Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Coaching e Mentoring | Breve Introdução www.cenes.com.br | 1 DISCIPLINA COACHING E MENTORING CONTEÚDO Liderança – Prática nas Organizações Coaching e Mentoring | Breve Introdução www.cenes.com.br | 2 A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem permissão por escrito do autor e do editor. O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). Atualizações e erratas: este material é disponibilizado na forma como se apresenta na data de publicação. Atualizações são definidas a critério exclusivo da Faculdade Focus, sob análise da direção pedagógica e de revisão técnica, sendo as erratas disponibilizadas na área do aluno do site www.cenes.com.br. É missão desta instituição oferecer ao acadêmico uma obra sem a incidência de erros técnicos ou disparidades de conteúdo. Caso ocorra alguma incorreção, solicitamos que, atenciosamente, colabore enviando críticas e sugestões, por meio do setor de atendimento através do e-mail secretaria@cenes.com.br. © 2021, by Faculdade Focus Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro Cascavel - PR, 85801-050 Tel: (45) 3040-1010 www.faculdadefocus.com.br Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por marcadores. Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e DESCOMPLICADA pelo conteúdo. http://www.cenes.com.br/ secretaria@cenes.com.br. http://www.faculdadefocus.com.br/ Coaching e Mentoring | Breve Introdução www.cenes.com.br | 3 Sumário Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 1 Breve Introdução ------------------------------------------------------------------------------------------ 4 2 Liderança nas Organizações e Suas Práticas ------------------------------------------------------- 5 2.1 Liderança: conceito ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 5 2.2 Liderança: motivação ------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 2.2.1 Definição de Motivação --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 15 2.2.2 Teorias Psicológicas --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 16 2.3 Liderança: qualidade de vida no trabalho ----------------------------------------------------------------------- 25 2.3.1 Conceitos Norteadores ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 26 2.3.2 Atuação Dentro das Organizações -------------------------------------------------------------------------------------------- 27 2.3.3 Saúde Mental ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 27 2.4 Liderança: o líder e o processo decisório ------------------------------------------------------------------------ 28 2.4.1 Tomadas de Decisão e Seus Elementos ------------------------------------------------------------------------------------- 29 2.4.2 Tomadas de Decisão e Suas Fases -------------------------------------------------------------------------------------------- 31 2.4.3 Fatores Determinantes ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 32 3 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 33 Coaching e Mentoring | Breve Introdução www.cenes.com.br | 4 1 Breve Introdução Iniciando o tópico relacionado a Liderança nas Organizações, faremos uma breve introdução, acerca do que será nosso objeto de estudo. Liderança, basicamente, é o poder de influenciar alguém, fazendo com que uma pessoa faça o que o outro quer, por influência de uma terceira pessoa ou do próprio indivíduo, ou seja, o colaborador é capaz de respeitar, admirar ou ter empatia, independentemente se possui um cargo específico. Entretanto, há o cargo na estrutura hierárquica (conhecida como organograma), neste caso, o indivíduo se submete porque há um superior, sem necessariamente qualquer ligação afetiva com quem está acima. Sempre há, mesmo que gradativamente, esta relação de respeito por e para com o poder. Neste caso, lembre-se que o motivo é o cargo superior. É essencial que você saiba diferenciar um chefe de um líder, pois um chefe ocupa uma posição maior na hierarquia, é aquele cujas ordens devem ser obedecidas a todo custo. Você pode identificar um chefe como aquele indivíduo que, passando pelo corredor, todos abaixam a cabeça, pois isso faz parte do poder que ele possui, o tornando legítimo. Já a liderança simplesmente surge. Há uma frase conhecida que diz: “o líder de hoje, não é o líder de amanhã”, isto é, um sujeito pode ser o líder hoje e, a depender da situação, o colega será o líder no dia seguinte, pois o poder de liderança está nos liderados. Desta maneira, a capacidade de liderar é importante para todos os indivíduos que dirigem times e equipes, a Teoria Comportamental da Administração desenvolve e ajuda a entender o complexo deste processo social. OBSERVE QUE, existem diversas definições sobre o que é a liderança, uma delas Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 5 sinaliza que é uma arte de comandar pessoas, influenciando e atraindo seguidores de forma positiva, com o comportamento e a mentalidade. Também pode-se afirmar que é um processo de conduzir ações ou influenciar comportamentos e a mentalidade de outras pessoas, com o fim de atingir um objetivo maior. Por exemplo, um administrador pode ser influenciado por um colega de profissão que nunca viu ou até mesmo que viveu em outra época. Note que a motivação e a qualidade de vida no trabalho figuram como fatores influenciadores no processo decisório da liderança, veja tópicos que estão no nosso conteúdo programático, compondo itens a serem estudados gradativamente compreendidos no decorrer na disciplina. Feito estas breves considerações, daremos continuidade ao nosso material! 