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Reforma Ortográfica Redação e Pegadinhas 2019

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Gestão Administrativa Financeira
Elisiane Freitas, Vanessa Pereira, 
e Pedro Moura
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Produção Editorial
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e Saula Lima (MTB 82535/SP)
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REFORMA ORTOGRÁFICA
3
ÍNDICE
1 - Alteração no alfabeto .....................................................4
2 - Alteração nas regras de acentuação gráfica .....................7
3 - Trema .........................................................................13
4 - Hífen ..........................................................................14
5 - Sequências consonânticas ............................................24
6 - Transição ....................................................................27
7 - Avaliações e bancas examinadoras................................31
8 - Atenção às mudanças ..................................................32
9 - Redação: Critérios de correção de textos dissertativos ..35
10 - Estrutura do texto dissertativo ...................................38
11 - Objetividade e ponto-de-vista ...................................41
12 - Leitura crítica ............................................................44
13 - Dicas de sucesso ........................................................47
14 - Rir para não chorar ...................................................49
15 - Tema de redação, abordagem da proposta
e modelo de projeto de texto .....................................51
16 - Falácia .......................................................................55
17 - Leitura ......................................................................57
18 -Temas sem coletânea ..................................................59
19 - Temas com coletânea ................................................59
20 - Argumento de autoridade..........................................60
21 - Estatísticas ................................................................60
22 - Carta argumentativa ..................................................60
23 - Pele ...........................................................................61
24 - Texto narrativo .........................................................61
25 - Leitura dos enunciados ..............................................62
26 - Organização das respostas .........................................63
27 - Bloqueio ...................................................................63
28 - Dicionário.................................................................64
29 - Usos da língua...........................................................65
Pegadinhas da língua portuguesa .............................. 66 à 97
REFORMA ORTOGRÁFICA
4
1 – ALTERAÇÃO NO ALFABETO
Foi efetivada a inclusão das letras K, W e Y
no alfabeto, pois não eram consideradas 
parte dele desde a reforma de 1911 feita pela 
República e, posteriormente, na de 1934 
(época do militarismo no Brasil), pois
eram vistas como estrangeirismos.
Naquele tempo, mesmo tendo-se consciência 
de que era óbvio o seu uso, elas foram banidas. 
No Brasil existem muitos descendentes de 
estrangeiros que possuem essas letras em seus 
sobrenomes, o que torna seu uso obrigatório 
em um cadastro de ordem alfabética. Mesmo 
na época, o chamado Kardex, utilizado em 
escritórios, continha quase sempre fichas 
identificadas com as três letras, seja para 
cadastro de nomes próprios, nomes de 
medicamentos importados, peças de máquinas 
etc., pois eram necessárias para quaisquer tipos 
de controle, como: de estoque, de sequência 
de nomes, identificação correta de produtos 
em geral, entre outros. A efetivação das 
letras atualmente é, na verdade, apenas uma 
oficialização do que já era utilizado.
REFORMA ORTOGRÁFICA
5
Portanto, o alfabeto fica padronizado
conforme a tabela abaixo:
 
Observações
Além dessas letras, usa-se o ç (cê cedilhado) 
e os seguintes dígrafos: rr (erre duplo),
ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh 
(ene-agá), gu (guê-u) e qu (quê-u). 
As letras K, W e Y são usadas nos seguintes 
casos especiais:
a A (á)
b B (bê)
c C (cê)
d D (dê)
e E (é)
f F (efe)
g G (gê ou guê)
h H (agá)
i I (i)
j J (jota)
k K (cá)
l L (ele)
m M (eme)
n N (ene) 
o O (ó) 
p P (pê) 
q Q (quê) 
r R (erre) 
s S (ésse) 
t T (tê) 
u U (u) 
v V (vê) 
w W (dáblio) 
x X (xis) 
y Y (ípsilon) 
z Z (zê)
REFORMA ORTOGRÁFICA
6
A - Em antropônimos originários de outras 
línguas e seus derivados, ou seja,
nomes próprios e seus consequentes 
derivados quando couber:
Ex.: Franklin, frankliniano; Kant, kantiano; 
Darwin, darwiniano; Wagner, wagneriano; 
Byron, byroniano; Taylor, taylorista;
B - Em topônimos originários
de outras línguas e seus derivados:
Ex.: Kwañza, Kuwait, kuwaitiano;
Malawi, malawiano;
C - Em siglas, símbolos e mesmo em
palavras adotadas como unidades
de medida internacional, convencionadas
e padronizadas:
Ex.: TWA, KLM; K - potássio (de kalium);
W - oeste (West); kg - quilograma;
km - quilômetro; kW - kilowatt;
yd - jarda (yard); W - Watt.
REFORMA ORTOGRÁFICA
7
2 – ALTERAÇÃO NAS REGRAS
 DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA
2.1 - Tonicidade
 
O uso correto dos sinais de acentuação requer a 
identificação da tonicidade. A tonicidade destaca 
uma sílaba das outras pela força articulatória 
com que a produzimos (ou seja,
se a ênfase do tom ao falar recai em 
determinada sílaba na palavra pronunciada). 
Em palavras de mais de uma sílaba, o acento 
pode recair sobre a última, a penúltima ou a 
antepenúltima sílaba.
Ex.: Construção (tom mais forte em “ção”) 
chamada de palavra oxítona por ter
o som mais forte na última. 
Automóvel (tom mais forte em “mó”) 
chamada de paroxítona, pois o som
mais forte recai na penúltima. 
Lâmpada (tom mais forte em”Lâm”) chamada 
de proparoxítona, pois o
som mais forte recai na antepenúltima.
REFORMA ORTOGRÁFICA
8
Sendo assim, vejamos a seguir como se acentua 
de acordo com as novas regras ortográficas:
2.2 – Monossílabos tônicos
 
Nos monossílabos tônicos,
são acentuados apenas os terminados em:
- a, e, o (seguidos ou não de “s” )
Ex.: Pá(s), pé(s), pó(s), já, dá(-lo/la/los/las),
lê, vê, pô(-lo/la/los/las).
Verbo “pôr” é acentuado para ser
diferenciado de “por” (preposição). 
Ex.: Ela tem de pôr o avental por causa da poeira.
2.3 – Oxítonas
Nas oxítonas, devem ser acentuadas
apenas aquelas que terminam em:
- a, e, o, em (seguidas ou não de “s”)
Ex.: jacarandá(s), Macapá, filé(s), fazê(-la), 
REFORMA ORTOGRÁFICA
9
compô(-la), metrô, também, armazém.
Também os verbos ter e vir tantono singular 
(acento agudo) como no plural (circunflexo):
Ex.: Ele/Ela detém/convém/obtém ou
eles/elas detêm/convêm/obtêm/vêm.
Ele/Ela vem (não se acentua no singular).
Acentua-se as oxítonas terminadas em ditongos 
abertos: éi(s), éu(s), ói(s)
Ex.: anéis, tonéis, Ilhéus, chapéu(s), céu(s), 
herói(s), anzóis, faróis.
2.4 – Paroxítonas
Nas paroxítonas, são acentuadas apenas as que 
não sejam terminadas em:
- a(s), e(s), o(s), em, ens
(acentuadas só em oxítonas)
Portanto, recebem acento
as paroxítonas terminadas em:
- l, r, n, x, i (seguidos ou não de “s”)
REFORMA ORTOGRÁFICA
10
Ex.: automóvel, útil, caráter, éden, sêmen, 
látex, táxi(s), jóquei.
- U (seguido de “s” ou “m” ou “n”)
Ex.: vírus, lápis, álbum, álbuns, fórum, fóruns.
- ps
Ex.: fórceps, tríceps, bíceps.
Terminadas em: ditongos orais crescentes
Ex.: régua(s), água(s).
Terminadas em:
ditongos orais decrescentes
Ex.: imóveis, ânsia, série(s).
Terminadas em: vogal nasal
Ex.: acórdão(s), órfão(s), órfã(s).
ATENÇÃO! Não mais se acentuam:
palavras homógrafas (mesma grafia e 
REFORMA ORTOGRÁFICA
11
pronúncia, mas com sentidos diferentes) 
como para (verbo - antigo pára) e para 
(preposição). Outras como polo (pólo
da Terra) também não se acentuam mais.
Terminadas em: ditongos abertos
Ex.: estreia, assembleia, plateia, alcateia, 
colmeia, Coreia, epopeia, boia, joia,
paranoico, apoio/apoia (verbos).
Terminadas em: hiato (oo, ee)
Ex.: voo (verbo e substantivo), enjoo, coroo, 
assoo (na primeira pessoa do singular).
Eu voo de avião.
Ex.: eles/elas deem/veem/creem/leem
(na terceira pessoa do plural).
Exceção: pôde continua a acentuada
para diferenciar de pode.
Ex.: Ele pôde sair ontem
(pretérito perfeito do indicativo).
Ele pode sair mais tarde (presente do indicativo).
REFORMA ORTOGRÁFICA
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2.5 – Proparoxítonas
Nas proparoxítonas todas devem ser acentuadas.
Ex.: lâmpada, público, quadrilátero,
quilômetro, desenvolvêssemos, partiríamos,
econômico, acadêmico.
2.6 – Encontros vocálicos
São acentuados com agudo no i e u
somente se forem hiatos e estiverem
sozinhos na sílaba como em:
caída  ca – í – da saída  sa – í – da 
Não se acentua: ruim, contribuinte, trair, juiz 
(pois não estão sozinhos na sílaba)
São acentuados quando i e u são
acompanhados de “s”.
Ex.: faísca
Não são acentuados quando estiverem
antes de nh.
REFORMA ORTOGRÁFICA
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Ex.: campainha, rainha, moinho.
Não são acentuados quando estiverem
depois de ditongo crescente.
Ex.: feiura, baiuca, boiuno. 
No entanto, quando precedidos
de ditongo são acentuados.
Ex.: Piauí, tuiuiú.
Não mais são acentuadas sequências
verbais com gue, gui, que, qui.
Ex.: argui, averigue, oblique, averigues.
3 – TREMA
O trema (¨) foi totalmente abolido, portanto:
lingüiça agora é linguiça
freqüência agora é frequência 
cinqüenta agora é cinquenta
REFORMA ORTOGRÁFICA
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sagüi agora é sagui
tranqüilo agora é tranquilo... etc.
Apenas palavras estrangeiras devem manter o trema.
Ex.: Müller, mülleriano.
4 – HÍFEN
De acordo com a nova ortografia, o hífen deve 
ser usado basicamente em três situações: em 
compostos, locuções e encadeamentos 
vocabulares (4.1) em formações por 
prefixação, recomposição e sufixação (4.2) e 
nas formas pronominais (4.3).
