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Administração da Produção Autoria Leonardo Sousa Vilela ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos Pró-reitora acadêmica: Profa. flávia alves de almeida diretor de oPerações: Prof. José Pereira de oliveira coordenação nead: Profa. luCiana rodrigues ramos expediente ficha técnica autoria: leonardo sousa vilela suPervisão de Produção nead: franCisCo Cleuson do nasC alves designer instrucional: João Paulo s. Correia Projeto gráfico e diagramação: franCisCo Cleuson do nasC alves tratamento de imagens: diego Porto noJosa revisão técnica: emanuelle oliveira da fonseCa revisão metodológica: fCo Jahannes dos santos rodrigues revisão textual: Juliana frota da Justa Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu VILELA, Leonardo de Sousa. Administração da Produção. / Leonardo de Sousa Vilela – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 136 p. ISBN: 978-85-64026-42-1 1. Administração da produção. 2. Gestão da qualidade. 3. Gerenciamento de projetos. 4. Cadeia de suprimentos. I. Centro Universitário Ateneu. Prezado estudante, seja muito bem-vindo à disciplina de Administração da Produção. Este material foi elaborado com intuito de preparar os alunos para lidar com as situações do dia a dia, deixá-los aptos a responder os questionários, ativi- dade e fóruns do próprio ambiente virtual de aprendizagem. A divisão dos conteúdos abordados foi feita em quatro capítulos cujos assuntos vão desde a evolução da Administração da Produção, passando pela análise de processos e gestão da qualidade. Estudaremos ainda sobre o gerenciamento de projetos e, por fim, o geren- ciamento da cadeia de suprimentos e a produção enxuta, com ênfase no sistema Toyota de produção, lógica e a implantação do Just in time, dentre outros assun- tos. Sinta-se à vontade para recorrer a nós e aos professores, sempre que surgir algumas dúvida, e quiser explicações diversas ou dicas de leituras, visto que é de suma importância a busca de novas fontes de pesquisas para um aprendizado muito mais completo. Bom estudo! Leonardo Sousa Vilela Seja bem-vindo! Sumário UNIDADE 01: A EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS ........................................................................7 1. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES .........................8 1.1. O desenvolvimento histórico da Administração da Produção ......................................9 1.2. O mundo da Administração da Produção ...................................................................12 2. ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES .........................16 2.1. Efetividade – Qualidade × Produtividade: Eficácia × Eficiência ................................16 2.2. Interação entre estratégia corporativa e estratégia de produção ...............................21 2.3. Estágios de desenvolvimento da manufatura e dos serviços .....................................23 2.4. Objetivos de desempenho da manufatura ..................................................................25 2.5. Priorização dos objetivos de desempenho .................................................................27 2.6. Áreas de decisão estratégica de operações ..............................................................29 Referências .......................................................................................................................31 UNIDADE 02: ANÁLISE, PLANEJAMENTO, MENSURAÇÃO DE PROCESSOS E GESTÃO DA QUALIDADE ...............................................................33 1. ANÁLISE, PLANEJAMENTO E MENSURAÇÃO DE PROCESSOS ............................34 1.1. Análise e avaliação de processos ..............................................................................35 1.2. Benchmarking .............................................................................................................37 1.3. Tipos de operações de produção ...............................................................................38 1.4. Análise de processos em manufatura ........................................................................40 1.5. Análise de processos em serviços .............................................................................42 1.6. Reengenharia de processos no negócio ....................................................................48 2. GESTÃO DA QUALIDADE ............................................................................................49 2.1. A função estratégica da qualidade .............................................................................49 2.2. Os elementos da TQM ...............................................................................................50 2.3. O custo da qualidade ..................................................................................................51 2.4. As sete ferramentas básicas do controle da qualidade ..............................................54 2.5. Prêmios da Qualidade – Malcolm Baldrige e PNQ .....................................................56 2.6. ISO 9000 ....................................................................................................................57 Referências .......................................................................................................................61 UNIDADE 03: LOCALIZAÇÃO, CAPACIDADE, LAYOUT DE INSTALAÇÕES E GERENCIAMENTO DE PROJETOS ...................................................63 1. LOCALIZAÇÃO, CAPACIDADE E LAYOUT DE INSTALAÇÕES .................................64 1.1. Fatores que influenciam a localização de uma empresa ...........................................64 1.2. Fatores que determinam escolha do layout ...............................................................66 1.3. Localização de operações de serviço ........................................................................68 1.4. Decisões de capacidade ............................................................................................70 2. GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............................................................................73 2.1. Administração de projetos por toda a organização ....................................................73 2.2. Ciclo de vida de um produto/serviço ..........................................................................74 2.3. Definição e organização de projetos ..........................................................................77 2.4. Monitoramento e controle de projetos ........................................................................79 Referências .......................................................................................................................82 UNIDADE 04: GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E PRODUÇÃO ENXUTA ...................................................................................................83 1. GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS – SCM .....................................84 1.1. Evolução do gerenciamento da cadeia de suprimentos .............................................84 1.2. Fatores que impactam a cadeia de suprimentos ........................................................86 1.3. Necessidades de uma cadeia de suprimentos bem-sucedida ...................................88 1.4. O papel da logística na cadeia de suprimentos..........................................................90 1.5. Canais de distribuição ................................................................................................92 1.6. Estratégia de estoques ...............................................................................................95 2. PRODUÇÃO ENXUTA ..................................................................................................99 2.1. Sistema Toyota de Produção .....................................................................................99 2.2. Sistemas de produção enxuta por toda organização ...............................................101 2.3. A lógica e implementação do just in time .................................................................104 2.4. Melhoria contínua com utilização do sistema de produção enxuta ..........................109 Referências .....................................................................................................................112 Material complementar ....................................................................................................115 Referências .....................................................................................................................132 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 7 A Evolução dA AdministrAção dA Produção E suAs EstrAtégiAs CorPorAtivAs Apresentação Neste capítulo, você vai aprender sobre o processo de evolução da Administração da Produção, do surgimento, quando o homem polia a pedra para transformá-la em ferramentas durante a pré-história, até o intenso processo de globalização e internacionalização da economia e do consequente acirramento da competição nos mercados; onde as organizações se defrontam com a necessidade de melhorar a sua competitividade e a de sua cadeia produtiva. Fatores que implicaram na tomada de decisões para melhorar o desempenho nas dimensões competitivas de custos, qualidade, atendimento, flexibilidade e inovação. Dessa maneira, a busca sistemática de novas formas de gestão que contribuem para a competitividade empresarial fez surgir teorias, princípios e técni- cas que pensam os sistemas produtivos a partir de uma ótica sistêmica, integrada/ unificada, principalmente voltada para a obtenção de resultados econômicos finan- ceiros que assegurem a sua sobrevivência em mercados competitivos. Portanto, é de vital importância, para a sobrevivência e para o desenvol- vimento das organizações empresariais, a eficiência com que elas utilizam seus recursos, tanto humanos quanto materiais e financeiros. Assim, em um ambiente de crescente escassez de recursos e onde o ônus financeiro destes está cada vez maior, podemos notar que torna-se imperativo o aperfeiçoamento de técnicas que facilitem e agilizem as atividades ligadas ao planejamento e ao controle das atividades fabris, permitindo também a análise do desempenho da organização. Uni 8 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Objetivos de aprendizagem • Explicar a evolução da administração da produção; • Identificar a função da produção e relacionar com as demais áreas da empresa; • Definir produção e produtividade; • Elucidar sobre a interação entre estratégia corporativa e estratégia de produção; • Aclarar sobre os objetivos de desempenho da manufatura. 1. Evolução dA AdministrAção dA Produção E oPErAçõEs Neste tópico, você aprenderá sobre o surgimento, o desenvolvimento e o mundo atual da Administração da Produção, assuntos pertinentes para o entendimento do assunto desta primeira unidade. As origens mais primárias da gestão de produção e operações são difíceis de rastrear. Operações, a rigor, sempre tiveram de ser gerenciadas, pois sempre houve organizações gerando e entregando pacotes de valor a clientes, tenha isso acontecido de forma explícita ou não. Perceba que, no início de todo esse processo de transformação, não existia o comércio e os utensílios serviam para quem os produzia, surgindo posteriormente a figura do artesão, que foi o primeiro a produzir organizadamente. Esse fato se dá, pois, com a demanda crescente, esses artesões começam a contratar ajudantes e a estabelecer prazos de entrega e classificar prioridades. Os primeiros tipos de processo produtivo a requererem, técnicas gerenciais para suas operações foram as grandes obras realizadas em tempos passados, tais como a construção das Pirâmides do Egito, o Partenon na Grécia, a Grande Muralha da China e os Aquedutos e Estradas do Império Romano. Memorize Administração da Produção: é o conjunto de atividades que criam bens e serviços por meio do processo de transformação de entradas em saídas. As ativi- dades que criam bens e serviços ocorrem em todas as organizações. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 9 De acordo com Gaithe e Frazier (2001, p. 18), [...] a administração da produção e operações evoluiu até a sua for- ma mais moderna interagindo e se adaptando aos desafios de cada nova era, assim, ela é uma interessante combinação de práticas antigas e de uma busca por novas maneiras de gerenciar sistemas de produção. Tabela 01: Evolução da atividade produtiva. PERÍODO INOVAÇÃO 1750 – 1800 Máquina a vapor e tear mecânico. 1800 – 1850 Locomotivas; telégrafo; fotografia 1850 – 1900 Lâmpadas, telefone, motor a explosão, adubo químico. 1900 – 1950 Náilon, radar, eletrônica, rádio e TV 1950 – 2000 Microeletrônica, raio laser, fibra óptica, biotecnologia. Fonte: Adaptado de Francischini e Gurgel (2 002). Diante desse cenário de inovações tecnológicas, os administradores da produção do século XXI tiveram que enfrentar uma competição acirrada e crescen- te em um mercado sem fronteiras, tendo que desenvolver produtos inovadores de extrema qualidade, a um custo baixo, com entrega rápida e preços competitivos. 1.1. O desenvolvimento histórico da Administração da Produção Ao longo dos tempos, a transformação dos grandes projetos, assim como a sua natureza, de religiosa e política para empresarial, fez com que eventualmente a preocupação com tempo e com com recursos mais escassos criasse as condi- ções para o desenvolvimento da produção. Ocorrida na Inglaterra, no século XVII, a Revolução Industrial proporcio- nou o processo de substituição da força humana pela força da máquina. Assim, os artesões, que até então trabalhavam em suas próprias oficinas, começaram a ser agrupados nas primeiras fábricas. De acordo com Francischini e Gurgel (2002), na era da Revolução Industrial do século XVIII, as empresas eram organizadas em torno de três atividades básicas: 10 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • Suprimento de capital, pessoal e material; • Produção ou conversão; • Venda e distribuição. A evolução da organização industrial levou à compra de materiais que, ini- cialmente, eram fabricados pelas empresas. Segundo Francischini e Gurgel (2002, p. 2), “a produção passou a se especializar em virtude da complexidade das tec- nologias e da necessidade de se obter economia de escala nos processos produ- tivos”, assim, a incidência de materiais comprados elevou-se e a área de compras organizou-se em uma gerência independente da produção. Essa mudança de produção exigiu mudanças, como a padronização dos produtos e seus processos de fabricação; o desenvolvimento de técnicas de plane- jamento e controle financeiro e da produção; o treinamento e a habilitação da mão de obra direta; o desenvolvimento de técnicas de venda; e a criação e o desenvol- vimento dos quadros gerenciais e de supervisão. Muitos conceitos que hoje nos parecem óbvios não o eram na época, como o conceito de padronização de componentes, projeto de produtos, processos, instalações, equipamentos etc. Foi Taylor, considerado o pai da Administração Científica, que introduziu o conceito de produtividade, isto é, a procura incessante por melhores métodos de trabalho e processos de produção, com o objetivo de se obter melhoria da produtividade com o menor custo possível. Várias foram as contribuições para a administração da produção, entre elas o conceito, na décadade 1910, da produção em massa; na década de 1960, da produção enxuta, até os dias atuais, com a produção customizada, que, de certos aspectos, é um retorno ao artesanato sem a figura do artesão, uma vez que ela é direcionada para o consumidor, conforme suas exigências, resultando em um produto de seu gosto. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 11 Pratique 1. Como a Revolução Industrial contribuiu para a evolução da Administração da Produção? 2. Cite algumas inovações introduzidas pela Revolução Industrial que geraram grandes aumentos de produtividade. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 12 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 1.2. O mundo da Administração da Produção De acordo com Peinado e Graeml (2007, p. 31),“o mundo moderno é feito de organizações e a vida das pessoas de qualquer sociedade gira em torno e mantém profunda dependência com as mesmas”. Os livros e os artigos de Admi- nistração utilizados para a elaboração desta apostila trazem várias definições de organização, todas elas muito similares. A seguir, são citadas, como exemplos, três definições obtidas de autores renomados. Para Robbins (2002, p.21), “uma organização é um arranjo sistemático de duas ou mais pessoas que cumprem papéis formais e compartilham um pro- pósito comum”. Silva (2001, p. 42) considera que uma organização é definida como “duas ou mais pessoas trabalhando juntas, cooperativamente dentro de limites identifi- cáveis, para alcançar um objetivo ou meta comum”. Stoner e Freeman (1985, p. 27), por sua vez, definem organização como “duas ou mais pessoas trabalhando juntas e de modo estruturado para alcançar um objetivo específico ou um conjunto de objetivos”. Na concepção de Peinado e Graeml (2007, p. 34), “não é possível imaginar uma sociedade sem as organizações, pois, desde o despertar, as pessoas têm intenso contato com os produtos e os serviços que as organizações oferecem”. Faça uma pausa na leitura e tente lembrar-se do seu despertar nesta ma- nhã, onde provavelmente você dormiu sobre uma confortável cama, que é um produto material, produzido em uma fábrica (organização). Se a noite foi quente, provavelmente foi utilizado aparelho de ar-condicionado ou ventilador que também foram produzidos em uma fábrica. Talvez o seu despertar aconteça com a ajuda de um despertador, outro produto fabril. No caso de seu despertador ser um rá- dio-relógio, este permite você ouvir uma música transmitida por uma estação, que é um tipo de serviço. Ao se levantar, provavelmente você se dirigiu ao banheiro para lavar as mãos e o rosto; a água que sai da torneira está à disposição graças à outra empresa de serviços, assim, como as demais organizações, tais como lojas, supermercados, hospitais, polícia, indústrias, faculdades, prefeitura, bancos, empresa que faz coleta de lixo etc. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 13 Como você pode perceber, a rotina das pessoas envolve uma infinidade de interações com organizações e as atividades de produção (ou da operação), são aquelas diretamente ligadas ao processo produtivo, independentemente da inten- sidade de material físico que compõe o produto. Tratam dos processos utilizados pelas organizações para produzir bens e serviços. A palavra produção, geralmente, proporciona a imagem de fábricas, operá- rios juntos às máquinas e demais atividades diretamente ligadas à transformação de bens tangíveis (alta intensidade de materiais), porém, a finalidade das ativida- des de produção se expandiu consideravelmente. Para ressaltar esta ampliação no escopo da atividade, o termo atividades da operação passou a ser utilizado ao invés de atividades de produção, que deixa de fazer parte, exclusivamente, do contexto das indústrias e passa a abranger todo e qualquer tipo de organização. (PEINADO; GRAEML, 2007). Fique atento Para Stoner e Freeman (1985, p. 41): “administração é o processo de planejar, organizar, liderar e controlar o trabalho das pessoas da organização e de usar da melhor forma possível os recursos disponíveis na realização dos objetivos estabelecidos”. Considerando as definições vistas de Administração, é possível dizer que a Administração da Produção ou Operações é a função administrativa que trata do estudo e do desenvolvimento de bens e serviços e, segundo Slack, Chambers e Johnston (2002), é a função central das organizações, pois está incumbida de alcançar sua razão principal de existir. Dentre os assuntos de maior relevância na função de produção, destacam-se: • Projeto de produtos e serviços: se relaciona com a criação e a melhora de pro- dutos e serviços; • Sistemas de produção: diz respeito ao arranjo físico e aos fluxos produtivos; 14 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • Arranjos produtivos: se distinguem entre produção artesanal, produção em massa e produção enxuta; • Estudo de tempos e movimentos: diz respeito à análise do tempo gasto e dos movimentos executados pela mão de obra em uma determinada tarefa; • Planejamento da produção: entre os principais destacam-se o planejamento de capacidade, agregado, plano mestre de produção e sequenciamento; • Planejamento e controle de projetos. De forma mais significativa, Slack et al. (2002, p. 33) trata a função de pro- dução como “a função de produção central que compreende todas as atividades necessárias para a satisfação das solicitações diárias dos consumidores”. Dessa forma, segundo o referido autor, isso inclui comprar produtos e serviços de forne- cedores e entregar produtos e serviços para consumidores. Pratique 3. O que é Administração da Produção? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 15 Quadro 01: Atividades das Funções Centrais de Algumas Empresas. ATIVIDADES FUNCIONAIS CENTRAIS PRODUÇÃO Provedor de serviços de internet • Mater equipamentos, programas e informação;• Implantar novos links e serviços. Cadeia de fast-food • Fazer hambúrgueres, pizzas etc.; • Servir aos clientes; • Fazer a limpeza; • Manter o equipamento. Caridade • Prover serviços para os benefi ciários da caridade. Fabricante de móveis • Fazer peças;• Montar os móveis. Fonte: adaptado de Slack et al. (2002) Fique atento A função de produção (ou simplesmente função produção) na organização representa a reunião de recursos destinados à produção de seus bens e serviços. Qualquer organização possui uma função produção porque produz algum tipo de bem e/ou serviço. Pratique 4. Toda empresa deve ter um produto/serviço final. Para as empresas relacionadas a seguir, caracterize os insumos (inputs) e os produtos/serviços finais (outputs): • Padaria; • Salão de beleza; • Consultório dentário; • Companhia de táxi; • Fábrica de refrigerantes; • Hotel. 16 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2. EstrAtégiAs CorPorAtivAs dA Produção E oPErAçõEs Neste tópico, nos aprofundaremos em assuntos importantes no desenvol- vimento do universo da produção, estudando as relações, as interações, os está- gios, os objetivos e as áreas de decisão estratégicas de operações. 2.1. Efetividade – Qualidade × Produtividade: Eficácia × Eficiência Como vimos nos tópicos anteriores, a função da produção na organização representa o conjunto de atividades que criam bens e serviços. Assim, conforme Gaither (2001, p. 43), “a administração da produção e operações é a administra- ção do sistema de produção de uma organização, que transforma os insumos nos produtos e nos serviços da organização”. O monitoramento de qualquer sistema, independentemente de ser de produção ou não, está sujeito à correta definição de itens de controle e indicado- res de resultados, conforme o interesse do avaliador. Isso deve ocorrer mesmo quando o sistema observado é o próprio processo de planejamento, onde os indi- cadores devem ser comparados aos resultados da programação e da execução de atividades, e do atendimento aos objetivos pré-definidos, os quais participam da qualidade do processo. Observe a figura a seguir, que ilustra um processo de planejamento fracio- nado, e, a seguir, a definição dos seus subprocessos. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 17 Figura 01: Processo de Planejamento Fracionado. Programação Execução Avaliação PlanosObjetivos Resultados Fonte: Adaptado de Slack et al., 2002. • Programação – são as atividades destinadas à geração de planos necessá- rios para se atingir os objetivos do planejamento, sendo que a qualidade desse processo será resultante da coerência dos planos de ações com os objetivos do planejamento; • Execução – são as atividades destinadas à geração dos resultados de acordo com os planos de ação, sendo que a qualidade será decorrente da aderência das ações executadas com o objeto do planejamento; • Avaliação – periodicamente devem-se comparar os resultados alcançados com os objetivos iniciais visando à coerência das ações executadas com as ações e os objetivos planejados. Estes processos podem ser avaliados pelos seguintes fatores de qualidade, desejáveis para o planejamento de manutenção: • Efi ciência – corresponde à relação entre o resultado obtido e os recursos utilizados para alcançá-lo, seguindo orientações prévias. Mesmo quando os resultados não são atingidos, pode haver efi ciência no desempenho de tarefas e atividades, realizadas de acordo com o solicitado; • Efi cácia – é a medida de quão próximo se chegou dos objetivos previamente estabelecidos no universo de ações de planejamento; • Efetividade – diz respeito à execução correta de um conjunto de atividades para alcançar determinado objetivo previamente estabelecido. A efetividade está presente quando o objetivo é alcançado de forma efi ciente, ou seja, os objetivos foram bem estabelecidos e alcançados de forma prescrita; 18 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • Produtividade – é a relação entre os resultados alcançados, as ações e os recursos utilizados para alcançá-los; • Qualidade – signifi ca a concretização de padrões previamente estabelecidos como necessários para atender às demandas dos clientes. Após o correto estabelecimento de padrões, o conceito de qualidade se resume em canalizar esforços para produzir dentro das normas e dos prazos solicitados. Por meio da figura 01, fica evidente que o controle do sistema produtivo fornece informações e monitoramento dos materiais envolvidos em cada processo dentro da organização. Fique atento Perceba que todo o sistema produtivo deve ser analisado sob o escopo da eficácia e da eficiência, ao mesmo tempo. Segundo Chiavenato (1994, p. 38), “eficácia indica o alcance dos resultados e eficiência é uma medida normativa da utilização dos recursos nesse processo”. O referido autor salienta que a eficiência é uma relação entre o que se obteve (output) e o que se consumiu em sua produ- ção (input), medidos na mesma unidade, buscando a melhor maneira pela qual as coisas devem ser feitas ou executadas (métodos), a fim de que os recursos sejam aplicados da forma mais racional possível. A eficiência não se preocupa com os fins, mas apenas com os aspectos internos da organização assim, à medida que relaciona os objetivos estabele- cidos com os resultados obtidos, é a eficácia que foca nos aspectos externos da organização. A produtividade é uma decorrência da eficiência, de seus processos, sendo que, ao passo que a produção é eficiente, ela alcança seus objetivos e maiores ní- veis de produtividade, que é definida pela melhor relação entre os recursos aplica- dos e o resultado produzido, isto é, entre disponibilidade de recursos e produção, entre benefícios e custos. Aumentar a produtividade é aumentar a produção sem incrementar o volume de recursos, isto é, sem aumentar o número de máquinas ou de colaboradores. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 19 A produtividade pode ser elevada através da racionalização, de novas tecnolo- gias, da mecanização, de treinamentos, da melhor alocação dos funcionários etc. Perceba que é a produtividade que determina e permite a competitividade da empresa, ou seja, uma empresa é competitiva em relação às outras quando pode produzir produtos de melhor qualidade com custos reduzidos, em num prazo de tempo menor. A competitividade é a melhor arma para a empresa lidar com seus concorrentes. Existem diversas formas de avaliação da produtividade, cada uma com suas vantagens e desvantagens, porém, para esse trabalho, focaremos na produ- tividade total dos fatores: • Produtividade total dos fatores: é demonstrado pela razão entre o produto real bruto mensurável e o somatório dos insumos utilizados para o alcance deste produto,ou seja, a fração entre as saídas do processo e as entradas, conforme você pode conferir a seguir. Produtividade Total (PT) = Produtos/ServiçosAcabados (Output) Insumos (Inputs) Figura 02: Conceito de Produtividade. Funções de Transformação A m b i e n t e Empresa I n p u t O u t p u t A m b i e n t e Fronteira do Sistema Produtividade = Saída Entrada Mão de Obra Capital Energia Outros insumos Produtos Serviços Fonte: Martins e Laugeni (2005). 20 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Pratique 5. Por que a Administração da Produção é relevante para os gerentes de outras funções organizacionais? 6. O que é produtividade e qual a sua colaboração para o sucesso de uma empresa? 7. Imagine que seu gerente pediu para você analisar a tabela a seguir, referente à Empresa Beta S/A, e responder as questões: Produção 200 Unidades Recursos de mão de obra 5 funcionários por 4 horas Recurso de máquina 25 horas em 2 minutos Recurso de energia 8000 Kw Custo com insumos R$ 3.400,00 a) Qual a produtividade de sua mão de obra? b) Qual a produtividade de suas máquinas? c) Qual a produtividade de sua energia elétrica? d) Qual o custo dos insumos por unidade produzida? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 21 Fique atento Existem três maneiras matemáticas de aumentar a produtividade da empresa: • Produzir mais output usando o mesmo nível de inputs; • Produzir a mesma quantia de output usando menor nível de inputs; • Produzir mais output usando menor nível de inputs. Pratique 8. Uma empresa que fabrica e comercializa produtos de plástico conta com 350 colaboradores e fatura $ 7.000,00 por ano. Outra empresa, do setor de bebidas, conta com 500 colaboradores e fatura $ 9.000 por ano. Qual a produtividade das referidas empresas? Qual delas foi mais eficiente? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2.2. Interação entre estratégia corporativa e estratégia de produção As constantes mudanças e transformações no ambiente de operações pro- duzem uma forte pressão no sentido de ações ágeis e de reações rápidas para aproveitar prontamente as novas oportunidades que surgem e para escapar das dificuldades, das restrições e das limitações impostas pelo ambiente. 22 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO A estratégia corporativa ou organizacional, segundo Chiavenato (2004, p. 574), “representa a mobilização de todos os recursos no âmbito global da organi- zação visando atingir objetivos situados no longo prazo”. O referido autor cita que, na realidade, a estratégia representa o comportamento global da organização em relação ao seu ambiente, representando a resposta organizacional às condições ambientais que envolvem toda a organização. Perceba que, dessa forma, a estratégia corporativa define as áreas de negócio em que a empresa deverá atuar, ou seja, onde a organização deseja estar e como ela deverá adquirir e priorizar os recursos corporativos para atender às reivindicações das diferentes unidades de negócio. Portanto, é a estratégia corpo- rativa que faz com que as diversas unidades estejam alinhadas com as estratégias de crescimento e de lucratividade, definidas no nível corporativo. