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ADMINISTRAÇÃO APLICADA À ENGENHARIA DE SEGURANÇA W B A 08 56 _v 1. 0 2 Arthur Ribeiro Torrecilhas Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2021 ADMINISTRAÇÃO APLICADA À ENGENHARIA DE SEGURANÇA 1ª edição 3 2021 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)__________________________________________________________________________________________ Torrecilhas, Arthur Ribeiro T689a Administração aplicada à engenharia de segurança / Arthur Ribeiro Torrecilhas, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2021. 31 p. ISBN 978-65-5903-104-7 1. Segurança do Trabalho. 2. Administração da Segurança. 3. ISO 45001. I. Título. CDD 363.11 ____________________________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB 010289/O © 2021 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Introdução à administração na segurança no trabalho _______ 05 Custo x benefício e políticas de segurança na empresa ______ 20 Gestão da segurança e saúde no trabalho ___________________ 38 Projetos pedagógicos em Educação Ambiental _______________ 53 ADMINISTRAÇÃO APLICADA À ENGENHARIA DE SEGURANÇA 5 Introdução à administração na segurança no trabalho Autoria: Arthur Ribeiro Torrecilhas Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos • Apresentar ao aluno os conceitos introdutórios da administração relacionada à segurança no trabalho. • Especificar as etapas para aquisição de equipamentos e materiais da segurança no trabalho. • Estabelecer critérios para controle e distribuição dos materiais de segurança. 6 1. Conceito de administração A palavra administração tem sua origem do latim ad minister, que se pode traduzir como direção e obediência. Assim, podemos definir a administração como sendo “o ato de trabalhar com e por meio de pessoas, no intuito de cumprir os objetivos da organização e seus membros” (LACOMBE; HEILBORN, 2003). Nota-se que ela busca aprimorar sistemas e condições de trabalho em que agregam condições favoráveis para funcionários e organizações. Esse princípio é muito observado nos aspectos da ergonomia cognitiva e organizacional. Sendo assim, já podemos notar a nítida relação entre a segurança no trabalho, produtividade e administração. Também podemos definir a administração como o processo em que são colocadas em práticas as decisões sobre os objetivos e utilização dos recursos da companhia (LACOMBE; HEILBORN, 2003). A Figura 1 apresenta um esquema dos principais conceitos a serem analisados pela administração voltada para a segurança do trabalho nas empresas. Figura 1 – Principais conceitos a serem analisados pela administração voltada para a segurança nas empresas Fonte: elaborada pelo autor. 7 Observe que a administração busca gerenciar as pessoas, o espaço, e as instalações da companhia, no intuito de gerir da melhor maneira possível o tempo, os recursos e o dinheiro gasto em cada atividade. Para a administração dos aspectos voltados à segurança das equipes de trabalho e da empresa, é necessário o conhecimento de pelo menos três habilidades para a correta e eficaz execução do processo administrativo, as quais são: habilidade técnica, habilidade humana e habilidade conceitual (LACOMBE; HEILBORN, 2003). • Habilidade técnica: trata-se da utilização dos conhecimentos, metodologias, técnicas e equipamentos para a realização de tarefas especificas, por meio de instruções, experiência e educação. • Habilidade humana: é a capacidade e discernimento para atuar com as pessoas, entender suas atitudes e motivações e limites. Isso favorece a aplicação efetiva de uma boa liderança. • Habilidade conceitual: consiste na habilidade de conhecer e compreender as complexidades organizacionais, bem como o ajustamento do comportamento dos integrantes desta organização. Essa habilidade é fundamental para que a pessoa atue em sua função cumprindo com os objetivos da empresa, e não apenas com os objetivos e necessidades de seu setor. Em resumo, o estudo da administração possibilita a ação coordenada do coletivo, visando a redução de gastos e perda de recursos, com foco na produtividade, qualidade e lucro em um determinado sistema organizacional. 8 2. Princípios básicos da organização No conteúdo apresentado, quando usamos o termo organização não estamos nos referindo a um local em ordem, bem organizado, estamos nos referindo à empresa ou instituição, ou seja, o espaço organizacional, coorporativo. Assim, a organização consiste em um conjunto de posições profissionais e funcionais hierárquicas, com foco no objetivo econômico da produção de bens ou serviços. Os princípios fundamentais de uma organização formal são: divisão do trabalho; especialização; hierarquia; e amplitude administrativa. 2.1 Divisão do trabalho O propósito imediato e indispensável de toda organização é a produção de bens e/ou serviços. Para que esse processo seja eficiente, a produção destes bens ou serviços, deve ser baseada na divisão do trabalho. Esta, por sua vez, de forma simplificada, é a maneira na qual um processo complexo pode ser desmembrado em diversas tarefas menores. A divisão do trabalho teve seu início com a Revolução Industrial, causando uma mudança drástica no conceito de produção pela fabricação maciça. Coincidentemente, o período da Revolução Industrial foi um dos propulsores na segurança no trabalho. O objetivo da divisão do trabalho é a especialização do trabalhador, ou seja, diminuindo a quantidade de informações e decisões que o funcionário deve tomar, especializando-o em apenas um simples conjunto de tarefas. Por exemplo, ao invés de um funcionário montar um carro por completo, ele se especializa apenas no aperto do parafuso das rodas. Como consequência, esse funcionário desenvolverá seu trabalho muito mais rápido, pois agora faz parte de um processo. Essa é a essência da 9 divisão do trabalho. Faz-se importante que cada pessoa produza a maior quantidade possível de unidades dentro de um padrão de qualidade estabelecido. Entretanto, com o olhar da segurança, esse princípio pode trazer sérios problemas ergonômicos, por exemplo a monotonia, estresse físico e cognitivo, repetição de movimentos, dentre outros. Portanto, como fator administrativo, a divisão do trabalho pode proporcionar pontos positivos no controle e no tempo de um serviço, entretanto, pode afetar a qualidade de vida e a saúde dos trabalhadores. 2.2 Especialização A especialização é uma consequência da divisão do trabalho; ela ocorre quando isolamos um trabalhador de um processo organizacional complexo e o inserimos em partes menores deste processo. Cada órgão ou cargo dentrode uma organização passa a ter uma função específica e especializada. 2.3 Hierarquia A hierarquia, uma outra consequência da divisão de trabalhos, proporciona o desdobramento das funções de comando, cuja missão é a direção das atividades nas quais devem cumprir de maneira harmoniosa as missões e objetivos da empresa. Ou seja, além de uma função estruturada na especialização, a organização será mantida por meio de uma hierarquia que irá dirigir os setores organizacionais nos quais estão subordinados hierarquicamente. Em toda organização formal irá existir uma hierarquia dividindo e setorizando as funções e atividades da organização, em que estas camadas ou níveis hierárquicos definem a autoridade dentro da 10 companhia. Conforme a escala hierárquica sobe, o volume de autoridade administrativa também sobe, ao mesmo tempo que diminui a necessidade do conhecimento técnico-operacional. Podemos resumir que quanto maior o nível hierárquico, menos especializado em serviços técnicos e operacionais será o administrador, por outro lado, as tomadas de decisão e responsabilidades serão de extrema complexidade e grande importância para a organização. Por exemplo: um gerente de uma fábrica de camisas não precisa saber costurar utilizando determinado maquinário, certo? Entretanto, é necessário que ele tenha conhecimento suficiente para verificar se o produto final satisfaz as exigências de qualidade da organização, assim como o processo de fabricação. Percebeu como o nível hierárquico se afasta das especializações técnicas e operacionais? Assim, podemos afirmar que quanto maior o nível hierárquico, amplia-se o campo de visão organizacional do administrador. Essa noção é fundamental para a segurança no trabalho. Suponhamos que você é responsável pela elaboração da SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho). No momento do planejamento deste evento, você reservou as datas para sua realização no dia sete de outubro. Sabendo que a SIPAT exige uma semana de pequenas pausas na produção de sua empresa, e que esta atua no setor de brinquedos infantis, como você avalia sua decisão para sua organização? O dia 12 de outubro é o Dia das Crianças, portanto, parar a organização em seu momento de maior produção seria uma péssima ideia. A posição do profissional da segurança no trabalho, assume um nível hierárquico na organização, na qual precisa ter uma visão macro dos diferentes setores. 