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PRESTIGIE O JORNALEIRO: compre sua revista na banca Expediente Produto desenvolvido por: /edicasepublicacoes /edicasepublicacoes /edicasepublicacoes /edicasepublic NOS SIGA NAS REDES SOCIAIS! http://loja.caseeditorial.com.br REFORMA ORTOGRÁFICA 3 ÍNDICE 1 - Alteração no alfabeto .....................................................4 2 - Alteração nas regras de acentuação gráfica .....................7 3 - Trema .........................................................................13 4 - Hífen ..........................................................................14 5 - Sequências consonânticas ............................................24 6 - Transição ....................................................................27 7 - Avaliações e bancas examinadoras................................31 8 - Atenção às mudanças ..................................................32 9 - Redação: Critérios de correção de textos dissertativos ..35 10 - Estrutura do texto dissertativo ...................................38 11 - Objetividade e ponto-de-vista ...................................41 12 - Leitura crítica ............................................................44 13 - Dicas de sucesso ........................................................47 14 - Rir para não chorar ...................................................49 15 - Tema de redação, abordagem da proposta e modelo de projeto de texto .....................................51 16 - Falácia .......................................................................55 17 - Leitura ......................................................................57 18 -Temas sem coletânea ..................................................59 19 - Temas com coletânea ................................................59 20 - Argumento de autoridade..........................................60 21 - Estatísticas ................................................................60 22 - Carta argumentativa ..................................................60 23 - Pele ...........................................................................61 24 - Texto narrativo .........................................................61 25 - Leitura dos enunciados ..............................................62 26 - Organização das respostas .........................................63 27 - Bloqueio ...................................................................63 28 - Dicionário.................................................................64 29 - Usos da língua...........................................................65 Pegadinhas da língua portuguesa .............................. 66 à 97 REFORMA ORTOGRÁFICA 4 1 – ALTERAÇÃO NO ALFABETO Foi efetivada a inclusão das letras K, W e Y no alfabeto, pois não eram consideradas parte dele desde a reforma de 1911 feita pela República e, posteriormente, na de 1934 (época do militarismo no Brasil), pois eram vistas como estrangeirismos. Naquele tempo, mesmo tendo-se consciência de que era óbvio o seu uso, elas foram banidas. No Brasil existem muitos descendentes de estrangeiros que possuem essas letras em seus sobrenomes, o que torna seu uso obrigatório em um cadastro de ordem alfabética. Mesmo na época, o chamado Kardex, utilizado em escritórios, continha quase sempre fichas identificadas com as três letras, seja para cadastro de nomes próprios, nomes de medicamentos importados, peças de máquinas etc., pois eram necessárias para quaisquer tipos de controle, como: de estoque, de sequência de nomes, identificação correta de produtos em geral, entre outros. A efetivação das letras atualmente é, na verdade, apenas uma oficialização do que já era utilizado. REFORMA ORTOGRÁFICA 5 Portanto, o alfabeto fica padronizado conforme a tabela abaixo: Observações Além dessas letras, usa-se o ç (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos: rr (erre duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), gu (guê-u) e qu (quê-u). As letras K, W e Y são usadas nos seguintes casos especiais: a A (á) b B (bê) c C (cê) d D (dê) e E (é) f F (efe) g G (gê ou guê) h H (agá) i I (i) j J (jota) k K (cá) l L (ele) m M (eme) n N (ene) o O (ó) p P (pê) q Q (quê) r R (erre) s S (ésse) t T (tê) u U (u) v V (vê) w W (dáblio) x X (xis) y Y (ípsilon) z Z (zê) REFORMA ORTOGRÁFICA 6 A - Em antropônimos originários de outras línguas e seus derivados, ou seja, nomes próprios e seus consequentes derivados quando couber: Ex.: Franklin, frankliniano; Kant, kantiano; Darwin, darwiniano; Wagner, wagneriano; Byron, byroniano; Taylor, taylorista; B - Em topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Ex.: Kwañza, Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano; C - Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida internacional, convencionadas e padronizadas: Ex.: TWA, KLM; K - potássio (de kalium); W - oeste (West); kg - quilograma; km - quilômetro; kW - kilowatt; yd - jarda (yard); W - Watt. REFORMA ORTOGRÁFICA 7 2 – ALTERAÇÃO NAS REGRAS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA 2.1 - Tonicidade O uso correto dos sinais de acentuação requer a identificação da tonicidade. A tonicidade destaca uma sílaba das outras pela força articulatória com que a produzimos (ou seja, se a ênfase do tom ao falar recai em determinada sílaba na palavra pronunciada). Em palavras de mais de uma sílaba, o acento pode recair sobre a última, a penúltima ou a antepenúltima sílaba. Ex.: Construção (tom mais forte em “ção”) chamada de palavra oxítona por ter o som mais forte na última. Automóvel (tom mais forte em “mó”) chamada de paroxítona, pois o som mais forte recai na penúltima. Lâmpada (tom mais forte em”Lâm”) chamada de proparoxítona, pois o som mais forte recai na antepenúltima. REFORMA ORTOGRÁFICA 8 Sendo assim, vejamos a seguir como se acentua de acordo com as novas regras ortográficas: 2.2 – Monossílabos tônicos Nos monossílabos tônicos, são acentuados apenas os terminados em: - a, e, o (seguidos ou não de “s” ) Ex.: Pá(s), pé(s), pó(s), já, dá(-lo/la/los/las), lê, vê, pô(-lo/la/los/las). Verbo “pôr” é acentuado para ser diferenciado de “por” (preposição). Ex.: Ela tem de pôr o avental por causa da poeira. 2.3 – Oxítonas Nas oxítonas, devem ser acentuadas apenas aquelas que terminam em: - a, e, o, em (seguidas ou não de “s”) Ex.: jacarandá(s), Macapá, filé(s), fazê(-la), REFORMA ORTOGRÁFICA 9 compô(-la), metrô, também, armazém. Também os verbos ter e vir tantono singular (acento agudo) como no plural (circunflexo): Ex.: Ele/Ela detém/convém/obtém ou eles/elas detêm/convêm/obtêm/vêm. Ele/Ela vem (não se acentua no singular). Acentua-se as oxítonas terminadas em ditongos abertos: éi(s), éu(s), ói(s) Ex.: anéis, tonéis, Ilhéus, chapéu(s), céu(s), herói(s), anzóis, faróis. 2.4 – Paroxítonas Nas paroxítonas, são acentuadas apenas as que não sejam terminadas em: - a(s), e(s), o(s), em, ens (acentuadas só em oxítonas) Portanto, recebem acento as paroxítonas terminadas em: - l, r, n, x, i (seguidos ou não de “s”) REFORMA ORTOGRÁFICA 10 Ex.: automóvel, útil, caráter, éden, sêmen, látex, táxi(s), jóquei. - U (seguido de “s” ou “m” ou “n”) Ex.: vírus, lápis, álbum, álbuns, fórum, fóruns. - ps Ex.: fórceps, tríceps, bíceps. Terminadas em: ditongos orais crescentes Ex.: régua(s), água(s). Terminadas em: ditongos orais decrescentes Ex.: imóveis, ânsia, série(s). Terminadas em: vogal nasal Ex.: acórdão(s), órfão(s), órfã(s). ATENÇÃO! Não mais se acentuam: palavras homógrafas (mesma grafia e REFORMA ORTOGRÁFICA 11 pronúncia, mas com sentidos diferentes) como para (verbo - antigo pára) e para (preposição). Outras como polo (pólo da Terra) também não se acentuam mais. Terminadas em: ditongos abertos Ex.: estreia, assembleia, plateia, alcateia, colmeia, Coreia, epopeia, boia, joia, paranoico, apoio/apoia (verbos). Terminadas em: hiato (oo, ee) Ex.: voo (verbo e substantivo), enjoo, coroo, assoo (na primeira pessoa do singular). Eu voo de avião. Ex.: eles/elas deem/veem/creem/leem (na terceira pessoa do plural). Exceção: pôde continua a acentuada para diferenciar de pode. Ex.: Ele pôde sair ontem (pretérito perfeito do indicativo). Ele pode sair mais tarde (presente do indicativo). REFORMA ORTOGRÁFICA 12 2.5 – Proparoxítonas Nas proparoxítonas todas devem ser acentuadas. Ex.: lâmpada, público, quadrilátero, quilômetro, desenvolvêssemos, partiríamos, econômico, acadêmico. 2.6 – Encontros vocálicos São acentuados com agudo no i e u somente se forem hiatos e estiverem sozinhos na sílaba como em: caída ca – í – da saída sa – í – da Não se acentua: ruim, contribuinte, trair, juiz (pois não estão sozinhos na sílaba) São acentuados quando i e u são acompanhados de “s”. Ex.: faísca Não são acentuados quando estiverem antes de nh. REFORMA ORTOGRÁFICA 13 Ex.: campainha, rainha, moinho. Não são acentuados quando estiverem depois de ditongo crescente. Ex.: feiura, baiuca, boiuno. No entanto, quando precedidos de ditongo são acentuados. Ex.: Piauí, tuiuiú. Não mais são acentuadas sequências verbais com gue, gui, que, qui. Ex.: argui, averigue, oblique, averigues. 3 – TREMA O trema (¨) foi totalmente abolido, portanto: lingüiça agora é linguiça freqüência agora é frequência cinqüenta agora é cinquenta REFORMA ORTOGRÁFICA 14 sagüi agora é sagui tranqüilo agora é tranquilo... etc. Apenas palavras estrangeiras devem manter o trema. Ex.: Müller, mülleriano. 