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CA de Estômago

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Giovanna Aguiar 
 
 
 
 
 
CONCEITO: 
O câncer gástrico (CA gástrico) é um dos tumores malignos mais comuns, chegando a ser, em certos países, o câncer 
mais frequente e a principal causa de mortalidade oncológica. Os pacientes costumam procurar assistência médica 
tarde demais, porque os sintomas na fase inicial (potencialmente curável) são muitas vezes mínimos ou inexistentes. 
O câncer de estômago também é chamado de câncer gástrico. O tipo adenocarcinoma é responsável por cerca de 95% 
dos casos de tumor do estômago. 
O adenocarcinoma de estômago atinge, em sua maioria, homens por volta dos 60-70 anos. Cerca de 65% dos pacientes 
têm mais de 50 anos. 
No Brasil, o câncer de estômago é o terceiro tipo mais frequente entre homens e o quinto entre as mulheres. 
ANATOMIA/ HISTOLOGIA: 
O estômago é um órgão do aparelho digestivo especializado em digerir a comida que ingerimos. 
Sua anatomia é bem complexa e ele é dividido em quatro partes, possui duas curvaturas e recebe seu suprimento 
sanguíneo principalmente pelo tronco celíaco. A inervação é feita pelo nervo vago e pelo plexo celíaco. 
O estômago é a parte mais dilatada do aparelho digestivo e se localiza entre o esôfago e o duodeno. Mais precisamente, 
o estômago é a região dilatada entre os orifícios cárdico e pilórico do trato gastroduodenal. Ele é recoberto e ligado a 
outros órgãos pelo peritônio. O omento menor conecta o estômago ao fígado e depois se estende ao redor do estômago. 
O omento maior continua então inferiormente ao estômago, pendendo como uma cortina. 
O estômago está localizado dentro da cavidade abdominal em uma pequena área chamada de leito do estômago, na 
qual o estômago se encontra quando o corpo está numa posição de supina ou deitado de barriga para cima. Ele abrange 
várias regiões do abdome, incluindo a epigástrica, umbilical, hipocôndrio esquerdo e flanco esquerdo. O estômago 
também tem algumas relações anatômicas precisas e faz contato com várias estruturas vizinhas. 
O estômago é formado por várias partes anatômicas importantes. As quatro principais divisões do estômago são: 
cárdia, fundo, corpo e piloro. Como o nome indica, a cárdia circunda o orifício cárdico, que é a abertura entre o esôfago 
e o estômago. É a primeira parte do estômago que comida que ingerimos alcança, representando a região de entrada. 
O fundo é a dilatação superior do estômago, que está localizada superiormente a um plano horizontal a nível do orifício 
cárdico. 
A seguir temos o corpo, ou corpo gástrico, que é a maior parte do órgão. E finalmente, a parte pilórica, que representa a 
saída do estômago, passando o conteúdo alimentar dali para o duodeno. O piloro ainda é dividido em duas áreas distintas 
- o antro pilórico conectado ao estômago e o canal pilórico, conectado ao duodeno. O conteúdo do canal pilórico entra 
no duodeno via orifício pilórico, que tem sua abertura e fechamento controlados pelo esfíncter pilórico (piloro), uma 
camada circular de musculatura lisa. 
Como você deve ter notado na ilustração do estômago mostrada acima, o órgão tem uma forma de J característica, 
criada por duas curvaturas desiguais. A curvatura mais longa e convexa está localizada do lado esquerdo do estômago 
e é chamada de curvatura maior, ela começa na incisura cardíaca, que é formada entre a borda do esôfago e o fundo. 
Já a curvatura mais curta encontrada do lado direito é a curvatura menor. A última contém uma pequena incisura 
chamada de incisura angular, que marca a linha de interseção entre o corpo e a parte pilórica do estômago. 
 