4.1 – Compostos, locuções e 
encadeamentos vocabulares
Usa-se o hífen em palavras compostas por 
justaposição cujos elementos (substantivos, 
adjetivos, numerais ou verbos) constituam uma 
unidade sintagmática e semântica e com
acento próprio, ainda que o primeiro
elemento esteja reduzido.
REFORMA ORTOGRÁFICA
15
Ex.: ano-luz, tenente-coronel, sul-africano,
arco-íris, norte-americano, decreto-lei,
mato-grossense, fura-bolo.
Palavras que tenham perdido a noção de 
composição ou que tenham a consoante 
repetida no final da primeira palavra e início da
segunda, porém, devem ser grafadas sem hífen.
Ex.: girassol, madressilva, mandachuva, 
pontapé, paraquedas, paraquedista, 
passatempo.
Usa-se o hífen em topônimos compostos 
iniciados pelo adjetivo grão/grã ou por verbo, 
mesmo que haja artigo entre seus elementos.
Ex.: Grão-Pará, Grã-Bretanha, Baía de
Todos-os-Santos, Trás-os-Montes.
Topônimos sem hífen:
Ex.: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo 
Verde, Castelo Branco, Santa Rita do Oeste.
Exceção: Guiné-Bissau.
REFORMA ORTOGRÁFICA
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O hífen deve ser usado em palavras
compostas que designam espécies
botânicas e zoológicas.
Ex.: abóbora-menina, louva-a-deus,
cobra-dágua, couve-flor, feijão-verde,
erva-doce, bem-me-quer, bem-te-vi.
Emprega-se o hífen nos compostos formados 
pelos advérbios bem ou mal (no primeiro 
elemento da palavra) e por qualquer palavra 
iniciada por vogal ou h (no segundo elemento).
Ex.: bem-aventurado, bem-humorado,
mal-afortunado, bem-estar, mal-estar,
mal-humorado.
O advérbio bem, ao contrário do
advérbio mal, pode não se aglutinar com
o segundo elemento, ainda que esse seja
iniciado por consoante, quando se mantém
a noção da composição.
Ex.: bem-criado, (cf. malcriado), bem-nascido (cf. 
malnascido), bem-visto (cf. malvisto),
benfeitor, benfazejo, benfeito.
REFORMA ORTOGRÁFICA
17
O hífen deve ser empregado
nos compostos com os elementos:
além, aquém, recém e sem.
Ex.: além-mar, recém-casado, sem-terra,
sem-teto, sem-vergonha, aquém-fiar.
Não se usa o hífen nas locuções:
Ex.: cão de guarda, fim de semana,
cor de vinho, cor de açafrão etc.
Deve-se usar o hífen em encadeamentos 
vocabulares ocasionais ou nas
combinações históricas.
Ex.: a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, 
a ponte Rio-Niterói, Angola-Brasil.
4.2 – Prefixação, recomposição
 e sufixação
Nas palavras prefixais ou recompostas,
usa-se hífen apenas:
REFORMA ORTOGRÁFICA
18
a) Se o segundo elemento é iniciado por h:
Ex.: anti-higiênico, pré-história, super-homem, 
ultra-hiperbólico, extra-humano
Depois dos prefixos des- e in-, o hífen só não é 
usado se o segundo elemento perdeu o h.
Ex.: desumano, inábil, inapto,
inumano, desumidificar.
b) Se o prefixo/falso prefixo (primeiro elemento) 
termina com a mesma vogal que inicia
o segundo elemento:
Ex.: anti-hibérico, arqui-inimigo, micro-onda, 
eletro-ótica, semi-internato.
O prefixo co- geralmente aglutina-se
com o segundo elemento, ainda que
iniciado pela vogal o.
Ex.: coobrigação, coordenar, cooperação.
REFORMA ORTOGRÁFICA
19
c) Se forem usados os prefixos circum- e pam- e o 
segundo elemento for iniciado por vogal, h, m, n.
Ex.: circum-escolar, circum-hospitalar,
pan-africano, pan-helenismo.
d) Se o prefixo for hiper-, inter- e super-
e o segundo elemento for iniciado por r.
Ex.: hiper-requintado, inter-resistente,
super-revista.
e) Se o prefixo for ex- (no sentido de estado 
anterior ou efeito de cessar) ou
sota-, soto-, vice-, vizo-.
Ex.: ex-aluno, ex-presidente, vice-presidente, 
soto-mestre, ex-hospedeiro, vizo-rei.
f) Se os prefixos pós-, pré- e pró- forem
tônicos e graficamente acentuados.
Ex.: pós-graduação, pré-escolar,
pró-reitor, pré-natal.
REFORMA ORTOGRÁFICA
20
Em palavras como pospor, prever, promover 
não se usa hífen, pois o prefixo perdeu sua 
tonicidade própria.
Nas palavras prefixais ou recompostas
não se usa hífen:
a) Se o prefixo/falso prefixo terminar em vogal 
e o segundo elemento for iniciado por r ou s, 
devendo essas consoantes ser duplicadas.
Ex.: antirreligioso, antissemita, contrarregra, 
cosseno, biorritmo, microssistema, minissaia, 
extrarregular, contrassenha, infrassom.
b) Se o prefixo/falso prefixo terminar por vogal e o 
segundo elemento for iniciado por vogal diferente.
Ex.: antiaéreo, aeroespacial, extraescolar,autoestrada, hidroelétrica, coeducação.
c) Nas derivadas por sufixação, somente
quando o primeiro elemento terminar com
acento gráfico ou a pronúncia exigir e o
REFORMA ORTOGRÁFICA
21
segundo elemento for um dos sufixos:
-açu, -guaçu, -mirim
(tupi-guarani de valor adjetivo).
Ex.: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu, 
Ceará-mirim, andá-açu.
Aero - aeroespacial, aeronave, aeroporto;
Agro - agroindustrial;
Anfi - anfiartrose, anfíbio, anfiteatro;
Audio - audiograma, audiometria, audiovisual;
Bi(s) - bicampeão, bigamia, bisavô, bisneto;
Bio - biodegradável, biofísica, biorritmo;
Cardio - cardiopatia, cardiopulmonar;
Centro - centroavante, centromédio;
De(s) - desacerto, desarmonia, despercebido;
Eletro - eletrocardiograma, eletrodoméstico;
Estereo - estereofônico, estereoquímico;
Foto - fotogravura, fotomania, fotossíntese;
Hidro - hidroavião, hidroelétrico;
Macro - macroeconomia;
Maxi - maxidesvalorização;
Micro - microcomputador, micro-onda;
Mini - minidicionário, mini-hotel, minissaia;
REFORMA ORTOGRÁFICA
22
Mono - monobloco, monossílabo;
Morfo - morfossintaxe, morfologia;
Moto - motociclismo, motosserra;
Multi - multicolorido, multissincronizado;
Neuro - neurocirurgião;
Oni - onipresente, onisciente;
Orto - ortografia, ortopedia;
Para - paramilitares, parapsicologia;
Pluri - plurianual;
Penta - pentacampeão, pentassílabo;
Pneumo - pneumotórax, pneumologia;
Poli - policromatismo, polissíndeto;
Psico - psicolinguística, psicossocial;
Quadri - quadrigêmeos;
Radio - radioamador;
Re - reerguer, reeleger, rever, rerratificação;
Retro - retroagir, retroprojetor;
Sacro - sacrossanto;
Sócio - sociolinguístico, sociopolítico;
Tele - telecomunicações, tele-entrega, 
telessexo;
Termo - termodinâmica, termoelétrica;
Tetra - tetracampeão, tetraplégico;
Tri - tridimensional, tricampeão;
Uni - unicelular;
Zoo - zootecnia, zoológico.
REFORMA ORTOGRÁFICA
23
4.3 – Formas pronominais.
a) Usa-se hífen nos casos de
ênclise e mesóclise.
Ex.: adorá-lo, merecê-lo, pediu-lhe,
contar-te-emos, dar-se-ia.
b) Usa-se hífen após o advérbio eis
seguido de formas pronominais.
Ex.: Ei-lo que surge dentre os desaparecidos!
 Eis-me pronto para o novo ofício.
 
Em finais de linha:
Caso o final da linha coincida com o uso
do hífen, esse sinal deve ser repetido
na linha posterior.
Ex.: No Aeroporto Internacional, estava o ex-
-presidente da Argentina.
REFORMA ORTOGRÁFICA
24
5 – SEQUÊNCIAS CONSONÂNTICAS
Grafia no português europeu:
Alguns tipos gráficos são muito usados 
em Portugal, não sendo praticados no 
Brasil, mas a regra unifica a língua para 
todos os países e, nesse caso, quem sofre 
as principais mudanças é Portugal e suas 
letras enfeitadas e não pronunciadas.
Desaparecerão o C e o P de palavras em 
que essas letras não são pronunciadas, 
como “acção”, “acto”, “adopção”,
“óptimo” que se tornam “ação”,
“ato”, “adoção” e “ótimo”.
1 - O C, com valor de oclusiva velar, das 
sequências interiores CC (segundo C 
com valor de sibilante) CÇ e CT e o P das 
sequências interiores PC (com valor de 
sibilante), PÇ e PT ora se conservam, ora 
se eliminam.
a) Conservam-se nos casos em que são 
invariavelmente proferidos nas pronúncias 
REFORMA ORTOGRÁFICA
25
cultas da língua: compacto, convicção, 
convicto, ficção, friccionar, pacto, pictural, 
adepto, apto, díptico, erupção, eucalipto, 
inepto, núpcias, rapto.
b) Eliminam-se nos casos em que são 
invariavelmente mudos nas pronúncias 
cultas da língua: ação, acionar, afetivo, 
aflição, aflito, ato, coleção, coletivo, 
direção, diretor, exato, objeção, adoção, 
adotar, batizar, Egito, ótimo. 
c) Conservam-se ou eliminam-se 
facultativamente quando são proferidos 
numa pronúncia culta, quer geral quer 
restritamente, ou então quando oscilam 
entre a prolação e o emudecimento: 
aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres 
e carateres, dicção e dição, facto e fato, 
sector e setor, ceptro e cetro, concepção e 
conceção, corrupto e corruto, recepção 
e receção.
d) Quando nas sequências interiores
REFORMA ORTOGRÁFICA
26
MPC, MPÇ e MPT se eliminar o P de 
acordo com o determinado nos parágrafos 
precedentes, o M passa a N, escrevendo-
se, respectivamente, NC, NÇ e NT: 
assumpcionista e assuncionista, assumpção 
e assunção, assumptível e assuntível, 
peremptório e perentório, sumptuoso e 
suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade.
