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Baixa taxa de rastreio do cancro do colo do útero em mulheres atendidas na Consulta de Planeamento familiar no C.S da Munhava, distrito da Beira. Nelito Zinenda1 1 Mestrado em Saúde Pública e candidato a Doutoramento em ciencias pela UNIPIAGET – MOZ, áreas de investigação: Pesquisa quantitativa e qualitativa com áreas de interesse variada, incluindo: pesquisa clínico- laboratorial das doenças infecciosas; epidemiologia e saúde pública na sua generalidade, abrangendo igualmente interesse em sistemas de saúde. email: nelitozinenda@gmail.com; contacto: 849383208 1 RESUMO Introdução: O câncer do colo do útero, apesar de prevenível, é um dos cânceres mais frequentes em mulheres, com altas taxas de incidência e de mortalidade. A forma mais eficaz de controle desse tipo de tumor é através do diagnóstico e tratamento das lesões precursoras e tumorais invasoras em seus estágios iniciais, quando o potencial de cura é expressivo. Nessa perspectiva este estudo tem como Objectivo Geral: Realizar um plano operacional paraaumentar o rastreio do cancro do colo do útero no C.S da Munhava, 2023. Metodologia: O estudo foi construído a partir do diagnóstico situacional de um território delimitado. Para melhor análise do problema procedeu-se a construção da árvore de problemas, e identificação dos nós críticos destes. Achados :Como estratégias de enfrentamento foram propostas: a capacitação da equipe de saúde, a identificação de utentes com irregularidades no rastreamento do câncer de colo uterino e a elaboração de ações educativas com a comunidade. Conclusão: Conclui-se que, as atividades educativas são imprescindíveis na prevenção do câncer de colo uterino, tomando como ponto de partida os conhecimentos adquiridos pelas mulheres. Nesta perspectiva, a comunidade tem muito a ganhar ao poder estabelecer com os profissionais de saúde um diálogo participativo, cujas prioridades poderão ser ouvidas, favorecendo a indicação de estratégias de ação para aumento rastreio do cancro do colo do útero. PALAVRAS- CHAVE: Colo do útero, neoplasias do colo uterino, cobertura de serviços de saúde, programas de rastreamento. 2 1. INTRODUÇÃO 1.1.Contextualização O presente Artigo científico intitulado baixa taxa de rastreio do cancro do colo do útero em mulheres atendidas no PF do C.S da Munhava. Pretende debruçar de forma clara e exaustiva visto que, o Cancro é actualmente responsável por uma em cada seis mortes no mundo. No entanto, mais de 14 milhões de pessoas desenvolvem Cancro todos os anos (OMS, 2020). O cancro de colo de útero assume uma grande importância em termos mundiais na medida em que constitui segundo lugar entre as neoplasias mais frequentes nas mulheres, e representa cerca de 10% de todos os cancros na mulher adulta, afectando cerca de 1,4 milhão de mulheres. De acordo com MISAU (2019), em Moçambique os cancros mais frequentes entre as mulheres são: o cancro do colo do útero (31%), seguido do cancro da mama (10%) e do sarcoma de Kaposi (7%). Vale destacar que segundo a mesma fonte, o cancro do colo uterino, é uma doença prevenível e é de progressão muito lenta, excepto em pacientes imunodeprimidas. A forma mais eficaz de controle desse tipo de tumor é através do diagnóstico e tratamento das lesões precursoras e tumorais invasoras em seus estágios iniciais, quando o potencial de cura é expressivo (FERLAY, 2014). Nesta linha de raciocínio, no C.S da Munhava, dados mais recentes da Direção Provincial da Saúde de Sofala apontam para a perda de oportunidade no rastreio do cancro do colo do útero das mulheres atendidas no CPF. Essa situação traduz a inefetividade dos serviços de saúde no sentido de garantirem atendimento adequado não apenas em relação ao número de consultas, mas também aos serviços de atenção primária oferecidos. Diante do exposto, este Artigo tem como objetivo de propor um plano operacional para aumentar o rastreio do cancro do colo do útero no C.S da Munhava. 