A principal função do estômago envolve a digestão mecânica e química da comida ingerida. O alimento entra no 
estômago pelo esôfago, através do orifício cárdico, caindo no suco gástrico produzido pelo estômago. Contrações 
CÂNCER DE ESTÔMAGO 
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/sistema-digestorio-digestivo
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/esofago
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/duodeno
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/figado
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musculares repetitivas amassam as partículas de comida, quebrando-as em fragmentos menores que são misturados 
com o suco gástrico. Várias enzimas e o ácido clorídrico (pH 1.2) presentes no suco gástrico quebram a comida ainda 
mais, formando uma substância semilíquida chamada de quimo. O quimo passa para o duodeno através do orifício 
pilórico por um processo chamado peristalse gástrica. Por ser um órgão muscular, o estômago pode se distender 
bastante, acumulando algo entre 2 e 3 litros de comida. 
Além da digestão, este órgão também está envolvido em uma pequena parte da absorção. Especificamente, ele pode 
absorver água, cafeína e uma pequena proporção de etanol ingerido. O estômago também tem papel no controle da 
secreção e na mobilidade do trato digestório através da secreção de vários hormônios, como a gastrina, 
colecistoquinina, secretina e peptídeo inibitório gástrico. A digestão mecânica e química envolve muito mais do que a 
simples exposição da comida ao ácido clorídrico e sua agitação mecânica. 
Anatomia microscópica 
Até agora, vimos a estrutura externa e macroscópica do estômago. Vamos aprofundar um pouco mais para ver sua 
estrutura interna e microscópica. O estômago apresenta quatro camadas histológicas, de interna para externamente 
denominadas: mucosa, submucosa, muscular externa e serosa. 
Quando o estômago está vazio ou com muita pouca quantidade de comida dentro dele, ele fica em um estado contraído 
e encolhido. A mucosa assume um aspecto enrugado, formando cristas chamadas de dobras ou pregas gástricas. 
Durante a distensão do órgão, as pregas gástricas desaparecem. Ao longo da curvatura menor do estômago, um sulco 
contínuo e temporário chamado de canal gástrico é formado entre as pregas gástricas. Ele facilita a passagem da saliva 
e de fluidos durante a deglutição. 
A mucosa é formada por um epitélio colunar simples, que é coberto por uma camada mucosa alcalina protetora. A 
camada epitelial contém numerosas invaginações, conhecidas como criptas gástricas, que se estendem mais 
profundamente em estruturas denominadas glândulas gástricas. Dependendo da parte do estômago, essas glândulas 
são formadas por vários tipos celulares. Células caliciformes produzem a camada mucosa, enquanto as células parietais 
secretam o ácido clorídrico. As células principais secretam pepsinogênio, um precursor inativo que se transformará na 
enzima ativa pepsina em um ambiente de baixo pH. Por sua vez, as células neuroendócrinas liberam vários hormônios 
mencionados previamente. 
A próxima camada é a submucosa. Ela é formado por tecido conjuntivo frouxo e contém vasos sanguíneos e nervos. 
A terceira camada é denominada muscular externa e é formada por três subcamadas de musculatura lisa. De interno 
para externo, elas são chamadas de oblíqua interna, circular média e longitudinal externa. A camada oblíqua interna está 
em todo o órgão e trabalha junto com as outras camadas para produzir movimentos físicos e contrações, que auxiliam 
na digestão feita pelo estômago. A camada circular média está localizada concentricamente no eixo longo de todo o 
estômago e tem importante papel na formação do esfíncter pilórico. A camada longitudinal externa está situada entre 
as duas curvaturas do estômago em uma disposição longitudinal. E por último, mas não menos importante, temos 
a camada serosa, que nada mais é que o peritônio visceral, que recobre o estômago. 
Vasos sanguíneos→ O suporte sanguíneo do estômago se origina da aorta abdominal e é provido por dois sistemas que 
se anastomosam ao longo das curvaturas e dão origem a vários ramos diretos. A anastomose ao longo da pequena 
curvatura se origina da união das artérias gástricas direita e esquerda, que se originam da artéria hepática comume do 
tronco celíaco, respectivamente. A anastomose da curvatura maior é formada pela união das artérias gastro-
omentais (gastroepiplóicas) direita e esquerda, que se originam das artérias gastroduodenal e esplênica, 
respectivamente. A artéria esplênica também dá origem às artérias gástricas curtas e à artéria gástrica posterior, que 
suprem diretamente o fundo e a parte superior do corpo do estômago. A parte pilórica recebe sangue arterial da artéria 
gastroduodenal, que é um ramo da artéria hepática comum. A drenagem venosa do estômago segue o curso e a 
nomenclatura das artérias. Elas drenam em três grandes veias: porta, esplênica e veias mesentéricas superiores. 
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/visao-geral-e-tipos-de-tecido-conjuntivo
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/aorta-pt
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Inervação→ O estômago recebe inervação involuntária pelo sistema nervoso autônomo (SNA). 
Inervação parassimpática se origina dos troncos vagais anterior e posterior, ramos dos nervos vagos (NC X) esquerdo 
e direito, respectivamente. O tronco vagal anterior supre principalmente uma porção da superfície anterior do 
estômago, bem como o piloro. O tronco vagal posterior, maior, inerva o restante da superfície anterior, bem como 
toda a superfície posterior. A inervação parassimpática é responsável por induzir a secreção gástrica e a mobilidade, 
bem como por relaxar o esfíncter pilórico durante o esvaziamento gástrico. O nervo vago também carrega sensação 
de dor, plenitude e náusea do estômago. Já a inervação simpática é feita pelo plexo celíaco. Os impulsos nervosos 
originam-se do quinto ao décimo segundo nervos espinhais (T5-T12) e caminham até o plexo celíaco via nervos 
esplâcnicos maiores. A inervação simpática é responsável por inibir a motilidade gástrica e contrair o esfíncter pilórico, 
prevenindo assim o esvaziamento gástrico. 
Drenagem linfática→ A drenagem linfática do estômago é feita por vasos linfáticos que se esvaziam nos linfonodos 
gástricos e gastro-omentais. Eles estão localizados ao longo das artérias das curvaturas maior e menor do estômago. A 
parte pilórica é drenada pelos linfonodos pilóricos superior e inferior. Subsequentemente, os vasos linfáticos drenam 
essa cadeia de linfonodos nos linfonodos celíacos, que estão localizados ao redor do tronco celíaco. 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
▪Representa um dos tumores mais frequente do aparelho digestivo. 
▪ No Brasil, representam a terceira neoplasia mais comum em homens (após próstata e pulmão) e a segunda causa de 
óbito por câncer. 
▪ Entre as mulheres, constituem na quinta mais comum (mama, colo uterino, cólon e pulmão) e a quarta causa de 
óbitos por neoplasias. 
▪ Maior incidência entre 50-70 anos para ambos os sexos. O câncer gástrico é raro antes dos 35 anos de idade. 
▪ Dos tumores gástricos malignos, aproximadamente 95% são adenocarcinomas. Os outros 5% dividem-se entre 
linfomas, leiomiosarcomas, tumores de estroma gastrintestinal, carcinoides, adenoescamosos e, mais raramente, 
espinocelulares. 
▪ Estimativas de novos casos: 21.230, sendo 13.360 homens e 7.870 mulheres (2020 - INCA). 
 