2 Liderança nas Organizações e Suas Práticas 2.1 Liderança: conceito A palavra liderança tem origem inglesa, vem da expressão “leader” que, por sua vez significa chefe, líder. A partir disso, podemos entender que, aquele que exerce a liderança opera o controle da empresa e, para isso, devemos observar determinadas características no indivíduo que a exerce. Além disso, devemos destacar a responsabilidade que recai sobre aqueles que exercem alguma função de autoridade, como os chefes, gerentes e, até mesmo, os líderes. Assim, nas palavras de Silva (1996), o sujeito será considerado líder quando puder, por influência pessoal, convencer outras pessoas a segui-lo e agir de acordo com as suas regras. É incrível como uma pessoa pode ter tanta influência sobre a vida de outra e, é justamente essa capacidade de influenciar que caracteriza uma boa liderança. Neste sentido, Silva (1996) e Silva e Zanelli (2008) também admitem que a liderança está associada a habilidade do indivíduo de influenciaroutras pessoas. Mas está cada vez Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 6 mais difícil encontrar pessoas com essa habilidade e, por isso, as organizações não estão mais concentrando seus esforços em buscar líderes, mas sim, em formar bons líderes. Tajra e Santos (2014), compreendem que um líder evolui e se perfeiçoa, o modelo anterior não é o suficiente para as necessidades da sociedade contemporânea, o esforço para formar bons líderes, potencializando as habilidades dos indivíduos deve ocorrer, ambas citam que: [...] o papel do líder também teve que se aperfeiçoar e evoluir. O modelo comportamental anterior, que tomava decisões, movimentava recursos e questionava se o colaborador gerava o melhor resultado para as organizações não é mais suficiente para responder a todas as necessidades atuais. Os líderes devem estar num processo contínuo de autoconhecimento, autoavaliação e autocrítica e promoverem o mesmo com sua equipe; em outras palavras, deve potencializar as habilidades das pessoas [...] (TAJRA E SANTOS, 2014, p. 12, grifo nosso). Contudo, lembre-se que o líder só chega a esta posição se autorizado por alguém, logo, nesta relação existem duas figuras, o líder que é aquele que influência e o liderado, o influenciado. Desta forma o líder influência um grupo de liderados a praticar determinados comportamentos em busca de atingir um objetivo (MEGGINSON et al., 1998). Ainda, Silva e Zanelli (2008) evidenciam que a influência só se caracterizará em favor da cooperação, quando houver uma finalidade almejada. Por outro lado, quando consideramos a liderança como um fenômeno social1, a liderança envolve certos papéis sociais repletos de expectativas. Devido a influência da tecnologia em, praticamente, todo mercado de trabalho. A liderança se tornou uma característica essencial e, um diferencial competitivo, pois com ela o sujeito é capaz de alcançar resultados específicos e, de conquistar seu espaço no mercado. Todavia, se a liderança for exercida de forma desleixada é certo 1 Para a Sociologia, são as ações e comportamentos, observados em uma organização, sociedade e grupos, um exemplo de fenômeno social é o aumento do emprego. Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 7 de que ocorrerão, tanto perdas de posição como de desempenho. Tajra e Santos (2014), compreendem que para ser um líder, as competências devem ser desenvolvidas, ou seja, o indivíduo não nasce líder. Ambas autoras elencam as competências que qualquer indivíduo pode desenvolver em algum momento da vida, citam que: O líder é a pessoa que relaciona os objetivos da empresa e os métodos e meios de atingi-los. É a pessoa que combina as habilidades técnicas e comportamentais, e que possui competências para mobilizar os recursos humanos, financeiros, o tempo e o que houver disponível para o melhor desempenho da empresa. O líder deve possuir alta capacidade de adaptação, comunicação assertiva, decisão e firmeza em momentos de transição para guiar corretamente seus subordinados na melhor direção. O que torna o líder imprescindível para o bom desempenho da empresa é, sem dúvida, a capacidade de influenciar positivamente as pessoas, de modo que o líder é fundamental para o rendimento das equipes de trabalho. Nesse processo de influir, ele possibilita o engajamento dos colaboradores, que, com atitudes mais comprometidas, proporcionam melhor resultado para as organizações. (TAJRA E SANTOS, 2014, p. 13, grifo nosso). Já o autor Schein (2007), destaca o líder como um gerador de cultura, ele compreende que a cultura é iniciada com os líderes, que impõem as próprias suposições e valores a um grupo, desta maneira, se um grupo é sucedido, a cultura irá definir às próximas gerações e os tipos de liderança aceitáveis. Schein (2007) afirma que é neste momento que a cultura define a liderança, entretanto, o grupo passa por dificuldades de se adaptar, entrando em ação a liderança novamente. Nesta etapa a liderança é a habilidade de ficar à margem da cultura, iniciando processos de mudança, a capacidade de perceber limitações da cultura e a desenvolver a essência e o desafio final da liderança, assim compreende Schein (2007). A cultura de uma organização pode influenciar na liderança, o autor Schein (2007) ainda traz a importância da cultura, afirmando que: [...]os gerentes falam em desenvolver o “tipo correto de cultura”, uma “cultura de qualidade” ou uma “cultura de serviço ao cliente”, sugerindo que cultura tem a ver com certos valores que Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 8 eles estão tentando inculcar em suas organizações. Está também implícita nisso a suposição de que há culturas melhores ou piores e culturas mais fortes ou mais fracas, e que o tipo “correto” de cultura influenciará o quão eficaz será uma organização. Na bibliografia gerencial há, frequentemente, a implicação de que ter uma cultura é necessário para o desempenho eficaz, e que, quanto mais forte a cultura, mais eficaz é a organização (SCHEIN, 2007, p.6, grifo nosso) Na visão de Silva e Zanelli (2008), as discussões acerca do fenômeno da liderança vem se postergando através do tempo, existem estudos que mencionam que ela já estava presente desde Maquiavel e sua relação de poder. Ao longo da história, diversos autores dissertaram a respeito de relações de poder. As autoras Tajra e Santos (2014) compreendem que: Historicamente e com papéis específicos, em função de linhas de pensamentos diferentes, Michel Foucault, Maquiavel, Karl Marx, Marx Weber abordaram o conceito. Podemos dizer que há um ponto de convergências entre todas as contribuições feitas por eles, e, ao utilizarem as mesmas considerações discutidas muitos anos atrás, temos a sensação de tratarmos de atualidades. Definimos, dessa forma, que o poder é o exercício da liderança expresso nas relações sociais, nas quais se declara a habilidade de impor algo a alguém ou a algum grupo, declarando-se uma manifestação de autoridade (TAJRA E SANTOS, 2014, p. 121). A liderança se destaca na história, e, com tantas mudanças ocorridas na sociedade, as pesquisas relacionadas a liderança não podiam se manter estáticas e, com isso, podemos acompanhar uma evolução histórica com o passar dos anos (CAVALCANTI et al. 2005 e MEGGINSON et al. 1998): Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 9 Figura 1- Teorias da Liderança e Suas Principais Características Fonte 1: Núcleo Editorial Faculdade Focus Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 