2 - Conservam-se ou eliminam-se, 
facultativamente, quando se proferem 
numa pronúncia culta, quer geral, quer 
restritamente, ou então quando oscilam 
entre a prolação e o emudecimento: o 
B da sequência BD em súbdito; o B da 
sequência BT em subtil e seus derivados;
o G da sequência GD em amígdala, 
amigdalácea, amigdalar, amigdalato, 
amigdalite, amigdaloide, amigdalopatia, 
amigdalotomia; o M da sequência MN
em amnistia, amnistiar, idemne, 
indemnidade, indemnizar, omnímodo, 
omnipotente, omnisciente etc.; o T da 
sequência TM em aritmética e aritmético.
REFORMA ORTOGRÁFICA
27
6 – TRANSIÇÃO
A transição da antiga para a nova ortografia da 
língua portuguesa se dará de forma gradual. 
No dia 29 de setembro de 2008, o presidente 
Lula tornou oficial a introdução da Reforma 
Ortográfica no Brasil. De acordo com a 
resolução, a reforma entrou em vigor em janeiro 
de 2009, mas as duas grafias (antiga e nova) 
continuarão valendo até dezembro de 2012. 
Ou seja, serão aceitas as duas formas tanto no 
vestibular como em provas escolares e concursos 
públicos até essa data.
A padronização na escrita da língua portuguesa 
para os países que a utilizam serve apenas como 
um direcionamento para uma codificação mais 
uniforme, tornando mais fácil a comunicação 
por meio de documentos oficiais. Mas fica claro 
que a língua, sendo viva e dotada de caráter 
evolutivo próprio, não pode ser padronizada 
por decreto, pois os povos falantes adotam 
diferentes maneiras de se expressar e empregam 
palavras com sentido diferente de acordo com 
costumes locais. A tentativa de unificação da 
língua revela-se muitas vezes vã no sentido de 
REFORMA ORTOGRÁFICA
28
tornar semelhantes povos com características 
e costumes diferentes. Assim como o inglês 
britânico é diferente do americano, o português 
europeu e o brasileiro estão fadados a se 
diferenciarem, se não na escrita, com certeza 
no modo de falar e se expressar de cada povo. 
Sendo assim, qualquer tentativa de “obrigar” a 
codificação da língua aproximando-se dos sons 
pronunciados torna-se uma tarefa hercúlea, 
para não dizer impossível. Segundo Marcos 
Bagno, gramático, autor de A mitologia do 
preconceito linguístico, a maioria dos literários é 
conservador e define a forma padrão da língua 
portuguesa como sendo a definitiva e única 
correta em qualquer situação, não respeitando 
tempo, povos e/ou costumes. Para ele isso não 
é gramática, e sim uma panaceia. Segundo 
o gramático, essa ênfase no texto literário 
tem produzido uma visão redutora da língua, 
identificando-a frequentemente apenas com 
a regulamentação ortográfica. A maioria dos 
autores de compêndios gramaticais, inclusive 
recentes, não faz distinção entre ortografia e 
fonética, ou seja, entre regras da língua escrita 
e oral. Segundo o linguista Saussure, o signo 
REFORMA ORTOGRÁFICA
29
(código escrito) é arbitrário, isso quer dizer 
que a maneira como escrevemos, codificamos 
um som não implica uma cópia fiel do som 
produzido, mas apenas símbolos adotados para 
representar esse som pronunciado. Por exemplo, 
a palavra francesa “vitraux” se pronuncia vitrô 
(significado: um tipo de vidro para janelas). 
A forma da escrita (o léxico, o signo, o 
significante) representa esse som pronunciado 
para os falantes da língua francesa, mas nalíngua portuguesa, se desejarmos pronunciar 
corretamente como se escreve, deveríamos 
grafar “vitraucs” ou “vitrô”. Como a pronúncia 
de uma palavra depende de “sotaque”, da 
maneira como se produz o som representado, 
da entonação, da forma que decodificamos 
as grafias etc., então não podemos dizer que 
verdadeiramente “vitraux” tem esse som. 
Portanto, devemos estar conscientes de que a 
correção ortográfica normatiza a língua escrita 
e ficará sempre restrita a isso, até que se faça 
outra reforma para tentar novamente aproximar 
a representação desses sons da verdadeira 
linguagem, a oral, que, diferentemente de uma 
língua morta como o latim, nunca se extingue 
enquanto existir um povo que a produz.
REFORMA ORTOGRÁFICA
30
BRASIL X PORTUGAL
Mesmo com mais uma tentativa de unificação da 
língua portuguesa, a implementação é lenta.
Primeiramente, os países que utilizam a língua 
− mais de 210 milhões de pessoas − precisam 
ratificar as mudanças, como fez o Congresso 
Nacional do Brasil. No entanto, a maior 
resistência à reforma foi mesmo de Portugal, 
pois, para seus habitantes, a mudança foi maior 
e mais significativa. Mesmo assim, ratificaram 
o acordo em maio de 2008 e muitas diferenças 
ainda continuam. Há algumas distinções, 
principalmente de acentuação − circunflexo e 
agudo − entre o Brasil e Portugal. Os brasileiros 
escrevem “econômico”, e os portugueses 
“económico”. Essa diferença e outras variações 
de pronúncia, por enquanto, foram mantidas. 
Existe ainda um problema financeiro relativo aos 
interesses das editoras que resistem em publicar 
livros e mudar seus arquivos reeditando todos 
os seus trabalhos
para se enquadrarem às novas regras.
REFORMA ORTOGRÁFICA
31
7 – AVALIAÇÕES E
 BANCAS EXAMINADORAS
A partir de 1º de janeiro de 2009 a Reforma 
Ortográfica passou a vigorar no Brasil. Porém, 
os países tem até 31 de dezembro de 2012 
para se adaptar às novas regras, podendo 
utilizar tanto as antigas quanto as novas. Essa 
é a grande polêmica do Decreto nº 6583 (Novo 
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa): 
mas e os exames de vestibular? E as provas 
escolares? E os exames de concursos públicos?
Os organizadores dos exames podem exigir do 
candidato o conhecimento somente das novas 
regras? Podem exigir somente as antigas? 
Podem exigir o conhecimento a respeito das 
mudanças de uma norma em relação à outra?
Infelizmente, a resposta para todas essas 
questões é SIM. Todos os candidatos deverão 
conhecer bem as regras antigas e as novas, 
assim como os pontos de mudança entre as 
duas. Nas provas dissertativas, as bancas de 
REFORMA ORTOGRÁFICA
32
correção são orientadas para aceitar livremente 
ambas as formas durante o período de transição 
(2009-2012). Portanto, aí vai a dica: um 
candidato que escreve segundo as novas regras 
leva vantagem sobre um candidato que não as 
usou ou, pior, misturou todas. Escrever utilizando 
apenas as novas regras mostra um candidato 
atualizado e decidido. Assim, não espere o 
prazo. Atualize-se já!
8 – ATENÇÃO ÀS MUDANÇAS
Logo quando foi anunciada a Reforma 
Ortográfica de 2008, a nova edição do 
Dicionário Escolar da Língua Portuguesa com 
as novas regras lançada pela Companhia 
Nacional e a Academia Brasileira de Letras 
rapidamente se proliferou, principalmente pela 
Internet − meio de pesquisa rápida atualmente. 
Acontece que, já na edição seguinte desse 
mesmo dicionário, houve novas correções 
divergentes da anterior. Confira a seguir o que 
REFORMA ORTOGRÁFICA
33
mudou, pois na Internet ainda existe muita 
informação antiga, servindo para confundir e 
gerar dúvidas.
O Acordo Ortográfico diz que se deve usar o 
hífen quando o prefixo termina em vogal e a 
palavra seguinte inicia-se com a mesma vogal. 
É o caso de re-escrever: Base XVI, §1º, item b.
Obs.: nas formações com o prefixo co-, este 
aglutina-se em geral com o segundo elemento, 
mesmo quando iniciado por o: coobrigação, 
coocupante, coordenar, cooperação, cooperar etc.
Na observação é mencionada uma única exceção: 
o prefixo CO-. Conclui-se, então, que o prefixo 
RE- não é uma exceção e deve seguir a regra. 
Porém, a 2ª edição do Dicionário Escolar da 
Língua Portuguesa, lançado pela Academia 
Brasileira de Letras (ABL) em janeiro de 2009, 
traz o termo sem hífen, assim como todos os 
outros termos com prefixo RE- seguidos 
da letra E.
REFORMA ORTOGRÁFICA
34
VEJA AS PRINCIPAIS MUDANÇAS DA 
REEDIÇÃO DO ACORDO ORTOGRÁFICO
1ª edição .....................................................2ª edição
Ante-sala ......................................................antessala
chá da índia ............................................. chá-da-índia
co-herdeiro ....................................................coerdeiro
gigahertz ......................................................giga-hertz
megahertz ..................................................mega-hertz
quilohertz ....................................................quilo-hertz
re-edificar ......................................................reedificar
re-editar .......................................................... reeditar
re-educação .............................................. reeducação
re-educar ........................................................reeducar
re-eleger ........................................................ reeleger
re-eleição ...................................................... reeleição
re-embolsar ................................................ reembolsar
re-encarnação ........................................ reencarnação
re-encontrar .............................................. reencontrar
re-encontro ..................................................reencontro
re-engenharia ..........................................reengenharia
re-entrância ................................................reentrância
re-entrar ..........................................................reentrar
re-enviar ..........................................................reenviar
re-erguer ........................................................ reerguer
re-escalonar .............................................. reescalonar
re-escrever ....................................................reescrever
re-escrito ........................................................ reescrito
re-estruturação ...................................... reestruturação
re-estruturar .............................................. reestruturar
re-estudar ......................................................reestudar
re-examinar ................................................reexaminar
romeu-e-julieta ..................................... romeu e julieta
tão-só .................................................................tão só
tão-somente ............................................. tão somente
tique taque ................................................ tique-taque
tititi ......................................................................ti-ti-ti
REDAÇÃO
35
 9. REDAÇÃO: CRITÉRIOS DE CORREÇÃO
 DE TEXTOS DISSERTATIVOS
SÍNTESE DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
O QUE SE AVALIA COMO SE AVALIA
Adequação ao tema
O texto aborda total ou 
parcialmente a proposta temática, 
ou foge ao tema; demonstra 
compreensão da coletânea de textos 
ou se entrega à paráfrase.
Adequação ao tipo de 
texto
A redação apresenta a estrutura 
básica do texto dissertativo (tese-
desenvolvimento-conclusão).
Coerência
Qual a consistência da estrutura 
argumentativa do texto; há 
contradições internas (entre orações 
e parágrafos), externas (leitura de 
mundo, veracidade dos dados) e/ou 
nonsense. 
Coesão
Como se organizam os elementos 
de ligação de idéias (orações 
eparágrafos); como se dá a 
estruturação de apoio ao texto 
dissertativo (concatenação de ideias 
de modo a privilegiar a clareza e a 
objetividade).