11 A mesma situação ocorrerá nos momentos em que será necessário realizar inspeções de segurança em que alguns maquinários precisarão ser paralisados. A tomada de decisão precipitada ou equivocada é capaz de gerar prejuízos para a organização, além de transtornos na área operacional e gerencial. Assim, dentro dos conceitos apresentados na hierarquia, é necessário compreender sobre os termos: autoridade; responsabilidade; e delegação. A autoridade formal é caracterizada como o poder concedido pela organização a um indivíduo que ocupa determinada posição organizacional. É um direito formal e legítimo de tomar decisões e transmitir ordens para alocar os recursos da empresa e alcançar os objetivos da organização. A autoridade distingue-se por três principais características: I. Ela é inserida em posições da empresa, e nunca em pessoas. Ou seja, a autoridade está no cargo e não na pessoa que ocupa o cargo. II. A autoridade deve ser aceita pelos subordinados. Isso ocorre pelo fato de que os subordinados precisam acreditar no direito legitimo, cedido pela organização ao administrador. III. A autoridade deve derivar de cima para baixo, ou seja, a hierarquia deve ser verticalizada. Cargos com maior autoridade devem ser locados no topo da organização, sendo assim, consequentemente, posições de topo possuem maior autoridade que as posições de base. A responsabilidade, por outro lado, significa o dever de cumprir e desempenhar as tarefas ou atividades na qual o administrador foi designado, de maneira eficaz e correta, buscando o benefício da organização. Vale ressaltar que o grau de autoridade é relativamente proporcional ao grau de responsabilidade assumido pelo administrador. 12 Também pode-se caracterizar a responsabilidade em uma organização, como a relação contratual na qual o subordinado aceita executar certos serviços em contrapartida monetária. Em resumo, a autoridade ocorre do superior ao subordinado, e a responsabilidade é a obrigação dada do superior ao subordinado para que este realize tais deveres. Por fim, temos a delegação. A delegação é o processo de transferir a autoridade e a responsabilidade para outras posições inferiores dentro da estrutura hierárquica. A delegação de autoridade possui algumas técnicas, que são: • Delegar a tarefa inteira: ao invés de subdividir uma tarefa, o administrador delega uma tarefa por completa para uma única pessoa. Isso proporciona ao gerente melhor controle sobre os resultados e uma responsabilidade completa sobre o subordinado. • Delegar à pessoa exata: o administrador deve analisar o subordinado com o talento ou especialização exato ao que a tarefa necessita para ser concluída, assim, a tarefa delegada será concluída com êxito. • Delegar responsabilidade e autoridade: apenas delegar as tarefas não constitui uma delegação por completo. O subordinado que receber esse tipo de delegação, deve ter a responsabilidade e autoridade para desempenhar a sua missão de maneira que julgue mais adequada. • Proporcionar conhecimentos adequados: para essa delegação, devem ser incluídas ao subordinado as informações sobre “o quê”, “por que”, “quando”, “onde”, “quem” e “como”. Assim, ele deve compreender a sua tarefa e os resultados que são esperados. • Manter a retroação: retroagir significa voltar à uma condição ou situação, ou seja, manter a retroação é a delegação ao subordinado em que esse mantém um canal de comunicação 13 aberto para responder as questões do administrador, proporcionando orientação, sem que este exerça controle sobre o subordinado. A retroação, proporciona ao subordinado – ao longo da realização da tarefa – a confiança e a pista certa do melhor caminho a ser seguido. • Avaliar, promover e recompensar pelo desempenho: o administrador que delegou uma tarefa a seu subordinado, deve realizar uma avaliação dos resultados obtidos, estruturar um feedback e, por fim, comunicar o subordinado. Esse procedimento possibilita que sejam comunicados os pontos fortes e fracos da operação, aspectos que podem ser melhorados ou mantidos. Ainda, quando são alcançadas ou até mesmo ultrapassadas as expectativas, o administrador deve recompensar o trabalho de seu subordinado, sejam essas recompensas financeiras ou de novas atividades que tornem o subordinado empolgado com seus afazeres. 2.4 Amplitude administrativa Como resultado do princípio da distribuição de autoridade e responsabilidade, manifesta-se o conceito de amplitude administrativa, que significa a relação do número de subordinados que um administrador coordena e o limite no qual ele pode dirigir. Quando um administrador tem muitos subordinados, sua amplitude de comando torna-se ampla, o que pode prejudicar o controle do administrador sobre sua equipe. A amplitude administrativa em uma organização é fundamental para a definição da estrutura organizacional. Essa configuração pode ser observada conforme a Figura 2. 14 Figura 2 – Estrutura organizacional Fonte: elaborada pelo autor. Como observado, uma estrutura média estreita com muitos níveis hierárquicos produzirá uma estrutura alta e alongada. Por outro lado, uma amplitude média, larga e com poucos níveis hierárquicos irá produzir uma estrutura organizacional achatada e dispersada ao longo do horizonte. 3. Compra, recebimento, conferência, armazenamento e controle de materiais e equipamentos Agora que abordamos todo o conceito administrativo organizacional, bem como algumas de suas principais funções, vamos somar o 15 conteúdosobre a aquisição e controle de materiais e equipamentos de segurança. Observe que todo o conteúdo sobre administração, hierarquias e controle podem e irão ser aplicados aqui. Primeiramente, precisamos entender que a segurança no trabalho busca promover a melhor qualidade de vida e segurança não só para os trabalhadores, mas também para a organização. Nesse caso, isso se resume em maior produtividade, redução de custos com ações trabalhistas, impostos e acidentes de trabalho. Então, para que essas condições ocorram é preciso aplicar uma gama de conceitos voltados para a segurança no trabalho, entre eles o uso de EPIs e EPCs (Equipamento de Proteção Individual e Equipamento de Proteção Coletiva, respectivamente). Entre estes equipamentos, existem as ferramentas de controle e medição de agentes nocivos, por exemplo, equipamentos de medição de ruído, temperatura, vibrações, dentre outros. A aquisição dos equipamentos utilizados na área de segurança do trabalho, exige especificações técnicas adequadas previstas nos procedimentos operacionais de segurança da empresa. Por uma questão de ordem lógica, vamos começar com a aquisição de um produto, ou seja, a compra. 3.1 Compra A compra é a aquisição de algo. Levando em consideração que você não é o administrador do setor de compras da organização, portanto não tem autoridade para realizar uma compra, segundo Dias (2010), é necessário a realização de uma solicitação de compra ao setor responsável. 16 Em uma solicitação de compras, você deverá descrever o produto necessário, suas especificações e quantidade. Poderão ser inseridas a urgência, a data necessária para aquisição, o setor que utilizará o produto, bem como outras especificações. A solicitação de compras, tem por finalidade ajudar na especificação do produto a ser adquirido, referências futuras, histórico de compras, agilidade na aquisição. O setor de compra irá recorrer ao mercado para cotação dos produtos nos fornecedores identificados. A finalização da compra estará condicionada ao fornecedor que apresentar a melhor proposta referente ao custo-benefício do produto. Entretanto, podem existir empresas em que o engenheiro de segurança é o responsável pela compra dos materiais, e que o administrador ao qual ele é subordinado, delegou estes poderes ao engenheiro, permitindo que este realize diretamente a compra destes materiais e equipamentos. Em outros casos, as solicitações de compras são realizadas pelos responsáveis do almoxarifado e da produção. Isso ocorre quando os níveis de estoque de equipamentos ou materiais estão abaixo do esperado ou próximo de acabar. Após a etapa de solicitação de compra, quando essa for aprovada no setor responsável pelas compras, o funcionário da organização irá realizar as cotações e levantamentos de preços, negociando valores, quantidades e prazos de entrega. O objetivo deste setor é adquirir materiais com alta qualidade em relação ao seu custo versus benefício. No pedido de compra, devem constar as informações da organização, a descrição dos produtos a serem adquiridos, quantidades, unidades 17 métricas (metro linear, unidade, metro quadrado, metro cúbico), data de entrega, local de entrega, preços, prazo para pagamento e outras informações que forem pertinentes para o comprador e vendedor. Após o pedido, cópias são enviadas para o setor financeiro, para que esse possa realizar a verificação do fornecedor e registrar os valores em contas a pagar da empresa conforme valores negociados no momento da compra. 