FATORES DE RISCO: 
O câncer gástrico não apresenta etiologia única. Para que a doença se instale é necessário a interação de fatores 
bacteriano, ambiental e nutricional em hospedeiro geneticamente suscetível. Os principais fatores de risco 
reconhecidos são: 
 
• Excesso de peso e obesidade 
• Consumo de álcool 
• Consumo excessivo de sal, alimentos salgados ou conservados no sal 
• Tabagismo 
• Ingestão de água proveniente de poços com alta concentração de nitrato 
• Doenças pré-existentes, como anemia perniciosa, lesões pré-cancerosas (como gastrite atrófica e metaplasia 
intestinal) e infecções pela bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) 
• Combinação de tabagismo com bebidas alcoólicas ou com cirurgia anterior do estômago 
• Exposição ocupacional à radiação ionizante, como raios X e gama, em indústrias ou em instituições médicas 
• Exposição de trabalhadores rurais a uma série de compostos químicos, em especial agrotóxicos 
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/sistema-nervoso
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/nervo-vago
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/drenagem-linfatica-do-abdomen-e-da-pelve
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• Exposição ocupacional, na produção da borracha, a vários compostos químicos, muitos classificados como 
reconhecidamente cancerígenos, como benzeno, óleos minerais, produtos de alcatrão de hulha, compostos 
de zinco e uma série de pigmentos 
• Ter parentes de primeiro grau com câncer de estômago 
▪ Infecção Gástrica Pelo Helicobacter pylori 
Apenas 1% dos pacientes infectados por H. pylori irão desenvolver câncer gástrico. Em pacientes que desenvolverão 
câncer ou úlcera gástrica, o H. pylori promove uma diminuição da secreção ácida por provocar atrofia da mucosa 
gástrica o que promove um aumento no risco de desenvolver câncer gástrico. O Consenso Nacional e Latino-Americano 
sobre Helicobacter pylori recomenda que se deva considerar a busca do H. pylori e eventual tratamento de familiares 
de primeiro grau de pacientes com câncer gástrico. 
Essa infecção causa um desequilíbrio entre a proliferação e apoptose celular além disso a infecção pelo helicobacter 
pylori aumenta a liberação de citocinas aumenta a liberação de radicais livres ou seja aumentando o stress oxidativo 
e estimula angiogênese 
 