Correção gramatical
A composição do texto atende à 
Norma Culta de Linguagem ou 
dela se distancia.
REDAÇÃO
36
VOCABULÁRIO BÁSICO PARA O
ESTUDO DO TEXTO DISSERTATIVO
CONCEITO O QUE SIGNIFICA
Assunto 
Objeto de discussão abrangente, amplo.
Ex.: Violência.
Tema 
Objeto de discussão específico, 
particularizado.
Ex.: Violência doméstica.
Convencer
Provar para alguém que uma tese é 
verdadeira, que se tem razão. Isso 
não significa que o interlocutor 
necessariamente mudará de opinião.
Ex.: Convenço um amigo fumante de 
que o tabaco é nocivo ao organismo. 
Entretanto, ele continua a fumar.
Persuadir
Provar para alguém que uma tese é 
verdadeira, de modo a ocasionar a 
mudança de atitude do interlocutor.
Ex.: Convenço um amigo fumante de que 
o tabaco é nocivo ao organismo. A partir 
de nossa conversa, ele deixa de fumar.
Obs.: O objetivo da redação de um 
concurso público é convencer o leitor 
virtual da consistência dos argumentos 
apresentados para a defesa de uma tese, 
e não persuadi-lo a mudar suas opiniões, 
crenças e/ou convicções.
Dialética
Grosso modo, trata-se da abordagem 
de um tema de modo a compreender os 
opostos complementares. A partir da leitura 
dialética, compreende-se, por exemplo, 
por que, historicamente, os responsáveis 
(diretos ou indiretos) pela criação do
REDAÇÃO
37
Dialética
Movimento dos Trabalhadores Sem-terras 
(MST) são os próprios latifundiários 
que insistem em manter suas terras 
improdutivas. Nesse sentido, entende-se 
também que a internet, por si só, é um 
instrumento neutro: o uso que se faz dela 
pode ser benéfico ou não, conforme as 
circunstâncias.
O processo dialético pode ser verificado, 
ainda com mais facilidade, na própria 
natureza. Para que haja o dia, é necessário 
haver a noite, e vice-versa. Como são 
opostos complementares, um não existe 
sem o outro. O ponto de mutação do dia 
para a noite é o entardecer. Já o momento 
de transição da noite para o dia é o 
amanhecer. O ciclo se alterna de maneira 
que o novo, calcado no velho, o substitui. 
Da mesma maneira, para que surja a 
planta (o novo), a semente (o velho) tem 
de se transformar: a planta estava contida 
na semente, a qual se metamorfoseou para 
não interromper o ciclo da vida.
Leitor virtual
O destinatário do texto. O leitor virtual 
de uma redação de concurso público tem 
o seguinte perfil: culto, bem informado, 
crítico. É para ele que se escreve o texto, e 
não para o professor/corretor.
Auditório universal
Público amplo de interlocutores
(leitores e/ou ouvintes).
Auditório particular
Público específico de interlocutores 
(leitores e/ou ouvintes).
Obs.: Os argumentos devem ser 
elaborados conforme o perfil de dos
REDAÇÃO
38
Auditório particular
leitores virtuais de cada auditório.
Numa redação de concurso público 
(auditório universal), cujo tema seja a 
legalização do aborto, caso o autor do texto 
seja contrário a essa prática, não deverá 
utilizar o argumento de que o aborto é 
uma agressão a Deus, uma vez que que 
pode ser contestado por todos aqueles que 
não acreditam em Deus. Por outro lado, 
numa comunidade religiosa (auditório 
particular), o mesmo argumento surtirá 
efeito entre aqueles que, embora pensem 
de maneiras diferentes, partilham a mesma 
fé ou dogmas etc.
 10. ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO
a) Estrutura do texto dissertativo.
Grosso modo, o texto dissertativo divide-se em três etapas: 
s� )NTRODU½áO��ONDE�SE�APRESENTA�A�TESE�A�SER�DEFENDIDA	�
s� $ESENVOLVIMENTO��ESPA½O�POR�EXCELãNCIA�PARA�O�ARROLAMENTO�DE�
argumentos) e
s� #ONCLUSáO��ENCERRAMENTO�DO�TEXTO�EM�CONSONºNCIA�COM�A�TESE�
defendida por meio dos argumentos arrolados).
Antes de analisarmos as diversas possibilidades de elaboração de 
cada uma dessas etapas, vejamos a estrutura do texto dissertativo 
no editorial transcrito a seguir retirado de um renomado jornal 
em 2003.
REDAÇÃO
39
Horrível
INTRODUÇÃO
1 “Horrível, horrível, horrível” foram as palavras escolhidas pela 
relatora especial da ONU Asma Jahangir para qualificar as condições 
de duas unidades da Febem paulista – uma delas considerada modelo 
pelo Estado. A expressão traduz bem as dificuldades que cercam a 
luta pelos direitos humanos no Brasil. Seria injusto afirmar que não 
houve progressos ao longo dos anos, mas eles foram tão lentos, e o 
descalabro da situação é tamanho, que há pouco a comemorar.
DESENVOLVIMENTO
2 A visita de Jahangir, que ocupa o posto de relatora especial 
das Nações Unidas para Execuções Arbitrárias, Sumárias e 
Extrajudiciais, é um desses raros fatos positivos. Ela está no 
Brasil a pedido do governo federal e deverá apresentar relatório 
à Comissão de Direitos Humanos da ONU.
3 Os mais cínicos poderão se perguntar por que o governo traz 
um estrangeiro que inevitavelmente fará críticas do país num foro 
internacional. É justamente sob essa aparente incoerência que se 
encerra algo alentador no campo dos direitos humanos: o poder 
central ao menos sinaliza que está disposto a tocar na questão das 
torturas e ações de extermínio com a participação de policiais.
4 Infelizmente, tal disposição parece mais reduzida em esferas 
estaduais. Asma Jahangir, que goza da mais sólida reputação 
internacional, tentou, mas não conseguiu, ser recebida pelo 
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Pior, ela teve seu 
pedido para visitar a UAI (Unidade de Atendimento Inicial) do 
complexo da Febem no Brás inicialmente negado.
CONCLUSÃO
5 Eliminar a chaga da tortura e da violência policial não é tarefa 
simples. Ela torna-se ainda mais difícil quando altas vozes de 
REDAÇÃO
40
comando da polícia paulista parecem preferir a linguagem da força 
e do confronto e tratar o respeito aos direitos humanos como um 
empecilho, e não como uma norma inegociável.
(Folha de São Paulo, 1º de outubro de 2003, p. A-2)
COMENTÁRIOS (SÍNTESE)
I. INTRODUÇÃO (1º.º parágrafo)
s� 4ESE�� SITUA½áO� DOS� DIREITOS� HUMANOS� NO� "RASIL� ABSURDAMENTE�
desrespeitada/desrespeitosa, ainda que tenha havido avanços 
(ressalva).
s� #ONTEXTUALIZA½áO�� VISITA� DA� RELATORA� ESPECIAL� DA� /.5� A� DUAS�
unidades da Febem paulista.
II. DESENVOLVIMENTO (2ºo., 3º.º e 4º.º parágrafos)
s� !�VISITA�DE�*AHANGIR��A�PEDIDO�DO�GOVERNO�FEDERAL��REPRESENTA�UM�
avanço na questão dos direitos humanos no Brasil. Note-se o 
desdobramento, a explicitação do cargo ocupado por Jahangir 
na ONU. (2º parágrafo).
s� #ONTRA
ARGUMENTA½áO�� hOS� MAIS� C¤NICOSv� 8� PONTO
DE
VISTA� DO�
articulista (autor do eidtorial) – corroboração do argumento de 
que houve melhoras em relação ao espinhoso tema abordado. (3º 
parágrafo).
s� #ONTRASTE� ENTRE� A� POSTURA� DO� GOVERNO� ESTADUAL� DE� 3áO� 0AULO�
e a presença de Jahangir no Brasil (note-se, mais uma vez: a 
convite do governo federal). Se, ao longo do atual governo, o 
país avançou, ainda que timidamente, na defesa e garantia dos 
direitos humanos, quadro predominante ainda é de horror e 
descaso. (4º parágrafo).
III. CONCLUSÃO (5º.º parágrafo)
s� 2ETOMADA�REITERA½áO�DA�TESE�
REDAÇÃO
41
s� .OTE
SE�O�CONTEXTO��A�SITUA½áO�AGRAVA
SE�COM�ATITUDES�COMO�A�DE�
parte do comando da polícia paulista, o que legitima a violência 
institucional.
Observações (linguagem):
Forma encontrada no texto
Formas
gramaticalmente preferíveis
(Norma culta de linguagem)
“Ela torna-se ainda mais difícil” “Ela se torna ainda mais difícil”
“UAI (Unidade de 
Atendimento Inicial)”
“Unidade de Atendimento 
Inicial (UAI)”
 11. OBJETIVIDADE E PONTO-DE-VISTA
a) Objetividade e subjetividade
De modo geral, o texto objetivo é marcado pela impessoalidade(ausência de traços que indiquem o “eu”, como pronomes e verbos 
na primeira pessoa do singular, adjetivos etc). Isso, porém, não 
significa que o texto seja amorfo, sem vida ou não deixe transparecer 
claramente as opiniões do autor.
Por sua vez, o texto subjetivo representa claramente as opiniões pes-
soais do autor. Por esse motivo, mais do que argumentos, explicita 
sensações, emoções, estados de alma e lembranças do autor.
Vejamos dois exemplos (o segundo, construído por você mesmo):
TEXTO OBJETIVO
Uma xícara, duas, três...
 Saboreie sem culpa seu aromático e fumegante cafezinho. 
Absolvido pela ciência, ele deixou o banco dos réus e está perto de 
REDAÇÃO
42
ser aclamado como alimento funcional. Ou seja, acredite-se que 
previna doenças – do diabete tipo 2 a certos tipos de câncer! Só não 
vale exagerar.
(...)
Os prós*
s� !MPLIlCA�A�ATEN½áO�E�A�CONCENTRA½áO�
s� 2EDUZ�O�RISCO�DE�DESENVOLVER�DIABETE�TIPO����MAL�DE�0ARKINSON��
câncer no cólon e câncer de bexiga.
s� #ONCENTRA� MAIOR� QUANTIDADE� DE� MINERAIS� DO� QUE� ALGUMAS�
bebidas isotônicas.
s� !JUDA�NO�TRATAMENTO�DE�DEPENDENTES�QU¤MICOS�
Os contras*
s� !UMENTA�OS�N¤VEIS�DA�HOMOCISTE¤NA�NO�SANGUE��SUBSTºNCIA�QUE�
amplia o risco de enfarte.
s� 0ROVOCA� UM� LEVE� AUMENTO� DA� PRESSáO� ARTERIAL� DEPOIS� DE� CADA�
xícara.
s� 0ODE�CAUSAR�INTOLERºNCIA�GÕSTRICA�
s� !�CAFE¤NA�PODE�AUMENTAR�A�ELIMINA½áO�DE�CÕLCIO�NA�URINA��-ULHERES�
depois da menopausa devem tomar café com parcimônia, de 
preferência com leite.