4 – HÍFEN De acordo com a nova ortografia, o hífen deve ser usado basicamente em três situações: em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares (4.1) em formações por prefixação, recomposição e sufixação (4.2) e nas formas pronominais (4.3). 4.1 – Compostos, locuções e encadeamentos vocabulares Usa-se o hífen em palavras compostas por justaposição cujos elementos (substantivos, adjetivos, numerais ou verbos) constituam uma unidade sintagmática e semântica e com acento próprio, ainda que o primeiro elemento esteja reduzido. REFORMA ORTOGRÁFICA 15 Ex.: ano-luz, tenente-coronel, sul-africano, arco-íris, norte-americano, decreto-lei, mato-grossense, fura-bolo. Palavras que tenham perdido a noção de composição ou que tenham a consoante repetida no final da primeira palavra e início da segunda, porém, devem ser grafadas sem hífen. Ex.: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, passatempo. Usa-se o hífen em topônimos compostos iniciados pelo adjetivo grão/grã ou por verbo, mesmo que haja artigo entre seus elementos. Ex.: Grão-Pará, Grã-Bretanha, Baía de Todos-os-Santos, Trás-os-Montes. Topônimos sem hífen: Ex.: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Santa Rita do Oeste. Exceção: Guiné-Bissau. REFORMA ORTOGRÁFICA 16 O hífen deve ser usado em palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas. Ex.: abóbora-menina, louva-a-deus, cobra-dágua, couve-flor, feijão-verde, erva-doce, bem-me-quer, bem-te-vi. Emprega-se o hífen nos compostos formados pelos advérbios bem ou mal (no primeiro elemento da palavra) e por qualquer palavra iniciada por vogal ou h (no segundo elemento). Ex.: bem-aventurado, bem-humorado, mal-afortunado, bem-estar, mal-estar, mal-humorado. O advérbio bem, ao contrário do advérbio mal, pode não se aglutinar com o segundo elemento, ainda que esse seja iniciado por consoante, quando se mantém a noção da composição. Ex.: bem-criado, (cf. malcriado), bem-nascido (cf. malnascido), bem-visto (cf. malvisto), benfeitor, benfazejo, benfeito. REFORMA ORTOGRÁFICA 17 O hífen deve ser empregado nos compostos com os elementos: além, aquém, recém e sem. Ex.: além-mar, recém-casado, sem-terra, sem-teto, sem-vergonha, aquém-fiar. Não se usa o hífen nas locuções: Ex.: cão de guarda, fim de semana, cor de vinho, cor de açafrão etc. Deve-se usar o hífen em encadeamentos vocabulares ocasionais ou nas combinações históricas. Ex.: a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, Angola-Brasil. 4.2 – Prefixação, recomposição e sufixação Nas palavras prefixais ou recompostas, usa-se hífen apenas: REFORMA ORTOGRÁFICA 18 a) Se o segundo elemento é iniciado por h: Ex.: anti-higiênico, pré-história, super-homem, ultra-hiperbólico, extra-humano Depois dos prefixos des- e in-, o hífen só não é usado se o segundo elemento perdeu o h. Ex.: desumano, inábil, inapto, inumano, desumidificar. b) Se o prefixo/falso prefixo (primeiro elemento) termina com a mesma vogal que inicia o segundo elemento: Ex.: anti-hibérico, arqui-inimigo, micro-onda, eletro-ótica, semi-internato. O prefixo co- geralmente aglutina-se com o segundo elemento, ainda que iniciado pela vogal o. Ex.: coobrigação, coordenar, cooperação. REFORMA ORTOGRÁFICA 19 c) Se forem usados os prefixos circum- e pam- e o segundo elemento for iniciado por vogal, h, m, n. Ex.: circum-escolar, circum-hospitalar, pan-africano, pan-helenismo. d) Se o prefixo for hiper-, inter- e super- e o segundo elemento for iniciado por r. Ex.: hiper-requintado, inter-resistente, super-revista. e) Se o prefixo for ex- (no sentido de estado anterior ou efeito de cessar) ou sota-, soto-, vice-, vizo-. Ex.: ex-aluno, ex-presidente, vice-presidente, soto-mestre, ex-hospedeiro, vizo-rei. f) Se os prefixos pós-, pré- e pró- forem tônicos e graficamente acentuados. Ex.: pós-graduação, pré-escolar, pró-reitor, pré-natal. REFORMA ORTOGRÁFICA 20 Em palavras como pospor, prever, promover não se usa hífen, pois o prefixo perdeu sua tonicidade própria. Nas palavras prefixais ou recompostas não se usa hífen: a) Se o prefixo/falso prefixo terminar em vogal e o segundo elemento for iniciado por r ou s, devendo essas consoantes ser duplicadas. Ex.: antirreligioso, antissemita, contrarregra, cosseno, biorritmo, microssistema, minissaia, extrarregular, contrassenha, infrassom. b) Se o prefixo/falso prefixo terminar por vogal e o segundo elemento for iniciado por vogal diferente. Ex.: antiaéreo, aeroespacial, extraescolar,autoestrada, hidroelétrica, coeducação. c) Nas derivadas por sufixação, somente quando o primeiro elemento terminar com acento gráfico ou a pronúncia exigir e o REFORMA ORTOGRÁFICA 21 segundo elemento for um dos sufixos: -açu, -guaçu, -mirim (tupi-guarani de valor adjetivo). Ex.: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu, Ceará-mirim, andá-açu. Aero - aeroespacial, aeronave, aeroporto; Agro - agroindustrial; Anfi - anfiartrose, anfíbio, anfiteatro; Audio - audiograma, audiometria, audiovisual; Bi(s) - bicampeão, bigamia, bisavô, bisneto; Bio - biodegradável, biofísica, biorritmo; Cardio - cardiopatia, cardiopulmonar; Centro - centroavante, centromédio; De(s) - desacerto, desarmonia, despercebido; Eletro - eletrocardiograma, eletrodoméstico; Estereo - estereofônico, estereoquímico; Foto - fotogravura, fotomania, fotossíntese; Hidro - hidroavião, hidroelétrico; Macro - macroeconomia; Maxi - maxidesvalorização; Micro - microcomputador, micro-onda; Mini - minidicionário, mini-hotel, minissaia; REFORMA ORTOGRÁFICA 22 Mono - monobloco, monossílabo; Morfo - morfossintaxe, morfologia; Moto - motociclismo, motosserra; Multi - multicolorido, multissincronizado; Neuro - neurocirurgião; Oni - onipresente, onisciente; Orto - ortografia, ortopedia; Para - paramilitares, parapsicologia; Pluri - plurianual; Penta - pentacampeão, pentassílabo; Pneumo - pneumotórax, pneumologia; Poli - policromatismo, polissíndeto; Psico - psicolinguística, psicossocial; Quadri - quadrigêmeos; Radio - radioamador; Re - reerguer, reeleger, rever, rerratificação; Retro - retroagir, retroprojetor; Sacro - sacrossanto; Sócio - sociolinguístico, sociopolítico; Tele - telecomunicações, tele-entrega, telessexo; Termo - termodinâmica, termoelétrica; Tetra - tetracampeão, tetraplégico; Tri - tridimensional, tricampeão; Uni - unicelular; Zoo - zootecnia, zoológico. REFORMA ORTOGRÁFICA 23 4.3 – Formas pronominais. a) Usa-se hífen nos casos de ênclise e mesóclise. Ex.: adorá-lo, merecê-lo, pediu-lhe, contar-te-emos, dar-se-ia. b) Usa-se hífen após o advérbio eis seguido de formas pronominais. Ex.: Ei-lo que surge dentre os desaparecidos! Eis-me pronto para o novo ofício. Em finais de linha: Caso o final da linha coincida com o uso do hífen, esse sinal deve ser repetido na linha posterior. Ex.: No Aeroporto Internacional, estava o ex- -presidente da Argentina. REFORMA ORTOGRÁFICA 24 5 – SEQUÊNCIAS CONSONÂNTICAS Grafia no português europeu: Alguns tipos gráficos são muito usados em Portugal, não sendo praticados no Brasil, mas a regra unifica a língua para todos os países e, nesse caso, quem sofre as principais mudanças é Portugal e suas letras enfeitadas e não pronunciadas. Desaparecerão o C e o P de palavras em que essas letras não são pronunciadas, como “acção”, “acto”, “adopção”, “óptimo” que se tornam “ação”, “ato”, “adoção” e “ótimo”. 1 - O C, com valor de oclusiva velar, das sequências interiores CC (segundo C com valor de sibilante) CÇ e CT e o P das sequências interiores PC (com valor de sibilante), PÇ e PT ora se conservam, ora se eliminam. a) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias REFORMA ORTOGRÁFICA 25 cultas da língua: compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar, pacto, pictural, adepto, apto, díptico, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto. b) Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias cultas da língua: ação, acionar, afetivo, aflição, aflito, ato, coleção, coletivo, direção, diretor, exato, objeção, adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo. c) Conservam-se ou eliminam-se facultativamente quando são proferidos numa pronúncia culta, quer geral quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e carateres, dicção e dição, facto e fato, sector e setor, ceptro e cetro, concepção e conceção, corrupto e corruto, recepção e receção. d) Quando nas sequências interiores REFORMA ORTOGRÁFICA 26 MPC, MPÇ e MPT se eliminar o P de acordo com o determinado nos parágrafos precedentes, o M passa a N, escrevendo- se, respectivamente, NC, NÇ e NT: assumpcionista e assuncionista, assumpção e assunção, assumptível e assuntível, peremptório e perentório, sumptuoso e suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade. 2 - Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: o B da sequência BD em súbdito; o B da sequência BT em subtil e seus derivados; o G da sequência GD em amígdala, amigdalácea, amigdalar, amigdalato, amigdalite, amigdaloide, amigdalopatia, amigdalotomia; o M da sequência MN em amnistia, amnistiar, idemne, indemnidade, indemnizar, omnímodo, omnipotente, omnisciente etc.; o T da sequência TM em aritmética e aritmético. REFORMA ORTOGRÁFICA 27 6 – TRANSIÇÃO A transição da antiga