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Prof.a Carolina Tarcinalli Souza DEFINIÇÃO “Perda total da relação articular entre a cabeça femoral e o acetábulo ou apesar dessa relação mantida ela pode ser facilmente alterada, quadril luxável ou subluxável” Prof.a Carolina Tarcinalli Souza HISTÓRICO Em 1938, usou o nome displasia congênita do quadril; Em de 1992 as Sociedades Americanas e Européias de Ortopedia Pediátrica passaram a denominar as luxações e as displasias congênitas do quadril como DDQ No Brasil vive-se o problema da falta de diagnostico precoce e correto da displasia do desenvolvimento do quadril O prognóstico da DDQ é melhor quando tratada precocemente Faixa etária ideal e do RN aos 6m de idade; ▪ mau encaixe entre cabeça e acetábulo, que leva à instabilidade (movimentação anormal entre a cabeça do fêmur e o acetábulo). ▪ A instabilidade pode ocorrer em maior ou menor grau, ou seja: há diferentes graus de displasia do desenvolvimento do quadril. DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL (DDQ) É a associação de: ▪ Displasia do acetábulo (acetábulo raso) ▪ Frouxidão da cápsula No início a DDQ é apenas uma instabilidade que pode ser revertida com o tratamento. Se não tratada, pode ocorrer a migração progressiva da cabeça do fêmur que sai do acetábulo. Neste caso, a denominação é de luxação congênita do quadril, como mostra a figura ao lado. Luxação congênita do quadril direito: resultado final da progressão de uma DDQ. Instala-se após o nascimento, piora quando a criança anda. CAUSAS Dois fatores concorrem para o aparecimento do problema: O primeiro é o fator genético que determina que a criança nasça com frouxidão dos ligamentos de todas as articulações, inclusive do quadril, tornando-o mais instável. O segundo é o fator "mecânico", que diz respeito à posição do bebê intra-útero. A posição pélvica, por exemplo, favorece a ocorrência da displasia. IMPORTANTE! A DDQ não dá sinais externos específicos: ▪ Não doi ▪ Não limita movimentos ▪ Não deforma. LOGO: Só será diagnosticada, se procurada FISIOPATOLOGIA Quanto mais tempo o quadril permanecer luxado maior será o grau de deformidade do acetábulo , fêmur e partes moles . Quadril subluxável : a capsula articular e o ligamento redondo é frouxo e alongado , o labrum é evertido , a cabeça femoral tem formato normal. No quadril subluxável a cabeça apresenta perda da esfericidade c/ achatamento postero medial, antetorção femoral e acetabular excessiva e inicio de inversão do labrum. FISIOPATOLOGIA Quadril luxável : cápsula bastante distendida e frouxa c/ lig redondo adelgaçado, labrum evertido, cabeça femoral esférica. No quadril luxado a cabeça femoral está em contato c/ a parede lateral do íleo 1- CASOS NA FAMÍLIA 2- APRESENTAÇÃO PÉLVICA Há vários fatores de risco. Os mais importantes são casos na família, ou apresentação pélvica. FATORES DE RISCO Displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) EPIDEMIOLOGIA Variação geográfica – Brasil 5/1000 Inglaterra 17/1000 Suécia 12,9/1000 Sexo – Mais frequente nas meninas 4/1 Etnia – Branca 76% Parda 13% Negra 8% Amarela 2% CLASSIFICAÇÃO Variantes da DDQ e suas características: (Quadril teratológico); luxação fixada que ocorreu no período pré-natal e está muitas vezes associadas com doenças neuro- musculares (mielomeningocele e agenesia lombo sacra, artrogripose e deficiência femoral proximal) MANOBRA DE ORTOLANI Sinal do ressalto Displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) DIAGNÓSTICO Manobra de Ortolani ▪ Realizada nas primeiras 48 h de vida. ▪ Obrigatória em todo o RN. ▪ Encaminhe os casos positivos, ou duvidosos. Displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) EXAMES COMPLEMENTARES Ultrassonografia (US) Exame muito sensível, mas exami- nador dependente. RX não serve US Realizado logo ao nascer se ▪ Ortolani positivo Realizado com 4 semanas se ▪ Suspeita clínica ▪ Exame tardio, mas houve suspeita ▪ Fatores de risco presentes ▪ Apresentação pélvica ULTRASSONOGRAFIA DO QUADRIL PARA DDQ DIAGNÓSTICO Deve ser feito o mais precocemente possível, pois dele dependerá o tipo de tratamento. Deve ser realizado antes do terceiro mês de vida, para se obter um tratamento com bons resultados (96%). Displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) TRATAMENTO Órtese de Pavlik, por 8 semanas controle com US ENCAIXAR O QUADRIL E COLOCAR A ÓRTESE A órtese coloca os membros inferiores em posição tal que o quadril displásico fica reduzido (encaixado). Os quadris ficam em flexão, abdução e rotação externa e a articulação sofre remodelação, corrigindo a displasia O