10 A partir disso, podemos constatar que em cada fase da história surgiram diferentes estilos de liderança, alguns predominaram mais e outros menos, isso se dá pela interferência de inúmeros fatores, mas nenhum estilo pode anular o outro (SILVA E ZANELLI, 2008). Desta forma, antes de definir um modelo de liderança, diversos aspectos precisam ser considerados, como por exemplo, a cultura e o local em que se está inserido, esses fatores podem influenciar direta ou indiretamente ao estilo de liderança que mais se adequará a situação. Entretanto, diversos líderes não observam a cultura e o local, em muitas empresas a liderança hierárquica está presente sem uma troca de conhecimento. Os autores Brillo e Boonstra (2019), ressaltam a liderança hierárquica, assim ambos afirmam que: [...] parte do mundo empresarial ainda vive o paradigma da liderança hierárquica de cima para baixo, em que o que deveria ser uma troca de conhecimento entre líder e liderado acaba condicionado pelo hábito da relação hierárquica de transmissão do conhecimento. Esse paradigma se torna um círculo vicioso que limita a criatividade e a inovaçãodos líderes no sentido de querer se transformar, trocar efetivamente conhecimento em rede no seu entorno e servir de modelo positivo para os liderados. Mais do que falar sobre a necessidade de inovar ou se renovar, o líder deve “falar” e “caminhar” inovando, dando exemplo nas próprias ações do dia a dia. Ao agirem dessa maneira, podem romper o paradigma da hierarquia na transmissão do conhecimento e desenvolver um ambiente de cocriação de soluções diferentes e melhores, criando valor para os clientes e as demais partes interessadas (BRILLO E BOONSTRA, 2019, p.77, grifo nosso). De acordo com Cavalcanti et al. (2005), evidenciam o modelo de liderança elaborado por dois especialistas do assunto, Vroom e Yetton. Este modelo trata sobre o comportamento e sobre a participação dos comandos no processo decisório, de modo que apresente ao líder determinadas regras que devem ser seguidas, de acordo com a quantidade e com a forma participativa aplicadas a diferentes situações. Além disso, esse modelo defende que a atuação do líder deve ser continuum, ou seja, em determinados momentos o líder terá um maior controle da situação e, em outros momentos, esse controle estará sobre o comandado, evitando uma liderança Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 11 hierárquica sem troca de conhecimentos, observe o quadro a seguir: Figura 2- Estilos de Liderança Fonte 2: CAVALVANTI et al., 2005. (Adaptado). É importante ressaltar que não há um modelo ideal, Tajra e Santos (2014) compreendem que muitas organizações acreditam em um modelo, e questionam a melhor forma de um líder atuar, as autoras respondem que: [...] todas as formas são adequadas, porém haverá variações conforme cada situação e contexto da organização. É muito importante o líder estar atento para a maturidade de sua equipe. Esse é um dos grandes indicadores para a escolha do tipo de liderança mais efetivo para aquele Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 12 momento e contexto. (TAJRA E SANTOS, 2014, p. 14). A expressão liderar vai muito além de só definir um estilo, um bom líder deve possuir uma visão aguçada, uma linguagem diferenciada e coerência em suas ações e palavras. Na visão de Megginson et al. (1998), quando analisamos esses fatores a um nível corporativo ficam evidentes diversos papeis, como: Figura 3- Diferenciando o Chefe, Gerente e o Gestor-líder Fonte 3: Núcleo Editorial Faculdade Focus Diante disso, é muito importante que o líder seja capaz de administrar os níveis de: Chefe O chefe é aquela autoridade formal, que tem autonomia para comandar, representar e decidir questões relativas a sua função. Gerente É o chefe que detem conhecimentos específicos para desenvolver o pleno exercício das funções administrativas. Gestor-líder É aquele que foi designado para uma função temporária ou permanente. Ele é capaz de influenciar a equipe e conduzi-los em determinadas situações Informações Clareza Auxílio ao grupo Aceitação Temporalidade Fonte: 4 Núcleo Editorial Faculdade Focus Figura 4- Níveis Que o Líder Deve Administrar Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 13 Sendo assim, a liderança só será eficaz se o líder puder influenciar seus liderados e, isso será medido pelo grau de interação entre eles. Por isso, é necessário definir qual estilo de liderança será adotado e, quanta interação será envolvida no processo decisório. OBSERVE QUE, é a maturidade da equipe que irá definir o estilo! Entretanto, Tajra e Santos (2014) abrangem que deve ser observado outro fator, a personalidade de cada indivíduo. Como um líder, o aprimoramento deve ocorrer melhorando o desempenho, mas não se pode esquecer que há uma personalidade que caracteriza o indivíduo como ser humano, cita Tajra e Santos (2014). É ESSENCIAL respeitar o que o sujeito é; criar uma fantasia não é a melhor opção, pois a pessoa pode perder a confiança dos liderados. • Além da cultura organizacional e personalidade dos sujeitos, a motivação também influencia em uma liderança, compreenderemos mais a seguir! 2.2 Liderança: motivação A motivação é o impulso que move o ser humano, e o incentiva a tomar determinados comportamentos. A motivação está diretamente ligada a relação do líder com seus liderados, pois um bom líder sempre mantém o seu grupo de liderados motivados, mas, antes de tudo, precisamos compreender exatamente no que consiste a motivação. O comportamento organizacional é uma área de estudo que avalia qual é o impacto da empresa no comportamento dos indivíduos, ou seja, o que interfere. Uma frase recorrente é a de que a motivação é a força propulsora do comportamento, e esse comportamento da origem ao desempenho. O desempenho é o resultado do comportamento que sofre a interferência da Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 14 motivação. Se a motivação for alta, a tendência é que o comportamento seja melhor e o desempenho também, mas se o funcionário não possui motivação, o comportamento não é bom, o mesmo ocorre com o desempenho. A motivação dá o sentido, direção, intensidade e persistência, pois se você está motivado há um comportamento melhor, um resultado melhor ocorre, mas se a necessidade não for satisfeita a frustração pode surgir. O treinamento, a habilidade e a personalidade interferem na motivação, um exemplo é quando você possui facilidade em uma matéria, você irá estudar mais para este conteúdo, há uma motivação, em uma matéria difícil a