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Direito Civil – Parte Geral Nome do professor: Rafael Alves Nunes Aula que se refere: Aula 2 – U1S2 Validade, vigência e eficácia da norma Validade: Diz-se que uma norma jurídica é válida quando é elaborada por quem tem competência legislativa para tanto. Será válida, portanto, uma norma que não contradiga norma superior e que tenha ingressado no ordenamento jurídico atendendo ao processo legislativo pré-estabelecido. Vigência: Período em que a lei vigora no ordenamento jurídico. Eficácia: Eficaz é o direito efetivamente observado e que atinge a sua finalidade, ou seja, dizemos que uma norma é eficaz quando produz os efeitos a que se propôs. A validade ou não da norma jurídica repercutirá diretamente na esfera da sua eficácia. Obs.: invalidade da norma NÃO gera a sua revogação, mas tão somente a suspensão de sua eficácia, em decorrência do fato de que somente a autoridade competente para a elaboração da norma poderá retirá-la da ordem jurídica, cabendo ao Judiciário apenas torná-la ineficaz. Criação da Lei Três fases: 1. Elaboração: elaboração do texto, discussão e votação. Pergunta: a qual poder compete, primariamente, a elaboração de leis? Os outros poderes podem legislar também? 2. Promulgação: declara a existência da lei e ordena sua execução. 3. Publicação: momento em que os cidadãos têm a informação sobre a existência da norma. Vigência Refere-se ao período de validade da norma jurídica, que se estende do momento da publicação oficial até o momento em que é retirada do ordenamento jurídico. Em regra, uma norma entra em vigor 45 dias após a sua publicação no Diário Oficial (art. 1º LINDB). LINDB: “Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.” E no caso de haver previsão em sentido contrário? Ex.: CPC: “Art. 1.045. Este Código entra em vigor após decorrido 1 (um) ano da data de sua publicação oficial.” Vigência Esse período entre a publicação e a vigência da norma é chamado de vacatio legis (vacância da lei). É o período entendido como necessário para que as pessoas tomem conhecimento daquela lei. Vigência LINDB: Art. 1° Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 2° (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). § 3° Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. § 4° As correções a texto de lei já em vigor consideram- se lei nova. Revogação A revogação é a perda de vigência de uma lei. Representa a retirada de uma lei do ordenamento jurídico de determinado Estado. A revogação de uma lei somente se dará por meio de outra lei. Pode ser expressa ou tácita, parcial ou total. Ex.: EPD (Estatuto da Pessoa com Deficiência), art. 123; CF (Constituição Federal), art. 226, §6º. Revogação OBS.: O artigo 9º da Lei Complementar 95/1998 estabelece que “A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas.”. Isso significa que, em caso de silêncio, continuará vigorando a lei anterior, independentemente de seu caráter mais genérico ou mais específico em relação à norma posterior. Revogação Revogação Princípio da Continuidade A lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue, exceto em casos de leis temporárias. LINDB: Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Repristinação É o nome técnico dado para o fenômeno de retorno à vigência de uma lei já revogada. Ocorre quando a lei que revogou a lei anterior é revogada por uma terceira lei, perdendo, assim, sua vigência. No Brasil, por força do art. 2º, §3º da LINDB, a lei revogada não se restaura por ter a revogadora perdido vigência, salvo determinação em sentido contrário. Repristinação Princípio da Obrigatoriedade da Norma LINDB: Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. O que você entende por “força coercitiva da lei”? Presunção de que todos conhecem a lei → Essa presunção é uma abstração. Unidade, completude e coerência O ordenamento jurídico é composto por diversas normas e esta em constante evolução. Desafio: pense em quantas normas você, estudante de Direito, conhece? Poderia descrever o conteúdo de todas elas? Consegue perceber alguma incongruência entre elas? Unidade, completude e coerência Unidade: - Dentro de um sistema dinâmico, é preciso sempre recorrer à uma norma hierarquicamente superior a todas, que pode ser chamada de norma fundamental. Essa norma é a base com a qual todas as outras normas jurídicas se relacionam. Unidade, completude e coerência Coerência: - A ordem jurídica é fragmentada e complexa. Fragmentada porque, por um critério de categorização, fixam-se várias normas em códigos, estatutos e leis esparsas. Complexa pela profundidade dos textos e pelas fontes que se deve recorrer para