Além disso algumas cepas podem produzir uma proteína CagA que vai ativar processos carcinogênicos, ativar 
receptores de fatores de crescimento que aumenta a proliferação celular e aumenta a angiogênese. 
 
Infecção pelo helicobacter pylori pode causar uma gastrite atrófica crônica, essa gastrite vai evoluir para uma 
metaplasia intestinal que evolui para uma displasia e evolui para o adenocarcinoma. 
 
 
▪ Anemia Perniciosa 
Constitui-se um fator de risco por conta da acloridria que ocorre quando as células principais e parietais do estomago 
são destruídas por uma reação autoimune. Essa mucosa atrófica aumenta o risco relativo de desenvolvimento de 
câncer gástrico nos pacientes com anemia perniciosa. Ocorrendo mais comumente no fundo e corpo do estômago, 
contudo, essa relação ainda é questionada. 
▪ Gastrite Crônica Atrófica 
Promove redução da secreção de ácido e proliferação bacteriana com aumento da produção de nitritos. Cerca de 10% 
dos pacientes com gastrite crônica atrófica desenvolvem câncer gástrico num período de 15 anos. Na gastrite crônica 
o epitélio desenvolve alterações citológicas, de forma, tamanho e orientação das células com atipia dos núcleos, que 
podem ser tão displásicas a ponto de constituir um carcinoma in situ. Devido a isso, diversos estudos têm considerado 
que pacientes com gastrite crônica possuem risco aumentado para câncer gástrico. 
• Úlcera Gástrica 
Os pacientes com úlcera gástrica que apresentam uma produção reduzida de ácido têm um maior risco de desenvolver 
câncer gástrico. A ressecção gástrica como tratamento da úlcera não reduz esse risco. 
▪ Metaplasia Intestinal 
É caracterizada pela transformação do epitélio gástrico de revestimento e glandular em células absortivas colunares 
metaplásicas intercaladas por células caliciformes de morfologia intestinal. Diversos estudos têm demonstrado risco 
aumentado para o desenvolvimento de câncer na presença de metaplasia. 
▪ Ressecção Gástrica 
Pacientes submetidos à gastrectomia parcial devido uma afecção gástrica benigna apresentam um risco aumentado 
de desenvolver câncer gástrico 15 a 20 anos após a cirurgia. A ressecção gástrica pode levar a um aumento do pH 
gástrico e posteriormentea metaplasia intestinal. 
▪ Fatores Nutricionais 
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O câncer gástrico está relacionado a um consumo de dieta rica em sal, peixes crus ou defumados, nitratos, e baixo 
consumo de frutas e vitaminas A e C. Os nitratos e nitritos ingeridos com alimentos em conserva e defumados são 
convertidos no estômago a N-nitrosaminas, um importante carcinógeno. A hipocloridria favorece esta conversão e a 
vitamina C a inibe. A alta ingesta de sal e o baixo consumo de vitaminas antioxidantes estão associados à atrofia da 
mucosa gástrica. Os compostos nitrogenados e seus metabólitos possuem um papel agressor à mucosa gástrica e 
acredita-se que sua ação tenha relação com a inibição de vitamina C e de outros antioxidantes que protegem o DNA. 
Além disso, são capazes de provocar a desaminação de purinas e pirimidinas do DNA podendo levar a mutações. Os 
carotenóides, as vitaminas C e E, o folato e o selênio presentes em frutas e vegetais possuem ação contrária estando 
relacionados à diminuição no risco de desenvolvimento do câncer gástrico. O álcool é conhecido como fator de risco 
por lesar a mucosa gástrica, um tecido diretamente exposto durante o consumo, e por agir de maneira sinérgica com 
o tabaco. 
▪ Tabagismo 
A fumaça do tabaco é um carcinógeno tipo A, em que não há nível de exposição seguro conhecido para o consumo do 
mesmo. Está relacionado ao surgimento de diversos tipos de cânceres e atua como um fator predisponente ao 
desenvolvimento de câncer gástrico. 
▪ Anormalidades Genéticas 
As anormalidades genéticas relacionadas ao câncer gástrico não estão ainda muito claras. Alterações no gene 
supressor tumoral TP53, no APC (polipose adenomatosa do cólon), na linha germinativa da E-caderina (CDH1) são 
encontrados em muitos pacientes com câncer gástrico. 
O gene supressor de tumor p53 é o mais comum gene mutado nos tumores humanos. A perda da função deste gene 
pode levar a defeito na replicação do DNA e transformação maligna. À medida que as lesões gástricas progridem de 
gastrite a carcinoma invasivo, a frequência de anormalidade no p53 aumenta. Mais de 60% dos pacientes com câncer 
gástrico apresentam anormalidades no gene p53. 
O gene APC é também um supressor tumoral presente em mais de 50% dos pacientes com câncer gástrico. 
A E-caderina além de atuar como uma molécula de adesão celular, atua como supressor tumoral. A redução na 
expressão da E-caderina induz a proliferação celular e a progressão de metaplasia a adenocarcinoma. Mutações na 
linhagem germinativa da E-caderina constituem um forte fator predisponente ao câncer gástrico. Devido a isso, se tem 
recomendado rastreamento para mutações da linhagem germinativa CDH1 em famílias com histopatológico de 
carcinoma do tipo difuso confirmado em pelo menos dois membros da família. O aconselhamento genético e a 
gastrectomia profilática têm sido recomendados para jovens assintomáticos que possuem mutação na linhagem 
germinativa e pertencem a família com alta penetração desse gene. 
 
