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medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io O material em questão foi elaborado pelos próprios autores, que utilizaram como referência as video-aulas dos cursinhos preparatórios para provas de residência médica (Medgrupo, Sanar e Medway), artigos do UPTODATE e PUBMED, livros de Emergências Clínicas e Terapia Intensiva do HC (USP), Harrison e Cecil, bem como informações adicionais de aulas e plantões durante a residência de Clínica Médica na Santa Casa de São Paulo em 2018-2020, o que, portanto, não fere qualquer direito autoral. É expressamente proibida a reprodução, parcial ou total, do conteúdo, conforme preceitua a lei 9610/98. A reprodução desautorizada do material imputa em crime de violação de direito autoral, que está previsto no artigo 184 do Código Penal, sob o risco de detenção de 3 meses a 1 ano, ou multa. 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Para tal, ele precisa solucionar 3 vertentes: CONSCIÊNCIA, DOR e MOVIMENTO. Como ele faz isso? Através das drogas anestésicas! Existe uma determinada droga para cada um desses parâmetros. Vamos dividi- las em duas partes: anestésicos de indução geral e anestésicos locais.” INALATÓRIOS “Existem vários, mas eles não têm uma importância tão grande para a nossa prova. Então, basta a gente conhecer quais são os componentes. São capazes de induzir inconsciência, analgesia e discreto bloqueio muscular. Podem causar DEPRESSÃO MIOCÁRDICA, ↑SENSIBILIDADE CARDÍACA ÀS CATECOLAMINAS e ↑PIC. Desses, vamos memorizar pelo menos três. Contraindicações: HIPOVOLEMIA GRAVE e HIPERTEMIA MALIGNA.” - HALOTANO: é o MAIS POTENTE de todos. É tão potente que é praticamente uma das únicas drogas dos inalatórios que consegue induzir inconsciência, analgesia e bloqueio neuromuscular. Mas... Apesar de ele ter esses efeitos, doses muito elevadas precisam ser utilizadas. E dose elevada é igual a efeito colateral! Por isso, são analgésicos perigosos para serem usados isoladamente. Possui MUITAS COMPLICAÇÕES (ex: HIPERTERMIA MALIGNA e HEPATITE MEDICAMENTOSA). - ISOFLURANO: não é tão forte como o halotano, mas é o MAIS UTILIZADO de todos. O seu problema é o cheiro! O ODOR É MUITO DESAGRADÁVEL! É barato, mas fede a remédio de barata. Por isso, é o mais usado (barato/acessível), mas não é tão difundido. - SEVOFLURANO: muito bom. Não é tão acessível como o isoflurano e é mais caro. O CHEIRO É MUITO BOM. É UM DOS MAIS UTILIZADOS. INTRAVENOSOS “Diferente dos inalatórios, nós temos que conhecer TODOS os intravenosos! Eles são muito úteis e muito usados no nosso dia-dia! São drogas que promovem a hipnose, sedação, amnésia e analgesia (só opioide gera analgesia)! Só não fazem bloqueio neuromuscular. São as drogas de escolha para indução anestésica e anestesia de cirurgias ambulatoriais.” - TIOPENTAL: faz SÓ HIPNOSE E NÃO É TÃO BOM ASSIM COM AMNÉSIA. Ou seja, o paciente dorme muito rápido, mas acaba lembrando o momento da indução anestésica, o que pode ser traumático para ele. É capaz de REDUZIR A PIC. - MIDAZOLAM: promove SEDAÇÃO E AMNÉSIA! O paciente não lembra nada do momento da indução anestésica. - OPIOIDE: é clássica medicação para dor. É um ANALGÉSICO! São exemplos: morfina, codeína, tramadol, fentanil... Lembrando: morfina e fentanil são de forte intensidade! Tramadol e codeína são opioides fracos. Podem levar a depressão respiratória, euforia, náuseas, vômitos, diminuição da motilidade intestinal, retenção urinária e prurido. Em casos de intoxicação, usar NALOXONE. Pode gerar rigidez torácica. - PROPOFOL: induz a HIPNOSE rapidamente (“menor ressaca anestésica”), mas tem um EFEITO CARDIOTÓXICO importante. Em pacientes com ICC, por exemplo, é melhor preferir pela combinação midazolam + fentanil (a mais usada pelos anestesistas). É capaz de REDUZIR A PIC. Pode causar DOR INTENSA AO SER INJETADO (evitada com lidocaína 1%), hipotensão, depressão respiratória, dislipidemia e acidose metabólica. Nunca usar em pacientes instáveis. - ETOMIDATO: também faz uma HIPNOSE bem rápida. Sua principal característica é NÃO POSSUIR EFEITOS CARDIOVASCULARES. Pode gerar dor a infusão, mioclonias (usar dose baixa de opioide para ñ acontecer), HIPER-REATIVIDADE BRÔNQUICA e supressão adrenocortical dose dependente. - QUETAMINA: é o único anestésico intravenoso que consegue promover HIPNOSE JUNTO COM ANALGESIA e RELAXAMENTO MUSCULAR. Também possui EFEITO VASOCONSTRITOR (IDEAL PARA CHOQUE HIPOVOLÊMICO SEM CARDIOPATIA). Também possui EFEITO BRONCODILATADOR! É por isso que na grande maioria das vezes há a combinação desses anestésicos (ex: midazolam/propofol + fentanil). E por que ela não é tão usada? Porque ela causa PESADELOS, o paciente FICA MALUCO! Ela causa o que nós chamamos de ANESTESIA DISSOCIATIVA! CURARES “Os curares não deixam de ser intravenosos, mas como nem toda anestesia precisa de um curare, vamos colocar em grupos diferentes. Como eles só servem para um efeito, como eles tem um efeito pontual (só servem para relaxamento muscular), a gente estuda eles de forma separada. São vários os representantes e todos eles tem uma ação muito semelhante (mudando somente o mecanismo de ação).” - SUCCNILCOLINA: é a mais importante para a prova. Nem é tão comum, mas cai em prova: HIPERTERMIA MALIGNA. Junto com o halotano, são os principais que causam essa condição. É um bloqueador neuromuscular do tipo DESPOLARIZANTE (único) e deve ser EVITADA NOS GRANDES QUEIMADOS E POLITRAUMATIZADOS por precipitar lesão muscular e hipercalemia importante. A REVERSÃO da SUCCNILCOLINA é feita com NEOSTIGMINA + ATROPINA ou GLICOPIRROLATO. O ROCURÔNIO pode ser revertido com SUGAMMADEX. ANESTÉSICOS DE INDUÇÃO GERAL INALATÓRIOS INTRAVENOSOS CURARES Efeito Isolado Doses Elevadas Maior Risco Efeito Combinado Doses Menores Menor Risco Relaxamento Muscular Flacidez Imobilidade ANESTESIOLOGIA @ casalmedresumos 1) ANESTÉSICOS DE INDUÇÃO GERAL 1. Drogas Anestésicas 4 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io “Resumindo... Os inalatórios são muito bons porque isoladamente podem permitir a anestesia. Entretanto, para atingir esse efeito isolado, precisam de altas doses séricas, o que acaba sendo perigoso.” “Os intravenosos, por sua vez, não exercem efeito isoladamente. Precisam estar em combinação. Por isso, podemos utilizar doses menores e gerando menor risco.” “E os curares? Não tem segredo... Promovem relaxamento muscular, deixando o paciente flácido e imóvel.” “É uma das partes mais importantes para a prova! Cai muito! Existem vários, mas vamos estudar os 3 principais (sendo que dois deles, bupivacaína e ropivacaína são praticamente irmãos gêmeos)!” ANESTÉSICOS LOCAIS LIDOCAÍNA BUPIVACAÍNA ROPIVACAÍNA Intermediária 1-2 horas Sem adrenalina (4-5mg/kg) Com adrenalina (7mg/kg) Alta 2-8 horas Sem adrenalina (2mg/kg) Com adrenalina (3mg/kg) Alta 2-8 horas Sem adrenalina (2mg/kg) Com adrenalina (3mg/kg) “Em relação à potência, quais os mais potentes? Bupivacaína e ropivacaína! A gente considera a lidocaína como uma potência intermediária!” “Tempo de duração? A lidacaína é rapidinha... 1-2 horas! A gente utiliza para procedimentos mais rápidos, como suturas, procedimentos dentários... Agora, um procedimento que requer um tempo adicional, como uma postectomia, é preferível a bupi ou a ropivacaína, que duram 2-8 horas.” “Doses tóxicas? Sem o vasoconstritor (adrenalina), a a lidocaína tem uma dose de 4-5mg/kg em 24 horas (toda hora cai isso em prova). Exemplo: paciente de 60kg. 60kg x 5mg = 300mg. Pode usar até 300mg! Se você usar um pote de lidocaína a 2%, significa que em 2g tem 100ml. Faz a regra de 3 e vê quantos ml você administra!” “A bupivacaina e ropivacaina tem a dose de 2mg/kg. Mas tem um detalhe... A ropivacaína já tem um efeito vasoconstritor próprio! Ela não precisa isoladamente de vasoconstrição associada! Por isso não é comum encontrar ropivacaína associada a um vasoconstritor! Beleza... Preste atenção: se você usa um vasoconstritor associado, esse anestésico é absorvido de forma mais lenta! Por isso, com ele, a dose sobe! Fica 7mg/kg para lidocaína e 3mg/kg para bupi ou ropivacaína.” “Beleza... Vimos acima que ropivacaína e bupivacaína são iguais! E por que os anestesistas preferem a ropivacaína? Ela é preferível porque CAUSA MENOS CARDIOTOXICIDADE e ISOLADAMENTE POSSUI EFEITO VASOCONSTRITOR!” Então... Para fazer analgesia... OPIOIDES (principalmente fentanil) Para fazer relaxamento muscular... ROCURÔNIO, ATRACÚRIO, SUCCINILCOLINA Para diminuir a consciência... GASES HALOGENADOS, HIPNÓTICOS VENOSOS (PROPOFOL, ETOMIDATO, QUETAMINA) Para promover bloqueio neurovegetativo... OPIOIDE “A gente pode realizar uma anestesia local de 3 formas: (1) procedimentos no pronto-socorro = aqui a gente basicamente só faz uma infiltração local; (2) procedimentos em pacientes internados ou que acabaram de chegar, mas que requerem uma sedação associada = em uma traqueostomia ou uma postectomia, por exemplo (procedimentos ambulatoriais), a gente gera uma sedação consciente com midazolam; (3) procedimentos na beira do leito = aqui, a gente usa lidocaína associada com propofol. Agora eu não quero que o paciente fique acordado, consciente... Eu quero que ele durma, fique parado, quieto! Por isso eu uso lidocaína e propofol em baixas doses.” - Infiltração local com anestésicos locais - Cirurgia ambulatorial com sedação consciente - Lidocaína + Propofol em baixas doses - Raquianestesia: anestésicos no espaço subaracnoide - Peridural: anestésicos no espaço epidural - Bloqueio de nervos periféricos/plexos - Será vista adiante. 