. Estudaremos produção, planejamento e controle produtivo, sistemas de produção, layouts produtivos e planejamento estratégico de manufatura. Ainda abordaremos temas correlatos, como a cadeia de suprimentos logística, o pensamento sistêmico, gestão de talentos humanos nas organizações, além da motivação e liderança, tão necessários para que a produção não sofra interrupções. Veremos também temas tais como fundamentos de economia, possibilitando melhor compreensão do gestor com o mercado. Uma outra área que está ganhando espaço será igualmente abordada, que é a gestão do conhecimento, possibilitando uma visão diferenciada rumo à obtenção de diferenciais competitivos pelas empresas. Fechando nossos estudos, abordaremos sobre as ferramentas da qualidade, a metodologia FMEA e a gestão de materiais. Espero que o conteúdo possa fazer a diferença rumo ao sucesso em sua vida acadêmica! Bons estudos! 6 01 Da Revolução Industrial ao Taylorismo Mas para que se chegasse a esse nível de assertividade e e�cácia, houve quem pagasse o preço. Em outros termos, muitos erros e acertos ocorreram no passado para que o nível de organização atual fosse alcançado! Se voltarmos alguns milhares de anos no tempo, veremos algumas grandes obras que, com certeza, contribuíram signi�cativamente para a evolução do que consideramos organização industrial, como exemplo, a construção da Grande Muralha da China, as Pirâmides do Egito ou ainda as Estradas do Império Romano, obras essas que indubitavelmente exigiram so�sticação e esforço de coordenação para que se concretizassem. Nesse contexto, destaca-se também a Revolução Industrial. Prezado acadêmico, quando nos referimos à Organização Industrial, qual é o primeiro conceito que vem à nossa mente?De uma empresa com suas funções e equipamentos bem de�nidos, colaboradores capacitados e um ciclo produtivo altamente e�caz, não é mesmo? 8 Quando assistimos a uma fábrica de automóveis produzindo centenas de veículos com as mais so�sticadas tecnologias, não imaginamos que o primeiro passo foi o desenvolvimento da máquina a vapor, muito provavelmente nos anos de 1760, que aproveitava a água aquecida pelo carvão e, desse modo, produzia energia para mover máquinas. Desta forma, podemos considerar que a Revolução Industrial foi registrada na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra, causando profundas transformações para a sociedade, ensejando o surgimento da indústria e do Figura 1 - Crianças utilizadas como mão de obra na Revolução Industrial Fonte: acesse o link disponível aqui É importante pontuar que não há uma data especí�ca, que marca enfaticamente a data exata em que se iniciou a Revolução Industrial. Não podemos a�rmar categoricamente que foi naquele exato dia e horário que a humanidade iniciou um período de mudanças drásticas que persiste até os tempos atuais. 9 capitalismo, disseminando-se para outras regiões da Europa e da América do Norte. No período em que antecedia à Revolução Industrial, a produção era realizada de forma artesanal, sob encomenda, lenta. A necessidade de atendimento às demandas surgidas impulsionou o desenvolvimento de tecnologias. O Reino Unido é considerado o pioneiro no desenvolvimento industrial, pois reuniam as condições mínimas necessárias para alavancar o processo. Nesse contexto, podemos destacar (CORRÊA; CORRÊA, 2011): A máquina a vapor foi o ponto de partida da Revolução Industrial. A Revolução Industrial provocou transformações no modo de produção e nas relações de trabalho, ocasionando inclusive, reduções de salários. Houve intensa exploração da força de trabalho, que se mobilizou criando sindicatos e coordenando dois movimentos: o ludismo e o cartismo. Embora a máquina a vapor tenha sido o ponto de partida da Revolução Industrial, nem esta e muito menos aquela, surgiram de uma hora para a outra, como em um passe de mágica. A Revolução Industrial foi um processo, acontecendo aos poucos e gradativamente. Nesse aspecto, Maximiano (2023, p. 47, grifo nosso) sintetiza: Em essência, a Revolução Industrial foi a substituição de todas as formas naturais de produção de força – pessoas, animais, vento, água – pelas máquinas. A Revolução Industrial, cujas características socioeconômicas tornaram-se mais evidentes a partir de 1750, resultou da conjunção de diversos fatores. O principal foi a utilização da máquina a vapor em diferentes tipos de atividades, as operações industriais entre elas. A máquina a vapor não era ideia nova. Foi James Watt quem aprimorou as contribuições anteriores. Ele desenvolveu a primeira máquina a vapor funcional em 1765, mas a evolução do protótipo até a escala industrial foi feita em 11 anos. De acordo com Corrêa e Corrêa (2011), a primeira máquina foi vendida para uso em metalurgia, em 1776. Sem saber como estipular o preço, James Watt sugeriu que a máquina fosse avaliada em termos de número equivalente de cavalos para fazer o mesmo trabalho. Nasceu, assim, o termo horsepower para determinar a potência das máquinas. Até 1782, as máquinas de Watt foram usadas apenas para bombear água nas minas de carvão e ar nas fornalhas para derreter metais. Pouco tempo depois, as máquinas a vapor foram usadas em navios, trens e fábricas. 10 Com o desenvolvimento das máquinas para a produção, as empresas passaram a contratar uma grande quantidade de funcionários para um aumento signi�cativo na capacidade produtiva. Consequentemente, a complexidade na gestão da força de trabalho também aumentou, criando novos paradigmas para as empresas. Os colaboradores, ao se sentirem explorados, passaram a trabalhar em menor velocidade, boicotavam os processos de produção e até faziam greves. Nesse contexto, iniciou-se um movimento para enfrentar os problemas da falta de e�ciência e do desperdício: o movimento da Administração Cientí�ca, ou o taylorismo. Maximiano (2023, p. 62) assim descreve a importância do trabalho de Taylor: Seu trabalho junta-se ao de outras pessoas que, na mesma época, compartilhavam esforços para desenvolver princípios e técnicas de e�ciência que possibilitassem resolver os grandes problemas enfrentados pelas empresas industriais. Nem todos trabalharam simultaneamente ou em um mesmo grupo, mas essas pessoas são consideradas todas participantes do movimento da administração cientí�ca. Taylor é a �gura mais importante desse movimento não apenas pela natureza de suas contribuições, mas também porque muitos o reconheciam como sua liderança. Frederick Winslow Taylor era um indivíduo brilhante e estudioso, também e�ciente em relação às formas de aumentar a produtividade em processos de produção. O seu foco era a e�ciência, ou seja, fazer mais produtos com menos recursos, o que se justi�cava pelas condicionantes históricas da época: o mercado americano em expansão exigia quantidades produzidas cada vez maiores e acessíveis a um grande número de pessoas. 11 Taylor estabeleceu alguns princípios que se transformaram mais tarde em princípios da Administração Cientí�ca e ainda sistematizou técnicas e princípios que contribuíram para um aumento signi�cativo dos níveis de e�ciência da indústria americana do século XX. Foi em 1878, na usina siderúrgica Midvale Steel, que Taylor começou a observar problemas relacionados às operações fabris – aqui, é importante salientar que até os dias atuais os mesmos problemas são percebidos em algumas empresas (MAXIMIANO, 2023, p. 63): A administração não tinha noção clara da divisão de suas responsabilidades com o trabalhador. Não havia incentivos para melhorar o desempenho do trabalhador. Muitos trabalhadores não cumpriam suas responsabilidades. As decisões dos administradores baseavam-se na intuição e no palpite. Não havia integração entre os departamentos da empresa. Frederick Taylor Fonte: acesse o link disponível aqui 12 https://pt.wikipedia.org/wiki/Frederick_Taylor#/media/Ficheiro:Frederick_Winslow_Taylor_crop.jpg Os trabalhadores eram colocados em tarefas para as quais não tinham aptidão. Os gerentes pareciam ignorar que a excelência no desempenho signi�caria recompensas tanto para eles próprios quanto para a mão de obra. Havia con�itos entre capatazes e operários a respeito da quantidade da produção. Corrêa e Corrêa (2011) enfatizam que Taylor desenvolveu suas ideias em fases. Na primeira fase, idealizou três princípios básicos, que priorizavam a obtenção de uma força de trabalho e�ciente, mas retribuindo-a (incentivando-a) com salários mais elevados: �. atribuir a cada operário a tarefa mais elevada que lhe permitissem suas aptidões; �. solicitar a cada operário o máximo de produção que se pudesse esperar de um operário hábil de sua categoria; �. que cada operário, produzindo maior soma de trabalho, tivesse uma remuneração 30 a 50% superior à média dos trabalhadores de sua classe. Posteriormente, Taylor desenvolveu outros princípios/objetivos mais gerais: 11 Desenvolver uma ciência que pudesse aplicar-se a cada fase do trabalho humano (divisão do trabalho), em lugar dos velhos métodos rotineiros. 22 Selecionar o melhor trabalhador para cada serviço, passando em seguida a ensiná-lo, treiná-lo e formá-lo, em oposição à prática tradicional de deixar para ele a função e escolher método e formar-se. 33 Separar as funções de preparação e planejamento da execução do trabalho, de�nindo-as com atribuições precisas. 13 Nesse aspecto, podemos considerar as grandes contribuições de Taylor para a Organização Industrial, com o surgimento dos gerentes, dos treinamentos, dos manuais e surgimento de �chas técnicas. Com a divisão do trabalho proposta por Taylor, houve maior ritmo de trabalho, com maior produtividade e em menor tempo. Com a racionalização dos tempos e movimentos, o operário sabia exatamente qual era a suafunção e o que se esperava dele ao �nal do dia. Taylor também fez uma distinção entre a �loso�a e os mecanismos da administração cientí�ca. Os mecanismos ou técnicas, de acordo com Maximiano (2023, p. 68), eram: Estudos de tempos e movimentos. Padronização de ferramentas e instrumentos. Padronização de movimentos. Conveniência de uma área de planejamento. Cartões de instruções. Sistema de pagamento de acordo com o desempenho. Cálculo de custos. 44 Especializar os agentes nas funções correspondentes. 55 Predeterminar tarefas individuais ao pessoal e conceder-lhes prêmios quando realizadas. 66 Controlar a execução do trabalho (CORRÊA; CORRÊA, 2011,pp. 350-351). 14 Para Taylor, a organização e a administração das empresas devem ser estudadas e tratadas cienti�camente e não empiricamente. O improviso deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo à ciência. Nesse sentido, a contribuição de Taylor se reveste de especial importância pela aplicação de uma metodologia sistemática na análise e na solução dos problemas relacionados à organização do trabalho e, em especial, ao planejamento e controle da produção. PARA GABARITAR O Portal Administração apresenta um resumo completo sobre o movimento da Administração Cientí�ca. Fique atento e aprofunde seu conhecimento! 15 https://go.eadstock.com.br/eQr CONECTE-SE O Portal do Conselho Federal de Administração – CFA, apresenta as quatro Revoluções Industriais que moldaram a trajetória do mundo. Vale a pena conhecê-las! 16 https://go.eadstock.com.br/eQs 02 PCP – Planejamento e Controle da Produção Prezado acadêmico, quando nos referimos à área de planejamento e controle da produção, nosso pensamento é remetido ao �lme protagonizado pelo brilhante ator Charles Chaplin: Tempos Modernos. Esse �lme, além de ser cômico em vários momentos, retrata o cotidiano dos operários nas linhas de produção e nos dá um breve resumo do ambiente de produção. A função principal da área de planejamento e controle da produção é a de operar com grande e�ciência, disponibilizando produtos e serviços que atendam às necessidades e expectativas dos clientes e às exigências do escalão superior da empresa. Desta forma, é possível perceber que uma atividade essencialmente interna às organizações interage a todo momento com o ambiente externo, visando à superação de importantes desa�os, entre os quais, o avanço constante da tecnologia, a competição acirrada pelo cliente em um cenário globalizado, a responsabilidade social e ambiental e a gestão do conhecimento. As áreas de produção e logística estão emaranhadas, ou seja, bastante entrelaçadas, com algumas funções muito semelhantes. Só para termos uma noção da complexidade da área da produção e logística, pense que os produtos precisam ser fabricados na quantidade certa, do modo correto, com o menor custo possível e dentro da qualidade almejada. CONECTE-SE Vale a pena dar uma conferida no �lme “Tempos Modernos”, estrelado pelo ator Charles Chaplin, disponibilizado na plataforma youtube. 18 https://go.eadstock.com.br/eQu Para que estes parâmetros sejam alcançados há uma necessidade de planejamento dos recursos necessários à produção, como exemplo, recursos humanos, recursos �nanceiros que garantam a compra do insumo, entrega dos insumos no momento ideal, maquinário em perfeito funcionamento, en�m, quando nos referimos à complexidade é justamente isso! Nos referimos a uma série de fatores que devem atuar em harmonia e sincronia. A palavra-chave para o sucesso é planejamento. É importante que entendamos o conceito da função produção, nesse sentido, Martins e Laugeni (2005, p. 2) destacam: Linha de produção fabril do início do século XX Fonte: acesse o link disponível aqui 19 https://br.pinterest.com/pin/862369028664508429/ A função produção, entendida como o conjunto de atividades, que levam à transformação de um bem tangível em um outro com maior utilidade, acompanha o homem desde sua origem. Quando polia a pedra a �m de transformá-la em utensílio mais e�caz, o homem pré- histórico estava executando uma atividade de produção. Nesse primeiro estágio, as ferramentas e os utensílios eram utilizados exclusivamente por quem os produzia, ou seja, inexistia o comércio, mesmo que de troca ou escambo. Para produzir é fundamental que os recursos necessários (matéria-prima, máquinas, equipamentos e mão de obra) estejam disponíveis para o gestor de planejamento e controle da produção. Não há mágica nesse cenário! No ambiente de produção não há espaço para amadores. A�nal, atrasos decorrentes de falta de planejamento e recursos incidem em custos e desperdícios. Nesse contexto, Slack, Brandon-Jones e Johnston (2018, p. 3, grifo nosso) de�nem: Administração da produção é a atividade de gerenciar recursos que criam e entregam serviços e produtos. A função produção é a parte da organização responsável por essa atividade. Toda organização possui uma função produção, pois toda organização produz algum tipo de produto e/ou serviço. Entretanto, nem todos os tipos de organização, necessariamente, denominam a função produção por esse nome. (Observe que também utilizamos formas mais simpli�cadas, como os termos “a operação”, “operações” ou “produção”, no lugar de “função produção”.) Gerentes de produção são as pessoas que têm responsabilidade particular em administrar algum ou todos os recursos que fazem parte da função produção. Novamente, em algumas organizações, o cargo de gerente de produção pode ter algum outro nome. Por exemplo, pode ser chamado de “gerente de frota” em uma empresa de distribuição, “gerente administrativo” em um hospital ou “gerente de loja” em um supermercado. Ainda, de acordo com os mesmos autores, a função produção é essencial para a empresa porque cria e entrega os bens e serviços que são a razão de sua existência. A função produção é uma das três funções centrais de qualquer organização. São elas: 20 A função marketing (que inclui vendas): responsável por comunicar os produtos e serviços da organização a seus mercados para gerar pedidos de serviços e produtos dos clientes. A função desenvolvimento de produto/serviço: responsável por desenvolver novos produtos e serviços ou modi�cá-los para gerar futuros pedidos dos clientes. A função produção: responsável pela criação e entrega de serviços e produtos com base nos pedidos dos clientes (SLACK; BRANDON- JONES; JOHNSTON, 2018, p. 5, grifo nosso). Mas a�nal, qual a diferença entre produção e operações? A resposta é bastante simples, pois a administração de produção está voltada para as atividades industriais de produção de bens físicos. No entanto, é importante estabelecer uma relação entre a produção e a logística. Percebam que ambas as atividades são estratégicas e demandam planejamento. Podemos, inclusive, nos atrever a a�rmar que a função produção é uma área, enquanto a operação são as ações a serem desenvolvidas. Mas a�nal, qual a diferença entre produção e operações? A resposta é bastante simples, pois a administração de produção está voltada para as atividades industriais de produção de bens físicos. No entanto, é importante estabelecer uma relação entre a produção e a logística. Percebam que ambas as atividades são estratégicas e demandam planejamento. Podemos, inclusive, nos atrever a a�rmar que a função produção é uma área, enquanto a operação são as ações a serem desenvolvidas. 21 Prezado aluno, quando tratamos de organização industrial, invariavelmente abordaremos sobre o processo de tomada de decisão, envolvendo a área de planejamento da produção e seus horizontes temporais. Nesse contexto, Tubino (2017, p. 1, grifo nosso) descreve: Planejamento e Controle da Produção (PCP) como setor de apoio, dentro do sistema produtivo, para tratar estas informações, com base no desenvolvimento de quatro funções: Planejamento Estratégico da Produção (longo prazo), Planejamento-mestre da Produção (médio prazo), Programação da Produção (curto prazo) e Acompanhamento e Controle da Produção (curto prazo).Para que um sistema de produção transforme matérias-primas em produtos (bens e/ou serviços), ele precisa ser pensado em termos de prazos, em que planos são feitos e ações são disparadas com base nestes planos para que, transcorridos estes prazos, os eventos planejados pelas empresas venham a se tornar realidade. De um modo geral, conforme ilustrado na Figura 1, podemos dividir o horizonte de planejamento de um sistema produtivo em três níveis: o longo, o médio e o curto prazo: 22 Figura 1 – Prazos, atividades e objetivos para a tomada de decisão nas empresas Fonte: Tubino (2017, p. 3). Para alcançar os objetivos propostos, o PCP gerencia informações obtidas junto às diversas áreas do sistema produtivo (TUBINO, 2017): Da Engenharia do Produto – são necessárias informações contidas nas listas de materiais e desenhos técnicos (estrutura do produto) Da Engenharia do Processo – vêm os roteiros de fabricação com os tempos- padrão de atravessamento (lead times) Do Marketing – buscam-se as previsões de vendas de longo e médio prazo e pedidos �rmes em carteira. Da Manutenção – vêm os planos de manutenção, Compras/Suprimentos informam as entradas e saídas dos materiais em estoques, De Recursos Humanos – são necessários os programas de treinamento, De Finanças – vem o plano de investimentos e o �uxo de caixa, entre outros relacionamentos. Como desempenha uma função de coordenação de apoio 23 ao sistema produtivo, o PCP, de forma direta, ou de forma indireta, relaciona-se praticamente com todas as funções deste sistema. Ainda, de acordo com Tubino (2017, p. 6), as atividades do PCP são exercidas nos três níveis hierárquicos de planejamento e controle das atividades produtivas de um sistema de produção: No nível estratégico, em que são de�nidas as políticas estratégicas de longo prazo da empresa, o PCP participa da formulação do Planejamento Estratégico da Produção, gerando um Plano de Produção. No nível tático, em que são estabelecidos os planos de médio prazo para a produção, o PCP desenvolve o Planejamento- mestre da Produção, obtendo o Plano-mestre de Produção (PMP). No nível operacional, em que são preparados os programas de curto prazo de produção e realizado o acompanhamento dos mesmos, o PCP prepara a Programação da Produção, administrando estoques, sequenciando, emitindo e liberando as Ordens de Compras, Fabricação e Montagem, bem como executa o Acompanhamento e Controle da Produção, gerando um relatório de Avaliação de Desempenho. Desta forma, é possível inferir que a empresa, com um PCP bem de�nido e estruturado, será capaz de planejar o que será feito e quanto tempo será gasto para realizar cada tarefa, além disso, é possível organizar os recursos necessários para realizar cada trabalho. O PCP também permite que uma empresa detecte as falhas e os defeitos de um produto antes que ele chegue ao consumidor �nal. Cada vez mais as empresas, independentemente do porte, utilizam-se de softwares de produção, capazes de veri�car o desempenho de cada recurso (funcionários ou máquinas), realizar a programação do tempo de cada etapa, cadenciar melhor as compras, administrar seus contratos de fornecimento e realizar, de forma simples, toda a programação e direcionamento da sua produção, interligando, inclusive, com o seu sistema comercial e �nanceiro. 