posicionamento é mantido por meio de correias e suspensórios. Órtese de Pavlik* (Mesmo com apenas um quadril displásico, a órtese inclui os 2 quadris) *Há outros tipos de órtese. Esta é a mais comum em nosso meio. TRATAMENTO Quanto antes dedectado a doença mais fácil o seu tratamento. O tratamento consiste no uso de aparelho ortopédico que mantenha as coxas flexionadas sobre o abdome e bem afastadas uma da outra (flexão e abdução dos quadris). Esta posição confere estabilidade ao quadril e fará com que este se desenvolva em boa posição. O aparelho mais frequentemente usado é o suspensório de Pavlik TESTES DIAGNÓSTICOS RECÉM-NASCIDO ORTOLANI+ Teste de redução do quadril – Criança em decúbito dorsal, quadris e joelhos em flexão de 90 graus, coxas em adução e rotação medial leve; – Realizado movimento de abdução do quadril e uma leve rotação lateral da coxa, tem-se uma sensação de ressalto – Após 2 meses o quadril pode não ser redutível BARLOW+ Manobra de da luxação de um quadril instável Coxa é mantida em ângulo reto, com o tronco em adução forçada; É feito uma força pelo joelho da criança em direção vertical do quadril, com um esforço para deslocar a cabeça femoral, procura um sinal de pistonagem no quadril A PARTIR DOS DOIS MESES Nesta fase, a luxação presente faz com a cabeça do fêmur fique para cima e lateralizada, o que leva a um encurtamento muscular, estiramento capsular. A redução da luxação não é mais possível. A mobilidade do segmento diminui e uma tensão muscular é encontrada. O sinal Peter – Bade é encontrado e consiste em uma assimetria das pregas cutâneas entre as duas coxas, sendo a afetada em maior número onde a prega inguinal e glútea estará elevada. Outro sinal encontrado é o de Hart onde haverá uma limitação da abdução do lado afetado devido ao encurtamento dos adutores. APÓS O INÍCIO DA MARCHA Nesta fase os sinais motores serão bem evidentes como: A marcha atrasada; Se a luxação for unilateral, o lado afetado ficará encurtado. Se for bilateral, a visualização ficará difícil; Hiperlordose; Marcha jogada ou Anserina; Hipermobilidade da coxo-femural. DIAGNÓSTICOS Sinais Sugestivos: Assimetria das dobras da coxa e das pregas poplíteas; Encurtamento aparente do fêmur; Assimetria das dobras inguinais; Frouxidão de extensão do quadril e joelho De 03 meses a 12 meses de idade Sinal de Hart: limitação da abdução do MMII afetado, coxa a 90 e joelhos em flexão total. ABORDAGEM FISIOTERÁPICA 1) 0 á 02 meses - • O tratamento consistirá em uma “centração dinâmica “, ou seja, a cabeça do fêmur será centrada no acetábulo através da posição de rã. No primeiro mês coloca-se fraldas entre as pernas • Segundo mês, coloca-se a ortese de abdução. • A fisioterapia deve atuar : na mobilização do tronco e cabeça brevemente, correção e adaptação postural, prevenir e evitar os encurtamentos do adutores e iliopsoas. 2) 02 aos 18 meses - A fisioterapia nesta fase consistirá em : Durante o uso do suspensório - a criança fica deitada com os MMII na vertical então, deve-se mobilizar o tronco, as cinturas, o pescoço , os pés, os MMSS. A postura deve ser corrigida. Durante a fase dogesso - tentar fazer isometria da musculatura dos MMII por dentro do gesso. Trabalhar o tronco com flexão , extensão e lateralizações. Fortalecer abdominais e paravertebrais. Estimular o diafragma. Quando liberar o joelho, inicia-se sua mobilização. Durante o uso da órtese - com uso da órtese, a criança tem liberdade de movimento então, alonga-se a musculatura MMII, fortalece a musculatura de forma global, inclusive a do tronco. Atentar para dissociação de cinturas (escapular e pélvica). 3) 18 meses aos 06 anos A fisioterapia nesta fase terá ênfase no pré - alongamento e fortalecimento muscular global. 4) Acima dos 06 anos - A fisioterapia atuará em ensinar e promover a adaptação do paciente as condições anormais provenientes da luxação o tornando mais funcional possível. – Enquanto estiver com órtese: trabalhar na dissociação de cinturas pélvica e escapular, fortalecimento de forma geral, e alongamento principalmente de membros inferiores. No caso das condutas não apresentarem resultados positivos é indicado o tratamento cirúrgico. – 02 a 6 anos: nesta idade é usada primeiro a tração esquelética em associação com a tenotomia dos adutores e iliopsoas e após aparelho gessado. Se não houver uma boa evolução é indicado tratamento cirúrgico. Então a fisioterapia vai atuar com alongamentos e fortalecimento muscular na fase pré-cirúrgica. – acima de 6 anos: nesta fase espera-se e observa-se a evolução até a fase adulta e caso o paciente apresente artrose é