2) ANESTÉSICOS LOCAIS 2. Técnicas Anestésicas CARDIOTOXICIDADE E VASOCONSTRIÇÃO ANESTESIA LOCAL BLOQUEIOS REGIONAIS ANESTESIA GERAL 5 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io “Existem 3 tipos de bloqueio regional! Raquianestesia, anestesia peridural e bloqueio do tronco nervoso. Na raquianestesia a gente infiltra os anestésicos no espaço subaracnoide; na epidural, infiltramos no espaço epidural; nos bloqueios de tronco nervos, induzimos ao redor do nervo, no perineuro. A anestesia geral nós vamos ver mais para frente.” “O divisor de águas de uma anestesia peridural para uma raquianestesia é a dura-máter! Se passou da dura-máter, é raquidiana! Se é antes, é peridural.” É CAPAZ DE PROMOVER ANALGESIA + REBAIXAMENTO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA + BLOQUEIO NEUROMUSCULAR E VEGETATIVO “A gente divide a anestesia geral em 3 fases. Temos a fase inicial, onde estamos induzindo o paciente à anestesia. Beleza... Uma vez induzido, qual meu grande objetivo nessa fase? Intubar! Eu só quero isso! Depois que intubou, tudo fica sob controle e eu só tenho que manter o paciente em plano anestésico. Depois da manutenção, depois que a cirurgia acaba, eu só tenho que esperar esse paciente se recuperar. Tranquilo... Mas o que a gente faz em cada uma dessas fases?” “Na indução, eu não estou preparando o paciente para ser intubado? O que eu tenho que fazer antes de intuba-lo? Primeiro você pré- oxigena com ventilação com máscara! Só depois disso você induz e bloqueia! Ok... Mas o que é a sequência rápida? Só serve para intubar na emergência? Mais ou menos... Pessoal, indução por sequência rápida é uma estratégia que o anestesista usa para intubar pacientes que estão com o estômago cheio! Ou seja, o paciente que não fez o jejum pré-operatório adequado (comum em vítimas de trauma) ou que está obstruído! O paciente que está obstruído, vomitando, também vai estar em risco de broncoaspiração. Além disso, na sequência rápida, também não existe a pré-oxigenação com máscara. Beleza. Feito a pré-oxigenação e o bloqueio, intubamos o paciente.” “Depois que intuba, o que o anestesista faz agora? Monitora e vigia! A gente vai acompanhando se ele não está acordando, se mexendo, tendo alterações de PA e sinais vitais, e por aí vai... E para manter esse paciente em plano anestésico, basicamente você tem que fazer o REPIQUE DE DOSES dos anestésicos para manter o paciente “em plano” anestésico.” “A fase de recuperação é aquela que você já extubou o paciente, já acabou a cirurgia... Só que você tem que acompanhar! Tem que ver se ele vai ventilar bem, acordar com alguma complicação... Esse período ocorre em um local específico: sala de recuperação pós-anestésica (RPA). Será que haverá um bloqueio neuromuscular residual, uma depressão respiratória por um opioide? Tudo isso tem que ser observado!” (*) A anestesia geral também pode ser dividida em: (1) INDUÇÃO; (2) MANUTENÇÃO e (3) DESPERTAR (OU EMERGÊNCIA) (*) SEQUÊNCIA RÁPIDA = priorizar em pacientes de estômago cheio, vítimas de trauma, grávidas = NÃO VENTILA COM MÁSCARA. Utilizar a quetamina de preferência (droga mais adrenérgica). - O anestésico é colocado no ESPAÇO SUBARACNOIDE = o bloqueio é gerado “DAQUI PARA BAIXO” (L3-L4) - MENOR QUANTIDADE - MENOR DURAÇÃO (mais útil para cirurgias curtas) - Efeito adverso: HIPOTENSÃO (mais comum), AUMENTO DA PIC, CEFALEIA PÓS-RAQUI*, DÉFICIT NEUROLÓGICO (meningite asséptica, síndrome da cauda equina, aracnoidite adesiva). (*) É uma dor de cabeça que PIORA COM A POSIÇÃO ORTOSTÁTICA (também pode acontecer na peridural que atinge inadvertidamente o espaço subaracnoide). O tratamento é com MEDIDAS GERAIS DE POSIÇÃO (FICAR NA HORIZONTAL), HIDRATAÇÃO E ANALGESIA, as quais, se falharem, são substituídas por um PATCH DE SANGUE AUTÓLOGO QUE OBLITERA O PERTUITO CRIADO NA DURAMATER. - Indicações: cirurgias urológicas, abdominais baixas, perineais e de membros inferiores. 1) ANESTESIA GERAL 2) RAQUIANESTESIA 6 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io - O anestésico é lançado no ESPAÇO PERIDURAL (não ultrapassa a dura-máter) = promove o bloqueio SEGMENTAR da área puncionada. - MAIOR QUANTIDADE (a agulha é mais calibrosa, o que permite maior quantidade do anestésico) - MAIOR DURAÇÃO - Há a possibilidade de injeção de novas doses durante a cirurgia ou para a analgesia pós-operatória (MELHOR CONTROLE DA DOR NO PÓS-OPERATÓRIO) - Efeito adverso: HIPOTENSÃO - Indicações: cirurgias torácicas, vasculares periféricas e cirurgias gastrointestinais. “Se pararmos para pensar, a HIPOTENSÃO é um efeito adverso tanto na raquianestesia como no bloqueio peridural! Então, EM CASOS DE INSTABILIDADE HEMODINÂMICA, PREFERIR A ANESTESIA GERAL!” Contraindicações das anestesias de neuroeixo: INSTABILIDADE HEMODINÂMICA, RECUSA, LESÃO CUTÂNEA LOCAL, ANTICOAGULAÇÃO PLENA, AUMENTO DA PIC. Principais causas de HIPERTENSÃO no pós-operatório: DOR e HIPOTERMIA! É importante o controle da dor e o aquecimento do paciente. VISITA PRÉ-ANESTÉSICA “Aqui, existem 4 coisas que devem ser checadas.” (1) Primeiro contato + anamnese + esclarecer dúvidas (2) Avaliar cirurgias prévias e comorbidades (3) Verificar a existência de alergias (ex: evitar povidine em quem tem alergia a camarão) (4) Solicitar exames complementares VIA AÉREA - Classificação de MALLAMPATI: “A forma mais fácil é decorar apenas 1 parâmetro de cada uma das classes!” Mallampati 1: significa enxergar o que é mais difícil (pilares amigdalianos) Mallampati 2: ponta da úvula Mallampati 3: base da úvula Mallampati 4: só vê palato duro 3) PERIDURAL Avaliação Anestésica Entendendo as diferenças... 3. Avaliação Anestésica 7 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io EXAME FÍSICO - ASA JEJUM - Sólidos/líquidos não claros: 6-8 horas - Líquidos claros/água: 2 horas “Esse BIS (índice bi-espectral) nada mais é do que uma forma de monitorizar a “profundidade” da anestesia. Ficam esses eletrodos na testa do paciente e pelo monitor você analisa o “quanto esse paciente está ou não dormindo”. Isso evita ficar reaplicando doses de anestésicos e submetendo o paciente a efeitos colaterais. Deve estar entre 40-60.” HIPERTERMIA MALIGNA - É uma SÍNDROME MUSCULAR HEREDITÁRIA FÁRMACO- INDUZIDA: - EXPOSIÇÃO A ANESTÉSICO INALATÓRIO/SUCCINILCOLINA aumento do cálcio intramuscular hipermetabolismo muscular hipertermia + hipercapnia (altera capnografia e gera acidose + rabdomiólise (hipercalemia e ↑enzimas musculares). - Tratamento: cessar exposição, resfriamento, HCO3, oxigênio, + DANTROLENE (funciona como um antídoto). “Se a questão for de uma febre que começou durante a cirurgia, no peroperatório, são possibilidades: a pessoa operou infectada (já tinha infecção antes mesmo da cirurgia); reação febril à alguma droga administrada ou a uma transfusão durante a cirurgia (é uma possibilidade, mas cai pouco em prova; e uma terceira causa é a hipertermia maligna, que começou a cair bastante nos últimos 5 anos. Vamos debater um pouco mais sobre ela”. “A hipertermia maligna é uma síndrome muscular hereditária fármaco- induzida! É ‘síndrome muscular’ porque é uma doença que só acontece no músculo! Ela só se manifesta na musculatura esquelética do paciente! É ‘hereditária’ porque é um defeito genético que a pessoa herda dos pais! Então, às vezes, a pessoa tem casos na família de hipertermia maligna! É ‘fármaco-induzida’ porque ela fica latente, fica silenciosa a vida inteira, até que um dia, fármacos específicos são administrados e a doença se manifesta”. “E quais são esses fármacos? Fármacos que o anestesista usa... É por isso que acontece quando o paciente se expõe aos gases anestésicos (anestésicos inalatórios): halotano (quase não se faz mais hoje), isoflurano, cesoflurano, desflurano... E também a um bloqueador neuromuscular: succinilcolina”. “Então, após a exposição a esses medicamentos, ocorre a abertura de vários canais de cálcio na musculatura esquelética! O cálcio entra, mas entra de modo violento, em quantidades cavalares, para dentro das fibras musculares! O músculo entra em hipermetabolismo! Começa a atuar de modo mais intenso! A pessoa faz contraturas musculares vigorosas! Além das contrações, o doente também manifesta hipertermia, pois a contração muscular gera calor! Essa hipertermia é ‘maligna’ porque a temperatura se eleva de forma intensa e muito rapidamente (a cada 5 minutos, ocorre elevação de 1ºC). Em 20, 30 minutos, a pessoa chega a 42º. Pode morrer de hipertermia! Outra coisa: o músculo respira, tá? O músculo gasta oxigênio e gera CO2. Quantidade exacerbada de CO2 é gerada! Há hipercapnia e consequente acidose! A pessoa, então, pode morrer da hipertemia, mas também da acidose... O anestesista pode desconfiar através da capnografia (a curva aumenta...). E mais! É tanta contração muscular que as fibras são destruídas: ocorre rabdomiólise e consequente liberação de enzimas musculares (CPK, aldolase, TGO...) e hipercalemia! Pode morrer de hipercalemia também! O anestesista tem que reconhecer e tratar, senão o doente morre rapidamente!”