24 PARA GABARITAR O Portal Produza – Inteligência em Manufatura apresenta um texto bastante interessante sobre a importância do PCP para a indústria. Vale a pena conferir! 25 https://go.eadstock.com.br/eQt 03 Sistemas de Produção Prezado acadêmico, quando nos referimos à organização industrial, é importante salientar que se trata de um conceito fundamental para entendimento quanto ao funcionamento de uma fábrica, podendo ser de�nido por meio de uma representação grá�ca da estrutura organizacional um grá�co por meio de uma empresa ou departamento. Tal representação envolve todas as atividades inerentes à produção de bens e serviços. Nesse âmbito, para produzir com e�ciência e e�cácia, é necessário escolher e de�nir um sistema de produção que seja o mais adequado ao produto ou serviço que se pretende produzir. Isso signi�ca buscar os meios mais adequados para produzir determinado produto ou operar determinado serviço. É o que denominamos de racionalidade: buscar os meios apropriados para alcançar determinados objetivos. Nesse sentido, é possível a�rmar que toda empresa possui sua própria racionalidade, isto é, a escolha dos meios necessários para alcançar os �ns desejados. Essa racionalidade envolve equipamentos, métodos e processos de trabalho que sejam os melhores para produzir algo. É essencial considerar que cada empresa adota um sistema próprio e diferenciado de produção para realizar suas operações e produzir seus produtos ou serviços do melhor modo possível e, desta forma, garantir sua e�ciência e e�cácia, atendendo ao pedido do cliente! Mas o que signi�ca um sistema de produção? Nesse contexto, Chiavenato (2022, p. 47, grifo nosso) de�ne sistema de produção da seguinte forma: O sistema de produção é a maneira pela qual a empresa organiza seus órgãos e realiza suas operações de produção, adotando uma interdependência lógica entre todas as etapas do processo produtivo, desde o momento em que os materiais e as matérias-primas saem do almoxarifado até chegar ao depósito como produto acabado. Segundo Moreira (2012), a classi�cação dos sistemas de produção, principalmente em função do �uxo do produto, reveste-se de grande utilidade na classi�cação de uma grande variedade de técnicas de planejamento e gestão da produção. Desta forma, é possível diferenciar e discriminar grupos de técnicas e outras ferramentas gerenciais em função do particular tipo de sistema, possibilidade essa que racionaliza a apresentação didática. Tradicionalmente, os sistemas de produção são agrupados em três grandes categorias (MOREIRA, 2012, p. 9): a. sistemas de produção contínua ou de �uxo em linha; b. sistemas de produção por lotes ou por encomenda (�uxo intermitente); c. sistemas de produção para grandes projetos sem repetição. 27 Cada um dos sistemas de produção possui características distintas, principalmente em relação ao �uxo de produtos. Nesse sentido, Moreira (2012) apresenta as peculiaridades de cada um dos sistemas: Sistema de Produção Contínua Os sistemas de produção contínua ou �uxo em linha apresentam uma sequência linear para se fazer o produto ou serviço; os produtos são bastante padronizados e �uem de um posto de trabalho a outro em uma sequência prevista. As diversas etapas do processamento devem ser balanceadas para que as mais lentas não retardem a velocidade do processo. Às vezes, os sistemas de �uxo em linha aparecem subdivididos em dois tipos: a. a produção em massa: para linhas de montagem de produtos o mais variado possível; b. a produção contínua: propriamente dita, nome reservado nessa classi�cação para as chamadas indústrias de processo, como química, papel, aço etc. Esses processos contínuos tendem a ser altamente automatizados e a produzir produtos com elevado grau de padronização, sendo qualquer diferenciação pouco ou nada permitida (MOREIRA, 2012, p. 10). De uma forma geral, os sistemas de �uxo em linha são também caracterizados por uma alta e�ciência e acentuada in�exibilidade. Essa e�ciência é derivada de uma substituição maciça de trabalho humano por máquinas, bem como à CONECTE-SE O Portal EPR Consultoria apresenta importantes dicas sobre como implementar um sistema de produção. Vale a pena conferir! 28 https://go.eadstock.com.br/eQv padronização do trabalho restante em tarefas altamente repetitivas. Grandes volumes de produção devem ser mantidos para se recuperar o custo de equipamentos especializados, o que requer um conjunto-padrão de produtos estabilizados ao longo do tempo. Dessa forma, é problemático modi�car tanto a linha de produtos como o volume de produção, o que leva à in�exibilidade. É quase certo que, se as condições favoráveis ao alto volumee produção padronizada estiverem presentes, a competição forçará o uso da produção contínua por causa da e�ciência. A produção em massa, nas chamadas linhas de montagem, é caracterizada pela fabricação, em larga escala, de poucos produtos com grau de diferenciação relativamente pequeno: automóveis, geladeiras, fogões, aparelhos de ar- condicionado etc. A produção em massa pode ser chamada de pura, quando existe uma linha ou um conjunto de equipamentos especí�cos para um produto �nal; e dita produção em massa com diferenciação quando adaptações na linha permitem a fabricação de produtos com algumas diferenças entre si. Finalmente, alguns fatores devem ser cuidadosamente pesados antes da adoção de um sistema de �uxo em linha. Além da competição já referida, pode-se citar o risco de obsolescência do produto, a monotonia dos trabalhos para os empregados e os riscos de mudança tecnológica no processo (que custa a se pagar) (MOREIRA, 2012, p. 10). Sistema de Produção por Lotes (Fluxo Intermitente) Nesse modelo, a produção é feita em lotes. Ao término da fabricação do lote de um produto, outros tomam o seu lugar nas máquinas. O produto original só voltará a ser feito depois de algum tempo, caracterizando-se, assim, uma produção intermitente de cada um dos produtos. Quando os clientes apresentam seus próprios projetos de produto, devendo a empresa fabricá-lo segundo essas especi�cações, temos a chamada produção intermitente por encomenda. No sistema de produção intermitente, a mão de obra e os equipamentos são tradicionalmente organizados em centros de trabalho por tipo de habilidades, operação ou equipamento. Dito de outra forma, os equipamentos e as habilidades dos trabalhadores são agrupados em conjunto, de�nindo um tipo de arranjo físico conhecido como funcional ou por processo. O produto �ui, de forma irregular, de um centro de trabalho a outro. O equipamento utilizado é do tipo genérico, ou seja, equipamentos que permitem adaptações dependendo das particulares características das operações que estejam realizando no produto. A própria adaptabilidade do equipamento exige uma mão de obra mais 29 especializada, devido às constantes mudanças em calibragens, ferramentas e acessórios. Embora esses equipamentos permitam uma grande facilidade para mudança no produto ou no volume de produção, o tempo que se perde nos constantes rearranjos de máquina leva a uma relativa ine�ciência. Sistema de Produção para Grandes Projetos O sistema de produção para grandes projetos diferencia-se bastante dos tipos anteriores. Na verdade, cada projeto é um produto único, não havendo, rigorosamente falando, um �uxo do produto. Nesse caso, tem-se uma sequência de tarefas ao longo do tempo, geralmente de longa duração, com pouca ou nenhuma repetitividade. Uma característica marcante dos projetos é o seu alto custo e a di�culdade gerencial no planejamento e no controle. Exemplos de projetos incluem a produção de navios, aviões, grandes estruturas etc. Em suma, o que o sistema de produção intermitente ganha em �exibilidade diante da produção contínua, perde em volume de produção. Justi�ca-se, portanto, a adoção de um sistema intermitente quando o volume de produção for relativamente baixo. São sistemas comuns no estágio inicial de vida de muitos produtos e praticamente obrigatórios para empresas que trabalham com encomenda ou atuam em mercados de reduzidas dimensões. PARA GABARITAR Fique atento aos tipos de sistemas de produção e às suas características! Vale muito a pena dar uma boa focada nesse conteúdo. 30 Os sistemas de produção, com o avanço sem precedentes da tecnologia, vêm ganhando um impulso signi�cativo nos últimos tempos. O computador e a Tecnologia da Informação (T.I.) estão trazendo novos conceitos para a gestão da produção, dentre os quais, Chiavenato (2022, p. 59) destaca: Células de Produção O trabalho está deixando de ser individual e solitário para se transformar em uma atividade conjunta, coordenada e solidária. Isso somente é possível por meio do trabalho em equipe. Desde a década de 1970, a Volvo sueca substituiu a velha linha de montagem por células de produção. A manufatura se baseia em estações de trabalho (workstations) dispostas em forma de U para permitir maior velocidade de produção. Cada estação de trabalho é encarregada de executar uma operação inteira, e cada equipe é constituída de pessoas polivalentes e multifuncionais que participam de todo o processo. Com isso, desaparece a velha especialização, em que cada pessoa e cada célula de produção tem a responsabilidade por planejamento, controle, qualidade etc. (CHIAVENATO, 2022, p. 59). CAD/CAM Tecnologia relacionada com computador na gestão da produção e das operações. O Computer-Aided Design (CAD) auxilia no desenho e no projeto de produtos, enquanto o Computer-Aided Manufacturing (CAM) auxilia no planejamento, na execução e no controle das operações. Ambos – CAD e CAM – constituem aquilo que se denomina manufatura integrada por computador (MIC) (CHIAVENATO, 2022, p. 59). Manufacturing Resource Planning Manufacturing Resource Planning (MRP), ou planejamento dos recursos de manufatura, é um sistema de planejamento e controle da produção que é utilizado somente com ajuda do computador. Costuma receber a denominação MRP II para distingui-la do MRP propriamente dito (Material Requirement Planning), que é o planejamento de necessidades de materiais. A tecnologia de produção baseada no computador está proporcionando sistemas �exíveis de manufatura na base do tempo real, favorecendo mecanismos rápidos de tomada de decisão graças a sistemas de apoio e suporte de decisão. Isso faz com que as pessoas tenham de ser mais quali�cadas e capacitadas para lidar com dados (CHIAVENATO, 2022, p. 59). 31 Competição Baseada no Tempo No negócio de uma empresa, tempo é dinheiro. Modernamente, os produtos e serviços concorrem não apenas em função de preço e qualidade. O tempo – rapidez de expedição ou tempo de mercado – é também um fator importante. A Time-Based Competition (TBC) estende os princípios do JIT a cada faceta do ciclo de produção de um produto, desde o início da Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), passando pela manufatura ou operações e chegando ao mercado e distribuição, envolvendo também a logística. A TBC considera duas forças impulsionadoras: a aplicação do JIT por meio do ciclo de expedição do produto e a e�cácia que depende da proximidade com o cliente (conhecimento do cliente e habilidade em usar esse conhecimento para responder às demandas do cliente). A tecnologia e a administração de operações facilitam a concorrência baseada no tempo, encurtando-o de maneira drástica (CHIAVENATO, 2022, p. 60). Intercâmbio Eletrônico de Dados Processos de Electronic Data Interchange (EDI) permitem enviar automaticamente pedidos e orientar e monitorar todo o processo produtivo em relação a cada pedido de cliente. Um dos exemplos clássicos é o da Federal Express, a FedEx, que desenvolveu o conceito de expedição noturna de malotes e encomendas. Além disso, com a engenharia concorrente, as pessoas de todas as áreas da organização – marketing, vendas, serviços, compras, engenharia, P&D e manufatura – formam equipes de produto. As pessoas de cada equipe podem ou não trabalhar em um só local, mas sua constante interação virtual agiliza o desenvolvimento de produtos, melhora a qualidade e reduz custos. Uma equipe dessas, quando bem coordenada eletronicamente, proporciona produtos melhores do ponto de vista de todas as especialidades e áreas envolvidas, bem como facilita a manufatura e melhora a qualidade (CHIAVENATO, 2022, p. 60). 32 Foco em Serviços Recebe também o nome de usina de serviços ou fábrica de serviços e representa uma tendência no sentido de competir não somente com base nos produtos, mas também com base nos serviços relacionados aos produtos. Serviços são atividades econômicas que produzem um lugar, tempo, forma ou utilidade psicológica para o consumidor. Os serviços podemincluir suporte informacional para o cliente, entrega rápida e con�ável, instalação do produto, serviço pós- venda de assistência técnica e solução de problemas. As organizações industriais estão se antecipando e respondendo às necessidades dos clientes, combinando produtos superiores com serviços correlatos a eles. A unidade de manufatura torna-se o centro das atividades da organização – localizadas em áreas separadas e distantes da organização – para satisfazer, atrair e reter clientes (CHIAVENATO, 2022, p. 60). Consórcio Modular Os velhos sistemas fechados e autossu�cientes de produção estão se abrindo e suas fronteiras estão se desvanecendo a cada dia que passa. O consórcio modular é o sistema aberto de produção que permite que os fornecedores e parceiros trabalhem dentro da planta e no interior do próprio processo produtivo em seus respectivos módulos de maneira integrada. Trata-se de uma ampliação do conceito de condomínio industrial, em que os fornecedores se localizam dentro da fábrica ou próximos a ela para aumentar sua integração na cadeia logística. No consórcio modular, o fornecedor é um parceiro que ajuda a reduzir custos e investimentos, pessoal e espaço físico, bem como aumentar a e�ciência e a produtividade e tornar mais �exível o sistema produtivo (CHIAVENATO, 2022, p. 60). O Sistema Produtivo na Indústria 4.0 A Era Digital ou Indústria 4.0 trouxe para as empresas grandes transformações no sistema produtivo. O uso dos sistemas inteligentes e o aumento dos processos de automação permitem que muitas decisões sejam cada vez mais autônomas, sem a interferência humana. A integração das tecnologias da internet, da comunicação e do desenvolvimento de equipamentos mais “inteligentes” passou a proporcionar alta e�ciência dos processos das empresas. Juntam-se a esses fatores, o acompanhamento do ciclo de vida do produto, a integração dos sistemas conhecidos como MES – Manufacturing Execution Systems (MES) e Enterprise Resource Planning (ERP) – e, como já comentado, o alto nível de automação dos processos produtivos, obtendo-se um resultado muito precioso: 33 informações. Os dados coletados nesse processo ocorrem em tempo real, possibilitando que sejam transformados em informações, que permitem tomadas de decisões com maior rapidez e precisão (CHIAVENATO, 2022, p. 61). 34 04 Layouts de Produção Prezado acadêmico, quando tratamos de layout produtivo, nos referimos ao desenho esquemático, da distribuição das máquinas de modo a otimizar o processo produtivo. É uma ação que antecede, ou deveria anteceder à aquisição das instalações, pois requer planejamento. O arranjo físico, layout ou ainda leiaute, é a ação de planejamento da con�guração do espaço físico a ser ocupado e representa a disposição de pessoas, máquinas e equipamentos necessários à produção de produtos e serviços da organização empresarial. O arranjo físico pode se referir também à localização física de diversos órgãos ligados direta ou indiretamente à produção para facilitar o relacionamento entre eles. Desta forma, é praticamente uma diretriz de como as pessoas, máquinas e equipamentos devem estar adequadamente dispostos e colocados �sicamente para facilitar o processo produtivo. Importante ainda considerar que os departamentos da empresa devem ocupar espaços que facilitem suas operações e sua interdependência (CHIAVENATO, 2022). Nesse sentido, Chiavenato (2022, p. 77, grifo nosso) assim de�ne arranjo físico produtivo: O arranjo físico é retratado por meio do leiaute (do inglês, layout, que signi�ca “dispor”, “ordenar”, “esquematizar”). Leiaute é o grá�co que representa a disposição espacial, a área ocupada e a localização das máquinas e dos equipamentos ou das seções envolvidas. O leiaute mostra o arranjo físico de máquinas, homens e materiais, procurando a melhor combinação dos três: operações das máquinas, produtividade do trabalho e �uxo dos materiais. Na realidade, o leiaute se assemelha a uma planta baixa (desenho simples) de um apartamento ou casa com seus respectivos cômodos. De maneira a complementar a de�nição citada, Corrêa e Corrêa (2011, p. 407, grifo nosso), assim conceituam o arranjo físico de uma operação: O arranjo físico de uma operação é a maneira segundo a qual se encontram dispostos �sicamente os recursos que ocupam espaço dentro da instalação de uma operação. Esses recursos podem incluir uma escrivaninha, um centro de trabalho, um escritório, uma pessoa, uma máquina, um departamento ou outros. Existem quatro tipos de leiaute: o leiaute linear, voltado para o produto ou serviço; o leiaute voltado para o processo produtivo, o leiaute posicional e o leiaute celular. Podem ser utilizados em conjunto, dependendo do sistema de produção. Nesse contexto, Chiavenato (2022, pp. 77-80) descreve: 36 1. Leiaute por Produto Trata-se de um leiaute linear que, no caso de produção de produtos, apresenta cada tipo de operação desde a entrada da matéria-prima em sua ponta até a saída do produto acabado na outra ponta, indicando a trajetória (etapas de produção) que constitui a menor distância entre esses dois extremos. O leiaute do produto indica toda a sequência de operações executadas em um produto, desde a entrada da matéria-prima até seu acabamento, quando se torna produto acabado. O leiaute linear é utilizado quando se pretende analisar todas as operações executadas na produção de determinado produto ou serviço. Nesse tipo de leiaute, o produto ou o serviço constitui o ponto de referência, ou seja, a base de análise (CHIAVENATO, 2022, p. 77). 2. Leiaute por Processo É também denominado leiaute funcional e representa as diversas seções (ou máquinas e equipamentos) e o �uxo que o processo segue desde a matéria- prima inicial até o produto acabado. Em outros termos, as seções (ou máquinas e equipamentos) �guram como elementos básicos do leiaute, enquanto cada produto segue sua trajetória, que é diferente para os outros produtos. O leiaute por processo é utilizado quando se pretende analisar os processos de produção de um ou vários produtos. Nesse tipo de leiaute, as seções produtivas são o ponto de referência, isto é, as bases de análise dos vários produtos (CHIAVENATO, 2022, p. 78). 3. Leiaute Posicional É o leiaute utilizado por sistemas de produção extremamente grandes e muitos deles irremovíveis, como no caso de construção de fábricas ou hidrelétricas, navios, aviões, ferrovias ou rodovias. Mostra posições que não podem ou não devem ser alteradas ou modi�cadas com facilidade, pelo fato de repercutirem negativamente na con�abilidade de entrega. São casos que ocupam espaços permanentes em função do planejamento e do controle do projeto (CHIAVENATO, 2022, p. 79). 4. Leiaute Celular É o leiaute utilizado por sistemas de produção em células. Célula de produção é o nome dado a equipes multifuncionais dedicadas a uma tarefa especí�ca que requer o conjunto integrado de várias competências individuais. Os principais benefícios do leiaute celular são: Maior �exibilidade do que o leiaute por produto. Racionalização dos projetos e processos. 37 Simpli�cação do planejamento e do controle da produção. Redução do tempo de atravessamento total (lead time). Redução das movimentações de materiais. Redução do material em processamento. Maior con�abilidade nos prazos de entrega. Flexibilidade na utilização da mão de obra. Promoção do trabalho em equipe. De acordo com Corrêa e Corrêa (2011) e com Chiavenato (2022), o principal objetivo do layout é organizar ou reorganizar da melhor forma a disposição do espaço a ser ocupado por pessoas, máquinas e equipamentos. Por trás desse objetivo principal seguem outros objetivos não menos importantes, assim descritos: Melhorar o processo de produção. Minimizar investimentos em equipamentos. Permitir �exibilidade nas operações. Utilizar o espaço disponível da maneira mais e�ciente. Minimizar tempo de produção. Reduzir inventário de materiais. Diminuir custos de movimentação de materiais. Evitar congestionamentos,restrições e confusão. Permitir facilidade de mudanças e ajustamentos. Facilitar a supervisão. PARA GABARITAR É fundamental que você conheça os principais tipos de layouts de produção e saiba, além de diferenciá-los, conhecer suas características. Fique atento! 