para a nova ortografia da língua portuguesa se dará de forma gradual. No dia 29 de setembro de 2008, o presidente Lula tornou oficial a introdução da Reforma Ortográfica no Brasil. De acordo com a resolução, a reforma entrou em vigor em janeiro de 2009, mas as duas grafias (antiga e nova) continuarão valendo até dezembro de 2012. Ou seja, serão aceitas as duas formas tanto no vestibular como em provas escolares e concursos públicos até essa data. A padronização na escrita da língua portuguesa para os países que a utilizam serve apenas como um direcionamento para uma codificação mais uniforme, tornando mais fácil a comunicação por meio de documentos oficiais. Mas fica claro que a língua, sendo viva e dotada de caráter evolutivo próprio, não pode ser padronizada por decreto, pois os povos falantes adotam diferentes maneiras de se expressar e empregam palavras com sentido diferente de acordo com costumes locais. A tentativa de unificação da língua revela-se muitas vezes vã no sentido de REFORMA ORTOGRÁFICA 28 tornar semelhantes povos com características e costumes diferentes. Assim como o inglês britânico é diferente do americano, o português europeu e o brasileiro estão fadados a se diferenciarem, se não na escrita, com certeza no modo de falar e se expressar de cada povo. Sendo assim, qualquer tentativa de “obrigar” a codificação da língua aproximando-se dos sons pronunciados torna-se uma tarefa hercúlea, para não dizer impossível. Segundo Marcos Bagno, gramático, autor de A mitologia do preconceito linguístico, a maioria dos literários é conservador e define a forma padrão da língua portuguesa como sendo a definitiva e única correta em qualquer situação, não respeitando tempo, povos e/ou costumes. Para ele isso não é gramática, e sim uma panaceia. Segundo o gramático, essa ênfase no texto literário tem produzido uma visão redutora da língua, identificando-a frequentemente apenas com a regulamentação ortográfica. A maioria dos autores de compêndios gramaticais, inclusive recentes, não faz distinção entre ortografia e fonética, ou seja, entre regras da língua escrita e oral. Segundo o linguista Saussure, o signo REFORMA ORTOGRÁFICA 29 (código escrito) é arbitrário, isso quer dizer que a maneira como escrevemos, codificamos um som não implica uma cópia fiel do som produzido, mas apenas símbolos adotados para representar esse som pronunciado. Por exemplo, a palavra francesa “vitraux” se pronuncia vitrô (significado: um tipo de vidro para janelas). A forma da escrita (o léxico, o signo, o significante) representa esse som pronunciado para os falantes da língua francesa, mas nalíngua portuguesa, se desejarmos pronunciar corretamente como se escreve, deveríamos grafar “vitraucs” ou “vitrô”. Como a pronúncia de uma palavra depende de “sotaque”, da maneira como se produz o som representado, da entonação, da forma que decodificamos as grafias etc., então não podemos dizer que verdadeiramente “vitraux” tem esse som. Portanto, devemos estar conscientes de que a correção ortográfica normatiza a língua escrita e ficará sempre restrita a isso, até que se faça outra reforma para tentar novamente aproximar a representação desses sons da verdadeira linguagem, a oral, que, diferentemente de uma língua morta como o latim, nunca se extingue enquanto existir um povo que a produz. REFORMA ORTOGRÁFICA 30 BRASIL X PORTUGAL Mesmo com mais uma tentativa de unificação da língua portuguesa, a implementação é lenta. Primeiramente, os países que utilizam a língua − mais de 210 milhões de pessoas − precisam ratificar as mudanças, como fez o Congresso Nacional do Brasil. No entanto, a maior resistência à reforma foi mesmo de Portugal, pois, para seus habitantes, a mudança foi maior e mais significativa. Mesmo assim, ratificaram o acordo em maio de 2008 e muitas diferenças ainda continuam. Há algumas distinções, principalmente de acentuação − circunflexo e agudo − entre o Brasil e Portugal. Os brasileiros escrevem “econômico”, e os portugueses “económico”. Essa diferença e outras variações de pronúncia, por enquanto, foram mantidas. Existe ainda um problema financeiro relativo aos interesses das editoras que resistem em publicar livros e mudar seus arquivos reeditando todos os seus trabalhos para se enquadrarem às novas regras. REFORMA ORTOGRÁFICA 31 7 – AVALIAÇÕES E BANCAS EXAMINADORAS A partir de 1º de janeiro de 2009 a Reforma Ortográfica passou a vigorar no Brasil. Porém, os países tem até 31 de dezembro de 2012 para se adaptar às novas regras, podendo utilizar tanto as antigas quanto as novas. Essa é a grande polêmica do Decreto nº 6583 (Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa): mas e os exames de vestibular? E as provas escolares? E os exames de concursos públicos? Os organizadores dos exames podem exigir do candidato o conhecimento somente das novas regras? Podem exigir somente as antigas? Podem exigir o conhecimento a respeito das mudanças de uma norma em relação à outra? Infelizmente, a resposta para todas essas questões é SIM. Todos os candidatos deverão conhecer bem as regras antigas e as novas, assim como os pontos de mudança entre as duas. Nas provas dissertativas, as bancas de REFORMA ORTOGRÁFICA 32 correção são orientadas para aceitar livremente ambas as formas durante o período de transição (2009-2012). Portanto, aí vai a dica: um candidato que escreve segundo as novas regras leva vantagem sobre um candidato que não as usou ou, pior, misturou todas. Escrever utilizando apenas as novas regras mostra um candidato atualizado e decidido. Assim, não espere o prazo. Atualize-se já! 8 – ATENÇÃO ÀS MUDANÇAS Logo quando foi anunciada a Reforma Ortográfica de 2008, a nova edição do Dicionário Escolar da Língua Portuguesa com as novas regras lançada pela Companhia Nacional e a Academia Brasileira de Letras rapidamente se proliferou, principalmente pela Internet − meio de pesquisa rápida atualmente. Acontece que, já na edição seguinte desse mesmo dicionário, houve novas correções divergentes da anterior. Confira a seguir o que REFORMA ORTOGRÁFICA 33 mudou, pois na Internet ainda existe muita informação antiga, servindo para confundir e gerar dúvidas. O Acordo Ortográfico diz que se deve usar o hífen quando o prefixo termina em vogal e a palavra seguinte inicia-se com a mesma vogal. É o caso de re-escrever: Base XVI, §1º, item b. Obs.: nas formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar etc. Na observação é mencionada uma única exceção: o prefixo CO-. Conclui-se, então, que o prefixo RE- não é uma exceção e deve seguir a regra. Porém, a 2ª edição do Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, lançado pela Academia Brasileira de Letras (ABL) em janeiro de 2009, traz o termo sem hífen, assim como todos os outros termos com prefixo RE- seguidos da letra E. REFORMA ORTOGRÁFICA 34 VEJA AS PRINCIPAIS MUDANÇAS DA REEDIÇÃO DO ACORDO ORTOGRÁFICO 1ª edição .....................................................2ª edição Ante-sala ......................................................antessala chá da índia ............................................. chá-da-índia co-herdeiro ....................................................coerdeiro gigahertz ......................................................giga-hertz megahertz ..................................................mega-hertz quilohertz ....................................................quilo-hertz re-edificar ......................................................reedificar re-editar .......................................................... reeditar re-educação .............................................. reeducação re-educar ........................................................reeducar re-eleger ........................................................ reeleger re-eleição ...................................................... reeleição re-embolsar ................................................ reembolsar re-encarnação ........................................ reencarnação re-encontrar .............................................. reencontrar re-encontro ..................................................reencontro re-engenharia ..........................................reengenharia re-entrância ................................................reentrância re-entrar ..........................................................reentrar re-enviar ..........................................................reenviar re-erguer ........................................................ reerguer re-escalonar .............................................. reescalonar re-escrever ....................................................reescrever re-escrito ........................................................ reescrito re-estruturação ...................................... reestruturação re-estruturar .............................................. reestruturar re-estudar ......................................................reestudar re-examinar ................................................reexaminar romeu-e-julieta ..................................... romeu e julieta tão-só .................................................................tão só tão-somente ............................................. tão somente tique taque ................................................ tique-taque tititi ......................................................................ti-ti-ti REDAÇÃO 35 9. REDAÇÃO: CRITÉRIOS DE CORREÇÃO DE TEXTOS DISSERTATIVOS SÍNTESE DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO O QUE SE AVALIA COMO SE AVALIA Adequação ao tema O texto aborda total ou parcialmente a proposta temática, ou foge ao tema; demonstra compreensão da coletânea de textos ou se entrega à paráfrase. Adequação ao tipo de texto A redação apresenta a estrutura básica do texto dissertativo (tese- desenvolvimento-conclusão). Coerência Qual a consistência da estrutura argumentativa do texto; há contradições internas (entre orações e parágrafos), externas (leitura de mundo, veracidade dos dados) e/ou nonsense. Coesão Como se organizam os elementos de ligação de idéias (orações eparágrafos); como se dá a estruturação de apoio ao texto dissertativo (concatenação de ideias de modo a privilegiar a clareza e a objetividade). Correção gramatical A composição do texto atende à Norma Culta de Linguagem ou dela se distancia. REDAÇÃO 36 VOCABULÁRIO BÁSICO PARA O ESTUDO DO TEXTO DISSERTATIVO CONCEITO O QUE SIGNIFICA Assunto Objeto de discussão abrangente, amplo. Ex.: Violência. Tema Objeto de discussão específico, particularizado. Ex.: Violência doméstica. Convencer Provar para alguém que uma tese é verdadeira, que se tem razão. Isso não significa que o interlocutor necessariamente mudará de opinião. Ex.: Convenço um amigo fumante de que o tabaco é nocivo ao organismo. Entretanto, ele continua a fumar. Persuadir Provar para alguém que uma tese é verdadeira, de modo a ocasionar a mudança de atitude do interlocutor. Ex.: Convenço um amigo fumante de que o tabaco é nocivo ao organismo. A partir de nossa conversa, ele deixa de fumar. Obs.: O objetivo da redação de um concurso público é convencer o leitor virtual da consistência dos argumentos apresentados para a defesa de uma tese, e não persuadi-lo a mudar suas opiniões, crenças e/ou convicções. Dialética Grosso modo, trata-se da abordagem de um tema de modo a compreender os opostos complementares. A partir da leitura dialética, compreende-se, por exemplo, por que, historicamente, os responsáveis (diretos ou indiretos) pela criação do REDAÇÃO 37 Dialética Movimento dos Trabalhadores Sem-terras (MST) são os próprios latifundiários que insistem em manter suas terras improdutivas. Nesse sentido, entende-se também que a internet, por si só, é um instrumento neutro: o uso que se faz dela pode ser benéfico ou não, conforme as circunstâncias. O processo dialético pode ser verificado, ainda com mais facilidade, na própria natureza. Para que haja o dia, é necessário haver a noite, e vice-versa. Como são opostos complementares, um não existe sem o outro. O ponto de mutação do dia para a noite é o entardecer. Já o momento de transição da noite para o dia é o amanhecer. O ciclo se alterna de maneira que o novo, calcado no velho, o substitui. Da mesma maneira, para que surja a planta (o novo), a semente (o velho) tem de se transformar: a planta estava contida na semente, a qual se metamorfoseou para não interromper o ciclo da vida. Leitor virtual O destinatário do texto. O leitor virtual de uma redação de concurso público tem o seguinte perfil: culto, bem informado, crítico. É para ele que se escreve o texto, e não para o professor/corretor. Auditório universal Público amplo de interlocutores (leitores e/ou ouvintes). Auditório particular Público específico de interlocutores (leitores e/ou ouvintes). Obs.: Os argumentos devem ser elaborados conforme o perfil de dos REDAÇÃO 38 Auditório particular leitores virtuais de cada auditório. Numa redação de concurso público (auditório universal), cujo tema seja a legalização do aborto, caso o autor do texto seja contrário a essa prática, não deverá utilizar o argumento de que o aborto é uma agressão a Deus, uma vez que que pode ser contestado por todos aqueles que não acreditam em Deus. Por outro lado, numa comunidade religiosa (auditório particular), o mesmo argumento surtirá efeito entre aqueles que, embora pensem de maneiras diferentes, partilham a mesma fé ou dogmas etc. 10. ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO a) Estrutura do texto dissertativo. Grosso modo, o texto dissertativo divide-se em três etapas: s� )NTRODU½áO��ONDE�SE�APRESENTA�A�TESE�A�SER�DEFENDIDA � s� $ESENVOLVIMENTO��ESPA½O�POR�EXCELãNCIA�PARA�O�ARROLAMENTO�DE� argumentos) e s� #ONCLUSáO��ENCERRAMENTO�DO�TEXTO�EM�CONSONºNCIA�COM�A�TESE� defendida por meio dos argumentos arrolados). Antes de analisarmos as diversas possibilidades de elaboração de cada uma dessas etapas, vejamos a estrutura do texto dissertativo no editorial transcrito a seguir retirado de um renomado jornal em 2003. REDAÇÃO 39 Horrível INTRODUÇÃO 1 “Horrível, horrível, horrível” foram as palavras escolhidas pela relatora especial da ONU Asma Jahangir para qualificar as condições de duas unidades da Febem paulista – uma delas considerada modelo pelo Estado. A expressão traduz bem as dificuldades que cercam a luta pelos direitos humanos no Brasil. Seria injusto afirmar que não houve progressos ao longo dos anos, mas eles foram tão lentos, e o descalabro da situação é tamanho, que há pouco a comemorar. DESENVOLVIMENTO 2 A visita de Jahangir, que ocupa o posto de relatora especial das Nações Unidas para Execuções Arbitrárias, Sumárias e Extrajudiciais, é um desses raros fatos positivos. Ela está no Brasil a pedido do governo federal e deverá apresentar relatório à Comissão de Direitos Humanos da ONU. 3 Os mais cínicos poderão se perguntar por que o governo traz um estrangeiro que inevitavelmente fará críticas do país num foro internacional. É justamente sob essa aparente incoerência que se encerra algo alentador no campo dos direitos humanos: o poder central ao menos sinaliza que está disposto a tocar na questão das torturas e ações de extermínio com a participação de policiais. 4 Infelizmente, tal disposição parece mais reduzida em esferas estaduais. Asma Jahangir, que goza da mais sólida reputação internacional, tentou, mas não conseguiu, ser recebida pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Pior, ela teve seu pedido para visitar a UAI (Unidade de Atendimento Inicial) do complexo da Febem no Brás inicialmente negado. CONCLUSÃO 5 Eliminar a chaga da tortura e da violência policial não é tarefa simples. Ela torna-se ainda mais difícil quando altas vozes de REDAÇÃO 40 comando da polícia paulista parecem preferir a linguagem da força e do confronto e tratar o respeito aos direitos humanos como um empecilho, e não como uma norma inegociável. (Folha de São Paulo, 1º de outubro de 2003, p. A-2) COMENTÁRIOS (SÍNTESE) I. INTRODUÇÃO (1º.º parágrafo) s� 4ESE�� SITUA½áO� DOS� DIREITOS� HUMANOS� NO� "RASIL� ABSURDAMENTE� desrespeitada/desrespeitosa, ainda que tenha havido avanços (ressalva). s� #ONTEXTUALIZA½áO�� VISITA� DA� RELATORA� ESPECIAL� DA� /.5� A� DUAS� unidades da Febem paulista. II. DESENVOLVIMENTO (2ºo., 3º.º e 4º.º parágrafos) s� !�VISITA�DE�*AHANGIR��A�PEDIDO�DO�GOVERNO�FEDERAL��REPRESENTA�UM� avanço na questão dos direitos humanos no Brasil. Note-se o desdobramento, a explicitação do cargo ocupado por Jahangir na ONU. (2º parágrafo). s� #ONTRA ARGUMENTA½áO�� hOS� MAIS� C¤NICOSv� 8� PONTO DE VISTA� DO� articulista (autor do eidtorial) – corroboração do argumento de que houve melhoras em relação ao espinhoso tema abordado. (3º parágrafo). s� #ONTRASTE� ENTRE� A� POSTURA� DO� GOVERNO� ESTADUAL� DE� 3áO� 0AULO� e a presença de Jahangir no Brasil (note-se, mais uma vez: a convite do governo federal). Se, ao longo do atual governo, o país avançou, ainda que timidamente, na defesa e garantia dos direitos humanos, quadro predominante ainda é de horror e descaso. (4º parágrafo). III. CONCLUSÃO (5º.º parágrafo) s� 2ETOMADA�REITERA½áO�DA�TESE� REDAÇÃO 41 s� .OTE SE�O�CONTEXTO��A�SITUA½áO�AGRAVA SE�COM�ATITUDES�COMO�A�DE� parte do comando da polícia paulista, o que legitima a violência institucional. Observações (linguagem): Forma encontrada no texto Formas gramaticalmente preferíveis (Norma culta de linguagem) “Ela torna-se ainda mais difícil” “Ela se torna ainda mais difícil” “UAI (Unidade de Atendimento Inicial)” “Unidade de Atendimento Inicial (UAI)” 11. OBJETIVIDADE E PONTO-DE-VISTA a) Objetividade e subjetividade De modo geral, o texto objetivo é marcado pela impessoalidade(ausência de traços que indiquem o “eu”, como pronomes e verbos na primeira pessoa do singular, adjetivos etc). Isso, porém, não significa que o texto seja amorfo, sem vida ou não deixe transparecer claramente as opiniões do autor. Por sua vez, o texto subjetivo representa claramente as opiniões pes- soais do autor. Por esse motivo, mais do que argumentos, explicita sensações, emoções, estados de alma e lembranças do autor. Vejamos dois exemplos (o segundo, construído por você mesmo): TEXTO OBJETIVO Uma xícara, duas, três... Saboreie sem culpa seu aromático e fumegante cafezinho. Absolvido pela ciência, ele deixou o banco dos réus e está perto de REDAÇÃO 42 ser aclamado como alimento funcional. Ou seja, acredite-se que previna doenças – do diabete tipo 2 a certos tipos de câncer! Só não vale exagerar. (...) Os prós* s� !MPLIlCA�A�ATEN½áO�E�A�CONCENTRA½áO� s� 2EDUZ�O�RISCO�DE�DESENVOLVER�DIABETE�TIPO����MAL�DE�0ARKINSON�� câncer no cólon e câncer de bexiga. s� #ONCENTRA� MAIOR� QUANTIDADE� DE� MINERAIS� DO� QUE� ALGUMAS� bebidas isotônicas. s� !JUDA�NO�TRATAMENTO�DE�DEPENDENTES�QU¤MICOS� Os contras* s� !UMENTA�OS�N¤VEIS�DA�HOMOCISTE¤NA�NO�SANGUE��SUBSTºNCIA�QUE� amplia o risco de enfarte. s� 0ROVOCA� UM� LEVE� AUMENTO� DA� PRESSáO� ARTERIAL� DEPOIS� DE� CADA� xícara. s� 0ODE�CAUSAR�INTOLERºNCIA�GÕSTRICA� s� !