* Consumo regular acima de 600 ml.
(Saúde!, maio de 2004, p. 29)
TEXTO SUBJETIVO
Eu gosto de café porque ............................................................... 
.....................................................................................................
........................................ Isso me lembra quando ......................
.....................................................................................................
REDAÇÃO
43
.............................................................. Fico feliz se ...................
......................................................................................................
......................................................... . Para mim, portanto, ......... 
......................................................................................................
......................................................................................................
......................................................................................................
b) Contra-argumentação
Recurso argumentativo que consiste em citar o argumento do 
interlocutor de modo a desconstruí-lo e desautorizá-lo. Não deve 
ser confundido com estratégia de agressão e/ou desqualificação da 
imagem do interlocutor.
No exemplo abaixo, André Petry procura, por meio da contra-
argumentação, demonstrar que determinada postura de defensores 
dos animais é antes uma atitude racista do que ecológica.
 “Como racismo no Brasil é sempre coisa do vizinho (argentino 
ou não), os defensores dos animais que lutam contra o rito das 
religiões africanas vão jurar de pés juntos que não são racistas, que 
jamais quiseram dizer que o deus dos negros não é tão bom quanto 
o deus dos brancos, que existem até negros entre eles e que queriam 
apenas evitar atrocidades contra os animais. Pode ser verdade, mas 
não basta. Se isso for mesmo, se o que os move é tão-somente a 
defesa dos animais, onde estão então os protestos diante dos 
abatedouros de bois, porcos e aves? Onde estão os protestos contra 
a condição do Brasil de maior exportador mundial de carne bovina 
e de frango? Dias atrás, o governo da Rússia anunciou que vai 
voltar a permitir a importação de carnes bovina, suína e de frango 
de regiões do Brasil onde havia suspeita de alguma doença. Foi 
uma excelente notícia para a economia brasileira – e não se ouviu o 
protesto dos defensores dos bois, porcos e galinhas.”
(André Petry, “Isso é que é racismo”. Veja, 27 de abril de 2005, p. 93)
REDAÇÃO
44
 12. LEITURA CRÍTICA
a) Posicionamento crítico
Uma dissertação bem elaborada não deixa espaço para o senso 
comum nem para o lugar-comum.
Senso comum
Reprodução de uma ideia, consagrada pelo uso, 
porém, sem base científica e/ou na realidade.
Exemplos:
Todo velho é sábio. (Será mesmo? A idade 
concede sabedoria, ou as experiências?)
Toda criança é inocente, ingênua. (Será mesmo? 
O que se entende por inocência? Estudos
de Psicologia e Psicanálise contestam essa 
tese em muitos pontos... O que dizer do 
protagonista do filme O Anjo Malvado?)
Obs.: Muitas vezes, senso comum é utilizado 
também como sinônimo de consenso,
sem a carga de alienação argumentativa 
atribuída acima.
Lugar-
comum
Expressões consagradas pelo uso, que se 
tornaram desgastadas. Exemplos.: 
O Brasil tem uma natureza exuberante.
Vimos por meio desta (no caso de uma carta).
Ao contrário, uma argumentação eficiente jamais negará os fatos, 
a realidade. Ao tratar, por exemplo, de assunto polêmico como o 
aborto, tanto partidários pró ou contra essa prática, em nome da 
lógica, não poderão deixar de admitir que:
a) toda forma de aborto constitui-se numa experiência traumática 
para a mulher;
REDAÇÃO
45
b) o embrião/feto, embora esteja ligado ao corpo da gestante, não é 
um simples apêndice da mãe, mas um indivíduo em formação.
 
Contra fatos há argumentos?
Quem nunca viu, em livro ou filme, a clássica cena em que um 
par amoroso é surpreendido e responde para o(a)
bisbilhoteiro(a): Não é nada do que você está pensando...?
Argumentos camuflam, ainda, as chamadas razões ideológicas. 
Você acha que realmente existe, ou existiu, algum tipo de guerra 
santa? Ou todas elas (cruzadas católicas, movimentos de expansão 
árabes/islâmicos para o Ocidente, deposição de Sadam Hussein 
pelo protestante Bush etc.) não passam/passaram de justificativas 
para expandir territórios e mercados?
A fim de elaborar o posicionamento crítico de forma eficiente, é 
preciso arrolar argumentos e compreender como pensa o oponente. 
Vejamos, a esse respeito, alguns argumentos favoráveis e contrários 
à implantação da pena de morte no Brasil.
PENA DE MORTE NO BRASIL
PRÓS CONTRAS
Somada a outras medidas, a pena de 
morte inibirá a criminalidade.
s�&ATOS�CONCRETOS�E�DADOS�DA�REALIDA-
de: para que a pena de morte real-
mente contribua para a inibição/di-
minuição da criminalidade, elencar 
medidas que a auxiliem nessa tarefa.
s� 0ESQUISAS�� ESTAT¤STICAS�� � UMA� VEZ�
que não se propõe para o Brasil o 
mesmo modelo de países onde a 
pena de morte termina por ser ine-
ficaz, as pesquisas e estatísticas que 
procuram demonstrar que essa me-
dida é inócua ao combate ao crime 
serão desautorizadas.
Nos países onde vigora, a 
pena de morte não diminuiu a 
incidência da criminalidade.
s�&ATOS�CONCRETOS�E�DADOS�DA�RE-
alidade.
s�0ESQUISAS��ESTAT¤STICAS�
REDAÇÃO
46
A fim de evitar injustiças, antes da 
implementação da pena de morte 
no Brasil (que poderá ser decidida 
por meio de plebiscito), o Estado 
deverá reaparelhar os sistemas judi-
ciário e penal. 
s� &ATOS� CONCRETOS� E� DADOS� DA� REALI-
dade: não se negam as deficiências 
dos sistemas judiciário e penitenciá-
rio brasileiros. Enquanto o primeiro 
carece de transparência e agilidade, 
o segundo necessita de urgente re-
formulação, a fim de se tornar real-
mente correcional, abandonado as 
características de verdadeira univer-
sidade do crime.
s�0ESQUISAS��ESTAT¤STICAS��DEMONSTRAR�
a urgência na reforma dos sistemas 
judiciário e penitenciário.
Quando da execução de um con-
denado, inexiste a possibilidade 
de rever o caso e sanar possíveis 
distorções/injustiças.
s�&ATOS�CONCRETOS�E�DADOS�DA�REA-
lidade: erros judiciários ocorrem 
e, no casoda pena de morte, são 
irreparáveis.
s� 0ESQUISAS�� ESTAT¤STICAS�� CONSI-
derar quais as classes sociais de 
onde provém o maior número 
de condenados à pena de morte.
A pena de morte, no Brasil, seria 
aplicada apenas aos condenados que 
cometerem crimes hediondos.
s� &ATOS� CONCRETOS� E� DADOS� DA� REALI-
dade: verdadeira defesa parcial da 
pena de morte (apenas para crimes 
hediondos); prevenção à possibili-
dade de injustiças (a pena de mor-
te não incidiria sobre crimes mais 
brandos).
De certa forma, a pena de morte 
já vigora no país, por meio da 
chamada violência institucional, 
promovida pela polícia, nas mais 
diversas esferas, sem que isso 
diminua a criminalidade.
s�&ATOS�CONCRETOS�E�DADOS�DA�REA
lidade: crítica ao sistema vigen-
te, corrupto e ineficiente. Nesse 
contexto, a implementação da 
pena de morte apenas legitimará 
a violência institucional.
b) Preconceito e desinformação X Fatos
Conforme a sabedoria popular, contra fatos não há argumentos. 
Todavia, baseadas no senso comum – cuja definição vimos acima 
– muitas informações são transmitidas, de geração a geração, de 
maneira a cristalizar-se e a legitimar crenças e preconceitos.
REDAÇÃO
47
Vejamos um exemplo:
Senso comum (sem base científica) Dados concretos da realidade
Minha vizinha dirige mal. Logo, 
todas as mulheres dirigem mal.
As companhias de seguros 
atestam que as mulheres, 
enquanto motoristas, são mais 
prudentes do que os homens. 
Por essa razão, oferecem seguros 
a preços diferenciados para 
motoristas do sexo feminino, 
as quais se envolvem em menos 
acidentes do que motoristas do 
sexo masculino. 
Raciocínio indutivo falacioso.
Base do preconceito (pré+conceito): 
generalização.
Argumentação baseada 
em pesquisas, estatísticas, 
verificações de ocorrências etc.
 13. DICAS DE SUCESSO
Para a resolução das provas
s� ,ER�ATENTAMENTE�OS�ENUNCIADOS��DIVIDI
LOS�E�FAZER�MARCA½µES�PES-
soais, a fim de não se perder durante a leitura.
s� %LABORAR��DE�MANEIRA�SUCINTA��UM�PROJETO�DE�TEXTO�PARA�A�RESPOSTA�
redação.
s� %LABORAR�UM�RASCUNHO�
s� $ElNIR�O�TEXTO�lNAL�
Lembre-se de:
s� ORGANIZAR�O�TEXTO�CONFORME�A�ESTRUTURA�DA�DISSERTA½áO�
s� ELABORAR�UMA�ESTRAT£GIA�ARGUMENTATIVA�CONSISTENTE�
s� ESCREVER�O�QUE�REALMENTE�ACREDITA��E�NáO�O�QUE�PENSA�QUE�AGRADARIA�
ao corretor.
REDAÇÃO
48
s� CITAR�AS�FONTES�CORRETAS�DE�ESTAT¤STICAS��ARGUMENTOS�DE�AUTORIDADES�
etc.
s� UTILIZAR
SE�DA�norma culta de linguagem.
s� ORDENAR�AS�ID£IAS�DE�FORMA�coerente e coesa.
s� PRODUZIR�UM�TEXTO�criativo e elegante sem, contudo, deixar de 
abordar o tema proposto.
s� NáO�SE�UTILIZAR�DA�PRIMEIRA�PESSOA�DO�SINGULAR�
Segundo a sabedoria popular (e os publicitários, profissionais li-
berais e do comércio), a propaganda é a alma do negócio. Nesse 
contexto, uma das melhores maneiras de “vender” o seu texto é 
caprichar na utilização do título e da epígrafe (citação logo abaixo 
do título, no canto esquerdo da página, relacionada ao tema a ser 
desenvolvido).