. “Para terminar, como trata? Tem que interromper o grande culpado. Quem é o culpado? A medicação! Suspenda! Para a hipertemia, faça resfriamento ativo! Como se faz isso? Coloque compressas geladas no corpo paciente, administre soro gelado na veia... Para acidose, para a hipercalemia, faça bicarbonato. Agora, por último e mais importante: essa doença tem um antídoto! É o dantrolene! O anestesista tem que andar com dantrolene no bolso! Isso tem caído muito em prova... Curiosidade: o dantrolene é um bloqueador do canal de cálcio apenas do músculo esquelético”. “Beleza... Mas o que é o bloqueio residual neuromuscular? É o paciente que você fez o bloqueio neuromuscular e o paciente não acorda! É o paciente que você não consegue extubar! Nesses casos, há retorno lento da consciência, hipoventilação e hipercapnia (o que dificulta a retirada do TOT), fraqueza muscular... E tudo isso tem um motivo: basicamente é a excreção dificultada da droga, seja por obesidade, problema renal, hepático... Nesses casos, o que fazemos é manter o paciente em ventilação mecânica (não extubar) e correr atrás de uma vaga em CTI, porque esse paciente vai precisar de monitorização. Quando melhorar os parâmetros, você tenta a extubação. Feito isso, você também pode optar por NEOSTIGMINA (antídoto) e ATROPINA (usada para contrabalancear a bradicardia gerada pela neostigmina).” HIPERTERMIA MALIGNA BLOQUEIO RESIDUAL NEUROMUSCULAR Músculo esquelético Autossômica dominante Succinilcolina e inalatórios Espasmos do masseter | T < 42ºC 30 minutos até 24 horas Dantrolene 2,5mg/kg Retorno lento da consciência Hipoventilação/Hipercapnia Fraqueza muscular Excreção dificultada das drogas Manter ventilação mecânica Neostigmine e atropina Monitorização da Anestesia Complicações da Anestesia 4. Monitorização da Anestesia 5. Complicações da Anestesia 8 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io RESUMÃO... Qual droga escolher? - Nos coronariopatas e pacientes betabloqueados: ETOMIDATO (não possui efeitos cardiovasculares) - No choque hipovolêmico: QUETAMINA (possui efeito vasoconstritor) - Na hiper-reatividade brônquica: QUETAMINA (tem efeito broncodilatador) Qual droga não utilizar? - No choque (de qualquer origem), nos coronariopatas e pacientes betabloqueados: PROPOFOL (efeito cardiotóxico) - Na hiper-reatividade brônquica: ETOMIDATO (gera hiper- reatividade brônquica) - Na hipertensão intracraniana: QUETAMINA (aumenta a PIC) Vínculo cerebral: - Indução mais rápida: TIOPENTAL > PROPOFOL - Menos “ressaca” e bom para manutenção: PROPOFOL - Provoca dor na infusão: PROPOFOL > ETOMIDATO - Anestésico “do contra”: QUETAMINA (promove analgesia e relaxamento neuromuscular) - Anestesia dissociativa: QUETAMINA (alucinações, pesadelos...) - Mioclonias: ETOMIDATO 9 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io “Existem 3 temas que mais caem: aneurisma degenerativo de aorta abdominal, doença arterial periférica e embolia arterial aguda para membros inferiores. Dissecção aórtica eu também é importante, mas já vimos em cardiologia”. CONCEITOS INICIAIS: - É uma DILATAÇÃO DE UMA ARTÉRIA QUE FICA COM UM DIÂMETRO TRANSVERSO 50% MAIOR DO QUE ELA TINHA ANTES. ETIOLOGIA: As causas mais comuns são: - ANEURISMA DEGENERATIVO (ATEROSCLERÓTICO?) “É a causa mais comum... E por que eu interroguei o ‘ateroscletórico’? Porque durante muitos anos pensou- se que a aterosclerose seria a causa desse aneurisma. Mas, na verdade, elas coexistem! Além disso, os fatores de risco para aterosclerose e para esse aneurisma são os mesmos. Esses pacientes têm um estado inflamatório crônico na parede vascular (ninguém sabe o porquê), com perda de elastina, lâmina elástica e células musculares lisas – a parede enfraquece e o aneurisma surge. Há aumento de IL6, PCR. Então, a aterosclerose coexiste, mas não parece não ser a causa! A causa é essa reação inflamatória crônica de origem desconhecida!”. - VASCULITE “Vasculite pode dar aneurisma? Pode! Compromete a parede da artéria por reação inflamatória auto-imune, como na ARTERITE DE TAKAYASU. Arco aórtico, subclávia, mulheres jovens... Lembra?” - INFECÇÃO “Gente, precisamos conhecer duas infecções principais que causam aneurisma: ANEURISMAS MICÓTICOS (eu tenho uma endocardite infecciosa que embolizou para o vasa vasorum via microêmbolos – a bactéria ganhou a parede da artéria, cresceu e determinou o aneurisma) e SALMONELA”. - TRAUMA “Também pode causar”. - DISSECÇÃO AÓRTICA “Pode causar? Sim ou não? Pode... Mas nem sempre! Para levar ao aneurisma, tem que haver dilatação! O termo aneurisma dissecante é errado... Eu posso ter dissecção aórtica sem dilatação da aorta! Então, a dissecção aórtica só vai levar ao aneurisma se a aorta dilatar! Se não dilatar, não é aneurisma...”. ANEURISMA DEGENERATIVO: “Vamos ao aneurisma degenerativo, que é o que mais importa pra gente”. - O VASO MAIS ACOMETIDO É A AORTA > EM SEGUNDO LUGAR AS ILÍACAS COMUNS (VASOS INTRA-ABDOMINAIS). “Gente, qual é o vaso mais acometido pelo aneurisma degenerativo? É a aorta (disparado)! Em segundo lugar: ilíacas comuns. São vasos intra-abdominais! A aorta termina e se bifurca em duas ilíacas comuns ainda no abdome! Vamos fixar na aorta...”. -- Abdominal (80%) -- Torácica descendente (12%) -- Torácica ascendente (5,5%) -- Toracoabdominal (2,5%) “Repare uma coisa interessante: a imensa maioria dos aneurismas de aorta ocorre na aorta abdominal. Posso ter na torácica descendente, ascendente, toracoabdominal... Mas o aneurisma de aorta abdominal é muito mais frequente! E a gente vê isso na prática... Aneurisma de aorta abdominal é um problema relativamente comum (na população idosa, principalmente). Vamos ver os fatores de risco daqui a pouco...”. ANEURISMA DEGENERATIVO DE AORTA ABDOMINAL (AAA) CLASSIFICAÇÃO: Em relação às artérias renais... Pode ser classificado de acordo com a localização em relação às artérias renais: “A gente utiliza como parâmetro a emergência das artérias renais! São 4 tipos”. I: INFRARRENAIS (85%). “Aneurisma está abaixo da emergência das renais”. II: JUSTARRENAIS. “Imediatamente abaixo da emergência das renais”. III: PARARRENAIS. “Engloba a emergência das renais”. IV: TORACOABDOMINAIS. “Aneurisma infrarrenal que também alcança a torácica descendente”. O que interessa pra gente na prova é o tipo I! Em relação ao diâmetro... - HOMEM: > 3CM - MULHER: > 2,5CM “Para eu considerar uma aorta abdominal aneurismática, ela tem que ter mais de 3cm no homem e 2,5cm na mulher. É uma doença muito mais comum no homem! Na prova, vai cair pra vocês um homem! Memorize a partir de 3cm!” FATORES DE RISCO: - IDADE AVANÇADA “A partir dos 60 anos, a cada década que o paciente vai envelhecendo, a probabilidade de ter um aneurisma degenerativo de aorta abdominal aumenta, atingindo um pico aos 75-80 anos. É claro que existem indivíduos com menos de 60 anos e com aneurisma, mas a incidência passa a aumentar mesmo a partir dessa idade”. - SEXO MASCULINO (4:1). “Os livros de cirurgia colocam essa relação, mas outras literaturas chegam a citar 7:1. 8:1... É muito mais comum no homem!”. - TABAGISMO (PRINCIPAL!) “Existe um estudo que talvez possa ser citado em um enunciado, que é o estudo ADAM. Esse estudo mostrou que o tabagismo é, indubitavelmente, o fator de risco mais consistente para AAA. Então, já sabem: se perguntarem qual o principal fator de risco para AAA, diga que é o tabagismo. Está presente em quase todo mundo que tem aneurisma”. - HISTÓRIA FAMILIAR EM PARENTES DE 1º GRAU “Pais e irmãos! Ou seja, o componente genético também está envolvido! A gente não sabe onde, mas existe!” - HIPERTENSÃO ARTERIAL (40%) E DISLIPIDEMIA “A aterosclerose e a degeneração da aorta têm os mesmos fatores de risco! A hipertensão arterial sistêmica está presente em 40% dos pacientes com AAA”. - DPOC E HÉRNIA INGUINAL DIRETA: ESTUDOS DEMONSTRARAM ASSOCIAÇÃO.. “Interessante... Existe essa associação estatística! Qual é a hérnia que você tem alteração na síntese de colágeno? É a direta! Qual a hérnia que você encontra no idoso? Direta! Alteração na elastina também ocorre! Então, você pode encontrar numa questão um abaulamento na região inguinal em um indivíduo com massa pulsátil abdominal...”. - CURIOSO: DIABETES É FATOR PROTETOR! “Repara que muitos também são fatores de risco para aterosclerose! Só fica atento com o diabetes! Isso cai em prova!”. COMPLICAÇÕES: “Gente, qual é a complicação mais temida de uma pessoa que tem um AAA? É a ruptura! Esse negócio não pode romper!”. - RUPTURA DE AAA. São fatores que aumentam o risco: “Existem algumas variáveis que estão relacionadas a um maior risco de ruptura e a gente tem que saber!”. -- DIÂMETRO INICIAL > 5/5,5CM “O primeiro é o diâmetro inicial do aneurisma. Um homem que tem um aneurisma com diâmetro inicial > 5,5cm de diâmetro tem um risco bastante aumentado de ruptura!”. -- RITMO DE EXPANSÃO “O aneurisma cresceu mais que 0,5cm em 6 meses... Vamos ver mais lá na frente”. -- TABAGISMO “Quem continua fumando! Tem um aneurisma e continua fumando... Risco aumentado!”. -- SEXO FEMININO “E curiosamente, apesar de não ser mais comum em mulheres, caso você encontre um AAA, o risco de ruptura é maior do que no homem”. CIRURGIA VASCULAR @ casalmedresumos Como chamamos o trecho da aorta que está livre de aneurisma e logo abaixo da emergência da artéria renal? COLO INFRARRENAL estrutura importante para a colocação de endopróteses! Isso vai ser importante lá na frente, quando a gente for valar de terapia endovascular... 1. Aneurisma 10 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io “Beleza? Esses são os principais fatores que podem levar a ruptura... Isso mudou recentemente! Grau de DPOC e infecção por clamídia, por exemplo, eram bastante associados, mas isso já está sendo revisado...”