poder entender uma norma por completo. - Para que o sistema não entre em colapso, é necessário que haja uma coerência entre as normas, para o bom funcionamento do próprio sistema. Unidade, completude e coerência Coerência: - O ordenamento jurídico é como se fosse um grande quebra-cabeça no qual as peças devem se encaixar para formar o desenho. Pode-se adicionar novas peças, mas o seu encaixe dentro do conjunto deve ser perfeito, em que todos os elementos da ordem jurídica devem possuir entre si uma ligação necessária e harmônica. Unidade, completude e coerência Coerência: Apesar de se objetivar a coerência, o ordenamento jurídico não é perfeito, podendo existir normas que sejam incompatíveis entre si. A essa incompatibilidade chama-se de antinomia. Antinomia - Não há nada que impeça que o legislador emita duas ordens que sejam contrárias entre si. Quando isso acontece, ambas as normas continuam sendo válidas. Como resolver, então, esse problema? Unidade, completude e coerência Antinomia: Antinomia, então, é a existência de normas jurídicas contraditórias. Para que exista a antinomia, é preciso que as normas jurídicas apresentem três características: Fazerem parte do mesmo ordenamento jurídico; Serem válidas e aplicáveis ao mesmo tempo e no mesmo caso; Revelarem-se incompatíveis entre si. Ex.: uma proíbe um comportamento e a outra permite esse mesmo comportamento. Unidade, completude e coerência Antinomia: - A contradição acontece principalmente em duas situações: 1ª) Quando o legislador cria norma posterior contrária a outra já existente (norma anterior), sem explicitamente prever sua revogação, muitas vezes por falta de conhecimento da norma anterior. 2ª) Quando uma autoridade estatal toma uma decisão que contraria normas jurídicas de hierarquia superior. Exemplos: uma lei tributária desrespeita normas constitucionais; um decreto do Presidente da República entra em contradição com uma lei. Em tais casos não temos um erro, mas a expressão da vontade de desrespeitar as normas superiores. Unidade, completude e coerência Antinomia: - As antinomias se distinguem em REAIS e APARENTES. a) a ANTINOMIA APARENTE é aquela em que há meta-critério para a solução do conflito. Basta que o aplicador use de bom senso. Exemplos de antinomia aparente: Normas pertencentes a ordenamentos jurídicos diferentes: CP brasileiro pune a violação de correspondência com pena de detenção até seis meses; já o CP portuguêsprevê para o mesmo delito a pena de até um ano. Aqui, essa antinomia é aparente, pois para se solucionar basta ver qual é a delimitação espacial da validade das normas. Entre duas leis municipais que estabelecem diferentes alíquotas de imposto predial não há antinomia porque se aplicam em espaços diferentes. É suficiente saber em que município situa-se o imóvel para decidir qual norma é aplicável. Unidade, completude e coerência Antinomia: b) a ANTINOMIA REAL é aquela em que não há meta-critério para a solução do conflito. Temos uma antinomia real quando o aplicador constata que os legisladores manifestaram duas vontades contraditórias a respeito do mesmo assunto. Para solucionar as antinomias reais, existem três principais critérios utilizados para a solução do conflito: 1º) Critério da superioridade (ou hierárquico) - Considerando que o sistema jurídico é dinâmico, pode-se verificar que as normas jurídicas ocupam postos hierárquicos diferentes, existindo relação de superioridade e subordinação entre elas. - Assim, normas que contrariam outras de escalões superiores devem ser afastadas e não aplicadas. - lex superior derogat legi inferiori. Unidade, completude e coerência Antinomia: 1º) Critério da superioridade (ou hierárquico) - O critério de superioridade encontra sua justificação na finalidade do ordenamento jurídico. A vontade política que impõe e mantém a Constituição como norma suprema estabelece regras de competência e de conteúdo. O legislador comum e as demais autoridades do Estado são seus mandatários. Quando decidem de forma contrária ao mandato que lhes deu o texto supremo contradizem a suprema vontade no mundo jurídico e suas normas não devem ser aplicadas. OBS.: Como fica esse critério para conflito entre leis nacionais e internacionais? Normalmente, e é esse o caso do Brasil, é estabelecido que as normas da Constituição nacional prevalecem sobre as normas de direito internacional. Unidade, completude e coerência Antinomia: 1º) Critério da superioridade (ou hierárquico) O por muito tempo adotado pelo STF era o de que os tratados internacionais estavam no nível de lei ordinária. Contudo, houve uma mudança de posição, tendo o STF decidido que os tratados internacionais