Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
[Digite aqui] AO MM. JUÍZO DA 4a VARA CÍVEL DA COMARCA DE ANAPÓLIS-GO LEANDRO GUSMÃO, já qualificada nos autos da ação em epígrafe, assistida pela Defensoria Pública do Estado de Goiás, pela defensora pública signatária, vem perante Vossa Excelência, com respeito e acatamento devidos, com fundamento no art. 1.009 e ss., bem como o art. 1.026, todos do CPC/2015, interpor: APELAÇÃO em face da sentença prolatada (mov. no xx e xx). Requer-se o recebimento e processamento do presente recurso, com as razões em anexo, com remessa dos autos ao TJGO. Nestes termos, pede deferimento. Goiânia/GO, datado e assinado digitalmente. Da data da assinatura _________________________________ Isadora Novais Moura OAB/GO no xxxx Advogada [Digite aqui] TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS RAZÕES DE APELAÇÃO Processo no Juízo de origem: 4a Vara Cível da Comarca de Goiânia/GO Apelante: Leandro Gusmão Apelada: Matheus de Freitas EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA CÂMARA, EMINENTE DESEMBARGADOR/A RELATOR/A, I. DA SINTESE FÁTICA Cuida-se de de ação de indenização por danos materiais ajuizada por Matheus de Freitas, em face de seu vizinho Leandro Gusmão. Ocorre que o apelado apresentou como prova documental a nota fiscal referente as despesas hospitalares. Argumentou gastos de R$ 3.000,00 (três mil) em atendimento hospitalar e R$ 2.000,00 (dois mil) em medicamentos com tudo, não apresentando as notas fiscais. Em sede de contestação, o requerido, ora apelado, alegou que o ataque ocorrera por provocação de Matheus, que jogava pedras no cachorro. Alegou, ainda, que, ante a falta de comprovantes, não poderia ser computado na indenização o valor gasto com medicamentos. Houve audiência de instrução e julgamento, na qual as testemunhas ouvidas declararam que a mureta da casa de Leandro media cerca de um metro e vinte centímetros e que, de fato, Matheus atirava pedras no animal antes do evento lesivo. Na audiência, a contradita de uma das testemunhas do autor foi afastada pelo juiz – mas trata-se de amigo íntimo de Matheus, pois fotos em redes sociais demonstram que eles se encontram com frequência. Findos os debates orais, o nobre magistrado prolatou a sentença, julgando totalmente procedentes os pedidos formulados pelo requerente, condenando Leandro a indenizar Matheus pelos danos materiais, no valor de R$ 5 mil, sob o argumento de que o proprietário do animal falhara em seu dever de guarda e por considerar razoável a quantia que o autor alegara ter gastado com medicamentos. Pelos danos morais decorrentes dos incômodos evidentes em razão do fato, Leandro foi condenado a pagar indenização no valor de R$ 6 mil, sendo que foi intimado no dia 05/09/2022. No entanto, como será demonstrado a seguir, a sentença não merece prosperar, devendo ser reformada (ou cassada). [Digite aqui] PRELIMINARMENTE II. DA TEMPESTIVIDADE A apelante foi intimada da decisão no dia 13 de março de 2023. Dito isto, é importante ressaltar que o prazo para interpor o presente recurso é de 15 (quinze) dias, como previsto no art. 1.009 e ss., e considerando, ainda, o art. 1.026, todos do CPC/2015. Portanto, constatando-se, então, a tempestividade do presente recurso. III. DO PREPARO A apelante apresenta guia de recolhimento de preparo (em anexo) conforme determina o artigo 1.007 do Código de Processo Civil IV. DO INTERESSE PROCESSUAL DE RECORRER Tendo em vista a inconformidade com a decisão ora proferida e, vista a não mudança da decisão, apresta-se, portanto, interesse em recorrer. V. DA CONTRADITA DAS TESTEMUNHAS/AMIGO ÍNTIMO De antemão, é importante salientar que o apelado é amigo íntimo do apelante, contudo, em sede audiência de instrução ele não trouxe essa informação, mas, há fotos nas redes sociais que comprovam o contrário, há uma amizade entre ambos. Nessa linha de raciocínio, o CPC em seu artigo 447, § 3°, esclarece que o apelante é suspeito para depor, como testemunha, o inimigo da parte ou