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• Anatomia O estômago é o primeiro órgão da cavidade abdominal relativo ao tubo digestivo. Na sua origem, está conectado ao esôfago e, na sua saída, está conectado ao duodeno. Tem função de receber o alimento (que já teve sua digestão iniciada pelas enzimas da boca), permanecer com esse alimento por um tempo e converter suas macromoléculas em micromoléculas para que ele vá para o intestino Tem íntima relação com o fígado, baço, pâncreas e vários outros órgãos O piloro (esfíncter verdadeiro) segura o alimento até que sofra a digestão necessária para a passagem do bolo alimentar ao intestino. A cardia tem como principal função evitar o refluxo desse conteúdo para o esôfago - Irrigação É um órgão ricamente vascularizado. Ele consegue se manter irrigado apesar da ligadura de algumas artérias que chegam nele. A principal artéria que irriga esse órgão é a gástrica esquerda. O tronco celíaco (hepática direita, gástrica esquerda e esplênica) também é um grande responsável pela irrigação desse órgão - Cadeia linfática A cadeia linfática praticamente acompanha a rede arterial e venosa do estômago, ou seja, é rica e disseminada. Tumores gástricos tem alta facilidade de disseminação pelos vasos linfáticos - Inervação É feita pelo nervo vago (anterior e posterior). Ele desce pelo estômago e suas ramificações vão inervar regiões diferentes do estômago. A secção desse nervo, dependendo do local, vai causar alterações na funcionalidade do estômago, tanto em produção ácida quanto em contratilidade. Se seccionar na origem, tem um ótimo efeito na produção de ácido, porque corta o estímulo das células parietais, que são as que produzem o ácido clorídrico, entretanto, esse nervo também controla a contratilidade do antro e do piloro, prejudicando a função desses esfíncteres A vagotomia seletiva foi criada como alternativa para esse tipo de secção, pois, ao invés de cortar na origem do nervo, corta mais embaixo, deixando as fibras inervando o piloro A vagotomia superseletiva é mais efetiva, pois secciona apenas os ramos do nervo vago até a pata de ganso, deixando a inervação melhor para os esfíncteres e seccionando apenas a parte responsável pela inervação das células parietais As cirurgias estão sendo menos realizadas atualmente para casos de úlceras devido ao excelente resultado apresentado pelo tratamento com os inibidores de bomba de prótons. Estão sendo restringidas à intratabilidade dessas patologias (paciente não melhora ao tratar H pylori e usar os IBP) • Principais patologias cirúrgicas Câncer gástrico (tratamento praticamente é cirúrgico, mas a intervenção endoscópica vem ganhando espaço para tratar lesões pequenas), úlceras gástricas, obesidade, traumas (ferimentos por paf, traumas fechados - Obesidade As gastroplastias não são indicadas apenas para obesos mórbidos, mas também para obesos que tenham comorbidades O bypass gástrico reduz o estômago em mais de 90%, o paciente só consegue ingerir um copinho de café nos primeiros dias pós operatório. Vantagem: não tem refluxo alcalino do estômago. Desvantagem: o estômago fica excluso, então, em caso de câncer gástrico ou hemorragia digestiva, a endoscopia não consegue localizar, pois o endoscópio passa direto do estômago e não consegue acessar. É uma cirurgia reversível, usa uma reconstrução em Y de Roux. Geralmente para obesos mais graves ou pacientes recorrentes. Complicações: hérnias internas O Sleeve, atualmente, é a técnica mais usada. Tem um índice de reengorda maior que o bypass (pois, Cirurgia gástrica Kamile Ferreira - M42 no sleeve, ainda mantém uma parte do estômago e, caso o paciente não mude seus hábitos alimentares, o estômago começa a crescer de novo). Retira 70% do estômago, deixando o tubo gastrointestinal intacto (ou seja, não tem área desabsortiva igual à do bypass). É uma cirurgia mais fisiológica. Complicações: fístula (principalmente na junção esofagogástrica), vômitos. Geralmente usada para obesos mais moderados Alguns pacientes que desnutrem muito, após a gastroplastia, precisam de acompanhamento médico rígido para manter o padrão nutricional, pois essas cirurgias diminuem as células parietais, que produzem o ácido clorídrico, gastrina, pepsina, fator intrínseco A mudança do hábito alimentar e a realização da atividade física são muito importantes para que o resultado da cirurgia se mantenha • Úlcera péptica Doença muito comum no dia a dia Alimentação ruim, em horários errados e estresse são fatores que colaboram com o aparecimento de gastrite, que, se não for tratada, pode evoluir para úlcera. Um dos principais fatores para que haja a evolução de gastrite para úlcera é o H pylori, além de AINES, bebida alcoólica Quando o paciente não trata, a gastrite pode evoluir para úlcera, que pode perfurar e começar a jogar ácido clorídrico na cavidade abdominal (emergência) – realizar laparotomia exploradora. Atualmente, cada vez mais estão tratando úlcera péptica através de laparoscopia, mas