que garantam direitos humanos são superiores às leis ordinárias. Ainda, deve-se considerar que: “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.” (CF, art. 5º, § 3º). Unidade, completude e coerência Antinomia: 2º) Critério da posterioridade (ou cronológico) - Quando as normas conflitantes encontram-se no mesmo escalão da hierarquia, mas foram promulgadas em tempos diferentes, a norma mais nova prevalece sobre a antiga. - lex posterior derogat legi priori. - A sua justificativa é óbvia. O fato de o legislador ter introduzido posteriormente um regulamento diferente sobre a mesma questão significa que este quis revogar o anterior. Exemplo: Lei tributária A, de 2002, estabelece que a alíquota do imposto sobre veículo é de 5%. Lei tributária B, de 2020, estabelece que a alíquota do imposto sobre veículo é de 8%. Mesmo se o texto da Lei Tributária B não indicar que a Lei Tributária A perde sua validade, isso deve acontecer, pois a Lei Tributária B é a manifestação de vontade mais recente. - E como saber qual é a lei mais nova? Através do momento de sua publicação oficial. Unidade, completude e coerência Antinomia: 3º) Critério da especialidade - Outro critério que pode ser utilizado para leis que estão no mesmo escalão hierárquico é o da especialidade que determina que a norma jurídica específica (aquela que regulamenta de forma particular o caso) prevalece sobre a norma jurídica geral. - lex specialis derogat leg generali. O princípio da especialidade também possui justificação lógica. Sendo o legislador racional, devemos entender que quando trata de forma específica um assunto prevalece sua vontade concreta e não a geral. Caso contrário, teria se contentado em estabelecer a regra geral! Exemplo: em caso de desapropriação a Constituição Federal impõe o pagamento de indenização justa, prévia e em dinheiro (art. 5º, XXIV, CF). Tratando-se, porém, de imóvel rural desapropriado para fins de reforma agrária, outra norma constitucional dispõe especificamente que a indenização justa e prévia não será paga em dinheiro, mas em títulos da dívida agrária regatáveis no prazo de até 20 anos a partir do segundo ano de sua emissão (art. 184, caput). No caso de imóveis rurais, prevalece a norma específica, não podendo o proprietário exigir a indenização em dinheiro que constitui a regra nas desapropriações. Unidade, completude e coerência Conflitos de segundo grau: - Os critérios apresentados permitem preservar a coerência do sistema jurídico, não deixando os casos concretos sem solução em caso de conflitos reais. - Quando, contudo, a aplicação dos critérios apresentados leva a resultados diferentes, tem-se, então, um conflito de segundo grau. - Dessa forma temos: Prevalência absoluta do critério da superioridade: o critério hierárquico sempre prevalece sobre os outros. Relações entre os critérios da especialidade e da posterioridade: o que fazer quando o mesmo caso é regulado por uma norma anterior especial e outra norma posterior e geral? Unidade, completude e coerência Conflitos de segundo grau: - Aqui, encontram-se divergências doutrinárias: Lei especial anterior prevalece sobre lei geral posterior; Presunção interpretativa: em geral a lei especial prevalece mesmo sendo anterior, mas, dependendo das circunstâncias, pode acontecer o contrário; É preferível que se deixe a decisão ao Poder Judiciário, que dará a decisão de acordo com o caso concreto; Lei posterior prevalece. Sobre esse assunto: i. A finalidade da lei mais nova deve ser analisada, pois, se ficar claro que o legislador não quis revogar norma anterior específica, então esta deve permanecer em vigor; ii. O aplicador do direito deve resguardar eventuais direitos adquiridos na vigência do regulamento anterior; iii. O artigo 9º da Lei Complementar 95/1998 estabelece que “A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas.”. Isso significa que, em caso de silêncio, continuará vigorando a lei anterior, independentemente de seu caráter mais genérico ou mais específico em relação à norma posterior. Unidade, completude e coerência o Inaplicabilidade dos critérios e proporcionalidade E quando nenhum dos critérios puder ser utilizado em caso de antinomia? Ou seja, quando as normas jurídicas em conflito tiverem o mesmo valor hierárquico, foram promulgadas simultaneamente e apresentam o mesmo grau de generalidade. Exemplo: os membros de um sindicato organizam uma passeata no centro da cidade, no horário comercial. Isto impõe fortes restrições ao trânsito, impedindo que uma parte da população locomova-se livremente. Aqui o direito de reunião, garantido pela Constituição Federal (art. 5º, XVI), entra em conflito com a