38 Prezado aluno, alguns maquinários ou equipamentos das empresas, que compõem a linha de produção, podem ter um peso bastante signi�cativo, chegando inclusive a toneladas. Por essa razão, o engenheiro de produção responsável ou administrador, deve fazer um bom estudo e planejar muito bem quando o tema for a de�nição do layout. De acordo com Chiavenato (2022, p. 82), um bom arranjo físico deve proporcionar os seguintes benefícios: Racionalização, otimização e melhoria do uso do espaço físico. Minimização de distâncias, com deslocamentos menores e ganho de tempo. Facilidade de acesso às operações e máquinas. Maior facilidade de supervisão e coordenação. Segurança com demarcações de passagens, isolamento de operações perigosas. Sinalização e informação. Conforto para as pessoas por meio de fatores físico-ambientais, como iluminação, temperatura e ausência de ruídos ou vibrações. Facilitar possíveis mudanças de operações. CONECTE-SE O Portal Teclógica apresenta itens merecedores de atenção ao escolher o layout de produção! Vale a pena conferir! 39 https://go.eadstock.com.br/eQw 05 Planejamento Estratégico de Manufatura Prezado acadêmico, quando nos referimos à estratégia da produção, referimos ao estabelecimento de políticas e planos amplos para uso dos recursos de uma organização, objetivando melhor sustentação de sua estratégia competitiva em longo prazo. Normalmente, são usados os quatro critérios competitivos básicos: custos, qualidade, entrega e �exibilidade. Trabalhar de forma estratégica signi�ca se preparar para superação de obstáculos futuros. Você, provavelmente, já ouviu dezenas ou centenas de vezes sobre estratégia, não é mesmo? Mas qual o signi�cado de estratégia? As estratégias adotadas têm impacto direto na organização do trabalho. Quando o cenário de atuação da empresa é revestido de incertezas e complexidades, a estratégia cresce ainda mais em importância. Nesse sentido, Johnson; Scholes, Whittington (2011, p. 33, grifo nosso) descrevem: 1 - Estratégia é a orientação em longo prazo da organização. Geralmente é expressa em declarações gerais sobre a orientação que a organização deve seguir e os tipos de ação necessários para atingir os objetivos. Pode ser determinada, por exemplo, em termos de entrada no mercado, novos produtos ou serviços, ou modos de operação. 2 - Estratégia é a orientação e o alcance de uma organização em longo prazo, responsável pelas vantagens num ambiente variável por meio da con�guração de recursos e competência visando responder às expectativas dos stakeholders. Sempre que tomamos uma decisão para promover melhoria na produção objetivando o aumento da produtividade estamos, de certa forma, traçando uma estratégia. De forma resumida, traçamos uma estratégia quando: 1. descreve sob qual aspecto a entrega da sua empresa é verdadeiramente única (qual é o mercado no qual sua empresa detém o monopólio, por assim dizer) ou o processo pelo qual você alcança e�ciência inimitável; 2. descreve como você planeja defender esse produto, serviço ou processo dos competidores atuais, de novos possíveis concorrentes e de imitações (DRANOVE; MARCIANO, 2019, p. 19). As empresas de ponta se utilizam comumente do planejamento estratégico de produção, que nada mais é do que a determinação de objetivos, políticas e planos da organização para o longo prazo. Nesse contexto, Moreira (2012, pp. 12-13, grifo nosso) assim de�ne planejamento estratégico: 41 O planejamento estratégico de�ne a �loso�a básica da organização no que tange às suas atividades, determina os produtos e/ou serviços a serem oferecidos e trata do planejamento para a aquisição e alocação de recursos críticos, como tecnologia e pessoal tanto para implementar os planos, como para avaliar os seus impactos. Falando em termos mais especí�cos, o Planejamento Estratégico de Manufatura é o conjunto de objetivos e políticas de longo prazo, que dizem respeito à atividade de manufatura dentro da empresa e que servem como um guia a todas as decisões tomadas nesse setor. Caro aluno, para termos uma noção mais clara do que seja o Planejamento Estratégico de Manufatura, Moreira (2012, p. 13) diferencia as empresas industriais segundo seus objetivos e políticas de manufatura, ou seja, suas estratégias nesse setor. Eles distinguem seis tipos de organização: 11 Abridores de fronteiras tecnológicas: são �rmas orientadas para a pesquisa e desenvolvimento de produtos de ponta em suas áreas de atuação. São importantes fatores de sucesso para essas companhias o projeto, o desenvolvimento e a qualidade do produto, aliados à habilidade para introduzir novos produtos continuamente no mercado. Sem dúvida alguma, ter preços competitivos não costuma ser um fator de grande importância, dado que os produtos dessas empresas são diferenciados. 22 Exploradores de tecnologia: são �rmas que introduzem novos produtos e continuam com eles durante o seu ciclo de vida, ou seja, até que se esgotem tecnológica e/ou mercadologicamente e não sejam mais procurados. Para essas empresas, ter preços competitivos é um fator de sucesso dos mais importantes. Elas devem ter habilidade para reduzir o preço para altos volumes de produção, para introduzir novos produtos e ter uma forte orientação para a minimização de custos de produção. 42 Não há um planejamento estratégico padrão, repetido por todas as empresas. Nesse aspecto, cresce em importância os componentes desse planejamento. Alguns dos mais signi�cativos componentes do Planejamento Estratégico de Produção são elencados por Moreira (2012, pp. 13-14): 33 Empresas voltadas para o cliente: são organizações que inovam pouco e aceitam projetos para produtos fabricados em baixo volume, sob especi�cações do cliente. Como fatores determinantes de sucesso, contam-se a habilidade e a �exibilidade de adaptação a diferentes projetos e volumes de produção. 44 Empresas de alta tecnologia voltadas para o cliente: sua característica principal é a que desenvolve tecnologia sob encomenda para poucos clientes e mercados. Para o sucesso, contam-se a excelência em projeto do produto, a alta qualidade e a �exibilidade de adaptação às necessidades do cliente. 55 Empresas voltadas para o cliente a custo mínimo: trabalham com produtos maduros, com preços competitivos. Entre os fatores de sucesso, contam-se a habilidade de reduzir custos, mesmo com baixos volumes de produção, os prazos de entrega atrativos e alguma �exibilidade para mudanças de projeto e volumes de produção. 66 Empresas minimizadoras de custos: são �rmas que trabalham com altos volumes de produção a baixo custo. A habilidade de reduzir custos e prazos de entrega é o principal fator de sucesso (MOREIRA, 2012, p. 13). 43 Tecnologia do Produto Os produtos variam desde os que são fabricados exclusivamente sob encomenda até os que são produzidos em grandes volumes para estoque. Fatores como custo, qualidade, prazo de entrega, capacidade da empresa em se adaptar a novos projetos ou volumes de produção são potencialmente importantes, bem como os próprios ciclos de vida dos produtos, que podem ser renovados através de melhorias tecnológicas. A coordenação entre Marketing e Produção é vital na área de tecnologia do produto. Tecnologia do Processo Liga-se diretamente à tecnologia do produto. Os movimentos na direção de maior automação costumam complicar as decisões, não só pelo alto custo e risco envolvidos, mas também pelas mudanças que acarretam a estrutura do sistema produtivo, nas necessidades de um novo per�l de mão de obra, no atendimento ao cliente etc. Capacidade das Instalações As decisões estratégicas sobre capacidade envolvem a escolha inicial da capacidade, as mudanças e as épocas de mudanças posteriores, otipo de capacidade (como, por exemplo, ter uma grande fábrica versus ter diversas fábricas menores) e a descoberta e o aproveitamento de economias de escala (possibilidade de redução de custos, se os produtos forem feitos em maior escala). Localização das Instalações É uma temática ligada bem de perto às decisões sobre capacidade. Envolve decisões, como localizar a manufatura perto dos suprimentos ou dos mercados consumidores, a escolha da macrorregião (a grande área geográ�ca dentro da qual a empresa se instalará), a infraestrutura necessária etc. Recursos Humanos Envolve decisões sobre políticas de formação e desenvolvimento de pessoal e suas relações com processos e produtos (assim, por exemplo, maior automação exige menor número de funcionários, mas melhor habilitados), formação de gerentes, políticas de promoção e de carreira etc. Todos esses fatores afetam inegavelmente a produção. 44 Suprimentos Envolve decisões estratégicas sobre políticas de compras, desenvolvimento de fornecedores, fabricação interna de peças e componentes etc. Planejar e Projetar para Obter Facilidade de Produção A forma como as empresas projetam seus produtos para obtenção da facilidade de produção está diretamente relacionada à sua competitividade em relação aos fabricantes externos. A facilidade de produção está relacionada a alguns fatores, tais como: qualidade requerida do produto, ao custo, número de fornecedores e níveis de estoque. De acordo com Gaither; Frazier (2006, p. 101), três conceitos estão estreitamente relacionados com o ato de projetar para obter facilidade de produção: Uma especi�cação é uma descrição detalhada de um material, peça ou produto, incluindo medidas, como viscosidade, acabamento de superfície, classi�cação de pH e dimensões físicas. Essas especi�cações fornecem aos departamentos de produção informações precisas sobre as características do produto a ser produzido [...]. Padronização refere-se à atividade de projeto que reduz a variedade entre um grupo de produtos ou peças. Por exemplo, se um grupo de produtos com 20 modelos fosse redesenhado para ter somente 10 modelos, iríamos nos referir ao novo grupo como mais padronizado [...]. Simpli�cação: de um projeto é a eliminação dos recursos, complexos de forma que a função pretendida seja executada, mas com custos reduzidos, qualidade mais elevada ou mais satisfação do cliente. A satisfação do cliente pode ser aumentada fazendo-se um produto mais fácil de reconhecer, comprar, instalar, manter ou usar [...]. O foco central da produção é o atendimento da demanda com o nível máximo de qualidade. Ocorrem casos em que o maquinário empregado na manufatura é fabricado ou adaptado ao produto. No entanto, há casos em que o produto é 45 adaptado ao maquinário utilizado. De acordo com Gaither; Frazier (2006, p. 102), “incorporar qualidade de produto nos projetos de produto é o primeiro passo para se produzir produtos de superior qualidade”. Um fator não menos interessante quando tratamos de planejamento estratégico de manufatura é conhecer como nossos gestores utilizam o tempo disponível para pensar estrategicamente. Sabemos, por exemplo, que grande parte dos executivos das organizações empresariais passam maior parte de seu valioso tempo envolvidos em atividades operacionais. Nesse contexto, Costa (2012, p. 14, grifo nosso) apresenta os seguintes dados: • Do total do tempo disponível aos executivos, cerca de 60% são gastos com assuntos do ambiente interno da organização, e apenas 40% são utilizados em relação ao que acontece fora dela; • Desses 40% do tempo olhando para fora, cerca de 70% são despendidos com fatos do presente ou do passado, e apenas 30% são dedicados a questões relativas ao futuro da organização; • Dos 30% do tempo olhando para fora e para o futuro, 80% são gastos no estabelecimento de uma visão individual ou particular do futuro da organização, restando apenas 20% para serem dedicados à formulação de uma visão compartilhada do futuro. Caro aluno, com base nesses dados, percebemos facilmente como o tempo dos gestores, normalmente muito bem remunerados, é desperdiçado! E o que é pior, com a ciência e anuência de quem os remunera! Ainda, de acordo com o autor, se �zermos um cálculo grosseiro com base nesses números indicativos, constatam-se que os executivos utilizam, em geral, apenas entre 3% e 5% do tempo total disponível para formular uma visão compartilhada do futuro – calculado como 20% de 30% de 40%, fenômeno conhecido como a regra 40-30-20 (COSTA, 2012, p. 14). Fica evidente que a mentalidade estratégica dos dirigentes em relação ao futuro precisa ser melhorada e trabalhada, de modo a provocar uma mudança nesses números. Nesse aspecto, a mentalidade dos nossos dirigentes em relação ao Independentemente do produto fabricado, do processo de produção utilizado e das facilidades de produção, a qualidade do produto é de�nida sempre por meio da percepção do cliente. 46 futuro pode ser mostrada por meio de um grá�co esquemático, no qual se representa, no eixo horizontal, a variável tempo, a partir de hoje, e, no eixo vertical, a distância, a partir do ponto focado, conforme ilustrado pela Figura 1. O grá�co da Figura 1 mostra várias regiões concêntricas, nas quais, progressivamente, os horizontes temporal e espacial expandem-se, conforme explicamos a seguir. Figura 1 – Mentalidade imediatista, operacional e estratégica Fonte: Costa (2012, p. 15). De modo a complementar as informações ilustradas no grá�co apresentado, Costa (2012) descreve os tipos de mentalidades: Mentalidade imediatista A maior parte dos executivos tem mentalidade imediatista. Eles conseguem visualizar somente o que vai acontecer, no máximo, daqui a um mês e apenas o que se passa dentro do setor da organização em que atuam. Essa atitude é chamada de miopia estratégica, pois a pessoa enxerga muito bem o perto e o curto prazo, mas não tem a menor ideia (nem está, de fato, interessado nisto) do que pode acontecer em médio e longo prazos. Mentalidade operacional Baseada nos fatos do cotidiano e nas demandas que tudo ocorra normalmente. Alguns executivos são capazes de visualizar, com bom nível de detalhes, tudo o que vai acontecer em um espaço de tempo, digamos, de 12 meses, estendendo 47 um pouco mais seu horizonte espacial. Mentalidade estratégica Necessária para a construção da visão do futuro, abstraindo-se mentalmente do presente momento, a �m de se colocar em uma posição adequada, transportando essa visão para cinco a dez anos à frente e posicionando-se de uma perspectiva global a partir do futuro desejado. CONECTE-SE O Portal Thomaz Ribas apresenta quatro passos para desenvolver a mentalidade estratégica! Con�ra! 48 https://go.eadstock.com.br/eQx 06 Gestão da Cadeia de Suprimentos Prezado acadêmico, considerando que o campo da organização industrial é estudar os limites entre a empresa e o mercado, bem como suas interações estratégicas, é fundamental conhecermos acerca da gestão da cadeia de suprimentos, um termo bastante utilizado para agrupamento de todos os processos que envolvem a compra, logística, armazenagem e, também, o consumo de materiais e serviços necessários para a operação interna da empresa, objetivando a entrega do produto �nal ao cliente. Visando facilitar nosso entendimento, a seguir, são apresentadas algumas de�nições de cadeia de suprimentos: A cadeia de suprimentos abrange todas as atividades relacionadas com o �uxo e transformação de mercadorias desde o estágio da matéria-prima (extração) até o usuário �nal, bem como os respectivos �uxos de informação. Materiais e informações �uem tanto para baixo quanto para cima na cadeia de suprimentos. O gerenciamento da cadeia de suprimentos é a integração dessas atividades, mediante relacionamentos aperfeiçoados na cadeia de suprimentos, com o objetivo de conquistar uma vantagem competitiva sustentável (BALLOU, 2007, p. 28). A gestão da cadeia de suprimentos consiste na colaboração entre empresas para impulsionaro posicionamento estratégico e melhorar a e�ciência operacional. Para cada empresa envolvida, o relacionamento na cadeia de suprimentos re�ete uma opção estratégica. Uma estratégia de cadeia de suprimentos é um arranjo organizacional de canais e de negócios baseado na dependência e na colaboração. As operações da cadeia de suprimentos exigem processos gerenciais que atravessam as áreas funcionais dentro de cada empresa e conectam fornecedores, parceiros comerciais e clientes através das fronteiras organizacionais (BOWERSOX et al., 2014, p. 4, grifo nosso). Também conhecida como supply chain management, esta rede de atividades in�uencia fortemente a qualidade e o sucesso da atividade-�m de uma empresa, a qual é responsável para que o �uxo da cadeia seja mantido de forma contínua e e�ciente. Nesse aspecto, é importante também que conheçamos um conceito mais amplo e abrangente sobre o gerenciamento da cadeia de suprimentos: 50 O gerenciamento da cadeia de suprimentos é de�nido como a coordenação estratégica sistemática das tradicionais funções de negócios e das táticas ao longo dessas funções de negócios no âmbito de uma determinada empresa e ao longo dos negócios no âmbito da cadeia de suprimentos, com o objetivo de aperfeiçoar o desempenho em longo prazo das empresas isoladamente e da cadeia de suprimentos como um todo (MENTZER et al. apud BALLOU, 2007, p. 28, grifo nosso). Por meio da Figura 1, é possível compreendermos mais facilmente a de�nição de cadeia de suprimentos, bem como seus processos: Figura 1 – Um modelo de gerenciamento da cadeia de suprimentos Fonte: Ballou (2007, p. 28). É uma tarefa árdua separar a gestão da logística empresarial e a gestão da cadeia de suprimentos, pois ambas, em muitos aspectos, têm missão idêntica: “colocar os produtos ou serviços certos, no lugar certo, no momento certo e nas condições desejadas, dando ao mesmo tempo a melhor contribuição possível para a empresa” (BALLOU, 2007, p. 28). 51 Face à globalização e consequentemente ao fato de o mercado estar cada vez mais competitivo, a estratégia dos canais começaram a se alterar de forma radical. Arranjos tradicionais de canal de distribuição passaram a pensar mais na integração e na colaboração como única alternativa para sua existência no mercado. De forma resumida, as empresas integrantes de uma cadeia passaram a adotar a gestão integrada, cujo principal objetivo é o de gerar valor. Para explicar os benefícios e desa�os da gestão integrada, é essencial observar que os clientes têm, no mínimo, três perspectivas de valor, descritas por Bowersox et al. (2014): A perspectiva de valor tradicional é o valor econômico, que se aproveita da economia de escala como fonte de e�ciência. Esta, por sua vez, busca utilizar completamente os ativos �xos para obter o menor custo total. O foco do valor econômico é a e�ciência na criação de produtos/serviços; diz respeito a fazer as coisas da melhor maneira possível. O entendimento do cliente acerca do valor econômico é a alta qualidade por um preço baixo. A segunda perspectiva de valor é o valor de mercado, que consiste na apresentação de uma variedade de produtos no momento e no lugar certos para atingir a e�cácia, e concentra-se em obter economia de escopo na apresentação dos produtos/serviços. A criação de shopping centers com diversas lojas, lojas com marketing de massa em grande escala e operações de comércio eletrônico com diversos fornecedores são iniciativas para obter valor de mercado. A visão do cliente em termos de valor de mercado é uma variedade conveniente de produtos/serviços e opções. A consecução dos valores econômicos e de mercado é importante para os clientes. No entanto, cada vez mais as empresas estão reconhecendo que o sucesso nos negócios também depende de uma terceira perspectiva de valor, conhecida como relevância. Ela envolve a customização de serviços de valor agregado, além de produtos e posicionamento, que trazem uma diferença real para os clientes. O valor de relevância signi�ca os bens e serviços certos, como re�etido pelo valor de mercado, a um preço justo, como demonstrado pelo valor econômico, modi�cados, sequenciados, sincronizados e posicionados de forma a criar uma diversidade valiosa (BOWERSOX et al., 2014, p. 6). Caro aluno, o contexto de uma cadeia de suprimentos integrada é a colaboração entre empresas dentro de uma estrutura de �uxos e restrições de recursos essenciais. Desta forma, precisamos observar que a estrutura e a estratégia da cadeia de suprimentos resultam de esforços para alinhar operacionalmente uma empresa com os clientes, bem como com as redes de apoio de distribuidores e fornecedores para obter vantagem competitiva. 