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002), um dos papéis da produção é implementar a estratégia empresarial ou da corporação, pois a maioria das em- presas possui algum tipo de estratégia, mas é a produção que a coloca em prática. O objetivo da estratégia de produção/operação é garantir que os processos de produção e entrega de valor ao cliente sejam alinhados com à intenção estra- tégica da empresa quanto aos resultados financeiros esperados e aos mercados a que pretende servir e adaptados ao ambiente em que se insere. Para isso, é ne- cessário incluir, no tratamento de processos decisórios em operações, elementos externos à organização, como o cliente, a concorrência, os parceiros fornecedores, o acionista e outros grupos de interesse. (CORRÊA; CORRÊA, 2011). Compreenda que a estratégia de produção diz respeito ao padrão de deci- sões e às ações estratégicas que definem o papel, os objetivos e as atividades da produção. Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 88) nos ensinam que “como em qualquer tipo de estratégia, podemos considerar seu conteúdo e seu processo se- paradamente”. De acordo com esses autores, o conteúdo envolve decisões e ações específicas que estabelecem o papel, os objetivos e as atividades da produção e o processo é o método usado para produzir as decisões específicas de conteúdo. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 23 As estratégias devem ser avaliadas para que sua viabilidade seja verificada. Atente para o fato de que somente aquelas que sejam viáveis devem merecer o com- prometimento e a atenção da organização no que diz respeito à destinação de recur- sos. Essa avaliação deve garantir que a estratégia seja consistente com os objetivos da empresa, os requerimentos externos e os recursos internos, devendo as inconsis- tências identificadas e eliminadas, pois mesmo a estratégia mais original e brilhante pode tornar-se totalmente ineficaz por causa de uma função produção inepta. 2.3. Estágios de desenvolvimento da manufatura e dos serviços A habilidade de qualquer função produção exercer seus papéis na organização pode ser julgada pela consideração de seus propósitos ou aspirações organizacionais. De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 67), [...] os profs. Hayes e Wheelwright, da Harvard University, com contribuições posteriores do Porf. Chase, da University of Southern California, desenvolveram o que denomina- ram Modelo de quatro estágios. Ainda conforme os autores, esse modelo pode ser usado para avaliar o papel competitivo e a contribuição da função produção de qualquer tipo de empre- sa, pois traça a progressão dessa função, desde o papel negativo que exerce no Estágio 1 de produção até tornar-se o elemento central de estratégia competitiva no excelente Estágio 4 de produção, conforme você aprenderá a seguir: • Estágio 1 – Neutralidade interna: é o nível mais fraco da função produção. Acontece quando a mesma mantém-se voltada para dentro e, no máximo, reage às mudanças dos ambientes interno e externo, contribuindo pouco para o sucesso competitivo. Conforme, Chambers e Johnston (2002, p. 67),“o restante da organização não vêa produção como fonte de qualquer originalidade, talento ou impulso com- petitivo. Sua ambição é ser ‘internamente neutra’ posição em que não procura atingir algo positivo, mas, pelo menos, evita erros maiores” 24 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • Estágio 2 – Neutralidade externa: a primeira etapa de rompimento do Estágio 1 é a função produção começar a comparar-se com empresas ou organizações similares. Conforme Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 67), [...] isso pode não conduzi-la imediatamente à “primeira divisão” de empresas do mercado, mas, pelo menos, pode levá-la a comparar seu desempenho e prática aos das concorrentes e a tentar ser “apropriada” ao adotar delas a melhor prática. • Estágio 3 – Apoio interno: nesse estágio, a produção atingiu a “primeira divisão” em seu mercado, pois, embora não seja melhor do que as empresas concorrentes em todos os aspectos de desempenho, ela está junto com as melhores. Nesse estágio, a produção aspira ser clara e, certamente, a melhor do mer- cado, pois, ainda de acordo com os autores que citamos no estágio 2, isso é atin- gido obtendo-se uma visão clara da concorrência ou dos objetivos estratégicos da empresa e desenvolvendo-se os recursos de produção apropriados para superar as deficiências que impedem a empresa a concorrer eficazmente. • Estágio 4 – Apoio externo: a diferença entre esse estágio e o anterior é sutil, embora muito importante, pois uma empresa no estágio 4 vê a função produção como provedora da base para seu sucesso competitivo, uma vez que a mesma está de olho no longo prazo. Conforme Slack,Chambers e Johnston (2002, p. 67), “ela prevê as prováveis mudanças nos mercados e na oferta de insumos e desenvolve capacidades que serão exigidas para competir nas condições futuras de mercado”. Nesse estágio, a produção é criativa e proativa, sendo capaz de adaptar-se conforme as mudanças dos mercados, tentando manter-se “um passo a frente” dos seus concorrentes na maneira de criar produtos e serviços e organizar suas operações. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 25 @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 2.4. Objetivos de desempenho da manufatura No nível estratégico, Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 68) afirmam que “a classificação mais útil dos objetivos de desempenho da produção que qualquer opera- ção possa perseguir pode ser obtida identificando-se os stakeholders da operação”. Esses stakeholders vêm a ser pessoas ou grupos que possuem interesse na operação e que podem ser influenciadas por ou influenciar as atividades da operação produtiva. No nível estratégico, os objetivos mais amplos que as operações produtivas necessitam perseguir para satisfazer a seus stakeholders formam o pano de fundo para todo o processo decisório da produção. Segundo Slack,Chambers e Johns- ton(2002), eles são classificados da seguinte forma: • Objetivo de qualidade: ao produzir, de maneira correta, a produção procura infl uenciar a qualidade dos bens e dos serviços da empresa. Externamente, qualidade é um aspecto importante para a satisfação ou a insatisfação do con- sumidor e, internamente, a produção de qualidade tanto reduz os custos como aumenta a confi abilidade; 26 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • Objetivo de rapidez: ao produzir primeiro, a produção procura influenciar a velocidade com que os bens e os serviços são fornecidos. Externamente, a rapidez é um aspecto importante do serviço ao consumidor e, internamente, tanto reduz estoques, ao diminuir o tempo de atravessamento, como reduz riscos, ao atrasar o comprometimento de recursos; • Objetivo de confiabilidade: ao fazer as coisas em seu tempo determinado, a produção procura influenciar a confiabilidade de entrega de bens e serviços. Ex- ternamente, a confiabilidade é um aspecto importante do serviço ao consumidor e, internamente, a confiabilidade operacional dentro da produção aumentada, economizando, assim, tempo e dinheiro; • Objetivo de flexibilidade: ao mudar o que faz, a produção procura influenciar a flexibilidade, com a qual a empresa produz bens e serviços. Externamente, a flexibilidade produz novos produtos e serviços, assim como amplia a gama ou o composto mix, produz diferentes quantidades ou volumes e entrega produtos e serviços em diferentes momentos. Internamente, a flexibilidade apressa os tempos de resposta, economizando o tempo gasto em troca de equipamentos, além de manter a confiabilidade; • Objetivo de custo: ao baratear os custos, a produção procura influenciar o custo dos bens e dos serviços da empresa. Externamente, permite às em- presas reduzir seus preços de modo a ganhar com volumes mais altos ou, de forma alternativa, aumentar sua lucratividade nos níveis de volume atual. Internamente, o desempenho de custo é ajudado pelo bom desempenho de outros objetivos de desempenho. Perceba que os cinco fatores somente serão atingidos se for levado em consideração que em determinados momentos eles podem atuar de forma an- tagônica e conflitante. Nesses momentos, será necessário trabalhar para que os esforços de desenvolvimento de um dos fatores, não afetem significativamente o desenvolvimento de outro fator, pois isso poderá acarretar um descompasso em toda cadeia produtiva e minar os objetivos de competitividade traçados anterior- mente pela organização. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 27 Pratique 9. Quais os objetivos de desempenho da manufatura e as suas principais carac- terísticas? 10. Mudanças nos métodos de trabalho podem melhorar a produtividade total da empresa? Como? 11. Analise algumas formas de melhorar a produtividade pelas alterações na es- trutura organizacional da empresa. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2.5. Priorização dos objetivos de desempenho Mesmo quando uma operação produtiva é projetada e suas atividades planejadas e controladas, a tarefa do gerente de produção não está acabada, pois mesmo que todas as operações sejam muito bem gerenciadas elas podem ser melhoradas. Seguindo o que nos ensinam Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 590), “antes que os gerentes de produção possam idealizar sua abordagem para o melhoramento de suas operações, eles precisam saber o quanto ela já é boa”. A urgência, a direção e as prioridades de melhoramento serão determinadas par- cialmente em razão do atual desempenho de uma operação ser julgada como boa, ruim ou indiferente e, dessa forma, todas elas precisam de alguma forma de medi- da de desempenho, como pré-requisito para melhoramento. 28 ADMINISTRAÇÃODA PRODUÇÃO Os cinco objetivos de desempenho citados no item anterior (2.4) são com- postos de medidas menores, que juntas fazem o julgamento se o seu desempe- nho é bom, mau ou indiferente. Os mesmos autores esclarecem que “há diversas formas de se fazer isso” (2002, p. 592) e cada uma delas envolve comparação do nível de desempenho atualmente atingido com algum tipo de padrão. Vejamos: • Padrões históricos: fazer uma comparação do desempenho atual com os anteriores; • Padrões de desempenho meta: são estabelecidos arbitrariamente para refletir algum nível de desempenho que é visto como adequado ou razoável; • Padrões de desempenho da concorrência: comparam o desempenho atingido pela produção com aquele que está sendo atingido por um ou mais concorrentes da organização; • Padrões de desempenho absolutos: é o que é tomado em seus limites teóricos, talvez nunca atingíveis na prática, mas permitem a uma operação calibrar-se em relação ao limite teórico. Atente para o fato de que tanto a importância como o desempenho preci- sam ser considerados em conjunto antes que qualquer julgamento possa ser feito quanto às prioridades relativas para melhoramentos. Dentro dos ensinamentos de Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 597) [...] somente porque algo é particularmente importante para seus consumidores, não significa que necessariamente uma operação deveria dar-lhe imediata prioridade para melhoramento [...] somen- te porque uma operação não é muito boa em algo, quando compa- rada como desempenho de seus concorrentes, não significa neces- sariamente que ela deveria de imediato ser melhorada. Em outras palavras, no primeiro caso, a operação pode ser considerada melhor do que seus concorrentes em servir aos seus consumidores e de maneira similar no segundo caso.Somente porque uma operação não é muito boa em algo, quando comparada com o desempenho de seus concorrentes, não significa ne- cessariamente que ela deveria de imediato ser melhorada. Dessa maneira, se faz necessário que ambas (importância e desempenho) sejam analisadas em conjunto para se julgar a priorização de objetivos. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 29 2.6. Áreas de decisão estratégica de operações A estratégia de operações consiste em um conjunto de políticas, objetivos e planos com a finalidade de desenvolver condições para a empresa competir prosperamente em seus mercados. As empresas definem suas competências centrais e se desenvolvem, en- fatizando os aspectos financeiros, de comercialização e de produção. Cada orga- nização escolhe a estratégia ideal para seu caso, considerando sua posição no mercado, seus objetivos, as oportunidades e os recursos. A seguir, você conhe- cerá as três estratégias genéricas aplicadas a operações, de acordo com Corrêa e Corrêa (2011): • Liderança de custos: ocorre quando uma empresa trabalha para atingir baixos custos de produção e distribuição, oferece preços menores que os de seus concorrentes e conquista maior participação no mercado; • Diferenciação: a empresa concentra-se no desenvolvimento de uma linha de produtos e de programas de marketing diferenciados para tornar-se líder no setor que atua; • Enfoque: a empresa direciona seus esforços para atender bem a alguns poucos segmentos em vez de tentar atingir todo o mercado. Utilizando estratégias de enfoque, uma empresa se concentra em uma área do mercado, em um seg- mento ou em um produto. A força de uma estratégia de enfoque deriva de um conhecimento amplo do cliente e da excelência do produto. O conteúdo de uma decisão estratégica de operações constitui-se de seus objetivos (critérios que possibilitam a competição no mercado) e de suas áreas de decisão (recursos operacionais). A mais simples das estratégias é a de buscar a liderança nos custos. Ao conseguir baixos custos em determinada atividade industrial, as empresas podem reduzir seus preços ou elevar as margens de lucro. Têm a opção de reinvestir o lucro em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos ou distribuí- -los aos acionistas. Estreitamente ligada a essa estratégia de liderança em custos baixos está o conceito de economias de escala. Isso significa que, à medida que se produz mais, o custo por unidade diminui, já que determinados custos (os chama- dos custos fixos) podem ser divididos por um número maior de unidades. 30 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Relembre A Administração da Produção evoluiu até a sua forma presente adaptando-se aos desafios de cada nova era. Esta unidade oferece uma contribuição para uma moderna definição dos conceitos de administrar a produção. A Administração da Produção atual é uma interessante combinação de práticas consagradas do passado e de uma busca de novas maneiras de gerenciar sistemas de produção. Atualmente, oferecer um bom produto ou serviço aos clientes é o objetivo principal de toda a organização. Os clientes tornaram-se muito mais exigentes agre- gando aos produtos a palavra satisfação, que é qualquer coisa relevante para garantir a aprovação completa dos consumidores. Foram incluídos vários itens importantes nas relações entre o fornecedor e o cliente, tais como: especificações, qualidade, durabilidade, segurança, prazos de entrega, baixo custo e garantia, dentre outros. Nessa equação, inclui-se a tecnologia e a inovação, que requerem mais eficácia dos administradores para enfrentar a competitividade em um mercado cada vez mais exigente em qualidade e responsabilidade. A responsabilidade aumentou, agora não é mais somente sobre a garantia e a satisfação do produto/cliente, ela é também sobre a inovação tecnológica. Hoje, tem-se consciência de que a Administração da Produção é uma das mais importantes especializações da Administração, pois tudo o que se produz precisa ser administrado e se não for bem administrado, fracassará. Com base em todas as considerações, propõe-se o seguinte conceito: Administração da Produção são as estratégias e os sistemas de planejamento, organização, direção e controle, utilizados pelo administrador para atingir o objetivo principal da empresa, que é: produzir produtos ou executar serviços com inovação, tecnologia, qualidade, baixo custo e máxima rentabilidade visando proporcionar competitividade ao empreendedor e que possam garantir a satisfação completa dos clientes. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 31 Referências CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos na Empresa: pessoas, organiza- ções e sistemas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1994. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração da Produção e Operações: ma- nufatura e servi-ços: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. FRANCISCHINI, G. Paulino; GURGEL, Floriano do A. Administração de mate- riais e do patrimônio. São Paulo: Cengage Learning, 2002. GAITHER, N; FRAZIER, G. Administração da produção e operações. São Pau- lo: Pioneira, 2001. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. São Paulo: Sa- raiva, 2005. PEINADO, Jurandir; GRAEML, Alexandre R. Administração da produção: opera- ções industriais e de serviços. Curitiba: Unicenp, 2007. ROBBINS, Stephen P. Administração: Mudanças e perspectivas. São Paulo: Sa- raiva, 2002. SILVA, Reinaldo O. da. Teorias da administração. São Paulo: Pioneira, 2001. STONER, James A. F; FREEMAN, R. Edward. Administração. Rio de Janeiro: Prentice Hall, 1985. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção, 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 32 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Anotações ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r Administração da Produção Autoria Leonardo Sousa Vilela ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos Pró-reitora acadêmica: Profa. flávia alves de almeida diretor de oPerações: Prof. José Pereira de oliveira coordenação nead: Profa. luCiana rodrigues ramos expediente ficha técnica autoria: leonardo sousa vilela suPervisão de Produção nead: franCisCo Cleuson do nasC alves designer instrucional: João Paulo s. Correia Projeto gráfico e diagramação: franCisCo Cleuson do nasC alves tratamento de imagens: diego Porto noJosa revisão técnica: emanuelle oliveira da fonseCa revisão metodológica: fCo Jahannes dos santos rodrigues revisão textual: Juliana frota da Justa Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu VILELA, Leonardo de Sousa. Administração da Produção. / Leonardo de Sousa Vilela – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 136 p. ISBN: 978-85-64026-42-1 1. Administração da produção. 2. Gestão da qualidade. 3. Gerenciamento de projetos. 4. Cadeia de suprimentos. I. Centro Universitário Ateneu. Prezado estudante, seja muito bem-vindo à disciplina de Administração da Produção. Este material foi elaborado com intuito de preparar os alunos para lidar com as situações do dia a dia, deixá-los aptos a responder os questionários, ativi- dade e fóruns do próprio ambiente virtual de aprendizagem. A divisão dos conteúdos abordados foi feita em quatro capítulos cujos assuntos vão desde a evolução da Administração da Produção, passando pela análise de processos e gestão da qualidade. Estudaremos ainda sobre o gerenciamento de projetos e, por fim, o geren- ciamento da cadeia de suprimentos e a produção enxuta, com ênfase no sistema Toyota de produção, lógica e a implantação do Just in time, dentre outros assun- tos. Sinta-se à vontade para recorrer a nós e aos professores, sempre que surgir algumas dúvida, e quiser explicações diversas ou dicas de leituras, visto que é de suma importância a busca de novas fontes de pesquisas para um aprendizado muito mais completo. Bom estudo! Leonardo Sousa Vilela Seja bem-vindo! Sumário UNIDADE 01: A EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS ........................................................................7 1. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES .........................8 1.1. O desenvolvimento histórico da Administração da Produção ......................................9 1.2. O mundo da Administração da Produção ...................................................................12 2. ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES .........................16 2.1. Efetividade – Qualidade × Produtividade: Eficácia × Eficiência ................................16 2.2. Interação entre estratégia corporativa e estratégia de produção ...............................21 2.3. Estágios de desenvolvimento da manufatura e dos serviços .....................................23 2.4. Objetivos de desempenho da manufatura ..................................................................25 2.5. Priorização dos objetivos de desempenho .................................................................27 2.6. Áreas de decisão estratégica de operações ..............................................................29 Referências .......................................................................................................................31 UNIDADE 02: ANÁLISE, PLANEJAMENTO, MENSURAÇÃO DE PROCESSOS E GESTÃO DA QUALIDADE ...............................................................33 1. ANÁLISE, PLANEJAMENTO E MENSURAÇÃO DE PROCESSOS ............................34 1.1. Análise e avaliação de processos ..............................................................................35 1.2. Benchmarking .............................................................................................................37 1.3. Tipos de operações de produção ...............................................................................38 1.4. Análise de processos em manufatura ........................................................................40 1.5. Análise de processos em serviços .............................................................................42 1.6. Reengenharia de processos no negócio ....................................................................48 2. GESTÃO DA QUALIDADE ............................................................................................49 2.1. A função estratégica da qualidade .............................................................................49 2.2. Os elementos da TQM ...............................................................................................50 2.3. O custo da qualidade ..................................................................................................51 2.4. As sete ferramentas básicas do controle da qualidade ..............................................54 2.5. Prêmios da Qualidade – Malcolm Baldrige e PNQ .....................................................56 2.6. ISO 9000 ....................................................................................................................57 Referências .......................................................................................................................61 UNIDADE 03: LOCALIZAÇÃO, CAPACIDADE, LAYOUT DE INSTALAÇÕES E GERENCIAMENTO DE PROJETOS ...................................................63 1. LOCALIZAÇÃO, CAPACIDADE E LAYOUT DE INSTALAÇÕES .................................64 1.1. Fatores que influenciam a localização de uma empresa ...........................................64 1.2. Fatores que determinam escolha do layout ...............................................................66 1.3. Localização de operações de serviço ........................................................................68 1.4. Decisões de capacidade ............................................................................................70 2. GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............................................................................73 2.1. Administração de projetos por toda a organização ....................................................73 2.2. Ciclo de vida de um produto/serviço ..........................................................................74 2.3. Definição e organização de projetos ..........................................................................77 2.4. Monitoramento e controle de projetos ........................................................................79Referências .......................................................................................................................82 UNIDADE 04: GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E PRODUÇÃO ENXUTA ...................................................................................................83 1. GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS – SCM .....................................84 1.1. Evolução do gerenciamento da cadeia de suprimentos .............................................84 1.2. Fatores que impactam a cadeia de suprimentos ........................................................86 1.3. Necessidades de uma cadeia de suprimentos bem-sucedida ...................................88 1.4. O papel da logística na cadeia de suprimentos ..........................................................90 1.5. Canais de distribuição ................................................................................................92 1.6. Estratégia de estoques ...............................................................................................95 2. PRODUÇÃO ENXUTA ..................................................................................................99 2.1. Sistema Toyota de Produção .....................................................................................99 2.2. Sistemas de produção enxuta por toda organização ...............................................101 2.3. A lógica e implementação do just in time .................................................................104 2.4. Melhoria contínua com utilização do sistema de produção enxuta ..........................109 Referências .....................................................................................................................112 Material complementar ....................................................................................................115 Referências .....................................................................................................................132 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 33 Uni AnálisE, PlAnEjAmEnto, mEnsurAção dE ProCEssos E gEstão dA QuAlidAdE Apresentação Neste capítulo, você vai aprender que cada tipo de processo em manufatura implica em uma forma diferente de organizar as atividades das operações com diferentes características de volume e variedade. Você também aprenderá que o benchmarking consiste em uma atividade de pesquisa que permite à administração realizar comparações de processos e práticas de diferentes empresas para identificar o melhor deles e estabelecê-lo como meta a ser alcançada e superada. Entenderá que um dos grandes desafios da produção é conceber sistemas de avaliação que permitam não só o acompanhamento das ações dos diversos programas, mas que forneçam indicadores de qualidade para todo o processo de transformação, incluindo as fases de programação e execução, e sua contribuição para o desempenho empresarial. Como em toda atividade, na produção podem ocorrer desvios consideráveis em relação aos planos originais, de curto, médio e longo prazo. 34 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Você saberá que, além das incertezas da fase de planejamento, decorren- tes do desconhecimento de mecanismos de falhas dos ativos da empresa, outras variáveis, de caráter aleatório, podem impedir o cumprimento das manutenções programadas, ditadas por imprevistos e falhas no sistema de produção. Em espe- cial, a aleatoriedade de muitos mecanismos de falha, principalmente em instala- ções automatizadas, dificulta a previsão de manutenções preventivas, afetando a qualidade da manutenção. Ao final desta unidade, você identificará que, como em toda atividade em- presarial, a produção deve obedecer a critérios explícitos de eficiência, eficácia, efetividade e qualidade, que a tornem economicamente atrativa. A forma de ava- liação destes indicadores, baseados em conceitos universais, facilita sua correla- ção com indicadores tradicionais de desempenho empresarial e com muitas outras áreas de planejamento. Objetivos de aprendizagem • Explicar que uma organização é um sistema administrado projetado e operado para atingir determinado conjunto de objetivos; • Elucidar que, há muito tempo, a qualidade deixou de ser um diferenciador e passou a ser um requisito indispensável para a participação das organizações no mercado; • Identificar que as empresas devem atualizar seus produtos para que eles se mantenham competitivos dentro do mercado; • Explicar que o benchmarking é um modelo de mensuração da perfomance empre- sarial através da comparação com o melhor posicionado no seu ramo de atuação; • Aclarar sobre as ferramentas básicas do controle de qualidade. 1. AnálisE, PlAnEjAmEnto E mEnsurAção dE ProCEssos Neste tópico, você estudará a análise e a avaliação de processos, entende- rá o método de benchmarking entre organizações produtivas, analisará os proces- sos em manufatura e os serviços. Por último, trabalhará a questão da reengenha- ria de processos no negócio. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 35 1.1. Análise e avaliação de processos Processos organizacionais são sequências de atividades que transformam insumos em produtos ou resultados. O principal processo é o produtivo, que transforma matérias-primas e componentes em produtos acabados. O processo produtivo é apenas parte de um processo maior, chamado cadeia de suprimen- tos, que começa no desenvolvimento de fornecedores e termina quando o produto ou serviço chega ao cliente. Em empresas de serviços, o material fundamental é a informação, uma vez que ela flui dentro da empresa circulando entre as áreas e as pessoas; sendo utili- zada para a tomada de decisões ou para a execução de ações, que denominamos operações, traçando um paralelo simples com uma empresa industrial. Memorize Seja na empresa industrial, seja na empresa de serviços, um processo é constituído de diferentes operações. Em uma empresa industrial, entendemos como um processo o percurso realizado por um material desde que entra na empresa até que dela sai com um grau determinado de transformação. Por sua vez, uma operação é o trabalho de- senvolvido sobre o material por homens ou máquinas em um determinado tempo. Para Corrêa e Corrêa (2011, p. 36), “[...] no intuito de assegurar competitivida- de entre os concorrentes e continuar com condições de manter suas operações, as instituições direcionam seus processos para a melhoria dos índices de desempenho”. Para isso, deve-se avaliar o comportamento do processo, observando seus pontos críticos, e determinar as medidas mais coerentes de desempenho. Os processos de negócios são agrupados por Armistead e Machin (1997) em quatro categorias, tais como: processos operacionais, processos de suporte, processos de estabelecimento de direção e processos gerenciais. 