FISIOPATOLOGIA: 
A patologia do CA de estômago está associada as alterações provocadas pelos fatores de risco na mucosa que levarão 
ao câncer. É, provavelmente, iniciada com gastrite crônica evoluindo, ao longo dos anos, para atrofia, metaplasia 
intestinal, displasia, carcinoma precoce, invasão e metástase. Esses processos comumente são sequenciais e 
decorrentes da exposição a diversos fatores endógenos e exógenos. 
 
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QUADRO CLÍNICO: 
Não há sintomas específicos do câncer de estômago. Porém, alguns sinais, como perda de peso e de apetite, fadiga, 
sensação de estômago cheio, vômitos, náuseas e desconforto abdominal persistente podem indicar tanto uma doença 
benigna (úlcera, gastrite, etc.) como um tumor de estômago. Durante o exame físico, o paciente com câncer pode 
sentir dor no momento em que o estômago é palpado. 
Sangramentos gástricos são incomuns no câncer de estômago, entretanto, o vômito com sangue ocorre em cerca de 
10% a 15% dos casos. Também podem surgir sangue nas fezes, fezes escurecidas, pastosas e com odor muito forte 
(indicativo de sangue digerido). 
 
Massa palpável na parte superior do abdômen, aumento do tamanho do fígado e presença de íngua na área inferior 
esquerda do pescoço e nódulos ao redor do umbigo indicam estágio avançado da doença. 
 
*Pacientes geralmente podem apresentar quadro de anemia, pois tendem a ter sangramento gástricos que se 
apresentam por sangue nas fezes – melena. 
 