seu amigo íntimo. Portanto, a comprovação de fotos retiradas de rede social, demonstrando amizade íntima entre ambos e não pode considerado com prova o fato. Esclarecido isso, o Art. 1.009, § 1o do CPC, nos traz que a sentença cabe apelação, por questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. [Digite aqui] Portanto, devem ser suscitadas na preliminar de apelação ou nas contrarrazões, todas as questões resolvidas na fase de conhecimento cuja decisão a respeito não comportasse agravo de instrumento e, dessa forma, não tenham sido cobertas pela preclusão. VI. DA NULIDADE DA DECISÃO POR VIOLAÇÕES DOS LIMEITES DO PEDIDO Atentando ao Princípio da Congruência, disposto no artigo 492, CPC, a decisão judicial fica limitada ao pedido formulado pela parte autora, configurando assim o julgamento extra petita a condenação do réu ao pagamento do valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais). Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional. No mesmo sentido, o artigo 141 do CPC traz que o juiz decidira o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo lhe vedado conhecer de questão não suscitada a cujo respeito a lei exige iniciativa das partes. VII. RAZÕES DA REFORMA (OU DA CASSAÇÃO) Conforme o art. 936, CC, a responsabilidade civil em indenizar o dano causado por seu animal será objetiva, salvo se este provar culpa da vítima ou força maior. No caso em apreço, cumpre ressaltar que o evento lesivo sofrido pelo apelado foi causado por sua culpa ao arremessar pedras contra o animal, provocando-o tal fato foi comprovado por prova testemunhal do apelante no juízo de primeiro grau. Conforme esclarece o art. 936 do Código Civil, em verbis: Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. [Digite aqui] Ademais, a excludente de culpa no fato, quando o causador dos danos, imprevisível e inevitável, tenha sido provocado pela força da natureza. Pois o animal ataca a pessoa após sofrer provocações de quem sofreu os danos corporais. Disposto no artigo 944, CC. Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. Depreende-se do caso narrado que o apelado não logrou êxito em comprovar os gastos efetuados como medicamentos alegando ter esquecido de pegar os comprovantes na farmácia. Nesta ausência dos comprovantes, não pode o apelado fazer jus ao recebimento do valor pleiteado na inicial por não se ter desincumbido de seu ônus probandi. Dessa forma, houve claro error in judicando do magistrado, devendo esta sentença ser reformada para adequá-la no mundo dos fatos e ao ordenamento jurídico vigente. Segundo consta do art. 373 do CPC, cabe ao autor o ônus de comprovar o fato constitutivo de seu direito. Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - Ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - Ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Portanto, caso entenda pela procedência da ação, pleiteia-se pelo afastamento desta verba, uma vez que deverá apenas prevalecer o valor efetivamente provado nos autos, qual seja, o valor referente ao entendimento hospitalar. VIII. DA NULIDADE PROCESSUAL No caso em tela, podemosvislumbrar um vício de nulidade, pois, o MM. Juízo julgou extra petita, devido ao fato de condenar em fatos materiais que não foram requeridos, conforme a luz do artigo 1.013, § 3o, II do CPC. [Digite aqui] Art. 1.013, § 3°, II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; IX. DOS PEDIDOS Por todo o exposto, requer: A) Preliminarmente que a testemunha seja considerada suspeita, art. 447, CPC, com devolução dos autos ao juízo de origem, para novo julgamento. B) Que seja decretada a nulidade da decisão com devolução dos autos, para decisão de novo julgamento. C) Caso não haja a devolução dos autos ao juízo de origem, que ocorra a reforma da decisão, quanto ao valor da condenação por danos morais e materiais, quanto ao valor dos medicamentos. Termos em que pede deferimento. Da data da assinatura _____________________ Isadora Novais Moura OAB/GO no xxxx Advogada
Compartilhar