36 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Os processos operacionais se referem à forma que o trabalho é feito na organização para produzir bens e serviços. Os processos de suporte são os que permitem a realização dos processos operacionais, por exemplo equipamentos e pessoas. Os processos de estabelecimento de direção estão relacionados com a definição da estratégia da organização. Já os processos gerenciais envolvem as atividades de tomada de decisões e comunicação. Fique atento Processos são maneiras de fazer alguma coisa. Envolve a transformação de um insumo em produto final. No interior do processo, ocorrem transforma- ções que incluem as etapas necessárias para a obtenção do produto final, de valor agregado. De acordo com Harrington (1993, p. 97) “independente do tipo, os proces- sos organizacionais podem variar no grau de complexidade, tornando-se neces- sário estabelecer uma hierarquia de processos”. Dessa maneira, os processos podem ser decompostos em atividades ou subprocessos, que também podem ser decompostos em atividades menores e assim por diante. Quadro 01: Algumas operações descritas como processos de input - transformação - output. Operação Recursos de Input Processo de TransformaçãoOutputs Linha aérea • Avião • Pilotos e equipe de bordo • Equipe de terra • Transportar passageiros e carga pelo mundo • Passageiros e carga transportados Loja de departamento • Produtos à venda • Equipe de vendas • Clientes • Dispor os bens • Fornecer conselhos de comprar • Vender os bens • Consumidores e produtos juntos Polícia • Ofi ciais de polícia • Sistemas de computador • Informação • Prevenir crimes • Solucionar crimes • Prender criminosos • Sociedade justa • Público com sentimento de segurança Fabricante de comida congelada • Comida fresca • Operadores • Congeladores • Preparação da comida • Congelamento da comida • Comida congelada Fonte: adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2002). ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 37 1.2. Benchmarking Benchmarking é uma técnica por meio da qual a organização compara o seu desempenho com o de outra. Ao utilizá-la, uma organização procura imitar outras organizações, concorrentes ou não, do mesmo ramo de negócios ou de outros, que façam algo de maneira particularmente bem feita. Segundo Maximiniano (2004, p. 105) “a ideia central da técnica do ben- chmarking é a busca das melhores práticas da administração, como forma de identificar e ganhar vantagens competitivas”. As melhores práticas podem ser encontradas nos concorrentes, ou em uma organização que esteja em um ramo completamente diferente de atuação. Já de acordo com Corrêa e Corrêa (2011, p. 145), “o benchmarking origi- nalmente era usado no Reino Unido na agrimensura e referia-se a determinados marcos de referência sobre cotas de terreno”. Os autores afirmam que ele passou, posteriormente, a ser usado no mundo industrial como uma contínua busca por melhores práticas, interna e externamente à organização, com o objetivo de acele- rar a aprendizagem e levar a vantagens competitivas sustentáveis. O benchmarking pode ser aplicado a qualquer função ou área da empresa de forma isolada ou não, porém os resultados são melhores quando ele é imple- mentado em toda a empresa. Conforme Masiero (2007, p. 68), [...] o benchmarking permite estabelecer novos objetivos de ge- renciamento por meio das comparações com o ambiente externo; ao contrário do estabelecimento convencional de objetivos, que considera dados históricos, e está sujeito a se tornar pouco eficaz se o ambiente competitivo mudar rapidamente. Memorize A utilização do benchmarking começa pela definição de como serão pes- quisadas as melhores práticas. Os procedimentos básicos iniciais consistem em selecionar o produto ou o processo a ser comparado e o marco de referência (com quem iremos nos comparar?), e escolher um método de obtenção de dados. 38 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Não há um método único para a obtenção de dados sobre as empresas que têm as melhores práticas, segundo Maximiniano (2004, p. 65), “alguns dados são públicos, outros podem exigir procedimentos de pesquisa e observação direta, se isso for possível”. Fique atento O benchmarking é um processo gerencial continuado, que visa à melhoria contínua através de informações e inspirações nas melhores práticas. Em sequência, entenda que são feitas a coleta, o estudo e interpretação dos dados sobre a organização escolhida como marco de referência. Os proce- dimentos básicos, nesta segunda etapa do processo, procuram entender em que se baseia a superioridade da empresa selecionada para comparação e quais de suas práticas podem ser copiadas e implementadas. O processo completo do ben- chmarking vai desde essas duas fases iniciais até a implementação e a matura- ção das práticas selecionadas para implementação. Geralmente, são avaliados custos unitários, tempos por peça, retorno do investimento, indicadores de produtividade e outros elementos que possam ser devidamente comparados. De acordo com Martins e Laugeni (2005, p. 187), [...] um exemplo de seu uso pode ser em um atendimento em caixa de banco, em que se pode medir o tempo gasto na fila do caixa. Ainda pode-se estabelecer o benchmarking interno sempre que uma empresa tenha filiais que executam as mesmas atividades. 1.3. Tipos de operações de produção Já vimos que as operações são similares entre si na forma de transformar recursos de input em output de bens e serviços. Segundo Slack, Johnston e Cham- bers (2002), há quatro dimensões, os chamados 4Vs da produção, que podem ser usados para distinguir diferentes operações. São elas: volume de output, varie- dade de output, variação da demanda do output e grau de contato/proximidade (visibilidade) com o cliente e são por eles definidas a seguir: ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 39 • Dimensão volume: quanto maior for o volume de produção, temos: maiores repetições das tarefas, especialização dos trabalhadores, sistematização do tra- balho e custo unitário baixo. Em contrapartida, com volumes baixos de produção, temos: menos grau de repetição, maior variedade de tarefas executadas pelos funcionários, ou seja, eles participam mais de todo o processo produtivo, menos investimento em equipamento especializado e maiores os custos unitários dos produtos. Exemplo: restaurante/lanchonete em shopping center (com alta pro- dução) e restaurante/lanchonete fora do shopping center (com baixa produção); • Dimensão variedade: quanto mais variado o serviço oferecido, temos: maior flexibilidade, preços/custos mais elevados, melhor atendimento às necessidades dos consumidores. Em contrapartida, quanto menos variado for o serviço, temos: menor probabilidade de erros, menor custo e menor atendimento às necessi- dades dos consumidores. Exemplo: empresas de táxi (com grande variedade) e empresa de ônibus (com baixa variedade); • Dimensão variação da demanda: quanto maior for a variação, temos: capaci- dade mutante, antecipação, flexibilidade e alto custo unitário. Em contrapartida, quanto menor for a demanda, temos: estabilidade, rotina, previsibilidade e baixo custo unitário. Exemplo: hotel em época de verão/férias (alta variação da demanda) e hotel próximo a uma importante rede rodoviária (baixa variação da demanda); • Dimensão visibilidade: quanto maior for a visibilidade da atividade percebida pelo consumidor, temos: tolerância de espera limitada, satisfação definida pela percepção do consumidor, necessidade de habilidade de contato com o con- sumidor e alto custo unitário. Em contrapartida, quanto menor for a visibilidade, temos: tempo entre a produção e o consumo, padronização, pouca habilidade de contato e baixo custo unitário. Exemplo: cadeia de lojas de material de construção (com alta visibilidade) e uma loja virtual (com baixa visibilidade). É importante você entender que, conforme afirmam Slack, Johnston e Chambers (2002, p. 51), “a posição de uma operação nas quatro dimensões é determinada pela demanda do mercado a que está servindo”. De qualquer forma, dando continuidade nesse raciocínio, alto volume, baixa variedade, baixa variação e baixa visibilidade (contato) com o consumidor, todos ajudam a manter os custos de processamento baixos. De forma inversa, baixo volume, alta variedade, alta va- riação e alta visibilidade (contato) com o consumidor, geralmente, carregam algum tipo de penalidade em custo para a produção. 40 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Figura 01: Tipos de operações de produção. • Baixa repetição; • Funcionário participa mais do trabalho; • Menos sistematização; • Alto custo unitário. • Bem definida; • Rotineira; • Padronizada; • Regular; • Baixo custo unitário. • Estável; • Rotineira; • Previsível; • Alta utilização; • Baixo custo unitário. • Tempo entre a produção e o consumo; • Padronização; • Pouca habilidade de contato; • Operação com baixo custo unitário. • Alta repetitividade; • Especialização; • Sistematização; • Capital intensivo; • Baixo custo unitário. • Flexível; • Atender as necessidades dos consumidores; • Alto custo unitário. • Capacidade mutante; • Antecipação; • Flexibilidade; • Ajustado a demanda; • Alto custo unitário. • Satisfação definidapela percepção do consumidor; • Necessidade de habilidade de contato com o consumidor; • Alto custo unitário. Volume Baixo Alto Variedade Baixo Alto Variação da demanda Baixo Alto Visibiliadde Baixo Alto Fonte: Adaptado de Slack et al., 2002. 1.4. Análise de processos em manufatura Uma das primeiras decisões tomadas por um gerente ao projetar um pro- cesso que funcione bem é a escolha do processo, que determina se os recursos são organizados em torno de produtos ou processos. A escolha é bastante in- fluenciada pelas prioridades competitivas dadas ao processo. No entanto, o que é ressaltado para todas as instalações ou para a linha de produtos não é necessa- riamente o que deveria ser enfatizado a cada um dos processos ou sub-processos que fornecem o produto ou serviço. Para Slack, Johnston e Chambers (2002), a análise de processos ou sis- temas em manufatura classifica-se em: processo de projeto, processo por tarefa, processo por lote, processo em linha e processo contínuo. Cada tipo de processo em manufatura implica uma forma diferente de or- ganizar as atividades das operações com diferentes características de volume e variedade. Veremos, agora, cada um: ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 41 • Processo de projeto: são exemplos: a construção de um shopping center, a formação de uma equipe de projeto para finalizar uma tarefa, o planejamento de um evento importante, as atividades de uma campanha política. A característica desses exemplos é o alto grau de customização das tarefas e o grande escopo de cada projeto, assim, eles são avaliados com base em sua capacidade para realizar certos tipos de trabalho em vez de sua habilidade para produzir produtos ou serviços específicos; • Processo por tarefa: são exemplos: usinar uma peça fundida de metal para atender a um pedido customizado, fornecer atendimento em uma sala de emergência, processar correspondência registrada e produzir armários customizados. A característica desses exemplos é que esse processo cria a flexibilidade necessária para produzir uma variedade de produtos ou serviços em quantidades significativas, a customização é relativamente elevada, e o volume para qualquer produto ou serviço é reduzido; • Processo por lotes ou bateladas: são exemplos: a programação de uma viagem aérea para um grupo de pessoas, a produção de componentes que alimentam uma linha de montagem, o processamento de hipotecas e a fabricação de bens de capital. A característica desses exemplos é que ele difere de um processo por tarefa no que diz respeito a volume, variedade e qualidade. A diferença fundamental é que os volumes são maiores porque produtos ou serviços iguais ou similares são fornecidos repetidamente, a variedade é mais limitada; • Processo em linha: são exemplos: automóveis, eletrodomésticos e brinque- dos, restaurantes fast-food, lanchonetes ou refeitórios. A característica desses exemplos é que eles encontram-se entre o processo por lote e o processo contínuo, assim, seus volumes são elevados e os produtos ou serviços são padronizados, permitindo que os recursos sejam organizados em torno de um produto ou serviço; • Processo contínuo: são exemplos: as refinarias de petróleo, as indústrias químicas e fábricas que produzem cerveja, aço e alimentos e no campo dos serviços uma usina geradora de eletricidade. A característica desses exemplos é que esse processo é o extremo da produção em grande volume e padronizada com fluxos de linha rígidos, sendo que sua designação relaciona-se ao modo como os materiais movem-se pelo processo. Geralmente, é de capital intensivo e é operado 24 horas por dia, para maximizar a utilização e evitar interrupções e reinícios de produção onerosos. 42 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Observe a figura a seguir, ela ilustra essa classificação e a relação Volume x Variedade. Figura 02: Classifi cação e relação Volume × Variedade. PROJETO JOBBING EM MASSA CONTÍNUO LOTE OU BATELADA BAIXA ALTA BAIXO ALTOVOLUME V A R I E D A D E Fonte: Adaptado de Slack et al., 2002. Pratique 1. Imagine que você está participando de uma sessão de brainstorm sobre as possíveis aplicações de um novo aparelho de barbear. Você, então, sugere que ele pode ser útil para cortar grama de jardim. Todos riem e o condutor da sessão fita-o com um semblante de desaprovação. O que você faria? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 1.5. Análise de processos em serviços Para que um sistema prestador de serviço possa alcançar níveis adequados de eficiência e custos, além das atividades realizadas durante o contato direto ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 43 com o cliente, outras atividades devem ser desenvolvidas. Isso para que os bens tangíveis estejam disponíveis no momento correto, os equipamentos funcionando adequadamente, os funcionários treinados e de posse das informações corretas, entre outros aspectos para garantir o sucesso do momento de contato com o cliente. Tendo por base os ensinamentos de Corrêa e Caon (2002, p. 192), os au- tores citam que: [...] a análise do fluxo de processo do serviço (service blueprint) dessas atividades permite identificar quais fluxos são fundamentais para o sucesso dos momentos de contato críticos, ou seja, quais deles influenciam mais fortemente os critérios mais valorizados pelo cliente em sua avaliação da qualidade e, ao mesmo tempo, qual seu peso relativo na composição dos custos operacionais. Segundo Gonçalves (2000, p. 7), “não existe um produto ou serviço ofere- cido por uma empresa sem um processo empresarial. Da mesma forma, não faz sentido existir um processo empresarial que não ofereça um produto ou serviço”. Com outra abordagem, Rumaswamy (1996) considera que o projeto do serviço é formado por quatro componentes: • Projeto do “produto” do serviço: refere-se ao projeto dos atributos físicos (tan- gíveis) do serviço, que é equivalente aos bens facilitadores e aos equipamentos; • Projeto das instalações do serviço: é o projeto do arranjo físico ou layout (melhor utilização do espaço disponível) do local em que o serviço é oferecido; • Projeto do processo de operações de serviços: refere-se às atividades que são necessárias para entregar ou manter um serviço; • Projeto do processo de serviço ao cliente: refere-se às instalações entre o cliente e o prestador do serviço. É interessante observar que os dois últimos componentes citados, muitas vezes se acrescentam, sendo mais fácil agrupá-los em um novo componente: pro- cessos de serviços. 44 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO O projeto de processos de serviço, no âmbito da gestão de operações, está relacionado aos processos operacionais, também chamados de processos de transformação, devido à transformação das entradas em saídas (SLACK et al. 2002). As entradas podem ser dividida sem recursos transformados e recursos transformadores. Os recursos transformados (materiais, informações e consumi- dores) são aqueles onde o valor é agregado, mudado de estado durante o pro- cesso; enquanto os recursos transformadores (instalações e pessoal) são os que incidem sobre os recursos transformados, agregando-lhes valor. As saídas de um processo operacional podem ser bens e serviços. A participação do cliente nos processos de serviço contradiz a ideia conce- bida nos sistemas de manufatura de que as entradas de um sistema de produçãodevem vir somente de fornecedores externos. Nos sistemas de produção de servi- ços, os clientes também podem representar para o sistema, participando do início ao fim do processo. Já as saídas do sistema de operações de serviços representam o resul- tado do serviço. No entanto, devido à participação do cliente, o serviço também acontece nos intercâmbios cliente/empresa ocorridas durante o processo. Assim, a prestação do serviço poderia ser dividida em duas dimensões: o processo e o resultado. A compreensão do conceito de processos leva ao entendimento de sua função no sistema de operações de serviços. Figura 03: A função dos processos no sistema de operações de serviços. Fornecedores Entradas Participação do Cliente ClientesSaídas PROCESSOS DE SERVIÇOS (transformação / agregação de valor) SERVIÇOS Processo Resultado Fonte: do autor, 2014. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 45 Fique atento Os passageiros de uma empresa aérea, por exemplo, representam uma das entradas do processo de transformação. Durante o processo, os clientes mudam do estado de “passageiros que têm necessidade de serem transportados” (recursos transformados) para o estado de “passageiros transportados” (resultados/saídas do processo). Para o cliente, a percepção da qualidade do serviço ocorreu durante a viagem aérea (durante o processo), além dele também avaliar o resultado do serviço (saída do processo). De acordo com Slack, Chambers e Johnsnton (2002, p. 123), [...] assim como as operações de manufatura, cada tipo de pro- cesso em operações de serviço implica numa forma diferente de organização da operação para atender às características diferentes de volume-variedade. Você aprenderá agora a classificação dos tipos de processos em operações de serviços, segundo esses autores: • Serviços profi ssionais: são defi nidos como organizações de alto contato, em que os clientes despendem tempo considerável no processo do serviço. Esses serviços proporcionam altos níveis de customização e o processo do serviço é altamente adaptável para atender às necessidades individuais dos clientes. A quantidade de tempo e atenção despendida em cada cliente provavelmente signifi ca que a relação de funcionário por clientes é alta. Serviços profi ssionais se baseiam em pessoas, e não em equipamentos com ênfase no “processo” (como o serviço é prestado) em vez de no “produto” (o que é fornecido). Fique atento Serviços profissionais compreendem consultores de gestão, advogados, arquitetos, cirurgiões, auditores, inspetores de segurança e alguns serviços especiais na área de computadores. 46 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • Serviços de massa: compreendem muitas transações de clientes que envolvem tempo de contato limitado e pouca customização. Esses serviços, em geral, são predominantemente baseados em equipamentos e orientados para o “produto”, com a maior parte do valor adicionada no escritório de retaguarda, com relativa- mente pouca atividade de julgamento exercida pelo pessoal da linha de frente. Fique atento Serviços de massa incluem supermercados, redes nacionais de estradas de ferro, aeroportos, serviços de telecomunicações, livrarias, emissoras de televisão, o serviço de polícia e o atendimento em um serviço público. • Lojas de serviços: são caracterizadas por níveis de contato com o cliente, customização, volumes de clientes e liberdade de decisão do pessoal, que as posiciona entre os dois anteriores. O serviço é proporcionado por meio de combinações de atividades dos escritórios da linha de frente e da retaguarda, pessoas e equipamentos e ênfase no produto/processo. Fique atento Lojas de serviços compreendem bancos, lojas em ruas comerciais e shopping centers, operadores de excursões de lazer, empresas de aluguel de autos, escolas, a maior parte dos restaurantes, hotéis e agentes de viagens. Figura 04: Classifi cação Variedade × Volume. BAIXA ALTA BAIXO ALTOVOLUME V A R I E D A D E SERVIÇOS PROFISSIONAIS LOJAS DE SERVIÇOS SERVIÇOS DE MASSA Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2002). ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 47 Memorize Serviços profissionais: baseados nas pessoas, não em equipamentos; orien- tados para o processo; alta customização; muito tempo de pessoal é despendida no atendimento; o pessoal de contato possui considerável autonomia. Exemplos: consultores, advogados, arquitetos, cirurgiões, engenheiros. Serviços de massa: muitas transações de clientes; menor customização; tempo de pessoal é limitado; baseados em equipamentos e orientados para o produto; o pessoal, em geral, não profissional, provavelmente tem uma divisão de trabalho precisamente definida. Exemplos: supermercados, aeroportos, serviços de telecomunicações, livrarias, emissoras de TVs, polícia. Lojas de serviços: o serviço é proporcionado por combinações de atividades dos escritórios da linha de frente e da retaguarda, pessoas, equipamentos e ênfase no produto/processo. Exemplos: bancos, shopping centers, lojas comerciais, aluguel de carros, hotéis, escolas. @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 48 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 1.6. Reengenharia de processos no negócio Os processos podem ser projetados ou reprojetados pela utilização de dois diferentes métodos: reengenharia de processos e melhoria de processo. Nos nos- sos estudos, você focará na reengenharia de processos. Reengenharia é a revisão fundamental e o reprojeto de processos para melhorar significativamente o desempenho em termos de custo, qualidade, atendi- mento e rapidez. A reengenharia de processo tem a ver com reinvenção, em vez de melhoria incremental. Um processo selecionado para reengenharia deve ser um processo funda- mental, como as atividades de uma empresa para o atendimento de um pedido. A reengenharia exige, então, uma concentração nesse processo, empregando mui- tas vezes equipes interfuncionais, tecnologia da informação, liderança e análise do processo. A seguir, Corrêa e Corrêa (2011) tratam cada elemento do método: • Processos críticos: a ênfase da reengenharia deve dirigir-se aos processos fun- damentais do negócio, em vez de aos departamentos funcionais, como compras ou marketing. Ao se concentrarem nos processos, os gerentes podem identificar oportunidades para eliminar trabalho desnecessário e atividades de supervisão; • Liderança forte: uma liderança forte faz a reengenharia acontecer, ser bem-sucedida, pois do contrário, descrença e resistência podem impedir mudanças radicais; • Equipes interfuncionais: a execução do processo de reengenharia deve ficar a cargo de uma equipe formada por menbros de cada área funcional afetada pelo processo de mudança; • Tecnologia da informação: é um importante capacitador da engenharia do processo, pois a maior parte dos projetos de reengenharia projeta processos em torno de fluxos de informação; • Filosofia de começar de novo: a reengenharia requer uma filosofia de começar de novo, ou seja, iniciar do modo pelo qual o cliente deseja lidar com a empresa; • Análise de processo: é fundamental que uma equipe de reengenharia entenda aspectos relativos ao processo atual: o que ele faz, o grau de seu desempenho e quais os fatores que o afetam, pois revela áreas nas quais um pensamento novo trará o melhor resultado. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 49 Analisando esseselementos, você pode notar que as motivações (ou ob- jetivos pretendidos) que levam as organizações a adotarem a reengenharia de processos no negócio estão relacionadas com a implementação de estratégias que visam melhorar seu desempenho e conquistar vantagem competitiva. 2. gEstão dA QuAlidAdE Neste tópico, você estudará a gestão da qualidade, sua função estraté- gica, seus elementos, custos, ferramentas básicas de controle, prêmios e as normas ISO 9000. 2.1. A função estratégica da qualidade A qualidade tem existido desde os tempos em que os chefes tribais, reis e faraós governavam. Inspetores analisavam os produtos para constatar se cum- priam as especificações governamentais para aceitá-los ou não. O movimento da qualidade tem contribuído de forma marcante até os dias atuais na obtenção das vantagens competitivas junto às empresas. Segundo Martins e Laugeni (2005), o conceito de que a qualidade é impor- tante surge em 1970, com o renascimento da indústria japonesa, que a tornou uma arma para a vantagem competitiva. [...] Já nos anos de 1980, a indústria ocidental passou por movimen- tos intensos no sentido de alterar substancialmente os conceitos de qualidade e de sua gestão, como forma de enfrentar a concorrência oriental nos mercados uma profusão de filosofias, metodologias e programas foi experimentada, treinada, vendida e comprada muitas vezes. (CORRÊA e CORRÊA, 2011) A competição exigia desempenhos superiores em outros critérios além da eficiência em custos (medida pela produtividade), entre eles, padrões de quali- dade muito mais altos. Segundo Corrêa e Corrêa (2011, p. 117) “a qualidade é formada durante o processo de produção, ou seja, a qualidade não é um kit que possa ser instalado no produto (resultado de um processo), mesmo que estocá- vel, após sua produção”. 50 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Fique atento As ações estratégicas da qualidade devem ter como alvo os processos e não os produtos deles resultantes, ou seja, se a qualidade é formada durante o processo de obtenção do produto, as ações de qualidade deveriam ser simultâneas aos processos. Assim, deve-se ficar claro que as ações de qualidade eficazes somente se- riam possíveis com a participação cada vez maior da força de trabalho, encarrega- da da produção. Ela teria agora que controlar e mesmo planejar grandes parcelas de seu trabalho. 2.2. Os elementos da TQM Autores consagrados na literatura da qualidade desenvolveram propo- sições, dentro da área da gestão da qualidade total (TQM), fornecendo uma ampla compreensão dos princípios adotados nesta abordagem de gestão. Po- rém, não existe uma anuência sobre a abrangência desses princípios, assim como não existe uma visão uniforme sobre os pilares que sustentam a gestão da qualidade dentro de uma organização. (ZHANG, WASZINK, WIJNGAARD, 2000). Nesse cenário, destaca-se também a falta de consenso sobre os princi- pais elementos do TQM que devem ser considerados para o desenvolvimento de instrumentos de medição do grau de adoção dos conceitos do TQM dentro de uma organização. Perceba que a qualidade do produto é determinada e percebida pelo clien- te, possuindo assim, diferentes focos, sendo um atributo complexo ao produto. Segundo Martins e Laugeni (2005), a qualidade de um produto deve contemplar os oito elementos a seguir: • Características operacionais principais ou primárias: todo produto deve ter bom desempenho nesse tipo de característica, assim, um relógio tem como princípio mostrar a hora certa e uma televisão deve ter boa defi nição de imagem e bom som; ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 51 • Características operacionais adicionais ou secundárias: atributos comple- mentares ao produto que fazem mais agradáveis aos consumidores como o controle remoto num conjunto de som ou o timer em um aparelho de televisão; • Confiabilidade: a probabilidade de o produto não apresentar falhas dentro de determinado período de tempo. Uma avaliação em geral aceita de confiabilidade é dada pelo MTBF (sigla em inglês para mean time between fails, que significa tempo médio entre falhas) e também pela porcentagem de falhas por unidade de tempo. A confiabilidade é bastante utilizada em produtos duráveis, constituindo fator de vantagem competitiva importante; • Conformidade: a adequação às normas e às especificações utilizadas para a elaboração do produto. A conformidade costuma ser medida pela quantidade de defeitos ou de peças defeituosas, fora de especificação que o processo de produção apresenta; • Durabilidade: medida pelo tempo de duração de um produto até sua deterio- ração física. A durabilidade e a confiabilidade estão bastante associadas; • Assistência técnica: a maneira com que é tratado o cliente e o produto no momento de um reparo. Idas constantes a uma assistência técnica, descortesia no atendi- mento, altos preços de conserto são fatores negativos para a imagem do produto; • Estética: baseada em critérios subjetivos, durante muitos séculos, associou-se qualidade à beleza – “o que é belo é bom” –, e de certa forma esse conceito ainda é muito forte na venda dos produtos. Assim, deve-se dedicar atenção especial ao design do produto; • Qualidade percebida: o produto que parece ser bom tem mais aceitação pelos consumidores, assim, novos produtos de marcas conhecida se renomadas, mesmo que os fabricantes não tenham tradição na fabricação desse particular produto, terão associada à imagem de boa qualidade. 2.3. O custo da qualidade Segundo Rodontaro (1996, p. 89), “custo da qualidade refere-se àquelas despesas incorridas pela empresa para o atendimento e a manutenção do nível satisfatório e econômico da qualidade e confiabilidade do produto”. Para Robles Jr. (1994), o custo da qualidade é uma técnica analítica de co- municação poderosa graças às categorias que este usa para descrever e explicar as relações entre custos. 52 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Para Martins e Laugeni (2005, p. 499), o custo da qualidade são despesas incorridas por uma empresa para prevenir problemas de qualidade, avaliando a qualidade e controlando falhas internas ou externas do produto. Segundo Martins e Laugeni (2005, p. 501), os custos da qualidade classifi- cam-se da seguinte forma: • Custos de prevenção: são os custos com recursos humanos e materiais que têm por objetivo prevenir falhas/defeitos/anomalias; • Custos de avaliação: são os custos com recursos humanos e materiais rela- cionados com ensaios e inspeções destinados a verificar se a qualidade está a ser mantida ou, por outras palavras, destinados a detectar falhas; • Avaliação interna: avaliação da qualidade/detecção de falhas em bens, serviços e processos, no interior da organização; • Avaliação externa: avaliação da qualidade/detecção de falhas em inputs (ma- térias, mercadorias e serviços) recebidos do exterior da organização. • Custos das falhas: são os resultantes da incapacidade de um produto para satisfazer as exigências da qualidade. Esses resultados podem ser: • Falhas internas: resultantes da incapacidade de um produto para satisfazer as exigências da qualidade, antes do seu fornecimento; • Falhas externas: resultantes da incapacidade de um produto para satisfazer as exigências da qualidade, após o seu fornecimento. Independentemente das classificações supracitadas ou de quaisquer outras, é importante salientar que qualidade insatisfatória significa utilização insatisfatória dos recursos, implicando em desperdícios de material, mão de obra e tempo de equipamento. Por outro lado, qualidade satisfatória significa utilização satisfatória dos recursos e, por conseguinte, custos reduzidos. (MARTINS E LAUGENI, 2005). ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 53 Figura 05: Custos de qualidade. Custos Qualidade – Prevenção – Avaliação – Falhas – Avaliação Interna – Avaliação Externa – Falhas Internas – Falhas Externas Fonte: Adaptado de Martins e Laugeni (2005). Pratique 2. Identifique os principais custos da qualidade das seguintesorganizações: biblio- teca universitária, fabricante de lavadoras de roupa, instalações de geração de energia nuclear, igreja. 