motivação é baixa. Isto ocorre porque a habilidade interfere, assim como o seu interesse. Entretanto, se o indivíduo é bem treinado, a tendência é que o comportamento seja melhor! Outro fator que influencia é o relacionamento entre as pessoas, uma relação ruim com alguém da empresa pode interferir na motivação, note que são diversas as interferências, mas é importante que o funcionário possua a motivação, pois consequentemente, melhor será o comportamento. O comportamento humano, sofre interferência de conflitos, interferência de trabalho em equipe, motivação, clima organizacional, entre outros. Desta maneira, a empresa deve sempre buscar estratégias para melhorar o comportamento. Tajra e Santos (2014) trazem a respeito da motivação, ambas compreendem que: [...] podemos dizer que pessoas motivadas liberam energia positiva para seus pares, mas o cerne da programação comportamental também serve para o sentido oposto. Se tivermos uma pessoa desmotivada, ela pode atingir os pares e impactar o projeto e a empresa no sentido negativo. Agora você deve ter entendido por que as empresas investem tanto em competências comportamentais, que são fatores fundamentais para uma conduta motivada e Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 15 possuem uma relação direta com a melhora dos resultados organizacionais. (TAJRA E SANTOS, 2014, p. 85, grifo nosso). 2.2.1 Definição de Motivação Na visão de Robbins (2002), a motivação nada mais é do que um estado mutável e, não um traço de personalidade como muitos pensam. Ela se relaciona diretamente com fatores internos e externos, como, por exemplo, atitudes, memória e estímulos. Neste sentido, Ciccotti (2010) afirma que a motivação se trata de uma orientação para a ação no cotidiano e, sendo assim, ela está mais ligada as ações que envolvem um processo criativo e de interação com outras pessoas, e não com ações rotineiras. Ainda, complementa Robbins (2002), dizendo que existem inúmeras teorias acerca da motivação, analisando-a sobre diferentes óticas como, a finalidade ou conteúdo e através dos fatos internos ou externos. OBSERVE QUE, todas as pessoas possuemum DNA único, as pessoas são diferentes, têm necessidades particulares, mas a conduta para viver em sociedade traz traços semelhantes, todos temos reações parecidas, há um padrão de comportamento, afirma Tajra e Santos (2014). Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 16 A motivação está muito mais relacionada com a expectativa da satisfação do que com a própria satisfação em si. Note que você fica mais motivado em uma ida de viagem do que na volta, pois na volta, você já satisfez a sua necessidade, você volta para o equilíbrio. É possível compreender o comportamento se forem identificadas as necessidades. Quando você consegue identificar a necessidade, você consegue compreender o porquê de tal comportamento. ATENÇÃO! Um erro que muitos líderes cometem é o de atender a necessidade do funcionário, para que o motive para trabalhar. Um exemplo são pais que cometem este mesmo erro “te darei um celular, mas tire nota boa”, o correto seria “tire uma nota boa e te darei um celular”. 2.2.2 Teorias Psicológicas 2.2.2.1 Primeira Fase Segundo Robbins (2002) e Ferreira et al. (2006), existem várias teorias motivacionais que se originam a partir da busca incansável de construir alguma necessidade, como: → A pirâmide de Maslow - Teoria hierárquica das necessidades Para essa teoria, desenvolvida por Abraham Maslow, a motivação não passa de necessidades que podem ser dispostas em uma ordem hierárquica, onde possuem uma prioridade maior aqueles mais básicos e os superiores, na medida em que são acolhidos os mais básicos, ou seja, os colocou em ordem de urgência. Esta é uma das teorias de motivação mais importante, Maslow compreendia Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 17 que as necessidades dos seres humanos obedecem a uma escala de valores. Quando um sujeito realiza uma necessidade, há o surgimento de outra no lugar, desta maneira o indivíduo busca satisfazer. Maslow compreende que nenhuma ou poucas pessoas procuram um status ou reconhecimento pessoal se as necessidades básicas estão insatisfeitas. Abaixo há a explicação de cada necessidade, assim, são consideradas as: 1) Necessidades Fisiológicas: Estão na base da pirâmide, são necessidades básicas, como comer e dormir. 2) Necessidades de Segurança: Acima das fisiológicas, é a que o empregado pode se sentir seguro quanto à permanência no emprego. 3) Necessidades Sociais: Acima da necessidade de segurança, consiste na participação em sociedade, se a necessidade social não é satisfatória, o indivíduo tende a ficar mais hostil. 4) Necessidade de Estima: Acima da necessidade social, faz com que a autoconfiança e o valor tomem lugar e tornem o indivíduo mais confiante. Note que casar é uma necessidade social, ser um bom marido é uma necessidade de estima. 5) Necessidade de Autorrealização: No topo da pirâmide, é relacionada ao que a pessoa quer se tornar, as necessidades elevadas possuem a tendência de ficar em segundo plano. Um exemplo é uma pessoa que mora em um local perigoso, com risco de desmoronamento. Aqui não se pensa em necessidades sociais, note que o indivíduo possui suas necessidades fisiológicas, mas a segurança ainda não foi alcançada. Desta maneira, perceba que só se busca a próxima hierarquia da pirâmide quando se está seguro nas anteriores. Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 18 ATENÇÃO! Maslow estabelecia uma hierarquia na satisfação das necessidades, ele compreendia que o indivíduo iria tentar atender uma necessidade fisiológica, e somente depois que essa necessidade fosse satisfeita se iria buscar atender uma necessidade de segurança, e assim consecutivamente. Para Maslow, há uma hierarquia no alcance das necessidades, indo da base para o topo. Entretanto, na atualidade sabemos que não existe uma hierarquia, tudo irá depender da prioridade de vida de cada um. Observe a seguir a pirâmide de Maslow: Figura 5- Pirâmide de Maslow Fonte 5: CHIAVENATO, 2004. (Adaptado). Se alguma dessas necessidades não forem sanadas, pode ocasionar em frustração, o que acarreta numa série de fatores que prejudicam o rendimento. Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 19 É com uma formação ou treinamento individual dirigido ao liderado, o preparando para enfrentar obstáculos no trabalho, que faz com que os colaboradores se sintam mais confiantes, evitando o baixo rendimento e a não realização pessoal. Isto ocorre, porque a formação busca em cada colaborador um maior nível de qualidade, e isso faz com que se sintam mais motivados e valorizados, melhorando os resultados. Para Maslow, a satisfação das necessidades básicas motivava o indivíduo para o trabalho. Na atualidade, a satisfação das necessidades primárias não motiva o indivíduo para o trabalho, apenas não desmotiva. Se não se tem as necessidades fisiológicas há a frustração, mas se há as necessidades fisiológicas, não motiva o indivíduo. → Teoria ERC (Clayton Alderfer) A teoria ERC foi elaborada pelo psicólogo americano Clayton Alderfer 1969 e, foi considerada um aprimoramento da pirâmide de Maslow. Para Alderfer, existem inúmeras necessidades que podem ser ativadas simultaneamente, assim, quando as pessoas estão motivadas, sobem de um nível para outro e quando se frustram, regridem e buscam a satisfação das necessidades inferiores. A teoria ERG é uma sigla de necessidades, uma releitura da pirâmide de Maslow, mas sem a hierarquia, as Existências (são as necessidades fisiológicas e de segurança de Maslow), as de Relacionamento (social e estima de Maslow) e o Crescimento (autorrealização de Maslow). Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 20 Ao contrário de Maslow, Alderfer compreendia que a motivação não obedece apenas ao sentido progressivo, mas pode também ser regressivo na medida em que a frustração é elevada. As pessoas podem se sentir motivadas por um determinado nível e ir para outro nível, progredindo ou regredindo. Desta maneira, o progresso ocorre durante a satisfação e o regresso durante a frustração. → Teoria dos dois fatores (Frederick Herzberg) O pai da teoria dos dois fatores é o psicólogo e professor americano Frederick Irving Herzberg. De acordo com Herzberg, existem dois tipos de fatores, os higiênicos e os motivacionais, logo quando os fatores higiênicos são negligenciados geram a insatisfação do sujeito e, consequentemente, quando os fatores motivacionais são realizados resultam na satisfação do sujeito. Diferentemente de outros pensadores, como Maslow, que tentava explicar as necessidades humanas em diversos campos, a Teoria de Herzberg foi baseada no estudo das atitudes e motivações dos funcionários dentro de uma empresa. Fonte 6: Portal do Marketing, Teoria ERG ou ERC de Alderfer. (Adaptada). Disponível em: < http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos3/Teoria_ERG_ou_ERC_de_Alderfer.htm> Figura 6- Mapa Mental, Teoria ERG ou ERC Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 21 Herzberg estudou para entender os fatores que causam a insatisfação e os que são responsáveis pela satisfação no ambiente. Para ele, existem dois fatores que orientam o comportamento das pessoas, sendo eles: 1. Fatores Higiênicos ou fatores extrínsecos - estes são localizados nos ambientes que rodeiam o indivíduo, abrange condições das quais desempenham seu trabalho. Exemplo: o benefício social, salário, tipos de chefia ou condições físicas e ambientais de trabalho. As pesquisas de Herzberg mostraram que quando os fatores higiênicos são ótimos, eles evitama insatisfação dos empregados, mas apenas evitam, pois quando elevam a satisfação não conseguem a sustentar por muito tempo. Quando um fator higiênico é precário, provoca a insatisfação dos empregados. 2. Fatores Motivacionais ou fatores intrínsecos - é relacionado com a natureza das tarefas que a pessoa executa e o conteúdo do cargo. Estes fatores ficam sob o controle do sujeito, pois é relacionado com o que ele faz e desempenha. Envolve um sentimento de crescimento e depende de tarefas que o indivíduo realiza no trabalho. Quando um fator motivacional é ótimo, provoca a satisfação nas pessoas. Quadro 7- Fatores Higiênicos e Não Higiênicos São Fatores Motivacionais São Fatores Higiênicos Realização Benefícios e incentivos sociais. Trabalho em si Administração da empresa. Responsabilidade Relações com o supervisor. Progresso Salário. Reconhecimento Condições de trabalho. Fonte 7: Núcleo Editorial Faculdade Focus • Note que a satisfação no cargo depende dos fatores motivacionais e a insatisfação no cargo depende dos fatores higiênicos. Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 22 OBSERVE QUE, para Herzberg o salário é um fator higiênico, ou seja, te podem oferecer 100 Mil, mas se você não gostar da sua função você não a executa com motivação. A relação com o supervisor também é um fator higiênico, pois pode ocorrer o abuso, por exemplo, pense que se faz mal para a sua cabeça, sua higiene mental, será um fator higiênico, esse é um macete simples, mas que pode te auxiliar. • Note também que a teoria de Maslow e Herzberg, apresentam pontos de concordância, ambas compreendem que os fatores Higiênicos se referem a necessidades básicas, e que os fatores motivacionais se referem a necessidades secundárias; → Teoria das necessidades socialmente adquiridas (David McClelland) David McClelland também era um psicólogo americano e, foi o responsável por idealizar a teoria das necessidades adquiridas. Para essa teoria existem três necessidades distintas e que podem variar de pessoas para pessoas, são elas: realização, que se traduz em qualidade e sucesso; poder, que pode ser entendido como a influência e o controle, exercido sobre outras pessoas; e a associação que pode ser entendida como o relacionamento interpessoal. Ele não estabelece uma hierarquia, mas afirma que existem pessoas que possuem mais necessidade de poder, de mandar nos outros. Há pessoas que possuem uma maior necessidade de afiliação, namorar, casar, ter amigos, filhos e família. Por fim, existem pessoas que possuem uma maior necessidade de crescimento profissional, de estudo e de aprendizado. • Ele afirma que todos temos as três necessidades, mas que, em algumas fases da vida, podem aparecer mais umas do que outras. O poder está relacionado a ser chefe, mandar no outro e ser um líder, a afiliação está relacionada a parte social e a realização ligada ao estudo. Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 23 As teorias motivacionais baseadas em finalidade ou conteúdo, têm por finalidade chamar atenção para as questões internas do sujeito, elas podem ser identificadas e distinguidas uma das outras por meio do momento histórico em que estão inseridas. 