liberdade de locomoção, também garantido pela Constituição (art. 5º, XV). O que deverá fazer a polícia? Qual dos dois direitos deverá ser sacrificado? Unidade, completude e coerência o Inaplicabilidade dos critérios e proporcionalidade Nesse caso, deve-se verificar quais são os interesses em contradição e, na medida do possível, harmonizar a aplicação das normas. Uma das principais ferramentas utilizadas nesses casos é a proporcionalidade, ou seja, tenta-se encontrar um ponto de equilíbrio entre as situações. É claro que esse critério é subjetivo, o que pode acabar gerando problemas por não possuir critérios certos e fixos de aplicação. Unidade, completude e coerência Completude: É a possibilidade de um ordenamento completo, que tenha normas para todos os casos. Completude = falta de lacunas.Integração da Norma Jurídica Integração → comaltar/preencher lacunas. LINDB: Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Princípio da inafastabilidade da jurisdição → juiz não pode se escusar de decidir um caso. - Vide art. 5º, XXXV, CF: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Integração da Norma Jurídica Lacuna → espaço vazio. Integração da Norma Jurídica Existem duas formas de integração: a) autointegração: quando se aproveitam os elementos contidos no próprio ordenamento jurídico; – analogia b) heterointegração: quando, para o preenchimento da lacuna, utiliza-se de normas que não participam da legislação. – princípios gerais de direito e costumes Integração da Norma Jurídica Procedimentos de integração: a) Analogia: “A analogia é um recurso técnico que consiste em se aplicar, a uma hipótese não prevista pelo legislador, a solução por ele apresentada para uma outra hipótese fundamentalmente semelhante à não prevista. Destinada à aplicação do Direito, analogia não é fonte formal, porque não cria normas jurídicas, apenas conduz o intérprete ao seu encontro.” (NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Disponível em: Minha Biblioteca, (44th edição). Grupo GEN, 2021. P. 174). Preenchimento por meio da comparação. Só deve ser aplicada quando não há norma que disponha sobre o caso. Integração da Norma Jurídica Procedimentos de integração: a) Analogia: - A analogia funda-se no preceito lógico ubi eadem ration ibi eadem legis dispositivo esse debet (onde há a mesma razão, deve-se aplicar a mesma disposição legal). - No direito penal e no direito tributário a analogia só é permitida se for benéfica ao criminoso ou contribuinte. Exemplo: Código Civil: Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão. O artigo fala sobre cônjuges, mas não fala sobre companheiros. Integração da Norma Jurídica Procedimentos de integração: b) Costumes: práticas e os usos reiterados de uma sociedade ou grupo de pessoas. Requisitos: Generalidade; Tempo; Constância; Conteúdo lícito e relevância jurídica. Integração da Norma Jurídica Procedimentos de integração: b) Princípios Gerais do Direito: são preceitos, ou fundamentos, que orientam a própria ordem jurídica. É um termo amplo, são recomendações genéricas, diretrizes universais de justiça. - Quais seriam, então, os princípios gerais do Direito brasileiro? É difícil que se estabeleça um rol dos princípios consagrados pelo legislador. Aplicação e Interpretação das Normas Jurídicas LINDB: Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Hermenêutica → estudo da interpretação da norma. Formas de interpretação: Gramatical (ou literal) Racional (ou lógica) Sistemática Histórica Sociológica Irretroatividade das Leis Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. (LINDB) Art. 5º, XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; (CF) Irretroatividade: No direito brasileiro, a lei é, em geral, irretroativa, não podendo alcançar fatos passados. Ultratividade: Produção posterior de efeitos pela lei que já perdeu sua vigência. Irretroatividade das Leis Irretroatividade: No direito brasileiro, a lei é, em geral, irretroativa, não podendo alcançar fatos passados. As exceções ocorrem no direito penal e no direito tributário, quando advém uma lei que beneficiará o contribuinte ou o criminoso. Irretroatividade das Leis Ultratividade: É o poder que a lei possui de vir a ser aplicada, após a sua revogação, ao fato produzido sob a sua vigência e em se tratando de determinadas matérias. Ato Jurídico Perfeito LINDB: Art. 6, §1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. Ato pronto e acabado, já tendo exaurido seus efeitos. Exemplo: Imagine que duas pessoas fizeram um contrato de prestação de serviços para a pintura de uma casa. O pintor realizou toda a pintura e o dono da casa efetuou o pagamento pelo serviço. O pintor deu