52 As operações são, portanto, integradas desde a compra inicial de material até a entrega de bens e serviços aos clientes, conforme podemos observar na Figura 2: Figura 2 – Estrutura da cadeia de suprimentos integrada Fonte: Bowersox et al. (2014, p. 7). Um dos maiores desa�os na gestão da cadeia de suprimentos é a gestão do relacionamento, a�nal, os pro�ssionais que representam suas empresas em uma situação de colaboração na cadeia de suprimentos, muitas vezes, não trabalham para a empresa que lidera a iniciativa da aliança. Desta forma, não há a relação comum baseada na autoridade entre chefe e subordinado. A compensação é que todas as partes envolvidas em uma situação de colaboração compartilham uma visão de que o arranjo traz benefícios para o sucesso de todas. Portanto, as relações tradicionais baseadas na autoridade de comando e controle precisam ser substituídas por um modelo de liderança que tenha a concordância e a colaboração como base (PIRES; SILVEIRA, 2016). Ao contrário das situações de gestão interna, a gestão de relacionamentos representa uma responsabilidade frequentemente difícil para os gestores de logística. De acordo com Pires e Silveira (2016), o planejamento logístico é 53 essencial para a utilização e�caz dos recursos. A falta de ferramentas precisas e abrangentes de planejamento logístico e da cadeia de suprimentos historicamente resulta em mau uso da capacidade de produção, armazenamento e transporte. O foco cada vez mais forte na melhoria da utilização de ativos em conjunto com a melhoria nas capacidades e técnicas de administração da informação e análise de decisão tornou os sistemas abrangentes de planejamento mais realistas. O planejamento e�caz requer uma combinação de sistemas de informação para fornecer os dados e gerentes para tomar decisões. A principal consequência de uma boa gestão da cadeia de suprimentos é o alinhamento das estratégias da cadeia aos objetivos especí�cos da organização, com a maximização de sua fatia de mercado ou de seus lucros. As estratégias da cadeia de suprimentos não devem ser de�nidas de modo isolado, pois elas são afetadas de forma direta por outra cadeia que a maioria das organizações tem, a cadeia de desenvolvimento, que inclui o conjunto de atividades associadas à apresentação de um novo produto. CONECTE-SE O Portal da Oracle apresenta importantes informações acerca da gestão da cadeia de suprimentos! Vale a pena conferir! 54 https://go.eadstock.com.br/eQy 07 Fundamentos da Gestão de Projetos Prezado acadêmico, é muito provável que você já tenha lido, assistido ou mesmo presenciado alguma situação em que uma obra que tinha tudo para ser concluída é abandonada, não é mesmo? São vários casos, principalmente na esfera pública e a razão é a falta de um projeto executivo. Entretanto, temos exemplos de projetos bem-sucedidos na história, como as Muralhas da China, os aquedutos e estradas romanas e as pirâmides do Egito. São obras gigantescas que exigiram, além de muito trabalho, um esforço de coordenação dos recursos envolvidos. Nesse sentido, Cavalcanti e Silveira (2016, p. 3, grifo nosso) apresentam diferentes, porém, complementares de�nições de projeto, que facilitarão nosso entendimento sobre essa importante área: Projeto é um esforço temporárioempreendido para criar um resultado, produto ou serviço exclusivo. Por temporário quer-se dizer que há datas de início e �m para um projeto, portanto, uma duração. Isso não signi�ca que sejam de curta duração, podendo durar vários anos conforme a sua natureza. Mesmo que um projeto se prolongue por muitos anos, devido a atrasos e problemas, ele é criado para ter duração �nita. Projetos, por de�nição, não podem ser uma atividade repetitiva e contínua, portanto, uma rotina. Mesmo projetos que guardem grande semelhança estrutural com outros anteriores têm algum elemento único, como, por exemplo, as pessoas que vão executá-los, um cliente diferente, as circunstâncias econômicas, organizacionais etc. Num outro extremo, projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação buscam entregar resultados realmente inéditos, nunca antes realizados. Projetos são uma resposta natural ao contexto das organizações descrito anteriormente. Por buscarem resultados únicos, inéditos ou inovadores, projetos são uma atividade organizacional que pode ser estabelecida temporariamente para “mudar o rumo” da empresa, seja desenvolvendo novos produtos ou serviços, implementando um novo sistema de gestão ou simplesmente desenvolvendo o conteúdo para um programa de treinamento de seus funcionários. Por outro lado, há empresas que naturalmente operam desenvolvendo projetos continuamente (uma empreiteira é um exemplo disso, cada obra sendo um novo projeto). De fato, nos últimos anos, a utilização de projetos nas mais diversas organizações se tornou uma realidade. Um projeto não precisa necessariamente ser aplicado somente em empresas, mas sim em nossa vida cotidiana. Por exemplo, um casal que deseja adquirir um imóvel, comprar um carro, ou ainda construir uma extensão da residência, pode facilmente elaborar um projeto, a�nal, ele tem data de início e �m e visa atender a um objetivo especí�co, não é mesmo? 56 A seguir, são apresentados alguns exemplos de projetos diversos, caracterizados pelos aspectos “temporário” e “único”: A organização de uma festa. A organização de um evento (artístico, religioso, pro�ssional). A construção de uma quadra de tênis. A implantação de um programa de qualidade total na empresa. Uma missão espacial à Lua. A reforma da residência. A elaboração de um livro. Não basta somente conhecermos a de�nição de um projeto, mas sim, sabermos como gerenciá-lo, não é mesmo? Vamos conhecer agora uma outra importante de�nição: a gestão de projetos, que é a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a �m de atender aos seus objetivos. Nesse contexto, Cavalcanti e Silveira (2016, p. 4) enfatizam: A gestão de projetos, aliada à gestão estratégica das organizações, pode atuar como fator decisivo nos desa�os organizacionais supracitados. A gestão de projetos pode ajudar a equilibrar as tensões do “agora” e do “amanhã”, isto é, as necessidades de sobrevivência da organização em curto prazo com um planejamento estratégico que garanta a continuidade da organização no longo prazo. Uma boa aplicação de gestão de projetos é uma chave do sucesso para qualquer corporação em ambiente competitivo e inovador. Uma gestão de projetos e�caz pode ser considerada como uma competência estratégica das organizações, e deve incluir: Identi�cação das necessidades. Estabelecimento de objetivos claros e alcançáveis. Balanceamento das demandas con�itantes de escopo, tempo, custo e qualidade. Balanceamento dos objetivos do projeto em face a diferentes prioridades e expectativas das partes interessadas. De acordo com Cavalcanti e Silveira (2016), nas empresas em que são desenvolvidos múltiplos projetos, se faz necessário classi�cá-los para orientar a distribuição de recurso e o grau de prioridade que se deve atribuir a eles. Da 57 mesma forma, uma classi�cação adequada pode sugerir a abordagem de gestão de projetos mais adequada. Projetos podem ser classi�cados seguindo diversos critérios, alguns dos quais são: o volume de recursos (�nanceiros, humanos, materiais) envolvidos; o nível de incerteza ou risco técnico, gerencial ou legal; a importância estratégica para o cliente ou para a própria organização executora. Nesse sentido, Cavalcanti e Silveira (2016) apresentam uma classi�cação importante na gestão de projetos, e é baseada na matriz ilustrada na Figura 1, evidenciando duas dimensões de classi�cação a considerar: complexidade e incerteza: Figura 1 – Classi�cação de projetos quanto às incertezas e complexidade Fonte: Cavalcanti e Silveira (2016, p. 5). 58 No transcorrer de um gerenciamento de projeto, na esfera individual ou pro�ssional, sempre surgirão restrições que exigirão habilidades e competências para a entrega do resultado �nal. Por essa razão há três importantes fatores na gestão de projetos que merecem especial atenção: escopo, tempo e custo (restrição tripla). Estes três fatores formam o que denominamos de vértice com a qualidade, que é o tema central, que sofrerá in�uência desses três elementos. Por meio da Figura 2, �ca ilustrado o vértice da qualidade: Fonte: Escritório de Projetos. Acesse o link disponível aqui Nesse contexto, podemos considerar que a restrição tripla apresenta quatro elementos ou condições: �. os projetos devem estar dentro do custo. �. os projetos devem estar dentro do escopo. �. os projetos devem ser entregues a tempo. �. os projetos devem atender aos requisitos de qualidade do cliente (PMI, 2017). A metodologia de gestão de projetos, de acordo com o PMI (2017), não está restrita somente à tripla restrição, mas também por dez áreas de conhecimento, assim descritas: 59 https://escritoriodeprojetos.com.br/restricao-tripla Quadro 1 – Áreas do Conhecimento em Gestão de Projetos Gerenciamento da Integração Inclui processos necessários para identi�car, de�nir, combinar e coordenar os processos e atividades de gerenciamento de projetos, nos grupos de processos de gerenciamento de projetos. Gerenciamento do Escopo Inclui processos para que contemple o trabalho necessário para �nalizar o projeto. Gerenciamento de Custos Inclui processos de estimativas, planejamento do orçamento e controle dos custos, de forma que o projeto termine dentro do orçamento planejado. Gerenciamento da Qualidade Inclui processos para assegurar a política de qualidade determinada no início do projeto, com o objetivo de atender às expectativas das partes interessadas (stakeholders). Gerenciamento das Aquisições Inclui processos para adquirir produtos ou serviços externos à empresa. Gerenciamento de Recursos Inclui processos para identi�car, adquirir e gerenciar os recursos necessários para o projeto. Gerenciamento das Comunicações Inclui processos de coleta, armazenamento e distribuição de informações de forma apropriada aos interessados no projeto. Gerenciamento de Risco Inclui processos de identi�cação, planejamento de resposta ao risco e monitoramento do risco em projetos. Gerenciamento de Cronograma Inclui processos necessários para o término do projeto dentro do prazo planejado. Gerenciamento das Partes Inclui processos para identi�car pessoas, ou organizações que serão impactadas pelo projeto e desenvolver estratégias de gerenciamento para o engajamento destas partes interessadas. Fonte: PMI (2017). 60 CONECTE-SE Conheça o Project Management Institute (PMI) - é a associação líder mundial para todos aqueles que consideram a gestão de projetos, programas e portfólios à sua pro�ssão. 61 https://go.eadstock.com.br/eQz 08 As Organizações Industriais e o Pensamento Sistêmico Prezado acadêmico, um gestor de uma organização industrial precisa estar atento a tudo que se passa interna e externamente à empresa. Pense, por exemplo, sobre quais seriam as reais preocupações de um diretor industrial. Com certeza, passou por seus pensamentos as seguintes atribuições: pagar o salário do pessoal na data prevista, obter um faturamento que possibilite que o pagamentode salário seja efetuado no dia previsto, aumentar o volume de produção, negociar com fornecedores, alavancar as vendas, pesquisar sobre a satisfação do cliente e principalmente gerenciar relacionamentos. As organizações existem baseadas nas relações que seus agentes participantes guardam entre si e nas relações externas existentes com outras empresas. Essas relações evidenciam aspectos das coletividades que as geraram, e não estão somente ligadas às relações de produção. As organizações têm um ritmo próprio, uma dinâmica muito particular, a qual pode ser entendida como decorrente da cultura organizacional vigente (PAGLIUSO; CARDOSO; SPIEGEL, 2010). Há autores que defendem a tese de que, do mesmo modo que os organismos vivos são encontrados na natureza, é possível conceber as organizações como conjunto de subsistemas em constante interação. De acordo com Pagliuso, Cardoso e Spiegel (2010, pp. 29-30, grifo nosso), há três implicações práticas decorrentes da adoção de tal forma de enxergar as organizações: 1. A teoria dos sistemas enfatiza a importância do ambiente em que as organizações existem, o que alerta os gestores a observarem constantemente as mudanças nos ambientes em que suas organizações estão inseridas, bem como possibilita a geração de respostas operacionais e estratégicas mais adequadas. 2. As organizações são vistas como conjuntos de subsistemas inter- relacionados. 3. A abordagem dos sistemas abertos encoraja-nos a estabelecer congruências ou alinhamentos entre diferentes sistemas e subsistemas, bem como identi�car e eliminar eventuais disfunções. Desta forma, podemos encontrar em nosso ambiente, praticamente três tipos principais de sistemas: sistema aberto: tipo de sistema em que ocorrem trocas de energia e de matéria com o meio envolvente; sistema fechado: tipo de sistema em que ocorrem somente transferências de energia; sistema isolado: tipo de sistema em que não ocorrem trocas de energia nem de matéria. 63 Prezado aluno, podemos considerar a organização industrial como um sistema aberto, haja vista o fato de ela se relacionar com o meio ambiente constantemente (fornecedores, concorrentes, governo, entre outros). Você já pode imaginar o que aconteceria com uma empresa que fosse classi�cada como sistema fechado? Agora que já conhecemos os tipos de sistemas, Martinelli (2012, p. 6), apresenta um esclarecimento sobre a de�nição de sistema: Existem, contudo, diversas de�nições de sistemas, conforme os interesses, formação e especialização de seus autores. Por exemplo, relacionar sistema a uma rede lógica destinada a atingir objetivos. Ou sistema pode ser o conjunto de objetos, com relações entre os objetos e os atributos relacionados com cada um deles e com o ambiente, de maneira a formar um todo. Desses conceitos podem ser extraídos elementos importantes, entre eles, os objetos, os relacionamentos, os atributos, o ambiente e o todo. De modo a complementar nosso entendimento acerca dos componentes do sistema, o mesmo autor enfatiza: Os objetos correspondem aos elementos do sistema. Sob o ponto de vista estático, são as partes do sistema e, do ponto de vista funcional, são as funções básicas desempenhadas pelas partes do sistema. Os relacionamentos são as fronteiras que ligam os objetos. Os atributos são as características tanto dos objetos como dos relacionamentos. Elas manifestam o modo como algo é conhecido, observado ou introduzido no processo. O ambiente é o que está fora do sistema. No entanto, não inclui apenas o que está fora do controle, mas também aquilo que pode determinar seu desempenho. O ambiente externo foi estabelecido, �xado e nada tem a ver com o sistema em si, mas o ambiente interno tem signi�cativa in�uência no desempenho do sistema. O conceito de todo é diferente do conceito da soma das partes, porque quando as partes estão agregadas e formando o todo, este se torna uma estrutura independente, com papel distinto do papel das partes (MARTINELLI, 2012). 64 Caro aluno, agora, provavelmente você compreenda quando recorda de anúncios de empregos para gestores onde se exige “visão sistêmica”. Perceba a complexidade dessa qualidade exigida. Ter visão sistêmica signi�ca tomar uma decisão após enxergar uma situação sob todos os prismas e vieses. Por meio da Figura 1, é ilustrado o �uxo de eventos em um sistema: Figura 1 – Diagrama de sistemas Fonte: Martinelli (2012, p. 7). PARA GABARITAR É importante conhecer os principais componentes de um sistema! Fique de olho! 65 Para compreendermos de modo assertivo a aplicação da teoria dos sistemas nas organizações industriais, basta re�etirmos sobre a situação da empresa em ter um ótimo departamento de �nanças e, no entanto, não produzir com qualidade. Essa vantagem obtida de nada adiantará para o seu sucesso, a�nal, o cliente está interessado no resultado �nal, o que implica a qualidade e o custo do produto, resultado de toda a operação. Nesse sentido, Paranhos Filho (2012, p. 22) apresenta a diferenciação entre pensamento linear e pensamento sistêmico: Quando não se consegue visualizar o sistema completo, tendemos a praticar o pensamento linear diante de um problema, pois essa maneira é muito mais simples. Todavia, o problema visto de forma linear tende a se repetir, pois, na maioria das vezes, dessa forma não se consegue atingir a causa raiz, ou seja, a verdadeira causa do problema. Caro aluno, com base no conceito citado, podemos a�rmar que o pensamento sistêmico é uma competência extremamente necessária para o gestor. A�nal, possuindo a competência e desenvolvendo a habilidade para saber aplicá-lo, o gestor terá condições de estabelecer inter-relações em situações de decisão que muito provavelmente seu concorrente não vê, e que certamente o auxiliará na sua função. CONECTE-SE O Portal do Instituto Brasileiro de Coaching apresenta uma matéria interessante sobre a Teoria dos Sistemas. Vale a pena clicar e conferir! 66 https://go.eadstock.com.br/eQA 09 A Gestão de Talentos Humanos Prezado acadêmico, quando consideramos que gerir uma organização industrial se trata de um imenso desa�o, uma vez que é necessário administrar todos os recursos de modo a manter a empresa funcionando, sem dúvida alguma, a arte de gerenciar talentos humanos merece especial atenção. O motivo é muito simples: as pessoas continuam sendo os principais e mais valiosos recursos da organização empresarial. Com o avanço da tecnologia e constantes atualizações da legislação trabalhista, cresce em importância a área de gestão de recursos humanos, no sentido de inserir o pro�ssional certo, na função correta, obedecendo a prazos cada vez mais exíguos. O desempenho do indivíduo em funções especí�cas na empresa envolve uma série de atividades e processos desenvolvidos pelo setor de recursos humanos, também conhecido por meio de outras denominações, como exemplo: departamento pessoal, setor de pessoal, setor de talentos humanos, gestão de gente, entre outras. Os desa�os a serem superados por essa importante área são diversos, com destaque para alguns principais, como o recrutamento e seleção, ambientação, motivação, capacitação, treinamento e desenvolvimento de carreira. Diariamente recebemos notícias de que o agronegócio brasileiro tem se superado, batido recordes sucessivos de produtividade, suprindo as necessidades internas e ainda exportando nossas commodities para vários países. Esse processo de abastecimento interno e externo requer mecanismos de controles modernos e e�cazes. Você já deve estar se perguntando sobre quem realiza o controle desses processos, não é mesmo? E a resposta é bastante simples: as pessoas! Quem desenvolve e opera as mais so�sticadas tecnologias são as pessoas! Nesse contexto, Chiavenato (2001 apud CALLADO, 2011, p. 32) descreve a gestão de pessoas da seguinte forma: É importante termos em mente que as pessoas, apesar de serem os principais ativos da empresa, são seres contraditórios, complexos e profundos, com variedades de comportamentose sentimentos, exigindo de seus gestores muita habilidade, de modo a compreender cada um dos indivíduos e buscar soluções que atendam ao coletivo. 68 A gestão de pessoas é a área preocupada com as pessoas no ambiente de trabalho e fora dele, responsável por conseguir atrair pro�ssionais quali�cados e que venham a contribuir com os resultados organizacionais. Essas pessoas precisam ser motivadas para que permaneçam o tempo necessário, de forma produtiva e proativa, pois somente através delas a organização poderá atingir seus objetivos. Em termos gerais, a preocupação do RH está relacionada a buscar um pro�ssional quali�cado para exercer um rol de atividades exigidas em um mercado de competição acirrada. É muito comum o pro�ssional bem colocado pro�ssionalmente, simplesmente abandonar o atual emprego por uma oferta similar feita pela concorrência. Os bons pro�ssionais são disputados pelas empresas! Atualmente, gerir talentos não é tarefa para os fracos, se exige muita competência para superação dos obstáculos e di�culdades impostos. Nesse contexto, Ribeiro (2019, p. 4) enfatiza os desa�os da empresa no século XXI: A internet trouxe novos paradigmas econômicos para a empresa, que, mais do que nunca, precisa ganhar e�ciência, mudar as formas das transações, usar recursos �nanceiros para criar valor para os negócios, incrementar o trabalho intelectual em lugar do intensivo, enfrentar o acirramento da concorrência, apoderar-se do conhecimento, de�nir que crescimento é possível nos negócios, desenvolver produtos e serviços excelentes, praticar uma gestão �nanceira sagaz, prover serviços de marketing agressivos capazes de capturar clientes em cenários de rápida mutação, tornar-se cada vez mais competitiva fazendo o produto certo, barato e no prazo, e possuir uma equipe que ofereça resposta rápida e que aprenda depressa. Desta forma, podemos inferir que a empresa precisa de uma estrutura mais enxuta, diminuindo os níveis hierárquicos com a criação de cargos mais polivalentes, de modo a estar apta a receber as ações súbitas impostas pelo mercado, compensando as incertezas com ações estratégicas e inovadoras em todos os níveis. 