2.2.2.2 Segunda Fase De acordo com Robbins (2002) e Ferreira et al. (2006), as teorias psicológicas do segundo momento tem por objetivo explicar a motivação com base em comportamentos externos, são elas: → Teoria X e Y (Douglas McGregor) O professor economista Douglas McGregor elaborou a teoria X e Y na década de 50. Na teoria, McGregor alega que existem dois fatores capazes de influenciar o comportamento humano e, os batizou como teoria X e teoria Y. A teoria X defende que as pessoas gostam de ficar acomodadas e valorizam muito a segurança e a estabilidade, não possuem ambição e evitam ao máximo responsabilidades, ou seja, na teoria X a uma predominância das necessidades inferiores. Já na teoria Y, as pessoas anseiam por ação e por atividades desafiadoras, elas tomam suas próprias decisões e traçam seus objetivos, ao contrário da teoria X, na teoria Y as necessidades superiores dominam. → Teoria da equidade (J. Stacy Adams e G. C. Homans) A teoria da equidade, como o próprio nome já diz, defende que as pessoas buscam por um equilíbrio nas recompensas e, somente quando as coisas ficam instáveis buscam estratégias de ação para retornar ao eixo. → Teoria da definição de objetivos (Edwin Locke e Gary Latham) Também conhecida como a teoria do estabelecimento de metas, a teoria da definição de objetivos defende que o sujeito só conseguirá atingir um objetivo se tiver motivação, logo, para que haja motivação o suficiente, os objetivos precisam ser nítidos e desafiadores, só assim o sujeito conseguirá mantem um desempenho satisfatório até que alcance-os. Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 24 Além disso, é necessário adotar uma atitude de confiança, a qual se traduz em conhecimentos e habilidades, então é a partir de oportunidades, condições e recursos que o sujeito atingirá seu objetivo. → Teoria da expectativa (Victor H. Vroom) Para o professor Victor H. Vroom a motivação se origina de três fatores distintos e simultâneos: a valência, esse fator está relacionado ao quanto a pessoa almeja determinado resultado e, com o valor que aquilo representa para ela, seja por uma recompensa ou seja por um incentivo; a instrumentalidade, ocorre quando o sujeito pensa que, de alguma forma, o resultado está relacionado a uma forma de recompensa; e a expectativa, que se caracteriza quando o sujeito percebe que todos os esforços que deposita em determinada situação, os deixam mais próximo de seu objetivo. É com a reunião de todos os fatores que se constrói a motivação e a expectativa de poder para atingir o objetivo desejado. O nível da motivação advém de três relações, a relação esforço- desempenho, a relação desempenho-recompensa e da relação recompensa- metas pessoais. → Teoria psicanalítica (Sigmund Freud) Para a teoria psicanalítica existem vontades presentes no nosso inconsciente que governam nosso comportamento e precisam ser atendidas. Desta forma, a motivação é a busca pela satisfação de desejos ou pela fuga do sofrimento, é assim que determinamos nosso comportamento. → Teoria do reforço – Behaviorismo (Burrhus Frederic Skinner) Para a teoria do reforço, a motivação está ligada a emissão-ação. O comportamento do sujeito é algo que precisa ser compreendido através de sua capacidade de gerar determinadas consequências, além de manter uma relação direta entre as condições ambientais e o comportamento humano em si. Na visão de Bock (2000), os desejos não passam de representações psíquicas que demonstram as necessidades do corpo humano e, nos conduzem em direção ao objetivo almejado, é a mesma tensão suportada pelo corpo quando necessita de algo. Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 25 Por outro lado, a psicanálise2 assemelha o contexto social a um reflexo que transmite a imagem do que acontece no inconsciente da pessoa. Já o behaviorismo3 confere ao contexto social uma figura de aliciador, que provoca e instiga determinados comportamentos e ações. 2.2.2.3 Terceira Fase (Atual) Na opinião de Robbins (2002), os processos motivacionais organizados e empresas precisam ser analisados com cautela e prudência, pois eles envolvem inúmeros fatores. De acordo com Ferreira et al. (2006), as ações devem ser voltadas aos comportamentos individuais e coletivos, buscando sempre estabelecer um modelo de gestão que seja capaz de compreender as pessoas envolvidas, evidenciando as percepções e a atenção dos colaboradores.Esses fatores podem mostrar o diferencial competitivo de uma organização para outra. Desta forma, dependendo de qual referência motivacional será adotada para gerir essas percepções, será capaz de modificá-las. Na visão de Archer (1997), o comportamento da pessoa frente a determinada situação é capaz de apontar uma direção, podendo ser tanto positiva como negativa. Neste caso, fatores de motivação podem ser considerados como sinônimos de fatores de satisfação. 2.3 Liderança: qualidade de vida no trabalho Atualmente as empresas vêm se preocupando cada vez mais com a saúde e o bem- estar físico e mental de seus colaboradores e, esse fator passou a interferir no 2 O dicionário da Língua Portuguesa Priberam define como: Um método de tratamento criado por Sigmund Freud que se baseia na exploração do inconsciente. 3 Baum (2019) traz a definição de behaviorismo como: Uma ciência chamada de análise do comportamento, filosofia da ciência, ou seja, a filosofia sobre o comportamento. Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 26 desempenho funcional das organizações. Neste sentido, ressaltam-se dois posicionamentos divergentes, o direito ao bem-estar e a satisfação no trabalho e, os objetivos organizacionais no que diz respeito a produtividade e a qualidade. De acordo com Silva e Zanelli (2008) e com Robbins (2002), a qualidade de vida no âmbito organizacional está relacionada com a otimização da capacidade humana do liderado, por isso, é preciso que eles estejam bem e tenham consciência disso. Medir a qualidade de vida no trabalho, é a mesma coisa que aferir o quanto a organização é eficiente em satisfazer as necessidades de seus empregados através do trabalho. 2.3.1 Conceitos Norteadores Existem diversos fatores que são capazes de determinar o nível de bem-estar do empregado no trabalho, são eles: o reconhecimento quando se alcança algum resultado; a satisfação com o trabalho realizado; a possibilidade de crescimento na empresa; a remuneração de forma geral; o relacionamento com outros funcionários e com o líder; o ambiente de trabalho; a participação na empresa; a liberdade e responsabilidade de decidir; entre outros. Entretanto, entre todos esses componentes podemos destacar a percepção do indivíduo (PAVÃO, 2013). O bem-estar dos liderados vai muito além desses fatores, também precisam ser considerados os aspectos intrínsecos (conteúdo) e os aspectos extrínsecos (contexto) que estão envolvidos na relação. Para medir esses aspectos, podem ser consideradas as atitudes dos liderados com relação a produtividade individual e em grupo, se estão motivados para realizar o trabalho e se possuem facilidade em se adaptar a mudanças, bem como a criatividade e o desejo de inovar (PAVÃO, 2013). Além disso, o líder deve se importar com as necessidades dos liderados e, como o bem-estar é medido de acordo com as características do empregado e com o contexto em que estão inseridos, como, por exemplo, as políticas organizacionais e o sistema de recompensas, devem ser analisados através da sistematização das características de cada um e das características organizacionais. Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 27 2.3.2 Atuação Dentro das Organizações O trabalho pode afetar tanto a saúde física como mental dos indivíduos. Ele exerce tanta influência na vida do homem que, chega a ser considerado o ponto central de sua vida. Não só como um fator de sobrevivência o trabalho ajuda na construção da identidade pessoal do sujeito. Isso se dá através do reconhecimento de si no trabalho (CODO; SORATTO; OLIVIER-HECKLER, 1999 apud ONESTI; MARCHI, 2001). Se analisarmos sobre o ponto de vista social, o trabalho é o responsável por regular a vida humana, é através dele que baseamos a nossa rotina e planejamos nosso futuro. Assim, quando uma pessoa perde o emprego é totalmente aceitável que, inicialmente, ela se sinta desorientada e, isso, pode desencadear em uma grave enfermidade ou a busca de outras atividades para suprir o espaço ocupado pelo trabalho. 2.3.3 Saúde Mental O bem-estar mental tanto do líder quanto dos liderados implica na organização do trabalho e nas estruturas e processos. É preciso que o líder ofereça, não só os resultados cobrados, como também o processo de reprodução até a obtenção de determinado resultado. Na opinião de Dejours (1997), a organização existente entre o líder e os liderados é essencial para a boa saúde mental de ambos, que seja capaz de enfrentar situações que causem angústia. A síndrome de Burnout pode ser entendida como um efeito psicológico aonde o empregado desenvolve um estresse crônico, em razão da atividade que desenvolve. Essa doença é mais comum em pessoas que tenham alguma função relacionada a cuidar e proteger (PAVÃO, 2013). A expressão Burnout tem origem inglesa e transmite a ideia de inutilidade, ocorre quando o funcionário extremamente esgotado perde sua relação com o trabalho e começa a se sentir inútil (CODO, 2006). Neste sentido, Pavão (2013) orienta que, normalmente, as áreas que mais sofrem com a síndrome de Burnout são as da saúde, segurança e educação, pois, nestes casos, os profissionais agem sobre grande pressão e, estão diretamente ligados a condição de outra pessoa, como a violência e a dificuldade. Podemos citar três fatores que são Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 28 essenciais para uma boa compreensão do Burnout, observe o quadro a seguir: Figura 8- Fatores que Ocorrem Com a Síndrome de Burnout Fonte 8: Núcleo Editorial Faculdade Focus Além disso, é importante evidenciar que, por mais que sejam semelhantes, estresse e Burnout não são a mesma coisa. O estresse está relacionado ao esgotamento pessoal, já o Burnout ocorre quando a pessoa é submetida a níveis crônicos de estresse que interfere diretamente na atividade laboral do funcionário. Desta forma, no decorrer deste capítulo pudemos analisar que a liderança está relacionada a processos comportamentais intra e intergrupais e, que qualquer ação vinda do líder tem o poder de afetar o contexto social em que está inserido. Ainda, podemos medir as ações de liderança que são aferidas por meio das experiências e interpretações das pessoas que estão envolvidas, os colaboradores. Essa condição é indispensável para que seja possível entender qualquer processo de liderança. 2.4 Liderança: o líder e o processo decisório Segundo Daft (2010), no processo decisório estão compreendidos três elementos: diagnosticar o problema, selecionar a alternativa mais apropriada ao caso e Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 29 implementar a resolução do problema. Sendo assim, quando o líder toma alguma decisão, existe tanto um processo de escolha entre várias alternativas disponíveis, tanto no anterior como no posterior. Assim, ocorre quando o líder se propõe a realizar determinado projeto, por exemplo, ele deverá verificar e analisar a qualidade dos resultados e, se estão à altura do esperado (estratégia organizacional). Da mesma forma, deverá decidir o que será flexibilizado (termos de qualidade). Essas decisões implicam diretamente no sucesso ou no fracasso da decisão. 2.4.1 Tomadas de Decisão e Seus Elementos Ainda, de acordo com Daft (2010), o processo decisório implica em uma análise de todas as opções ao momento da decisão e, portanto, existem duas maneiras de fazer isso, note: Além disso, existem outros fatores que também podem influenciar na tomada de decisões do indivíduo, como: quando o grupo de referência muda o seu comportamento; a vontade de agir e a atitude de colegas com relação a isso; as experiências vividas em um novo contexto social. Outros fatores tambémpodem influenciar a decisão em si, são eles: prever como a decisão pode afetar a vida de outras pessoas; experiências insatisfatórias e, ainda, a tendenciosidade que somente Fonte: 9 Núcleo Editorial Faculdade Focus Figura 9- A Decisão Programada e a Não Programada Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 30 será auferida após a tomada de decisão, caso o sujeito, por algum motivo, tenha se atraído mais por determinada escolha (DAFT, 2010). É possível dizer que o processo decisório segue algumas etapas, são elas: Toda decisão decorre de uma análise livre de qualquer parcialidade e dos embates que originam essa posição. Após a análise das decisões passamos para a próxima fase, na qual o sujeito valoriza a decisão que tomou, com o intuito de resguardar a opção escolhida. A segunda fase é totalmente o oposto da primeira e, esse revezamento é característico de todos os processos de tomadas de decisão (DAFT, 2010). Como descrito por Daft (2010), existem três fatores que podem abalar a segurança de uma decisão tomada. O primeiro fator ocorre quando todos os esclarecimentos de que o líder precisa para tomar a decisão, estão a sua disposição. Fonte 10: Núcleo Editorial Faculdade Focus Figura 10- Etapas do Processo Decisório Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 31 Já o segundo fator é identificado quando existem informações