3.2 Recebimento e conferência Após a efetivação da compra, ocorre o recebimento do material, ou a sua coleta no local comprado. Para ambas as situações é importante a conferência destes. A conferência dos materiais é realizada para verificação da qualidade, quantidade e se atendeu as especificações requisitadas no momento da compra. Vale lembrar que essa verificação precisa estar pareada com os dados presentes na nota fiscal da mercadoria, caso contrário deve ser alertado ao setor de compras e financeiro da empresa, recusando o recebimento ou a coleta da mercadoria até uma resposta dos setores de hierarquia superior. Em alguns casos, haverá a necessidade de uma inspeção formal, isso quando algumas peças precisarem de maiores critérios de aceitação. Caso haja alguma peça fora destes critérios, o item deverá ser rejeitado. Essas informações devem ser compiladas para geração do relatório de recebimento, que tem como função a notificação ao financeiro, e ao setor de compras o recebimento dos materiais e a liberação para o pagamento; e o registro dos dados de recebimento como a data de entrega, informações sobre os itens adquiridos, preço, transporte, índice de itens rejeitados e aprovados etc. 18 Estas informações, apenas para ressaltar, deverão ser gerenciadas por meio de um sistema informatizado ou conforme procedimento interno da empresa. As vantagens da utilização de um sistema de gestão integrada para controle dos processos em uma organização são inúmeras, como a redução de erros, acréscimo na produtividade, redução no tempo de execução das tarefas, segurança dos dados, dentre outros. 3.3 Armazenamento O mal armazenamento de materiais, pode provocar perda de mercadorias, avarias, redução no tempo de obtenção de peças em estoque, dentre outros problemas. O armazenado correto de materiais e equipamentos, deve levar em consideração as boas práticas de armazenamento, observando as características do local, especificação dos produtos e dos equipamentos. Quando armazenados em grandes quantidades, carecem de atenção aos cuidados no transporte, sendo necessário, assim, mecanismos que facilitem a ação dos maquinários no local de armazenamento, por exemplo, paletes com acesso ao garfo da paleteira. Outro mecanismo de organização é a implantação de sistemas de localização dos objetos, como o mapeamento destes, e a localização de acordo com a frequência de saída destes materiais. 3.4 Controle O controle dos materiais é de extrema importância na organização, uma vez que controlar pode auxiliar na redução de perdas destes. Controlar o estoque é saber os itens e componentes de uma tarefa com relação às quantidades e etapas onde serão empregados ao longo da execução das tarefas. 19 Controlar os itens de um estoque pode ter diversas variáveis. Podemos controlar a quantidade de saída, para prevenir que o estoque acabe durante uma tarefa, ou, podemos controlar a saída de determinado item que futuramente terá seu retorno ao estoque após o uso. Essa ação de controlar pode ser empregada pelo uso de fichas de recebimento de materiais e equipamentos. Por exemplo, um funcionário precisa de certo equipamento de proteção descartável; para a retirada, ele assina uma ficha de solicitação e recebimento do equipamento e faz o seu uso. O controlador do almoxarifado, ou do setor responsável pelo controle, verifica, a partir do sistema, a quantidade de item faltante, verificando se há ou não a necessidade de reposição de estoque. Outra situação é quando o funcionário precisa fazer uso de um EPI que será devolvido ao almoxarifado após seu uso. Nessa situação o funcionário assina uma ficha de solicitação e recebimento de equipamento e, ao devolvê-lo, o almoxarifado faz a baixa na ficha, indicando o equipamento e a condição na qual foi devolvido. Com base nos assuntos apresentados, podemos observar a importância dos aspectos administrativos em diversos momentos da segurança no trabalho. As noções de hierarquia, autoridade, planejamento, recursos humanos, custos, entre outras apresentadas aqui, são fundamentais para o bom desenvolvimento de uma empresa, ainda mais na presença dos aspectos relacionados à segurança das equipes de trabalho e a organização formal. Referências Bibliográficas DIAS, Marco A. P. Administração materiais: princípios, conceitos e gestão. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010. LACOMBE, Francisco; HEILBORN, Gilberto. Administração, princípios etendências. São Paulo: Saraiva. 2003. TADEU, Hugo F. B. Gestão de estoques: fundamentos, modelos matemáticos e melhores práticas aplicadas. São Paulo: Cengage, 2010. 20 Custo x benefício e políticas de segurança na empresa Autoria: Arthur Ribeiro Torrecilhas Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos • Compreender a relação custo versus benefício no ambiente de trabalho e para a organização. • Reconhecer a importância da apresentação dos resultados na empresa. • Desenvolver as políticas de segurança na organização. 21 1. Introdução Neste tema, em nossa Leitura Digital, vamos trabalhar sobre três assuntos distintos, os quais são: • O estudo da relação custo versus benefício em uma organização. • Técnicas para apresentação de resultados aos administradores. • Elaboração das políticas de segurança no ambiente de trabalho e na organização. Os três itens citados acima, possuem uma grande importância para a administração da segurança do trabalho, tanto para as equipes de trabalho quanto para as organizações empregadoras. Análises de custo versus benefício são fundamentais na tomada de decisões, pois podem salvar boa parte do capital de uma empresa. Em certos casos, a aquisição de uma nova máquina ou equipamento, ou até mesmo repassar a responsabilidade de certo serviço à uma terceirizada, pode resultar em maior lucratividade e produtividade para a organização, reduzindo gastos e despesas que antes de uma análise não haviam sido observadas. Vale ressaltar que, a partir deste momento, quando tratarmos de maquinários, equipamentos e serviços, estamos nos referindo àqueles que envolvem a segurança do trabalho e do trabalhador, no intuito de trazer para a empresa um ambiente com melhor qualidade de vida e segurança, além da redução das responsabilidades administrativas da empresa, por exemplo, processos trabalhistas, acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, impostos, entre outros. Entretanto, saber repassar essa mensagem para hierarquias superiores nem sempre é simples, pois muitas vezes é preciso entender 22 determinadas situações da organização, conhecer o público alvo e o tempo que você tem para convencê-los de que sua decisão é positiva para a organização. Essa é a importância de saber apresentar os resultados para os administradores. Por fim, a elaboração das políticas de segurança na empresa, tem como objetivo definir pontos de vista que coloquem as atividades da organização dentro das diretrizes da segurança no trabalho, criando, assim, uma cultura organizacional voltada para a segurança. 2. Relação Custo versus Benefício A relação custo versus benefício (C/B) tem como objetivo esclarecer dúvidas referentes à determinada tomada de decisão. Nela são definidas as melhores escolhas a serem consideradas pelos administradores, tendo como variáveis os custo de implementação ou aquisição, comparados com os benefícios que esses irão trazer. Em um exemplo bem simples e prático, suponhamos que você, mensalmente, precise realizar uma medição do ruído em determinado ambiente de sua empresa e que a contratação deste serviço por meio de uma empresa terceirizada seja de R$ 90,00 por visita ao local. Você pesquisou e identificou que o aparelho para tal medição custa em torno de R$ 800,00. Nesse sentido, sabendo que, em um ano, você gastaria R$ 1.080,00 para a realização destas medições mensais por meio de terceiros, compensa realizar a aquisição do equipamento de medição de ruídos por R$ 800,00. Assim, sua organização evitou gastar R$ 280,00 neste primeiro ano, e ainda fará economias ao longo dos anos seguintes. Claro que este exemplo está sendo analisado em sua forma simplificada, pois dentro destas condições é necessário incluir outras variáveis como: seguro, manutenção e calibração do equipamento, treinamento do técnico que irá fazer a utilização, entre outros fatores que iremos discutir mais à frente. 