ainda não é frequente Úlceras duodenais – grande maioria são benignas (por estresse, AINES, etc). Úlceras gástricas perfuradas – pensar em tumor (porque uma boa porcentagem dessas perfurações são causadas por necrose tumoral), mas também podem ser causadas pela ação da H pylori, pela diminuição do ácido clorídrico, etc - Sintomatologia: a dor da úlcera péptica perfurada é diferente da gastrite e da úlcera péptica. O paciente geralmente chega em posição antálgica, com dor intensa. Abdome em tábua devido peritonite química (HCl é um ácido altamente potente). Pode ter irritação local ou difusa (se não tratar gera peritonite difusa) - Exame de escolha: raio x de tórax em ortostase para avaliar pneumoperitoneo. Sinal da dupla bolha – tem o ar no estômago e ar fora do estômago Na úlcera péptica perfurada, sempre que possível deve suturar e puxar um retalho por cima (omento, delgado) para reforçar, pois quando cicatrizar vai fibrosar e fazer um tampão, mas dependendo do processo inflamatório, pode ficar muito inflamado e não tem como puxar o retalho (que tem quer ser livre para não rasgar) A aderência é uma reação natural do organismo a agressão sofrida, cicatrizando em excesso e, com o tempo vai remodelando • Câncer gástrico Pode ter tumor em qualquer local do estômago - Adenocarcinoma gástrico Toda úlcera do estômago deve ser biopsiada devido possibilidade de haver tumores O H pylori é um fator importante para o desenvolvimento de adenocarcinoma Pacientes com anemia perniciosa (falta de absorção da vitamina B12) devem ser investigados, pois a B12 é absorvida no estômago, então pode ter um problema nesse órgão. Podem possuir metaplasia intestinal em estômago atrófico (atrofia das células, diminuição do fator intrínseco, menos absorção da B12) Alguns hábitos de vida e alimentares (alimentos conservados no sal) tem maior chance de desenvolver adenocarcinoma Fatores de risco: n-nitrosamina, baixa ingesta de frutas, vegetais crus e vitamina A e C, tabagismo, H pylori, anemia perniciosa (2 vezes mais), gastrectomizados (3 vezes mais, após 25 anos de cirurgia) Bormann I – pólipos (restrito a mucosa e submucosa). Bormann II – pólipos ulcerativos. Bormann III – ulcerativo infiltrativo. Bormann IV – tumoração (invade a lâmina basal) Classificação de Lauren: divide os adenocarcinomas em intestinal e difuso. O intestinal é glandular, com infiltração de células inflamatórias e metaplasia intestinal, expansivo, epidêmico, bem diferenciado, distal e em pacientes acima de 40 anos. O difuso tem infiltração difusa, é endêmico, infiltrativo, mal diferenciado, proximal e jovem A OMS divide pelo tipo histológico: papilar, tubular, mucinoso e anel de sinete. A classificação TNM é a mais completa para avaliar o tratamento do paciente, pois fala sobre o tumor local, o comprometimento dos linfonodos e se tem metástase - Anamnese: as queixas do paciente nãosão específicas, são as mesmas de um paciente com gastrite – dispepsia, plenitude pós prandial, perda ponderal, disfagia, desconforto epigástrico, vômitos, anemia ferropriva, sintomas das metástases Todo paciente com sintomas gástricos -> pedir endoscopia - Exame físico: linfonodos supraclavicular (Virchow), linfonodos periumbilical (irmã Maria José), massa peritoneal palpável no toque retal (prateleira de Blumberg), massa ovariana palpável (tumor de Krukenberg), hepatomegalia, ascite, icterícia, caquexia - Síndromes paraneoplásicas: tromboflebite recorrente (síndrome de Trouseau), acantose nigrans, dermatomiosite, neuromiopatia, poliartrite nodosa, síndrome nefrótica - Exames complementares: EDA com biópsia (geralmente a EDA tem dificuldade em tirar pólipos maiores que 2cm e pólipos sesseis), US endoscópico (consegue ver a profundidade da lesão, se invadiu a mucosa, musculatura), TC de abdômen - Estadiamento: T1 (restrito a mucosa), T2 (restrito a muscular), T3 (invade a subserosa), T4 (invade estruturas adjacentes). N1, N2 e N3 estão relacionados ao número de linfonodos envolvidos. - Tratamento: Cirurgia. 2/3 dos pacientes são diagnosticados já com a doença avançada. O tipo de cirurgia depende do local e do estadiamento do tumor. Tumor no terço distal – gastrectomia total (se tiver invasão) ou subtotal (margem livre superior: no mínimo 6cm; margem livre inferior: 3 a 5cm do piloro), reconstrução mais frequente na BII. Tumor no terço médio – gastrectomia total, esplenectomia e pancreatectomia distal (devido chance de metástase), a reconstrução é com esôfago-jejunostomia. Tumor no fundo gástrico – gastrectomia total, esofagectomia distal (se invadir o esôfago), a reconstrução é por jejuno. Quimioterapia em pacientes com doença avançada (adenocarcinoma irressecável, ressecção incompleta e presença de metástase) - Câncer gástrico precoce: geralmente limitado a mucosa e submucosa. É possível fazer terapia endoscopia quando o tumor tá limitado a mucosa, não ulcerado, bem diferenciado e menores que 1cm de diâmetro
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