69 Nesse sentido, Ribeiro (2019, p. 5-6) apresenta algumas sugestões para que o RH possa ser mais e�caz em tempos difíceis: Preocupação voltada fundamentalmente para resultados, produtos tangíveis, atenção especial à relação custo x benefícios dos programas e não aos aspectos burocráticos. Atitude de assumir riscos, buscando programas inovadores que visem a melhorias para a empresa. Mentalidade de prestador de serviços, buscando sempre atender às necessidades de sua clientela. Comportamento proativo diante dos problemas, procurando antecipar as soluções para aqueles que ocorrem periodicamente, apresentando uma solução ou minimizando seus efeitos negativos, evitando trabalhar na base da crise permanente, do conserto emergencial ou do tratamento reativo aos problemas, isto é, deixar acontecer para depois agir. Valorização da atividade de RH, divulgando suas realizações. Preocupação com a disseminação da tecnologia como parte da função de RH, divulgando aos usuários o que observar em congressos, convenções, revistas técnicas e no mercado em geral. Orientação permanente para todas as áreas sobre atualização tecnológica. Respeito permanente aos objetivos e às metas estabelecidas e preocupação com a observância de prazos e custos. Disposição para assumir a responsabilidade pelos atos praticados. @freepik Os períodos cíclicos de crise têm sido cruéis com os pro�ssionais que trabalham na gestão de pessoas ou, ainda, na área de recursos humanos. É muito comum convivermos em um ambiente onde nossos cargos e posições são constantemente ameaçados e ainda os orçamentos do setor sempre diminuídos. Essas situações ocorrem com tanta frequência que passam a fazer parte da rotina da função. 70 Nesse cenário de altíssima exigência e de acirrada concorrência, é fundamental o esclarecimento de que a tecnologia e o mercado evoluíram e exigem novas habilidades e competências, mas e o RH das empresas, também apresentou evolução para a superação dos novos desa�os a que está sujeito? O que os novos tempos requerem? Desta forma, Ribeiro (2019, p. 7) aponta os novos modos de ação de um RH moderno e atualizado: Propor, de�nir e garantir um conjunto de normas e procedimentos em linha com os princípios empresariais, de acordo com a legislação aplicável. Criar e operar sistemas que permitam que as oportunidades de emprego e desenvolvimento de carreira estejam disponíveis a todos. Dar suporte às demais unidades da empresa prestadora de serviços ou ser um facilitador de processos na administração de pessoas. Dar suporte às demais unidades da empresa no recrutamento e desenvolvimento de pessoas. Criar, propor e administrar instrumentos que possibilitem uma remuneração competitiva a todos os funcionários. Buscar sempre a diversidade, com o objetivo principal de aumentar o capital intelectual para garantir a capacidade de atualização e inovação da empresa. Ver as pessoas e a organização como seres individuais e ajudá-las a dar o próximo passo em seu processo de desenvolvimento. Face aos novos modos de agir do pro�ssional de RH, é provável que você já esteja fazendo comparações, por exemplo, essa função se assemelha a um pro�ssional de mágica que equilibra cerca de sete pratos giratórios em uma vara ao mesmo tempo, sempre se preocupando para que nenhum dos pratos caia e se quebre. Ou ainda, comparando a função de gestor de RH a um apagador de incêndios em domicílio. É isso mesmo! Embora os exemplos sejam drásticos, no cotidiano, os exemplos se assemelham aos procedimentos praticados na empresa por esse gestor. Conhecedores de que essa área é repleta das mais variadas exigências e pressão advindos de todos os departamentos da empresa e até mesmo do meio externo a ela, nós seríamos capazes de de�nir o real papel do setor de RH da empresa? Nesse sentido, Ribeiro (2019, p. 14) descreve o papel ideal do RH: 71 Seu papel é criar um ambiente cordial, respeitoso e protetor para as pessoas e fazer todos entenderem que a empresa só terá sucesso tratando bem aqueles que participam da organização, sejam parceiros, empregados, terceirizados, colaboradores, fornecedores ou clientes. O RH deve privilegiar o talento, garimpando e trazendo para a empresa os melhores funcionários e as pessoas devem ser estimuladas a participar e a produzir por meio de formatos de remuneração que reconheçam e privilegiem sua performance. É muito importante que os funcionários saibam que a empresa se preocupa com eles e faz isso colocando em prática um adequado programa de fringe bene�ts, com o qual o empregado se sinta seguro e apoiado. Além desse papel que deve ser exercido pelo RH, é necessário que abordemos alguns temas igualmente relevantes, que a princípio, podem ser considerados apenas como incidentes pontuais, porém, podem evoluir para crises e con�itos, gerando graves danos à reputação da empresa, são eles (RIBEIRO, 2019): Governança corporativa. Lei anticorrupção. Assédio sexual no trabalho. Assédio moral na empresa. Bullying nos serviços. Uso da internet no trabalho (redes sociais). Propagação de fake news. 72 CONECTE-SE Saiba mais sobre os softwares de RH e quais as áreas de aplicação. 73 https://go.eadstock.com.br/eQB 10 Motivação e Liderança Prezado acadêmico, o assunto liderança está sempre presente em nossas análises e discussões, a�nal, sem os líderes provavelmente a humanidade não teria evoluído. Graças a esses líderes surgidos, escolhidos ou ungidos é que a humanidade tem se bene�ciado ao longo dos tempos. As pessoas têm um hábito de seguir aqueles a quem consideram líder. É habitual observarmos nos classi�cados de empregos dos principais jornais do país, que são anunciadas centenas de vagas para preenchimento de diversi�cadas funções. Mas você já leu algum anúncio em que uma empresa anuncia a vaga de líder? É muito provável que não.E qual o motivo? Talvez o principal motivo da não existência de anúncios dessa natureza seja bastante simples: a liderança requer competência! Em um mercado dinâmico, exigente e de acirrada concorrência, os contratantes buscam pro�ssionais que tenham experiência comprovada de competências especí�cas para o desempenho da função. Com a forte pressão exercida sobre todos na organização e, principalmente, sobre os principais gestores, as empresas quando contratam, buscam pro�ssionais que apresentem soluções e não o contrário. Nesse contexto, Marinho e Figueiredo (2006, p. 2, grifo nosso), descrevem um conceito de competências bastante abrangente: Competências são habilidades e características pessoais que contribuem para se atingir um desempenho de alto nível. As competências incluem mais do que as habilidades técnicas necessárias para realizar as tarefas inerentes à função. Por exemplo, considere o trabalho dos garçons em um restaurante. Certas habilidades técnicas precisam ser dominadas, como carregar bandejas repletas de pratos, movimentar-se bem entre a cozinha e o salão, e usar uma calculadora ou computador para fechar a conta. Mas, para ser excepcional, um indivíduo deve demonstrar outras qualidades, como cordialidade e receptividade no que diz respeito às necessidades dos clientes. As competências para o cargo incluem tanto habilidades técnicas quanto qualidades pessoais. As competências são habilidades e comportamentos que os indivíduos de desempenho excepcional demonstram mais frequentemente e com melhores resultados do que os indivíduos de desempenho médio. Com base nos conceitos apresentados, nossa conclusão é bastante simples e concisa: que ser competente é um grande desa�o, não é mesmo? E ser um líder competente é um desa�o maior ainda, pois exercer esse papel em um cenário que requer resultados imediatos a custos cada vez mais reduzidos não é tarefa simples! Nesse contexto, é possível também concluirmos que para cada cenário que se apresente, um estilo de líder se faz necessário! Você não concorda? 75 Estilos de Liderança Os diversi�cados estilos de liderança estão relacionados ao modo como um líder age no desempenho de suas funções e à forma como é vista por seus liderados. Nesse sentido, quanto mais o líder adaptar o seu comportamento de liderança para atendimento das situações particulares e também às necessidades de seus comandados, mais efetivo é o processo de conquista dos seus objetivos pessoais e organizacionais. Os problemas decorrentes das mais diversas situações ocorridas nas empresas parecem não ter �m. A todo momento surge algo novo, exigindo uma solução diferente para problemas igualmente diferentes. Há vários tipos de pessoas e cada um tem um estilo próprio, o qual é re�etido na sua liderança no cotidiano. Baseados na análise das responsabilidades do líder – preocupação, interesse, responsabilidade pelas pessoas e resultados – Marinho e Figueiredo (2006, pp. 31- 32) descrevem cinco categorias de estilos de liderança: �. Laissez-faire: não há estrutura ou supervisão; os membros de�nem seus próprios alvos e padrões de desempenho; o líder é “o primeiro entre os iguais”, sem autoridade, apenas alguém à disposição; o líder dá o mínimo de direção e o máximo de liberdade. Esse estilo de liderança é próprio de líderes que se ausentam com frequência ou que estão ali quase que meramente pró-forma. �. Democrático-participativo: o líder fornece alguma estrutura, algum quadro de referência, dentro do qual os membros ainda estabelecem, em grande parte, seus alvos e padrões; líder e conselheiro têm um mínimo de autoridade. Na realidade, a democracia representativa e participativa dá uma ideia de que as decisões são tomadas pelo povo. Por isso, líderes canalizam as necessidades do grupo e ajudam a de�nir com precisão as suas aspirações. As políticas se tornam uma decisão coletiva. Então, os líderes estão ali para dar assistência, sugerir, e permitir que �ua a comunicação, a �m de esclarecer problemas e resolvê-los coletivamente. Esse estilo é próprio de líderes que acreditam que o modelo de motivar os outros é envolvê-los nas tomadas de decisão e solução de problemas [...]. �. Manipulativo-inspirador: há alguma estrutura, mas ela é comumente confusa e ambígua; a direção (a gerência) estabelece os alvos com pouca participação, mas a aceitação dos empregados é difícil. 76 Benevolente-autocrático: as atividades do grupo são amplamente estruturadas; uma supervisão relativamente cerrada; entretanto, os funcionários são encorajados a fazer sugestões em relação às metas, condições de trabalho etc. É o estilo “papaizão” ou da “supermãe”: adota o método paternalista/maternalista, visando a manter todos felizes e satisfeitos, sem perceber que, assim se tornam mais dependentes e fracos. Essa abordagem de “estar em família” é comovente, pois cria a ilusão de segurança e fraternidade, mas sacri�cando a e�ciência e a e�cácia. �. Autocrático-burocrático: as atividades do grupo são integrais e arbitrariamente estruturadas; a supervisão é autoritária e autocrática; questionamentos de ordens são considerados insubordinação. É o estilo oposto do democrático-participativo. Esse estilo se encontra em toda parte: desde um líder religioso, que se arvora em estar cumprindo “a vontade de Deus”, ou um governante que se vê no cargo por imposição divina, até um rei que a�rma dogmaticamente “Le loi est moi” (“a lei sou eu”) (Montesquieu, 1748). Nos negócios, esse estilo se concentra em regras e regulamentos, pois gira em torno de uma pessoa ou sistema. É o estilo de líderes que mandam, não co-mandam: “Faça o que tem de ser feito, e não discuta”. Líderes concentram o poder em si mesmos: acham que só eles/elas podem tomar as decisões rapidamente. Reconhece-se até que, em situações críticas de emergência, como em campanhas militares, essa concentração de poder é necessária, mas que, passada a crise emergencial, ela pode descambar para o despotismo [...] (MARINHO; FIGUEIREDO, 2006, pp. 31-32). Não há um estilo de liderança certo ou errado, mas sim o estilo ideal para o tipo de situação em que a empresa se encontra. Um líder pode, à medida que sua equipe adquira maturidade, modi�car o seu estilo de liderança – em outros termos, o estilo de liderança �ca condicionado ao estilo de liderados. Vale destacar que o principal objetivo, independentemente do estilo adotado, é produzir os resultados esperados e proporcionar melhoria no clima organizacional. Se a empresa não atingir os resultados propostos, tanto os liderados quanto o líder podem perder seus cargos. 77 A Importância da Ética Atuar de forma ética no ambiente empresarial constitui-se em mais um dos principais desa�os à área de gestão de pessoas. Esse tema tem conquistado espaço nas agendas dos gestores empresariais, muito em função das recentes tecnologias corporativas, que possibilitam, com maior rapidez, a identi�cação de fraudes, erros, desvios de conduta em relação às normas e legislações. Quando ouvimos sobre escândalos de corrupção, é importante termos discernimento, pois em todos os casos de corrupção, necessariamente há dois lados: o corrupto e o corruptor. As organizações envolvidas nesses escândalos geralmente estão no segundo grupo. Os impactos que a veiculação desses escândalos nas principais mídias pode causar são danos irreparáveis à organização empresarial, podendo causar inclusive o fechamento de�nitivo da empresa. Em outras situações os danos ocorrem em relação à reputação, quando a marca da empresa �ca relacionada à corrupção e a escândalos na mente do consumidor mais esclarecido. Nesse aspecto, a ética, de acordo com Oliveira (2010, p. 412), é de�nida como “a prática de estrita obediência às regras e exigências colocadas pela autoridade constituída, em nível local, nacional e internacional”. Entretanto, Marinho e Figueiredo (2006, pp. 197-198) apresentam uma de�nição mais abrangente do termo ética: Constitui-se em uma re�exão acerca dos costumes e das ações humanas,ou seja, ocupa-se da própria vida humana diante dos costumes considerados corretos (da moral). Assim, quando falamos em ética, necessariamente estamos nos preocupando com as questões fundamentais relativas à liberdade, ao bem, aos valores, às leis e à consciência. Na gestão empresarial em geral, e do agronegócio em particular, agir eticamente signi�ca contribuir para motivar as pessoas, independentemente do cargo que ocupam, a comportar-se de forma ética. No entanto, agir de forma ética exige preparo, capacitação e muito treinamento, a�nal, a característica da raça humana é a de ser má. Desta forma, nossa grande di�culdade é aplicarmos em nosso 78 cotidiano uma ética de validade universal, ou seja, a ética kantiana, que segundo Marinho e Ferreira (2006, p. 198), é assim expressa: “age de tal maneira que o motivo que te levou a agir possa ser convertido em lei universal”. De acordo com Oliveira (2010, p. 415), a ética deve ser analisada de dois pontos de vista, que se complementam: a. ética empresarial – a conduta da entidade que chamamos empresa, formal e juridicamente entendida, como uma pessoa coletiva. A empresa tem seus comportamentos, que são expressos pela iniciativa de seus dirigentes, pelos processos e decisões que elas cumprem e, por �m, pelas consequências que esses últimos geram para as sociedades em que tais empresas atuam. b. ética pro�ssional – a conduta individual das pessoas que trabalham na e para a empresa, enquanto indivíduos adultos e responsáveis. Muitas vezes, as pessoas que trabalham em uma empresa agem em nome destas, seja porque seus superiores determinaram que o �zessem, seja porque elas próprias decidiram agir deste modo. Outras vezes, essas pessoas não estão necessariamente agindo em nome da empresa, porém, sua imagem está de tal forma ligada a ela, que sua conduta inevitavelmente “respinga” ou repercute na imagem da organização. Em ambos os casos, existe uma inegável responsabilidade ética da pessoa envolvida (OLIVEIRA, 2010, p. 415). Ainda no contexto da ética pro�ssional, uma prática adotada por líderes de sucesso é a de fazer críticas aos subordinados de forma reservada e tecer elogios aos mesmos em público. Com esse simples procedimento os subordinados começam a adquirir respeito e admiração pelo seu chefe, que futuramente será visto como um líder. Podemos concluir que o agir de forma ética é um dos atributos de um líder de sucesso e essa prática deve ser impregnada em todos os níveis de tal forma que deixe de ser obrigação e passa a ser algo natural. De forma resumida, a ética é aquilo que fazemos quando ninguém está nos observando! Para evitar surpresas desagradáveis decorrentes das ações de seus gestores e subordinados, as empresas estão se precavendo e adotando as práticas de compliance, que visam ao alinhamento das práticas de uma empresa às leis, regras e normas existentes, cujo objetivo é gerar valor para o negócio. O verdadeiro líder deve agir no sentido de que nenhum de seus liderados tenha mais direitos que os outros, �cando assim caracterizada sua integridade e imparcialidade, ou seja, uma conduta reta e incorruptível, direcionada à satisfação dos interesses de todos. 79 CONECTE-SE O Portal da FIA Business Scholl apresenta uma matéria interessante acerca do compliance, seus principais tipos e como aplicar nas empresas. Vale a pena conferir! 80 https://go.eadstock.com.br/eQC 11 Fundamentos de Economia Prezado acadêmico, considerando que as Organizações Industriais têm como objetivo o de fornecer uma visão geral dos sistemas de produção e de suas relações com o mercado, vamos agora conhecer um pouco sobre economia? A�nal, precisamos saber de onde vêm os insumos para a produção de bens e como é realizada a comercialização. Para que a produção ocorra, são necessários os fatores de produção, que consistem na matéria-prima ou no serviço empregado para se produzir tais bens e serviços. Uma regra da economia é que os recursos responsáveis por esses insumos são escassos, enquanto as necessidades dos consumidores são ilimitadas. Por essa razão, é preciso que haja uma produção sem desperdícios. As perguntas básicas da economia são três: o que produzir (escolha de bens), como produzir (escolha das tecnologias) e para quem produzir (escolha do consumidor). Desta forma, temos que escolher os fatores de produção de forma adequada, priorizando a otimização de uso dos recursos. Nesse sentido, Silva e Silva (2018, p. 12) apresentam o signi�cado dos fatores de produção ou insumos, utilizados para a produção de bens e serviços: �. A terra: recursos naturais e/ou tudo que vem da natureza. O uso sustentável desse grupo de recursos que provém da terra (como água, minérios, combustíveis fósseis e outros) deve estar no centro do debate de qualquer alternativa de produção, visto que, se não são e�cientemente utilizados, criam mais custos no futuro, devido ao aumento da escassez. �. O trabalho: é o tempo despendido pela mão de obra para a realização da produção de determinado bem ou serviço. É tido como o fator mais importante, pois, por mais que as máquinas façam muita coisa atualmente, tem sempre um cérebro humano por trás de toda a parafernália tecnológica. Aqui é muito importante a capacitação constante da mão de obra, para que ela possa ser bem utilizada no processo produtivo. �. O capital: se refere às máquinas e aos equipamentos que servirão para a produção de outros bens. Logo, esses bens duráveis que servem à produção de outros (computadores, máquinas a laser, fornos, tratores e tantos outros) são chamados de bens de capital (SILVA; SILVA, 2018, p. 12). Aprendemos que para a produção de bens, são necessários fatores de produção, os quais são escassos. Desta forma, é preciso saber escolher o que produzir. Nesse sentido, vamos conhecer a classi�cação dos bens? 82 Caro aluno, a economia de mercado capitalista funciona fazendo o elo entre a produção e o consumo e entre o mercado nominal e o mercado real. Os agentes econômicos, conhecidos por fazerem as ligações ou transações nos mercados produtores (empresas), consumidores (famílias) e os governos. Os governos, por sua vez, têm o papel maior ou menor de prover bens públicos (que são disponíveis a todos) e recursos comuns, em mercados onde a iniciativa privada não deseja atuar e/ou para controlar mercados imperfeitos (em que a oferta e a demanda de bens e serviços são muito desiguais, como nos monopólios). 11 Seu caráter: livres ou econômicos. Os bens livres estão disponíveis para todos em quantidades ilimitadas e não podem ser apropriados por ninguém (exemplos: ar e mar). Já os bens econômicos são aqueles que são limitados (escassos), passíveis de propriedade privada e se dividem em várias classes (SILVA; SILVA, 2018). 22 Sua natureza: de capital ou de consumo. a. Bens de capital: são utilizados para a produção de outros bens, como máquinas, equipamentos e computadores usados na produção. Podem também ser chamados de bens de investimento, pois visam a satisfazer a sociedade no médio e no longo prazo como bens de consumo. b. Bens de consumo: os bens de consumo podem ser divididos entre bens duráveis (como eletrodomésticos e automóveis) ou bens não duráveis (como alimentação e sabonetes) (SILVA; SILVA, 2018). 