23 Estes e muitos outros fatores irão determinar o resultado da relação C/B e devem ser avaliados por ferramentas de gerenciamento e análise de risco, tendo em mente todas as possibilidades de ganhos e perdas que podem ocorrer com os inúmeros cenários possíveis. Por exemplo, por mais barato que seja certo equipamento, após uma análise C/B feita pelo engenheiro de segurança, pode ser que este não seja viável devido ao fato de apresentar elevado risco ao ambiente de trabalho. 2.1 Substituição ou aquisição de equipamentos/ materiais A decisão de investir os recursos de uma empresa em ativos reais, como equipamentos e máquinas, é uma das mais importantes na administração do capital organizacional, pois essa decisão pode impactar no futuro da empresa, e quando premeditada, pode gerar consequências negativas e até irreversíveis (FANTI et al., 2015; CASAROTTO FILHO; KOPITTKE, 2017). Alguns equipamentos, podem apresentar custo de aquisição e manutenção inicial baixos e, com o tempo, os custos de manutenção podem aumentar exorbitantemente, junto com o risco à segurança dos trabalhadores, que pode ser um fator determinante para a troca ou descarte do objeto de análise. Isso ocorre por conta de diversos fatores, como depreciação, deterioração, uso inadequado, dentre outros. Sendo assim, por conta dessa depreciação do equipamento, seu rendimento ou sua acuracidade diminuem, a frequência de manutenções e custos destas aumentam, sendo inviável manter o equipamento, restando ao administrador a troca ou substituição (CESCA et al., 2017). A Tabela 1 apresenta um exemplo da relação entre manutenção e desvalorização do equipamento qualquer. 24 Tabela 1 – Análise dos dados e valores de um equipamento hipotético Custo de manutenção Valor do ativo Frequência da manutenção (ao ano) Tempo de uso R$ 846,62 R$ 20.000,00 0 1 R$ 1.132,56 R$ 16.988,00 1 2 R$ 1.588,45 R$ 14.421,80 1 3 R$ 1.957,40 R$ 12.224,53 2 4 R$ 2.398,55 R$ 10.340,85 3 5 R$ 3.222,26 R$ 8.705,72 3 6 R$ 4.045,85 R$ 7.293,86 4 7 R$ 5.042,41 R$ 6.085,78 4 8 R$ 6.267,68 R$ 5.038,92 4 9 R$ 7.800,00 R$ 4.058,08 5 10 Fonte: elaborada pelo autor. Pode ser observado que, com o passar dos anos algumas condições acabam sendo alteradas, por exemplo, o aumento na necessidade de manutenções, gerando um aumento no custo ao longo do tempo. Vale lembrar que, com o surgimento de novas tecnologias e novos modelos de equipamentos, alguns vão se tornando obsoletos, sofrendo uma desvalorização do ativo. Ainda, a falta de peças para manutenção reforça o supracitado. O Gráfico 1 apresenta os dados da Tabela 1. 25 Gráfico 1 – Gráfico dos dados e valores de um equipamento hipotético – manutenção e desvalorização de ativos Fonte: elaborado pelo autor. Como observado, no ano zero, não há manutenções a serem realizadas, pois a primeira ocorre após o primeiro ano de uso do equipamento. No início, o custo de manutenção ainda é baixo, e a desvalorização do equipamento ocorre ao longo dos anos e de seu uso. Sabemos que existem equipamentos que desvalorizam muito pouco ao longo dos anos. Um equipamento sofrerá desvalorização por motivos, como: avarias; obsolescência tecnológica; falta de manutenção; tempo de uso; falta de peças para reposição; histórico de problemas relatados pelos usuários; relação oferta e procura no mercado (compra e venda), surgimento de riscos à saúde dos trabalhadores. Ao comparar estes dados, o administrador pode optar por comprar um equipamento novo ou substituir por um diferente. Entre os tipos de substituição, podemos encontrar: 26 • Baixa sem reposição: essa modalidade de substituição ocorre em produtos que podem ficar obsoletos rapidamente, ou seja, o objeto em questão pode deixar de ser viável antes mesmo de atingir sua vida útil. Nessa situação, o produto é descartado e substituído por outro de forma rápida. • Substituição idêntica: essa substituição ocorre quando um equipamento começa a apresentar elevada despesa de manutenção, por conta de seu tempo e tipo de uso.Nestes casos, o equipamento pode ser revendido e a organização adquire um novo com custos de manutenção menor. Esse conceito pode ser denominado de vida econômica do equipamento, indicando a aproximação do final da vida útil do equipamento. Os fatores que indicam isso são: aumento progressivo da desvalorização do bem; aumento no custo da manutenção; redução da funcionalidade e da produtividade do bem. • Substituição não idêntica: essa substituição é realizada ao comparar o atual equipamento com o de outras marcas concorrentes. Para a decisão de substituição, deve ser realizada uma análise da viabilidade. • Substituição por progresso tecnológico: como o próprio nome já diz, nessa modalidade, a troca ocorre por obsolescência tecnológica do atual equipamento, sendo necessário adquirir um novo para melhoria na produção e redução de custos. • Substituição estratégica: a substituição estratégica ocorre pela análise de diversas variáveis nos equipamentos, ou até mesmo na aquisição de materiais e/ou equipamentos de custo inferior. 27 2.2 Repasse de responsabilidade Outro aspecto que pode ser aplicado relação C/B é a terceirização de serviços. Repassar a responsabilidade de determinado serviço ou produto para um terceiro pode reduzir os riscos de acidente e custos para uma organização. Por exemplo, suponhamos que sua empresa irá realizar um serviço de limpeza de janelas em edifícios com mais de 20 andares. Logo entende-se dos riscos inerentes à NR-35. Entretanto, você sabe que, para a realização desta atividade, precisaria comprar uma série de equipamentos de segurança e de trabalho específicos para sua equipe, bem como trabalhar na iminência de que ocorra algum acidente de trabalho por falta de experiência dos operadores ou por outros fatores negativos. Nessa situação, seria interessante que o engenheiro de segurança, realizasse uma análise para determinar se compensaria sua empresa custear essas atividades com a aquisição de equipamentos e, também, de correr os riscos de acidentes de trabalho, ou se seria interessante e seguro para a empresa delegar esse serviço para uma terceirizada, respaldando-se, assim, de possíveis riscos. Essa estratégia é muito comum em obras de grande porte, em que os serviços especializados são realizados pela própria empresa, e os demais serviços que não demandam certo grau de especialização, são realizados por empreiteiros terceirizados. 2.3 Fatores de influência Para análise da relação C/B, precisam ser verificados diversos fatores de influência. São estes: • Preço: custo do equipamento/material com relação ao seu potencial de produção e sua taxa de depreciação. 28 • Rendimento: capacidade produtiva do equipamento ao longo do tempo. • Depreciação: o quanto o bem irá depreciar ao longo do uso, definido mediante análise de mercado. • Manutenção: quantidade de manutenções necessárias ao longo do uso, custo de cada manutenção, bem como a facilidade de encontrar peças e mão de obra especializada para reparos no equipamento. • Fluxo de caixa da empresa: referem-se aos valores de entrada e saída de dinheiro da empresa. Muitas vezes, uma empresa investe em um equipamento, mas não possui o retorno financeiro de imediato, ou nem mesmo posteriormente, podendo colocar em risco a economia da organização. • Mão de obra: alguns equipamentos precisam de mão de obra especializada para operação, devendo ser observada a disponibilidade e seu custo. • Seguro: o custo com seguro deve ser levado em consideração visando minimizar possíveis prejuízos em equipamentos com valor agregado alto, sujeito a sinistros de diversas ordens. • Lucro/prejuízo: é análise do lucro e dos prejuízos que esse equipamento irá gerar, em quanto tempo a organização que o adquiriu terá o retorno, considerando os gastos e desvalorizações ao longo dos anos. • Uso: relacionado à mão de obra especializada para operação do equipamento, a forma correta de manuseio e a determinação dos responsáveis que irão utilizá-los, pode garantir uma maior durabilidade do bem adquirido, ou uma redução no valor por avarias e má utilização. 