. CLÍNICA E CONDUTA NO PACIENTE AMBULATORIAL (AAA): “É geralmente isso o que cobram na nossa prova”. - SUSPEITAR SE PULSAÇÃO ANTERO-POSTERIOR E LATERO-LATERAL NO EXAME FÍSICO! “Gente, como é a clínica do paciente com AAA? O aneurisma pode ser assintomático? Pode! Isso é muito comum... Quando você examina um doente e palpa uma pulsação um pouco acima da cicatriz umbilical, isso é um aneurisma? Sim ou não? Depende! Se for um indivíduo magro, você pode sentir a transmissão da pulsação da aorta abdominal e isso é normal! Para ser normal, essa pulsação deve ser sempre antero-posterior. Agora... Quando você encontra uma pulsação antero-posterior e latero-lateral, você deve suspeitar que esse paciente tem aneurisma!”. “Outra possibilidade é esse paciente ser sintomático... O cara que é sintomático tem o que, gente? Não sei... Pode ter uma dor abdominal vaga? Pode ter uma dor lombar? Pode... Esse cara pode ter o aneurisma ‘forrado’ por um trombo? Ter um trombo dentro do aneurisma? Pode... Pode ser até que esse trombo solte êmbolos e haja embolização periférica”. - O USG É IMPORTANTE PARA NOS DAR O DIÂMETRO DO ANEURISMA, MAS NÃO É ÚTIL PARA ESTABELECER RELAÇÕES ANATÔMICAS COM A ARTÉRIA RENAL! “Gente, olha só... Ou você surpreende o indivíduo no exame físico, sendo ele assintomático; ou ele é sintomático e chega até você, e você desconfia que ele tem um aneurisma – qual é o exame que você tem que pedir inicialmente? O que você acha? Ah, tem uma massa pulsátil antero-posterior e latero-lateral no exame físico, eu não vou pedir é nada... Claro que não! Tem que pedir! Tem que confirmar a presença do aneurisma e também avaliar outras variáveis! É o USG!”. “Todo mundo consegue identificar um aneurisma através da USG! Além do diagnóstico do aneurisma, ele nos dá uma única informação, muito importante: o diâmetro! É o que precisamos inicialmente! O USG é ruim para ver as relações do aneurisma com a artéria renal! Quando indicar acompanhamento com USG? “Já fizemos o diagnóstico e agora temos que acompanhar... Quando é que você vai indicar o acompanhamento? Se o aneurisma tiver entre 3-5,4cm, a gente vai acompanhar com USG! E agora começa a primeira coisa que te enlouquece...”. - AAA entre 3-3,4cm de diâmetro: USG 3/3 anos - AAA entre 3,5-4,4cm: USG de 1/1 ano - AAA entre 4,4-5,4cm: USG de 6/6 meses “Por que eu tô acompanhando esse paciente com USG? É justamente pra gente identificar a hora exata de intervir! Vai chegar um determinado momento que o diâmetro do aneurisma vai ser ‘tal’, e o risco de ruptura vai ser muito alto... E quando o risco de ruptura é alto a gente tem que intervir!”. Quando indicar intervenção eletiva? - AAA > 5,5cm de diâmetro (Sabiston 2012 coloca > 5,5) “Atenção para a controvérsia! Na última edição do Sabiston que é de 2012, ele coloca maior que 5,5! Agora... Num artigo recente de revisão, que onde todo mundo está se baseando, está maior ou igual! No Harrison, maior ou igual também!”. - AAA com ritmo de expansão > 0,5cm em 6 meses OU > 1cm em 1 ano “Isso não mudou, continua a mesma coisa!”. - Presença de sintomas (dor lombar/dor abdominal) “Se tem sintomas, tem indicação de intervenção! Parece que quem é sintomático tem risco maior de expansão e ruptura... O ideal é que você indique intervenção!”. - Embolização periférica “O aneurisma é um troço dilatadão... Na sua parede dilatada há fluxo turbilhonado e pode haver a formação de trombos que podem embolizar para a periferia, para membros inferiores...”. Se tiver que intervir... “Já decidimos que temos que intervir no nosso paciente... E agora? O que a gente faz com o doente? Ah, é fácil... Se houver programação para intervenção, vamos fazer uma arteriografia. Certo ou errado? Isso era certo só há 50 anos atrás! Hoje em dia a gente disponibiliza de um exame que é o melhor para delinear a anatomia do aneurisma, a relação com as artérias renais, o cálculo da prótese que vai ser utilizada..”. Qual o melhor método de imagem no pré-operatório? - ANGIOTC HELICOIDAL (de aorta abdominal e ilíacas ou de abdome e pelve, mesma coisa). “Quando é que eu peço a angioTC? Pode cair em prova discursiva... Tem que pedir assim: angiotomografia helicoidal de aorta abdominal e ilíacas ou de abdome e pelve. Pode pedir dessas duas formas. Suas vantagens são as seguintes: define melhor a anatomia dos AAA + relação do AAA com ilíacas comuns e renais + determina o diâmetro do aneurisma + detecta a presença de trombos”. Quais as abordagens propostas? “Vamos lá... Temos duas possibilidades: reparo aberto e terapia endovascular. Antes de falar de cada uma delas, você acha que tem algum mais vantajoso que o outro? Sim ou não? No reparo aberto, o próprio nome já diz: você vai abrir a barriga do paciente... O individuo com AAA costuma ser idoso, geralmente com aterosclerose associada... Olha o risco cirúrgico desse doente! E a terapia endovascular? Nela, eu vou passar ‘por dentro’ do doente um cano, que é um stent coberto. Não abro a barriga do paciente – o máximo que vou fazer é abrir um pouquinho a virilha para poder fazer uma arteriotomia nas femorais comuns. Então, a agressão cirúrgico-anestésica na terapia endovascular é bem menor! Isso justifica o fato da grande maioria das intervenções ocorrerem pela via endovascular”. (1) REPARO ABERTO: PRÓTESE DE DACRON (16-18MM) “Vamos lá... Reparo aberto! O que eu vou fazer? Barriga aberta! Você clampeia em cima e em baixo do aneurisma, liga vasos lombares para evitar sangramentos, abre o saco do aneurisma e coloca, costura uma prótese. Depois, você fecha o saco do aneurisma por cima da prótese (geralmente de DACRON, material muito utilizado na cirurgia vascular) para protegê-la do contato com vísceras retro-peritoneais, principalmente o duodeno. E acabou a cirurgia!”. IMPORTANTE! Entre a emergência das renais e a bifurcação da aorta e ilíacas comuns sai uma artéria: a MESENTÉRICA INFERIOR REIMPLANTA NA PRÓTESE OU LIGA! “O que se faz, habitualmente, com a mesentérica inferior? Duas possibilidades: ou você reimplanta ela na prótese ou você liga a mesentérica inferior! A maioria dos cirurgiões vasculares liga! Aí você fala ‘peraí, o território da mesentérica inferior vai ser nutrido por quem?’. Por quem gente? São as artérias de Drumond, arco de Rioland... Lembra que existe uma rede rica de colaterais entre a circulação mesentérica superior e a circulação mesentérica inferior? Além disso, o território da mesentérica inferior também é nutrido pelas artérias pudendas, que vêm da circulação da ilíaca! Agora... Pode dar zebra, não pode? Qual a zebra? Colite isquêmica... Vamos falar daqui a pouco nas complicações... Numa cirurgia bem conduzida, é raro de acontecer”. IMPORTANTE! Em 40% dos pacientes com AAA, também há a associação de aneurismas de ilíacas! Nesses casos, geralmente optamos por PRÓTESES BIFURCADAS! -- Complicações pós-operatórias (cai muito em prova): “Se você estava cochilando até agora, acorda! Isso cai muito em prova. Vamos lá...”. ISQUEMIA MIOCÁRDICA (3-16%; média de 7%) “Qual é a complicação mais comum de acordo com o Sabiston? Ah, já sei, colite isquêmica! Não! A complicação mais comum é a isquemia miocárdica! Mesmo fazendo um bom pré- operatório? Mesmo...”. INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (6%) “O que mais? Insuficiência renal aguda! 6%!”. COLITE ISQUÊMICA (0,6-2% - HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA, FEBRE E DISTENSÃO ABDOMINAL – diagnóstico com RETOSSIGMOIDOSCOPIA, que é o suficiente, ou colonoscopia) “Olha a colite isquêmica... 0,6-2%! É por isso que ninguém reimplanta a mesentérica inferior em porcaria nenhuma! Liga ela e vamos que vamos... Agora, coisas que podem cair sobre colite isquêmica: clínica paciente evolui no pós-operatório (geralmente alguns dias) de reparo aberto de AAA com HDB, febrícula e distensão abdominal. O diagnóstico é de colite isquêmica! E qual o método diagnóstico? Ah, vamos fazer uma arteriografia! Não... É circulação terminal! O método diagnóstico é a gente identificar as famosas úlceras isquêmicas! Fazemos isso através da retossigmoidoscopia. Mas, como eu já vi cair em prova colonoscopia também, vou deixar aí pra vocês. Pode cair das duas formas... Nem precisa fazer colono! O retossigmoidoscópio rígido alcança até terço distal do sigmoide... Imagina o flexível... Mas, deixa quieto! Que complicação desgraçada... Tem pior que essa? Tem! A gente vai já ver...”. FÍSTULA AORTO-ENTÉRICA (HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA/fístula entre o enxerto e 3ª porção do duodeno) “Paciente em pós-operatório (qualquer momento – pode acontecer meses depois) com HDA por causa de uma fístula entre o enxerto e a terceira porção do duodeno. Mas, peraí, você não protegeu a prótese fechando a capa do aneurisma por cima dela e costurando ela em cima e em baixo com os segmentos da aorta que sobraram? É, fez... Mas, às vezes, essa proteção não fica completa... O segmento desprotegido pode ficar lá ‘roçando’ no duodeno... E aí dá essa zebra!”. 