33 Sua função: intermediários ou �nais. a. Bens intermediários: são aqueles que serão transformados em outros bens para posterior consumo. b. Bens �nais: bens que já sofreram a transformação e estão prontos para chegar ao consumidor �nal (SILVA; SILVA, 2018). 83 De acordo com Silva e Silva (2018), o �uxo circular da renda (Figura 1) nos permite visualizar como funciona o mercado de bens e fatores de produção e como seus agentes são independentes: as empresas oferecem bens e serviços (mercado real) para as famílias que, por sua vez, pagam esses bens e serviços (mercado nominal). Por outro lado, as famílias ofertam mão de obra e outros fatores de produção para as empresas (mercado real), que pagam por meio de salários,juros, aluguéis e outros a essas mesmas famílias (mercado nominal): Para resumir, perceba, por meio de uma análise da Figura 1 a seguir, que esse �uxo conta com os seguintes mercados: de bens e serviços: empresas vendem e famílias compram; de fatores de produção: famílias vendem e empresas compram; nominal ou monetário: abrange todo o valor monetário (em dinheiro) que passa pelo �uxo, desde pagamentos de produção até de bens e serviços; real: refere-se a tudo o que é palpável na economia, como bens, serviços e mão de obra. Figura 1 – Fluxo circular da atividade econômica ou �uxo circular da renda Fonte: Silva e Silva (2018, p. 18). 84 Caro aluno, esse �uxo circular de renda, nos remete aos constantes noticiários da televisão sobre os principais indicadores da economia brasileira, não é mesmo? Todos nós, em virtude das constantes crises por que o país passou na área econômica (e quem é um pouco mais velho conviveu com vários planos de contenção da in�ação que fracassaram) temos um pouco do vocabulário conhecido como “economês”. Nesse contexto, para aprofundar nosso conhecimento, é necessário que saibamos o signi�cado de economia, que Vasconcellos e Garcia (2019, p. 2, grifo nosso) apresentam: De�ne-se Economia como a Ciência Social que estuda de que maneira a sociedade decide (escolhe) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a �m de satisfazer as necessidades humanas. Portanto, é a Ciência Social que estuda como a sociedade administra recursos produtivos (fatores de produção) escassos. Mas de que forma nossa sociedade se organiza no que se refere aos modelos de produção, de distribuição e de consumo de seus bens e serviços? Nesse sentido, a de�nição de sistema econômico é apresentada da seguinte maneira: Um sistema econômico pode ser de�nido como a forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade. É um sistema particular de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam, buscando a melhoria no padrão de vida e bem-estar (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019, p. 4, grifo nosso). Para solidi�carmos nosso entendimento, é importante que saibamos como os sistemas econômicos são constituídos. Desta forma, os elementos básicos componentes do sistema econômico são descritos: estoque de recursos produtivos ou fatores de produção: aqui se incluem os recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, a terra, as reservas naturais e a tecnologia; complexo de unidades de produção: constituído pelas empresas; conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são a base da organização da sociedade (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). 85 A maneira pela qual as sociedades resolvem seus problemas econômicos fundamentais depende da forma da organização econômica do país, ou seja, do sistema econômico de cada nação. Os sistemas econômicos podem ser classi�cados do seguinte modo: Sistema capitalista ou economia de mercado: é regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção. Sistema socialista ou economia centralizada: conhecida também como economia plani�cada. Nesse sistema as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção, chamados nessas economias de meios de produção, englobando bens de capital, terra, prédios, bancos, matérias-primas (VACONCELLOS; GARCIA, 2019). Agora que já conhecemos as duas classi�cações quanto aos sistemas econômicos, precisamos conhecer as estruturas de mercado, estas podem ser de concorrência perfeita ou imperfeita. Nesse aspecto, Silva e Silva (2019, p. 56) descrevem: A principal diferença entre as duas estruturas está relacionada ao tipo de produto que cada segmento escolhe produzir. Enquanto na concorrência perfeita os produtos são caracterizados como homogêneos, na concorrência imperfeita eles são heterogêneos. Ou seja, há pelo menos uma mínima diferenciação que pode in�uenciar na tomada de decisão do consumidor. Uma outra característica própria da concorrência perfeita se refere ao grande número atuante no mesmo segmento. Esses atuantes incluem tanto vendedores quanto compradores. Isso faz com que nenhuma empresa consiga in�uenciar o preço que é praticado no mercado. Considera-se, portanto, que o preço é dado, devido à alta competitividade. Ou seja, se diz que as empresas são tomadoras de preços. Assim, entre as principais características dessa estrutura está a aceitação dos preços. Um exemplo de empresas que operam sob o regime de concorrência perfeita são os supermercados (SILVA; SILVA, 2019). De acordo com Silva e Silva (2019) e Vasconcellos e Garcia (2019), a concorrência imperfeita apresenta diferentes tipos de estrutura de mercado, as quais são descritas como: Oligopólio: nesse mercado, diferentemente do que ocorre na concorrência perfeita, apenas um pequeno número de empresas detém a maior fatia de clientes do segmento. O número de vendedores é inferior, o que lhe permite 86 um maior poder de barganha em relação à formação de preços frente a um mercado de muitos compradores. Monopólio: o mercado monopolista apresenta características contrárias às da concorrência perfeita. Nesse modelo, há uma única empresa com o domínio completo do mercado. Não há, portanto, concorrência ou um outro produto substituto. Cartel: é uma organização (formal ou informal) de produtores/comerciantes dentro de um setor que determina a política de preços para todas as empresas que a elas pertencem. Elas costumam adotar uma política de preços comum, agindo como monopolistas. CONECTE-SE Conheça mais sobre o CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que zela pela livre concorrência no mercado brasileiro. 87 https://go.eadstock.com.br/eQD 12 Gestão do Conhecimento nas Organizações Industriais Prezado acadêmico, como já estudamos em aulas anteriores, no período em que antecedeu à Revolução Industrial a produção de bens era realizada de forma artesanal, personalizada e única. Deste modo, não havia um bem elaborado que fosse literalmente igual a outro, uma vez que não havia uma linha de produção. Todo o conhecimento sobre o processo e os insumos utilizados era do artesão. Com a invenção da máquina a vapor e, consequentemente, das máquinas de produção em massa, o conhecimento passou a ser disputado, a�nal, era necessário que mais pessoas soubessem a receita de fabricação. Por volta de 1880, com o advento da Administração Cientí�ca, esse conhecimento foi decomposto em várias pequenas tarefas, que poderiam ser executadas por pessoas diferentes. Um exemplo é o processo de fabricação do carro, o qual é decomposto em várias tarefas simples e a cada trabalhador é atribuída uma pequena tarefa. Ele não necessita entender o que os outros estão fazendo ou o que a sua tarefa signi�ca para o processo total de fabricação do carro. A divisão de todo o processo em pequenas tarefas ou módulos era a chave para o sucesso na Sociedade Industrial (TAKEUCHI; NONAKA, 2008). Nesse contexto, podemos deduzir que o conhecimento é a experiência, a bagagem ou ainda o conteúdo que o trabalhador carrega ao longo de sua vida. Ao longo da história, as empresas buscam apropriar-se desse ativo valioso. Porém, para elucidar nosso entendimento, Fleury e Oliveira Júnior (2011, p. 31, grifo nosso) apresentam duas perspectivas que auxiliam na de�nição de gestão do conhecimento: A gestão do conhecimento como a atividade de divulgar e explicitar o conhecimento que está embutido nas práticas individuais ou coletivas da organização [...]. Sem dúvida, esse é um tema da administração cientí�ca. Muitas técnicas atuais, como os sistemas especialistas, a armazenagem de dados e a reengenharia do processo empresarial, re�etem isso. Enquanto a primeira perspectiva procura abstrair o conhecimento das pessoasque o criam e o implementam, a segunda, que foca o conhecimento como processo, envolve os processos individuais e sociais de criatividade, inovação, motivação e comunicação. Nesse sentido, trata-se de uma bibliogra�a sociológica e psicológica tradicionalmente mais complexa. O conhecimento é composto por dois componentes dicotômicos e aparentemente opostos, ou seja, pelos conhecimentos explícito e tácito, os quais são descritos por Takeuchi e Nonaka (2008, p. 19, grifo nosso) como: 89 Agora que você já sabe os conceitos de conhecimento explícito e tácito, talvez �que mais fácil compreender o porquê de alguns colaboradores resistirem a transmitir o que sabem a outros funcionários: o receio de ser substituído. Um exemplo bem prático dessa retenção de conhecimento é o caso de uma instituição de ensino pública, de enorme dimensão, recém-inaugurada, que rapidamente teve o seu setor de engenharia e projetos incendiado. A consequência principal foi que todas as plantas hidráulicas foram perdidas no incêndio. A partir desse momento, todo o conhecimento de onde passavam as tubulações estava na cabeça de apenas um mestre de obras. Com o passar dos anos, ninguém se deu conta da importância de retirar esse conhecimento do mestre de obras. Chegou o dia em que ele se aposentou e foi morar fora do país. Desnecessário dizer que até os dias atuais, qualquer perfuração no solo da instituição de ensino, enseja em reparos hidráulicos, além dos vazamentos de água e esgoto. Caro aluno, por meio desse exemplo real, você consegue perceber a importância de se externalizar esse conhecimento? Nesse contexto, precisamos compreender como se dá essa extração ou criação do conhecimento. De acordo com Takeuchi e Nonaka (2008), a criação do conhecimento inicia com a socialização e passa através de quatro modos de conversão do conhecimento, formando uma espiral. O conhecimento é ampli�cado passando pelos quatro modos de conversão, conhecidos por processo SECI, que podem ser descritos como (TAKEUCHI; NONAKA, 2008, p. 23): �. Socialização: Compartilhar e criar conhecimento tácito através de experiência direta. �. Externalização: Articular conhecimento tácito através do diálogo e da re�exão. CONHECIMENTO EXPLÍCITO Pode ser expresso em palavras, números ou sons, e compartilhado na forma de dados, fórmulas cientí�cas, recursos visuais, �tas de áudio, especi�cações de produtos ou manuais. O conhecimento explícito pode ser rapidamente transmitido aos indivíduos, formal e sistematicamente. CONHECIMENTO TÁCITO Não é facilmente visível e explicável. Pelo contrário, é altamente pessoal e difícil de formalizar, tornando-se de comunicação e compartilhamento di�cultoso. As intuições e os palpites subjetivos estão sob a rubrica do conhecimento tácito. O conhecimento tácito está profundamente enraizado nas ações e na experiência corporal do indivíduo, assim como nos ideais, valores ou emoções que ele incorpora. 90 �. Combinação: Sistematizar e aplicar o conhecimento explícito e a informação. �. Internalização: Aprender e adquirir novo conhecimento tácito na prática. Na Figura 1, são ilustrados os quatro modos de conversão do conhecimento que forma a espiral, a qual é ampli�cada à medida que passa para os níveis ontológicos, do indivíduo para o grupo e, então, para a organização. Cada modo do processo SECI envolve uma combinação diferente das entidades de criação do conhecimento, como mostrado a seguir: Figura 1 – Processo SECI Fonte: Takeuchi e Nonaka (2008, p. 24). O conhecimento é criado apenas pelos indivíduos, ou seja, uma organização não pode criar conhecimento por si mesma, sem os indivíduos. É muito importante, portanto, que a organização dê apoio e estimule as atividades criadoras de conhecimento dos indivíduos ou que proporcione os contextos apropriados para elas. A criação do conhecimento organizacional deve ser entendida como um processo que “organizacionalmente” ampli�ca o conhecimento criado pelos indivíduos e o cristaliza no nível do grupo através do diálogo, discussão, compartilhar de experiência, fazer sentido ou comunidade de prática (TAKEUCHI; NONAKA, 2008). A fase embrionária do conhecimento, ou seja, os primeiros registros dessa importante área se dão com o taylorismo, centrando o conhecimento apenas na gerência, criando manuais técnicos e padronizando procedimentos. 91 Nesse sentido, a principal �nalidade de aplicação da gestão do conhecimento nas organizações é a conexão das fontes de geração com as necessidades de aplicação do conhecimento. O ideal é que haja facilidade na transferência do conhecimento da mente dos geradores para as pessoas que o utilizam na execução da estratégia da empresa. CONECTE-SE O Portal Contabilizei apresenta importantes dicas de como aplicar a gestão do conhecimento nas empresas. Vale a pena clicar e conferir! 92 https://go.eadstock.com.br/eQE 13 Principais Ferramentas da Qualidade Caro aluno, a tão almejada qualidade em todas as atividades da empresa passa necessariamente pela área de produção. A começar pelas compras dos insumos e chegando até a inspeção �nal do produto fabricado. Pense na hipótese, por exemplo, de a empresa vender produtos com defeitos de fabricação. Dentro deste contexto, Baily et al. (2000, p. 118, grifo nosso) fazem alguns apontamentos acerca do termo qualidade: Você já imaginou as consequências para a imagem e reputação da empresa? E para a sua sobrevivência no mercado? Por essa razão os olhos da empresa se voltam para a qualidade. Qualidade é uma palavra com vários signi�cados e conotações. Por exemplo, pode signi�car excelência, como em “esse é um produto de qualidade”, ou pode ser considerada como a extensão pela qual um produto ou serviço obtém a satisfação do cliente. Uma ideia que vem ganhando ampla aceitação é a de que “qualidade é tudo o que o cliente considera como tal”. 94 Atualmente, há uma forte tendência das empresas na implantação da qualidade em todos os seus procedimentos. De acordo com Bertaglia (2009, p. 427), a gestão da qualidade total “é uma �loso�a que, associada a métodos, ferramentas e ações, força toda a organização, em todos os seus níveis, a buscar a excelência nas atividades individuais e corporativas”. Mais especi�camente no setor de compras, a qualidade de um produto de�ne-se através da comparação de suas características com os desejos do consumidor ou com as normas e especi�cações de fabricação. Determinado produto pode ter alta qualidade apenas regular para os departamentos técnicos que o fabricam. O problema central do controle de qualidade é manter determinado nível de qualidade para um produto, de acordo com a política da empresa, ou seja, de acordo com os padrões de qualidade de�nidos (DIAS, 2010). O padrão de qualidade a ser atingido ou mantido ocorre em função de uma série de fatores. A empresa, quando de�ne que certo produto será fabricado em conformidade com certas especi�cações de qualidade, normalmente realiza previamente uma análise de dois fatores básicos (DIAS, 2010, p. 296): ASPECTO INTERNO As condições materiais, instalações, matéria-prima, pessoal e quais os custos para atingir ou manter determinado nível de qualidade. A medida de con�abilidade de um produto aceito como de boa qualidade em relação às especi�cações do projeto e do processo é que é a qualidade de fabricação. CONECTE-SE A Fundação Nacional de Qualidade (FNQ) atua em disseminação, educação, diagnóstico e consultoria com foco na gestão voltada para a excelência e transformação das organizações do Brasil. Conheça mais sobre a FNQ! 95 https://go.eadstock.com.br/eQF ASPECTO EXTERNO Quais os desejos dos consumidores? Existem condições governamentais quanto à qualidade do produto fabricado? Ocorrem exigências para determinado tipo de mercado consumidor? A de�nição de qualidade pode ser muito simples ou demasiadamente complexa, mas o que realmente importa é que ela seja estabelecida de forma muito bem criteriosa. Nesse sentido, Dias (2010) considera que asde�nições dos padrões de qualidade devem ser precedidas de uma descrição sumária, em termos técnicos adequados e usuais, os quais serão informados ao fornecedor. Tais de�nições podem ser estabelecidas da seguinte forma: Por marca; Por especi�cações; Por desenhos; Por in�uência do mercado; Por amostra; Por combinação de duas ou mais modalidades citadas. Após análise desses dois fatores e chegar a uma conclusão, a empresa poderá então determinar os seus padrões de qualidade que podem ser relativos aos mais diversos aspectos. Para manutenção dos seus padrões de qualidade é importante que haja o controle da qualidade, é preciso existir um programa de gerenciamento, como exemplo, o TQM. Os conceitos de TQM – TOTAL QUALITY MANAGEMENT (ou gestão da qualidade total) são cada vez mais aplicados no gerenciamento das organizações empresariais. A qualidade total é um termo relacionado à cultura e ao comportamento de empresas, originária do Japão por volta dos anos de 1950. De acordo com Bertaglia (2009, p. 427), existem várias de�nições para o conceito de TQM, tais como: Filoso�a de administração em que a qualidade é a preocupação principal em todo o sistema. Forma pela qual a organização é administrada para obter excelência nos negócios, baseando-se nos conceitos fundamentais de foco no cliente, parceria com fornecedores, melhoria contínua, inovação, liderança, consistência de propósito, responsabilidade pública e orientação para resultados. Comprometimento organizacional (da empresa) para desenvolver um processo cujo objetivo é conseguir produtos de alta qualidade e satisfação do cliente. 96 Fonte: acesse o link disponível aqui A seguir, Bertaglia (2009, p. 428) destaca os pontos importantes para implantação do TQM nas organizações empresariais: as empresas de primeira linha, chamadas de classe mundial, normalmente trabalham com o conceito de TQM, mesmo que customizado para suas realidades; a forma mais efetiva de introduzir o TQM é treinando a alta gerência, pessoas envolvidas com o desenvolvimento de produtos e pessoas envolvidas com clientes; é mais fácil introduzir novos conceitos de desenvolvimento de produtos em uma companhia que já tenha a cultura do TQM. As pessoas passam a entender que as ferramentas são utilizadas para administrar o �uxo de trabalho e a informação, visando suportar o ciclo de vida do produto em vez 97 https://br.pinterest.com/pin/36732553201560168/ de apoiar uma função local para administração de ferramentas e dados do CAD (Computer Aided Design). Dentre as características mais importantes do TQM estão a qualidade orientada para o cliente, liderança e comprometimento da alta gerência, melhoria contínua, resposta rápida, ações baseadas em fatos, participação dos funcionários e uma cultura de TQM. Por meio do Quadro 1, Bertaglia (2009) descreve cada uma dessas características: 98 Quadro 1 – Características do TQM Qualidade orientada para o cliente: o atributo fundamental do TQM é a sua orientação para o cliente, ou seja, o cliente está em primeiro lugar. A satisfação do cliente é vista como a mais alta prioridade da organização, pois o seu sucesso depende totalmente da satisfação do cliente. A visão do TQM é sensível às demandas dos clientes e procura responder rapidamente a elas. Liderança e comprometimento da alta gerência: O TQM é um caminho para a organização; pode ser a sua vida, portanto, deve ser introduzido e liderado pela alta gerência da empresa. Esse é um posto-chave para que o programa alcance êxito. Várias tentativas de implementação do TQM falham devido ao não comprometimento dos líderes das organizações, que, muitas vezes, delegam as atividades para terceiros. O comprometimento e o envolvimento pessoal são extremamente necessários para criar e impregnar valores de qualidade e metas consistentes aos objetivos da organização, gerando e produzindo sistemas, métodos e indicadores bem de�nidos para alcançar essas metas. Melhoria contínua: a melhoria contínua de todas as operações e atividades é a essência do TQM. Uma vez que exista o reconhecimento de que a satisfação do cliente somente pode ser obtida com o fornecimento de produtos de alta qualidade, a melhoria contínua da qualidade do produto será vista como caminho para manter o nível elevado de satisfação do cliente. Como resultado, o TQM enfatiza a melhoria contínua nos processos da empresa. Essa prática conduz a uma melhoria na qualidade do processo que, por sua vez, melhorará a qualidade do produto, aumentando a satisfação do cliente. Resposta rápida e e�caz: para conseguir a satisfação do cliente, a organização deve rapidamente responder às suas necessidades, o que representa ciclos mais curtos de desenvolvimento e introdução de produtos e serviços. A resposta à demanda pode ser obtida se o foco estiver direcionado para o cliente e o processo. E�ciência e simpli�cação reduzem drasticamente os tempos envolvidos em todas as etapas [...]