A esse respeito, leia os fragmentos abaixo:
Título – É a carteira de identidade do texto. Assim como na cédula 
de identidade cabem dados sobre sua identificação, foto e assinatura, 
no título devem aparecer de forma concisa a idéia central do texto. 
De forma sedutora, naturalmente. Dessa forma, use com equilíbrio 
trocadilhos e recursos poéticos os mais variados. Títulos genéricos 
como “As eleições no Brasil”, além de não serem atraentes, não 
delimitam o tema. Vale a pena “praticar” títulos, mesmo quando o 
modelo de prova que você fará não o exigir.
Epígrafe – Que eu saiba, nenhuma prova de Redação a exige. No 
entanto, atribui elegância intelectual ao texto. Prefira versos da MPB 
ou de poemas, trocadilhos bem feitos, provérbios e citações que 
não pertençam ao senso comum etc. Em tempo: não se esqueça das 
aspas (neste livro, substituídas pelo itálico) e da referência ao autor 
(Carlos Drummond de Andrade, Provérbio popular nordestino 
etc.)
BARBOSA JÚNIOR, Ademir (Prof. Dermes). Segredos para o 
vestibulando do CDF ao ZEN. São Paulo: Panda, 2004, pp. 79-80.
REDAÇÃO
49
 14. RIR PARA NÃO CHORAR
Segundo Jean de Santeuil, poeta neolatino (1630-1687), castigat 
ridendo mores [(A sátira), rindo, corrige os costumes]. Os exemplos 
abaixo, excertos das provas de Redação da UFRJ-2000, ao 
mesmo tempo em que divertem, são trágicos, pois refletem o 
depauperamento dos sistemas educacionais público e privado no 
Brasil. 
Como nosso objetivo não é rir de alguém, mas rir com alguém, 
vejamos juntos os absurdos abaixo, a fim de evitá-los em nossos 
textos e nos de nossos alunos. Boas gargalhadas!
PROVA DE REDAÇÃO DA UFRJ-2000 (SERÁ MESMO???)
FRAGMENTOS
PROBLEMAS DE 
ELABORAÇÃO DE TEXTO
Sobrevivência de um aborto vivo 
(título).
Incoerência externa
�ABORTO�8�VIVO�SOBREVIVãNCIA	�
O Brasil é um país abastardo com 
um futuro promissório.
6OCABULÕRIO��ABASTADO�8�ABASTARDO��
PROMISSOR�8�PROMISS˜RIO�
O maior matrimônio do país
é a Educação.
Vocabulário:
PATRIM¯NIO�8�MATRIM¯NIO�
Precisamos tirar as fendas dos 
olhos para enxergar com clareza 
o número de famigerados que 
almenta (sic).
6OCABULÕRIO��FENDAS�8�VENDAS��
FAMINTOS�8�FAMIGERADOS�
/RTOGRAlA��ALMENTA�8�AUMENTA�
Os analfabetos nunca tiveram 
chance de voltar à escola.
Incoerência externa: analfabetos 
8�ESCOLA�ESCOLARIZA½áO�
Também preoculpa (sic) o avanço 
regesssivo da violência.
/RTOGRAlA��PREOCULPA�8�PREOCUPA�
Incoerência externa e interna: 
AVAN½O�8�REGRESSIVO�
REDAÇÃO
50
O bem star (sic) dos abtantes 
endependente (sic) de roça, 
religião, sexo e vegetarianos, está 
preocudan-do-nos.
/RTOGRAlA��BEM�STAR�8�BEM
ESTAR��ABTANTES�8�HABITANTES��
ENDEPENDENTE�8�INDEPENDENTE��
preocudan-do-nos.
0RECISáO�VOCABULAR��RO½A�8�
raça; endependente (adjetivo) 
independentemente (advérbio).
Flexões verbal e pronominal: 
PREOCUDAN
DO
NOS�8�
preocupando-nos.
Incoerência interna: roça (raça)/
RELIGIáO�SEXO�8�VEGETARIANOS�
É preciso melhorar as indiferenças 
sociais e promover o saneamento 
de muitas pessoas.
Precisão vocabular: indiferenças 
SOCIAIS�8�DIFEREN½AS�SOCIAIS��
SANEAMENTO�8�BEM
ESTAR�
cidadania (?).
Segundo Darcy Gonçalves (Darcy 
Ribeiro) e o juiz Nicolau de Melo 
Neto (Nicolau dos Santos Neto).
Incoerência externa (na tentativa 
de utilizar-se do argumento 
de autoridade): Darcy/Dercy 
'ON½ALVES�8�$ARCY�2IBEIRO��
Nicolau de Melo Neto/João 
#ABRAL�DE�-ELO�.ETO�8�.ICOLAU�
dos Santos Neto.
Incoerência interna (na tentativa 
de utilizar-se do argumento 
de autoridade): o que haveria 
de comum entre o juiz Lalau e 
Darcy Ribeiro?
E o presidente onde está? 
Certamente em sua cadeira, 
fumando baseado e conversando 
com o presidente dos EUA.
Senso comum: o trecho indica 
indignação, e não análise crítica.
Oralidade: “em sua cadeira”; 
“fumando um baseado”.
REDAÇÃO
51
 15. TEMA DE REDAÇÃO, ABORDAGEM DA 
PROPOSTA E MODELO DE PROJETO DE TEXTO
 
(UNIFESP/2003)
INSTRUÇÃO: Sua redação deverá ser realizada, tendo-se como 
textos de apoio fragmentos do artigo “Políticas do Corpo”, do 
escritor e frade dominicano Frei Betto (Carlos Alberto Libânio 
Christo, 1944-), e um trecho da reportagem “Corpos à Venda”, 
assinada por Ana Paula Buchalla e Karina Pastore.
Políticas do Corpo
 (...) Uma pessoa é o seu corpo. Vive ao nutri-lo e faz dele expressão 
do amor, gerando novos corpos. Morto o corpo, desaparece a 
PESSOA��#ONTUDO� CHEGAMOS� AO� S£CULO�88)� E� AO� TERCEIRO�MILãNIO�
num mundo dominado pela cultura necrófila da glamourização de 
corpos aquinhoados pela fama e riqueza e pela exclusão de corpos 
condenados pela pobreza ou marcados por características que não 
coincidem com os modelos do poder.
 (...) Os premiados pela loteria biológica, nascidos em famílias 
que podem se dar aoluxo de come menos para não engordar, são 
indiferentes aos famintos ou dedicam-se a iniciativas caridosas, 
com a devida cautela de não questionar as causas da pobreza.
 Clonam-se corpos, mas não a justiça. (...) Açougues virtuais, as 
bancas de revistas exaltam a exuberância erótica de corpos, sem que 
haja igual espaço para idéias, valores, subjetividades, espiritualidades 
e utopias. Menos livrarias, mais academias de ginástica. Morremos 
todos esbeltos e saudáveis; o cadáver, impávido colosso, sem uma 
celulite.
 (...) Na prática de Jesus, a justiça encontra sua expressão mais 
bela na saúde dos corpos e na comensalidade, que faz da mesa 
REDAÇÃO
52
comunhão entre pessoas. A ponto de Cristo tornar a partilha do 
pão e do vinho, da bebida e da comida, sacramento de sua presença 
entre nós e em nós. E nos ensinar a oração “Pai nosso/pão nosso”. 
Se o pão é só meu, como o Pai pode ser nosso?
 A política das nações pode ser justamente avaliada pela maneira 
como a economia lida com a concretude dos corpos, sem exceção. 
Um país, como o Brasil, que segrega corpos condenando-os ao 
desemprego e à miséria, em nome da estabilidade da moeda e das 
imposições do FMI, ainda está longe do portal da civilização. (...)
(Frei Betto. Folha de S. Paulo. Tendências/Debates, 13/02/2000)
Corpos à venda
 Movidos pelo desejo legítimo de ter uma aparência melhor, 
milhares de brasileiros recorrem à cirurgia plástica como quem vai 
às compras. Para tudo, no entanto, há limite. “Formas perfeitas 
ao alcance de todos.” Tenha um corpo irresistível.” “Beleza, 
harmonia, sensibilidade... Conceitos ligados à arte, manejados por 
quem entende do que faz.” As frases entre aspas que você acabou 
de ler parecem tiradas de propagandas de academia de ginástica, de 
comida light ou até de loja de decoração. São, na verdade, anúncios 
de clínicas de cirurgia plástica, veiculados em revistas especializadas 
no ramo, como Plástica & Beleza e Corpo & Plástica. Essa é uma 
das faces da popularização das operações estéticas no país. Para se 
ter uma ideia, só no ano passado 350.000 brasileiros saíram na 
faca para ficar mais bonitos. Ou seja, em cada grupo de 100.000 
habitantes, 207 foram operados. Os Estados Unidos, tradicionais 
líderes do ranking em números absolutos, registraram no mesmo 
período 185 operados por 100.000. Isso significa que o Brasil se 
tornou campeão mundial da categoria. Desde 1994, quando entrou 
em cena o Plano Real, que estabilizou a economia e ampliou o poder 
de consumo, fazer plástica integra o rol de aspirações possíveis da 
classe média. (...)
(Veja São Paulo, 06/3/2002)
REDAÇÃO
53
Com base nos textos apresentados, e procurando revelar seu 
ponto de vista sobre o assunto, realize uma redação, em forma 
dissertativa, sobre o tema:
A REALIDADE DO SER E DO PARECER, NO BRASIL
MODELO DE ELABORAÇÃO DE PROJETO DE TEXTO
Prof. Dermes
TEMA: A realidade do ser e do parecer, no Brasil.
TESE: Numa sociedade cada vez mais narcísica, cujos 
comportamentos, em grande parte, se pautam pela reprodução 
de valores veiculados pela mídia, a obsessão pela aparência física 
produz distorções na relação do indivíduo com o seu corpo. No 
caso brasileiro, tais distorções se acentuam, uma vez que grande 
parcela da população não se alimenta adequadamente enquanto 
indivíduos pertencentes às classes com alto poder aquisitivo, em 
busca do chamado corpo perfeito, ou se submetem a dietas que 
desconsideram as quantidades mínimas para o bom funcionamento 
do organismo, ou investem grande soma de dinheiro em cirurgias 
plásticas, tratamentos estéticos ou produtos que visem a compensar 
os efeitos produzidos pelo excesso de alimentação.