11 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io INFECÇÃO DO ENXERTO (FEBRE, ↑MARCADORES INFLAMATÓRIOS – diagnóstico com CINTILOGRAFIA COM LEUCÓCITOS MARCADOS – tratamento com RETIRADA DA PRÓTESE + DERIVAÇÃO AXILOBIFEMORAL + ATB PARA COBRIR GRAM-POSITIVOS) “É a complicação pós-operatória mais temida de todas! Infecção de prótese! Como é que eu sei que o cara tá fazendo infecção de prótese? Eu não sei! É diagnóstico de exclusão! Febre, marcadores inflamatórios altos... E daí? O diagnóstico é de exclusão! Temos que procurar outras causas de infecção! Ah, mas olha só... Não tem infecção da ferida operatória, não tem infecção urinária, pulmonar, nada disso... De onde vem essa febre e esses marcadores altos? Tem que pensar em infecção de prótese! A tomografia pode mostrar alguma coisa? Às vezes pode: gás em torno da prótese. É algo que sugere... Mas, o melhor exame pra gente pedir em busca da infecção é a cintilografia com leucócitos marcados! É o exame que a gente tem que pedir para correr atrás dessa infecção”. “Beleza... Identifiquei a infecção! E aí, vou fazer o que? Troca por outra prótese? Gente, você vai colocar uma prótese em um lugar que está infectado? Não! O que se costuma fazer é retirar a prótese e ligar a aorta em cima e em baixo da prótese que eu ressequei! Peraí... E a aorta não dá origem às ilíacas comuns? Dá... A ilíaca comum não dá origem à ilíaca externa? Dá... A ilíaca externa não se continua com femoral comum? Sim... Então... Não vai sangue para os membros inferiores? Então... Faz parte dessa cirurgia a amputação bilateral dos membros inferiores? Não... Sabe o que você faz? Você faz uma coisa chamada de DERIVAÇÃO EXTRA-ANATÔMICA! Colocamos uma prótese axilo-bifemoral. Essa prótese, gente, PTFE, é fininha... Ela está ligada na artéria axilar e vem pelo subcutâneo! Quer dizer que se o cara deitar de lado e de mal jeito, isquemia o membro inferior? É mais ou menos assim... Essa prótese vem pelo subcutâneo, é conectada na femoral comum de um lado, passa por cima da virilha e é conectada na femoral comum do outro lado. E a patência em médio-longo prazo? Péssima... 70-80% oclui! Beleza... Falta alguma coisa? Falta... Tem que fazer antibioticoterapia! Geralmente os cocos gram-positivos são os responsáveis por esse tipo de infecção”. (2) TERAPIA ENDOVASCULAR (ENDOPRÓTESE): “Já expliquei pra vocês que ela tem um menor risco... A mortalidade do reparo aberto em 30 dias é de 2%, segundo revisão da New England e 4-5% segundo o Sabiston. Eles consideram esses 30 primeiros dias do pós-operatório fundamentais! Na terapia endovascular, é de 1%. Então, é vantagem da terapia endovascular: MENOR MORBIMORTALIDADE PRECOCE*! Vamos lá...”. (*) Por que ‘precoce’? Porque em longo prazo (indivíduo que se submeteu a reparo aberto ou terapia endovascular há ± 8 anos, por exemplo) não há alteração na morbimortalidade por um ou outro! Nesses casos, tanto faz se o indivíduo se submeteu à terapia endovascular ou reparo aberto a morbimortalidade é a mesma! Mas, em curto prazo, terapia endovascular tem menos mortalidade! “O que a gente vai fazer? A gente vai montar uma prótese por dentro do sujeito... Como é que a gente fixa essa prótese na aorta do cara? Na cirurgia aberta, ficou claro: costurei em cima e costurei em baixo... Se aqui é endovascular, como é que eu vou costurar? Não dá pra meter a mão por dentro do vaso... Essa prótese não é costurada! Ela se prende através de tração radial! É que nem stent! Quando você abre o stent ele não ‘esgarça’ a parede da artéria? Esse troço é preso por tração radial! Só que tem um detalhe: essa endoprótese é presa na aorta abaixo das renais por tração radial, mas também é presa (também por tração radial) em ambas as ilíacas comuns! Para isso, elas têm que estar livres de aneurisma!”. -- Pré-requisitos: COLO INFRARRENAL > 15MM PARA FIXAÇÃO PROXIMAL DA PRÓTESE. ILÍACAS COMUNS COM EXTENSÃO DE 20MM LIVRE DE ANEURISMA E OCLUSÃO PARA FIXAÇÃO DISTAL. “Se não tiver anatomia favorável, se não tiver esses pré-requisitos, não pode fazer a terapia endovascular! Tem que partir para o reparo aberto!”. -- Principal complicação pós-procedimento: ENDOLEAKS (existem 4 tipos: I = falha na fixação; II = fluxo retrógrado através das lombares [10-45% - mais comum]; III = dissociação dos módulos da prótese; IV =aumento da porosidade). Conduta: reparo aberto ou nova endoprótese! “Qual é a principal complicação da terapia endovascular? Gente, o que é ‘leak’ em inglês? Extravasamento! Então, a complicação mais comum é o ‘endoextravasamento’, chamado de ‘endoleak’! É sangue que entra em torno da endoprótese! Não poderia ter sangue aí... O lúmen da endoprótese é o lúmen que deveria ser o lúmen da aorta! A gente excluiu o aneurisma da circulação... Não deveria ter sangue ali!”. “Existem 4 tipos de endoleak! É comum? Sim! 30% dos pacientes em 6 anos de acompanhamento podem fazer! Já vi pedirem em prova os tipos de endoleak! É por isso que eu trouxe aqui... O tipo I é uma falha na fixação da prótese deveria estar fixada por tração radial, mas deu ‘uma escorregada’, e o sangue da aorta que deveria entrar somente no lúmen da prótese, acaba entrando também em torno dela; o tipo II está presente quando ocorre fluxo retrógrado através das lombares a gente não mexe em lombar! A gente não costura lombar! Vai tudo por dentro do vaso... Às vezes pode acontecer fluxo retrógrado de sangue e preencher o saco aneurismático em torno da endoprótese. É o endoleak mais comum!; tipo III ocorre quando há dissociação dos módulos da prótese. Como assim? A prótese é tipo um ‘playmobil’, eu vou montando ela... É como se houvesse uma ‘escorregada’ entre um segmento e outro abre-se um buraco e o sangue sai; o tipo IV ocorre por um aumento inexplicado da porosidade da prótese”. “E qual é a conduta? Você pode passar uma nova endoprótese ou recorrer à cirurgia aberta... Agora, pergunta importante: dá pra ficar de ‘braço cruzado’ vendo o endoleak? Não! Por quê? Qual é o risco? O risco é essa porcaria romper! Ruptura aórtica aguda! Não pode ficar de braços cruzados frente a um endoleak!”. CLÍNICA E CONDUTA NA RUPTURA (AAA): Quais as manifestações da ruptura? - DOR ABDOMINAL (PODE SER LOMBAR) + MASSA PULSÁTIL + HIPOTENSÃO (tríade presente em < 30% dos casos). ANEURISMA ROTO CONTIDO É A MESMA COISA QUE ANEURISMA EM EXPANSÃO (NÃO TEM A HIPOTENSÃO AINDA). “Isso cai ano sim e ano também! A gente tem uma tríade clássica! Dor abdominal, que também pode ser lombar + massa pulsátil e hipotensão! Menos de 30% dos pacientes que são admitidos na emergência com ruptura de AAA apresentam essa tríade completa! Você pode encontrar um aneurisma roto e com o paciente hemodinamicamente estável? Pode! Geralmente, o segmento da aorta que contém a parte do aneurisma que rompe é a parte póstero-lateral! E essa ruptura pode ser contida por musculatura paravertebral, pela musculatura lombar, com o indivíduo ainda não desenvolvendo hipotensão! Então, a gente pode ter a sorte de o indivíduo chegar pra gente ainda normotenso. É por isso que menos de 30% tem a tríade completa... O aneurisma roto pode ser contido pela musculatura lombar ou paravertebral! Chamamos essa situação de dor abdominal com massa pulsátil, mas sem hipotensão, de aneurisma roto contido! Agora, se você for fazer prova em SP, eles chamam o aneurisma roto contido de ‘aneurisma em expansão’. Enfim... A nossa conduta vai depender de uma coisa só: se o paciente está hemodinamicamente estável ou instável...”. Qual a conduta? - HIPOTENSÃO: CIRURGIA (REPARO ABERTO) “Se tem instabilidade hemodinâmica, o melhor a se fazer é a cirurgia! Reparo aberto!”. - NORMOTENSOS: ANGIOTC OU ARTERIOGRAFIA > TERAPIA ENDOVASCULAR SE ANATOMIA FAVORÁVEL “O paciente normotenso dá para estudar! Qual o melhor exame para estudar a anatomia do meu paciente? AngioTC! Mas, nessa situação aqui, não está errado você partir para uma arteriografia no centro cirúrgico! Faz a angioTC ou faz a arteriografia no centro cirúrgico! Pode até fazer uma seguida da outra, mas o melhor é uma ou outra mesmo... E o que eu quero saber com esses exames? Quero saber se esse cara tem uma anatomia favorável para endoprótese! Se tiver, fazemos com endoprótese! Se o colo infrarrenal estiver curto e tal... Parte para a cirurgia!”. Qual a principal complicação pós-operatória? - COLITE ISQUÊMICA (30%) “Pô, operou o cara na emergência... A principal complicação é a colite isquêmica! Não é a isquemia miocárdica! E só uma coisa: tanto na endoprótese, quanto no reparo aberto em que você ligou a mesentérica inferior, você bloqueia o fluxo! A endoprótese também oclui a emergência da mesentérica inferior! Também pode dar colite isquêmica!”. Então... Se instabilidade hemodinâmica: LAPAROTOMIA! E se perguntarem como você acessa a aorta? MOBILIZAÇÃO DO CÓLON TRANSVERSO + RETRAÇÃO LATERAL DIREITA DO DUODENO! 12 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io CONCEITOS INICIAIS: Relembrando a anatomia... “O que é a doença arterial periférica? Bora entender... Eu disse pra vocês que o processo patológico básico do aneurisma de aorta abdominal era um evento inflamatório de patogênese pouco conhecida. Esse evento inflamatório acaba levando à dilatação do vaso arterial, gerando o surgimento do aneurisma. Agora, na doença arterial periférica, o meu problema é a aterosclerose, pura e simples! Então, esses vasos da DAP vão ter o seu lúmen estreitado! Essa doença também é chamada de doença arterial obstrutiva periférica ou insuficiência arterial crônica de membros inferiores. Tudo isso é sinônimo!”. “Outra coisa importante pra gente entender: doença arterial periférica implica em lesão de artérias periféricas. Vamos lembrar da anatomia? A aorta se bifurca em duas ilíacas comuns, que são vasos abdominais. A ilíaca comum se bifurca em ilíaca interna (que vai nutrir os glúteos, órgãos genitais) e ilíaca externa. A ilíaca externa, quando passa o ligamento inguinal, vira femoral comum, que é a primeira artéria periférica que nós encontramos. A femoral comum vai se bifurcar e tal, e a gente vai ver isso daqui a pouco. Mas, mesmo a femoral comum sendo a primeira artéria periférica, nós consideramos a estenose da aorta e a estenose das ilíacas comuns dentro do grupo de doença arterial periférica, mesmo que elas não façam parte do sistema arterial periférico, visto que sua obstrução acaba acarretando na não-chegada de sangue nos membros inferiores...”