. Ações baseadas em fatos: no conceito de TQM, a análise estatística dos fatos que ocorrem nas áreas de desenvolvimento de produto e na manufatura é fundamental, pois ela nos fornece dados importantes para revisão, planejamento, acompanhamento do desempenho e melhoria das operações e comparação dos indicadores com a concorrência. Participação dos funcionários: para que a implementação do TQM seja bem-sucedida, é fundamental que os funcionários estejam comprometidos com o conceito e sejam muito bem treinados. Os sistemas de premiações e reconhecimentos que enfatizem os objetivos de qualidade conseguidos estimula a participação. A educação e o treinamento devem ser processos contínuos e constantes aplicados aos empregados, de modo a encorajá-los a assumir mais responsabilidades, a fazer uma comunicação mais efetiva, a agir de maneira mais criativa e a inovar. Cultura do TQM: A introdução do TQM em uma organização não é simples, portanto, a administração de empresa deve criar uma cultura aberta e cooperativa. Os funcionários têm de “comprar” a ideia de que também são responsáveis pela satisfação dos clientes. Caso não participem do desenvolvimento da visão, das estratégias e dos planos da organização, eles se sentirão excluídos dessa responsabilidade. Fonte: Adaptado de Bertaglia (2009, pp. 428-431). 99 Segundo Moreira (2012), as empresas costumam apresentar algumas condições adversas, que atrapalham a introdução e a �xação de movimentos de qualidade total. Tais condições adversas são denominadas de “doenças fatais”, as quais podem ser descritas como: Quanto maior o nível de qualidade que se busca na linha de produção da empresa e, por consequência, em todos os agentes do canal logístico, maior é a aceitação do produto ou serviço pelo consumidor �nal e em decorrência, maiores 11 Falta de constância de propósitos. 22 Ênfase exagerada nos lucros de curto prazo. 33 Avaliação do desempenho, avaliação do mérito ou revisãoanual. 44 Mobilidade da direção. 55 Direção da empresa com base apenas em números visíveis. 100 receitas são geradas. Portanto, trabalhar com qualidade não é mais um diferencial, mas sim uma obrigação por parte das empresas. Para �nalizar nosso conteúdo acerca da qualidade, vale lembrar alguns conceitos inerentes à logística da produção, destacados por Moreira (2012, p. 114, grifo nosso): De forma geral, a palavra “qualidade” designa um atributo que pode se referir a qualquer coisa feita pelo homem; em sentido restrito, esse atributo refere-se a produtos ou serviços produzidos para o mercado: carros, serviços educacionais, trabalho de hospitais, companhias de transporte, equipamentos elétricos etc. Qualidade de conformação é o maior ou o menor grau em que produtos, serviços ou atividades são feitos ou desempenhados de acordo com um padrão ou especi�cações estabelecidas. Qualidade de projeto refere-se à forma especí�ca como um produto ou um serviço foi idealizado, com maior ou menor so�sticação, abrangência etc. A cultura da qualidade deve ser impregnada por todosos níveis e setores da empresa, desde a portaria até a presidência. Desta forma, todos pensam e agem no sentido de sempre se fazer o melhor, conscientes de que eventuais falhas repercutirão nos demais setores e pessoas. Até mesmo o clima organizacional apresenta melhorias quando se promove a cultura da qualidade no ambiente organizacional. A seguir, apresentaremos algumas ferramentas importantes utilizadas na qualidade, entre as quais destacamos: ciclo PDCA, Folha de Veri�cação, Diagrama de Pareto, Diagrama de Causa e Efeito, Brainstorming e Diagrama de Dispersão. Ciclo PDCA O ciclo de melhoria contínua, como é conhecido, tem como objetivo a identi�cação e a organização das atividades de um processo de solução de problemas de maneira a garantir, de modo e�caz, o desenvolvimento de uma atividade planejada. O crescimento desordenado, aliado à falta de planejamento e de�nição de metas, faz com que a empresa não tenha uma base sólida e passe por situações sazonais (LOBO, 2019). 101 A correta utilização dessa importante ferramenta da qualidade, permite à empresa crescer sempre com uma base sólida, promovendo a melhoria contínua do processo, como Lobo (2019) descreve na Figura 1: Figura 1 – Fases do Ciclo PDCA Fonte: Lobo (2019, p. 49). Na sequência, é importante que entendamos as fases do PDCA: Planejar (Plan): planejamento, de�nição das metas, especi�cação dos métodos. De�nição do objetivo: a base para qualquer planejamento é ter de�nido o objetivo da empresa, ou seja, onde ela pretende estar em dez anos, por 102 exemplo. De�nição de metas: após a de�nição do objetivo, deve-se estabelecer metas para alcançá-lo. A melhor maneira de de�nir uma meta é perguntar se é mensurável, atingível, relevante, qual é o tempo-limite e se é especí�ca. Fazer (Do): consiste no treinamento e na execução do trabalho. Checar (Check): é a veri�cação dos resultados obtidos com o trabalho. Agir (Act): é a ação corretiva para melhoria ou manutenção do processo (LOBO, 2019, p. 49). Caro aluno, o ciclo PDCA auxilia as empresas na resolução de problemas e na implementação de soluções de modo rigoroso e, também, metódico. No entanto, é necessário que sejam seguidos os quatro passos, cujos objetivos visam garantir resultados efetivos. Folha de Veri�cação É essencial que a coleta de dados tenha as seguintes características: facilidade, concisão e praticidade. Para que isso ocorra, normalmente, utilizamos a folha de veri�cação, um impresso no qual os itens a serem veri�cados já estão dispostos de modo que os dados possam ser coletados fácil e concisamente. As principais vantagens da folha de veri�cação são: facilitar seu uso consistente por pessoas diferentes; reduzir a margem de erro; garantir que os dados relevantes sejam coletados; uniformizar o sistema de registros (LOBO, 2019, p. 51). De acordo com Lobo (2019), os tipos mais comuns de folha de veri�cação são: �. Folha de veri�cação da variação do processo: revela a variação que existe em um processo, como o peso de uma amostra de sulfato de sódio em gramas (Tabela 1). �. Folha de veri�cação de falha de processo: revela as falhas mais comuns em um processo, como as paradas de um tear para tecido plano (Tabela 2). 103 Tabela 1 – Exemplo de uma folha para variação do processo Empresa Folha de veri�cação Sulfato de sódio: 30 g 50 amostras Título Padrão Somatória 28 xxxxxxxxxx 2 28,5 xxxxxxxxxx 4 29 xxxxxxxxxx 6 29,5 xxxxxxxxxx 8 30 xxxxxxxxxx 10 30,5 xxxxxxxxxx 8 31 xxxxxxxxxx 7 31,5 xxxxxxxxxx 5 32 0 32,5 0 Fonte: Lobo (2019, p. 52). 104 Tabela 2 – Exemplo de uma folha de veri�cação para falha no processo Empresa Folha de veri�cação Títulos Paradas do tear Motivo xxxxxxxxxx Somatória Urdume xxxxxxxxxx 2 Trama xxxxxxxxxx 5 Inserção xxxxxxxxxx 23 Mecânico xxxxxxxxxx 28 Elétrico xxxxxxxxxx 6 Fio errado xxxxxxxxxx 4 Urdição xxxxxxxxxx 3 Acumulador xxxxxxxxxx 1 Fonte: Lobo (2019, p. 52). Diagrama de Pareto O princípio de Pareto é conhecido pela proporção 80/20, ou seja, 80% dos problemas são resultantes de 20% de causas potenciais. O diagrama é um grá�co de barras que classi�ca os dados de um problema por ordem de importância, de modo a estabelecer prioridades de ação corretiva, conforme podemos observar por meio do Grá�co 1: 105 Grá�co 1 – Tipos de defeito e porcentagem acumulada Fonte: Lobo (2019, p. 53). A seguir, Lobo (2019, p. 54) apresenta um passo a passo para elaboração de um diagrama de Pareto, o qual tem como base os dados da folha de veri�cação: a) Acerte a tabela colocando os itens de maior frequência em escala decrescente. b) Complete a tabela acrescentando uma coluna para % do item e outra para % acumulada. c) Calcule a porcentagem de cada item e sua respectiva acumulada. Motivo Frequência % %acumulada 106 d) Trace um eixo horizontal e dois verticais. e) Preveja espaço, no eixo horizontal, para acomodar cada item classi�cado como motivo (8 itens). f) Marque no eixo horizontal, da esquerda para a direita, o item de maior frequência para o de menor frequência. g) Preveja espaço no eixo vertical esquerdo. Para usar uma escala que vai de 0 até o total da somatória (0 até 72), utilize dez espaços. h) Marque no eixo vertical direito uma escala que vai de 0 até 100%, proporcional ao eixo esquerdo. i) Faça os lançamentos das colunas, de acordo com a frequência de cada motivo, montando grá�cos de colunas. j) Faça os lançamentos das porcentagens acumuladas utilizando como base o centro de cada coluna (LOBO, 2019, p. 54). Diagrama de Causa e Efeito O diagrama de causa e efeito, ou diagrama de Ishikawa, foi desenvolvido para representar a relação entre o efeito e todas as possibilidades que podem contribuir para sua ocorrência. O efeito ou o problema é colocado do lado direito do grá�co, e os grandes contribuidores ou as causas são listados à esquerda. Esse diagrama é desenhado para ilustrar, de modo claro, várias causas que afetam um processo por classi�cação e relação das causas. Para cada efeito existem inúmeras categorias de causas; as principais devem ser agrupadas em seis grandes grupos (6 Ms – máquina, mão de obra, método, manutenção, material e meio ambiente) (LOBO, 2019, p. 55). A seguir são apresentadas por Lobo (2019) as etapas para a construção do diagrama de causa e efeito: a) Comece o processo estabelecendo uma de�nição que descreva o problema selecionado em termos claros do que seja, onde ocorre, quando ocorre e sua extensão; b) A pesquisa das causas é executada por um dos seguintes métodos: brainstorming conduzido sobre as possíveis causas, sem preparação prévia; incentivo aos membros do grupo para despender algum tempo entre as reuniões no uso da folha de veri�cação para detectar causas e examinar as etapas do processo mais de perto; 107 c) Construa o diagrama de causa e efeito: insira o problema já de�nido no quadro à direita: desenhe as tradicionais categorias, para o processo produtivo ou qualquer outra causa que auxilie a organização dos fatos mais importantes; aplique o resultado do brainstorming às apropriadas categorias principais; para cada causa, questione “por que isso acontece?” e relacione as respostas como contribuidores da causa principal. d) Interprete os dados obtidos, no sentido de pesquisar as causas básicas do problema: observe as causas que aparecem repetidamente: obtenha o consenso do grupo; colete os dados para determinar a frequência relativa das diferentes causas. e) Monte o diagrama de causa e efeito: enuncie o problema, utilizando as informações coletadas no diagrama de Pareto; para cada coluna crítica, monte um diagrama de causa e efeito; trace uma reta da esquerda para a direita com uma seta que encoste no retângulo. f) De�na as causas primárias potenciais, tendo como base as tradicionais; g) Para cada causa primária, também de�na as secundárias e terciárias. Brainstorming O brainstorming é um método de geração coletiva de novas ideias pela contribuição e pela participação de diversos indivíduosinseridos em um grupo. A utilização desse método parte do pressuposto de que um grupo gera mais ideias do que os indivíduos isoladamente e constitui, por isso, uma importante fonte de inovação pelo desenvolvimento de pensamentos criativos e promissores. As sessões de brainstorming podem ser estruturadas de maneira rígida em torno de determinado objetivo ou de forma totalmente livre, dependendo dos gestores. Contudo, para encorajar a participação e a criatividade, os gestores tendem a dar total liberdade e não emitir críticas nessas sessões. Após a sessão, na qual podem ser geradas dezenas de ideias, é necessário efetuar escolhas, eliminando todas as que não se adaptam aos objetivos e às capacidades �nanceiras, técnicas ou administrativas da organização (LOBO, 2019, p. 59). 108 De acordo com Lobo (2019), as principais regras do brainstorming são: a. não fazer críticas; b. deve-se gerar ideias em quantidade; c. combinar ideias; d. manter ininterrupto o �uxo de ideias; e. registrar todas as ideias. Diagrama de Dispersão O diagrama de dispersão é utilizado para estudar a possível relação entre duas variáveis. Ele veri�ca uma possível relação entre causa e efeito. Isso não prova que uma variável afete a outra, mas torna claro se uma relação existe e em que intensidade. Esse diagrama é construído por um eixo horizontal, que representa os valores medidos de uma variável, e um eixo vertical, que representa as medições da segunda variável. Um diagrama de dispersão típico possui o aspecto mostrado a seguir: a) Correlação positiva: um aumento de Y depende de um aumento em X. Se X é controlado, Y está naturalmente controlado. 109 Grá�co 2 – Correlação Positiva Fonte: Lobo (2019, p. 60). b) Correlação negativa: um aumento em X mostra um decréscimo em Y. Assim, X pode ser controlado através de Y. 110 Grá�co 3 – Correlação Negativa Fonte: Lobo (2019, p. 61). PARA GABARITAR É fundamental para continuidade de seus estudos, que você saiba identi�car e descrever características das principais ferramentas da qualidade apresentadas. Fique de olho! 111 14 FMEA – Failure Mode And Effect Analysis Prezado acadêmico, é muito provável que você trabalhe, tenha trabalhado ou, ainda, tenha ouvido falar de empresas, cujos departamentos são considerados verdadeiras ilhas, rodeadas de tubarões por todos os lados. Em outros termos, empresas cuja comunicação entre setores é muito difícil e os departamentos operam de forma isolada. Nessa situação, não há qualquer padronização e quando um departamento necessita de uma informação de outro, é um verdadeiro caos. É fundamental resgatarmos o conceito de sistemas, e considerarmos que uma empresa é um sistema muito semelhante ao do corpo humano, ou seja, se um setor falha, acaba gerando problemas para todos os outros. No caso das empresas, quando as falhas começam a aparecer e não são corrigidas, o impacto direto é a perda de clientes e, consequentemente, a perda de receitas. O FMEA, do inglês Failure Mode and Effect Analysis (ou Análise de Modos de Falha e seus Efeitos, em tradução livre), é um método utilizado em produtos e processos para o desenvolvimento de ações de melhoria para a minimização ou eliminação de falhas consideradas mais críticas de acordo com alguns critérios. Esse método pode ser aplicado tanto na melhoria de produto quanto na melhoria de processo de fabricação. No caso de novos produtos ou processos, o FMEA pode ser usado para desenvolver ações que visem minimizar a chance de ocorrência de uma falha potencial (CARPINETTI, 2016). Desde sua criação, o FMEA ultrapassou as fronteiras da indústria e é utilizada com muita frequência nas empresas prestadoras de serviços, para identi�cação e prevenção de falhas potenciais que ocorram, inclusive, durante o seu planejamento e execução. Nesse sentido, Carpinetti (2016, p. 126) descreve as origens e difusão do FMEA: O método FMEA (inicialmente denominado FMECA – Failure Mode Effects and Criticality Analysis) foi desenvolvido nos Estados Unidos (EUA) por iniciativa do exército americano para aplicações no desenvolvimento de produto e processo da indústria bélica e aeroespacial. A partir da década de 1980, com a grande disseminação das práticas de gestão da qualidade, o FMEA começou a ser mais difundido como técnica para eliminação de problemas e melhoria. A norma QS 9000, sobre sistema da qualidade, desenvolvida pelas montadoras americanas em 1994, incluía como requisito de gestão da qualidade a utilização de FMEA em produto e processo. Oriunda das Forças Armadas americanas e muito utilizada inclusive na indústria aeroespacial, atualmente, essa metodologia é usada praticamente em todos os tipos de empresas. O principal motivo é o de que o FMEA se tornou popular como uma ferramenta muito útil para garantir segurança e e�ciência em seus dois tipos possíveis (LOBO, 2020): 113 PRODUTOS FMEA aplicado sobre as falhas que podem aparecer nos produtos que saem do padrão e das especi�cações de�nidas em um projeto. PROCESSOS FMEA de processos é aplicado sobre as falhas em atividades de desempenho desde o seu planejamento, e que geralmente são observadas após identi�cadas as não conformidades em produtos. Conforme descrito a seguir e ilustrado na Figura 1, o método FMEA inclui três etapas: Etapa I: nesta etapa, são identi�cados as falhas, as possíveis causas e os meios existentes de detecção da falha. Em função dessa análise, são de�nidas as notas para severidade, ocorrência e detecção para em seguida de�nir as falhas de solução prioritária, com base no indicador RPN (Número de Prioridade de Risco); Etapa II: após a análise de causas das falhas e meios de detecção existentes e tendo em vista a ordem de prioridade de resolução das falhas, devem-se de�nir planos de ação para a eliminação ou minimização das falhas prioritárias; Etapa III: após a implementação das ações propostas, a equipe de FMEA deve reanalisar as falhas, ocorrências e detecção, para avaliar se as ações propostas eliminaram ou minimizaram a ocorrência das causas das falhas. Figura 1 – Etapas do método FMEA Fonte: Carpinetti (2016, p. 127). Caro aluno, a aplicação de FMEA em um produto ou em componentes desse produto normalmente leva à aplicação do FMEA também nos processos de fabricação desse produto, pois normalmente existe uma interligação entre o FMEA de um produto/componente e de seus processos. Desta forma, a aplicação do FMEA deve ser feita considerando a árvore do produto e o �uxograma de processos de fabricação do produto. 114 De acordo com Carpinetti (2016), o desenvolvimento e a documentação do FMEA são feitos por meio de tabelas padronizadas, conforme ilustrado na Figura 2: Figura 2 – Tabela do FMEA Fonte: Carpinetti (2016, p. 127). De acordo com a Figura 3, são apresentados exemplos de falhas de produto e processo e três campos distintos: função e requisitos do processo, modo falha potencial e efeito potencial da falha: Figura 3 - Exemplos de modos de falha de FMEA de produto e processo Fonte: Carpinetti (2016, p. 128). A seguir, são descritas as principais características dos campos constantes na tabela FMEA: 115 Campo Efeito Potencial da Falha Nesse campo, descrevem-se os efeitos dos modos de falha no desempenho do produto ou resultado do processo. É o que o cliente, consumidor �nal ou cliente intermediário, observa. Pergunte-se: o que acontecerá se ocorrer o tipo de falha descrito? Quais consequências poderá sofrer o cliente? No caso de processo, o cliente pode ser o próximo processo ou o cliente �nal, e a descrição deve incluir o efeito nos próximos processos e no consumidor �nal. No caso de produto, a quebra do quadro é um efeito que normalmente aparece sem aviso prévio. Em uma situação como essa, o efeito mais grave da quebra do quadro pode ser um acidente com vítima fatal. Já o efeito da corrosão di�cilmente levaria a um acidente; a corrosão é um processo progressivo que primeiro compromete a estética, em seguida, a funcionalidade e asegurança. Portanto, o efeito mais grave mais provável seria a redução da vida útil de uma bicicleta (CARPINETTI, 2016, p. 129). Campo Severidade Após a caracterização do modo e efeito da falha, deve-se avaliar a severidade, ou seja, a gravidade para o cliente do efeito dessa falha. A severidade ou gravidade da falha deve ser traduzida numa escala de 1 a 10. Já o efeito da corrosão tem uma severidade menor, pois di�cilmente colocaria em risco a vida do cliente. Nesse caso, a nota de severidade deve ser alta, mas menor que 10. No caso de FMEA de processo, a nota de severidade está relacionada à gravidade para o cliente do efeito dessa falha ou a gravidade da falha no processo de fabricação. No exemplo do processo de soldagem, a falha “cordão fora da especi�cação” (�gura 3) pode gerar como efeito o retrabalho dessa não conformidade, caso ela seja detectada, ou pode causar a falha no produto, resultando em acidente e colocando em risco a saúde do cliente. Em situações como essa, a maior gravidade (efeito sobre o cliente) deve ser considerada (CARPINETTI, 2016, p. 129). Campo causa potencial da falha Nesse campo, são enumeradas todas as possíveis causas para ocorrência da falha. Essas causas podem ser de�nidas com o auxílio de diagramas de causa e efeito. No caso de FMEA de produto, as causas de falha de produto podem ser relacionadas à engenharia do produto ou do processo. Além disso, parte das causas de falha de produto pode ser decorrente de falhas no processo. Ou seja, a causa de uma falha de produto pode ser justamente um modo de falha de um processo. Por exemplo, a falha do quadro de bicicleta pode ser quebrar na solda. Essa falha pode ser causada por uma falha de projeto ou por uma falha no processo de soldagem; por exemplo, cordão de solda fora da especi�cação, menor que o necessário (CARPINETTI, 2016, p. 129). 