�CAFE¤NA�PODE�AUMENTAR�A�ELIMINA½áO�DE�CÕLCIO�NA�URINA��-ULHERES� depois da menopausa devem tomar café com parcimônia, de preferência com leite. * Consumo regular acima de 600 ml. (Saúde!, maio de 2004, p. 29) TEXTO SUBJETIVO Eu gosto de café porque ............................................................... ..................................................................................................... ........................................ Isso me lembra quando ...................... ..................................................................................................... REDAÇÃO 43 .............................................................. Fico feliz se ................... ...................................................................................................... ......................................................... . Para mim, portanto, ......... ...................................................................................................... ...................................................................................................... ...................................................................................................... b) Contra-argumentação Recurso argumentativo que consiste em citar o argumento do interlocutor de modo a desconstruí-lo e desautorizá-lo. Não deve ser confundido com estratégia de agressão e/ou desqualificação da imagem do interlocutor. No exemplo abaixo, André Petry procura, por meio da contra- argumentação, demonstrar que determinada postura de defensores dos animais é antes uma atitude racista do que ecológica. “Como racismo no Brasil é sempre coisa do vizinho (argentino ou não), os defensores dos animais que lutam contra o rito das religiões africanas vão jurar de pés juntos que não são racistas, que jamais quiseram dizer que o deus dos negros não é tão bom quanto o deus dos brancos, que existem até negros entre eles e que queriam apenas evitar atrocidades contra os animais. Pode ser verdade, mas não basta. Se isso for mesmo, se o que os move é tão-somente a defesa dos animais, onde estão então os protestos diante dos abatedouros de bois, porcos e aves? Onde estão os protestos contra a condição do Brasil de maior exportador mundial de carne bovina e de frango? Dias atrás, o governo da Rússia anunciou que vai voltar a permitir a importação de carnes bovina, suína e de frango de regiões do Brasil onde havia suspeita de alguma doença. Foi uma excelente notícia para a economia brasileira – e não se ouviu o protesto dos defensores dos bois, porcos e galinhas.” (André Petry, “Isso é que é racismo”. Veja, 27 de abril de 2005, p. 93) REDAÇÃO 44 12. LEITURA CRÍTICA a) Posicionamento crítico Uma dissertação bem elaborada não deixa espaço para o senso comum nem para o lugar-comum. Senso comum Reprodução de uma ideia, consagrada pelo uso, porém, sem base científica e/ou na realidade. Exemplos: Todo velho é sábio. (Será mesmo? A idade concede sabedoria, ou as experiências?) Toda criança é inocente, ingênua. (Será mesmo? O que se entende por inocência? Estudos de Psicologia e Psicanálise contestam essa tese em muitos pontos... O que dizer do protagonista do filme O Anjo Malvado?) Obs.: Muitas vezes, senso comum é utilizado também como sinônimo de consenso, sem a carga de alienação argumentativa atribuída acima. Lugar- comum Expressões consagradas pelo uso, que se tornaram desgastadas. Exemplos.: O Brasil tem uma natureza exuberante. Vimos por meio desta (no caso de uma carta). Ao contrário, uma argumentação eficiente jamais negará os fatos, a realidade. Ao tratar, por exemplo, de assunto polêmico como o aborto, tanto partidários pró ou contra essa prática, em nome da lógica, não poderão deixar de admitir que: a) toda forma de aborto constitui-se numa experiência traumática para a mulher; REDAÇÃO 45 b) o embrião/feto, embora esteja ligado ao corpo da gestante, não é um simples apêndice da mãe, mas um indivíduo em formação. Contra fatos há argumentos? Quem nunca viu, em livro ou filme, a clássica cena em que um par amoroso é surpreendido e responde para o(a) bisbilhoteiro(a): Não é nada do que você está pensando...? Argumentos camuflam, ainda, as chamadas razões ideológicas. Você acha que realmente existe, ou existiu, algum tipo de guerra santa? Ou todas elas (cruzadas católicas, movimentos de expansão árabes/islâmicos para o Ocidente, deposição de Sadam Hussein pelo protestante Bush etc.) não passam/passaram de justificativas para expandir territórios e mercados? A fim de elaborar o posicionamento crítico de forma eficiente, é preciso arrolar argumentos e compreender como pensa o oponente. Vejamos, a esse respeito, alguns argumentos favoráveis e contrários à implantação da pena de morte no Brasil. PENA DE MORTE NO BRASIL PRÓS CONTRAS Somada a outras medidas, a pena de morte inibirá a criminalidade. s�&ATOS�CONCRETOS�E�DADOS�DA�REALIDA- de: para que a pena de morte real- mente contribua para a inibição/di- minuição da criminalidade, elencar medidas que a auxiliem nessa tarefa. s� 0ESQUISAS�� ESTAT¤STICAS�� � UMA� VEZ� que não se propõe para o Brasil o mesmo modelo de países onde a pena de morte termina por ser ine- ficaz, as pesquisas e estatísticas que procuram demonstrar que essa me- dida é inócua ao combate ao crime serão desautorizadas. Nos países onde vigora, a pena de morte não diminuiu a incidência da criminalidade. s�&ATOS�CONCRETOS�E�DADOS�DA�RE- alidade. s�0ESQUISAS��ESTAT¤STICAS� REDAÇÃO 46 A fim de evitar injustiças, antes da implementação da pena de morte no Brasil (que poderá ser decidida por meio de plebiscito), o Estado deverá reaparelhar os sistemas judi- ciário e penal. s� &ATOS� CONCRETOS� E� DADOS� DA� REALI- dade: não se negam as deficiências dos sistemas judiciário e penitenciá- rio brasileiros. Enquanto o primeiro carece de transparência e agilidade, o segundo necessita de urgente re- formulação, a fim de se tornar real- mente correcional, abandonado as características de verdadeira univer- sidade do crime. s�0ESQUISAS��ESTAT¤STICAS��DEMONSTRAR� a urgência na reforma dos sistemas judiciário e penitenciário. Quando da execução de um con- denado, inexiste a possibilidade de rever o caso e sanar possíveis distorções/injustiças. s�&ATOS�CONCRETOS�E�DADOS�DA�REA- lidade: erros judiciários ocorrem e, no casoda pena de morte, são irreparáveis. s� 0ESQUISAS�� ESTAT¤STICAS�� CONSI- derar quais as classes sociais de onde provém o maior número de condenados à pena de morte. A pena de morte, no Brasil, seria aplicada apenas aos condenados que cometerem crimes hediondos. s� &ATOS� CONCRETOS� E� DADOS� DA� REALI- dade: verdadeira defesa parcial da pena de morte (apenas para crimes hediondos); prevenção à possibili- dade de injustiças (a pena de mor- te não incidiria sobre crimes mais brandos). De certa forma, a pena de morte já vigora no país, por meio da chamada violência institucional, promovida pela polícia, nas mais diversas esferas, sem que isso diminua a criminalidade. s�&ATOS�CONCRETOS�E�DADOS�DA�REA lidade: crítica ao sistema vigen- te, corrupto e ineficiente. Nesse contexto, a implementação da pena de morte apenas legitimará a violência institucional. b) Preconceito e desinformação X Fatos Conforme a sabedoria popular, contra fatos não há argumentos. Todavia, baseadas no senso comum – cuja definição vimos acima – muitas informações são transmitidas, de geração a geração, de maneira a cristalizar-se e a legitimar crenças e preconceitos. REDAÇÃO 47 Vejamos um exemplo: Senso comum (sem base científica) Dados concretos da realidade Minha vizinha dirige mal. Logo, todas as mulheres dirigem mal. As companhias de seguros atestam que as mulheres, enquanto motoristas, são mais prudentes do que os homens. Por essa razão, oferecem seguros a preços diferenciados para motoristas do sexo feminino, as quais se envolvem em menos acidentes do que motoristas do sexo masculino. Raciocínio indutivo falacioso. Base do preconceito (pré+conceito): generalização. Argumentação baseada em pesquisas, estatísticas, verificações de ocorrências etc. 13. DICAS DE SUCESSO Para a resolução das provas s� ,ER�ATENTAMENTE�OS�ENUNCIADOS��DIVIDI LOS�E�FAZER�MARCA½µES�PES- soais, a fim de não se perder durante a leitura. s� %LABORAR��DE�MANEIRA�SUCINTA��UM�PROJETO�DE�TEXTO�PARA�A�RESPOSTA� redação. s� %LABORAR�UM�RASCUNHO� s� $ElNIR�O�TEXTO�lNAL� Lembre-se de: s� ORGANIZAR�O�TEXTO�CONFORME�A�ESTRUTURA�DA�DISSERTA½áO� s� ELABORAR�UMA�ESTRAT£GIA�ARGUMENTATIVA�CONSISTENTE� s� ESCREVER�O�QUE�REALMENTE�ACREDITA��E�NáO�O�QUE�PENSA�QUE�AGRADARIA� ao corretor. REDAÇÃO 48 s� CITAR�AS�FONTES�CORRETAS�DE�ESTAT¤STICAS��ARGUMENTOS�DE�AUTORIDADES� etc. s� UTILIZAR SE�DA�norma culta de linguagem. s� ORDENAR�AS�ID£IAS�DE�FORMA�coerente e coesa. s� PRODUZIR�UM�TEXTO�criativo e elegante sem, contudo, deixar de abordar o tema proposto. s� NáO�SE�UTILIZAR�DA�PRIMEIRA�PESSOA�DO�SINGULAR� Segundo