indicado cirurgia, antes a indicação é criteriosa pela possibilidade de invalidez permanente devida à luxação completa. O fisioterapeuta atua na melhora da qualidade de vida adaptando o paciente às condições anormais decorrentes da luxação tornando mais funcional possível, inclusive com exercícios de fortalecimento e alongamentos. REVISÃO ANATOMIA DO JOELHO DESVIOS DO JOELHO NO PLANO FRONTAL Varo: os joelhos se afastam e os pés se aproximam Valgo: os joelhos e aproximam e os pés se afastam DEFINIÇÃO Ilustração de deformidades no plano frontal varo valgo Desenvolvimento do ângulo frontal do joelho, conforme a idade RN: geno varo 6 MESES: retificação 1 ANO: inicia a valgização 4 ANOS: máximo de valgização 4-6 ANOS: desvalgiza o excesso para se tornar normal (discreto valgo) VARIAÇÕES FISIOLÓGICAS Diferenciar variações normais das situações patológicas Estas duas crianças são normais AVALIAÇÃO DO ALINHAMENTO DO JOELHO Elementos de Avaliação ▪ Antecedentes familiares ▪ Progressão ▪ Antecedentes mórbidos ▪ Desenvolvimento neuromotor ▪ Características do desvios As variações fisiológicas não são tratadas, mas somente acompanhadas O geno varo/valgo na criança normal tendem a se corrigir espontaneamente JOELHO INFANTIL PATOLÓGICO PROGRESSIVO ▪ DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO ▪ TRATAMENTO ESPECÍFICO Entre estes casos há situações patológicas e outras fisiológicas. Diferencie-os DESVIOS DO JOELHO NO PLANO FRONTAL Legg-Calvé-PerthesO QUE É? A doença de Legg-Calvé-Perthes é afecção do quadril da criança, de causa desconhecida, em que ocorre necrose do núcleo de ossificação da cabeça do fêmur DEPOIS, ESPONTANEAMENTE, OCORRE A REVASCULARIZAÇÃO, E A CABEÇA REFAZ-SE Para ser Perthes: • Criança • Necrose do núcleo ossificação cabeça do fêmur • Idiopática A cabeça afetada se deforma com o peso do corpo. Com o tempo a circulação retorna espontaneamente e o núcleo reossifica, mas deformada. Legg-Calvé-Perthes Legg-Calvé-PerthesCOMO É FEITO O DIAGNÓSTICO? •Idade típica: escolar •Sintomatologia discreta: dores intermitentes na virilha ou joelho •Claudicação continuada, ou não O diagnóstico é radiográfico: surgem sinais de necrose no núcleo de ossificação (núcleo mais branco e irregular) Às vezes o núcleo já está deformado Legg-Calvé-Perthes TRATAMENTO 1- Deve ser feito antes da cabeça se deformar 2- Casos leves não precisam ser tratados 3- Casos graves devem ser operados 4- Sempre encaminhe para o ortopedista 5- Não se usam aparelhos (ineficazes) ESCORREGAMENTO EPIFISÁRIO DA CABEÇA DO FÊMUR A cabeça do fêmur se descola do colo e perde o alinhamento com ele Normalmente, uma linha traçada pelo eixo do colo corta o centro da cabeça (figura A) No escorregamento há perda desse alinhamento (figura B) Quadril normal Cabeça do fêmur desalinhada A B Escorregamento epifisário 1- Ocorre no adolescente obeso e com atraso desenvolvimento sexual, 2- Ou no adolescente magro que está crescendo muito 3- Etiologia desconhecida: causas hormonais? 4- Dá dor no quadril que pode ser aguda, ou crônica 5- O membro inferior fica rodado externamente, tanto na postura, quanto na marcha e no exame físico O escorregamento epifisário é uma grave condição, muito sujeita a complicações O diagnóstico precoce é fundamental Os tratamentos são todos cirúrgicos e a cirurgia varia conforme o caso As chaves para diagnóstico são: adolescente dor no quadril rotação externa de todo o membro inferior O diagnóstico é radiográfico Qualquer suspeita deve ser encaminhada ao ortopedista Referencia Bibliográfica Zucker EJ, Lee EY, Restrepo R, et al. Hip disorders in children. AJR Am J Roentgenol. 2013;201:W776-96. [ Links ] Nascimento PCX, Amaral AM, Almeida JRM. Magnetic resonance arthrography of the shoulder: a painful procedure? Radiol Bras. 2018;51:81-6. [ Links ] Kubo RS, Kihara Filho EN, Fonseca EKUN, et al. Overuse of the hip external rotators: greater trochanter apophysitis in the karate kid. Radiol Bras. 2018;51:345-6. [ Links ] Canella C, Costa F, Danowisk A, et al. Stress fracture and osteomyelitis in a patient with systemic lupus erythematosus. Radiol Bras. 2018;51:277-8. [ Links ] Costa FM, Canella C. Vieira FG, et al. The usefulness of chemical-shift magnetic resonance imaging for the evaluation of osteoid osteoma. Radiol Bras. 2018;51:156-61. [ Links ] Werneck L, Canella C, Costa F, et al. Usefulness of dynamic contrast-enhanced MRI in the evaluation of osteonecrosis of the proximal fragment in scaphoid fractures. Radiol Bras. 2018;51:334. [ Links ] Moreira FP, Aihara AY, Lederman HM, et al. 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