. “Então, vamos recordar... Aorta > se bifurca em ilíacas comuns > se bifurcam em ilíaca interna (ou hipogástrica) e externa > a ilíaca externa vira a artéria femoral comum quando passa o ligamento inguinal (a femoral comum é a artéria que o cirurgião vascular mais gosta: ele vai fazer as suas punções, vai fazer a sua arteriotomia quando for fazer uma endoprótese...) > a femoral comum se bifurca em femoral profunda (artéria que é menos comprometida pela DAP dificilmente ocorre processo aterosclerótico irriga a parte lateral da coxa) e femoral superficial > a femoral superficial vai descendo, descendo, descendo, passa para a parte posterior da coxa e vira artéria poplítea > abaixo da membrana patelar, a poplítea se trifurca em tibial anterior, tibial posterior e fibular. Gente, a artéria dorsal do pé é ramo de quem? Da tibial anterior! A tibial anterior gera a artéria dorsal do pé (artéria pediosa), que a gente palpa! A tibial posterior dá origem ao pulso que a gente sente por de trás do maléolo medial!”. “Então, no seu exame vascular, você palpa a femoral comum, a poplítea, a pediosa (ou dorsal do pé) e a tibial posterior! São os 4 pulsos que você tem que palpar no seu exame vascular! São os pulsos que nos interessam”. - MAIS COMUM NA SEXTA E SÉTIMA DÉCADAS DE VIDA E NO SEXO MASCULINO! POSSUI COMO FATORES DE RISCO TODOS AQUELES RELACIONADOS COM A ATEROSCLEROSE! “Aqui sim... Todos os fatores de risco relacionados à aterosclerose estão presentes, inclusive o diabetes (que parece exercer efeito protetor quando o assunto é aneurisma). Aliás, a DAP é muito encontrada em diabéticos... Quando você avalia um paciente com DAP, é importante que venha a sua mente: doença coronária (às vezes grave), doença cerebrovascular e doenças mesentéricas e renais. O paciente com DAP geralmente é multiplamente acometido pela aterosclerose! Vou te mostrar isso daqui a pouco...”. E quais as artérias mais acometidas? Artéria femoral superficial e poplítea (80-90%) “Se te perguntarem qual a mais acometida, diga que é a femoral superficial! É mais comum!” Artérias tibiais e fibular (40-50%) “Gente, essas artérias, quando comprometidas, nós dizemos que o paciente tem ‘doença abaixo do joelho’! Quem é que gosta de ter doença abaixo do joelho? É o DIABÉTICO! Anota isso aí... É claro que esse diabético tem acima do joelho também, tem em todo lugar... Mas ele gosta de abaixo do joelho!”. Artéria aorta abdominal e ilíacas (30%) “Olha só que coisa curiosa: não são artérias periféricas, mas entram no contexto! Doença estenosante de aorta e ilíacas você encontra em 30% dos casos... Agora, qual é o paciente típico da doença de aorta abdominal e ilíacas? Curiosamente é um cara magro, em torno de 50-60 anos e tabagista pesado! Existe essa associação curiosa... Ah, não é o gordo diabético com 300 de LDL? Não... É mais um cara magro mesmo”. Qual a causa de óbito mais comum nos pacientes com DAP? Doença coronariana! “Ah, esses pacientes tem uma insuficiência vascular de membros inferiores, o que significa que eles vão acabar evoluindo para amputação e vão complicar dessa amputação... Tá certo isso? Não! Um percentual muito pequeno desses pacientes vai evoluir para amputação! A causa mais comum de óbito desses caras é a doença coronária! Metade desses doentes (até mais) tem doença coronária! Olha só... Muitas vezes o paciente não evolui com formas mais graves nos MMII, porque antes disso ele já vai morrer de outra coisa... Essa outra coisa é o infarto!”. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: - CLAUDICAÇÃO INTERMITENTE “É a manifestação clínica clássica! É como se fosse a ‘angina estável do membro inferior’! Ou seja, o cara não tem nada quando está parado, mas sente dor quando caminha... Quando caminha 2, 3 quarteirões, sente uma câimbra insuportável na panturrilha... Geralmente é assim. Pode ser só de panturrilha, mas também pode estar em outros lugares. Depende de onde estiver a oclusão!”. -- Se oclusão femoropoplítea: claudicação da panturrilha -- Se oclusão de femoral comum: claudicação de coxa e panturrilha -- Se oclusão aortoilíaca bilateral: síndrome de Leriche (claudicação em nádegas, coxa e perna + impotência + pulsos femorais ausentes ou reduzidos) “Isso aqui é importantíssimo... Vamos ver aquele doente magrinho, de 50-60 anos e que fuma o dia inteiro. Gente, o que é a síndrome de Leriche? É a oclusão aortoilíaca bilateral (obviamente, ‘alguma coisa passa’, senão o indivíduo ia ter que amputar as pernas)! Claudica tudo! Você obstruiu lá em cima... Passa pouco sangue para as ilíacas internas e externas! O paciente evolui com claudicação de nádegas, impotência, pulsos femorais ausentes ou reduzidos, além da claudicação de coxa e pernas”. - ↓AMPLITUDE OU AUSÊNCIA DOS PULSOS “Vamos examinar o doente... Ele tem claudicação intermitente! O que a gente pode encontrar? Diminuição da amplitude ou ausência dos pulsos!”. - PALIDEZ E ↓TEMPERATURA DO MEMBRO “Claro! O membro está isquêmico... Você nota mais claramente a diminuição da temperatura. A palidez não é tão exuberante (é mais quando a oclusão é aguda, que é o nosso assunto do final da aula)”. - ↓PILIFICAÇÃO, PELE FINA, ESPESSAMENTO DAS UNHAS, UNHAS QUEBRADIÇAS “É aquela crista tibial anterior brilhando, né, brilhando! Praticamente sem pelo!”. - TESTE DE BUERGER: PALIDEZ, DOR À DORSIFLEXÃO, HIPEREMIA REATIVA (adora cair em prova) “Esse teste é feito da seguinte forma: vamos imaginar primeiro um indivíduo que não tem DAP. Você vai elevar o membro inferior desse cara, 90º, em decúbito dorsal. Você vai olhar a planta do pé e os dedos do indivíduo e vai ver que eles vão continuar róseos! Agora, se o paciente tem DAP, quando você eleva 45-60º, já consegue notar uma certa palidez, sobretudo nos pododáctilos e na planta do pé! E se você quiser acentuar a isquemia que você acabou de determinar, peça para ele fazer uma dorsiflexão: ele vai sentir dor! Vai estirar as artérias, vai dificultar a perfusão do membro e ele sente dor... Essa isquemia que você gerou leva à produção de radicais livres e óxido nítrico! O cara fica cheio de óxido nítrico na perna! E quando você pede para o paciente ficar de pé, ou sentado com as pernas para baixo, esse óxido nítrico vai dilatar as únicas artérias que ainda estão boas, que são as artérias, as arteríolas do tecido celular subcutâneo! Tudo isso por causa do acúmulo de óxido nítrico quando o indivíduo foi submetido à isquemia... Essa terceira parte da manobra a gente chama de hiperemia reativa, que ocorre quando o paciente fica de pé ou sentado no leito com as pernas pendentes. Adoram colocar isso em prova!”. - ISQUEMIA CRÍTICA: DOR ISQUÊMICA EM REPOUSO, ÚLCERAS QUE NÃO CICATRIZAM, EVOLUÇÃO GRAVE. “Isso também é muito importante, pois vai determinar qual é o tipo de tratamento que a gente vai oferecer para o nosso paciente! Bom... Eu dividi o meu paciente com DAP em 2 grupos: aqueles com claudicação intermitente e aqueles com isquemia crítica. São situações diferentes, tratamentos diferentes! Eu digo que o meu paciente com DAP tem uma isquemia crítica quando ele desenvolve, por exemplo, dor isquêmica em repouso! Muitas vezes ele tem que colocar o pé para baixo, para ver se melhora a perfusão... Úlceras que não cicatrizam, atenção! Presta atenção! As úlceras arteriais estão localizadas mais frequentemente em pododáctilos (podem aparecer após um trauma mínimo ou leve), são dolorosas, de contornos regulares, profundas e não secretórias! É diferente da úlcera venosa? Aquela que vem por estase, aumento de pressão intersticial e tal... É! A úlcera venosa é justamente o contrário disso! Ela está presente no maléolo medial, não dói, é rasa, tem borda irregular, é bastante secretória... Totalmente diferente! Você bate o olho e vê que é isquemia crítica! E isso implica em que, hein? Calma, já vou falar daqui a pouco... Outra situação de isquemia crítica: quando você olha um pododáctilo escurecendo, isso pode significar necrose de pele e tecido celular subcutâneo, mas não ainda inviabilidade! A inviabilidade é a gangrena, que é azulada/arroxeada, fria, sem sensibilidade... Aí tem que amputar! Agora, o dedo que está escurecendo é isquemia crítica! Tem que revascularizar! Tudo bem?”. 2. Doença Arterial Periférica 13 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io Então... ÚLCERA ARTERIAL ÚLCERA VENOSA - PODODÁCTILOS - DOLOROSAS - CONTORNOS REGULARES - PROFUNDA - NÃO SECRETÓRIA - MALÉOLO MEDIAL - NÃO DOLOROSAS - CONTORNOS IRREGULARES - ‘RASA’ - SECRETÓRIA DIAGNÓSTICO: - CLÍNICO! “Ah, eu, não! Eu faço um duplex scan pra todo mundo! Não, gente! O diagnóstico é clínico! É o cara que tem claudicação intermitente, diminuição dos pulsos, pele brilhante, fina, unhas quebradiças, distróficas...”. - Se dúvida, pode pedir o ÍNDICE TORNOZELO/BRAÇO (se > 1 = normal; 0,5-0,7 = claudicação; < 0,4 = isquemia crítica). “Quando houver alguma dúvida, eu posso pedir o ITB. Na prática, também serve para acompanhar os pacientes que tem DAP. O valor normal do ITB é maior ou igual a 1, visto que, geralmente, a pressão no tornozelo é um pouco maior que a do braço, graças a força da ação da gravidade... Conheça os valores!” TRATAMENTO CLÍNICO: - Medidas gerais: INTERRUPÇÃO DO TABAGISMO, USO DE IECA, DROGAS ANTIPLAQUETÁRIAS (AAS), ESTATINAS (OBJETIVO: LDL < 100; IDEAL: < 70), BETABLOQUEADORES EM CORONARIOPATAS. “Essas medidas gerais servem para os dois grupos que a gente dividiu! Vale tanto para aqueles com claudicação intermitente, como para aqueles com isquemia crítica! Interrupção do tabagismo, uso de IECA (ainda colocado em revisões que atua diminuindo a mortalidade do paciente com DAP não se sabe exatamente o mecanismo ainda existem trabalhos em andamento para a prova, pode colocar), controle da PA, drogas antiplaquetárias (principalmente como forma de prevenção primária ou secundária de doença coronária), estatinas (visando LDL menor que 100 ou, idealmente, menor que 70) e betabloqueadores se coronariopatia (apenas nos coronariopatas!) são as medidas iniciais!”