3. Discuta o que constitui qualidade, rapidez, confiabilidade e flexibilidade nas seguin- tes operações: restaurante, fábrica de raquete de tênis, cabeleireiro e biblioteca. 4. Usando um exemplo de sua escolha, descreva como o custo de produção pode ser afetado pela mudança dos níveis de desempenho de qualidade, rapidez, confiabilidade e flexibilidade. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 54 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 2.4. As sete ferramentas básicas do controle da qualidade Segundo Corrêa e Corrêa (2011, p. 134), “as sete ferramentas para a quali- dade, como ficaram conhecidas, são e devem ser entendidas como o nome indica: ferramentas”. Dessa forma, o autor quis dizer que as ferramentas não resolvem os problemas nem melhoram situações, quem faz isso são as pessoas. Ou seja, elas apoiam e auxiliam as pessoas nas tomadas de decisões que resolverão pro- blemas de qualidade ou melhorarão situações atuando o mais próximo possível de suas ocorrências. ?? Curiosidade “Noventa e cinco por cento dos problemas relacionados à qualidade podem ser resolvidos com o uso de sete ferramentas quantitativas básicas.” (KAORU ISHIKAWA apud CORRÊA E CORRÊA, 2011, p. 134). A seguir, estão detalhadas as ferramentas de acordo com Corrêa e Corrêa (2011, p. 134). • Diagramas de processo: seu objetivo é a listagem de todas as fases do pro- cesso, por meio de símbolos gráfi cos, de forma simples e de rápida visualização e entendimento; • Análise de pareto: demonstra a importância relativa das variáveis de um pro- blema. Por meio dele se indica o quanto cada uma dessas variáveis representa, em termos percentuais, do problema geral; • Diagramas de causa e efeito (ou diagrama de Ishikawa): é uma representação gráfi ca que auxilia a identifi cação, exploração e apresentação das possíveis causas de uma situação ou problema específi co; • Diagramas de correlação: é utilizado para comprovar a relação entre uma causa e um efeito. Serve para mostrar o que acontece com uma variável quando a outra se altera, ajudando a verifi car a existência de relação entre elas; • Histogramas: é uma forma gráfi ca de apresentação dos dados obtidos em uma observação, de forma a simplifi car a comparação de suas frequências de ocorrência; ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 55 • Cartas de controle de processos: seu objetivo é o de manter o controle de um processo através do acompanhamento do comportamento de uma ou várias medidas importantes (ex.: tempo de atendimento) resultantes desse processo; • Folhas de verifi cação: é a mais simples e direta das ferramentas, seu objetivo é apresentar em forma de um quadro ou tabela, o procedimento correto a ser seguido e as verifi cações que deverão ser feitas no processo para evitar a re-ocorrência dos problemas. Na Qualidade Total, a identificação e a solução dos problemas são feitas por meio de um método muito simples, que consiste em identificar, observar, ana- lisar e agir sobre as causas de um problema. Peritos afirmam que a maioria dos problemas pode ser analisada e resolvida com a utilização dessas ferramentas da qualidade. São ferramentas simples, mas que, se utilizadas corretamente, forne- cem um poderoso instrumento para a solução de problemas. Pratique 5. Suponha que você precise decidir sobre a compra de um mesmo modelo de televisor, entre três marcas distintas. A marca A custa R$100,00 a marca B R$150,00 e a marca C R$200,00. Todos os televisores possuem as mesmas funções e recursos. Segundo o conteúdo do presente capítulo sobre qualidade, qual televisor você escolheria? Justifique sua resposta. 6. Descreva quais são os principais tipos de desperdício do departamento ou empresa que você trabalha e responda a seguinte pergunta: você acredita que existe algum modo de melhorar esse desperdício? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 56 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 2.5. Prêmios da Qualidade – Malcolm Baldrige e PNQ O critério dos prêmios da qualidade é, geralmente, utilizado para classificar ou avaliar a implementação dos elementos do TQM. Resultados de alguns estudos manifestam a grande utilidade do Malcolm Baldrige National Quality Award (MBN- QA) como fonte de informação e guia para se chegar à excelência da qualidade. (CORRÊA; CORRÊA, 2011). No início dos anos 80, o Centro Norte-Americano de Produtividade e Quali- dade recomendou que um prêmio anual, similar ao Prêmio Deming, fosse ins- tituído na América. O prêmio recebeu esse nome após a morte de Malcolm Baldrige, secretário do Comércio, acidentado pouco antes de sua instituição tornar-se lei em 1987. O propósito do prêmio era estimular as empresas norte-americanas a melhorar a qualidade e a produtividade, reconhecer realizações, estabelecer critérios para um esforço mais amplo de qualidade e fornecer orientação sobre a melhoria da qualidade. As principais categorias examinadas são: liderança, informação e análise, planejamento estratégico da qualidade, utilização dos recursos humanos, garantia de qualidade dos produtos e serviços, resultado da qualidade e da satisfação do consumidor. O Prêmio Deming inclui, no pro- cesso de inscrição, a descrição detalhada do sistema de qualidade e também visitas à empresa. Quadro 02: Critérios de excelência dos prêmios da qualidade. Prêmio Deming Prêmio Europeu Prêmio Malcolm Baldrige • Política e objetivos • Organização e operação • Educação • Organização e disseminação da informação • Análise • Padronização • Controle • Garantia da qualidade • Efeitos • Planos futuros • Liderança • Política e estratégia • Pessoas • Parcerias e recursos • Processos • Resultados referentes aos clientes • Resultados das pessoas • Resultados da sociedade • Resultados de desempenhos chaves • Liderança • Informação e análise • Planejamento da qualidade • Recursos humanos • Garantia da qualidade • Resultados da qualidade • Satisfação do consumidor Fonte: Adaptado de Martins e Laugeni (2005). ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 57 Segundo Martins e Laugeni (2005, p. 547), [...] o Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ) avalia a excelência empresarial e seu objetivo é promover a conscientização para a qualidade e a produtividade das empresas produtoras de bens e serviços e facilitar a transmissão de informações e conceitos rela- tivos às práticas e técnicas modernas e bem-sucedidas de gestão daqualidade. Assim, esses critérios permitem a criação de padrões de desenvolvimento de um sistema de gerenciamento comparativo e autossustentado. Pratique 7. Discuta as vantagens e desvantagens para uma organização que está pensando em se candidatar a importante prêmio de qualidade. 8. Por que você acha que procedimentos de prêmios de qualidade são atualmente usados predominantemente como veículos de auto-avaliação? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2.6. ISO 9000 A Internacional Organization for Standartization (ISO) é um dos organismos das Nações Unidas que tem como objetivo fixar normas técnicas essenciais de âmbito internacional para evitar abusos econômicos ou tecnológicos dos países mais desenvolvidos. Segundo Bertaglia (2009, p. 404): 58 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO [...] foi fundada em 1947 para expandir o comércio, melhorar a quali- dade, aumentar a produtividade e reduzir o custo de produtos e ser- viços por meio de acordos mundiais e sobre normas internacionais. Com sede em Genebra, Suiça, a ISO, segundo Israelian et al. (1996, p. 175) [...] tem o objetivo de promover no mundo o desenvolvimento da normalização e atividades relacionadas com a intenção de facilitar o intercâmbio internacional de bens e de serviços e para desenvol- ver a cooperação nas esferas intelectual, científica, tecnológica e de atividade econômica. ?? Curiosidade Durante seus 66 anos de história, a ISO publicou mais de 3 mil normas técnicas e não técnicas em todos os campos, com exceção do eletro-eletrônico, pois esses são de responsabilidade da International Eletrotechnical Commission, fundada em 1906. A ISO reflete a situação atual dos países desenvolvidos, representando a es- trutura organizacional da tecnologia e a qualidade dos produtos dos serviços desses países. Segundo Bertaglia (2009, p. 404), “os países mais desenvolvidos exigem qualidade; ser certificado pela ISO é, sem dúvida, o melhor passaporte para neles ingressar”. A certificação é o grande objetivo, porém, tudo o que se obtém com a certificação justifica a implementação de um sistema ISO: ser competitivo! A ISO 9000 é um conjunto de normas técnicas que trata exclusivamente da questão qualidade, e se destina a ampliação de sistemas (o todo da empresa), e não de produtos, materiais ou serviços, que são aplicações das quatro normas técnicas usuais – ISO 9001, 9002, 9003 e 9004. Perceba que as normas ISO 9001, 9002 e 9003 são normas que deverão ser cumpridas para que a organização seja certificada. A seleção do modelo do sistema de garantia da qualidade adequado depende de fatores como: a com- plexidade e a maturidade do projeto, a complexidade do processo produtivo, as características do produto ou serviço, dentre outros. Já a norma ISO 9004 abrange ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 59 a gestão da qualidade e elementos de um sistema de qualidade, descreve um con- junto básico de elementos que poderá ser implantado e projetado em um sistema de gestão de qualidade. Para satisfazer às necessidades dos clientes, é essencial projetar um sistema de qualidade adequado, que seja composto por fatores técni- cos, administrativos e humanos. De acordo com Bertaglia (2009, p. 405), [...] nos dias atuais, o Brasil apresenta uma preocupação bastante distinguida no cenário mundial com relação ao tema da qualidade. Geograficamente, essas certificações estão concentradas princi- palmente no Estado de São Paulo, mas já penetram gradualmente nos Estados do Sul, do Norte e Nordeste. Fique atento Muitas pessoas confundem a norma em si com o processo de certificação. É bom frisar que a implantação da ISO 9000 não requer necessariamente sua cer- tificação. Uma empresa pode ter o sistema implantado e não pedir a certificação. Para que isso ocorra, a empresa deve, previamente, implantar o sistema, que deve funcionar por vários meses. Portanto, antes da certificação, a empresa deve verificar se o sistema está funcionando e se existe algum tipo de melhoria que possa ser aplicado ao sistema, evitando, dessa forma, a perda de tempo e dinheiro. Atualmente, a gestão da qualidade está sendo uma das maiores preocupa- ções das empresas, sejam elas voltadas para a qualidade de produtos ou de servi- ços. A conscientização para a qualidade e o reconhecimento de sua importância, tornou a certificação de sistemas de gestão da qualidade indispensável para as micro e as pequenas empresas de todo o mundo. Pratique 9. Qual o principal objetivo da certificação da qualidade para uma organização? 10.Como o consumidor pode influenciar na qualidade dos produtos produzidos? Será possível a influência na qualidade de produtos fabricados em outros países? 60 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Relembre Um dos grandes desafios da Produção é conceber sistemas de avaliação que permitam não só o acompanhamento das ações dos diversos programas, mas que forneçam indicadores de qualidade para todo o processo de trans- formação, incluindo as fases de programação e execução e sua contribuição para o desempenho empresarial. Como em toda atividade, na produção podem ocorrer desvios consideráveis em relação aos planos originais, de curto, médio e longo prazo. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 61 Entenda que além das incertezas da fase de planejamento, decorrentes do desconhecimento de mecanismos de falhas dos ativos da empresa, outras variáveis, de caráter aleatório, podem impedir o cumprimento das manutenções programadas, ditadas por imprevistos e falhas no sistema de produção. Em especial, a aleatoriedade de muitos mecanismos de falha, principalmente em instalações au- tomatizadas, dificulta a previsão de manutenções preventivas, afetando a qualidade da manutenção. Como em toda atividade empresarial, a produção deve obedecer a critérios explícitos de eficiência, eficácia, efetividade e qualidade, que a tornem economica- mente atrativa.A forma de avaliação destes indicadores, baseados em conceitos universais, facilita sua correlação com indicadores tradicionais de desempenho empresarial, e com muitas outras áreas de planejamento. As normas ISO 9000, antigamente aplicadas exclusivamente para ambientes fabris, foram um importante mecanismo para incentivar empresas manufatureiras a documentar e a sistematizar seus processos. Seu objetivo principal é garantir que o sistema produtivo seja capaz de produzir as saídas a que se propõe dentro dos limites dados pelas tolerâncias das especificações, ou seja, empresas certificadas aumentam a chance de operar com níveis maiores de qualidade de conformidade. Referências ARMISTEAD, Colin; MACHIN, Simon. Implications of business process manage- ment for operations management. International Journal of Operations & Pro- duction Management. UK, v. 17, n. 9, p. 886-898, 1997. BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e gerenciamento da cadeia de abasteci- mento. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração da Produção e Operações: ma- nufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 62 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO GONÇALVES, José Ernesto Lima. As empresas são grandes coleções de pro- cessos. ERA – Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v. 40, n. 1, p. 6-19, Jan./Mar., 2000. HARRINGTON, H. Jamnes. Aperfeiçoando processos empresariais. São Paulo: Makron Books, 1993. ISRAELIAN, Eliane et al. Uma Introdução às Normas da Série ISO 9000. 1996. Disponível em: <http://allchemy.iq.usp.br/sedimentando/iso.htm> Acesso em: 15 jun. 2013. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. São Paulo: Sa- raiva, 2005. MAXIMINIANO, Antonio C. A. Introdução à administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. PEINADO, Jurandir; GRAEML, Alexandre R. Administração da produção: opera- ções industriais e de serviços. Curitiba: Unicenp, 2007. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. ZHANG Z.; WASZINK A; WIJNGAARD, J. An Instrument for measuring TQM implementation for Chinese manufacturing companies. International Journal Of Quality and Reliability Management. v. 17, n. 7, p. 730-755, 2000. Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r Administração da Produção Autoria Leonardo Sousa Vilela ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos Pró-reitora acadêmica: Profa. flávia alves de almeida diretor de oPerações: Prof. José Pereira de oliveira coordenação nead: Profa. luCiana rodrigues ramos expediente ficha técnica autoria: leonardo sousa vilela suPervisão de Produção nead: franCisCo Cleuson do nasC alves designer instrucional: João Paulo s. Correia Projeto gráfico e diagramação: franCisCo Cleuson do nasC alves tratamento de imagens: diego Porto noJosa revisão técnica: emanuelle oliveira da fonseCa revisão metodológica: fCo Jahannes dos santos rodrigues revisão textual: Juliana frota da Justa Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu VILELA, Leonardo de Sousa. Administração da Produção. / Leonardo de Sousa Vilela – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 136 p. ISBN: 978-85-64026-42-1 1. Administração da produção. 2. Gestão da qualidade. 3. Gerenciamento de projetos. 4. Cadeia de suprimentos. I. Centro Universitário Ateneu. Prezado estudante, seja muito bem-vindo à disciplina de Administração da Produção. Este material foi elaborado com intuito de preparar os alunos para lidar com as situações do dia a dia, deixá-los aptos a responder os questionários, ativi- dade e fóruns do próprio ambiente virtual de aprendizagem. A divisão dos conteúdos abordados foi feita em quatro capítulos cujos assuntos vão desde a evolução da Administração da Produção, passando pela análise de processos e gestão da qualidade. Estudaremos ainda sobre o gerenciamento de projetos e, por fim, o geren- ciamento da cadeia de suprimentos e a produção enxuta, com ênfase no sistema Toyota de produção, lógica e a implantação do Just in time, dentre outros assun- tos. Sinta-se à vontade para recorrer a nós e aos professores, sempre que surgir algumas dúvida, e quiser explicações diversas ou dicas de leituras, visto que é de suma importância a busca de novas fontes de pesquisas para um aprendizado muito mais completo. Bom estudo! Leonardo Sousa Vilela Seja bem-vindo! Sumário UNIDADE 01: A EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS ........................................................................7 1. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES .........................8 1.1. O desenvolvimento histórico da Administração da Produção ......................................9 1.2. O mundo da Administração da Produção ...................................................................12 2. ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES .........................16 2.1. Efetividade – Qualidade × Produtividade: Eficácia × Eficiência ................................16 2.2. Interação entre estratégia corporativa e estratégia de produção ...............................21 2.3. Estágios de desenvolvimento da manufatura e dos serviços .....................................23 2.4. Objetivos de desempenho da manufatura ..................................................................25 2.5. Priorização dos objetivos de desempenho .................................................................27 2.6. Áreas de decisão estratégica de operações ..............................................................29 Referências .......................................................................................................................31 UNIDADE 02: ANÁLISE, PLANEJAMENTO, MENSURAÇÃO DE PROCESSOS E GESTÃO DA QUALIDADE ...............................................................33 1. ANÁLISE, PLANEJAMENTO E MENSURAÇÃO DE PROCESSOS ............................34 1.1. Análise e avaliação de processos ..............................................................................35 1.2. Benchmarking .............................................................................................................37 1.3. Tipos de operações de produção ...............................................................................38 1.4. Análise de processos em manufatura ........................................................................40 1.5. Análise de processos em serviços .............................................................................42 1.6. Reengenharia de processos no negócio ....................................................................48 2. GESTÃO DA QUALIDADE ............................................................................................49 2.1. A função estratégica da qualidade .............................................................................49 2.2. Os elementos da TQM ...............................................................................................50 2.3. O custo da qualidade ..................................................................................................51 2.4. As sete ferramentas básicas do controle da qualidade ..............................................542.5. Prêmios da Qualidade – Malcolm Baldrige e PNQ .....................................................56 2.6. ISO 9000 ....................................................................................................................57 Referências .......................................................................................................................61 UNIDADE 03: LOCALIZAÇÃO, CAPACIDADE, LAYOUT DE INSTALAÇÕES E GERENCIAMENTO DE PROJETOS ...................................................63 1. LOCALIZAÇÃO, CAPACIDADE E LAYOUT DE INSTALAÇÕES .................................64 1.1. Fatores que influenciam a localização de uma empresa ...........................................64 1.2. Fatores que determinam escolha do layout ...............................................................66 1.3. Localização de operações de serviço ........................................................................68 1.4. Decisões de capacidade ............................................................................................70 2. GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............................................................................73 2.1. Administração de projetos por toda a organização ....................................................73 2.2. Ciclo de vida de um produto/serviço ..........................................................................74 2.3. Definição e organização de projetos ..........................................................................77 2.4. Monitoramento e controle de projetos ........................................................................79 Referências .......................................................................................................................82 UNIDADE 04: GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E PRODUÇÃO ENXUTA ...................................................................................................83 1. GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS – SCM .....................................84 1.1. Evolução do gerenciamento da cadeia de suprimentos .............................................84 1.2. Fatores que impactam a cadeia de suprimentos ........................................................86 1.3. Necessidades de uma cadeia de suprimentos bem-sucedida ...................................88 1.4. O papel da logística na cadeia de suprimentos ..........................................................90 1.5. Canais de distribuição ................................................................................................92 1.6. Estratégia de estoques ...............................................................................................95 2. PRODUÇÃO ENXUTA ..................................................................................................99 2.1. Sistema Toyota de Produção .....................................................................................99 2.2. Sistemas de produção enxuta por toda organização ...............................................101 2.3. A lógica e implementação do just in time .................................................................104 2.4. Melhoria contínua com utilização do sistema de produção enxuta ..........................109 Referências .....................................................................................................................112 Material complementar ....................................................................................................115 Referências .....................................................................................................................132 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 63 Uni loCAlizAção, CAPACidAdE, Layout dE instAlAçõEs E gErEnCiAmEnto dE ProjEtos Apresentação Neste capítulo, você vai aprender que o planejamento da capacidade é im- portante para o sucesso de uma organização a longo prazo e que o excesso de ca- pacidade é, para uma organização, tão angustiante quanto a falta de capacidade. Assim, se faz necessário um conhecimento da capacidade. Atual de um processo e de sua utilização. Também serão abordados os principais fatores que auxiliam na tomada de decisão a respeito da localização das instalações mais adequada para uma empre- sa, uma vez que a localização é a posição geográfica de uma operação relativa- mente aos recursos de input, a outras operações ou clientes com as quais interage. Você aprenderá a identificar os diferentes tipos de arranjo físico necessá- rios à produção, uma vez que a sua importância está em determinar a “forma” de disposição dos equipamentos e das pessoas em uma operação produtiva. Ao final desta unidade, serão descritos importantes conceitos sobre a admi- nistração de projetos e sobre o ciclo de vida do produto, assim como serão elucida- dos os passos-chaves para o gerenciamento e o controle do projeto. 64 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Objetivos de aprendizagem • Explicar que a capacidade de produção representa a capacidade instalada mais os recursos materiais, humanos e financeiros disponíveis; • Descrever os principais fatores de localização industrial; • Discutir o melhor planejamento do espaço físico a ser ocupado por máquinas, homens e materiais; • Elucidar sobre o sucesso de um projeto; • Aclarar sobre o ciclo de vida de um produto/serviço. 1. loCAlizAção, CAPACidAdE E Layout dE instAlAçõEs Neste tópico, você vai conhecer alguns fatores que influenciam a localiza- ção de uma empresa, fatores que determinam a escolha certa do layout de produ- ção, localização de operações de serviço e decisões de capacidade. 1.1. Fatores que influenciam a localização de uma empresa A localização de uma operação afeta tanto sua capacidade de competir quan- to outros aspectos, internos e externos. Segundo Corrêa e Corrêa (2011, p. 269), [...] em empresas manufatureiras, a localização afeta tanto custos diretos, como o custo de transporte (das matérias-primas e compo- nentes para a operação e dos produtos acabados da operação para os clientes), o custo da mão de obra (diferentes locais têm diferen- tes níveis salariais e até legislações diferentes no que diz respeito a custos indiretos), o custo e disponibilidade de energia (pense, por exemplo, num fabricante de alumínio que utiliza enormes quantida- des de energia para a redução da pasta de alumina - um produto intermediário do beneficiamento da bauxita – no alumínio), água e outros. [...] Em operações de serviço, a localização pode afetar a conveniência do cliente, o volume de tráfego resultante em torno da operação, a visibilidade da operação, entre outras coisas. Perceba que muitos fatores podem afetar a decisão de localização, assim, a natureza do negócio em que a operação atua definirá quais fatores deveriam ser ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 65 determinantes. Dessas forma, Corrêa e Corrêa (2011) listam alguns fatores que podem ser potencialmente relevantes para análises de localização: • Proximidade de fontes qualificadas de suprimento (material): principalmente quando os insumos forem de grande tamanho ou peso, a proximidade das fontes de fornecedores é fundamental. Escolhe-se determinado local pela abundância no fornecimento ou na proximidade de matérias-primas. Exemplos: siderúrgicas, metalúrgicas etc.; • Proximidade de fontes de insumos (mão de obra): escolhe-se determinado local pela abundância de mão de obra barata e preparada. Trata-se de um fator importante quando a produção é de mão de obra intensiva e há necessidade de muitos empregados. Há que se ponderar que muitos locais – como as áreas rurais, por exemplo – proporcionam mão de obra barata, mas de baixo nível de formação ou experiência profissional; • Proximidade dos clientes: para minimizar os custos de transportes dos pro- dutos acabados ou para facilitar a entrega dos serviços escolhe-se o local mais chegado aos consumidores, clientes ou usuários; • Considerações referentes ao ambiente físico e de negócios: considerações incluem aspectos como preço, qualidadee disponibilidade de espaço físico (inclusive considerando necessidades futuras de expansão), utilidades (água, energia elétrica, serviços públicos etc.), incentivos fiscais, zonas livres de co- mércio (como a Zona Franca de Manaus); • Considerações referentes à globalização: é cada vez mais frequente que as empresas tenham que tomar decisões de localização não apenas em seus países de origem mas também no exterior, para onde pretendem expandir suas atividades ou para explorar novos mercados, ou para aproveitar as vantagens referentes a algum insumo (mão de obra mais barata, por exemplo). Assim, a localização ideal ou ótima é aquela em que todos ou quase todos esses fatores são satisfeitos total ou parcialmente. Muitas vezes, pode existir um fator predominante ao qual os demais estão subordinados, como geralmente acon- tece com a proximidade de materiais-primas ou a disponibilidade de mão de obra. 66 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 1.2. Fatores que determinam escolha do layout Segundo Corrêa e Corrêa (2011, p. 276), “o arranjo físico de uma opera- ção é a maneira segundo a qual se encontram dispostos fisicamente os recursos que ocupam espaço dentro da instalação de uma operação”. Conforme Martins e Laugeni (2005, p. 137), “na elaboração do layout, algumas considerações práticas devem ser feitas inicialmente, por exemplo, planejar o todo e depois as partes e planejar o ideal e depois o prático”. Dessa maneira, após a determinação do local que será estudado, ini- cia-se o layout com uma visão global, e sempre que necessário este deve ser reformulado. Assim sendo, pode-se dizer que, dentro dos limites estabelecidos pela estratégia competitiva da operação, um bom projeto de arranjo físico pode visar tanto eliminar atividades que não agreguem valor como enfatizar atividades que agreguem. Fique atento Dentre as atividades, Corrêa e Corrêa (2011) citam: minimizar os custos de manuseio e movimentação interna de materiais; utilizar o espaço físico disponível de forma eficiente; apoiar o uso eficiente da mão de obra, evitando que esta se mo- vimente desnecessariamente; facilitar a comunicação entre as pessoas envolvidas na operação, quando adequado; e facilitar manutenção dos recursos, garantindo fácil acesso. Há três tipos básicos de arranjo físico que têm características bastante es- pecíficas e apresentam diferentes potenciais. Com base na descrição de Corrêa e Corrêa (2011), temos: • Arranjo físico por processo (também chamado funcional): todos os recur- sos com função ou processo similar são agrupados. Dessa forma, o material se desloca buscando os diferentes processos. O desafi o nas decisões nesse layout é procurar arranjar a posição relativa e as áreas de cada setor, de forma a ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 67 aproximar setores que tenham fl uxo intenso entre si, para evitar deslocamentos desnecessários, de maneira a encaixar adequadamente o posicionamento e as áreas resultantes na área total disponível; • Arranjo físico por produto (ou em linha): possui esse nome porque a lógica usada para arranjar a posição relativa dos recursos é a sequência de etapas do processo de agregação de valor. Assim, as máquinas ou as estações de trabalho são colocadas de acordo com a sequência das operações e são exe- cutadas de acordo com a sequência estabelecida sem caminhos alternativos. São mais adequadas as operações que processam grandes volumes de fl uxo que percorrem uma sequência muito similar. Exemplo: linhas de montagem de automóveis, aparelhos eletrônicos, indústrias químicas etc.; • Arranjo físico celular: consiste em arranjar em um só local (a célula) máquinas diferentes que possam fabricar o produto inteiro, sua principal característica é a relativa fl exibilidade quanto ao tamanho de lotes por produto, permitindo elevado nível de qualidade e de produtividade, apesar de sua especifi cidade para uma família de produtos; • Arranjo físico posicional: é recomendado para um produto único, em quanti- dade pequena ou unitária e, em geral, não repetitivo, assim, caracteriza-se por manter estacionário o material (ou pessoa) processado pela operação, devido à impossibilidade, à inviabilidade ou à inconveniência de fazê-lo mover-se entre as etapas do processo. Como o objeto da operação fi ca estacionário, são os recursos que se deslocam até ele. Fique atento O planejamento do arranjo físico envolve decisões sobre a disposição das unidades produtivas em uma organização. Uma unidade produtiva pode ser qualquer coisa que utilize espaço: uma pessoa ou uma equipe, um balcão, uma máquina, uma estação de trabalho, um departamento, uma escada, um depósito e assim por diante. O planejamento do arranjo físico reflete as decisões mais amplas sobre as prioridades competitivas, o processo e a capacidade de uma empresa em arranjos físicos reais de funcionários, equipamentos e espaço. O objetivo é permitir que os funcionários e os equipamentos operem com mais eficácia. 