a sabedoria popular (e os publicitários, profissionais li- berais e do comércio), a propaganda é a alma do negócio. Nesse contexto, uma das melhores maneiras de “vender” o seu texto é caprichar na utilização do título e da epígrafe (citação logo abaixo do título, no canto esquerdo da página, relacionada ao tema a ser desenvolvido). A esse respeito, leia os fragmentos abaixo: Título – É a carteira de identidade do texto. Assim como na cédula de identidade cabem dados sobre sua identificação, foto e assinatura, no título devem aparecer de forma concisa a idéia central do texto. De forma sedutora, naturalmente. Dessa forma, use com equilíbrio trocadilhos e recursos poéticos os mais variados. Títulos genéricos como “As eleições no Brasil”, além de não serem atraentes, não delimitam o tema. Vale a pena “praticar” títulos, mesmo quando o modelo de prova que você fará não o exigir. Epígrafe – Que eu saiba, nenhuma prova de Redação a exige. No entanto, atribui elegância intelectual ao texto. Prefira versos da MPB ou de poemas, trocadilhos bem feitos, provérbios e citações que não pertençam ao senso comum etc. Em tempo: não se esqueça das aspas (neste livro, substituídas pelo itálico) e da referência ao autor (Carlos Drummond de Andrade, Provérbio popular nordestino etc.) BARBOSA JÚNIOR, Ademir (Prof. Dermes). Segredos para o vestibulando do CDF ao ZEN. São Paulo: Panda, 2004, pp. 79-80. REDAÇÃO 49 14. RIR PARA NÃO CHORAR Segundo Jean de Santeuil, poeta neolatino (1630-1687), castigat ridendo mores [(A sátira), rindo, corrige os costumes]. Os exemplos abaixo, excertos das provas de Redação da UFRJ-2000, ao mesmo tempo em que divertem, são trágicos, pois refletem o depauperamento dos sistemas educacionais público e privado no Brasil. Como nosso objetivo não é rir de alguém, mas rir com alguém, vejamos juntos os absurdos abaixo, a fim de evitá-los em nossos textos e nos de nossos alunos. Boas gargalhadas! PROVA DE REDAÇÃO DA UFRJ-2000 (SERÁ MESMO???) FRAGMENTOS PROBLEMAS DE ELABORAÇÃO DE TEXTO Sobrevivência de um aborto vivo (título). Incoerência externa �ABORTO�8�VIVO�SOBREVIVãNCIA � O Brasil é um país abastardo com um futuro promissório. 6OCABULÕRIO��ABASTADO�8�ABASTARDO�� PROMISSOR�8�PROMISSRIO� O maior matrimônio do país é a Educação. Vocabulário: PATRIM¯NIO�8�MATRIM¯NIO� Precisamos tirar as fendas dos olhos para enxergar com clareza o número de famigerados que almenta (sic). 6OCABULÕRIO��FENDAS�8�VENDAS�� FAMINTOS�8�FAMIGERADOS� /RTOGRAlA��ALMENTA�8�AUMENTA� Os analfabetos nunca tiveram chance de voltar à escola. Incoerência externa: analfabetos 8�ESCOLA�ESCOLARIZA½áO� Também preoculpa (sic) o avanço regesssivo da violência. /RTOGRAlA��PREOCULPA�8�PREOCUPA� Incoerência externa e interna: AVAN½O�8�REGRESSIVO� REDAÇÃO 50 O bem star (sic) dos abtantes endependente (sic) de roça, religião, sexo e vegetarianos, está preocudan-do-nos. /RTOGRAlA��BEM�STAR�8�BEM ESTAR��ABTANTES�8�HABITANTES�� ENDEPENDENTE�8�INDEPENDENTE�� preocudan-do-nos. 0RECISáO�VOCABULAR��RO½A�8� raça; endependente (adjetivo) independentemente (advérbio). Flexões verbal e pronominal: PREOCUDAN DO NOS�8� preocupando-nos. Incoerência interna: roça (raça)/ RELIGIáO�SEXO�8�VEGETARIANOS� É preciso melhorar as indiferenças sociais e promover o saneamento de muitas pessoas. Precisão vocabular: indiferenças SOCIAIS�8�DIFEREN½AS�SOCIAIS�� SANEAMENTO�8�BEM ESTAR� cidadania (?). Segundo Darcy Gonçalves (Darcy Ribeiro) e o juiz Nicolau de Melo Neto (Nicolau dos Santos Neto). Incoerência externa (na tentativa de utilizar-se do argumento de autoridade): Darcy/Dercy 'ON½ALVES�8�$ARCY�2IBEIRO�� Nicolau de Melo Neto/João #ABRAL�DE�-ELO�.ETO�8�.ICOLAU� dos Santos Neto. Incoerência interna (na tentativa de utilizar-se do argumento de autoridade): o que haveria de comum entre o juiz Lalau e Darcy Ribeiro? E o presidente onde está? Certamente em sua cadeira, fumando baseado e conversando com o presidente dos EUA. Senso comum: o trecho indica indignação, e não análise crítica. Oralidade: “em sua cadeira”; “fumando um baseado”. REDAÇÃO 51 15. TEMA DE REDAÇÃO, ABORDAGEM DA PROPOSTA E MODELO DE PROJETO DE TEXTO (UNIFESP/2003) INSTRUÇÃO: Sua redação deverá ser realizada, tendo-se como textos de apoio fragmentos do artigo “Políticas do Corpo”, do escritor e frade dominicano Frei Betto (Carlos Alberto Libânio Christo, 1944-), e um trecho da reportagem “Corpos à Venda”, assinada por Ana Paula Buchalla e Karina Pastore. Políticas do Corpo (...) Uma pessoa é o seu corpo. Vive ao nutri-lo e faz dele expressão do amor, gerando novos corpos. Morto o corpo, desaparece a PESSOA��#ONTUDO� CHEGAMOS� AO� S£CULO�88)� E� AO� TERCEIRO�MILãNIO� num mundo dominado pela cultura necrófila da glamourização de corpos aquinhoados pela fama e riqueza e pela exclusão de corpos condenados pela pobreza ou marcados por características que não coincidem com os modelos do poder. (...) Os premiados pela loteria biológica, nascidos em famílias que podem se dar aoluxo de come menos para não engordar, são indiferentes aos famintos ou dedicam-se a iniciativas caridosas, com a devida cautela de não questionar as causas da pobreza. Clonam-se corpos, mas não a justiça. (...) Açougues virtuais, as bancas de revistas exaltam a exuberância erótica de corpos, sem que haja igual espaço para idéias, valores, subjetividades, espiritualidades e utopias. Menos livrarias, mais academias de ginástica. Morremos todos esbeltos e saudáveis; o cadáver, impávido colosso, sem uma celulite. (...) Na prática de Jesus, a justiça encontra sua expressão mais bela na saúde dos corpos e na comensalidade, que faz da mesa REDAÇÃO 52 comunhão entre pessoas. A ponto de Cristo tornar a partilha do pão e do vinho, da bebida e da comida, sacramento de sua presença entre nós e em nós. E nos ensinar a oração “Pai nosso/pão nosso”. Se o pão é só meu, como o Pai pode ser nosso? A política das nações pode ser justamente avaliada pela maneira como a economia lida com a concretude dos corpos, sem exceção. Um país, como o Brasil, que segrega corpos condenando-os ao desemprego e à miséria, em nome da estabilidade da moeda e das imposições do FMI, ainda está longe do portal da civilização. (...) (Frei Betto. Folha de S. Paulo. Tendências/Debates, 13/02/2000) Corpos à venda Movidos pelo desejo legítimo de ter uma aparência melhor, milhares de brasileiros recorrem à cirurgia plástica como quem vai às compras. Para tudo, no entanto, há limite. “Formas perfeitas ao alcance de todos.” Tenha um corpo irresistível.” “Beleza, harmonia, sensibilidade... Conceitos ligados à arte, manejados por quem entende do que faz.” As frases entre aspas que você acabou de ler parecem tiradas de propagandas de academia de ginástica, de comida light ou até de loja de decoração. São, na verdade, anúncios de clínicas de cirurgia plástica, veiculados em revistas especializadas no ramo, como Plástica & Beleza e Corpo & Plástica. Essa é uma das faces da popularização das operações estéticas no país. Para se ter uma ideia, só no ano passado 350.000 brasileiros saíram na faca para ficar mais bonitos. Ou seja, em cada grupo de 100.000 habitantes, 207 foram operados. Os Estados Unidos, tradicionais líderes do ranking em números absolutos, registraram no mesmo período 185 operados por 100.000. Isso significa que o Brasil se tornou campeão mundial da categoria. Desde 1994, quando entrou em cena o Plano Real, que estabilizou a economia e ampliou o poder de consumo, fazer plástica integra o rol de aspirações possíveis da classe média. (...) (Veja São Paulo, 06/3/2002) REDAÇÃO 53 Com base nos textos apresentados, e procurando revelar seu ponto de vista sobre o assunto, realize uma redação, em forma dissertativa, sobre o tema: A REALIDADE DO SER E DO PARECER, NO BRASIL MODELO DE ELABORAÇÃO DE PROJETO DE TEXTO Prof. Dermes TEMA: A realidade do ser e do parecer, no Brasil. TESE: Numa sociedade cada vez mais narcísica, cujos comportamentos, em grande parte, se pautam pela reprodução de valores veiculados pela mídia, a obsessão pela aparência física produz distorções na relação do indivíduo com o seu corpo. No caso brasileiro, tais distorções se acentuam, uma vez que grande parcela da população não se alimenta adequadamente enquanto indivíduos pertencentes às classes com alto poder aquisitivo, em busca do chamado corpo perfeito, ou se submetem a dietas que desconsideram as quantidades mínimas para o bom funcionamento do organismo, ou investem grande soma de dinheiro em cirurgias plásticas, tratamentos estéticos ou produtos que visem a compensar os efeitos produzidos pelo excesso de alimentação. Argumento 1 – A busca incansável pela reprodução no próprio corpo de padrões de beleza praticamente inacessíveis a todos evidencia: s� $ESEQUIL¤BRIO� EMOCIONAL� �VIDE� AGRESSµES� AO� ORGANISMO� POR� meio de programas de alimentação deficientes e nocivos) e carência afetiva (o indivíduo é aceito por determinados grupos sociais apenas se o seu corpo traduzir medidas estabelecidas em telenovelas, revistas, filmes etc); s� !TROlA� DA� AFETIVIDADE� E� DA� ATIVIDADE� INTELECTUAL� n� VIDE�� respectivamente, a corpolatria e declarações de Paula Lavigne, produtora artística e ex-esposa de Caetano Veloso: segundo ela, REDAÇÃO 54 quando viaja pelo mundo, deixa de ir a museus para dedicar-se