29 2.4 Cálculo da relação C/B Para melhor entendermos o estudo da análise da relação custo versus benefício, vamos aplicar a seguinte situação: sua organização está precisando verificar a viabilidade de determinado equipamento que já está em uso. Sendo assim, você, como engenheiro de segurança, solicitou uma reunião com os gestores dos setores de produção, contabilidade, financeiro e compras. Nesta reunião foi estudada a relação C/B de determinado equipamento. Para darmos continuidade é preciso entender alguns termos: • TMA (Taxa Média Atrativa): é o percentual de rendimento de seu capital quando é preciso optar entre duas opções para investir seu recurso. Por exemplo: você tem R$ 100.000,00 em recursos, e duas opções de investimento, (A) comprar um equipamento que te dará 6% de lucro ao ano; (B) investir esse dinheiro na poupança que te renderá os mesmos 6% ao ano. Nessa situação hipotética, fica evidente que a melhor relação C/B é investir na poupança, uma vez que o maquinário mesmo rendendo, sofre desvalorização e desgastes. Portanto, a TMA é a taxa média atrativa que auxilia nessa tomada de decisões. • VP (Valor Presente): é o quanto vale hoje determinado montante final, podendo ser realizado para até mesmo uma data futura. Por exemplo, a previsão do VP de um produto nos próximos 5 anos. Esse valor é o montante final financeiro, descontando-se a TMA ao longo de um tempo estimado. Na reunião, foram levantados diversas informações e dados. Esses dados possibilitam estimar o retorno que o equipamento traz para a organização. Sendo assim, suponhamos que sua equipe fez o levantamento dos dados de 2018 a 2022, tendo como exemplo o apresentado na Tabela 2. 30 Tabela 2 – Análise dos dados levantados pela equipe ANO Valor de venda Custos Receita TMA (Selic) 2018 R$ 82.700,00 R$ 17.132,34 R$ 43.241,40 2019 R$ 78.700,00 R$ 24.636,27 R$ 43.622,14 6,0% 2020 R$ 74.700,00 R$ 36.199,19 R$ 46.660,57 3,0% 2021 R$ 70.700,00 R$ 49.867,94 R$ 52.320,32 2,0% 2022 R$ 66.700,00 R$ 51.643,47 R$ 53.177,27 2,0% Fonte: elaborada pelo autor. Pelos dados da Tabela 2, pode ser observado que com o passar dos anos espera-se uma desvalorização do equipamento. Mesmo ele gerando gastos para a empresa, a receita ainda cobre estes gastos e prove lucro para a organização. Como exemplo, foi adotada a taxa Selic como TMA. Agora, diante destas situações, é necessário definir o VP, verificando-se a viabilidade de determinado equipamento ao longo de sua vida útil. Para tal, utilizaremos a Equação (1): Onde: VP = Valor Presente; VVa = Valor de Venda do ano anterior; R = Receita; C = Custos; VVi = Valor de Venda na data em estudo; TMA = Taxa Média Atrativa. Sendo assim, obtemos os seguintes valores, conforme Tabela 3: 31 Tabela 3 – Valores de VP calculado ANO Valor de venda Custos Receita VP TMA (Selic) 2018 R$ 82.700,00 R$ 17.132,34 R$ 43.241,40 2019 R$ 78.700,00 R$ 24.636,27 R$ 43.622,14 9.456,48 6,0% 2020 R$ 74.700,00 R$ 36.199,19 R$ 46.660,57 3.980,95 3,0% 2021 R$ 70.700,00 R$ 49.867,94 R$ 52.320,32 - 2.981,98 2,0% 2022 R$ 66.700,00 R$ 51.643,47 R$ 53.177,27 - 3.804,12 2,0% Fonte: elaborada pelo autor. Conforme Casarotto Filho e Kopittke (2017), o valor do número de VP indica a viabilidade de se manter determinado equipamento. Assim, quando em determinada data o VP for inferior a zero (VP<0), é desejável que o equipamento seja substituído. Nessa situação, vamos considerar que o equipamento em estudo sofrerá a substituição por baixa sem reposição, assim, podemos notar que ele precisaria de substituição no ano de 2021, já que em 2021 e 2022 o VP foi inferior a zero, indicando que o equipamento já não traz mais lucro para a organização. Claro, essa verificação parte de pressupostos contábeis. No papel de engenheiro de segurança, você precisa, por meiode inspeções de segurança, verificar se, ainda no período de VP positivo, o equipamento fornece a segurança necessária para seus trabalhadores e o ambiente laboral. Essa verificação deve ser realizada com base nas diretrizes da NR-12. 2.5 Aspectos subjetivos à relação custo versus benefício É importante entender que, na função de engenheiro de segurança do trabalho, a análise de custo e benefício não pode se limitar apenas na verificação dos dados quantitativos, mas também aos fatores 32 qualitativos. Por exemplo, um dado quantitativo é observar que certo equipamento depreciou ao longo de seu uso; já o olhar qualitativo, é observar que aquele equipamento, com o passar do tempo, está proporcionando maiores riscos à saúde da equipe de trabalho. Por estas razões, mesmo chegando nos valores numéricos da relação C/B é fundamental que o profissional da segurança atue com as inspeções ao equipamento, verificando sua estabilidade e segurança com base nas normas regulamentadoras, seja esse um maquinário, um equipamento de medição, um veículo, um EPI ou EPC, um serviço ou atividade. Assim, podemos concluir que o engenheiro de segurança precisa manter seu foco em relação não apenas à contabilidade, mas também aos valores referentes à seguridade ocupacional. 3. Apresentação de resultados Apresentar os resultados para as equipes e gestores é um dos grandes desafios da administração. Transmitir uma mensagem com clareza e objetividade, muitas vezes, pode ser difícil. Para que os resultados sejam transmitidos de maneira coerente é necessário observar alguns aspectos como: o público; o local; o planejamento do discurso e da apresentação dos dados. Definir o público que receberá a mensagem é fundamental, pois, dependendo do nível das informações, sua mensagem pode sofrer ruídos e não ser entregue por completo para os ouvintes. Por exemplo, suponhamos que você irá apresentar para a equipe do departamento financeiro os resultados financeiros de determinada linha de produção (considerando que a mensagem que você deseja passar é de que os resultados foram positivos), sua apresentação deverá ser estruturada em gráficos e tabelas financeiras. Enquanto para a equipe do chão de 33 fábrica, estes dados podem gerar ruídos na compreensão, por conta de suas especificidades e complexidades, portanto, é necessário ajustar as informações e simplificá-las, a ponto de todos entenderem a mensagem que você quer passar. Durante ou depois de uma apresentação, pode haver dúvidas por parte dos ouvintes, por isso, é fundamental que o apresentador, prontamente, tenha os dados apresentados. Você precisa ter o total domínio de todo o conteúdo que irá apresentar. O local em que irá apresentar também é de suma importância, é preciso garantir que todos receberam as informações com qualidade nos diferentes meios de comunicação, seja pelo som (volume da voz ou uso de microfones), pela visão (todos enxergam a TV, o computador, o papel), e ainda, dependendo do tempo de apresentação, a equipe precisa estar confortável, caso contrário, a probabilidade de dispersão é maior. Antes da apresentação, elabore um roteiro, contendo começo, meio e fim. Estruture-a em uma sequência lógica; deixe claro as metas que foram cumpridas, os objetivos a serem alcançados, e os planos de ações para as próximas atividades. Lembre-se de ensaiar sua apresentação. Ensaios são importantes para revisar e reparar em erros cometidos por vícios durante a elaboração da apresentação. E, ainda, se possível, um dia antes de sua apresentação, vá até o local, verifique os equipamentos disponíveis e a compatibilidade destes com os seus equipamentos. Dessa forma, pode-se evitar que, no dia, aconteçam imprevistos. 4. Políticas de segurança na organização A política de segurança, ou PSST (Política de Saúde e Segurança do Trabalhador), é um plano baseado em ações que buscam a prevenção 34 de acidentes e doenças ocupacionais nas organizações. Vale lembrar que cada organização deve possuir a sua PSST, isso vai depender das condições e do meio de trabalho da empresa, bem como das normas regulamentadoras que serão exigidas na organização. Ao elaborar uma PSST, a organização demonstra suas intenções com relação aos princípios estratégicos e seu desempenho em segurança e saúde ocupacional. Implantar políticas de segurança é obrigatório na maioria dos países, e nestas, precisam ser incluídos, no mínimo, os elementos requeridos pela legislação aplicável às instituições e empresas. Estes processos devem estar integrados ao plano estratégico da organização, bem como aos processos gerenciais, devendo documentar: os riscos presentes na organização; uma análise e avaliação destes riscos; as formas de controle aplicadas aos riscos identificados; as formas de revisão de eficiência dos programas de prevenção; assim como as formas de participação dos trabalhadores na PSST e seus aprimoramentos de competências desenvolvidas e praticadas. A implantação dessa política nas organizações, fortalece o conceito prevencionista nas equipes de trabalho. Assim, o ambiente ocupacional passa a se tornar um local com menos riscos e acidentes laborais, mais saudável e produtivo para os trabalhadores. 