Argumento 1 – A busca incansável pela reprodução no próprio corpo 
de padrões de beleza praticamente inacessíveis a todos evidencia:
s� $ESEQUIL¤BRIO� EMOCIONAL� �VIDE� AGRESSµES� AO� ORGANISMO� POR�
meio de programas de alimentação deficientes e nocivos) e 
carência afetiva (o indivíduo é aceito por determinados grupos 
sociais apenas se o seu corpo traduzir medidas estabelecidas em 
telenovelas, revistas, filmes etc);
s� !TROlA� DA� AFETIVIDADE� E� DA� ATIVIDADE� INTELECTUAL� n� VIDE��
respectivamente, a corpolatria e declarações de Paula Lavigne, 
produtora artística e ex-esposa de Caetano Veloso: segundo ela, 
REDAÇÃO
54
quando viaja pelo mundo, deixa de ir a museus para dedicar-se à 
ginástica nas academias dos hotéis onde se hospeda. Vide ainda, a 
receptividade (ou não) da novela Metamorphoses, exibida pela TV 
Record em 2004. Cf. o distanciamento dos ideais humanísticos, 
que marcaram civilizações antigas (vide Grécia) e a História 
Moderna (Renascimento).
Argumento 2 – A classe média brasileira, numa imitação incessante 
do comportamento norte-americano,
IV. Consegue superar a cifra anual de cirurgias plásticas praticadas 
nos EUA, a despeito das evidentes disparidades sociais em 
relação à renda do cidadão médio norte-americano;
V. Reproduz no país a “lógica ilógica” da dieta do norte-americano 
médio, rica em calorias e carboidratos que deverão ser gastos 
em atividades físicas desgastantes ou em cirurgias de reparação 
(a respeito da dieta, vide o hábito dos norte-americanos de 
consumir ovos com bacon no café da manhã). Some-se ao 
quadro de aberrações alimentares no Brasil o caso dos que 
passam fome para atingir níveis mínimos de massa na balança 
em oposição àqueles que, por motivos socioeconômicos, não 
se alimentam dignamente.
 Vide, ainda, a classe média brasileira e o início do Plano Real.
Conclusão: 
c) Necessidade de o homem equilibrar-se (vide holismo: corpo/
mente/espírito). Beleza e saúde a serviço do bem-estar, e não do 
exibicionismo.
d) Resgate da solidariedade, já que, respeitar o corpo significa 
respeitar o aspecto externo e visível do ser. Nesse contexto, 
s� CONSIDERAR�QUE�SEGREGAR�O�CORPO�£�SEGREGAR�TAMB£M�A�ALMA�O�
indivíduo por inteiro.
s� VIDE�A�IMPORTºNCIA�DE�A½µES�COMUNITÕRIAS�E�OU�GOVERNAMENTAIS�
responsáveis pela distribuição de renda e poder (citar, com 
crítica fundamentada e “ligeira”, o Programa Fome Zero, do 
Governo Federal).
REDAÇÃO
55
Lembrete:
b) Evocar o célebre texto de Betinho (anos 90), segundo o qual, a 
partir da Campanha Contra a Fome e pela Cidadania, seus dias 
começavam pelo “pão nosso”, e não pelo “Pai Nosso”.
 16. FALÁCIA
 A partir do sítio lusitano http://www.animalfreedom.org/
portuguese/opiniao/argumentos/tipos_argumentos_falaciosos.
html, observe-se como os argumentos falaciosos se cristalizam e 
passam a representar “verdades” em nosso cotidiano, de modo a 
impedir o diálogo, o confronto de ideias:
 Alguns argumentos são usados frequentemente, mas são 
inválidos. O uso destes argumentos - chamados falaciosos - É feito 
tanto pelos que são a favor como pelos que são contra. Colocamos 
estes argumentos numa coluna (à esquerda) e apresentamos (à 
direita) o contra-argumento. Para que a discussão seja clara e 
honesta.
 Há vários tipos de argumentos falaciosos
Não vale a pena fazer algo, 
porque ninguém vai cooperar
Raciocínio circular
Só espero que você próprio nunca 
se encontre nessa situação
Apelo ao poder
Se a sua ação tiver sucesso, 
acabamos todos por ter de pagar 
as consequências
Apelo às consequências
É uma tolice preocupar-nos com 
estes casos, porque noutros casos 
a situação ainda é pior
Apelo a argumentos não-próprios
REDAÇÃO
56
Claro que os seres humanos 
podem fazer o que fazem 
aos animais porque são mais 
inteligentes
Apelo à ignorância
Posso apresentar exemplos (de 
acções) que custaram a vida a 
animais, mas que salvaram muitas 
vidas humanas
Falácia de indução (e 
generalização ilícita)
Você diz que é a favor dos 
animais, mas também se aproveita 
deles
Ataque pessoal como argumento 
(ad hominem)
Eu estudo biologia médica e 
porisso sei porque razão as 
experiências com animais são 
necessárias
Apelo à autoridade
Os animais não se importam de 
serem usados, porque você não 
pode provar que se importam
Apelo à ignorância
Temos usado sempre animais e 
temos alcançado muitos sucessos
Apelo a uma relação não provada
A maior parte das pessoas acha 
muito natural usarem-se animais
Apelo à multidão
Se deixarmos de poder usar 
animais, cai muita gente no 
desemprego
Apelo à misericórdia
Toda a gente com juízo sabe que 
não faz mal usar os animais
Tentativa de invertir o ónus da 
prova
Conceder que os animais têm 
direitos significa que os animais 
têm de ser tratados como se 
fossem pessoas
Tentativa de distorcer os 
argumentos
REDAÇÃO
57
 17. LEITURA
 Observe, neste texto que circula no mundo virtual, conceitos 
como lugar-comum, senso comum e contra-argumentação. Veja, 
ainda, como a definição de amor se dá pela não-definição, isto é, 
pela desconstrução de conceitos.
O AMOR É OUTRA COISA
O amor não te faz arder em chamas. O nome disso é combustão 
instantânea. Amor é outra coisa.
O amor não faz brotar uma nova pessoa dentro de você. O nome 
disso é gravidez. O amor é outra coisa.
O amor não te deixa completamente feliz. O nome disso é Prozac. 
Amor é outra coisa.
O amor não te deixa saltitante. O nome disso é Pogobol. O amor 
é outra coisa.
O amor não te faz acreditar em falsas promessas. O nome disso é 
campanha eleitoral. O amor é outra coisa.
O amor não te faz esquecer de tudo. O nome disso é amnésia. 
Amor é outra coisa.
O amor não te faz perder a articulação das palavras de repente. O 
nome disso é AVC. O amor é outra coisa.
O amor não te faz sentir borboletas no estômago. O nome disso é 
fome. O amor é outra coisa.
O amor não te deixa completamente imóvel. O nome disso é trân-
sito de São Paulo. O amor é outra coisa.
O amor não te deixa molinho e manhoso. O nome disso é Rivotril. 
O amor é outra coisa.
O amor não te deixa temporariamente cego. O nome disso é spray 
de pimenta. O amor é outra coisa.
O amor não faz seu mundo girar sem parar. O nome disso é labi-
rintite. O amor é outra coisa.
REDAÇÃO
58
O amor não te deixa sem chão, o nome disse é cratera. O amor é 
outra coisa.
O amor não te deixa quente e te leva pra cama. O nome disso é 
dengue. O amor é outra coisa.
O amor não retribui suas declarações. O nome disso é restituição 
de imposto de renda. O amor é outra coisa.
O amor não leva teu café da manhã na cama e ainda dá na boqui-
nha. O nome disso é enfermeira. O amor é outra coisa.
O amor não te faz olhar pro céu e ver tudo colorido. O nome disso 
é queima de fogos de artifício. O amor é outra coisa.
O amor não te faz ficar simpático e amoroso de repente. O nome 
disso é Natal. O amor é outra coisa.
O amor não te liberta. O nome disso é alvará de soltura. Amor é 
outra coisa.
O amor não te deixa à mercê da vontade alheia. O nome disso é 
Boa-noite, Cinderela. O amor é outra coisa.
O amor não é aquela coisa brega, mas que te remexe todo. O nome 
disso é Banda Calypso. O amor é outra coisa.
O amor não te dá a chance de mudar o que está diante de você. O 
nome disso é controle remoto. O amor é outra coisa.
O amor não tira suas defesas. O nome disso é HIV. O amor é 
outra coisa.
O amor não te pega desprevenido e te impulsiona para frente. O 
nome disso é topada. O amor é outra coisa.
O amor não faz o coração bater mais rápido. O nome disso é ar-
ritmia. O amor é outra coisa.
O amor não faz você dar suspiros. O nome disso é dia de Cosme e 
Damião. O amor é outra coisa.
O amor não te faz ver tudo com outros olhos. O nome disso é 
transplante. O amor é outra coisa. 
(Adaptação de texto coletado por Jacqueline Marques)
REDAÇÃO
59
 18. TEMAS SEM COLETÂNEA
 Alguns vestibulares costumam trazer no enunciado da prova 
de Redação máximas ou citações. A partir disso, o candidato 
deve identificar o assunto e delimitar o tema, para então elaborar 
o projeto de texto e a própria redação. Parece uma prova difícil, 
porém, quando bem orientado e preparado, o vestibulando obtém 
bons resultados, ja´que constrói sua tese, expõe/argumenta e a 
ilustra com exemplos/fatos que “traduzem” o (s) tema (s) contido 
(s) na proposta. Geralmente, nas máximas ou citações propostas o 
candidato encontrará o assunto, e não o tema. Qual a diferença básica? 
De forma sucinta, o assunto é o mais abrangente (relacionamentos), 
enquanto o tema é mais específico, particularizado (relacionamentos 
amorosos; relacionamentos familiares etc.)
 19. TEMAS COM COLETÂNEA
 Esteja atento (a) para, a partir da coletânea, delimitar o tema. 
Lugar comuníssimo: as aparências enganam. Lembro-me de um 
simulado muito bem elaborado por alguns colegas cujo assunto era 
a morte, com coletânea composta por quatro textos: dois excertos 
jornalísticos escritos por autores ocidentais, um fragmento de 
poema de Álvares de Azevedo e a análise de um ideograma do I 
Ching. A maioria dos candidatos desconsiderou o último texto, 
entretanto era de fundamental importância contrapor as leituras da 
morte elaboradas no Oriente e no Ocidente. Ademais, observando 
atentamente, os candidatos perceberiam que, num universo de três 
textos ocidentais, o ideograma e sua leitura/interpretação ocupam 
lugar de destaque, e não o contrário.
REDAÇÃO
60
 20. ARGUMENTO DE AUTORIDADE
 Citar autoridades no assunto/tema desenvolvido confere a seu 
texto mais credibilidade, além de demonstrar que você realmente 
conhece o assunto/tema e o aborda criticamente. Quando, por 
exemplo, você trata da repressão a que se submete a criança e, por 
esse motivo, cita José Ângelo Gaiarsa, seu texto se fortalece. Nesse 
sentido, confirma-se para o leitor que o texto não se baseia apenas 
em impressões. Atenção, contudo, para não fazer citações aleatórias, 
equivocadas ou pedantes. Também não permita que a citação de 
Freud ou Vinicius de Moraes obscureça seus argumentos, os quais, 
ao contrário, devem se robustecer.