a quitação, de forma geral, ampla e irrestrita. Esta quitação é um ato jurídico perfeito, se consumou e não há mais o que ser exigido neste negócio jurídico. Se o pintor fizer qualquer reclamação, ou tentar cobrar novos valores, relacionados a esse negócio específico ele estará indo contra a garantia da estabilidade jurídica. Exemplo 2: um contrato oralmente feito continua valendo, mesmo se após a sua conclusão uma nova lei exigir a forma escrita para contratos dessa espécie. Direito Adquirido LINDB: Art. 6, § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré- estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. É todo direito fundado sobre um fato jurídico que já sucedeu, mas que ainda não foi executado e feito valer. São direitos que entram no domínio da personalidade e do patrimônio e não podem mais ser desfeitos. Mesmo que não sejam exercidos, outra lei não poderá retirá- los de seu detentor. Direito Adquirido LINDB: Exemplo: Imaginemos que um município faz uma lei colocando algum benefício para os seus funcionários públicos. Todos aqueles funcionários que se enquadram no descritivo da lei passam a ter aquele direito adicional. Entretanto, alguns não o exigem de imediato. Passados 4 anos, o município retira o benefício. Esses que eram funcionários na época daquela lei, mas que não o exigiram, têm o direito adquirido e poderá, mesmo já valendo essa nova lei, requerer o adicional dado pela lei anterior. Exemplo 2: um funcionário, após ter completado os 30 anos de serviço previstos em lei, passa a receber aposentadoria plena. Uma lei posterior que exigir serviço de 35 anos para a aposentadoria plena não pode prejudicar o direito do funcionário que já recebe a aposentadoria. Coisa Julgada LINDB: Art. 6, § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. Exemplo: o tribunal condena o devedor inadimplente de um banco a pagar juros de 12% ao mês segundo a legislação em vigor. Se uma lei posterior diminuir retroativamente os juros a 6% ao mês para casos de inadimplência, o banco não perde o direito a receber juros de 12%, já que a lei não pode alterar a coisa julgada. Eficácia da Lei no Espaço Arts. 7º a 19 da LINDB. Princípio da territorialidade: Dentro do território brasileiro, aplica-se a lei brasileira (regra geral). Princípio da extraterritorialidade: Aplicação de lei estrangeira dentro do território em situações excepcionais previstas em lei (exceção). A lei do domicílio do interessado (estatuto pessoal), de acordo com a LINDB, será aplicada em sete hipóteses: 1) Nome; 2) Personalidade; 3) Capacidade; 4) Direito de família; 5) Bens móveis que o interessado traz consigo; 6) Penhor; 7) Capacidade postulatória. Eficácia da Lei no Espaço Exceções à aplicação do estatuto pessoal: - Aplicação da lei estrangeira tem regra especifica que não obedece ao domicílio do interessado. - Aplica-se uma lei estrangeira a fatos ocorridos dentro do território brasileiro nos seguintes casos: quando o conflito for sobre bens imóveis situados em outro país; se a lei sucessória do outro país for mais benéfica ao cônjuge ou aos filhos; se a obrigação for em outro país. Referências 1. Livro Didático Digital; 2. Nader, Paulo. Introdução ao Estudodo Direito. Disponível em: Minha Biblioteca, (44th edição). Grupo GEN, 2021; 3. FILHO, Marçal J. Introdução ao Estudo do Direito. Disponível em: Minha Biblioteca. 2 ed. Grupo GEN, 2021; 4. MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do direito. 32. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; 5. REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 25. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2001. Contato do professor: Acesse SEMPRE o AVA e tenha acesso ao conteúdo da disciplina para cada aula, faça as atividades pré-aula e pós-aula, pois é de grande importância para o aprendizado; Para o envio de trabalhos, o endereço eletrônico é rafael.a.nunes@cogna.com.br (trabalhos enviados para outro endereço serão desconsiderados); Todas as mensagens enviadas ao professor DEVERÃO conter os seguintes dados: nome completo, turma, turno, disciplina. (e-mails enviados sem o preenchimento destes dados serão desconsiderados); mailto:rafael.a.nunes@cogna.com.br Obrigado e bons estudos! Aplicativo de Comunicados 👨🏻💻Prezado Aluno da Faculdade Anhanguera Betim 👨🏿⚖️💡Vocês pediram e a CPA atendeu, agora temos NOSSO APLICATIVO, que reune todas as informações sobre a faculdade. 📌 Acesse pelo QR code (que também foi colocado nas salas) ou pelo link: https://anhanguerabetim.glide.page 📢 Os usuários de Androide podem baixar o aplicativo ANHANGUERA BETIM. Esperamos que gostem! 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