116 Caro aluno, você já deve estar se perguntando sobre qual a vantagem de se aplicar o FMEA nas empresas, não é mesmo? Nesse sentido, as vantagens dessas metodologias podem ser descritas da seguinte forma: Possibilidade de diminuição da frequência de falhas ou mesmo a eliminação; Os produtos e processos tendem a se tornar mais assertivos; A economia �nanceira decorrente de sua aplicação por meio da redução de falhas; Evita desperdícios de insumos e redução de custos; O resultado é retratado na qualidade do produto; Um produto de qualidade gera satisfação do cliente e con�ança na marca. CONECTE-SE O Portal Automação Industrial apresenta um artigo retratando sobre o FMEA: o que é, tipos e como aplicar corretamente na prática. Vale a pena clicar e conferir! 117 https://go.eadstock.com.br/eQG 15 Gestão de Materiais Prezado acadêmico, quando nos referimos à gestão de materiais, certamente precisamos resgatar o conceito de logística, o qual trata do �uxo de materiais, desde a aquisição da matéria-prima, passando pela produção, se transformando em estoque �nal e posteriormente tendo o produto enviado para o consumidor a um custo razoável. Nesse contexto, é importante apresentarmos o conceito de Chiavenato (2022, p. 40) quando se refere à gestão de materiais: É o conceito mais amplo de todos. Aliás, é o conceito que engloba todos os demais que veremos a seguir. A GM envolve a totalidade dos �uxos de materiais da empresa, desde a programação de materiais, compras, recepção, armazenamento no almoxarifado, movimentação de materiais, transporte interno e armazenamento no depósito de PA. A GM se refere à totalidade das funções relacionadas com os materiais, seja com sua programação, aquisição, estocagem, distribuição etc., desde sua chegada à empresa até sua saída com direção aos clientes na forma de PA ou serviço ofertado. A focalização desse conceito reside na atividade dirigida aos materiais: a GM é a preocupação principal, enquanto a produção é apenas um usuário do sistema. Nessas circunstâncias, o órgão de GM não costuma se subordinar à produção. Figura 1 – Conceito de Gestão de Materiais Fonte: Chiavenato (2022, p. 40). Uma das principais preocupações da Gestão de Materiais é o gerenciamento do estoque. A existência de estoques em uma empresa deve ser analisada por dois prismas: a do �nanceiro e a do comercial. Para o setor comercial é interessante 119 efetivar uma venda sabendo da existência de estoques para a entrega ao cliente. Para o �nanceiro, a existência de estoques representa uma preocupação, pois é dinheiro parado! Você percebe que a manutenção de estoques não é uma unanimidade, não é mesmo? Associações e Cooperativas costumam armazenar produtos aguardando eventual alta no mercado. Supermercados costumam ter estoques para garantir o suprimento das gôndolas. Nesse caso, o estoque seria então uma forma de a organização proteger-se da imprevisibilidade dos processos internos e externos dos quais depende. A�nal, não podemos admitir que um paciente dê entrada no hospital e este não tenha os materiais e medicamentos em estoque para tratá-lo. Nesse contexto, Arnold (2006, p. 265) destaca o papel da administração de estoques: A administração de estoques é responsável pelo planejamento e controle do estoque, desde o estágio de matéria-prima até o produto acabado entregue aos clientes. Como o estoque resulta da produção ou a apoia, os dois não podem ser administrados separadamente e, portanto, devem ser coordenados (ARNOLD, 2006, p. 265). Fonte: acesse o link disponível aqui [Adaptada]. 120 https://br.pinterest.com/pin/727964727285836386/ Várias são as razões que justi�cam a manutenção de estoques em uma organização empresarial, mas tal manutenção vem sendo cada vez mais criticada. Mas a�nal, por quanto tempo devemos manter determinado item de estoque? De acordo com Francischini; Gurgel (2002, p. 81), de�ne-se estoque como “quaisquer quantidades de bens físicos que sejam conservados, de forma improdutiva, por algum intervalo de tempo”. Esses mesmos autores apontam que os estoques podem ser, basicamente, de quatro tipos: Estoques de matérias-primas: materiais e componentes comprados de fornecedores, armazenados na empresa compradora e que não sofreram nenhum tipo de processamento; Estoques de materiais em processo: materiais e componentes que sofreram pelo menos um processamento no processo produtivo da empresa compradora e aguardam utilização posterior; Estoque de produtos auxiliares: peças de reposição, materiais de limpeza, materiais de escritório; Estoque de produtos acabados: produtos prontos para comercialização (FRANCISCHINI; GURGEL, 2002, p. 81). Sob o prisma �nanceiro, as decisões que envolvem estoques são de alto risco e de alto impacto. O comprometimento com determinado nível de estoque e a subsequente expedição de produtos para mercados em antecipação a vendas futuras, acarretam várias atividades extras onerosas. No que se refere à complexidade da gestão de estoques, Bowersox; Closs (2004, p. 223) destacam: PARA GABARITAR Fique de olho! É importante conhecer e saber diferenciar os tipos de estoques! 121 O planejamento de estoque também tem papel crítico par a produção. Faltas de matérias-primas podem parar as linhas de produção ou alterar programações da produção, o que, por sua vez, aumenta os custos e a possibilidade de falta de produto acabado [...]. (BOWERSOX; CLOSS, 2004, p. 223). No ambiente de gestão não há unanimidade no quesito procedimentos, alguns críticos contestam a existência dos estoques em uma organização, considerando- o um desperdício e um custo, outros defendem o estoque como uma medida protetiva para as operações. No entanto, Ballou (2007, p. 273) considera: [...] gerenciar é mais fácil quando se tem a segurança dos estoques. É muito mais fácil defender-se das críticas pela manutenção de estoque em excesso do que ser apanhado, uma vez que seja, com estoque esgotado. A maior parte dos custos de manutenção de estoques é custo de oportunidade e, portanto, deixa de ser identi�cados nos relatórios normais de contabilidade. Levando-se em conta que os níveis de estoquestêm sido altos demais para serem justi�cados como suporte razoável às operações, essa crítica é talvez justi�cada (BALLOU, 2007, p. 273). Quanto maior o período de os materiais permanecerem dentro da organização, maior será o montante de capital aplicado em estoques. No caso de instituições que visem lucro, esse capital só retornará acrescido de lucro quando os clientes pagarem pelos serviços que lhe foram prestados, ou seja, quando o ciclo constituído pela compra de materiais, atendimento e recebimento se completar. E você? Prefere receber críticas pelo estoque alto ou correr o risco da falta dele? Imagine a falta de estoque em uma cozinha. Quais seriam as consequências? Para auxiliar sua re�exão, Barbieri; Machline (2009, p. 35) de�nem estoque: [...] são constituídos por todos os itens de materiais destinados à venda, ao processamento interno e ao consumo concernentes às atividades-�ns da organização. Esses materiais fazem parte do Ativo Circulante e passam a integrar o custo do serviço quanto consumidos para a realização das atividades-�ns da organização (BARBIERI; MACHLINE, 2009, p. 35). A meta principal de uma empresa é, sem dúvida alguma, maximizar o lucro sobre o capital investido em fábrica e equipamentos, em �nanciamento de vendas, em reserva de caixa e em estoques. No setor gastronômico não é diferente. De acordo com Ching (2010, p. 14) “há certas características que são 122 comuns a todos os problemas de controle de estoque, não importando se são matérias-primas, material em processo ou produtos acabados”. É importante que entendamos esses traços básicos que são os seguintes: (a) custos associados aos estoques; (b) objetivos do estoque; (c) previsão das incertezas. Custos Associados a Estoques Ching (2010) a�rma que, excluindo o custo de aquisição da mercadoria, os custos associados aos estoques podem ser divididos em três categorias: 11 Custo de pedir: incluem os custos �xos administrativos associados ao processo de aquisição de quantidades requeridas para reposição do estoque – custo de preencher o pedido de compra, processar o serviço burocrático, na contabilidade e no almoxarifado, e de receber o pedido e veri�cação contra a nota e a quantidade física. Os custos de pedir são de�nidos em termos monetários por pedido. 22 Custo de manter estoque: estão associados a todos os custos necessários para manter certa quantidade de mercadorias por um período. São geralmente de�nidos em termos monetários por unidade, por período. Os custos de manter estoque incluem componentes, como custos de armazenagem, custo de seguro, custo de deterioração e obsolescência e custo de oportunidade de empregar dinheiro em estoque. 33 Custo total: É de�nido como a soma dos custos de aquisição e de manter estoque. Os custos totais são importantes no modelo do lote econômico, pois o objetivo deste é determinar a quantidade do pedido que os minimiza (CHING, 2010). 123 Objetivos do Estoque Qualquer que seja a razão para manter estoques, ela pode ser eliminada por meio de um trabalho de inteligência e técnico. Desta forma, o ideal seria e empresa manter o estoque zero. O problema é que o custo para manter estoque zero pode ser maior do que o custo de manutenção do estoque. �. Objetivos de custo: Estabelecer os níveis de estoque e sua localização é apenas uma parte do problema do controle de estoque. Considerando esse objetivo mais amplo, uma questão crítica é balancear os custos de manter e de pedir estoque, porque esses custos têm comportamentos con�itantes. Quanto maiores as quantidades estocadas, maiores serão os custos de manutenção. Quanto maior for a quantidade do pedido, maior será o estoque médio e maior o custo de mantê-lo. No entanto, se maiores quantidades forem solicitadas, menos pedidos e suas consequentes entregas ocorrerão e, por consequência, menores custos de aquisição (CHING, 2010). �. Objetivos de nível de serviço: Às vezes, a di�culdade em estimar os custos de faltas leva ao estabelecimento de um objetivo ligeiramente diferente para o controle de estoque. Ao �xar a disponibilidade conforme a política de que, por exemplo, “98% dos pedidos de um item qualquer devem ser atendidos em 48 horas”, devem ajustar-se os custos de manter e de pedir de modo que sua soma seja minimizada. Deve-se ter grande cautela para �xar o nível de serviço de estoque desta forma. Deve-se obter o maior equilíbrio possível entre a produção e o custo total de estoque, de um lado, e o nível de serviço prestado aos clientes, de outro lado. Pre�são das Incertezas Contratar o nível de estoque tem seus riscos associados. Di�cilmente teremos a certeza da quantidade a ser solicitada pelo cliente e da quantidade a ser enviada para armazenagem. Um fato complicador é não ser possível prever com exatidão quando chegarão os suprimentos para iniciar a produção ou prestar os serviços e abastecer os estoques. Para minimizar as incertezas as empresas estabelecem parcerias com fornecedores, em que prevalece a relação de con�ança. No entanto, a empresa deve mapear com exatidão, fornecedor a fornecedor, o tempo que cada um necessita para processar o pedido, programar a produção, se necessário, produzir e o tempo de despacho do material. O fundamental é que não haja falta no momento de utilização do produto! 124 CONECTE-SE O SEBRAE apresenta em seu portal um interessante artigo sobre a importância da gestão de estoques. Vale a pensa clicar e conferir! 125 https://go.eadstock.com.br/eQH 16 Estratégias e Tecnologias Aplicadas aos Negócios Prezado acadêmico, no ambiente de negócios o que mais encontramos é a intensa competitividade entre as empresas em busca de um lugar ao sol, ou seja, de uma lacuna para ser explorada no mercado. Sobre os gestores e colaboradores das empresas há uma forte pressão por inovação e criação de alternativas para suplantar a concorrência. Essa busca constante por novos produtos e serviços somente pode ser alcançada com a aplicação de estratégia e de tecnologias de ponta. Pense que qualquer produto que uma empresa fabrique aqui no Brasil, pode facilmente ser superado pela entrada de um produto chinês. E o que é pior, muitas vezes, por menos da metade do preço! A tão sonhada vantagem competitiva é facilitada com a adoção das seguintes iniciativas estratégicas aplicadas à gestão dos negócios: A Reengenharia de Processos de Negócios (BPR – Business Process Reengineering) É a análise e reestruturação do �uxo de trabalho dentro e entre empresas. A maioria das empresas se orgulha de fornecer produtos e serviços inovadores aos clientes. Mas se os clientes não recebem o que querem com rapidez, precisão e facilidade, até mesmo ofertas fantásticas não impedirão que a empresa tenha consumidores irritados e, �nalmente, acabe com o próprio desempenho �nanceiro comprometido. Para evitar essa armadilha e proteger a sua vantagem competitiva, a empresa deve sempre avaliar todos os processos de negócios em sua cadeia de valor. Melhorar a e�ciência e a e�cácia de seus processos de negócio vai melhorar a cadeia de valor da empresa (BALTZAN, 2016, p. 30). �. Processos voltados para o cliente: também chamados de processos de front-of�ce, resultam em um produto ou serviço recebido pelo cliente externo de uma organização. Incluem o atendimento de pedidos, a comunicação com os clientes e o envio de contas e informações de marketing (BALTZAN, 2016, p. 31). �. Processos voltados para o negócio: também chamados de processos de back-of�ce, são invisíveis para o cliente externo, mas essenciais para a gestão e�caz do negócio. Incluem o estabelecimento de metas, planejamento do dia a dia, envio de feedback de desempenho e recompensas e alocação de recursos (BALTZAN, 2016, p. 31). Ao escolher um processo de negócio para reengenharia, os gestores mais experientes focam nos principais processos que são essenciais ao desempenho, em vez de processos secundários que têm pouco impacto. O esforço para 127 reestruturar um processo de negócio como atividade estratégicaexige uma mentalidade diferente do que a exigida nos programas de melhoria contínua de processos de negócios. De acordo com Baltzan (2016), considerando que as organizações empresariais costumam ignorar a relevante contribuição que os processos proporcionam à estratégia, muitas vezes, comprometem os esforços de melhoria de processos ao ignorar seus processos atuais como ponto de partida. Os gestores com foco na reengenharia podem usar vários critérios para identi�car oportunidades: O Gerenciamento da Cadeia de Fornecimento (SCM – Supply Chain Management) É a gestão dos �uxos de informação entre e dentre as atividades da cadeia de fornecimento, para maximizar a e�cácia global dessa cadeia e a rentabilidade das empresas. No passado, os esforços de produção concentravam-se principalmente na melhoria da qualidade dentro da empresa; agora, esses esforços atingem toda a cadeia de fornecimento, incluindo clientes, clientes dos clientes, fornecedores e fornecedores dos fornecedores. O processo tem defeitos? É viável esperar que a reengenharia do processo seja bem- sucedida? Ele tem um grande impacto sobre a orientação estratégica da empresa? Ele afeta signi�cativamente a satisfação do cliente? É antiquado? Ele já está muito abaixo do máximo de desempenho? É crucial para a melhoria da produtividade? A economia advinda da automatização será claramente visível? O retorno sobre o investimento, fruto da implementação, é alto e de preferência imediata? 128 A cadeia de fornecimento de hoje é uma intrincada rede de parceiros de negócios ligados por meio de canais de comunicação e relacionamentos. Os sistemas de gerenciamento da cadeia de fornecimento administram e aprimoram essas relações, com o principal objetivo de criar uma rede rápida, e�ciente e de baixo custo de relações comerciais que levam produtos do conceito ao mercado. Os sistemas de SCM criam as integrações ou aproximam os elos dos processos e informações entre todos os participantes da cadeia de fornecimento (BALTZAN, 2016, p. 33). A Gestão do Relacionamento com o Cliente (CRM – Customer Relationship Management) Envolve o gerenciamento de todos os aspectos do relacionamento de um cliente com uma organização, a �m de aumentar a �delização e retenção de clientes, bem como a lucratividade de uma organização. O CRM permite à organização obter insights sobre os comportamentos de compras dos clientes, para desenvolver e implementar estratégias no âmbito de toda a empresa (BALTZAN, 2016, p. 35). Fase do CRM: Há três fases de CRM: (1) elaboração de relatórios, (2) análise e (3) previsão. As tecnologias de relatório de CRM ajudam as organizações a identi�car os seus clientes por meio de outras aplicações. As tecnologias de análise de CRM ajudam as organizações a segmentar seus clientes em categorias, como melhores e piores clientes. As tecnologias de previsão de CRM ajudam as organizações a prever comportamentos do cliente, como o risco de abandono por parte de determinado cliente (BALTZAN, 2016, p. 37). Planejamento de recursos empresariais (ERP – Enterprise Resource Planning): os líderes empresariais de hoje precisam de uma quantidade signi�cativa de informações que sejam rapidamente acessíveis com visualização em tempo real em seus negócios, para que as decisões possam ser tomadas quando necessário, sem o tempo adicional do rastreamento de dados e da geração de relatórios. O ERP integra todos os departamentos e funções de uma organização em um único sistema de TI (ou conjunto integrado de sistemas de TI) para que os funcionários possam tomar decisões por meio da visualização de informações em toda a empresa e em todas as operações comerciais (BALTZAN, 2016, p. 38). Por meio da Figura 1, é ilustrado o sistema de planejamento dos recursos empresariais: 129 Figura 1 – Sistema de planejamento dos recursos empresariais Fonte: Baltzan (2016, p. 39). Prezado aluno, com a utilização dessas iniciativas estratégicas, o papel do gestor �ca facilitado, de modo à obtenção de diferenciais competitivos e à conquista de um espaço maior neste mercado de competição cada vez mais acirrado. Em tempos difíceis, as organizações necessitam de gestores fortes, capazes e principalmente inovadores! 130 CONECTE-SE O Portal Investimentos e Notícias apresenta os melhores ERPs do mercado e dicas de como escolher o que mais se adapta à sua empresa. Vale a pena conferir! 131 https://go.eadstock.com.br/eQI Conclusão Prezado acadêmico, chegamos ao �nal de nossa trajetória relacionada à Organização Industrial. Nosso grande desa�o é concluir os estudos e sair diferente do modo como iniciamos esta disciplina. Estudamos sobre a evolução da produção, desde a época dos artesãos, passando pela Revolução Industrial até a atualidade. Nessa trajetória, compreendemos, dessa forma, a importância do elemento humano e da tecnologia aplicada na produção. Estudamos temas essenciais que facilitaram nossa compreensão, dentre os quais destacamos o planejamento e controle da produção, os sistemas de produção, os layouts produtivos e importantes fundamentos da cadeia de suprimentos logística. De modo complementar, abordamos a gestão de talentos humanos, a motivação e liderança, fundamentos de economia e a gestão do conhecimento nas organizações. Vimos ainda as principais ferramentas da qualidade, a metodologia FMEA e fechamos com a gestão de materiais. Desse modo, nosso conteúdo se tornou bastante abrangente e completo, de modo a subsidiá-lo para desa�os futuros. Espero que este material possa fazer a diferença não somente em sua jornada acadêmica, como também em sua trajetória pro�ssional! Sucesso! 132 Livro Filme 133 Web 134 https://go.eadstock.com.br/eQJ 135 136 Da Revolução Industrial ao Taylorismo PCP – Planejamento e Controle da Produção Sistemas de Produção Layouts de Produção Planejamento Estratégico de Manufatura Gestão da Cadeia de Suprimentos Fundamentos da Gestão de Projetos As Organizações Industriais e o Pensamento Sistêmico A Gestão de Talentos Humanos Motivação e Liderança Fundamentos de Economia Gestão do Conhecimento nas Organizações Industriais Principais Ferramentas da Qualidade FMEA – Failure Mode And Effect Analysis Gestão de Materiais Estratégias e Tecnologias Aplicadas aos Negócios