68 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Pratique 1. Identifique e justifique o tipo de arranjo físico que deveria ser adotado pelas seguintes organizações: a) Padaria d) Usina de açúcar b) Banco e) Academia de ginástica c) Fábrica de balas f) Confecção de roupas 2. Um restaurante está considerando a possibilidade de agilizar o atendimento aos clientes. Dessa forma, o proprietário está considerando a possibilidade de alterar o seu arranjo físico de posicional para celular por processo. Discuta as implicações dessa mudança. 3. Qual o principal objetivo da escolha de um layout em uma empresa? Justifique. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 1.3. Localização de operações de serviço De acordo com Peinado e Graeml (2007), os fatores mais influentes para a tomada de decisão com respeito à localização de instalações comerciais ou pres- tadoras de serviço são: • Proximidade com o mercado consumidor: no caso de empresas comerciais ou prestadoras de serviço, em que o cliente/consumidor interage intensamente com a organização e, em alguns casos, faz parte do próprio produto, é funda- mental que as decisões de localização sejam convenientes aos clientes. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 69 Deve-se pensar na distância, na facilidade de acesso pelo público alvo, na disponibilidade de estacionamento etc. Lojas sofisticadas precisam estar localiza- das em regiões com população de maior poder aquisitivo ou shopping centers mais luxuosos. Lojas de produtos populares, com preços convidativos à maior parte da população, precisam se localizar em regiões de grande tráfego de pessoas, bem servidas de transporte público, facilitando o acesso da população de faixa de renda inferior. Por exemplo, os supermercados que levam a marca “Pão de Açúcar”, que são lojas mais sofisticadas,direcionadas a atender às necessidades de segmentos mais exigentes, se localizam, normalmente, em bairros de maior poder aquisitivo, com predomínio de população de classe média ou alta. Já as que levam a marca “Barateiro” e têm um posicionamento mais popular, encontram melhor localização em regiões residenciais de classe média baixa (PARENTE, 2000). • Localização dos concorrentes: de maneirageral, as empresas comerciais ou pres- tadoras de serviço são mais suscetíveis à proximidade de empresas concorrentes, se comparadas às empresas do tipo industrial. Isso acontece em função do menor raio de atuação dessas empresas. O mercado pode se tornar saturado rapidamente se duas ou três panifi cadoras decidirem se instalar na mesma rua, por exemplo. Pratique 4. Quais os principais fatores que influenciam na decisão de localização de uma empresa? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 70 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 1.4. Decisões de capacidade É importante você saber que, embora os efeitos das decisões sobre capa- cidade sejam sentidos a curto, médio e longo prazo, em geral, as decisões sobre capacidade produtiva têm impacto estratégico importante. Esses efeitos, segundo Corrêa e Corrêa (2011, p. 288), [...] envolvem grandes somas de capital investido - não raro, incre- mentos de capacidade produtiva podem custar dezenas ou centenas de milhões de reais; muitas vezes, as decisões sobre alterações de níveis de capacidade produtiva em operações requerem grande an- tecedência; e uma decisão de capacidade produtiva equivocada tem impacto direto no desempenho operacional da unidade produtiva. Capacidade produtiva de uma unidade de operações pode ser entendida por Corrêa e Corrêa (2011, p. 288) como “o volume máximo potencial de atividade de agregação de valor que pode ser atingido por uma unidade produtiva sob con- dições normais de operação”. Memorize Capacidade deve ser vista como um potencial, um volume máximo possível de ser obtido, e não deve ser confundida com os níveis de saída que a operação está produzindo em certo momento do tempo. Esse volume de saídas produtivas pode estar mais perto ou mais longe do potencial produtivo (da capacidade) da unidade e essa relação entre o potencial e a parcela desse potencial que está sendo de fato utilizado pode ser indicador de quão boa é a utilização da capacidade produtiva. Diferentes níveis de decisões sobre a capacidade variarão conforme o tipo de natureza das operações envolvidas e, segundo Corrêa e Corrêa (2011), essas decisões incluem as seguintes atividades: • Avaliação da capacidade existente; • Previsões de necessidades futuras de capacidade; • Identifi cação de diferentes formas de alterar a capacidade a curto, médio e longo prazo; ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 71 • Identificação de diferentes formas de alterar a demanda; • Avaliação do impacto da decisão a respeito de capacidade sobre o desempenho da operação; • Avaliação econômica, operacional e tecnológica de alternativas de incrementar capacidade; • Seleção de alternativas para a obtenção de capacidade adicional. A capacidade teórica (também chamada nominal) de uma operação não é exatamente a quantidade de saídas que a operação consegue gerar. Corrêa e Corrêa (2011, p. 290) afirmam que [...] a quantidade de saídas efetivas que a operação consegue ge- rar depende de duas medidas que refletem como a operação está de fato fazendo uso do total máximo de saídas que teoricamente poderiam ser geradas. Essas medidas são por eles denominadas de: • Medidas de utilização: dá uma ideia de quanto da capacidade teórica tem sido feita disponível para uso. Corrêa e Corrêa (2011, p. 290) expõem que [...] a capacidade efetivamente disponível difere da capacidade to- tal teórica pelas chamadas indisponibilidades: paradas do processo por quebras, falta de energia, trocas de turno e outras causas. Utilização = Capacidade efetivamente disponívelCapacidade total teórica • Medidas de eficiência: por outro lado, ainda dentro do que ensinam Corrêa e Corrêa (2011, p. 290), essa medida “procura refletir quão bem o período de disponibilidade do processo está sendo usado, ou seja, quanta saída de fato está sendo gerada em comparação com uma saída dita padrão”. A expressão saída-padrão dá uma ideia de quanta capacidade o processo tem de gerar saídas enquanto está efetivamente trabalhando. Eficiência = Saídas em capacidade efetivamente disponívelSaídas-padrão em capacidade efetivamente disponível 72 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Siderúrgica Toneladas de aço/mês Refinaria de petróleo Litros de gasolina/dia Montadora de automóveis Número de carros/mês Companhia de papel Toneladas de papel/semana Companhia de eletricidade Megawatts/hora Fazenda Toneladas de grãos/ano Fonte: o autor. Quadro 01: Medidas de produção. Companhia aérea Número de assentos/voo Restaurante Número de refeições/dia Teatro Número de assentos/peça Hotel Número de quartos/hóspedes Hospital Números de leitos Fonte: o autor. Quadro 02: Medidas de insumos. Pratique 5. Quais os fatores que mais influenciam na capacidade produtiva de uma empresa de bens e serviços? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 73 2. gErEnCiAmEnto dE ProjEtos Neste tópico, você vai aprofundar seus conhecimentos sobre a administra- ção de projetos por toda a organização, o ciclo de vida de um produto/serviço, a definição e a organização de projetos, seu monitoramento e controle. 2.1. Administração de projetos por toda a organização As empresas progridem em função de suas respectivas habilidades em promover mudanças, avanços e melhorias. A sobrevivência e a prosperidade das empresas dependem da qualidade da condução dos seus projetos. Mais do que isso, o sucesso no mundo dos negócios depende de profissionais fortemente qua- lificados na condução desses projetos, para aumentar a probabilidade de se pro- duzir bons resultados. A principal função do gerenciamento é alinhar os objetivos às ações, ava- liar possíveis soluções para os diversos problemas e tomar providências correti- vas para desvios de uma situação ideal. Essa situação ideal deve permitir à orga- nização administrar mudanças constantes, adaptar-se às diversas instabilidades (de mercado, políticas, internas e externas) e garantir a sua própria sobrevivência diante das variações que se manifestam a cada instante. ?? Curiosidade O gerenciamento é considerado por muitos como sendo mais arte do que ciência, apesar de se fazer uso de métodos científicos para se tomar as decisões. A caracterização do gerenciamento como “arte” advém da grande subjetividade que se introduz na tomada de muitas decisões gerenciais. Segundo Corrêa e Corrêa (2011, p. 185), [...] em face das fortes pressões competitivas para gerenciar e redu- zir os tempos de ciclo de produtos e reagir à globalização de muitosmercados, os projetos estão cada vez mais sendo reconhecidos como a ligação-chave entre os objetivos estratégicos de uma organi- zação e o trabalho tático desempenhado por suas distintas funções. 74 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Dessa forma, a gestão de projeto pode afetar o resultado da organização ao ajudar as equipes interfuncionais a trabalhar de maneira mais inteligente, pois possibilita às equipes melhor utilização dos recursos individuais dos seus membros ao oferecer uma estrutura eficiente de definição, planejamento e gestão do tra- balho no projeto, independentemente de a estrutura da organização favorecer isso ou não. (CORRÊA; CORRÊA, 2011). Você pode concluir que um projeto é, portanto, delimitado por seus resul- tados, tempo e recursos, e geralmente é necessário fazer-se trade-offs entre eles – resultados (qualidade), tempo e recursos (custos), os três elementos (também chamados de parâmetros) que delimitam um projeto. Assim, a gestão de projeto é o processo de tomada de decisão baseado em dados sistemáticos e objetivos sobre cada parâmetro com a finalidade de maximizar a eficácia dessas decisões, considerados trade-offs. O processo de gestão de projeto é, por si, uma série de passos, tipicamente representados por um “modelo de processo de gestão de pro- jeto”. (CORRÊA; CORRÊA, 2011). Fique atento As pessoas têm planejado e gerenciado projetos desde o início dos tempos. Toda vez que uma civilização criou suas raízes houve projetos a serem gerenciados: prédios a construir, estradas a pavimentar e leis a serem escritas. Mesmo sem as ferramentas, técnicas e metodologias avançadas de que dispomos hoje, as pes- soas criaram linhas de tempo, alocaram materiais e recursos e avaliaram os riscos envolvidos em seus projetos. 2.2. Ciclo de vida de um produto/serviço Em um ambiente como o atual, que é turbulento, global, de concorrência crescentemente intensificada na maioria dos mercados e dinâmico, o desenvolvi- mento de novos produtos e processos é um ponto crescentemente importante na obtenção de vantagens competitivas. (MARTINS; LAUGENI, 2005). ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 75 Empresas que conseguem fazer chegar ao mercado produtos melhores e mais rapidamente que os da concorrência, que atendem ou superam as expectati- vas dos clientes visados, conseguem alavancar sua condição competitiva. O projeto do produto, segundo Martins e Laugeni (2005), deve levar em consideração que todo produto tem um ciclo de vida, uns mais longos, outros mais curtos, outros ainda que já nascem com data prevista para serem retirados do mercado, isto é, com morte prevista. Conforme Corrêa e Corrêa (2011, p. 216), [...] depois de o produto ser introduzido no mercado, em geral, se tiver sucesso, suas vendas deverão permanecer num patamar alto por determinado tempo, para depois gradualmente declinarem até que seja retirado do mercado. Estas diferentes fases que incluem as fases referentes ao desenvolvimento do produto, mas não se resumem a elas, definem o que a literatura conceitua como ciclo de vida do produto”. Esses autores nos ensinam as seguintes fases: • Introdução no mercado: um período de vendas baixas, na medida em que o produto está sendo introduzido no mercado; • Crescimento de volume: um período de rápido crescimento de vendas (caso o produto tenha tido sucesso e aceitação no mercado) e de crescimento de lucratividade; • Maturidade: um período de desaceleração das taxas de crescimento de vendas porque o produto atingiu aceitação pela maioria de seus clientes potenciais; • Declínio: estágio durante o qual as vendas começam a diminuir e a lucrativi- dade tende a piorar, com volumes diminuídos e a necessidade de alterações no projeto do produto e oferta de eventuais acessórios e extras na tentativa de prolongar os períodos de vendas em volumes altos. Esses estágios, quando representados em uma escala temporal, definem uma curva em forma de S (volumes de vendas versus tempo) conforme você ob- servará a seguir: 76 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Gráfi co 01: Ciclo de vida do produto. Introdução Crescimento Maturidade Declínio $ t Fonte: Adaptado de Irigaray et al., 2006. Memorize Assim como os produtos e os mercados passam por vários estágios ao longo de sua vida, os processos que os produzem devem, correspondentemente, variar para refletir as necessidades que os produtos têm, para competir bem no mercado, nos diferentes estágios. Pratique 6. Aponte as relações existentes entre a duração do ciclo de vida dos produtos em geral e o grau de sofisticação do mercado consumidor. 7. Na sua opinião, de que forma a área de produção influencia no ciclo de vida de um produto? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 77 2.3. Definição e organização de projetos Nos tópicos anteriores, você viu que toda empresa tem um produto ou ser- viço que deve atender às necessidades de seus consumidores ou clientes, assim, seu sucesso estará diretamente relacionado à sua capacidade de satisfazer e até mesmo suplantar as expectativas de seus clientes. Dessa forma, o projeto de seu produto, seja um bem tangível ou um servi- ço, adquire alta relevância no mundo atual, portanto, segundo Martins e Laugeni (2005, p. 69), [...] o projeto do produto passa a ser um elemento básico de van- tagem competitiva, podendo ser diferenciado quanto a seu custo, com menor número de peças, mais padronização, modularidade e a sua qualidade, robustez e inexistência de falhas. Embora as potenciais vantagens de um bom processo de desenvolvimento de produtos sejam encorajadoras, Corrêa e Corrêa (2011) afirmam que fazê-las acontecer é, por outro lado, desafiador e que, na verdade, o processo de definição de qual/quais projetos perseguir é um dos sucessivos testes de ideias e conceitos que partem de numerosas opções de projeto que vão sendo gradualmente filtradas até que se defina um conceito geral a perseguir. O desenvolvimento de produtos e processos envolve uma grande quantida- de de atividades inter-relacionadas, muitas delas complexas, que cruzam barrei- ras organizacionais nas empresas. Os mesmos autores colocam que, [...] nas primeiras duas fases, desenvolvimento do conceito e pla- nejamento do produto, informações sobre oportunidades de mer- cado, movimentos competitivos, possibilidades técnicas e requisi- tos de produção devem ser combinados para definir a arquitetura do novo produto. Fique atento Uma vez aprovado, o projeto de um novo produto passa à fase de enge- nharia detalhada. Assim, passa-se ao ciclo projeto-construção-teste, onde produto e processo são definidos conceitualmente. Depois, a empresa tipicamente passa o 78 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO projeto para a fase de produção-piloto, durante a qual os componentes individuais, construídos e montados em ferramentas e equipamentos, já de produção, são testados como um sistema, na unidade produtiva. A fase final do processo de desenvolvimento é o crescimento de produção. Corrêa e Corrêa (2011, p. 211), afirmam que [...] o processo foi sucessivamente aperfeiçoado e refinado, mas ainda tem de provar ser capaz de manter níveis elevados de produção, com simultâneos níveis desejados de produtividade e desempenho em outros aspectos (confiabilidade, qualidade, velocidade, flexibilidade). Na conclusão da fase de crescimento de produção, ela atinge seus níveis mais altos,e se tiver tido sucesso, terá chegado a seus mais altos níveis de desempenho operacional. Pratique 8. Explique pelo menos três diferenças entre bens e serviços. 9. O que é um projeto? Todos os projetos são iguais em uma empresa? Quais suas principais etapas? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 79 2.4. Monitoramento e controle de projetos Essa etapa não deve ser negligenciada ou mal interpretada, pois, segundo Corrêa e Corrêa (2011, p. 189) [...] há, muitas vezes, em projetos, a tendência de as pessoas se sentirem mais confortáveis apenas “executando” as subtarefas que foram a elas alocadas, com seus resultados “tangíveis” do que “gerenciando” e controlando um fluxo de tarefas inter-relacionadas (que de fato é uma coisa menos “tangível”). Perceba que o projeto começa a se tornar uma realidade. Diversas pessoas já estão em plena atividade resolvendo problemas, tomando providências, reali- zando tarefas necessárias à consecução dos objetivos. Durante esse período de implantação, é muito importante que a equipe, liderada pelo coordenador, mante- nha-se atenta à execução do cronograma físico (obtenção dos produtos previstos nos prazos estabelecidos) e financeiro (obtenção dos produtos previstos com os custos planejados) do projeto, acompanhando se as coisas estão dando certo, se o que foi imaginado está se realizando. Portanto, à medida que o trabalho se desenvolve, os membros da equipe acham mais fácil trabalhar em tarefas discretas que produzam resultados tangí- veis do que gerenciar um processo intangível. Entretanto, ao não se controlar o projeto, tanto o gerente do projeto como sua equipe perdem a oportunidade de coletar informações críticas e de tomar decisões a tempo, que serão cruciais para o sucesso final da empreitada, não só em termos de qualidade, como também em tempo e custos. Um bom gerenciamento e controle de projeto, [...] traz eficácia ao deixar claro e de forma simples e rápida, quais tarefas foram concluídas, quais tarefas planejadas ainda precisam ser feitas e quais ações corretivas são necessárias para que se au- mentem as chances de que as expectativas originais ditadas pelo plano sejam atendidas. (CORRÊA; CORRÊA, p. 189, 2011) Isso é possível porque a etapa de gerenciamento e controle oferece infor- mações específicas para apoiar intervenções focalizadas. 80 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Memorize Os passos-chaves para o gerenciamento e o controle do projeto são: • Coleta de informações sobre o status do projeto; • Planejamento e execução de ações corretivas; • Fechamento de projeto. Desenvolver novos produtos é um desafio constante e para Martins e Lau- geni (p. 69, 2005) “no mundo em transformação em que vivemos, a empresa que não se antecipar às necessidades de seus clientes, com produtos e serviços ino- vadores, estará condenada ao desaparecimento”. Pratique 10. O que significa manufaturabilidade de um produto? Esse conceito só se aplica a bens tangíveis ou pode ser também aplicado a serviços? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Fique atento O monitoramento não é um controle burocrático de recursos, processos e metas, mas uma ferramenta de apoio ao planejamento e à tomada de decisão. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 81 A importância do monitoramento mostra-se na possibilidade de se ter um planeja- mento dinâmico do projeto, que busca informações objetivas, confiáveis e pertinentes que permitam manter os esforços voltados para a consecução dos seus objetivos. Relembre Nesta unidade,você aprendeu que nos mais simples atos que realizamos, es- tamos sempre planejando e escolhendo alternativas ou soluções para os problemas cotidianos. Para isso, nos valemos de informações disponíveis, que nos auxiliam nas decisões. Muitas vezes, não temos informações suficientes e fazemos opções não tão acertadas. Também de forma não sistematizada sempre estamos avaliando as nossas ações e refletindo sobre os erros e os acertos de nossas decisões. Em uma organização, o sucesso do gerenciamento de projetos depende prin- cipalmente de pessoas, da estrutura organizacional e de métodos de gerenciamento de projetos. As pessoas são importantes devido a suas habilidades, experiências, conhecimentos e atitudes e a estrutura organizacional terá influência conforme a sua política, a sua estrutura física e os planos de incentivos. Já os métodos são importantes para a definição de processos, metodologias, ferramentas, uso de técnicas e instrumentos no gerenciamento de projetos. @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 82 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Referências CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração da Produção e Operações: ma- nufatura e servi-ços: uma abordagem estratégica. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2011. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. São Paulo: Sa- raiva, 2005. PARENTE, Juracy. Varejo no Brasil: gestão e estratégia. São Paulo: Atlas, 2000. PEINADO, Jurandir; GRAEML, Alexandre R. Administração da produção: opera- ções industriais e de serviços. Curitiba: Unicenp, 2007. Anotações ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________ Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r Administração da Produção Autoria Leonardo Sousa Vilela ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos Pró-reitora acadêmica: Profa. flávia alves de almeida diretor de oPerações: Prof. José Pereira de oliveira coordenação nead: Profa. luCiana rodrigues ramos expediente ficha técnica autoria: leonardo sousa vilela suPervisão de Produção nead: franCisCo Cleuson do nasC alves designer instrucional: João Paulo s. Correia Projeto gráfico e diagramação: franCisCo Cleuson do nasC alves tratamento de imagens: diego Porto noJosa revisão técnica: emanuelle oliveira da fonseCa revisão metodológica: fCo Jahannes dos santos rodrigues revisão textual: Juliana frota da Justa Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu VILELA, Leonardo de Sousa. Administração da Produção. / Leonardo de Sousa Vilela – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 136 p. ISBN: 978-85-64026-42-1 1. Administração da produção. 2. Gestão da qualidade. 3. Gerenciamento de projetos. 4. Cadeia de suprimentos. I. Centro Universitário Ateneu. Prezado estudante, seja muito bem-vindo à disciplina de Administração da Produção. Este material foi elaborado com intuito de preparar os alunos para lidar com as situações do dia a dia, deixá-los aptos a responder os questionários, ativi- dade e fóruns do próprio ambiente virtual de aprendizagem. A divisão dos conteúdos abordados foi feita em quatro capítulos cujos assuntos vão desde a evolução da Administração da Produção, passando pela análise de processos e gestão da qualidade. Estudaremos ainda sobre o gerenciamento de projetos e, por fim, o geren- ciamento da cadeia de suprimentos e a produção enxuta, com ênfase no sistema Toyota de produção, lógica e a implantação do Just in time, dentre outros assun- tos. Sinta-se à vontade para recorrer a nós e aos professores, sempre que surgir algumas dúvida, e quiser explicações diversas ou dicas de leituras, visto que é de suma importância a busca de novas fontes de pesquisas para um aprendizado muito mais completo. Bom estudo! Leonardo Sousa Vilela Seja bem-vindo! Sumário UNIDADE 01: A EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS ........................................................................7 1. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES .........................8 1.1. O desenvolvimento histórico da Administração da Produção ......................................9 1.2. O mundo da Administração da Produção ...................................................................12 2. ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES .........................16 2.1. Efetividade – Qualidade × Produtividade: Eficácia × Eficiência ................................16 2.2. Interação entre estratégia corporativa e estratégia de produção ...............................21 2.3. Estágios de desenvolvimento da manufatura e dos serviços .....................................23 2.4. Objetivos de desempenho da manufatura ..................................................................25 2.5. Priorização dos objetivos de desempenho .................................................................27 2.6. Áreas de decisão estratégica de operações ..............................................................29 Referências .......................................................................................................................31 UNIDADE 02: ANÁLISE, PLANEJAMENTO, MENSURAÇÃO DE PROCESSOS E GESTÃO DA QUALIDADE ...............................................................33 1. ANÁLISE, PLANEJAMENTO E MENSURAÇÃO DE PROCESSOS ............................34 1.1. Análise e avaliação de processos ..............................................................................35 1.2. Benchmarking .............................................................................................................37 1.3. Tipos de operações de produção ...............................................................................38 1.4. Análise de processos em manufatura ........................................................................40 1.5. Análise de processos em serviços .............................................................................42 1.6. Reengenharia de processos no negócio ....................................................................48 2. GESTÃO DA QUALIDADE ............................................................................................49 2.1. A função estratégica da qualidade .............................................................................49 2.2. Os elementos da TQM ...............................................................................................50 2.3. O custo da qualidade ..................................................................................................51 2.4. As sete ferramentas básicas do controle da qualidade ..............................................54 2.5. Prêmios da Qualidade – Malcolm Baldrige e PNQ .....................................................56 2.6. ISO 9000 ....................................................................................................................57 Referências .......................................................................................................................61 UNIDADE 03: LOCALIZAÇÃO, CAPACIDADE, LAYOUT DE INSTALAÇÕES E GERENCIAMENTO DE PROJETOS ...................................................63 1. LOCALIZAÇÃO, CAPACIDADE E LAYOUT DE INSTALAÇÕES .................................64 1.1. Fatores que influenciam a localização de uma empresa ...........................................64 1.2. Fatores que determinam escolha do layout ...............................................................66 1.3. Localização de operações de serviço ........................................................................68 1.4. Decisões de capacidade ............................................................................................70 2. GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............................................................................73 2.1. Administração de projetos por toda a organização ....................................................73 2.2. Ciclo de vida de um produto/serviço ..........................................................................74 2.3. Definição e organização de projetos ..........................................................................77 2.4. Monitoramento e controle de projetos ........................................................................79 Referências .......................................................................................................................82 UNIDADE 04: GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E PRODUÇÃO ENXUTA ...................................................................................................83 1. GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS – SCM .....................................84 1.1. Evolução do gerenciamento da cadeia de suprimentos .............................................84 1.2. Fatores que impactam a cadeia de suprimentos........................................................86 1.3. Necessidades de uma cadeia de suprimentos bem-sucedida ...................................88 1.4. O papel da logística na cadeia de suprimentos ..........................................................90 1.5. Canais de distribuição ................................................................................................92 1.6. Estratégia de estoques ...............................................................................................95 2. PRODUÇÃO ENXUTA ..................................................................................................99 2.1. Sistema Toyota de Produção .....................................................................................99 2.2. Sistemas de produção enxuta por toda organização ...............................................101 2.3. A lógica e implementação do just in time .................................................................104 2.4. Melhoria contínua com utilização do sistema de produção enxuta ..........................109 Referências .....................................................................................................................112 Material complementar ....................................................................................................115 Referências .....................................................................................................................132 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 83 Uni gErEnCiAmEnto dA CAdEiA dE suPrimEntos E Produção EnxutA Apresentação Neste capítulo, você perceberá que para aumentar seu potencial compe- titivo, as empresas precisam que os gerentes tenham percepção dos diferentes focos de operação. Isso é constantemente influenciado pela economia de esca- la, analisando as atividades executadas da empresa e por seus parceiros, dando lugar à rapidez de entrega, flexibilidade de volume, confiabilidade de entrega e diferenciação do produto. Você entenderá que, para suprir a necessidade do cliente e otimizar seus próprios resultados, tem-se trabalhado com o gerenciamento da cadeia de supri- mento (SCM) que envolve o controle dos fluxos entre os estágios da cadeia de todas as funções envolvidas no pedido do cliente. Esse processo é definido como “a gestão da cadeia completa do suprimento de matérias-primas, manufatura, montagem e distribuição ao consumidor final” para maximizar a lucratividade total. Perceberá que a proposta considera que a SCM trata basicamente da integração de recursos humanos e físicos intermediários que possibilitam o al- cance do objetivo final de satisfação do cliente, com entregas no prazo e com qualidade. Além do compartilhamento dos riscos causados pelas incertezas da demanda, com objetivo de manter a sobrevivência e competitividade, sendo efi- ciente e eficaz simultaneamente. 