4.1 Considerações a serem levadas na elaboração de uma PSST Como discutimos anteriormente, a política de segurança em uma organização tem como foco disseminar a cultura da segurança no ambiente de trabalho. Para que isso ocorra de maneira eficiente, é preciso entender as principais considerações no processo de elaboração destas políticas de segurança. 35 A política deve abordar os agentes de risco nos ambientes laborais, para isso, é necessário o uso de ferramentas de análise de risco, como por exemplo a APR (Análise Preliminar de Riscos), Diagrama de Ishikawa, ou também fazer uso de programas ocupacionais já existentes na empresa, como exemplo o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) (antigo PPRA). Com relação à divulgação da PSST nos ambientes laborais, o mapa de risco é uma ferramenta que pode ser de grande valor. Esse mapa, de uma maneira simples e gráfica, pode auxiliar os trabalhadores na identificação e conscientização dos riscos presentes em suas atividades. É aconselhável que esse processo seja complementado com treinamentos entre as equipes. As capacitações e treinamentos favorecem para que o funcionário amplie sua conscientização com relação à sua segurança, à segurança do ambiente e dos colegas de trabalho. Ainda, o fato de fornecer treinamentos e capacitações para as equipes amplia a participação destes nos riscos presentes na organização – foco principal da PSST. Vale ressaltar que uma PSST só terá seu funcionamento de forma eficiente quando a organização tiver bem estruturada quanto: • À definição dos papeis de cada trabalhador, bem como suas funções e poderes, sendo essa uma característica de estrutura administrativa da empresa. • Aos seus métodos de trabalho, definindo o processo e a metodologia de trabalho para cada funcionário e cada setor. • À oferta de recursos financeiros para a realização da PSST; • Todos da empresa compreendem a necessidade e auxiliam na aplicação de uma PSST no local de trabalho. 36 É importante entender que a política de segurança não substitui nenhum programa exigido por lei, como o PGR, PCMSO, LTCAT (Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho), muito menos necessita da complexidade destes. Por exemplo, na política de segurança de uma organização, não há a necessidade de destacar qual EPI deve ser utilizado pelos trabalhadores em seus postos de trabalho, mas sim destacar a importância do uso destes em conformidade com outros programas. 4.2 Como aderir à uma PSST A maior dificuldade nas organizações é a adesão dos funcionários à uma PSST. Para isso, é essencial reforçar a participação destes em todos os processos da elaboração e da manutenção da PSST. Entende-se comomanutenção todo o período que esta estiver vigente na empresa, bem como o período em que precisa ser reformulada diante de mudanças que gerem novos riscos às equipes de trabalho. Para essa adesão, é necessário que fiquem estabelecidas as funções relacionadas à PSST de cada trabalhador, equipe de trabalho e setor. Por exemplo, no setor de produção é função dos que atuam nas esteiras assegurar a própria segurança e de seus companheiros de trabalho, bem como é função do gerente de linha de produção advertir funcionários que atuarem fora das políticas de segurança da empresa. Outro método de adesão das equipes à PSST, é por meio da divulgação dos dados de segurança da empresa para todos os colaboradores, bem como as metas para melhoria do ambiente laboral, estas medidas favorecem a participação ativa das equipes de trabalho. 4.3 Conclusões finais da PSST Podemos concluir que a PSST é uma ferramenta essencial nas organizações. Ela não irá substituir os programas de segurança exigidos 37 por leis e normativas, entretanto, irá proporcionar uma melhor adesão das equipes de trabalho às normas de segurança. Essa atitude favorece a redução efetiva dos acidentes laborais, doenças ocupacionais, afastamentos, processos trabalhistas, bem como a melhoria na produção e qualidade do ambiente de trabalho. Referências Bibliográficas CASAROTTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. São Paulo: Atlas, 2017. CESCA, I. G. et al. Modelo para previsão de custo de ciclo de vida de equipamentos e sua aplicação na gestão de ativos na indústria do petróleo. Anais [...], 2012. FANTI, L. D. et al. O uso das técnicas de valor presente líquido, taxa de interna de retorno e payback descontado: um estudo de viabilidade de investimentos no Grupo Breda Ltda. Desafio Online, Campo Grande, v. 3, n. 2, p. 1.141-1.157, jan./2015. Disponível em: https://desafioonline.ufms.br/index.php/deson/article/ view/1251. Acesso em: 5 mar. 2021. about:blank about:blank 38 Gestão da segurança e saúde no trabalho Autoria: Arthur Ribeiro Torrecilhas Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos • Conhecer e compreender sobre as normativas relacionadas aos sistemas de gestão. • Desenvolver conhecimentos teóricos e práticos relacionados à auditoria em segurança e sistemas de qualidade. • Apresentar as metodologias de implantação de sistemas de gestão. 39 1. Sistema de gestão Os sistemas de gestão de uma organização são fundamentais para a estrutura organizacional da empresa, pois auxiliam na manutenção dos parâmetros de segurança e qualidade, bem como na ordem destes. A aplicação de um sistema de gestão na saúde e segurança dos trabalhadores, tem por objetivo proporcionar uma metodologia de avaliação em busca da melhoria contínua no comportamento dos colaboradores e na prevenção de acidentes e incidentes no ambiente de trabalho. Os sistemas de gestão são métodos lógicos e graduais de tomada de decisão, que facilitam as respostas para as seguintes questões: “o que é necessário fazer?”, “como fazer?”, “como acompanhar o processo?”, “quais foram os resultados?”, “como melhorar estes resultados?”, dentre outros questionamentos que visam a melhoria contínua de um processo, ou seja, o aperfeiçoamento de uma operação De acordo com a OIT (2011), todo esse conceito apresentado, anteriormente, é baseado no famoso ciclo de Deming, mais conhecido como ciclo PDCA. No ciclo PDCA, cada sigla significa uma ação, P de Plan (planejar); D de Do (fazer); C de Check (verificar); e, por fim, A de Act (agir). O ciclo de Deming pode ser observado conforme a Figura 01. Figura 1 – Ciclo de Deming – PDCA Fonte: elaborada pelo autor. 40 Repare que o ciclo PDCA não possui fim, cada etapa está ligada à próxima, e isso se faz pelo fato de que o ciclo de Deming deve sofrer constante revisão, buscando sempre o aperfeiçoamento de um processo ou procedimento. Ou seja, ao longo da aplicação de um sistema de gestão, próximo ao seu fim, devem ser observados os pontos positivos e negativos gerados e, em seguida, estes devem ser otimizados e corrigidos, dando início a um novo ciclo. Quando aplicado à segurança e saúde ocupacional, o conceito de Planejar engloba o conceito de projetar e desenvolver uma política de saúde e segurança no trabalho. O fato de planejar, faz com que sejam desenvolvidas, ou que se busca desenvolver, novas competências, novos recursos, nova metodologia de operação, identificando e avaliando os riscos e perigos do ambiente de trabalho. A etapa de Fazer, ou desenvolver, se refere à implantação ou implementação da operacionalidade do processo. Ou seja, é verificada a atual situação, e esta é adaptada para um processo funcional que atenda às novas demandas exigidas pela organização na busca de uma melhoria contínua na segurança das equipes de trabalho e dos ambientes laborais. A fase de Verificar, busca avaliar e medir a eficiência do antes e do depois da aplicação do programa de gestão. Essa etapa é fundamental para a compreensão dos pontos em que o programa foi bem aplicado, e os pontos em que sofreram algum ruído em sua implantação. Ainda nessa etapa são levantados os dados para a concretização dos benefícios adquiridos pela organização com a implantação de um sistema de gestão. Aqui, são observados os aspectos que precisam de melhoria e os aspectos que podem ser mantidos na empresa. Por fim, a etapa de Agir realiza o “fechamento” do ciclo. Nela, ocorre uma análise de todo o sistema em busca da melhoria gerada e sua 41 continuidade. Aqui, busca-se o aperfeiçoamento de todo o sistema preparando-se para o próximo ciclo. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2005), a implantação de um Sistema de Gestão da Saúde e Segurança no Trabalho possibilita que a empresa desenvolva algumas características benéficas, entre as quais, pode-se destacar: • A implementação de medidas preventivas e de proteção passam a serem levadas a sério, como uma forma integrada da empresa, sendo efetiva e coerente com a qualidade de vida das equipes de trabalho. • Os trabalhadores passam a assumir compromissos com a segurança no ambiente laboral. • As equipes passam a conhecer riscos de suas atividades e dos equipamentos manuseados, reforçando o cuidado nas atividades e a segurança nos procedimentos. • Favorece que a direção e os trabalhadores se envolvam nos processos aos níveis de responsabilidade de cada um. 2. Histórico do sistema de gestão na segurança no trabalho Em 1972 foi publicado pelo Comitê Britânico de Segurança e Saúde no Trabalho um relatório que apontou a situação da seguridade dos trabalhadores nos ambientes laborais, sendo essa situação preocupante, devido ao alto índice de acidentes laborais. Anunciou-se, então, a alteração dos regulamentos das indústrias e dos trabalhadores, buscando-se uma condição de trabalho melhor. 42 Esse relatório trouxe como consequência, uma tendência de abordagens sistêmicas de saúde e segurança no trabalho. Em 1974, no Reino Unido, e em outras nações industrializadas, diversas legislações entraram em vigor em busca de uma melhoria no ambiente ocupacional. Em 1981, a nível internacional, a OIT (2011) criou uma convenção sobre o tema, seguida de uma recomendação (nº 164) que dá ênfase à importância de uma participação tripartida no desenvolvimento de programas e projetos para a prevenção de acidentes ocupacionais e melhor qualidade de vida no ambiente laboral, tanto a nível empresarial quanto nacional. Ao longo dos anos, com a crescente complexidade e a rápida mudança na natureza das atividades econômicas, novos desafios começaram a surgir, dificultando a manutenção das condições seguras no ambiente laboral fossem mantidas. Assim, surgiram novos modelos de gestão, dos quais necessitavam de uma rápida resposta aos riscos encontrados nos diferentes ambientes laborais. Para isso,eram necessárias avaliações continuadas e análise dos desempenhos. O surgimento destes modelos foram os percursores para o desenvolvimento de abordagens sistemáticas para gestão da segurança no trabalho. Em necessidade de continuar a reduzir os acidentes e melhorar os ambientes laborais, o conceito de gestão da segurança vem se demonstrando extremamente efetivo em muitos campos, quando bem aplicado. Nesse sentido, esse vem sendo adotado por inúmeras normas e legislações por diversas nações. Logo na sequência, a abordagem de um sistema de gestão na segurança e saúde no trabalho ganhou amplo apoio e adesão pelas normas ISO da Organização Internacional para Normalização (ISO). Com o sucesso destes novos métodos de gestão, a série ISO desenvolveu as normas voltadas para qualidade a ISO 9000 – posteriormente, voltada para aspectos ambientais, a série ISO 14000. Estas séries, segundo a OIT (2011), baseiam-se em modelos e teorias sistêmicas desenvolvidas com o intuito de aprimorar os parâmetros sociais, naturais e empresariais nas organizações. 43 A nível internacional, em 2001, a OIT publicou seu material denominado de Sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho: Diretrizes práticas da OIT, que, por meio de uma abordagem tripartida, veio a se tornar um modelo largamente utilizado no desenvolvimento de normas nacionais na área. A Figura 2 apresenta um diagrama utilizado pela OIT para apontar o modelo de um ciclo de melhoria contínua. Figura 2 – Diagrama modelo de ciclo de melhoria Fonte: adaptada de OIT (2011). Por meio do diagrama elaborado pela OIT, podemos perceber algumas semelhanças com o diagrama de Deming, por exemplo, o ciclo das ações, indicando a constante manutenção nos sistemas de gestão. Entretanto, esse ciclo se divide com as responsabilidades da empresa, tais como: a política de segurança, sendo uma função a ser aderida pelos trabalhadores; a organização responsável pela distribuição das obrigações de cada competência e formação de bons profissionais; a documentação e informação sobre Saúde e Segurança no Trabalho (SST); as etapas de planejamento e implementação, com a presença 44 das análises de riscos, planejamentos e desenvolvimentos de sistemas; a definição dos objetivos da SST e a prevenção de riscos laborais; a avaliação com o monitoramento e medição do desempenho dos programas, bem como a realização de auditorias e revisão de dados. Por fim, a ação para melhorias, responsável por realizar as ações preventivas e corretivas, buscando a melhoria contínua. 3. Auditoria A auditoria é uma investigação ou um exame minucioso e sistemático nas atividades desenvolvidas nas organizações. Tem como principal objetivo verificar se estas estão atuando de acordo com o planejado ou estabelecido em normativas e legislações. Podem ser divididas em dois grupos de auditorias, as internas e as externas. Assim: • Auditorias internas: são as realizadas por setores internos da empresa, ou seja, são membros da própria organização que realizam a inspeção de conformidade dentro da organização. Esse serviço também pode ser realizado por terceiros especificamente contratados para esta finalidade. Uma vez concluída, são levantados os principais aspectos questionados nos objetivos da auditoria, por exemplo, se o objetivo da auditoria são os acidentes laborais, no final desta, são destacadas as principais falhas observadas e as soluções para a correção dessas. • Auditorias externas: são realizadas por um profissional independente, ou por uma organização não vinculada com a empresa a ser auditada, tem por objetivo analisar os padrões técnicos e a confiabilidade das empresas auditadas. De forma geral, a auditoria externa é contratada para atestar a veracidade dos fatores regidos pela empresa auditada. Um exemplo disso são as auditorias para certificações, como o selo de qualidade ISO 9000 e 90001, selo de responsabilidade ambiental, ISSO 45001, dentre 45 outros. Isso garante ao consumidor e aos demais, que a empresa atua dentro das conformidades que garantem a qualidade em seus processos e procedimentos, bem como na gestão de suas atividades. De modo geral, podemos caracterizar a auditoria como uma monitorização de processos por um agente auditor ou uma equipe de auditores, em busca de parâmetros sistemáticos e padronizações normativas. Durante o processo de auditoria, é necessário o acompanhamento dos auditores por um profissional capacitado dentro da empresa, para que haja facilidades na comunicação e no fornecimento de informações, por exemplo: documentos, entrevistas com funcionários, registros, acesso a locais restritos e outros pertinentes ao longo da auditoria. E ainda, após a auditoria, é fundamental que a organização apresente os resultados e os dados para os funcionários, bem como as novas medidas a serem tomadas para implementação e melhoria do sistema (ABNT, 2018). Segundo o relatório, “diretrizes sobre sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho” (OIT, 2001), devem ser adotadas medidas que estabeleçam indicações sobre os registros de auditorias passadas, bem como as medidas realizadas para melhorias no sistema de gestão. Ainda, ressalta-se que a auditoria compreende diversas partes dos elementos de um sistema de gestão de saúde e segurança no trabalho em uma organização, devendo cobrir os seguintes elementos: • Política de SST. • Participação das equipes de trabalhadores. • Responsabilidade e obrigações de prestação de contas. • Competências e capacitações realizadas na organização. 46 • Documentações e histórico do sistema de gestão da saúde e segurança no trabalho. • Comunicação eficiente com as equipes e setores. • Planejamento, desenvolvimento, e implementação do sistema. • Medidas de prevenção e controle adotadas. • Gestão de mudanças aplicadas. • Prevenção, preparação e atendimento a emergências e sinistro. • Aquisições de bens e serviços voltados para a segurança no trabalho. • Contratação. • Monitoramento e medição do desempenho das equipes e setores. • Investigação de lesões, degradações da saúde, doenças e incidentes relacionados ao trabalho e seus efeitos no desempenho de segurança e saúde. • Auditoria. • Análise crítica por parte da administração. • Ações preventivas e corretivas aplicadas. • Procedimentos adotados para a melhoria contínua. • Outros critérios ou elementos que possam ser pertinentes. Ao concluir uma auditoria, devem ser apresentadas as informações, determinando se os elementos do sistema de gestão implementado ou parte deles são suficientes e eficazes para satisfazer a política e os 47 objetivos de segurança no trabalho e saúde ocupacional da organização. Se as medida são eficazes para que ocorra a promoção da participação dos trabalhadores; se as medidas tomadas pela organização estão em conformidade com as legislações nacionais; e se as medidas adotadas cumpriram com as metas de melhoria continua adotadas (ABNT, 2018a). 