. - Terapia específica para claudicação intermitente: EXERCÍCIOS PROGRAMADOS, CILOSTAZOL (CEBRALAT). “Exercícios programados ainda podem reduzir o risco cardiovascular! Têm um impacto muito grande na DAP! Ah, mas o cara não aguenta, ele anda dois quarteirões e cansa, dói... Não faz mal! Insiste! Insiste que ele vai aumentar a sua distância útil de marcha! Pode aumentar em até 150%! 30 minutos por dia, pelo menos 4-5 dias por semana é o recomendado! Além disso, cilostazol! É uma droga que inibe a fosfodiesterase parece ter efeito vasodilatador em MMII e também um efeito anti-plaquetário. O cilostazol também aumenta a distância útil de marcha e deve ser prescrito!”. TRATAMENTO INTERVENCIONISTA: - Indicações: DOR ISQUÊMICA EM REPOUSO, ÚLCERAS ISQUÊMICAS, EVOLUÇÃO GRAVE (‘DEDO ESCURECENDO’). Ou seja, ISQUEMIA CRÍTICA! “Os doentes com isquemia crítica devem ser submetidos ao tratamento intervencionista!” - Exames pré-intervenção: DUPLEX SCAN ARTERIAL OU ANGIO-TC > ARTERIOGRAFIA ARMADA (um pouco antes do procedimento). “Os dois exames que você pode usar antes da intervenção são o duplex scan arterial ou a angioTC! Aqui, sim, a gente pede exame! O diagnóstico é clínico (eventualmente ajudado pelo ITB), mas eu preciso do exame complementar para definir a anatomia das lesões antes de intervir! Nesse caso, a angioTC e o duplex scan têm o mesmo valor. E a arteriografia? A arteriografia você vai fazer em centro cirúrgico (ou na sala de hemodinâmica)! E vai intervir... Ou com angioplastia, ou com cirurgia. Se for na sala de hemodinâmica, a gente vai fazer a angioplastia; se for no centro cirúrgico, a gente faz a cirurgia. A gente chama isso de ‘arteriografia armada’, que a gente faz um pouco antes do procedimento (já sabendo de antemão alguma coisa da anatomia por causa do duplex scan ou angioTC). O tratamento intervencionista não costuma cair muito em prova, não, mas eu vou colocar aqui pra vocês”. - CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO: indicações = DOENÇA AORTO- ILÍACA COM BAIXO RISCO CIRÚRGICO; DOENÇA FEMOROPOPLÍTEA EXTENSA; DOENÇA ‘ABAIXO DO JOELHO’. “Você pode revascularizar o membro de duas formas: usando um by-pass do tipo DACRON ou PTFE (‘você faz uma ponte, igual você faz na ponte de safena’) ligando a parte proximal a um território vascularizado, ‘bypassando’ o território obstruído, e ligando também a parte distal a um território bem vascularizado; a outra forma é usando um enxerto do tipo SAFENA MAGNA, onde a patência costuma ser melhor, mas isso é detalhe, é bobagem. Mas, olha só: quais são as indicações de revascularização? Doença aortoilíaca com baixo risco cirúrgico gente, pra você revascularizar um paciente com doença aortoilíaca, você vai ter que abrir o abdome do paciente, fazer uma laparotomia, colocar uma ponte num segmento saudável da aorta, ‘bypassar’ os segmentos obstruídos e ir até a femoral comum! Então, meu amigo, é uma cirurgia e tanto... O cara tem que ter um baixo risco cirúrgico! As outras indicações são doença femoropoplítea extensa e ‘doença abaixo do joelho’ o pessoal gosta de fazer a revascularização... Tá certo?” - Angioplastia transluminal percutânea (ATP): indicações = DOENÇA AORTOILÍACA COM RISCO CIRÚRGICO ELEVADO; DOENÇA FEMORAL SUPERFICIAL LOCALIZADA. “Quando é que você vai fazer? Nas doenças aortoilíacas de pacientes com elevado risco cirúrgico e nas doenças apenas localizadas. Isso é o resumo do resumo... Mas é o que interessa! Acho que ninguém vai perguntar isso... Vocês não vão fazer prova para R3 de cirurgia”. IMPORTANTE! NÃO SE INICIA ANTICOAGULAÇÃO NA DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA! Isso é coisa de oclusão arterial aguda! Não tem nada a ver com troço crônico... DETALHE... ANTES DE REALIZAR ARTERIOGRAFIA, TEMOS QUE SUSPENDER O USO DE METFORMINA! A arteriografia é nefrotóxica e se a metformina for mantida pode ser que haja ACIDOSE LÁCTICA! CONCEITOS INICIAIS: “A oclusão aguda de MMII cai menos que DAP e aneurisma de aorta abdominal, mas tem que saber! Essa oclusão pode ser embólica ou trombótica”. - EMBÓLICA = FONTE CARDIOGÊNICA + AUSÊNCIA DE CIRCULAÇÃO COLATERAL “Qual é o típico doente com oclusão embólica? É o cara que tem uma fibrilação atrial, não trata, não é anticoagulado; ou tem uma endocardite infecciosa; ou é um pós-IAM com um trombo mural no ventrículo... Surge um êmbolo, que desce e pega membros inferiores! Gente, se ele não tem uma DAP prévia (o que ele tinha era apenas uma FA, por exemplo), ele tem uma circulação colateral pobre no membro inferior! Então, na hora que o êmbolo impactar, o membro dele vai sofrer muito! Não tem circulação colateral! Então, a oclusão embólica costuma ser mais dramática que a oclusão trombótica! Ah, mas não existe a embolia decorrente de um aneurisma? Existe... Mas o doente que eu queria que vocês memorizassem é esse!”. Locais onde o êmbolo impacta com mais frequência... Isso cai em prova! -- BIFURCAÇÃO DA FEMORAL COMUM (40%). “Geralmente é aqui que o desgraçado impacta!”. -- BIFURCAÇÃO DA ILÍACA (15%). “É horrível!”. -- BIFURCAÇÃO DA AORTA (ÊMBOLO EM SELA) (10-15%). “É um quadro dramático... É o famoso ‘êmbolo em sela’! A aorta se bifurca nas duas ilíacas comuns! Olha que desgraça... O cara tem a chance de ter os dois MMII amputados se a gente não avaliar adequadamente esse doente! Ou seja, êmbolo em sela = acometimento dos dois membros!”. - TROMBÓTICA = ATEROSCLEROSE PREEXISTENTE SINTOMAS MENOS INTENSOS + PRESENÇA DE CIRCULAÇÃO COLATERAL “A oclusão trombótica cai menos em prova! É o paciente que tem uma DAP prévia, faz uma instabilidade de uma placa ateroscletórica no MMII e acaba fazendo um trombo em cima daquele vaso... Por que esse cara vai sofrer menos? Porque ele tem DAP prévia! Se ele tem DAP prévia, ele tem uma circulação colateral bem desenvolvida! Como vai ser a clínica desse cara? Ele tinha uma claudicação a cada 50m e, de repente, essa claudicação passa a acontecer com 20m... É um quadro menos dramático!”. Locais onde trombo impacta com mais frequência... -- TROMBOSE EM FEMORAL SUPERFICIAL. “É o que a gente mais vai encontrar...”. -- TROMBOSE EM ANEURISMA POPLÍTEO. “Só pra fazer um parêntese: o aneurisma poplíteo é o terceiro aneurisma degenerativo mais comum. O primeiro fica em aorta (dos aórticos, o abdominal é o mais frequente); o segundo em ilíacas comuns. O poplíteo não rompe, mas ele gosta de trombosar. É uma lesão rara...”. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 6 P’S - DOR (PAIN), PALIDEZ, AUSÊNCIA DE PULSO, PARESTESIA, PARALISIA, POIQUILOTERMIA (HIPOTERMIA). “Ano passado eram 5 P’s! Agora são 6! O que é que gasta energia no MMII? Lá tem pele, tem nervo, tem músculo e tem osso. A atividade metabólica do membro inferior geralmente vem do músculo! O tecido mais sensível à isquemia é o nervo! O nervo periférico motor e o nervo periférico sensitivo... São os dois mais sensíveis. O membro inferior tem muito músculo! Pode aguentar até 4-6 horas de isquemia sem necessitar de amputação! É diferente do coração, do SNC, que toleram muito menos tempo... Mas, vamos lá! Quais os 6 P’s? Pain, ausência de pulso, palidez, parestesia (que pode evoluir para anestesia), paralisia (complicação... Significa isquemia importante o nervo motor foi gravemente comprometido) e, agora o novo ‘P’, que é a poiquilotermia, que, na verdade, é uma susceptibilidade que o membro isquêmico tem à variações da temperatura ambiente os cirurgiões vasculares, entretanto, resolveram dar como sinônimo a hipotermia! Essas são as manifestações da oclusão arterial aguda!”. 3. Oclusão Arterial Aguda de MMII 14 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io “A dor geralmente começa mais distal, e vai progredindo proximalmente! Então, o êmbolo impactou na bifurcação de femoral comum: o que acontece? Você ainda tem pulso na parte proximal da femoral comum, ausência de pulso da poplítea para baixo e dor lá na ponta do pé (geralmente no dorso!). Com o tempo, essa dor vai subindo...”. - INVIABILIDADE DO MEMBRO: CONTRATURA MUSCULAR MANTIDA “E se tiver dor isquêmica em repouso? O membro está inviável? Gente, o paciente com oclusão arterial aguda tem dor em repouso mesmo! Não tem nada a ver... O que me diz que o membro está inviável é a contratura muscular mantida! É o ‘rigor mortis’ do membro! O membro tem que ser amputado! Geralmente é o cara que você avalia com mais de 4-6 horas de evolução... De vez em quando perguntam isso em prova!”