à ginástica nas academias dos hotéis onde se hospeda. Vide ainda, a receptividade (ou não) da novela Metamorphoses, exibida pela TV Record em 2004. Cf. o distanciamento dos ideais humanísticos, que marcaram civilizações antigas (vide Grécia) e a História Moderna (Renascimento). Argumento 2 – A classe média brasileira, numa imitação incessante do comportamento norte-americano, IV. Consegue superar a cifra anual de cirurgias plásticas praticadas nos EUA, a despeito das evidentes disparidades sociais em relação à renda do cidadão médio norte-americano; V. Reproduz no país a “lógica ilógica” da dieta do norte-americano médio, rica em calorias e carboidratos que deverão ser gastos em atividades físicas desgastantes ou em cirurgias de reparação (a respeito da dieta, vide o hábito dos norte-americanos de consumir ovos com bacon no café da manhã). Some-se ao quadro de aberrações alimentares no Brasil o caso dos que passam fome para atingir níveis mínimos de massa na balança em oposição àqueles que, por motivos socioeconômicos, não se alimentam dignamente. Vide, ainda, a classe média brasileira e o início do Plano Real. Conclusão: c) Necessidade de o homem equilibrar-se (vide holismo: corpo/ mente/espírito). Beleza e saúde a serviço do bem-estar, e não do exibicionismo. d) Resgate da solidariedade, já que, respeitar o corpo significa respeitar o aspecto externo e visível do ser. Nesse contexto, s� CONSIDERAR�QUE�SEGREGAR�O�CORPO�£�SEGREGAR�TAMB£M�A�ALMA�O� indivíduo por inteiro. s� VIDE�A�IMPORTºNCIA�DE�A½µES�COMUNITÕRIAS�E�OU�GOVERNAMENTAIS� responsáveis pela distribuição de renda e poder (citar, com crítica fundamentada e “ligeira”, o Programa Fome Zero, do Governo Federal). REDAÇÃO 55 Lembrete: b) Evocar o célebre texto de Betinho (anos 90), segundo o qual, a partir da Campanha Contra a Fome e pela Cidadania, seus dias começavam pelo “pão nosso”, e não pelo “Pai Nosso”. 16. FALÁCIA A partir do sítio lusitano http://www.animalfreedom.org/ portuguese/opiniao/argumentos/tipos_argumentos_falaciosos. html, observe-se como os argumentos falaciosos se cristalizam e passam a representar “verdades” em nosso cotidiano, de modo a impedir o diálogo, o confronto de ideias: Alguns argumentos são usados frequentemente, mas são inválidos. O uso destes argumentos - chamados falaciosos - É feito tanto pelos que são a favor como pelos que são contra. Colocamos estes argumentos numa coluna (à esquerda) e apresentamos (à direita) o contra-argumento. Para que a discussão seja clara e honesta. Há vários tipos de argumentos falaciosos Não vale a pena fazer algo, porque ninguém vai cooperar Raciocínio circular Só espero que você próprio nunca se encontre nessa situação Apelo ao poder Se a sua ação tiver sucesso, acabamos todos por ter de pagar as consequências Apelo às consequências É uma tolice preocupar-nos com estes casos, porque noutros casos a situação ainda é pior Apelo a argumentos não-próprios REDAÇÃO 56 Claro que os seres humanos podem fazer o que fazem aos animais porque são mais inteligentes Apelo à ignorância Posso apresentar exemplos (de acções) que custaram a vida a animais, mas que salvaram muitas vidas humanas Falácia de indução (e generalização ilícita) Você diz que é a favor dos animais, mas também se aproveita deles Ataque pessoal como argumento (ad hominem) Eu estudo biologia médica e porisso sei porque razão as experiências com animais são necessárias Apelo à autoridade Os animais não se importam de serem usados, porque você não pode provar que se importam Apelo à ignorância Temos usado sempre animais e temos alcançado muitos sucessos Apelo a uma relação não provada A maior parte das pessoas acha muito natural usarem-se animais Apelo à multidão Se deixarmos de poder usar animais, cai muita gente no desemprego Apelo à misericórdia Toda a gente com juízo sabe que não faz mal usar os animais Tentativa de invertir o ónus da prova Conceder que os animais têm direitos significa que os animais têm de ser tratados como se fossem pessoas Tentativa de distorcer os argumentos REDAÇÃO 57 17. LEITURA Observe, neste texto que circula no mundo virtual, conceitos como lugar-comum, senso comum e contra-argumentação. Veja, ainda, como a definição de amor se dá pela não-definição, isto é, pela desconstrução de conceitos. O AMOR É OUTRA COISA O amor não te faz arder em chamas. O nome disso é combustão instantânea. Amor é outra coisa. O amor não faz brotar uma nova pessoa dentro de você. O nome disso é gravidez. O amor é outra coisa. O amor não te deixa completamente feliz. O nome disso é Prozac. Amor é outra coisa. O amor não te deixa saltitante. O nome disso é Pogobol. O amor é outra coisa. O amor não te faz acreditar em falsas promessas. O nome disso é campanha eleitoral. O amor é outra coisa. O amor não te faz esquecer de tudo. O nome disso é amnésia. Amor é outra coisa. O amor não te faz perder a articulação das palavras de repente. O nome disso é AVC. O amor é outra coisa. O amor não te faz sentir borboletas no estômago. O nome disso é fome. O amor é outra coisa. O amor não te deixa completamente imóvel. O nome disso é trân- sito de São Paulo. O amor é outra coisa. O amor não te deixa molinho e manhoso. O nome disso é Rivotril. O amor é outra coisa. O amor não te deixa temporariamente cego. O nome disso é spray de pimenta. O amor é outra coisa. O amor não faz seu mundo girar sem parar. O nome disso é labi- rintite. O amor é outra coisa. REDAÇÃO 58 O amor não te deixa sem chão, o nome disse é cratera. O amor é outra coisa. O amor não te deixa quente e te leva pra cama. O nome disso é dengue. O amor é outra coisa. O amor não retribui suas declarações. O nome disso é restituição de imposto de renda. O amor é outra coisa. O amor não leva teu café da manhã na cama e ainda dá na boqui- nha. O nome disso é enfermeira. O amor é outra coisa. O amor não te faz olhar pro céu e ver tudo colorido. O nome disso é queima de fogos de artifício. O amor é outra coisa. O amor não te faz ficar simpático e amoroso de repente. O nome disso é Natal. O amor é outra coisa. O amor não te liberta. O nome disso é alvará de soltura. Amor é outra coisa. O amor não te deixa à mercê da vontade alheia. O nome disso é Boa-noite, Cinderela. O amor é outra coisa. O amor não é aquela coisa brega, mas que te remexe todo. O nome disso é Banda Calypso. O amor é outra coisa. O amor não te dá a chance de mudar o que está diante de você. O nome disso é controle remoto. O amor é outra coisa. O amor não tira suas defesas. O nome disso é HIV. O amor é outra coisa. O amor não te pega desprevenido e te impulsiona para frente. O nome disso é topada. O amor é outra coisa. O amor não faz o coração bater mais rápido. O nome disso é ar- ritmia. O amor é outra coisa. O amor não faz você dar suspiros. O nome disso é dia de Cosme e Damião. O amor é outra coisa. O amor não te faz ver tudo com outros olhos. O nome disso é transplante. O amor é outra coisa. (Adaptação de texto coletado por Jacqueline Marques) REDAÇÃO 59 18. TEMAS SEM COLETÂNEA Alguns vestibulares costumam trazer no enunciado da prova de Redação máximas ou citações. A partir disso, o candidato deve identificar o assunto e delimitar o tema, para então elaborar o projeto de texto e a própria redação. Parece uma prova difícil, porém, quando bem orientado e preparado, o vestibulando obtém bons resultados, ja´que constrói sua tese, expõe/argumenta e a ilustra com exemplos/fatos que “traduzem” o (s) tema (s) contido (s) na proposta. Geralmente, nas máximas ou citações propostas o candidato encontrará o assunto, e não o tema. Qual a diferença básica? De forma sucinta, o assunto é o mais abrangente (relacionamentos), enquanto o tema é mais específico, particularizado (relacionamentos amorosos; relacionamentos familiares etc.) 19. TEMAS COM COLETÂNEA Esteja atento (a) para, a partir da coletânea, delimitar o tema. Lugar comuníssimo: as aparências enganam. Lembro-me de um simulado muito bem elaborado por alguns colegas cujo assunto era a morte, com coletânea composta por quatro textos: dois excertos jornalísticos escritos por autores ocidentais, um fragmento de poema de Álvares de Azevedo e a análise de um ideograma do I Ching. A maioria dos candidatos desconsiderou o último texto, entretanto era de fundamental importância contrapor as leituras da morte elaboradas no Oriente e no Ocidente. Ademais, observando atentamente, os candidatos perceberiam que, num universo de três textos ocidentais, o ideograma e sua leitura/interpretação ocupam lugar de destaque, e não o contrário. REDAÇÃO 60 20. ARGUMENTO DE AUTORIDADE Citar autoridades no assunto/tema desenvolvido confere a seu texto mais credibilidade, além de demonstrar que você realmente conhece o assunto/tema e o aborda criticamente. Quando, por exemplo, você trata da repressão a que se submete a criança e, por esse motivo, cita José Ângelo Gaiarsa, seu texto se fortalece. Nesse sentido, confirma-se para o leitor que o texto não se baseia apenas em impressões. Atenção, contudo, para não fazer citações aleatórias, equivocadas ou pedantes. Também não permita que a citação de Freud ou Vinicius de Moraes obscureça seus argumentos, os quais, ao contrário, devem se robustecer. 