4. ISO 9000 e 9001 A ISO 9000 faz parte de um conjunto de normas técnicas que, juntas, estabelecem padrões e diretrizes para o desenvolvimento de um sistema de gestão de qualidade no ambiente laboral. Esse conjunto de normas é formado pelas normas ISO 9001, 9004 e 19011; todas, de sua maneira especifica, buscam otimizar os processos de gestão e da qualidade em um produto e/ou serviço. O objetivo principal da ISO 9000 é oferecer um pacote de diretrizes que auxiliam as empresas a criar um sistema que proporcione melhoria contínua em seus processos, produtos e serviços. A ISO 9000 apresenta os principais fundamentos e vocabulários da gestão da qualidade. Ela não se trata de uma norma justificável, mas sim, de um documento que estabelece diretrizes para entendimento de conceitos e termos, uma vez que alguns destes termos são essenciais para a aplicação das demais normas. Por estas razões, a ISO 9000 é considerada uma norma guia (ABNT, 2015). As ISO 9004 e 19011, também são consideradas normas guias,onde a ISO 9004 estabelece diretrizes com relação aos fatores técnicos, administrativos e humanos. Estes, por sua vez, podem afetar a qualidade do serviço ou produto final da empresa. Em geral, essa norma apresenta diretrizes orientadoras para a melhoria contínua no aspecto satisfação do cliente (ABNT, 2019; ABNT, 2018a). Por outro lado, a ISO 19011, apresenta orientações e diretrizes sobre auditorias internas da qualidade, destacando o controle de boas práticas, condução das 48 avaliações, e dos sistemas auditados. Lembrando que a auditoria interna é um sistema auxiliar para as empresas que irão passar por um sistema de auditoria de certificação, sendo considerada uma prévia da avaliação final. A ISO 9001 estabelece requisitos mínimos para um bom sistema de gestão da qualidade em busca de regularizar as empresas dentro destes parâmetros. Tal normativa apresenta todos os itens que uma empresa precisa adotar para se adequar a um sistema que garanta a gestão da qualidade e a continuidade dessas políticas (ABNT, 2015). Dentro das diretrizes da norma ISO 9001 são apresentados os pilares da gestão da qualidade, sendo estes: • Foco no cliente: quando possível, saber atender e superar as necessidades e expectativas dos clientes é um dos focos principais na gestão da qualidade, fator esse que contribuirá no sucesso das empresas ao longo do tempo. Neste contexto, a norma frisa que é importante manter a confiança dos clientes no processo, e sempre adaptar-se às necessidades futuras, ou seja, observamos aqui um aspecto da melhoria contínua. • Liderança: determinar um direcionamento na missão da organização, de maneira unificada, conduzindo as equipes de trabalho por meio de uma liderança forte que saiba repassar os objetivos de forma clara e objetiva. • Engajamento das pessoas: buscar aumentar a dedicação dos colaboradores em todos os níveis de trabalho. Isso possibilita o comprometimento das equipes com os objetivos da empresa, melhorando produtividade e qualidade no produto ou serviço final. • Abordagem de processo: compreender os processos e as atividades de uma organização como partes essenciais de um todo. Fazer com que as equipes entendam seus papeis em cada 49 etapa da produção de um produto ou na prestação de um serviço, auxilia na melhoria do processo e do produto final desenvolvido ou prestado. Deixar o trabalhador familiarizado com todas as etapas do processo, auxilia no melhor desenvolvimento da gestão da qualidade. • Melhoria: empresas com excelentes desempenhos estão sempre direcionando seus olhares para a melhoria contínua. Adaptar-se às mudanças que os mercados e o mundo sofrem, faz parte da sobrevivência e progresso de uma empresa bem sucedida. • Decisão baseada em evidência: tomar decisões, requer obter o máximo de informação possível para que seja possível conhecer todas as variáveis e caminhos que sua escolha pode causar, por estas razões deve-se sempre tomar decisões baseadas em evidências, ou seja, dados concretos de fatos internos e externos à organização. Para isso, é fundamental que sejam feitos registros das informações da empresa, bem como a aplicação de ferramentas de gerenciamento para tomada de decisões. • Gestão de relacionamento: saber identificar os relacionamentos de valor entre as partes interessadas na organização, por exemplo, os fornecedores de materiais e equipamentos, e estabelecer um plano de ação para administrá-los e mantê-los amistosos, faz parte da gestão de relacionamento. Com isso, essas medidas auxiliam no sucesso contínuo da organização. 5. ISO 14001 A ISO 14001 – Sistema de gestão ambiental, apresenta os requisitos com orientações para uso. Essa normativa, auxilia a empresa no desenvolvimento de uma gestão ambiental voltada para medidas que protegem o meio ambiente. Essa norma leva em consideração os aspectos ambientais provocados pela organização e, também, aqueles 50 que podem ser evitados por ela. Em linhas gerais, a ISO 14001 (ABNT, 2015) é a norma que busca aplicar à gestão da qualidade, aspectos de sustentabilidade para as empresas. A implantação dessa norma, deve ser buscada para as organizações que buscam comprometer-se com o meio ambiente, ou que pretendem mostrar a seus clientes ou fornecedores externos, que possui esse comprometimento e que ele é certificado. Com a evolução da norma, a ISO 14001 (ABNT, 2015) ganhou o enfoque não só na preservação do meio ambiente, mas, também, nos benefícios que a sustentabilidade pode trazer para a empresa, por exemplo, os ganhos econômicos com a redução de custos de embalagens, aplicação de produtos menos poluentes consequentemente redução nos gastos de tratamento de resíduos, dentre outros aspectos sustentáveis. Ainda, a norma tem perspectivas de abranger aspectos socioeconômicos, como a organização que cuida da região onde atua, ou que proporciona benefícios sustentáveis àquela região, pode receber incentivos fiscais como redução de impostos. 6. Implantação Existem diversas maneiras de realizar a implantação de um sistema de qualidade em uma organização. Para facilitar, podemos classificar, de modo geral, a seguinte metodologia: • Primeiramente, defina os objetivos e a razão para implantação das normas de qualidade em sua empresa. • Esteja seguro de que a alta direção da organização está alinhada com os princípios das normas, e que a empresa irá atuar em 51 conformidade. É fundamental que todos os trabalhadores, de cima para baixo, apoiem as medidas a serem instituídas. • Em seguida, faz-se necessário identificar os principais processos executados pela empresa, em busca de atender os objetivos e a necessidade dos clientes e usuários. Seguindo estes aspectos é possível dar início na implantação de um sistema de gestão da qualidade na organização. Referências Bibliográficas ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT: NBR ISO 9000 – Sistemas da gestão da qualidade: fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT: NBR ISO 9001 – Sistemas da gestão da qualidade: requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT: NBR ISO 9004 – Gestão da qualidade: qualidade de uma organização: orientação para alcançar o sucesso sustentado. Rio de Janeiro: ABNT, 2019. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT: NBR ISO 14001 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientação para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT: NBR ISO 19011 – Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. OIT. Organização Internacional do Trabalho. Diretrizes sobre Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho. São Paulo: Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho, 2005. OIT. Organização Internacional do Trabalho. Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho: um instrumento para uma melhoria contínua. São Paulo: Ciência Gráfica, 2011. 52 BONS ESTUDOS! Sumário Introdução à administração na segurança no trabalho Objetivos 1. Conceito de administração 2. Princípios básicos da organização 3. Compra, recebimento, conferência, armazenamento e controle de materiais e equipamentos Referências Bibliográficas Custo x benefício e políticas de segurança na empresa Objetivos 1. Introdução 2. Relação Custo versus Benefício 3. Apresentação de resultados 4. Políticas de segurança na organização Referências Bibliográficas Gestão da segurança e saúde no trabalho Objetivos 1. Sistema de gestão 2. Histórico do sistema de gestão na segurança no trabalho 3. Auditoria 4. ISO 9000 e 9001 5. ISO 14001 6. Implantação Referências Bibliográficas