 21. ESTATÍSTICAS
 Ao utilizar estatísticas, procure citar as fontes. Além disso, nada 
de estatísticas generalizantes. Exemplo: candidatos que sustentam 
que “a maioria dos brasileiros” corresponde a 85% da população 
(“Oitenta e cinco por cento da população brasileira preferem 
descansar em casa nos feriados). Número arbitrário, não? No 
exemplo acima, os candidatos hipotéticos deveriam ter sido mais 
específicos, restringindo o grupo de que trata, conforme, por 
exemplo, a classe social e/ou a faixa etária.
 22. CARTA ARGUMENTATIVA
 Ao optar pela carta argumentativa, utilize-se dos recursos 
próprios a essa tipologia textual (data, formatação, uso das 
REDAÇÃO
61
iniciais para assinar a carta etc.). Atente ainda para a presença 
do interlocutor: bons textos são zerados porque seus autores se 
referem aos destinatários apenas no início da estrutura da carta, o 
que, segundo os avaliadores, parece mais um texto argumentativo 
“comum” acrescido de local, data e iniciais do remetente do que 
uma carta propriamente dita. Nos exercícios, informe-se a respeito 
do (s) destinatário (s) da (s) carta (s), a fim de empregar os pronomes 
de tratamento adequados e não deslizar em imprecisões de dados, 
informações, características etc.
 23. PELE
 Para dar maior verossimilhança a sua carta argumentativa – 
e já que você não deve assiná-la –, você pode utilizar-se de uma 
personagem diretamente ligada ao tema da carta e a seu interlocutor. 
Caso não se sinta seguro para esse exercício, basta escrever como 
candidato/cidadão. Que a prova de Redação não lhe cause crise de 
identidade...
 24. TEXTO NARRATIVO
 Prime pela criatividade, sem, contudo, sentir-se pressionado a 
ter a performance de um contista ou escritor de best-seller. Converse 
bastante com os professores de Língua, Literatura e Redação,pois 
ser um ótimo e apaixonado leitor de textos narrativos não significa 
necessariamente tirar nota máxima nessa modalidade textual 
solicitada por alguns vestibulares. É preciso entender bem o que 
a banca examinadora solicita e saber aliar técnica e talento, como, 
aliás, você certamente fará nas demais provas. Leia, portanto, os 
REDAÇÃO
62
enunciados de provas de anos anteriores, a fim de não confundir 
conceitos literários de criatividade com o conceito escolar de 
criatividade, este último (infelizmente?) solicitado nos vestibulares. 
De certa forma, optar pelo texto narrativo num vestibular significa 
ser criativo dentro de certos limites, isto é, encarar a possibilidade 
de ser plenamente circular dentro de um... quadrado...
 25. LEITURA DOS ENUNCIADOS
 Já percebeu que numa aula ou correção de exercícios, os 
professores costumam gastar mais tempo explicando o enunciado 
de uma questão do que a resposta propriamente dita? Lembra-se de 
quando era garotinho (a) e, num problema de Matemática, mesmo 
conhecendo todas as “continhas”, você errava porque dividia 
amigos por chocolate, e não chocolate por amigos? Observou 
com atenção a extensão dos enunciados de questões dissertativas e 
mesmo de múltipla escolha? Pois é, ler de forma atenta o enunciado, 
dividi-lo em partes para entender realmente o que se pede é de 
fundamental importância para a elaboração correta da resposta. Na 
verdade, trata-se de um exercício de leitura como outro qualquer. 
Entretanto, movido pela pressa ou ansiedade, o candidato comete 
erros óbvios, os quais, aliás, o deixam mais indignado do que nunca 
(Pô, professor, errar de bobeira é fogo. Se ainda fosse um erro grave...). 
Esteja atento (a) e rascunhe o caderno de questões à vontade. Em 
sala de aula ou no estudo em grupo, peça ao professor/monitor que 
esmiúce a questão. Assim, você terá mais segurança para interpretar 
as perguntas de uma prova. Em vestibulares bem estruturados, as 
questões são realmente complexas, o que não significa que sejam 
necessariamente difíceis. Ou, pior ainda, um enigma proposto por 
uma esfinge (Decifra-me ou devoro-te!).
REDAÇÃO
63
 26. ORGANIZAÇÃO DAS RESPOSTAS
 A resposta às questões dissertativas é uma pequena redação. 
Portanto, a) use para rascunho o espaço em branco disponível; 
b) leia atentamente as questões; c) reflita sobre as respostas; d) 
esquematize as respostas; e) redija o rascunho/refaça o texto; f ) 
passe a limpo.
 27. BLOQUEIO
 “Escrever é fácil: começa com maiúscula e termina com 
um ponto. No meio você coloca ideias.” (Pablo Neruda). Não 
obstante a genialidade do poeta, essa afirmação está prenhe de 
ironia. Professores e candidatos conhecem as reais dificuldades 
para se escrever bem. Por mais que desenvolva técnicas de leitura 
e produção de textos, em simulados e provas o candidato pode 
ser vítima de bloqueios. Como agir nessas circunstâncias? Em 
primeiro lugar, respire fundo, relaxe, pense nas possibilidades: a) 
ou você escreve; b) ou entrega a prova em branco. Infelizmente, 
não há como argumentar com a prova ou pedir prorrogação, já que 
o vestibular é um concurso público e, como todos os eventos dessa 
natureza, também provoca medo, estresse e pânico. Dominadas 
essas sensações (não se preocupe em fazê-las desaparecer), releia a 
proposta, organize o projeto de texto, rascunhe o suficiente, redija 
o texto e passe a limpo. Seja firme com o bloqueio, mas não se 
violente. Em tempo: quando estudar sozinho ou em grupo, caso 
não consiga realmente escrever seu texto ou responder a questões, 
relaxe, deixe tudo e recomece mais tarde. Nessas ocasiões, você 
está num ensaio, não na estreia da peça.
REDAÇÃO
64
 28. DICIONÁRIO
 Certamente o dicionário é uma grande referência para a 
compreensão de vocábulos, expressões, usos (conjugações verbais, 
colocação pronominal etc.) e outros. Contudo, isso não significa 
que os verbetes não devam ser lidos de modo crítico.
Grosso modo, por exemplo, a maioria dos dicionários define 
“greve” como “direito do trabalhador garantido por lei”, mas existe 
determinado dicionário para o qual “greve” constitui-se num 
“conluio de trabalhadores”, sendo “conluio”, em poucas palavras 
“reunião de pessoas com fins prejudiciais, não recomendáveis 
etc.”.
Algumas dicas para leitura de verbetes:
cadeira | s. f. | s. f. pl.
cadeira 
s. f.
1. Assento de costas para uma pessoa só.
2. Disciplina que se ensina numa aula.
3. Cargo de professor.
4. Jurisdição ou dignidade eclesiástica. (Ver cátedra.)
cadeiras
s. f. pl.
5. Conjunto dos quadris e ancas.
Observe a oração “Ela está com dores nas cadeiras”. Não se pode 
simplesmente substituir “cadeiras” por “cátedras”, de modo a 
dizer “Ela está com dores nas cátedras”. Em outras palavras, é 
preciso verificar todas as acepções do vocábulo (verbete), a fim de 
compreender qual/quais serve/servem como sinônimo/sinônimos, 
no caso específico da oração citada, para “cadeiras”.
“Ele havia chegado”, e não “Ele havia chego”.
REDAÇÃO
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 29. USOS DA LÍNGUA
 Língua: como usar, como não usar? Da mesma forma como as 
roupas são utilizadas: da mesma forma que não é adequado mergu-
lhar de terno, não se vai a um Fórum de sunga. Quando se conversa 
com alguém no MSN, por exemplo, é possível teclar “vc”, no lugar 
de “você”, mas isso seria inadequado num documento oficial.
Imagine um jogador de futebol que, durante uma partida, se vales-
se da Norma Culta de Linguagem. Não seria estranho ouvir algo 
como “Por favor, passe-me a bola!”? Além de estranho, não daria 
nem tempo de outro jogador ouvir o pedido.
Alguns falantes, preocupados em utilizar a Norma Culta de Lin-
guagem, cometem exageros, como “São meio-dia!”, ao que muitos 
respondem de modo humorado “Amém!”. 
Determinados usos, embora franqueados pela Norma Culta de 
Linguagem, podem soar estranhos. Em caso de dúvida, ou de não 
se sentir à vontade, é simples: substitua tais palavras e/ou expressões 
por outras. Exemplos:
NORMA 
CULTA
USOS CORRETOS 
QUE PODEM 
GERAR DÚVIDAS
PALAVRAS OU 
EXPRESSÕES 
SUBSTITUTAS
Bastantes
Tenho bastantes 
amigos.
Tenho muitos 
amigos.
Ares-
condicionados
Em casa, são dois 
ares-condicionados.
Em casa, são dois 
aparelhos de ar-
condicionado.
Gravidezes
Não tive dores nas 
duas gravidezes. 
Não tive dores nas 
duas gestações.
“O time empatou por 5 a 5.”, e não “O time empatou em 5 a 5.”.
PEGADINHAS
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 1 Pegadinha
O acidente aconteceu
porque o motorista dormiu no volante.
Errado
Para que alguém consiga dormir “no” volante, é 
necessário que o volante seja do tamanho de uma 
cama. Entenda, volantes desse tamanho ainda não 
foram fabricados.
O acidente aconteceu
porque o motorista dormiu ao volante.
Correto
Quem dorme bem, dorme “em” algum lugar. Já 
“dormir próximo” ou “junto” significa dormir a 
(preposição) com o respectivo artigo (o ou a).
 2 Pegadinha
É hora dele aparecer.
Errado
Frase com sujeito preposicionado é muito
comum na linguagem inculta com sujeitos de 
verbos no infinitivo.
É hora de ele aparecer.
Correto
O sujeito não pode ser preposicionado:
É hora de eu aparecer; No dia de ela chegar; 
Chegou a hora de a onça beber água.
 3 Pegadinha
Moro naquele conjunto de casas germinadas.
Errado Germinar significa brotar, crescer, gerar.
Moro naquele conjunto de casas geminadas.
Correto
As casas só podem ser “geminadas”, pois a palavra é 
derivada de gêmeos.
PEGADINHAS
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 4 Pegadinha
Já comuniquei o chefe que a mercadoria chegou.
Errado
O que se comunica é o objeto da comunicação, isto 
é, o assunto, o fato ocorrido. Comunica-se, sim, à 
pessoa um determinado fato.
Já comuniquei ao chefe que a mercadoria chegou.
Correto
O verbo comunicar possui dois objetos. Um deles 
é o objeto indireto, que é a pessoa que recebe a 
comunicação. A esse objeto o verbo

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