84 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO O estudante visualizará que a adoção e a estruturação de um novo sistema ou modo de produção geram mudanças não só para a organização do trabalho, mas para os indivíduos envolvidos no processo. Outra forma de otimizar o proces- so produtivo surgiu a partir da segunda metade do século XX, em resposta ao es- gotamento da produção em massa, surgiu a produção enxuta na Toyota, empresa sediada no Japão. Esse modelo produtivo, tem como características principais a redução de desperdícios, a melhoria contínua de qualidade, a flexibilização dos processos de trabalho, a formação de equipes, entre outros aspectos que propor- cionam atender a demanda do mercado. Objetivos de aprendizagem • Explicar que os sistemas de gerenciamento da cadeia logística permitem coor- denar todas as funções do fluxo de materiais e informações; • Descrever sobre as necessidades de uma cadeia de suprimentos bem sucedida; • Discutir sobre o fato de que um sistema de distribuição não pode ser planejado apenas para uma economia atual, deverá fornecer também uma longa flexibili- dade em longo prazo; • Elucidar que o Just in time é uma atividade de valor agregado para a organização; • Aclarar sobre a estratégia de estoques. 1. gErEnCiAmEnto dA CAdEiA dE suPrimEntos – sCm Neste tópico, você estudará a evolução do gerenciamento da cadeia de suprimentos, focando nos fatores que impactam nessa cadeia, as necessidades e o papel da logística, assim como, aprenderá sobre os canais de distribuição e as estratégias de estoque presentes nas organizações. 1.1. Evolução do gerenciamento da cadeia de suprimentos De acordo com Corrêa (2010, p. 07), “argumenta-se que a gestão de redes de suprimento não se iniciou a partir de uma ‘folha em branco’, nos anos 1980, mas que representa mais uma etapa num processo de evolução que teria se iniciado nos anos 1960 e 1970, com o desenvolvimento do conceito de distribuição física”. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 85 Esse conceito procurava de certa forma integrar alguns aspectos da logística de saída como a gestão dos transportes e dos armazéns de produtos acabados e a gestão de embalagens de transporte. A atenção sobre a questão da integração sistêmica dessas atividades, por sua vez, teria resultado do desenvolvimento conceitual da administração sistêmi- ca dos anos 1950 e 1960 (COYLE et al. 2007 apud CORRÊA, 2010). Assim, o foco da distribuição física é o dos custos totais (sistêmicos) de distribuição, analisando opções para se chegar ao menos custo total do sistema em vez de tentar reduzir custos dos elementos logísticos envolvidos isoladamente. Nos anos 1980, nos Estados Unidos, a desregulamentação dos sistemas de transporte e o desenvolvimento dos sistemas de informação deram aos analis- tas de distribuição física mais ferramentas e opções para a integração. O passo adicional seria, com essas novas opções, procurar integrar também a logística de entrada (insumos) das organizações, já que alguns transportadores poderiam beneficiar-se, por exemplo, de menos fretes vazios de retorno. (CORRÊA, 2010). Além disso, nos anos 1980, a globalização econômica acelerou-se e es- tava em curso a rápida evolução das empresas japonesas. Estas haviam recente- mente sido alçadas à posição de importantes concorrentes globais em mercados como o automobilístico, o de produtos eletrônicos e o aço, ganhando fatias impor- tantes de mercados como o americano e o europeu, com líderes até então bem estabelecidos. Corrêa (2010, p. 7) afirma que “empresários, profissionais práticos e aca- dêmicos ocidentais passaram então a analisar as práticas e as técnicas japonesas, responsáveis pelos níveis altíssimos de qualidade e produtividade que seus produ- tos apresentavam”. O ocidente, então, aprendeu que práticas como o Just in Time e a abordagem japonesa inovadora para a qualidade eram responsáveis por boa parte do excelente desempenho das fábricas japonesas, mas um aspecto adicional também tinha um papel muito importante, o uso das chamadas redes de compra- dores-vendedores. 86 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Portanto, conforme aponta Corrêa (2010, p. 6) [...] usando esse conceito, a Toyota e a Honda terceirizavam a for- necedores algo como 80% do valor dos carros que produziam (va- lores muito superiores aos 30% de terceirização dos concorrentes ocidentais como General Motors e Ford, que tinham altos níveis de integração vertical, produzindo a grande maioria dos componentes dos seus carros internamente). Fique atento Segundo Francischini e Gurgel (2002, p. 262), a cadeia de suprimento é um “mecanismo de cooperação entre os fabricantes e os distribuidores, para assegu- rar eficiência geradora de ganhos contínuos no processo de suprimento, desde o primeiro fornecedor até o consumidor final”. Dessa forma, integrar e inter-relacionar atividades envolvidas com o fluxo de materiais e de produtos para dentro e para fora é o desafio das empresas mo- dernas. O Supply Chain Management (SCM) ou Gestão da Cadeia de Suprimentos ou ainda Gestão da Cadeia de Abastecimento, é uma filosofia que descreve como a organização deve gerenciarsuas várias cadeias de suprimento para alcançar vantagem estratégica. O objetivo da SCM é sincronizar os requisitos do consumi- dor final com o fluxo de materiais de informação ao longo da cadeia de suprimentos para atingir um equilíbrio entre elevada satisfação do consumidor e os custos. A satisfação do consumidor é a meta do sistema inteiro e os resultados dos esforços combinados de todos os elementos que constituem a cadeia de suprimento. 1.2. Fatores que impactam a cadeia de suprimentos A cadeia de suprimentos, como apresentado no item anterior, é composta por diferentes organizações que procuram reduzir o tempo e o custo ao longo da cadeia, a fim de obter uma resposta mais efetiva às necessidades do consumidor. Segundo Davis et al. (1999); os fatores que impactam na cadeia de supri- mentos são: ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 87 • Reduzido número de fornecedores: algumas companhias têm reduzido significantemente o número de fornecedores. Os administradores acreditam que estabelecer um relacionamento duradouro com apenas poucos, porém confiáveis fornecedores, é muito mais importante do que trabalhar com vários fornecedores para cada item; • Aumento da competitividade: nos dias de hoje, com o mercado global, as companhias não estão somente se relacionando com parceiros nacionais mas também com empresas no mercado internacional. Desenvolver parceiros internacionais proporciona uma maior competi- tividade para essas companhias, assim podendo compartilhar novas tecnolo- gias e experiências. • Compartilhando para reduzir riscos: outro ponto que devemos levar em consideração é a necessidade que as empresas estão tendo em compartilhar os riscos com seus fornecedores. Por muitos anos, as companhias se conecta- vam com seus fornecedores, distribuidores e clientes por uma série de eventos inflexíveis que de alguma maneira conseguiam ter seus produtos produzidos (PENDER, 2001). Mas, cada vez mais o ciclo de vida dos produtos está dimi- nuindo, e a necessidade de lançar novas tecnologias e melhores serviços aos clientes aumentando, trazendo assim a necessidade do desenvolvimento de novos produtos, tecnologias e serviços. Sabemos que novos desenvolvimentos acarretam novos custos e riscos para a empresa. Como vimos nos tópicos anteriores, a necessidade de novos desenvolvimentos cresce cada vez mais e o tempo de lançamento entre novos produtos está cada vez menor, muitas empresas não vão poder mais absorver sozinhas os custos e os riscos. Portando, as companhias estão deparando com a necessidade de compartilhar os custos e os riscos com seus fornecedores. • Tecnologia: a tecnologia tem um significante impacto na cadeia de suprimentos, ela proporciona uma ligação direta e rápida entre a empresa e os seus forne- cedores e clientes. Facilitando e agilizando todo o processo de comunicação entre os pontos da cadeia (PENDER, 2001); 88 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • Design colaborativo: um processo de design colaborativo é baseado em tra- balhar em conjunto com vários parceiros, incluindo produção, fornecedores e clientes; todos devem estar envolvidos no processo de design. A estratégia do design voltado para o consumidor deve usar dados coletados do comportamento do cliente onde ajudaria a guiar o processo de design; • Produção colaborativa: integração colaborativa é quando os parceiros tra- balham para promover uma mudança ou solucionar um problema. Integração primeiramente requer um pacote de ferramentas que facilitaria a comunicação entre a companhia, o fornecedor e o cliente na cadeia de suprimento. Portanto, dentro da cadeia os fornecedores, os distribuidores e os clientes. Pratique 1. O que é SCM – Gerenciamento da cadeia de suprimentos? Qual sua relação com o termo logística? 2. Quais são as principais atividades realizadas pela logística? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 1.3. Necessidades de uma cadeia de suprimentos bem-sucedida Como você observou nos tópicos anteriores, a cadeia de suprimentos segue a uma ordem básica para todas as organizações, onde o primeiro passo é a obtenção do pedido do cliente, onde é verificada a necessidade de aqui- ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 89 sição de matéria-prima. Depois vem o processo de produção, seguido pelo armazenamento e pela distribuição dos produtos até a entrega para o cliente. A velocidade em cada uma dessas atividades é a chave para o sucesso da cadeia de suprimentos. De acordo com Corrêa (2010), a gestão de redes de suprimento está hoje no topo da agenda dos principais executivos da maioria das empresas, sejam elas de fornecedoras, de bens ou de serviços. Para grande número das dessas empresas, a rede de suprimento é o aspecto individual com maior po- tencial de tornar-se o mais poderoso fator na obtenção de vantagens competi- tivas nos mercados globais, assim, como o aumento de lucratividade e cresci- mento das empresas. Um dos mais importantes resultados da gestão de redes de suprimento é que ela permite que todos na rede ganhem colaborativamente em vez da tradicio- nal abordagem conflituosa na qual, para alguns membros da rede ganhar, outros necessariamente têm que perder. Fique atento Segundo Corrêa (2010, p. 15): [...] gestão de redes de suprimento é a administração integrada dos pro- cessos principais de negócios envolvidos com fluxos físicos, financeiros e de informações, englobando desde os produtores originais de insumos básicos até o consumidor final, no fornecimento de bens, serviços e informações, de forma a agregar valor para todos os clientes – intermediários e finais – e para outros grupos de interesse legítimos e relevantes para a rede (acionistas, funcionários, gestores, comunidade, governo). Os conceitos, processos, recursos e necessidades do gerenciamento de uma cadeia de suprimento, segundo Francischini e Gurgel (2002), estão represen- tados a seguir: 90 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Quadro 01: Requisitos e efeitos da cadeia de suprimento. CADEIA DE SUPRIMENTO Requisitos Efeitos Encorajar a troca de informações sobre as empresas. Atender às necessidades de serviços dos diver- sos clientes da cadeia. Conscientizar sobre a necessidade de uma integração. Manter esse serviço dentro do espírito da responsividade. Construir, em conjunto, um modelo de gestão da cadeia de suprimento. Controlar os custos envolvidos nos diversos elos da cadeia. Estabelecer um clima de confiança entre os parceiros. Reconhecer a importância da função consu- midora. Distribuir de maneira adequada os benefícios auferidos pelo sistema. Reconhecer a importância da função supridora. Estabelecer padrões operacionais e de comportamento entre os vários participantes da cadeia de suprimento. Atentar para as interligações entre as funções internas e externas às empresas. Possibilitar ao cliente facilidades para a compra. Ter sempre produtos para atendimento ao cliente. Garantir alta qualidade, baixo preço e serviços de alto padrão perceptíveis como valor pelo cliente. Eliminar o repasse de ineficiências de um elo da cadeia para o elo subseqüente. Fonte: adaptado de Francischini e Gurgel (2002). É importante você atentar ao fato que a elaboração de modelos de cadeias de suprimento exige tempo, atenção,dedicação e muita tecnologia. Entretanto, transfor- mar esses modelos em uma realidade que opere bem é uma tarefa maior que a con- cepção teórica. A estreita colaboração entre pessoas de empresas diferentes é sempre dificultada pela discussão de como deverá ser distribuída a vantagem obtida no custo. Essa discussão deverá se tornar irrelevante desde que os dirigentes colo- quem à frente de todas essas considerações a absoluta necessidade de todos de conquistar clientes e, fundamentalmente, de mantê-los fiéis à empresa. 1.4. O papel da logística na cadeia de suprimentos Para reduzir os tempos de fornecimento de materiais, receber produtos de melhor qualidade, reduzir os estoques tanto na empresa quanto no fornecedor, ter produtos disponíveis sempre que necessário, planejar de forma precisa a produ- ção, é vital integrar os processos da empresa com os fornecedores e estabelecer relações estreitas e duradouras. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 91 De acordo com Hong Yuh Ching (2001, p. 93), [...] para muitas organizações, existe pouco interesse nas atividades logísticas de suprimento. As razões vão desde o desconhecimento sobre quanto pesa suprimentos no custo total da empresa, pouco controle sobre a movimentação física no fornecimento e até crença de que o poder de negociação pende mais para o lado do fornecedor. Portanto, essas organizações creem que os problemas logísticos de mo- vimentação de suprimentos são mais simples ou de menor importância que os problemas da distribuição física para os clientes. Enquanto o setor de compras trata de selecionar algumas empresas entre um número limitado de fontes de fornecimento, a distribuição entrega produtos para vários clientes espalhados por muitos pontos diferentes. Além disso, os volu- mes movimentados no canal de suprimentos tendem a ser bem menos do que no canal de distribuição. (CHING, 2001). O referido autor afirma que a visão que essas organizações têm de supri- mentos têm forte viés e que não se deve subestimar a importância estratégica de suprimentos, pois, embora ele seja o primeiro passo na cadeia de logística, ele é a maior distância até o consumidor, mais afetada pelas variações do mercado e o mais difícil de sincronizar com a demanda dos consumidores. @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 92 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Fique atento O objetivo do SCM é maximizar as sinergias entre todas as partes da cadeia para servir o consumidor final mais efetivamente, seja reduzindo custo ou acres- centando valor ao produto. A redução de custo pode ser obtida através de menos transações, reduzida variabilidade da demanda e baixos custos de transporte, estocagem e inventário. Valor pode ser adicionado através da criação de bens e serviços customizados, desenvolvendo competências distintas através de toda a cadeia e pela ajuda a ambos, consumidores e fornecedores para se fazer mais dinheiro através do melhor entendimento de seu negócio (GOBBO; PIRES, 1997). Ballou (2006) afirma que seu princípio básico é integrar as informações entre for- necedores, indústria, distribuidores, varejo, atacadistas e consumidores finais, de forma a ordenar, racionalizar e otimizar a produção e o escoamento dos produtos. Pratique 3. O que é logística? 4. Como a logística pode agregar valor aos produtos de uma empresa? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 1.5. Canais de distribuição A distribuição é, segundo Dias (2010, p. 475), [...] claramente, apenas, mais um aspecto de prestação de serviços à área de marketing; é o método pelo qual um produto é distribuído, e o grau de atendimento e confiabilidade apresentado é tão importante no global quanto o preço, a promoção e a qualidade do produto. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 93 O referido autor completa afirmando que, devido à natureza geral dos mer- cados, a empresa encontra não apenas um, mas vários tipos de mercado dentro do mercado ou, em outras palavras, vários tipos de clientes dentro de um só mercado e que essas variações muitas vezes constituem agrupamentos e blocos complexos. Assim, para a satisfação de suas necessidades, em alguns casos é necessá- rio utilizar diferentes estratégias de distribuição que atendam às diversas necessida- des de serviço. Dessa forma, um mesmo tipo de produto pode atender às necessi- dades de dois segmentos do mercado, porém com distintos métodos de distribuição. Um exemplo, de acordo com Dias (2010), pode ser sentido exatamente no grau de atendimento, pois para determinados clientes, o produto colocado em 24 horas é o mais importante, já para outro cliente, 72 horas é o suficiente; é óbvio que o atendimento em menos tempo deverá incorrer em maior custo. Portanto, o sis- tema de distribuição deverá estar preparado para isso e ter flexibilidade suficiente para atender a um universo de clientes dentro de alguns parâmetros determinados. A grande variação das necessidades do mercado afeta diretamente os ca- nais de distribuição, conforme a figura a seguir, o aumento de produtos, a variação de embalagem, o aumento de pontos de venda e clientes causam grande impacto na estratégia de distribuição. Pratique 5. Quais os serviços prestados pelo Canal de Distribuição? Comente-os. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 94 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Figura 01: Canais de distribuição. Produtor rEPrEsEntAntE AtACAdistA vArEjistA Consumidor AtACAdistA vArEjistAvArEjistA Fonte: adaptado de Dias (2010). Um dos pontos de maior importância na organização de um sistema de dis- tribuição e para a estratégia de Marketing é a definição do canal de distribuição. Segundo Dias (2010, p. 476), “as características do mercado e do produto devem ser os principais fatores para a escolha do canal”, assim, pode-se fazer compara- ções quanto ao efeito das características do produto e do mercado sobre o tipo de canal empregado. Os pequenos canais, com um pequeno número de fatores intermediários, têm mais condições de ser encontrados onde o produto tem valor mais elevado, ou suas dimensões ou natureza tornam difícil uma estocagem mais prolongada, ou então nos produtos fabricados sob encomenda. O âmbito da empresa dentro de um mercado também é importante, pois, de acordo com Dias (2010, p. 477), [...] as pequenas empresas ou as mais novas no mercado têm uma necessidade bem acentuada dos serviçosdos atacadistas, distribuidores ou representantes, a fim de assegurar uma dis- tribuição eficiente dos seus produtos, enquanto as empresas maiores ou mais tradicionais podem usar um contato mais direto como consumidor. Dessa forma, o referido autor, fala que a eficácia e a estrutura da empresa são importantes para determinar até que nível se pode confiar na sua própria capa- cidade de definir e operar um canal independentemente de distribuição. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 95 Assim, de acordo com Dias (2010), ao escolher o canal de distribuição a ser utilizado, deve-se considerar: • Qual serviço de transporte deve ser utilizado para movimentar os produtos a partir da fábrica? E a partir do armazém? • Quais procedimentos de controles a serem utilizados para os itens de inventário? • Localização dos depósitos, suas dimensões e quantidades. • Quais arranjos para comunicação de pedidos devem existir? E quantos pós-pe- didos são necessários? • Qual nível de serviço deve ser providenciado para cada item de produto? Independentemente do modelo utilizado, Dornier et al. (2010, p. 305) falam que “os canais de distribuição deveriam ser analisados pela perspectiva do elo mais forte, ou seja, aquele que tem poder de barganha para controlar o canal de distribuição”. Nesse sentido, os autores comentam que se observa uma concentra- ção cada vez maior dos varejistas que limita o acesso que os fabricantes podem ter aos clientes finais, pois em qualquer sistema de distribuição, os varejistas repre- sentam os fabricantes na frente dos consumidores, o que requer um conjunto com- plexo de relacionamento entre concorrentes em diferentes níveis, pois o sistema logístico não é propriedade de uma única empresa, mas de muitas organizações diferentes, que podem ter objetivos diferentes. 1.6. Estratégia de estoques Uma vez comprados, os materiais passam a fazer parte dos estoques da empresa. Sendo assim, estoque é a composição dos materiais que não são utili- zados em determinado momento, mas que existem em função de futuras necessi- dades. Dias (2010, p. 15) nos mostra que “sem estoque é impossível uma empresa trabalhar, pois ele é o amortecedor entre os vários estágios da produção até a venda final do produto”. Desta forma, há situações, em redes globais de suprimento, que deman- dam que produtos sejam colocados em disponibilidade próximos de mercados con- sumidores. Isso, segundo Corrêa (2010), ocorre frequentemente com produtos de consumo, pois nem sempre as fábricas que os produzem se encontram próximas dos mercados, o que se faz necessária uma operação de logística de transporte 96 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO dos produtos das fábricas para os mercados. Como o consumo desses produtos se dá continuamente, tem de haver um fluxo contínuo de produtos, sendo escoados pelos canais de distribuição (que podem incluir armazéns, entrepostos, meios de transporte e outros). No meio empresarial, se por um lado o excesso de estoques representa custos operacionais e de oportunidade do capital empatado, por outro lado níveis baixos de estoque podem originar perdas de economias e custos elevados devido à falta de produtos. A administração de estoques, conforme nos ensina Dias (2010, p. 16), “não se preocupa somente com o fluxo diário entre vendas e compras mas também com a relação lógica entre cada integrante deste fluxo”. As deficiências do controle de estoques normalmente são mostradas por reclamações contra sintomas específi- cos e não por críticas diretas a todo o sistema, assim o autor, cita alguns desses sintomas encontrados normalmente: • Periódicas e grandes dilatações dos prazos de entrega para os produtos aca- bados e dos tempos de reposição para matéria-prima; • Quantidades maiores de estoque, enquanto a produção ou vendas permanece constante; • Elevação do número de cancelamentos de pedidos ou mesmo devoluções de produtos acabados; • Variação excessiva da quantidade a ser produzida; • Produção parada frequentemente por falta de material; • Falta de espaço para armazenamento; • Baixa rotação dos estoques, obsoletismo em demasia. Quando a gestão de estoques não é colocada como um conceito integrado, esses diferentes estágios são gerenciados geralmente por departamentos diferen- tes, uma vez que quanto maior o investimento em estoque, tanto maior será o com- prometimento e a responsabilidade de cada departamento. Dias (2010) afirma que para a gerência financeira, a minimização dos estoques é uma das metas prioritá- rias e seu objetivo, portanto, é aperfeiçoar esse investimento, aumentando o uso eficiente dos meios financeiros, reduzindo as necessidades de capital investido. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 97 Se o gerente da produção é também o responsável pelos estoques, como algumas vezes é o caso, então esse estoque será encarado por ele como um meio de apoio para sua meta principal: a produção. Sem dúvida, menciona Dias (2010), deve-se pressionar o gerente da produção para minimizar o investimento em esto- que de matéria-prima, embalagens, produtos em processo. O referido autor afirma que existe uma situação conflitante entre a disponibi- lidade de estoque e a vinculação do capital, conforme o quadro seguinte. Quadro 02: Conflitos interdepartamentais, quanto a estoques. DEPTO. DE COMPRAS DEPTO. FINANCEIRO Matéria-prima (alto-estoque) Desconto sobre as quantidades a serem compradas. Capital investido e juros perdidos. DEPTO. DE PRODUÇÃO DEPTO. FINANCEIRO Matéria-prima (alto-estoque) Nenhum risco de falta de material e grandes lotes de fabricação. Maior risco de perdas e obsoles- cência e aumento do custo de armazenagem. DEPTO. DE VENDAS DEPTO. FINANCEIRO Produto acabado (alto-estoque) Entregas rápidas e boa imagem, melhores vendas. Capital investido e maior custo de armazenagem. Fonte: adaptado de Dias (2010). Segundo Ching (2001), uma das principais vantagens dos estoques é po- derem ser usados para enfrentar uma situação de falta, de privação do que é necessário. Quando, apesar de não se verificar uma produção constante, um es- toque consegue satisfazer uma procura uniforme, de modo a enfrentar variações ou balanços da procura, mesmo sendo essa procura mais ou menos constante. Há também a possibilidade de se poder adquirir a baixos preços para se revender quando os preços são elevados. Evita o desconforto devido a entregas e aquisi- ções com elevada frequência. Portanto, toda a gestão de estoques está pautada na previsão do con- sumo ou da demanda do material, ou seja, essa previsão estabelece estimativas futuras dos produtos acabados comercializados e vendidos. Veja agora algumas caracerísticas básicas da previsão que são descritas por Dias (2010): 98 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO • É o ponto de partida de todo planejamento empresarial; • Não é uma meta de vendas; • Sua precisão deve ser compatível como custo de obtê-la. As técnicas de previsão do consumo podem ser classificadas, segundo o autor, em três grupos: • Projeção: são aquelas que admitem que o futuro será a repetição do passado ou as vendas evoluirão no tempo futuro da mesma forma do que no passado; • Explicação: procuram-se explicar as vendas do passado mediante leis que relacionem as mesmas com outras variáveis cuja evolução é conhecida ou previsível, são basicamente aplicações de técnicas de regressão e correlação; • Predileção: funcionários experientes e conhecedores de fatores infl uentes nas vendas e no mercado estabelecem a evolução das vendas futuras. Altas taxas de juros e competição global cada vez maior forçam as empresas a questionar as formas existentes de controle de estoques. Hong Yuh Ching (2001, p. 33) diz que “tradicionalmente, os enfoques de controle de inventário são reativos porque respondem às mudanças como e quando ocorrem olhando apenas para o passado”. Completando o seu raciocínio, o referido autor afirma que as organizações agora exigem estratégias mais proativas porque passam a ser baseadas nas ne- cessidades dos clientes e para compreendertotalmente o papel dos estoques na gestão da logística, é necessário que seja examinado dentro do contexto de todo o negócio, sendo assim, parte das atividades de planejamento empresarial. Fique atento Segundo Nogueira (2012, p. 99), “os estoques absorvem capital que poderia ser investido de outras maneiras, desviam fundos de outros usos potenciais e têm o mesmo custo de capital que qualquer outro projeto de investimento da empresa”. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 99 2. Produção EnxutA Neste tópico, você vai aprender sobre o sistema Toyota de produção, o sis- tema de produção enxuta e a sua utilização no processo de melhoria contínua das organizações, assim como a lógica e a implementação do Just in time. 2.1. Sistema Toyota de Produção A Toyota Motor Co. Ltd (Toyota) iniciou suas operações em 1937, quando Kiichiro Toyoda estabeleceu uma fábrica de veículos automotores independente de sua empresa na época, a Toyoda Automatic Loom Works (ALW), uma fábrica que tradicionalmente produzia teares para a indústria têxtil. De acordo com Corrêa (2010, p. 225) “o capital inicial para os primeiros experimentos com a fabricação de automóveis veio da venda dos direitos de pa- tente de uma das máquinas inventadas pelo fundador da Toyota ALW, Toyoda Sakichi, e pai de Kiichiro”. Segundo Corrêa e Corrêa (2011), a Toyota, em torno de 1940, interrompeu sua produção de veículos de passeio para apoiar o esforço nacional de guerra, pro- duzindo apenas caminhões. Em 15 de agosto de 1945, o Japão perdeu a guerra; essa época, entretanto, também marcou a empresa com sua única greve. Depois de extensas negociações, tanto os trabalhadores quanto a empresa e a sua gestão saíram firmemente comprometidos com os princípios de confiança mútua e inter- dependência para o bem comum. Ao término da II Grande Guerra Mundial, segundo Corrêa e Corrêa (2011), o presidente da empresa à época, Kiichiro Toyoda, falou aos seus funcionários que se eles não alcançassem os americanos em três anos (em termos de produ- tividade), a indústria automobilística japonesa não sobreviveria. Assim, o mundo vê o surgimento do Japão como a nova potência industrial, com novos métodos produtivos, quebrando paradigmas até então vistos como definitivos. Conforme salienta Maximiniano (2004, p. 84), a fábrica sai de uma produção em 1950 de aproximadamente 1.000 carros por mês, para uma produção de 1.000 carros em poucos minutos nos anos de 1980, se tornando a terceira fabricante mundial, atrás de General Motors e Ford. 100 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO A indústria ocidental tinha muito do que para os japoneses era desperdício de esforços, materiais, espaço e tempo. O mesmo era verdadeiro no caso dos recursos humanos: muita gente cuidando de planejamento e controle da produção, compras, controle da qualidade, manutenção e limpeza. A indústria tradicional, que se expandiu para atender a uma sociedade de consumo, sem muita preocupação com a eficiência, segue uma filosofia conhecida como just in time, expressão que quer dizer “por via das dúvidas”. Segundo Maximiniano (2004), just in time significa manter recursos abun- dantes, particularmente máquinas e estoques, em estado de prontidão, para cum- prir a programação da produção e enfrentar as flutuações. O que os ocidentais enxergavam como precaução e abundância de recursos para proteger a empresa das emergências, os japoneses enxergavam como desperdício. O primeiro componente do sistema Toyota de administração, que deu ori- gem ao modelo japonês, é a eliminação desses desperdícios, por meio da apli- cação das técnicas de racionalização do trabalho criadas pelo movimento da ad- ministração científica. Kaizen é a palavra japonesa que significa aprimoramento contínuo. De acordo com Maximiniano (2004), é usada para designar os esforços sistemáticos de redução de desperdícios, levados a efeito por meio do procedi- mento inventado por Taylor: análise de uma tarefa, proposição de um modo mais eficiente de realizá-la e implantação da tarefa modificada. Depois dos desperdícios, a segunda inconveniência que a Toyota procurou evitar foi a maneira tradicional de enfrentar os problemas do processo produtivo. Para Maximiniano (2004, p. 86), “os defeitos são tratados de forma um a um, sem a preocupação de ir às causas”. Conforme o referido autor, em primeiro lugar, os trabalhadores recebem a instrução de parar a linha de produção sempre que encontrassem um problema que não conseguissem resolver. Em segundo lugar, deveriam analisar sistemati- camente cada erro, perguntando sucessivamente “por quê?” até chegar à causa fundamental. Essa metodologia foi chamada de “cinco por quês”. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 101 Maximiniano (2004, p. 86) diz que: [...] no começo, quando esse procedimento foi instalado, a linha de produção parava a toda hora. Porém, à medida que eram corrigidos em suas causas fundamentais, os problemas caíam drasticamente, a ponto de a proporção de veículos fabricados em relação à produ- ção prevista aproximar-se de 100%. Ou seja, os problemas foram virtualmente eliminados. Segundo Martins e Laugeni (2005, p. 461), “o sistema de produção da Toyota é formado por apenas quatro regras implícitas que guiam a concepção, o projeto, a operação e a melhoria de qualquer atividade, a relação ou o fluxo para o produto e o serviço”. Estas regras, são citadas pelo referido autor: • Todo trabalho deve ser altamente especializado no seu conteúdo, sequência, tempo e resultado; • Toda relação cliente-fornecedor (interno e externo) deve ser direta, com um canal definido e claro para enviar pedidos e receber respostas; • O fluxo de trabalho e o processo para todos os produtos e os serviços devem ser simples e direto; • Qualquer melhoria deve ser feita pelo método científico, sob a coordenação de um orientador, e no nível mais baixo da organização. Assim, Corrêa (2010, p. 227) cita que: [...] considera-se que o Sistema Toyota de Produção é em grande parte a razão de os níveis de estoques e defeitos dentro das fábri- cas da Toyota serem, por larga margem, os menores do mundo dentro do setor industrial. O referido autor afirma que, em dezembro de 2007, a Toyota tinha 15 fábricas no Japão e 53 fábricas ao redor do mundo, distribuídas em 27 países/regiões, sendo em junho de 2008 a maior fabricante de veículos do mundo, por vendas de veículos. 2.2. Sistemas de produção enxuta por toda organização De acordo com Martins e Laugeni (2005), o conceito de produção enxuta foi decorrência do livro A máquina que mudou o mundo, escrito por Womarck, 102 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Jones e Roos. Sem dúvidas, afirma o referido autor, esse livro é a obra mais reco- mendada para se conhecer o sistema de produção enxuta. A referência internacional em produção enxuta é a montadora de automó- veis Toyota, que, conforme vimos no item (8.1), criou seu próprio sistema de produ- ção, o qual levou a empresa a resultados muito superiores aos obtidos pelas mon- tadoras norte-americanas e européias, que adotavam naquela época o tradicional sistema de produção em massa. As técnicas desenvolvidas na Toyota foram rapidamente adotadas em ou- tras empresas do Japão. De acordo com Maximiniano (2004, p. 86) “nesse pro- cesso de disseminação, outros ingredientes foram agregados, originando um con- junto de soluções que se tornou conhecido como as artes industriais japonesas”. O conjunto dessas técnicas e soluções também ficou conhecido como sistema de produção enxuta, por causa de sua orientação para a economia de recursos. Posteriormente, a ideia central da produção enxuta – a eliminação de des- perdícios – ganhou maior envergadura e alcançou toda a administração da em- presa. Nos anos 1990, a expressão organização (ou empresa) enxuta passou a fazer parte do vocabulário da administração, já como um elemento que integra os chamados novos paradigmas da administração. (MAXIMINIANO, 2004). Conforme explicado no item (8.1), o sistema Toyota é formado por apenas quatro regras que requeremque as atividades, as relações e os fluxos de trabalho e os processos possam sinalizar problemas automaticamente. É essa contínua resposta aos problemas que faz com que esse sistema, aparentemente rígido, seja na verdade extremamente flexível e adaptável às mudanças. A gerência da Toyota, segundo Martins e Laugeni (2005, p. 462), “reconhe- ce que os maiores problemas estão nos detalhes; por isso, eles garantem que o trabalho seja altamente especificado”. Assim, quando um banco é montado em um carro, todos os parafusos são apertados na mesma sequência, em um mes- mo tempo e no torque correto. Esse tipo de especificação é válida para todas as atividades e níveis hierárquicos da empresa, facilitando, assim, ao funcionário da empresa saber se está executando uma tarefa corretamente ou não, reduz a varia- ção no processo e permite que correções sejam feitas imediatamente no processo no caso de desvios. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 103 Os funcionários da Toyota, de acordo com Martins e Laugeni (2005), sabem claramente quem são seus fornecedores e clientes de serviços e produtos. Assim, por exemplo, quando um funcionário necessita de assistência ele sabe exatamen- te quem deverá ajudá-lo, como o chamado de ajuda deve ser disparado e quais serviços de ajuda serão oferecidos a ele. Da mesma maneira, uma requisição ao fornecedor externo é clara e direta sem intermediários. As empresas que trabalham dentro de um sistema de produção enxuta têm uma noção muito clara do ideal de pessoas ou produto. Martins e Laugeni (2005) nos mostram que essa noção de ideal: • É livre de defeitos, ou seja, tem as características e o desempenho que o cliente deseja; • Pode ser fornecida em lotes unitários; • Pode ser entregue imediatamente; • Pode ser produzida sem desperdício de materiais, trabalho, energia e outros recursos; • Pode ser produzida em um ambiente de trabalho que é físico, emocional e profi ssionalmente sadio para qualquer funcionário. A complexidade do sistema de produção enxuta torna-o de difícil implanta- ção, assim, é muito comum o insucesso na implantação desses sistemas. Martins e Laugeni (2005) citam que muitas empresas que dizem ter esse sistema implanta- do têm, às vezes, apenas um conjunto de ferramentas em uso, ou departamentos específicos operando em parte dentro do conceito da produção enxuta. Fique atento A produção enxuta é um sistema produtivo que tem por objetivo básico racionalizar o fluxo de produção, procurando continuamente reduzir os recursos necessários para produzir um determinado produto e buscando reduzir qualquer tipo de perda no processo. Perceba que com o sistema de produção enxuta tenta-se chegar à perfeição, a qual dificilmente se alcança, pois conforme os desperdícios identificados vão sendo removidos, outros não tão significativos surgem. 104 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 2.3. A lógica e implementação do just in time O just in time (JIT) surgiu no Japão, em meados da década de 1970.Se- gundo Corrêa e Corrêa (2011), a sua ideia básica e o seu desenvolvimento foram creditados à Toyota Motor Company, que buscava um sistema de administração que pudesse coordenar, precisamente, a produção com a demanda específica de diferentes modelos e cores de veículos com o mínimo de atraso. Contudo, o JIT é muito mais do que uma técnica ou um conjunto de técnicas de administração da produção, sendo considerado como uma completa filosofia que inclui aspectos de administração de materiais, gestão da qualidade, arranjo físico, projeto do produto, organização do trabalho, gestão de recursos humanos, entre outros. Corrêa e Corrêa (2011, p. 418), afirmam que [...] embora haja quem diga que o sucesso do sistema de admi- nistração JIT esteja calcado nas características culturais do povo Japonês, mais e mais gerentes têm se convencido de que essa fi- losofia é composta de práticas gerenciais que podem ser aplicadas em qualquer parte do mundo. ?? Curiosidade Os referidos autores citam algumas expressões geralmente usadas para traduzir aspectos da filosofia Just in time: • Produção sem estoques; • Produção enxuta (leanproduction); • Eliminação de desperdícios; • Manufatura de fluxo contínuo; • Esforço contínuo na resolução de problemas. O sistema JIT tem como objetivos operacionais fundamentais a qualidade e flexibilidade. Para tanto, faz uso de duas metas de gestão acima de qualquer outra: a melhoria contínua e o ataque incessante aos desperdícios. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 105 O conceito JIT não possui uma metodologia específica no sentido de se alcançarem os objetivos descritos. Entretanto, segundo Dias (2010), são relacio- nados os seguintes elementos importantes: • Eliminação de defeitos; evitar o retrabalho; • Aproveitamento máximo nos processos produtivos; • Retorno imediato de informações e métodos produtivos; • Tamanho de lote igual à unidade; • Redução dos tempos de preparação; • Redução da movimentação através de plantas compactas; • Manufatura celular: métodos de produção por fl uxo unitário; • Manutenção preventiva; • Diversifi cação da capacidade: operários polivalentes; • Envolvimento do operário: atividades de pequenos grupos; • Desenvolvimento de fornecedores com as mesmas ideias. A perseguição desses objetivos, de acordo com Corrêa e Corrêa (2011), dá-se, principalmente, através de um mecanismo de redução dos estoques, os quais tendem a camuflar os problemas do processo produtivo. Tradicionalmente, os referidos autores citam que os estoques eram utilizados para evitar descontinui- dades do processo produtivo, face a diversos problemas de produção que são por eles classificados principalmente em três grupos: • Problemas de qualidade; • Problemas de quebra de máquinas; • Problemas de preparação de máquina. Memorize Entenda que o objetivo da filosofia JIT é reduzir os estoques, de modo que os problemas fiquem visíveis e possam ser eliminados através de esforços concen- trados e priorizados. Com relação aos sistemas tradicionais de produção, o sistema just in time apresenta diversas diferenças. Corrêa e Corrêa (2011) citam que talvez a principal diferença, seja sua característica de “puxar” a produção ao longo do processo, de 106 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO acordo com a demanda. Nesse sistema “puxado”, o material somente é processa- do em uma operação se ele é requerido pela operação subsequente do processo, que, quando necessita, envia um sinal (que funciona como a “ordem de produção”) à operação fornecedora para que esta dispare a produção e a abasteça, assim, se o sinal não é enviado, a operação não é disparada. Corroborando com esse pensamento, Dias (2010) diz que, genericamen- te falando, um sistema de “puxar” estoques significa que qualquer movimento de produção somente é liberado na medida da necessidade sinalizada pelo usuário da peça ou componente em fabricação, ou seja, os centros de trabalho não estão autorizados a produzir e “empurrar” os lotes apenas para manter ocupados operá- rios e equipamentos. Os sistemas tradicionais, conforme Corrêa e Corrêa (2011), são sistemas que, diferentemente, “empurram” a produção, desde a compra de matérias-primas e componentes até os estoques de produtos acabados. Os referidos autores citam as três condições que disparam as operações: • Pela disponibilidade de material e componentes a processar; • Pela disponibilidade dos recursos necessários; e • Pela existência de uma ordem de produção, gerada por algum sistema centrali- zado que, a partir de previsões de demanda, elaborou programas de produção baseados nas estruturas dos produtos. Quadro 03: Comparação do JIT com a abordagem tradicional. FATOR TRADICIONAL JIT Inventário Ativo Passivo Estoque de segurança Sim Não Ciclos de produção Longos Curtos Tempo de set-up Suavizado Minimizado Tamanho dos lotes Lote econômico Unidade Filiais Eliminadas Necessárias Lead time Aceito Encurtado Qualidades Importantes Imprescindíveis Fornecedores/Clientes Adversários Parceiros Fornecedores de suprimento Múltiplas Únicas EmpregadosOrientados Envolvidos Fonte: adaptado de Dias (2010). ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 107 Fique atento • Tempo de set-up: é como o tempo decorrido na troca do processo do final da produção de um lote até a produção da primeira peça boa do próximo lote. • Lead time: é o tempo compreendido entre a primeira atividade e a última de um processo de várias atividades. Pratique 6. Discuta os benefícios da redução do tempo de set-up em cada um dos critérios com- petitivos da manufatura: custo, flexibilidade, qualidade, confiabilidade e velocidade. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Segundo Dias (2010), nos processos produtivos, os estoques criam in- dependência entre as fases, ou seja, os problemas que surgem em uma não interferem na outra. Desta forma, na filosofia JIT, ao contrário, os estoques não são bem-vindos por razões óbvias: primeiro porque ocupam espaços e segun- do porque custam dinheiro. Os referidos autores citam que os adeptos do JIT acreditam que, por maior que seja o esforço para eliminar os problemas dos processos, a existência de estoques estará sempre inibindo ações mais efetivas no enfrentamento da questão. 108 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Fique atento A filosofia JIT coloca a ênfase da gerência no fluxo de produção, procurando fazer com que os produtos fluam de forma suave e contínua através das diversas fases do processo produtivo. Pratique 7. Comente alguns tipos de desperdícios usualmente encontrados nas empresas. Como a filosofia do JIT pode ajudar a reduzi-los ou mesmo eliminá-los? 8. Se você quisesse transformar sua empresa em uma empresa JIT, o que você buscaria em seus fornecedores? 9. Explique como as técnicas JIT podem ser utilizadas para apoiar as flexibilidades de mix e de volume em uma operação de serviços. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 109 2.4. Melhoria contínua com utilização do sistema de produção enxuta Alguns autores definem a filosofia JIT como um sistema de manufatura cujo objetivo é otimizar os processos e os procedimentos através da redução contínua de desperdícios. Eliminar desperdícios, segundo Corrêa e Corrêa (2011, p. 422), signifi- ca “analisar todas as atividades realizadas na fábrica e descontinuar as que não agregam valor à produção”. Os referidos autores se utilizam de uma classificação proposta por Shigeo Shingo, uma reconhecida autoridade em JIT e engenheiro da Toyota Motor Company, no Japão, para identificar sete categorias de desperdícios vejamos cada uma a seguir: I. Desperdício de superprodução: o JIT considera um desperdício o hábito de produzir antecipadamente à demanda, para o caso de os produtos serem requisitados no futuro; II. Desperdícios de espera: esse desperdício refere-se ao material que espera para ser processado, formando filas que visam garantir altas taxas de utilização dos equipamentos; III. Desperdício de transporte: a atividade de transporte e movimentação de material não agrega valor ao produto produzido e é necessária devido a restri- ções do processo e das instalações, que impõem grandes distâncias a serem percorridas pelo material ao longo do processamento; IV. Desperdício de processamento: no próprio processo produtivo, pode estar havendo desperdícios que podem ser eliminados. Deve-se questionar, por exemplo, “por que determinado item ou componente deve ser feito”, “qual a sua função no produto”, “por que esta etapa do processo é necessária”; V. Desperdício de movimento: os desperdícios de movimento estão presentes nas mais variadas operações que se executam na fábrica. A filosofia JIT adota as técnicas de estudo de métodos e do trabalho, visando alcançar economia e consistência nos movimentos; VI. Desperdício de produzir produtos defeituosos: problemas de qualidade geram os maiores desperdícios do processo; VII. Desperdício de estoques: os estoques, além de ocultarem outros tipos, signi- ficam desperdícios de investimento e espaço. 110 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO O conceito de melhoria contínua nos processos estimula o reconhecimento dos erros e trabalha no sentido de eliminá-los por completo, portanto, conforme salienta Dias (2010), dentro da filosofia JIT, falhas são utilizadas como uma provei- tosa fonte de informações para evitar sua repetição. Além do esforço da eliminação de desperdícios, Corrêa e Corrêa (2011, p. 423) citam que “a filosofia JIT tem a característica de não-aceitação da situação vigente ou mesmo de padrões de desempenho”. Dessa maneira, os autores apon- tam as metas colocadas pelo JIT, a seguir: • Zero defeito; • Tempo de preparação (set-up) • Estoque zero; • Movimentação zero; • Quebras zero; • Lead time zero; • Lote unitário (uma peça). Embora pereçam muito ambiciosas, se não inatingíveis, aos olhos da abor- dagem tradicional, essas metas garantem o processo de esforço para melhoria contínua e não-aceitação da situação atual. Pratique 10. Por que o aprimoramento contínuo requer uma visão de longo prazo da empresa? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 111 Fique atento A adoção de práticas enxutas é atualmente bastante utilizada nas organiza- ções que buscam possuir um desempenho competitivo baseado em baixos custos. Esse tipo de estratégia produtiva possui em sua essência a busca constante pela redução de desperdícios, buscando eliminar qualquer ati¬vidade que não agregue valor aos produtos ou serviços. Devido a esse sistema não utilizar metas fixas, e sim uma busca constante pelos melhores resultados, avaliar o grau de implementação ou aplicação da PE gera certa dificuldadepara as empresas. @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Relembre À semelhança dos seres vivos, pode-se dizer que as empresas são orga- nismos vivos em constante transformação (evolução das espécies), sujeitos às leis do mercado capitalista (da natureza). Quanto mais livre e dinâmico for, mais forte e resistente essas empresas serão, pois terão de conviver diariamente com oportunidades e ameaças ao seu desempenho produtivo. A fim de sobreviverem nesse ambiente e se manterem competitivas, algu- mas organizações adotam filosofias e tecnologias de gestão que levam a um maior 112 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO conhecimento, tanto do ambiente interno quanto do ambiente externo, de modo que qualidade, rapidez, flexibilidade e custo tornam-se objetivos de desempenho importantes na luta pelo crescimento organizacional. Esse crescimento se desenvolve por meio de relacionamentos cooperativos com os diversos participantes da cadeia de suprimentos, baseados na confiança, na capacitação técnica e na troca de informações. Assim, o gerenciamento da cadeia de suprimentos é a coordenação estratégica e sistêmica das funções de negócio tradicionais bem como as ações táticas que perpassam essas funções em uma companhia e através de negócios dentro da cadeia logística com o propósito de aprimorar a performance de longo prazo das companhias individualmente e da cadeia de suprimentos como um todo. Vimos, nesta última unidade, que além do gerenciamento de toda a cadeia de suprimentos, o sistema Toyota de produção é um sistema que visa a eliminação total de perdas ou desperdícios e se baseia em dois pilares: o JIT (just in time), que é produzir o produto necessário na quantidade necessária no momento necessário e a Autonomação, que é um controle autônomo de defeitos. Em síntese, você deve ter percebido que, para enfrentar o mundo em cons- tante mudança, qualquer organização precisa desenvolver a capacidade de migrar e mudar, de desenvolver novas habilidades e atitudes, ou seja, a capacidade de aprender. A essência do ato de aprender é a capacidade de gerir mudança mediante a mudança em si mesma – tanto para as pessoas, quando se tornam adultas, quanto para as empresas, quando vivenciam o tumulto. Referências CORRÊA, Henrique L. Gestão de redes de suprimento: integralizando cadeias de suprimento no mundo globalizado. São Paulo: Atlas, 2010. DORNIER, P. P et al. Logística e Operações Globais: texto e casos. São Paulo: Atlas, 2000. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. FRANCISCHINI, G. Paulino; GURGEL, Floriano do A. Administração de materiais e do patrimônio. São Paulo: Cengage Learning, 2002. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 113 CHING, Hong Yuh. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. São Paulo: Saraiva, 2005. MAXIMINIANO, Antonio C. A. Introdução à administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. PENDER, L.The 5 Keys to Supply Chain Success. CIO Magazine. 2001. Disponível em: <http://www.cio.com/archive/071501/keys_content.html>. Acesso em: 04 jul. 2013. Anotações ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ 114 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Anotações ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 115 A AdministrAção dE EmPrEsAs sob A ÓPtiCA dA sustEntAbilidAdE Dyanne Nossis Fontoura Abreu1 Pedro Alexander Cubas Hernández2 Resumo A administração moderna nem sempre levou em consideração a questão da sustentabilidade, pois o interesse estava centrado no lucro sem compromisso com o meio ambiente. A história da administração demonstra que o tópico sustentabi- lidade é uma preocupação que se iniciou na contemporaneidade. Neste sentido, problematiza-se: em que medida a aplicação do modelo de sustentabilidade no mundo empresarial está se tornando chave no sucesso da economia capitalista atual? Os objetivos são: explicar a ligação que existe entre a administração de em- presas e a gestão sustentável; e analisar a importância da aplicação dos critérios da sustentabilidade ambiental nas empresas. A metodologia consiste em uma pes- quisa bibliográfica, descritiva e explicativa. Isso se fundamentou no método qualita- tivo, que foi útil para analisar e processar os dados colhidos. Com base no estudo realizado constatamos a ligação entre duas perspectivas: a influência das ideias de sustentabilidade ambiental nas empresas atuais e a importância de praticar a responsabilidade social empresarial nas organizações de hoje. Os investimentos baseados em sustentabilidade podem trazer vantagens para as empresas, princi- palmente, retorno financeiro. Mesmo assim, é preciso entender que o paradigma da sustentabilidade exige uma ação conjunta e coordenada. Isso inclui também a participação dos cidadãos e dos governos junto às empresas, cuja integração e interação deverão ser em prol de uma sociedade mais sustentável Palavras-chaves: Administração. Sustentabilidade. Gestão. Meio Ambiente. 1Bacharelado em Administração – Faculdade Ateneu – FATE. E-mail: dy_roots@hotmail.com 2Professor Titular – Faculdade Ateneu – FATE. E-mail: pedritocubas@yahoo.com Material complementar 116 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 1. Introdução Em todos os segmentos da atividade humana, a sustentabilidade ambiental na administração pode ser uma medida de caráter gerencial, ou seja, deveria nor- tear as atitudes de preservação do ambienteem empresas de todo tipo, especial- mente as que usam matéria prima retirada do meio ambiente. A motivação essen- cial da pesquisa realizada foi contribuir para a compreensão de que a necessidade do cuidado permanente dos seres humanos com o meio ambiente não é mais um fato distante, mas uma realidade que se faz imperativa, e sem exceção, para todos os campos da sociedade, do trabalho e dos negócios. Este artigo apresenta um estudo acerca da urgente e necessária conscien- tização junto às empresas nos seus processos administrativos e gerenciais. Essas ações realizadas por parte das empresas e das instituições da sociedade promo- vem melhorias ambientais expressivas para todo o planeta. Neste sentido, cabe pro- blematizar: em que medida a aplicação do modelo de sustentabilidade no mundo empresarial está se tornando chave no sucesso da economia capitalista atual? Por meio desse questionamento esboçamos os objetivos deste artigo: explicar a ligação que existe entre a administração de empresas e a gestão sustentável; e analisar a importância da aplicação dos critérios da sustentabilidade ambiental nas empresas. O presente trabalho tem sido estruturado em quatro partes: primeiro, fare- mos uma abordagem teórica trazendo a debate os aspectos chaves das fontes que contribuíram nesta pesquisa. Seguidamente, apresentaremos a metodologia que norteou a investigação destacando os métodos e as técnicas aplicados. Depois, abriremos uma discussão sobre a atualidade da concepção da administração de empresas como uma ação sustentável; e fecharemos com uma reflexão sobre a relevância da sustentabilidade ambiental como estratégia para que as empresas atuais continuem a fazer sucesso. 2. Referencial Teórico O tema deste artigo foi abordado analiticamente seguindo duas perspecti- vas relacionadas entre si: a influência das ideias de sustentabilidade ambiental nas empresas e a responsabilidade social empresarial manifestada por várias organi- zações atuais. Ditas questões partem do conhecimento de que as ações socioeco- nômicas de qualquer empreendimento geram impactos no meio ambiente, sejam positivos ou negativos. Por isso, Bruno Pagotto Zambon e Adriana Sartório Ricco ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 117 (2010, on-line) significaram que “... o conceito de desenvolvimento sustentável sur- ge propondo um novo paradigma ético e holístico da ação humana”. Maria Elisabeth Pereira Kraemer (2008) destacou o valor da inclusão da va- riável ambiental dentro do esquema da gestão empresarial, o qual permite um bom desenvolvimento por meio do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Esse critério analisou a proposta de Campos (2001), que apresentou um Sistema de Gestão e Avaliação de Desempenho Ambiental (SGADA), a qual indica uma motivação para a proteção ambiental da empresa. Nesse sentido, também é importante garantir uma excelência ambiental, que se relaciona com a responsabilidade social das empresas como explicaram Rita de Cássia Guedes (2000), Claudio Antonio Pinhei- ro Machado Filho (2002) e o Instituto Ethos (2003), que têm promovido diversas pesquisas sobre o tema. Levando em consideração que a sustentabilidade pode ser um bom negó- cio, Fernando Almeida (2002) fez uma comparação interessante sobre as diferen- ças entre o paradigma cartesiano, que encarna a tradição capitalista desde seu surgimento, e o modelo sustentável, cujo significado é valorizar o meio ambiente e prevenir de danos futuros ao mundo, que precisa se integrar e interatuar. Nesse sentido, Peter Lacy (2010) avistou um câmbio de mentalidade na hora de reformu- lar as regras dos negócios globais, pois a sustentabilidade converteu-se em uma prioridade estratégica para as empresas do mundo. Seguindo esse ponto de vista, Eliane Domingos do Amaral (2013, p. 27) afirmou que “a necessidade de se valo- rar os recursos ambientais, independentemente da técnica utilizada, visa garantir recursos naturais para as futuras gerações, ou seja, desenvolvimento sustentável”. Desde outra perspectiva, Ignacy Sachs (2000) refletiu sobre quais os me- lhores caminhos para chegar ao desenvolvimento sustentável com um olhar holís- tico, no qual os fatores ecológicos e espaciais são tão importantes quanto o econô- mico, o social e o cultural. Isso tem uma ligação com outra questão chave tratada na bibliografia: os benefícios de uma boa gestão ambiental para a economia e o meio ambiente. Amaral (2013, p. 27) afirmou que “[...] para que haja desenvolvi- mento sustentável é preciso, sob o ponto de vista econômico, que o crescimento seja definido de acordo com a capacidade de suporte dos ecossistemas”. Assim, foram importantes nessa pesquisa as contribuições analíticas de Dennis C. Kinlaw (1997), Sérgio Pinto Amaral (2004), Andrew W. Savitz e Karl A. Weber (2007) sobre como uma empresa pode ser competitiva ou lucrativa e ecologicamente res- ponsável ou ecoeficiente. 118 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 3. Metodologia O presente artigo é uma investigação bibliográfica, pois – como afirma An- tônio Carlos Gil (2008) – foi desenvolvido a partir de materiais já publicados, cons- tituído principalmente de livros, artigos científicos de periódicos e outros textos disponibilizados na internet o que o torna também uma pesquisa qualitativa visto que considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. Isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribui- ção de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Neste caso, como explicou Fred N. Kerlinger (1980), não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas, pois o ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pes- quisador funciona como o instrumento-chave, que faz o fichamento, a análise e o processamento de todas as informações colhidas. A pesquisa bibliográfica desenvolvida neste trabalho também se define des- de a perspectiva de Eva Maria Lakatos e Maria de Andrade Marconi (1992) como aquele tipo de investigação que permite compreender que, se de um lado a reso- lução de um problema pode ser obtida através dela, por outro, tanto a pesquisa de laboratório quanto à de campo (documentação direta) exigem, como premissa, o levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar e solucionar. A pes- quisa bibliográfica pode, portanto, ser considerada também como o primeiro ato de toda pesquisa científica. De acordo com os critérios de Kerlinger (1980); Lakatos e Marconi (1992) e Gil (2008), esta pesquisa também é descritiva. Neste caso, o pesquisador tende a analisar seus dados indutivamente. Daí, o processo e o seu significado são os focos principais de abordagem. Trata-se, além do mais, de uma pesquisa explicativa uma vez que visa iden- tificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos e aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o “por que” das coisas. Quando realizada nas ciências naturais, requer o uso do método experi- mental, e nas ciências sociais requer o uso do método observacional (KERLIN- GER, 1980). ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 119 4. Administração de empresas como gestão sustentável A administração moderna nem sempre observou a questão da sustenta- bilidade, aliás, esse assunto era incompatível com o novo processo de produção que surgia. A história da administração mostra que a sustentabilidade é uma pre- ocupação da contemporaneidade. Os processos econômicos que demandavam um trabalho administrativo criaram-se e desenvolveram-se visando o lucro. Por isso, não havia como se preocupar com a natureza como geradora de bens re- nováveis. O que realmente importava era a exploração da matéria-prima para os meios de produção. Essa falta de cuidados pode se observar ao longo da história da administração, que passa por diferentes fases. Além disso, os índices atuais de contaminação do meio ambiente mostram que a promoção da sustentabilidade é um fator chave paraa harmonia do planeta. De acordo com Nelson Batista de Sousa (2012, on-line), na história da ad- ministração destacaram-se duas instituições: a Igreja Católica Romana e as Orga- nizações Militares. No primeiro caso, a Igreja é uma organização eficiente, mostra sua competência e eficácia na aplicação das técnicas organizacionais e adminis- trativas, as quais influem muito no comportamento de seus fiéis. A respeito dos militares, consideramos importante significar a hierarquia de poder vertical, que se destaca pela sua rigidez e pela adoção de princípios e práticas administrativas que percebemos nas empresas atuais. A Revolução Industrial condicionou o surgimento da empresa moderna com suas concepções de administração no final do século XVIII. Esse fenômeno trouxe até hoje rápidas e profundas mudanças econômicas, sociais e políticas, nas quais participaram a Igreja e os militares (SOUSA, 2012). A partir desse novo processo, iniciado na Inglaterra, onde cada vez mais a indústria buscava matéria-prima na natureza, o meio ambiente se degradava. Por isso, desde aquela época, o mundo e o Brasil enfrentam uma severa degradação causada por materiais tóxicos, que diariamente são despejados em florestas, mares, lagos e rios. Além disso, a ex- ploração descontrolada de suas riquezas naturais agrava ainda mais o problema e acelera a destruição do planeta. Os efeitos que sentimos hoje vão desde o comportamento climático até a vida da flora e da fauna, que se modifica para tentar se adaptar às novas condições do clima. É verdade que a Terra possui o seu ciclo de vida natu- 120 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ral, mas a ação do homem causando o desmatamento do meio ambiente vem acelerando o processo de deterioração do planeta. Porém, a degradação do meio ambiente tem se tornado um sério problema crônico de saúde do mundo. Então, é preciso fazer um controle ambiental, no qual seja chave uma gestão administrativa sustentável. Discussões sobre gestão sustentável iniciaram-se na Conferência das Na- ções Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), ocorrida em 1992, no Rio de Janeiro. No evento foram produzidos vários documentos impor- tantes, destacando a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, a Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, a Convenção das Nações Unidas sobre Mu- danças Climáticas, e a Agenda 21 Global. Este último documento define o “de- senvolvimento sustentável” como aquele que deve atender às necessidades do presente, sem comprometer o atendimento das necessidades das gerações futu- ras (CNUMAD, 1995). Conforme o documento, para a promoção de gestão sus- tentável, Alexandre Huller (2010) afirmou que deve haver uma interligação entre as sustentabilidades social, ecológica, ambiental, política, econômica, cultural, de- mográfica, constitucional e espacial. Com esse critério concordaram Rui Andrade, Takeshy Tachizawa e Ana Carvalho (2002), já que afirmaram que os problemas de gestão ambiental além de trabalhar questões de administração pública e privada levam em conta outras áreas do saber como o Direito, a Sociologia, o Planejamen- to, a Teoria do Estado, as Finanças etc. De acordo com Denis Donaire (2009), no Brasil, a preocupação pela va- riável ambiental ou ecológica, assim como o seu processo de interiorização or- ganizacional, começou nos anos 1970 e 1980. Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002), a preservação do meio ambiente tornou-se um fator influente no mercado na década de 1990. Esse traço administrativo que aporta soluções para gerar lucros vem se intensificando até hoje, pois “as experiências das empresas pioneiras permite identificar resultados econômicos e resultados estratégicos do engajamento da organização na causa ambiental” (DONAIRE, 2009, p. 50). No entanto, ambos os resultados não acontecem tão rápido, já que devem ser plane- jados e organizados com qualidade para atingir a excelência ambiental que pode trazer um diferencial no tocante a uma vantagem competitiva. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 121 No contexto atual, as empresas devem lutar por serem sustentáveis. Para chegar a esse nível (e depois se manter nele) precisam praticar a responsabilidade socioambiental e, com suas vendas, estimular o consumo consciente. Isso é inte- ressante para os consumidores finais, que escolhem as organizações que, segun- do eles, possuem excelentes programas de comprometimento ambiental. Assim, as empresas, por sua vez, tomam providências para se destacar e crescer em um mercado sustentável. Visando esse detalhe, Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002, p. 7) esclareceram que: “a consciência ecológica por parte das empresas resultou, também, na mitificação do conceito de qualidade do produto, que agora precisa ser ecologicamente viável [...].” Neste sentido, existem empresas que se preocupam em fazer parcerias com os fornecedores no tocante ao uso de energia, redução de resíduos, relatórios de emissões de Gases do Efeito Estufa – GEE, além de esforços ao envasar os produtos em embalagens recicláveis e/ou retor- náveis, assim como fabricá-los utilizando uma matéria-prima renovável, cem por cento biodegradáveis e compostáveis. Na opinião de Adriano Tadeu Barbosa: “Estas práticas evidenciam o destaque da sustentabilidade na atual administração e relacionamento B2B e B2C. Mas, ainda há muito que fazer, tais como: melhorias na contabilidade de emissões de GEEs (ou sequestro de carbono) e uso da água, gestão da energia, programas que diminuem o desperdício, treinamento de funcioná- rios e abordagens de apoio às necessidades da comunidade local” (BARBOSA, on-line). Salienta-se ainda que a administração deva pensar no que se conhece hoje como responsabilidade social corporativa. Isso é uma forma de gestão que se de- fine por duas questões importantes, definidas por Guedes (2000): • Relação ética e transparente da empresa com todos os públicos, que se relaciona com ela; • Estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. A capacidade administrativa deve ainda considerar a responsabilidade so- cial corporativa como algo que está relacionada à capacidade da empresa em atender simultaneamente os interesses dos diferentes públicos. Também, agregar 122 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO valor com os clientes que ela se inter-relaciona, sendo capaz de incorporá-los ao planejamento de suas atividades. Observado esses conceitos no âmbito da admi- nistração, a sustentabilidade corporativa contribui para assegurar o sucesso do negócio em longo prazo e ao mesmo tempo contribuir para o desenvolvimento econômico e social da comunidade. De acordo com o Instituto Ethos (2001), um meio ambiente saudável contribuirá para uma sociedade estável. Seguindo essa perspectiva, Kinlaw (1997) sublinhou que quanto mais in- formados se tornam os cidadãos, mais cuidarão para que a proteção ambiental e os seus próprios interesses particulares estejam em completa harmonia. Cuidarão também de insistir com as empresas para que elas demonstrem sua capacidade de existir em harmonia com o meio ambiente. Porém, um cidadão informado sig- nifica cidadania despertada, e toda instituição pública ou privada acabará por se curvar à sua influência. Essas constatações implicam que na administração moderna as empresas não devem pensar somente em cumprir as leis ambientais de um país, estado ou município. Segundo Sérgio Pinto Amaral (2004), as empresas devem ser na medi- da do possível, proativas e planejar suas atividades de uma maneira sustentável. De fato, as empresas que se comportam de uma maneira mais sustentável, pen- sando no seu futuro, têm um desempenho melhor nos seus negócios. No contexto atual, a administração voltada para a sustentabilidade se nota- rá porque, a partirde agora, o meio ambiente sempre será uma constante na pauta dos conselhos administrativos mas também na gestão moderna das empresas. Isso porque uma administração que for socialmente responsável, comprometida com a sustentabilidade ambiental, já desde o início dos planejamentos empresa- riais, poderá trazer inúmeros benefícios para as empresas. Pesquisas apontam que a responsabilidade social é um atrativo para clientes e investidores da orga- nização, além da sua capacidade de atrair pessoas talentosas. De acordo com Guedes (2000), a sociedade tem adotado uma postura que privilegia as empresas que investem em ações sociais. Isso representa a atitude de quem entende que os bens não são renováveis tão facilmente. Portanto, para ser alcançado, o de- senvolvimento sustentável depende de modelos de gestão comprometidos, que percebam e executem um planejamento que aceite o reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 123 Um novo olhar sobre a questão ambiental é urgente na administração de negócios uma vez que para muitas organizações a variável ambiental, do ponto de vista empresarial, está diretamente relacionada com o aspecto econômico. Mas, felizmente algumas organizações têm demonstrado que é possível ter rentabilida- de sem deixar de contribuir para a minimização dos impactos causados ao meio ambiente (DONAIRE, 1992). Nesse sentido, tanto a expansão de uma consciência coletiva a respeito do meio ambiente como a complexidade das demandas ambien- tais que a sociedade repassa às organizações podem condicionar um novo posi- cionamento dessas empresas perante ditas questões colocadas. No entanto, nem todas as corporações conseguem mudar a sua concepção em um tempo curto, ou seja, precisam de um período mais longo por razões culturais do contexto, no qual estão se desenvolvendo (ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO, 2002). 5. A Importância da sustentabilidade ambiental para as empresas De acordo com a história, a consideração acerca de sustentabilidade é mais corroborada nos últimos anos uma vez que não havia essa apreensão com o meio ambiente. Neste trabalho buscou-se também discutir o termo sustentabilidade. Há consenso entre os pesquisadores de que este conceito deve ser analisado de for- ma abrangente, pois é uma questão complexa com diversas abordagens (KATO, 2008). Estabelece-se também que as análises deixaram transparecer diferentes correntes de pensamento em relação aos enfoques de sustentabilidade bem como as contradições e as ambiguidades da expressão “desenvolvimento sustentável”. De maneira geral, as definições procuram integrar viabilidade econômica com pru- dência ecológica e justiça social, nas três dimensões conhecidas como tripple bot- tom line. Isto é, o tripé da sustentabilidade, que explicou Almeida (2002) seguindo a perspectiva de Sachs (2000). Uma matéria publicada no site da empresa Eficien, de São Paulo, reconhe- ce que as gerações de empresas atuais estão inseridas em um mercado novo, que exige a preocupação com o meio ambiente. Com isso, o conceito do tripé da sustentabilidade, conhecido como triple bottom line (os três P’s: People, Planet, Profit – em português PPL: Pessoas, Planeta, Lucro), foi aplicado por grande parte delas, no qual corresponde aos resultados de uma organização medidos em ter- mos sociais, ambientais e econômicos. Neste sentido, o desenvolvimento susten- tável pode ser compreendido como aquele que atende às necessidades das gera- 124 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ções atuais sem comprometer a possibilidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades. Esse conceito foi criado nos anos 1990 por John Elkington, cofundador da organização não governamental internacional SustainA- bility. Essa percepção foi gerada a partir da exigência maior que os consumidores têm com suas marcas em relação aos impactos ambientais, econômicos e sociais que geram os produtos que compram (on-line). Segundo Amaral (2013, on-line) esses três pilares do chamado tripé devem interagir de forma holística, ou seja, os três aspectos devem trabalhar dependentemente. É importante ressaltar que esse conceito pode ser aplicado tanto de maneira macro (planeta ou país) como micro (em uma casa ou em uma pequena vila agrária). A autora explicou tais conceitos da seguinte forma: • People/Pessoas: faz referência ao tratamento do capital humano de uma empresa ou sociedade (salários justos, adequação à legislação trabalhista e ao ambiente de trabalho agradável), assim como leva em consideração (não ficar de costas para) os efeitos da atividade econômica nas comunidades mais próximas ao empreendimento; • Planet/Planeta: destaca a importância do capital natural de uma empresa ou sociedade a curto, médio e longo prazo. O empreendimento deve pensar nas formas de amenizar e compensar os impactos ambientais positivos e negati- vos. Porém, deve estar em dia com a legislação ambiental e com os princípios discutidos atualmente. Por exemplo, o Protocolo de Kyoto (firmado em 1997), que foi ratificado em 1999 e entrou em vigor a partir de 2005; • Profit/Lucro: refere-se ao resultado econômico positivo de uma empresa e leva em conta dois aspectos chaves: políticos (ligação entre as premissas do desenvolvimento sustentável e as políticas sociais a serem adotadas) e culturais (limitações e vantagens culturais da sociedade que participa do empreendimento). Na visão da Organização das Nações Unidas (ONU), sustentabilidade en- volve os seguintes aspectos: conservação do solo, da água e dos recursos gené- ticos animais e vegetais, além de não degradar o ambiente. Portanto, deve ser tecnicamente apropriado, economicamente viável e socialmente aceito (GIORDA- NO, 2005). Dentro de um novo contexto, onde o meio ambiente se torna pauta de pesquisa e preocupação, a ONU, em 1983, criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (United Nations/World Commission on Environment ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 125 and Development – UN/WCED) como um órgão independente. Em 1987, essa comissão, sob a presidência de Gro Harlem Brundtlandt (primeira ministra da No- ruega naquela época), materializou um dos mais importantes textos da atualidade: o relatório Nosso Futuro Comum/Our common future (também conhecido como Relatório/Report Brundtlandt). Este informe foi responsável pelas primeiras con- ceituações oficiais, formais e sistematizadas sobre o desenvolvimento sustentável, que é a ideia-mestra do relatório. No segundo capítulo – Em busca do desenvol- vimento sustentável –, define-se o desenvolvimento sustentável como aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gera- ções futuras atenderem às suas próprias necessidades (UN/WCED, 1987, on-line). O Relatório Brundtlandt contém dois conceitos-chave: necessidades, so- bretudo as necessidades essenciais dos pobres no mundo, que devem receber a máxima prioridade; e a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessi- dades presentes e futuras. Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e De- senvolvimento, no Rio de Janeiro, reconheceu-se a importância de assumir a ideia de sustentabilidade em qualquer programa ou atividade de desenvolvimen- to. Nesse aspecto, as empresas têm um papel extremamente relevante. Através de uma prática empresarial sustentável, provocando mudança de valores e de orientação em seus sistemas operacionais, estarão engajadas à ideia de de- senvolvimento sustentável e preservação do meio ambiente (KRAEMER, 2008, on-line). Esse novo aspecto forma uma noção de integração e interação, pro- pondo um novo modelo, outra maneira de olhar e transformar o mundo, baseada no diálogo entre saberes e conhecimentos diversos. Para Almeida (2002), no mundo sustentável uma atividade como a econômica, por exemplo, não pode ser pensada ou praticada em separado, porque tudo está inter-relacionado, isto é,em permanente diálogo. Nesse sentido, o autor explica as características do modelo cartesiano e do modelo de sustentabilidade levando em consideração as diferenças entre ambos os protótipos: • Modelo cartesiano: é reducionista, mecanicista, tecnocêntrico. Trabalha com fatos e valores não relacionados; preceitos éticos desconectados das práticas cotidianas. Separa o objetivo e o subjetivo. Percebe por separado os seres 126 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO humanos e os ecossistemas, e em uma relação de dominação. O conhecimento é compartimentado e empírico. Concebe uma relação linear de causa e efeito. Entende a natureza como descontínua, o todo formado pela soma das partes. O bem-estar é avaliado pela relação de poder (dinheiro, influência, recursos). Enfatiza na quantidade (renda per capita). Leva em conta a análise; a centrali- zação do poder; a especialização; por a ênfase na competição; e tem pouco ou nenhum limite tecnológico (ALMEIDA, 2002 apud KRAEMER, 2008, on-line). • Modelo de sustentabilidade: é orgânico, holístico, participativo. Trabalha com fatos e valores fortemente relacionados. A ética está integrada ao cotidiano, no qual interagem o objetivo e o subjetivo. Os seres humanos são concebidos como inseparáveis dos ecossistemas, em uma relação de sinergia. O conheci- mento é visto como indivisível, empírico e intuitivo. Pensa-se em uma relação não linear de causa e efeito, onde a natureza é entendida como um conjunto de sistemas inter-relacionados, o todo maior que a soma das partes. No caso do bem-estar é avaliado pela qualidade das inter-relações entre os sistemas ambientais e sociais. A ênfase está na qualidade (principalmente, qualidade de vida). Aposta com clareza pela síntese e a descentralização do poder; assim como pela prática de uma transdisciplinaridade enfatizando na cooperação. O limite tecnológico está definido pela sustentabilidade (ALMEIDA, 2002 apud KRAEMER, 2008, on-line). O modelo sustentável aborda os aspectos que estão relacionados à gestão empresarial sustentável em contraponto com o modelo cartesiano de gestão. Ob- servam-se claramente aspectos, tais como a questão da ética que se conecta com a realidade vivenciada pela empresa; o aspecto pelo qual a natureza é encarada; a descentralização do poder dentre outras observações que tendem a fazer do modelo sustentável cada vez mais viável e aceitável para uma gestão moderna. Outros aspectos que se referem à questão da sustentabilidade propagada agora no aspecto amplo de suas possibilidades são descritos no esquema conhe- cido como as coordenadas da sustentabilidade, que se baseiam nos seguintes aspectos: social, economia, ecologia, espaço e cultura. As características gerais são melhores descritas por Sachs (2000 apud CAMPOS, 2001), pois esclarece que falar em sustentabilidade social é entender que esta sofre um processo que prima pelo desenvolvimento sustentável já no processo de gestão das empresas favorecendo assim a uma distribuição justa de bens para diminuir a cisão entre ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 127 ricos e pobres. No que se refere à sustentabilidade econômica, a via de alcance é, sem dúvida, a do investimento público e privado. A sustentabilidade ecológica é proporcional à capacidade de limitação as agressões ao meio ambiente, tais como: utilização consciente dos recursos públicos, limitação do uso da gasolina, diminuin- do a poluição, dentre outras ações. A sustentabilidade espacial é o esforço que deve ser dirigido para a verdadeira obtenção e configuração de um espaço rural e urbano. A sustentabilidade cultural vem com a conscientização e o conhecimento para gerar soluções que incluam de modo sistêmico o ecossistema, o local a área e a cultura dos indivíduos. Quanto à questão da noção de sustentabilidade, segundo Antônio Márcio Buainain (2006), esta incorpora uma clara dimensão social e implica atender tam- bém às necessidades dos mais pobres de hoje. Isto é outra dimensão ambien- tal abrangente, porque busca garantir que a satisfação das necessidades atuais não pode comprometer o meio ambiente e criar dificuldades para as gerações futuras. Então, a ideia de desenvolvimento sustentável carrega um forte conteúdo ambiental e um apelo claro à preservação e à recuperação dos ecossistemas e dos recursos naturais. O alcance do termo sustentabilidade complementa-se em não degradar o ambiente, e incorporam questões de qualidade de vida, competitividade empresarial, resultados positivos, tecnologias limpas, utilização racional dos recur- sos, responsabilidade social, entre outros. No tocante ao tema sustentabilidade, Savitz e Weber (2007) expõem que é a gestão do negócio que tende a promover o crescimento e a gerar lucro, reco- nhecendo e facilitando a realização das aspirações econômicas e não econômi- cas das pessoas de quem a empresa depende, dentro e fora da organização. No entanto, não é uma prerrogativa comum desde sempre a questão da gestão de negócios enredarem pelos caminhos da sustentabilidade sem resistência, muito pelo contrário. Anteriormente, muitas empresas mostravam uma relutância em adotar ini- ciativas de sustentabilidade ambiental. Isso acontecia como consequência de equí- vocos no tocante ao custo/benefício, tais como: alta cotação, necessidade de muito pessoal, não há dinheiro na sustentabilidade, só vale para as grandes empresas, medo de serem acusadas de greenwashing, vale principalmente para empresas do modelo bussiness to consumer/costumer – B2C e, finalmente, as ONGs são 128 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO vistas como os adversários dessas empresas. Nesse contexto, Lacy, em parceria com Bruno Berthon e David J. Abood (2011, on-line), fez uma pesquisa com 275 empresas da Fortune Global 1000. O resultado demonstra o aumento do compro- misso com a sustentabilidade baseado na liderança de 50 organizações nesse quesito, o qual ficou representado nos resultados do desempenho dos acionistas. As mudanças desses paradigmas estão se consolidando a cada momento. Nessa perspectiva, Devanildo Braz da Silva (2009) considera que, em termos econômi- cos, a sustentabilidade prevê que as organizações têm que ser economicamente viáveis face ao seu papel na sociedade. Porém, isso deve ser cumprido levando em consideração o aspecto da rentabilidade, dando retorno ao investimento reali- zado pelo capital privado. Do ponto de vista social, a organização deveria proporcionar boas condi- ções de trabalho e em termos ambientais. A empresa deveria pautar-se pela ecoe- ficiência dos seus processos produtivos, oferecendo condições para o desenvolvi- mento de uma cultura ambiental organizacional. Além disso, adotaria uma postura de responsabilidade ambiental e buscando a não contaminação de qualquer tipo do ambiente natural. Silva (2009) acrescenta que também seria importante procu- rar participar de todas as atividades propostas pelas autoridades governamentais locais e regionais no que diz respeito ao meio ambiente. O crescente interesse pela sustentabilidade tem apresentado impactos nas estratégias das empresas. São cada vez mais cobradas demonstrações de que a empresa tem um foco sus- tentável. Essa cobrança é feita tanto pela sociedade como pelos seus clientes corporativos, governos, dentre outros. Para Sachs (2000), uma sociedade é sustentável quando atende, simul- taneamente, os critérios de relevância social, prevenção ecológica e viabilidade econômica, isto é, os três pilares do desenvolvimento sustentável, com os quais concorda Almeida (2002). Portanto, as empresas, seguindo dita lógica, devem adotar políticas e práticas de sustentabilidade empresarial, procurando incorporar de forma estratégica aos negócios as dimensões econômica, ambiental e social do desenvolvimento sustentável. A lógica da questão da sustentabilidade, para Stuart Hart (2006), é pensada já nas ações da gestão que contribuem para que a empresa seja uma referência no ambiente em que está inserida. Também vale ressaltar que uma empresa como ADMINISTRAÇÃODA PRODUÇÃO 129 essa obtém diversas benesses não só no que diz respeito à sustentabilidade em si. Mas, na percepção das pessoas e do próprio governo, uma vez que as populações mais pobres representam um imenso e novo desafio gerencial para as grandes corporações mundiais. As organizações, ao levar em consideração esse desafio, formam em torno de si mesmas uma rede preferencial de apoiadores e consumi- dores que simpatizam com as ações sustentáveis. Hart (2006) acrescenta que a empresa atentou para o fato que se tornou evidente que há um grande mercado potencial a ser atendido na base da pirâmide. Ainda neste contexto, percebe-se uma oportunidade das empresas fazerem dos mercados de baixa renda, inclusive os da América Latina, uma possibilidade de expansão e criação de novos negócios que, por sua vez, serão pensados pela ótica sustentável. Nesse sentido, Paul Hawken, Amory Lovins e Hunter Lovins (2007) afirmaram que é relevante e estratégico que as empresas repensem seu posicionamento e, a partir de então, direcionem seus esforços também para novas oportunidades até então ignoradas ou desconhecidas. Dessa forma, um esforço sistemático voltado para o marketing e a inovação pode representar uma alternati- va a mercados altamente competitivos e até mesmo saturados quando a questão da sustentabilidade é pensada na gestão desde o início do exercício anual das atividades das empresas. Além do mais, o autor esclarece que nessa perspectiva a atuação empresarial também encontra espaço e oportunidade para inovar na- quilo que, até então, era tratado como um processo exclusivamente gerador de impactos negativos. Na indústria, a eliminação do desperdício leva a uma cadeia de eventos e processos que podem vir a formar a base de uma surpreendente inovação na esfera empresarial (HAWKEN et al., 2007). A perspectiva da sustentabilidade colabora, quando implantada com o de- safio mais premente de toda indústria, que segundo o CEBDS – Conselho Empre- sarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, estão assim dispostos: “[...] produção mais limpa é a aplicação contínua de uma estra- tégia técnica, econômica e ambiental integrada aos processos, produtos e serviços, a fim de aumentar a eficiência no uso de ma- térias-primas, água e energia, pela não geração, minimização ou reciclagem de resíduos e emissões, com benefícios ambientais, de saúde ocupacional e econômicos [...]” (CEBDS apud ZAM- BON; RICCO, 2010, on-line). 130 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO A aplicação da produção mais limpa, segundo Zambon e Ricco (2010), gera economias dos mais diversos recursos utilizados no processo produtivo de uma empresa. Ela traz benefícios relevantes, sejam eles em função da economia na utilização de água, energia e matéria-prima ou até mesmo no retorno econômico que o desenvolvimento e a comercialização de subprodutos podem gerar. Sendo assim, é importante quantificar e avaliar os resíduos e as perdas que são gerados durante o processo de produção. A partir daí, a empresa poderá gerenciar seus resíduos na busca pela identificação de oportunidades que contribuam para a mi- nimização da utilização de recursos naturais, ou seja, a redução do desperdício e, por fim, o aumento da competitividade. A produção mais limpa exige uma ruptura de paradigmas, como qualquer outra prática de sustentabilidade empresarial. Mas, os autores consideram que isso deve ser visto com bons olhos pelo empresariado, pois essa nova perspectiva de processo produtivo também poderá proporcionar às empresas uma nova forma de comportamento. Isso será essencial aos negócios em um futuro próximo, ou seja, a conciliação da atividade econômica com a pre- servação do meio ambiente (ZAMBON; RICCO, 2010, on-line). Por outra parte, Ray Jones e Audrey Murrell (2001 apud MACHADO FILHO, 2002, on-line) salientam outro aspecto na questão do gerenciamento de ações de sustentabilidade. Para eles, o retorno financeiro das ações de sustentabilidade em- presarial é muito importante. Porém, existem evidências de que as ações de sus- tentabilidade empresarial, sejam elas através da responsabilidade social e/ou da ecoeficiência, podem gerar uma variedade de retornos para as empresas. Ambos os autores entendem que a imagem, a reputação, o relacionamento, as vendas, a produtividade dos funcionários e o lucro são algumas das formas de obter vanta- gens competitivas através de ações empresariais sustentáveis. Vale salientar que, apesar de todas essas possibilidades, é bastante inci- piente a adoção desse tipo de prática nas empresas. Quais são as razões disso? Seja pelos altos investimentos demandados em alguns casos ou, principalmente, pela cultura organizacional que ainda resiste às mudanças por serem conceitos e práticas ainda em processo de formação. Além disso, cresce na comunidade empresarial o questionamento sobre a real conexão entre as práticas de responsa- bilidade social e a performance econômica e financeira das empresas. Esse tipo de correlação vem sendo analisada em vários estudos acadêmicos recentes, embora com resultados muitas vezes contraditórios e inconclusivos. ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 131 A dificuldade de mensurar e de estabelecer uma relação direta entre respon- sabilidade social empresarial e desempenho econômico financeiro das empresas é tão importante quanto à necessidade de delimitar. Mas discutimos os retornos financeiros de ações de sustentabilidade empresarial voltadas para a ecoeficiência apesar de existirem outras possibilidades de retorno. De acordo com Zambon e Ricco (2010, on-line), o debate sobre o desenvolvimento sustentável do planeta está cada vez mais presente no dia-a-dia da população. 6. Considerações finais A sociedade está exigindo novas atitudes de todos os seguimentos, e essas posturas não são apenas em relação à qualidade ou a forma. A máxima exigência é que a vida seja preservada no planeta para as futuras gerações e que também se pense nas ações de sustentabilidade no complexo segmento da administração empresarial. Uma forma de fazer essas ações saírem do papel e tocando fundo na consciência das empresas e das corporações comerciais e industriais com o intuito de forçá-los a uma ação efetiva em prol da saúde e da vida no planeta que se habita. No sentido de provocar a reflexão sobre o tema voltado para conce- ber a administração sob uma óptica sustentável, principalmente a respeito do modelo desenvolvimentista adotado pela sociedade ao longo dos séculos, fez sentido esta pesquisa. O paradigma da sustentabilidade exige uma ação con- junta e coordenada. Isso passa pela participação dos cidadãos, das empresas e dos governos. Esta investigação pode ser analisada pelas empresas que ainda não enxergaram a importância de desenvolver uma gestão sustentável. Portanto, buscou-se considerar a influência da inovação na proposição e na execução de ações empresariais mais sustentáveis. Levando em consideração que tam- bém os investimentos em sustentabilidade podem trazer vantagens para as empresas, procurou-se chamar a atenção na análise no retorno financeiro que essas ações poderiam trazer, buscando-se identificar como isso ocorre e em que medida poderia contribuir para a legitimação e a perenidade dos negócios de qualquer empresa. 132 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Referências ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. AMARAL, Eliane Domingos de. 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