DIAGNÓSTICO: 
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O diagnóstico é feito pela endoscopia digestiva alta. Para realizar esse exame, o paciente recebe sedação e é aplicado 
anestésico na região da garganta. A seguir, um tubo é introduzido pela boca. A endoscopia digestiva alta permite ao 
médico visualizar o esôfago e o estômago, além de fazer biópsias (retirada de pequenos fragmentos do tecido). O 
material da biópsia é enviado a um laboratório para que seja confirmado (ou não) o diagnóstico de tumor maligno e 
definido qual o tipo de tumor. 
Caso o diagnóstico de câncer gástrico seja confirmado, geralmente é necessária a realização de tomografias 
computadorizadas para avaliar a extensão do tumor. Em alguns casos, quando o câncer parece ser de estágio mais 
inicial, pode ser solicitada ultrassonografia endoscópica (exame semelhante à endoscopia digestiva alta, em que na 
ponta do tubo introduzido pela garganta há um aparelho de ultrassom). 
 
 
ESTADIAMENTO: 
 
 
 
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TRATAMENTO: 
- Doença localizada 
O câncer de estômago é considerado localizado quando está restrito ao órgão e aos gânglios linfáticos ao redor. Neste 
caso, o principal tratamento é a cirurgia. Durante o procedimento, o cirurgião primeiramente faz um exame visual do 
interior da cavidade abdominal, para verificar se não há disseminação do tumor que não foi constatada nos exames 
pré-operatórios. A decisão de retirar todo o estômago ou apenas parte dele depende de fatores como a localização 
específica do tumor, a extensão da lesão e o subtipo de câncer. Em algumas situações, como quando o tumor invade 
a artéria aorta, a cirurgia pode não ser possível. 
A realização da quimioterapia, antes e/ou após a cirurgia, em geral, aumenta as chances de cura (exceto nos tumores 
mais iniciais). Em casos selecionados, também pode ser necessário o tratamento com radioterapia após a cirurgia. 
- Câncer inoperável ou metastático 
Nas situações em que não é possível retirar o tumor com cirurgia ou em que há metástases (câncer espalhado para 
outros órgãos), o tratamento é paliativo. As metástases do câncer gástrico em geral estão localizadas no peritônio 
(membrana que recobre os órgãos digestivos e a parede interna da cavidade abdominal), fígado, pulmões, ossos, 
gânglios linfáticos distantes do estômago, cérebro e glândula adrenal. 
O objetivo do tratamento paliativo é aliviar ou evitar sintomas, melhorar a qualidade de vida e prolongar a sobrevida. 
A escolha do tipo de tratamento paliativo depende dos sintomas presentes, da extensão do tumor e, principalmente, 
das condições físicas do paciente. 
O sangramento tumoral em geral é de pequena quantidade e crônico, mas, em alguns casos, pode ser mais agudo. A 
avaliação médica define o tratamento necessáriopara cada paciente, que pode incluir: observação, medicamentos, 
transfusões sanguíneas, procedimentos endoscópicos ou vasculares (embolização para cessar o sangramento), cirurgia 
ou radioterapia paliativa. 
Outros sintomas frequentes são náuseas, vômitos, caquexia e a obstrução do trânsito intestinal. Em casos mais 
brandos, modificações de dieta e o uso de medicamentos podem aliviar. Em outras situações, a depender da causa da 
obstrução e das condições físicas do paciente, a melhora pode ocorrer com quimioterapia, radioterapia, 
procedimentos endoscópicos ou cirúrgicos. A colocação de um cateter pelo nariz até o estômago para fazer a 
descompressão gástrica e a drenagem de secreção, ou mesmo a sedação paliativa, podem ser necessários em quadros 
clínicos mais graves. 
A quimioterapia paliativa pode, em alguns casos, prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida. É importante 
que esse tratamento seja feito de forma simultânea ao controle dos sintomas (medidas para controle de dor, 
sangramento, vômitos, etc.) e do suporte psicossocial ao paciente e familiares. 
 
- Linfoma gástrico 
O tratamento, que depende do tipo de linfoma e da extensão da doença, pode incluir uma ou mais das seguintes 
modalidades: tratamento da infecção pela H. pylori; cirurgia; radioterapia; quimioterapia; anticorpo contra linfócitos 
B. 
- GIST 
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O tratamento pode incluir cirurgia e uso de medicamentos via oral.

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