3 2. Metodologia: Descrição do Processo de Planificação (Todas Etapas do Ciclo de Planificação) No presente artigo, o Projeto de Intervenção foi construído a partir do diagnóstico situacional de um território delimitado (CS da Munhava). Este é um processo complexo que envolve, também a definição de objetivos, metas, participação ativa, corresponsabilização e disponibilidade de recursos físicos, humanos e material para a efetividade das ações. A partir da definição dos objetivos do problema priorizado, foi estabelecido os principais nós críticos presentes na comunidade estudada, identificados a partir da revisão de prontuários através da avaliação dos antecedentes ginecológicos e obstétricos, das consultas realizadas pelas enfermeiras da unidade, considerando a população feminina entre 25 e 45 anos: I. Baixa Cobertura. II. Ausência de atividades educativas sobre o exame de rastreio. III. Baixa qualificação da equipe para orientar adequadamente a população feminina. 4 2.1.Diagnóstico situacional do rastreio do cancro do colo do útero no C.S da Munhava. Elaborou-se um plano de ação para o problema relacionado a baixa taxa de rastreio do cancro do colo do útero, nas mulheres de 25 a 45 anos no C.S da Munhava. Assim ao realizar a análise situacional das ações de rastreio do cancro do colo do útero desenvolvidas no Centro de Saúde da Munhava, foi construída a árvore de problemas (Figura 1), apresentando, também, as principais consequências observadas se o projeto de intervenção proposto não for aplicado adequadamente. Análise FOFA Forças: Consolidação das capacidades do pessoal responsáve para a implementacao do plano (Enfermeiras de SMI); Integração dos serviços de rastreio no programa de atenção a mulher; Normas e políticas orientadoras para atenção no rastreio do cancro do colo. Fraquezas: Fraca autonomia financeira Sistema de Informação de Câncer está precário e dificulta o monitoramento dos casos. Oportunidades: Parcerias com organizações da sociedade civil Ameaças: Medo, vergonha ou desconhecimento [das mulheres] sobre o exame. 5 Figura 1 – Diagnóstico situacional do rastreio do cancro do colo do útero no C.S da Munhava, no ano de 2023. Fonte: Autora, 2023. NB: vergonha das mulheres sobre o exame. 6 Fonte: Autora, 2023. 7 2.2. Determinação das Prioridades Foi utilizado o método de atribuir o valor baixo, médio e alto para priorizar os problemas selecionados e também o fato de esta dentro ou fora da governabilidade, como pode ser observado no Quadro 3. Quadro 3 – Problemas identificados no C.S da Munhava, no ano de 2023. Problemas identificados no diagnóstico situacional Importância Capacidade de enfrentamento Sobrecarga de tarefas das ESMIs Média Dentro da governabilidade Ausência das actividades educativas sobre o cancro do colo do utero. Baixa Fora da governabilidade Baixo rastreio do cancro do colo do útero em mulheres atendidas na consulta PF no C.S da Munhava. Alta Dentro da governabilidade Fonte: Autora, 2023. Ausência das actividades educativas sobre o cancro do colo do utero. estava fora da governabilidade sendo atribuído o valor baixo. O outro problema encontrado foi Sobrecarga de tarefas das ESMIs apesar de esta dentro da governabilidade o valor atribuído foi médio . O baixa rastreio do cancro do colo do útero no C.S da Munhava em mulheres de 25 a 45 anos foi atribuído o valor alto estando dentro da governabilidade, tornou-se assim, o problema selecionado. 8 2.2.1. Seleção dos “nós” críticos Os “nós” críticos selecionados no C.S da Munhava foram: Baixa coberturada população, baixa qualificação da equipe, vergonha, dificuldade no acesso ao serviço, ausência de actividades educativas, sobrecarga de tarefas de ESMI, Insuficiencia de Insumos (ácido acético e espéculos). Definição de estratégias: Nome “Desperta Mulher, o Cancro mata em Silêncio, Cuide da sua saúde! 3. PLANO OPERATIVO Quadro 1: Plano Operativo proposto no C.S da Munhava. Situação problema Atividades Metas/Prazos Ações estratégicas Responsável Baixa taxa de rastreio do cancro do colo do útero em mulheres atendidas na CPF no C.S da Munhava. Capacitar a equipe da ESMI sobre a importância do Rastreio do cancro Capacitar 100% da equipe. Prazo: 4 semanas Palestras, rodas de conversa e oficinas sobre acolhimento, abordagem e importância do exame. Responsável de ESMI Elaborar acções educativas sobre a importância do VIA 50 Campanhas nas comunidades e US Prazo: 04 meses Distribuição de material de IEC, realização de oficinas, dinâmicas, rodas de conversa, salas de espera sobre a temática . Todos os profissionais da equipe. Fonte: Autora, 2023. 