21. ESTATÍSTICAS Ao utilizar estatísticas, procure citar as fontes. Além disso, nada de estatísticas generalizantes. Exemplo: candidatos que sustentam que “a maioria dos brasileiros” corresponde a 85% da população (“Oitenta e cinco por cento da população brasileira preferem descansar em casa nos feriados). Número arbitrário, não? No exemplo acima, os candidatos hipotéticos deveriam ter sido mais específicos, restringindo o grupo de que trata, conforme, por exemplo, a classe social e/ou a faixa etária. 22. CARTA ARGUMENTATIVA Ao optar pela carta argumentativa, utilize-se dos recursos próprios a essa tipologia textual (data, formatação, uso das REDAÇÃO 61 iniciais para assinar a carta etc.). Atente ainda para a presença do interlocutor: bons textos são zerados porque seus autores se referem aos destinatários apenas no início da estrutura da carta, o que, segundo os avaliadores, parece mais um texto argumentativo “comum” acrescido de local, data e iniciais do remetente do que uma carta propriamente dita. Nos exercícios, informe-se a respeito do (s) destinatário (s) da (s) carta (s), a fim de empregar os pronomes de tratamento adequados e não deslizar em imprecisões de dados, informações, características etc. 23. PELE Para dar maior verossimilhança a sua carta argumentativa – e já que você não deve assiná-la –, você pode utilizar-se de uma personagem diretamente ligada ao tema da carta e a seu interlocutor. Caso não se sinta seguro para esse exercício, basta escrever como candidato/cidadão. Que a prova de Redação não lhe cause crise de identidade... 24. TEXTO NARRATIVO Prime pela criatividade, sem, contudo, sentir-se pressionado a ter a performance de um contista ou escritor de best-seller. Converse bastante com os professores de Língua, Literatura e Redação,pois ser um ótimo e apaixonado leitor de textos narrativos não significa necessariamente tirar nota máxima nessa modalidade textual solicitada por alguns vestibulares. É preciso entender bem o que a banca examinadora solicita e saber aliar técnica e talento, como, aliás, você certamente fará nas demais provas. Leia, portanto, os REDAÇÃO 62 enunciados de provas de anos anteriores, a fim de não confundir conceitos literários de criatividade com o conceito escolar de criatividade, este último (infelizmente?) solicitado nos vestibulares. De certa forma, optar pelo texto narrativo num vestibular significa ser criativo dentro de certos limites, isto é, encarar a possibilidade de ser plenamente circular dentro de um... quadrado... 25. LEITURA DOS ENUNCIADOS Já percebeu que numa aula ou correção de exercícios, os professores costumam gastar mais tempo explicando o enunciado de uma questão do que a resposta propriamente dita? Lembra-se de quando era garotinho (a) e, num problema de Matemática, mesmo conhecendo todas as “continhas”, você errava porque dividia amigos por chocolate, e não chocolate por amigos? Observou com atenção a extensão dos enunciados de questões dissertativas e mesmo de múltipla escolha? Pois é, ler de forma atenta o enunciado, dividi-lo em partes para entender realmente o que se pede é de fundamental importância para a elaboração correta da resposta. Na verdade, trata-se de um exercício de leitura como outro qualquer. Entretanto, movido pela pressa ou ansiedade, o candidato comete erros óbvios, os quais, aliás, o deixam mais indignado do que nunca (Pô, professor, errar de bobeira é fogo. Se ainda fosse um erro grave...). Esteja atento (a) e rascunhe o caderno de questões à vontade. Em sala de aula ou no estudo em grupo, peça ao professor/monitor que esmiúce a questão. Assim, você terá mais segurança para interpretar as perguntas de uma prova. Em vestibulares bem estruturados, as questões são realmente complexas, o que não significa que sejam necessariamente difíceis. Ou, pior ainda, um enigma proposto por uma esfinge (Decifra-me ou devoro-te!). REDAÇÃO 63 26. ORGANIZAÇÃO DAS RESPOSTAS A resposta às questões dissertativas é uma pequena redação. Portanto, a) use para rascunho o espaço em branco disponível; b) leia atentamente as questões; c) reflita sobre as respostas; d) esquematize as respostas; e) redija o rascunho/refaça o texto; f ) passe a limpo. 27. BLOQUEIO “Escrever é fácil: começa com maiúscula e termina com um ponto. No meio você coloca ideias.” (Pablo Neruda). Não obstante a genialidade do poeta, essa afirmação está prenhe de ironia. Professores e candidatos conhecem as reais dificuldades para se escrever bem. Por mais que desenvolva técnicas de leitura e produção de textos, em simulados e provas o candidato pode ser vítima de bloqueios. Como agir nessas circunstâncias? Em primeiro lugar, respire fundo, relaxe, pense nas possibilidades: a) ou você escreve; b) ou entrega a prova em branco. Infelizmente, não há como argumentar com a prova ou pedir prorrogação, já que o vestibular é um concurso público e, como todos os eventos dessa natureza, também provoca medo, estresse e pânico. Dominadas essas sensações (não se preocupe em fazê-las desaparecer), releia a proposta, organize o projeto de texto, rascunhe o suficiente, redija o texto e passe a limpo. Seja firme com o bloqueio, mas não se violente. Em tempo: quando estudar sozinho ou em grupo, caso não consiga realmente escrever seu texto ou responder a questões, relaxe, deixe tudo e recomece mais tarde. Nessas ocasiões, você está num ensaio, não na estreia da peça. REDAÇÃO 64 28. DICIONÁRIO Certamente o dicionário é uma grande referência para a compreensão de vocábulos, expressões, usos (conjugações verbais, colocação pronominal etc.) e outros. Contudo, isso não significa que os verbetes não devam ser lidos de modo crítico. Grosso modo, por exemplo, a maioria dos dicionários define “greve” como “direito do trabalhador garantido por lei”, mas existe determinado dicionário para o qual “greve” constitui-se num “conluio de trabalhadores”, sendo “conluio”, em poucas palavras “reunião de pessoas com fins prejudiciais, não recomendáveis etc.”. Algumas dicas para leitura de verbetes: cadeira | s. f. | s. f. pl. cadeira s. f. 1. Assento de costas para uma pessoa só. 2. Disciplina que se ensina numa aula. 3. Cargo de professor. 4. Jurisdição ou dignidade eclesiástica. (Ver cátedra.) cadeiras s. f. pl. 5. Conjunto dos quadris e ancas. Observe a oração “Ela está com dores nas cadeiras”. Não se pode simplesmente substituir “cadeiras” por “cátedras”, de modo a dizer “Ela está com dores nas cátedras”. Em outras palavras, é preciso verificar todas as acepções do vocábulo (verbete), a fim de compreender qual/quais serve/servem como sinônimo/sinônimos, no caso específico da oração citada, para “cadeiras”. “Ele havia chegado”, e não “Ele havia chego”. REDAÇÃO 65 29. USOS DA LÍNGUA Língua: como usar, como não usar? Da mesma forma como as roupas são utilizadas: da mesma forma que não é adequado mergu- lhar de terno, não se vai a um Fórum de sunga. Quando se conversa com alguém no MSN, por exemplo, é possível teclar “vc”, no lugar de “você”, mas isso seria inadequado num documento oficial. Imagine um jogador de futebol que, durante uma partida, se vales- se da Norma Culta de Linguagem. Não seria estranho ouvir algo como “Por favor, passe-me a bola!”? Além de estranho, não daria nem tempo de outro jogador ouvir o pedido. Alguns falantes, preocupados em utilizar a Norma Culta de Lin- guagem, cometem exageros, como “São meio-dia!”, ao que muitos respondem de modo humorado “Amém!”. Determinados usos, embora franqueados pela Norma Culta de Linguagem, podem soar estranhos. Em caso de dúvida, ou de não se sentir à vontade, é simples: substitua tais palavras e/ou expressões por outras. Exemplos: NORMA CULTA USOS CORRETOS QUE PODEM GERAR DÚVIDAS PALAVRAS OU EXPRESSÕES SUBSTITUTAS Bastantes Tenho bastantes amigos. Tenho muitos amigos. Ares- condicionados Em casa, são dois ares-condicionados. Em casa, são dois aparelhos de ar- condicionado. Gravidezes Não tive dores nas duas gravidezes. Não tive dores nas duas gestações. “O time empatou por 5 a 5.”, e não “O time empatou em 5 a 5.”. PEGADINHAS 66 1 Pegadinha O acidente aconteceu porque o motorista dormiu no volante. Errado Para que alguém consiga dormir “no” volante, é necessário que o volante seja do tamanho de uma cama. Entenda, volantes desse tamanho ainda não foram fabricados. O acidente aconteceu porque o motorista dormiu ao volante. Correto Quem dorme bem, dorme “em” algum lugar. Já “dormir próximo” ou “junto” significa dormir a (preposição) com o respectivo artigo (o ou a). 2 Pegadinha É hora dele aparecer. Errado Frase com sujeito preposicionado é muito comum na linguagem inculta com sujeitos de verbos no infinitivo. É hora de ele aparecer. Correto O sujeito não pode ser preposicionado: É hora de eu aparecer; No dia de ela chegar; Chegou a hora de a onça beber água. 3 Pegadinha Moro naquele conjunto de casas germinadas. Errado Germinar significa brotar, crescer, gerar. Moro naquele conjunto de casas geminadas. Correto As casas só podem ser “geminadas”, pois a palavra é derivada de gêmeos. PEGADINHAS 67 4 Pegadinha Já comuniquei o chefe que a mercadoria chegou. Errado O que se comunica é o objeto da comunicação, isto é, o assunto, o fato ocorrido. Comunica-se, sim, à pessoa um determinado fato. Já comuniquei ao chefe que a mercadoria chegou. Correto O verbo comunicar possui dois objetos. Um deles é o objeto indireto, que é a pessoa que recebe a comunicação. A esse objeto o verbo