. CONDUTA NA OAA EMBÓLICA: - HEPARINIZAÇÃO PLENA + AQUECIMENTO + PROCLIVE > LOCALIZAÇÃO DO ÊMBOLO (EXAME FÍSICO; arteriografia se incerteza no exame físico) > Conduta definitiva: DISSECÇÃO ARTERIAL COM EMBOLECTOMIA (COM CATETER DE FOGARTY). “Existem 3 coisas que precisam ser feitas na oclusão arterial aguda. Presta atenção! Primeira delas: iniciar heparinização plena! Peraí! O êmbolo já não impactou na artéria? Pra que que eu vou anticoagular plenamente o doente? Porque é o seguinte: o fluxo distal a esse êmbolo está muito lentificado, praticamente ausente. Isso vai favorecer, pode levar a um certo grau de hipercoagubilidade e fazer com que o paciente faça trombos distais ao sítio de obstrução pelo êmbolo, simplesmente por lentificação da circulação; segunda medida: aquecimento do MMII, geralmente com algodão ortopédico; terceira: posição de proclive (famoso ‘Trendelemburg invertido’)”. “O que a gente faz? Qual é o doente clássico da doença embólica de membro inferior? É o cara com uma fonte cardiogênica do êmbolo! O êmbolo impactou, por exemplo, na bifurcação da femoral comum. O que a gente vai notar? Pulso no início da femoral comum cheio, pulsos poplíteos, tibial posterior e pedioso totalmente ausentes, membro pálido a partir desse nível de obstrução e membro contralateral saudável, com todos os pulsos presentes e cheios! O que eu quero te dizer com isso é que no exame clínico a gente consegue dizer onde esse êmbolo parou... A localização do êmbolo deve ser pelo exame físico! A arteriografia é realizada somente na incerteza! Conduta? Dissecção arterial com embolectomia! A gente usa aquele famoso cateter de Fogarty! Faz uma arteriotomia, né, abre a artéria e com o cateter a gente puxa o êmbolo”. CONDUTA NA OAA TROMBÓTICA: - HEPARINIZAÇÃO PLENA + AQUECIMENTO + PROCLIVE > LOCALIZAÇÃO DA TROMBOSE (ARTERIOGRAFIA) > Conduta definitiva: REVASCULARIZAÇÃO CIRÚRGICA OU TROMBÓLISE IN SITU. “Gente... Na OAA trombótica, o nosso exame físico é confiável? Não! O cara tem DAP prévia... Quem tem DAP prévia, tem DAP dos dois lados... O exame físico não é confiável! Ah, tá diminuído aqui, mas ali também tá, tá esquisito o outro lado, não dá pra comparar... Não tem conversa! Vamos partir para a arteriografia! Tem que fazer sempre! Obviamente, você realiza as condutas clássicas antes (heparinização plena, aquecimento e proclive)... Depois, localiza o trombo pela arteriografia. E aí você tem duas opções: revascularização cirúrgica igualzinho a que a gente faz na revascularização da DAP (faz um by-pass e usa uma prótese que pode ser a safena magna ou do tipo DACRON ou PTFE); e a trombólise in situ, caso o serviço tenha experiência em fazê-la...”. SÍNDROME DE REPERFUSÃO “Só para fechar... Quando você demora muito para revascularizar um membro isquêmico (geralmente > 6 horas de evolução) ou, então, quando esse membro isquêmico está apresentando algum déficit motor, você tem risco de fazer uma coisa chamada de ‘síndrome de reperfusão’. O que é isso? Preste atenção... Quando você reperfundir esse doente (seja retirando um êmbolo com cateter de Fogarty, seja fazendo um by-pass em um paciente com trombose), o fluxo sanguíneo, ao chegar nesse membro isquêmico, vai encontrar algumas alterações...”. - EDEMA MUSCULAR SÍNDROME COMPARTIMENTAL “Por exemplo, esse membro isquêmico tem as membranas das suas células musculares mal funcionantes! Isso pode levar a um edema celular! Então, essa reperfusão pode fazer com que as bombas transmembrana funcionem mal e o paciente acabe evoluindo com edema! O que acontece, gente, quando um músculo evolui com edema progressivo e é contido por sua fáscia? Síndrome compartimental! A fáscia está em cima do músculo e não é distensível... Se o músculo edemacia e a fáscia não é distensível, o músculo pode comprimir o vaso que está no interior dele! É a síndrome compartimental! A patogênese exata desse edema muscular não é bem esclarecida, mas acontece!”. - MIOGLOBINÚRIA E HIPERCALEMIA NECROSE TUBULAR AGUDA E ARRITIMIA CARDÍACA “Esse sangue que chega para perfundir o membro isquêmico pode levar para a corrente sanguínea produtos que estavam ali represados! Que produtos são esses? Mioglobina, potássio... Isso pode gerar NTA e arritimias! Como é que você vai prevenir a NTA? Hidrate o doente! Alcalinize a urina dele! Faça manitol... E não esqueça de monitorar os níveis de potássio!”. - ACIDOSE LÁCTICA “Pode ocorrer, mas não é tão importante...”. Então... São os principais componentes da síndrome de reperfusão: SÍNDROME COMPARTIMENTAL + MIGLOBINÚRIA + HIPERCALEMIA! Qual a conduta? - Monitorar e tratar hipercalemia, se presente. - Tratar mioglobinúria com hidratação + alcalinização da urina - Fasciotomia: se ISQUEMIA > 6 HORAS/DÉFICIT MOTOR “A hipercalemia a gente pode monitorar e tratar caso ela apareça. A mioglobinúria pode ser tratada com hidratação e alcalinização da urina. E como se previne a síndrome compartimental? O ideal é atuar antes que ela apareça... O ideal é prevenir! Como se faz isso? Abrindo a fáscia do músculo! Aí quando o músculo edemaciar, vai ter espaço pra ele edemaciar! Não vai comprimir o vaso que está passando dentro dele! Tudo bem? Então, não vamos esperar a síndrome compartimental para fazer a fasciotomia! A gente faz em todo mundo antes de reperfundir? Faz... Só que existem indicações específicas: fazemos para todo mundo na prática, mas, na prova, fazemos nos casos de isquemia do membro por mais de 6 horas e presença de déficit motor!”. 15 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io CONCEITOS INICIAIS: EPIDERME ORIGEM ECTODÉRMICA DERME ORIGEM MESENQUIMAL “A primeira coisa que a gente lembra é que a pele não é uma camada única: ela é uma dupla camada (inclusive de dupla origem embriológica). A epiderme é de origem ectodérmica e a derme é de origem mesenquimal interna. As duas se sobrepõem e formam a pele, o órgão mais extenso do nosso organismo.” EPIDERME: CAMADA BASAL > ESPINHOSA > GRANULOSA > CÓRNEA PRINCIPAL TIPO CELULAR: QUERATINÓCITOS! “A epiderme possui subdivisões! Para a gente ter uma ideia, a espessura da epiderme é semelhante à de uma folha de papel A4. Repare... As células principais que vão compor a epiderme são os queratinócitos! Esse queratinócitos começam se originando na camada basal, a camada mais profunda da epiderme, e conforme eles vão se diferenciando, vão assumindo outras conformações e, de acordo com o seu aspecto, vai dando nome à diferentes camadas: basal, espinhosa, granulosa e córnea. Na córnea nós temos restos, temos queratina que vão promover uma defesa mais grosseira, formar uma grande barreira mecânica. Lembre que a pele tem diversas funções: proteção, termorregulação... É a camada córnea, por exemplo, que nos diferencia de um anfíbio. Essas são as camadas básicas!” ENTRE AS CÉLULAS: DESMOSSOMOS “Essas células não ficam soltas! Se elas ficassem soltas, elas se descolam e o paciente começaria a fazer bolhas, desgarramento de pele (até existe doença que faz isso, vamos ver mais para frente). A estrutura que permite que essas células não fiquem soltas são os desmossomos!” OUTRAS CÉLULAS: MELANÓCITOS/LANGERHANS “Também temos as células produtoras do pigmento que nos protege dos raios UV, que são os melanócitos! Temos também as células de Langerhans, muito importantes para a nossa defesa. Lembre que a pele tem uma importante função de proteção imunológica, já que serve de barreira mecânica contra vários patógenos.” DERME: PRESENÇA DE VASOS E FEIXES VASCULONERVOSOS! PAPILAR MAIS SUPERFICIAL RETICULAR MAIS PROFUNDA “Repare que na epiderme nós temos células, mas não temos vasos, não temos estruturas nervosas... Todas elas estão mais profundamente, na derme! E a derme também não é uma estrutura única! Temos a derme mais superficial, que é a papilar, onde nós temos fibras colágenas mais finas; e a derme reticular, mais espessa, mais coesa, onde nós encontramos os feixes vasculonervosos, a origem dos anexos, os pelos... A derme ajuda na termorregulação, na sensibilidade... A pele é um órgão extremamente complexo!” 1) LESÕES ELEMENTARES DERMATOLOGIA @ casalmedresumos 16 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io CLASSIFICAÇÃO: “Podemos classificar as lesões elementares de acordo com 5 aspectos.” COR: MANCHAS (OU MÁCULAS): VASCULOSSANGUÍNEA: Eritema: desaparece à digitopressão -- Enantema (mucosa) -- Exantema ou rash (morbiliforme x escarlatiniforme) --- Morbiliforme: áreas de eritema entremeadas de área sadia --- Escarlatiniforme: áreas de eritema pouco entremeadas de área sadia Púrpura: não desaparece à digitopressão -- Petéquia (< 1cm) -- Equimose (> 1cm) -- Víbice (formato serpentiforme) IMPORTANTE! PÚRPURA = PLAQUETOPENIA OU VASCULITE (PTI x HENOCH-SCHOLEIN)! “Púrpura é quando extravasa sangue para a pele! Para a prova existem dois grandes diagnósticos diferenciais! Se encontrei púrpura na prova, ou esse paciente tem plaquetopenia, ou ele tem uma vasculite! Isso vale principalmente para a prova de pediatria! Lá tem um diagnóstico que eles amam, lembram? Plaquetopenia na criança geralmente secundária a um quadro infeccioso de via aérea e que depois evolui com plaquetopenia e mais nada: PTI! E das vasculites, quem faz diagnóstico diferencial? Também é criança, mas as plaquetas não estão baixas e a púrpura geralmente está em áreas gravidade-dependentes, membros inferiores, nádegas, junto com artrite, artralgia, dor abdominal, nefropatia (semelhante à doença de Berger)... É a púrpura de Henoch-Scholein!” PIGMENTARES: Melanodérmica (hipercrômicas) Leucodérmica (hipocrômicas) = eféredes ou sardas (pacientes branquinhos, geralmente ruivos), vitiligo, estase da insuficiência venosa crônica. SÓLIDAS: Pápula (< 1cm) Nódulo (1-3cm) Tumor (> 3cm) Placa (platô) quando cresce e cresce de uma forma mais extensa, se espalhando, fazendo um platô. LÍQUIDAS: Serosa Vesícula (< 0,5cm) típica no herpes vírus. Bolha (> 0,5cm). “Alguns autores utilizam 1cm como parâmetro.” Exantema morbiliforme Enantema Exantema escarlatiniforme Petéquias Equimoses Víbices Hipercrômica Hipocrômica Pápulas Nódulo Tumor Placa Vesículas Bolha 17 medvideos.io medvideos.io medvideos.io medvideos.io Purulenta Pústula (< 1cm) Abscesso (> 1cm) costuma ser circundado por um halo eritematoso Hematoma (sangue) grande coleção sanguínea, diferente da púrpura
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