9 3.1 Plano de Monitoria Fonte: Autora, 2023 Objectivo garal: Aumentar o número de rastreio do cancro do colo do Útero Objectivo Específico Actividades Indicador Meta Responsável Ampliar a oferta de rastreio em várias portas Capacitar a equipe da ESMI sobre a importância do Rastreio do cancro N° de ESMItreinados 50 Téc Supervisor Provincial de SMI Difusão de informação Reproduzir e distribuir material de IEC N° de material de IEC reproduzido e distribuido. 50/dia ESMI 10 3.2 Orçamento: Actividades Metas Custo Fundos de Financiamento Observações Capacitar técnicos em trabalho 50 Téc 75.000.00 Mts Banco Mundial Água, almoço, subsídio de transporte, bloco de nota e esferográfica Alocar insumos para VIA 60 Espéculos Vaginais; 357.000,00 ECHO Espéculos de inox 120 Frascos de ácido acético 40.800,00 SDMAS Folhetos, cartazes, álbum seriado Prover palestras diariamente 2/dia/ano 10.000,00 NA Comunidades Disponibilizar material de IEC 50/dia 300.000,00 Banco Mundial Folhetos, cartazes, álbum seriado 11 4. CONCLUSÃO Em conclusão, o plano de ação proposto para abordar a baixa taxa de rastreamento do câncer de colo de útero no Centro de Saúde da Munhava é abrangente e direcionado para enfrentar os principais problemas identificados. O slogan escolhido é impactante e transmite a mensagem central de forma clara. Os objetivos e metas estabelecidos são específicos e alcançáveis, seguindo os critérios SMART. O plano de ação apresenta uma variedade de estratégias, desde campanhas de conscientização até a melhoria do acesso aos serviços de saúde e treinamento dos profissionais de saúde. As operações propostas são relevantes para abordar as causas identificadas e são adequadas ao contexto do Centro de Saúde da Munhava. A monitoria e avaliação das operações são aspectos bem considerados no plano, permitindo acompanhar o progresso, identificar áreas que necessitam de ajustes e avaliar o impacto das atividades realizadas. Isso proporcionará um feedback contínuo para aprimorar o plano e garantir que as ações estejam alcançando os resultados desejados. Pretendemos ainda com o plano operativo proposto, Aumentar a consciência e o conhecimento da população em geral, profissionais de saúde, sobre como prevenir e controlar o cancro uterino e como estrategia pretende-se definir campanhas públicas acerca dos factores de risco, incluindo a produção de material de comunicação e outros materiais (Albuseriados) para estarem disponíveis em todos os níveis de atenção à saúde, sobre os factores de risco do cancro uterino. Na mesma vertente, a proposta pretende criar mecanismos de Fortalecimento do programa de rastreio do cancro do colo do útero onde ira-se Assegurar que todas as portas do centros de saúde da Munhava designados para o rastreio tenham profissionais qualificados e equipamentos necessários. 12 Lições Aprendidas ao elaborar um artigo: É importante reconhecer a importância de aumentar a conscientização e a educação sobre o câncer de colo do útero e o rastreio como medidas preventivas. Entender a influência desses fatores na mudança de comportamento das mulheres em relação ao rastreio e como a educação pode ser uma ferramenta poderosa para promover a participação multidisciplinar na solução do problema envolvendo profissionais de saúde, educadores, gestores de saúde, líderes comunitários e outros atores relevantes. Identificar as parcerias e colaborações necessárias para melhorar a taxa de rastreio do câncer de colo do útero. Explorar e analisar os fatores que levam ao baixo rastreio do câncer de colo do útero, como falta de conscientização, acesso limitado aos serviços de saúde, barreiras socioculturais, entre outros. 13 5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFIAS OMS (2020)– Tudo sobre o cancro do colo do útero. In Em linha. Disponível em WWW:<URL:http://www.roche.pt/sitestematicos/infocancro/index.cfm/tipos/cancro-do- colodo-tero/>. Ministério da Saúde (2019), Direcção Nacional de Saúde Pública, Departamento de Doenças Não Transmissíveis. FERLAY, J. (2014) – Câncer incidence, mortality and prevalence worldwide. In IARC cancer base nº5. Version 2. Lyon, France.pu
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