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Livro de Microbiologia Geral

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
 
INSTITUTO DE VETERINÁRIA 
DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA VETERINÁRIA 
(DMIV) 
 
 
 
 
 
MICROBIOLOGIA 
GERAL 
 
Sergio Gaspar de Campos 
Francisco de Assis Baroni 
Miliane Moreira Soares de Souza 
Irene da Silva Coelho 
Shana de Mattos de Oliveira Coelho 
 
 
 
 
 
2014 
Registro ISBN 93.675 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
Dr. Sergio Gaspar de Campos, Médico Veterinário. 
Prof. Associado DMIV, Microbiologia Geral, Microbiologia Básica, Micologia Veterinária. 
 
Colaboradores: 
 
Dr. Francisco de Assis Baroni, Médico Veterinário. 
Prof. Associado DMIV, Microbiologia Geral, Microbiologia Básica, Micologia Veterinária. 
 
Dr.ª Miliane Moreira Soares de Souza, Médica Veterinária. 
Prof.ª Associada DMIV, Bacteriologia Veterinária, Microbiologia Geral, Microbiologia Básica. 
 
Dr.ª Irene da Silva Coelho, Agronoma. 
Prof.ª Adjunta DMIV, Microbiologia Geral. 
 
Dr.ª Shana de Mattos de Oliveira Coelho, Bióloga. 
Prof.ª Adjunta DMIV, Microbiologia Geral, Microbiologia Básica. 
 
 
 
Departamento de Microbiologia e Imunologia Veterinária – Instituto de Veterinária 
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 
Sala 78 do Instituto de Veterinária, 
BR 465, km7, 
23897-000, Seropédica, RJ, Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UFRRJ – Imprensa Universitária 
Quarta Edição 2014 
Registro ISBN 93.675 
 
3 
PREFÁCIO 
 
Primeira Edição 
 
 A Biologia é o estudo da vida; as vidas microscópicas são estudadas pela Microbiologia. 
Segundo Carl Lamanna não deveria existir o termo microbiologia porque não existe uma 
macrobiologia. Devido a diversidade de características dos microrganismos é difícil reconhecer 
a microbiologia como ciência separada, são poucos os que intitulam-se “microbiologistas”, 
preferindo a maioria a especialização em determinados grupos: Virologia/ Virologistas; 
Bacteriologia/ Bacteriologistas; Micologia/ Micologistas, etc. 
 Visando facilitar o entendimento dos elementos básicos necessários a cada uma dessas 
divisões da microbiologia, reunimos aqui, idéias atualmente aceitas e experiências diárias nos 
laboratórios. Isso, com certeza, facilitará o estudo microbiológico tão dificultado pela falta de 
bibliografia atual e, por fatores que fogem a nossa competência. 
UFRRJ, 1990. 
 
Sergio Gaspar de Campos 
 
Segunda Edição 
 
 Os desafios continuam entre o conhecimento e o desenvolvimento de microrganismos; a 
cada dia mais se exige para a sua correta identificação. De técnicas tradicionais a sofisticações 
exigidas para atualizar-se o DNA ou RNA como fator de identificação segura, o mundo científico 
mobiliza-se na busca incessante do controle microbiológico, diminuindo assim os riscos a vida 
sobre nosso planeta. 
 Mais uma vez, passamos nossas experiências ao papel na tentativa de colaborar com o 
entendimento da microbiologia e, munindo os alunos seja de que área for, de elementos 
necessários exigidos nas rotinas laboratoriais microbiológicas. 
 
UFRRJ, 2003. 
 
Sergio Gaspar de Campos 
 
Terceira Edição 
 
 A atualização constante dos conhecimentos em microbiologia são requisitos 
indispensáveis ao correto estudo dos microrganismos. As carreiras antigas e muitos dos novos 
cursos criados agora, tem na microbiologia um de seus pilares para a aplicação dos 
conhecimentos e a plena atividade do profissional beneficiando a sociedade no denominador 
comum que é a saúde pública. 
 
 Assim, esperamos que cada um se conscientize da importância do presente estudo e, 
possa beneficiar-se do mesmo em sua profissão. 
 
UFRRJ, 2010. 
 
Sergio Gaspar de Campos 
 
 
 
 
Registro ISBN 93.675 
 
4 
Quarta Edição 
 
 A ciência continua e a microbiologia evolui; novas tentativas para entendimento do 
mundo microbiano levam a técnicas cada vez mais sofisticadas exigindo dos profissionais, cada 
vez mais conhecimentos que possam embasar e garantir as identificações de gêneros e 
espécies. Segue nossa contribuição para o início do entendimento de grande mundo 
microscópico. 
UFRRJ, 2014. 
 