disponíveis e o objetivo da decisão é claro, entretanto o resultado é algo incerto e, está associado a inúmeras possibilidades. Por outro lado, o terceiro fator sugere que o líder tem seu objetivo traçado, mas as informações e os resultados estão incompletos. Ainda, não podemos esquecer da ambivalência, que caminha de forma sinuosa entre a certeza, incerteza e o risco. São ambivalentes aquelas decisões que não possuem um objetivo claro, logo é, demasiadamente, difícil determinar quais as alternativas aplicáveis ao caso, pois as informações não estão completas. As decisões programadas e não programadas podem ser identificadas por meio do grau de certeza ou incerteza que transmitem. Contudo, na prática nem sempre todas as informações estão a nossa disposição, assim algumas decisões fracassam em atingir o objetivo. O líder sempre deverá buscar a decisão que possua os menores riscos e que minimize o grau de incerteza. Quanto mais informações tivermos a respeito da decisão, mais assertiva ela será. Assim, por mais que as decisões programadas detenham um grau maior de certeza e envolvam questões corriqueiras, as decisões que tomamos em nosso cotidiano, mesmo que mínimo, guardam um grau de incerteza e, por isso, são consideradas decisões não programadas (DAFT, 2010). 2.4.2 Tomadas de Decisão e Suas Fases De acordo com Daft (2010), a tomada de decisão, em nossa vida prática, é um processo que requer algumas etapas. A primeira delas é a de questionar as causas da decisão, como, por exemplo, o que ocorreu e qual a urgência para resolver o problema. Superada esta etapa, é necessário desenvolver uma alternativa eficiente, após a identificação do problema o líder poderá considerar uma solução. Depois de desenvolver as alternativas aplicáveis ao caso, o líder deverá corrigir suas causas subjacentes. Na visão de Daft (2010), se deve estabelecer um limite no Coaching e Mentoring | Liderança nas Organizações e Suas Práticas www.cenes.com.br | 32 momento de buscar as soluções, pois isso, na maioria das vezes, levará ao fracasso da decisão. Por fim, a última etapa está relacionada a execução da alternativa escolhida, essa etapa é a mais difícil, pois o líder deverá possuir habilidades para garantir que a alternativa seja executada da forma correta. O sucesso da alternativa está ligado à sua viabilidade de se transformar em ação. 2.4.3 Fatores Determinantes Os determinantes e a graduação do processo decisório devem ser examinados de acordo com a diferença entre os processos organizacionais relacionados. De acordo com Daft (2010), existe uma tipologia acerca do comportamento decisório, observe: Figura 11- Tipologia do Comportamento Decisório Fonte 11: Núcleo Editorial Faculdade Focus Na visão de Daft (2010), a junção entre os vários elementos que cercam a tomada de decisão é a opção mais adequada para formar estratégias no âmbito corporativo, assim, podemos dizer que o processo de decisão é o produto da combinação, tanto de fatores internos quanto externos que devem ser considerados a todo momento, até na preparação de estratégias de negócio da organização. Neste caso, não basta somente traçar os objetivos de forma clara, mas sim, produzir a capacidade de decidir, reconhecendo todos os elementos presentes na tomada de decisão. Coaching e Mentoring | Referências Bibliográficas www.cenes.com.br | 33 3 Referências Bibliográficas ARCHER, E. R. O mito da motivação. In: BERGAMINI, C. W.; CODA, R. Psicodinâmica da Vida Organizacional: motivação e liderança. São Paulo: Atlas, 1997. BAUM, W. M. Compreender o Behaviorismo: Comportamento, Cultura e Evolução. 3.ed. Porto Alegre; Artmed, 2019. BOCK, A. M. B. t al. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2011. BRILLO, J; BOONSTRA, J. Liderança e cultura organizacional para inovação. São Paulo: Saraiva, 2019. CAVALCANTI, V. et al. Liderança e Motivação. Rio de Janeiro: FGV, 2005. CHIAVENATO, I. Comportamento Organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. CICCOTTI, S. 150 Pequenas Experiências de Psicologia para Melhor Compreender Nossos Semelhantes. São Paulo: Loyola, 2010. CODO, W. (Org.). Por uma Psicologia do Trabalho: ensaios recolhidos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. DAFT, R. L. Administração. 2. ed. São Paulo: Cencage Learning, 2010. DEJOURS, C. O Fator Humano. Rio de Janeiro: FGV, 1997. FERREIRA, A. et al. Teorias de Motivação: uma análise da percepção das lideran- ças sobre suas preferências e possibilidade de complementaridade. In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 8., 2006, Bauru. Anais do XIII SIMPEP. Bauru: SIMPEP, 2006. MEGGINSON, L. C. et al. Administração: conceitos e aplicações. São Paulo: Harbra, 1998. ONESTI, L. A.; MARCHI, A. J. Desemprego e Realidade: repercussões sobre a identi- dade e formas de enfrentamento. In: PEREIRA, M. S. P. Cidadania: trabalho, educação e subjetividade. Londrina: Eduel, 2001. PAVÃO, A. C. A relação trabalho, significado e saúde. In: PAVÃO, A. C.; GONÇALVES, C. Coaching e Mentoring | Referências Bibliográficas www.cenes.com.br | 34 E. S.; SILVA, M. M. Psicologia Organizacional e Gestão de Pessoas. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. "PSICANÁLISE", In: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008/2020. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/chave. Acesso em: 22/06/2020. ROBBINS, S. Comportamento Organizacional. São Paulo: Prentice-Hall, 2002. SCHEIN, H, E. Cultura Organizacional e Liderança. São Paulo; Grupo GEN, 2007. SILVA, C. L. M. Da Mudança e Análise Organizacional. Curitiba: UFPR-PMC/Imap, 1996. SILVA, N.; ZANELLI, J. C. Interação Humana e Gestão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008. VIARO, M. E. Etimologia. São Paulo: Contexto, 2011. TAJRA, S. F; SANTOS. N. Planejamento e Liderança - Conceitos, Estratégias e Comportamento Humano. São Paulo; Editora Saraiva, 2014. http://www.priberam.pt/dlpo/chave Coaching e Mentoring | Referências Bibliográficas www.cenes.com.br | 35 Sumário 1 Breve Introdução 2 Liderança nas Organizações e Suas Práticas 2.1 Liderança: conceito 2.2 Liderança: motivação 2.2.1 Definição de Motivação 2.2.2 Teorias Psicológicas 2.2.2.1 Primeira Fase 2.2.2.2 Segunda Fase 2.2.2.3 Terceira Fase (Atual) 2.3 Liderança: qualidade de vida no trabalho 2.3.1 Conceitos Norteadores 2.3.2 Atuação Dentro das Organizações 2.3.3Saúde Mental 2.4 Liderança: o líder e o processo decisório 2.4.1 Tomadas de Decisão e Seus Elementos 2.4.2 Tomadas de Decisão e Suas Fases 2.4.3 Fatores Determinantes 3 Referências Bibliográficas
Compartilhar