Sergio Gaspar de Campos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Registro ISBN 93.675 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Índice 
 
Introdução à Microbiologia 06 
Segurança no Laboratório de Microbiologia 10 
Materiais de Uso Freqüente no Laboratório de Microbiologia 15 
Limpeza e Preparo do Material de Uso no Laboratório de Microbiologia 20 
Uso do Microscópio 23 
Nutrição Microbiana 27 
Princípios de Esterilização em Microbiologia 37 
Noções de Crescimento Microbiano 43 
Influência do Ambiente Químico Sobre os Microrganismos 55 
Influência do Ambiente Físico Sobre os Microrganismos 63 
Isolamento de Bactérias 68 
Estudo Bacteriano 71 
Técnicas Para o Preparo de Lâminas Para a Visualização de Bactérias 75 
Estudo dos Fungos 80 
Virologia 87 
Isolamento de Microrganismos 101 
Metabolismo Microbiano 108 
Fatores de Virulência, Toxinas Bacterianas e Toxinas de Fungos 115 
Genética Microbiana 130 
Princípio de Caracterização e Identificação de Microrganismos 152 
Ecologia microbiana 165 
Transformações Biogeoquímicas na Biosfera 178 
Microrganismos e mudanças climáticas 192 
Conceito de Saúde Única (“One Health”) 198 
Bibliografia Recomendada 203 
Catálogos 204 
Apêndice 205 
Partes de Um Microscópio 205 
Morfologia Bacteriana - esquemas 206 
Morfologia de Fungos – esquemas e fotos 210 
Teste Bioquímicos 233 
 
 
 
 
 
Registro ISBN 93.675 
 
6 
INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA 
 
 A Biologia é o estudo da vida; as vidas microscópicas são estudadas pela 
Microbiologia. Segundo Carl Lamanna não deveria existir o termo microbiologia porque 
não existe uma macrobiologia. Devido à diversidade de características dos 
microrganismos é difícil reconhecer a microbiologia como ciência separada; são poucos 
os que se intitulam “Microbiologistas”, preferindo a maioria a especialização em 
determinados grupos: Bacteriologistas, Micologistas, Virologistas, etc. 
 Devido à necessidade do homem manter-se vivo sobre a terra, a Microbiologia 
Médica é a mais desenvolvida. A cada dia novas técnicas e novos aparelhos tentam 
identificar novos microrganismos e muitos conceitos se modificam, notadamente em 
nossos tempos na virologia. Os microrganismos podem ser utilizados na produção de 
alimentos (iogurte, fermento biológico, etc.), bem como, desenvolver-se neles, 
produzindo substâncias indesejáveis como as toxinas; participam ainda na produção de 
uma infinidade de compostos como antibióticos, enzimas, etc., sendo de competência 
da Microbiologia de alimentos e da Microbiologia Industrial. De vital importância 
também é a Microbiologia da água e do ar, pois, muitos microrganismos podem ser 
veiculados através das águas superficiais, principalmente as contaminadas com matéria 
orgânica e através do ar, notadamente os fungos filamentosos. Estudos modernos 
pesquisam uma série de microrganismos visando o controle biológico de insetos, 
podendo num futuro próximo substituir o uso de pesticidas extremamente tóxicos à 
saúde humana e animal. A Microbiologia do solo torna-se extremamente importante na 
manutenção da ecologia, uma vez que procura estudar a atuação dos microrganismos 
na natureza, determinando seus ciclos biogeoquímicos de transformação das matérias 
e mecanismos para manutenção do equilíbrio na superfície da terra, o que proporciona 
maior fertilidade aos solos. Os últimos acontecimentos mostraram o desenvolvimento 
de uma “Microbiologia da guerra”, ondea utilização de microrganismos e/ou suas 
toxinas são destinadas à destruição em massa de populações, pondo em risco a 
sobrevivência da humanidade. Com base no futuro e em estudos atuais, a Microbiologia 
espacial visa à detecção de microrganismos em outros mundos e testar microrganismos 
Registro ISBN 93.675 
 
7 
conhecidos em ambientes livres de gravidade, o que, preliminarmente, parece favorecer 
o desenvolvimento dos mesmos e a produção de compostos de melhor qualidade. 
 Muito se fala e pouco se sabe realmente sobre a origem da vida. Ao contrário 
dos homens e animais, os microrganismos não deixaram vestígios ósseos para uma 
avaliação relativamente segura do tempo de seu aparecimento na terra. Das várias 
teorias da origem da vida separamos os dois extremos para discussão. A teoria dos 
esporos de organismos simples, vindos do espaço, torna-se praticamente inviável 
devido às barreiras que existem entre os planetas (radiações, etc.), a não ser que, para 
quem crê em “Eram os Deuses Astronautas”, tais esporos viessem protegidos dentro de 
uma nave espacial, povoando a terra nos períodos de sua formação. A teoria mais 
lógica e, portanto, mais aceita é a de Haldane e Oparin, na qual a matéria orgânica teria 
sido formada por reações fotoquímicas devido ter sido a atmosfera da terra pré-histórica 
constituída diferentemente da atual. Por algum motivo parte dessa matéria orgânica 
passou a ter capacidade de duplicação e desenvolveu-se utilizando a própria matéria 
orgânica formada. Neste momento foi formado o primeiro organismo vivo. Com a 
modificação da atmosfera terminaram as reações fotoquímicas e a matéria orgânica foi 
acabando, o que forçou o desenvolvimento da fotossíntese pelos primeiros 
microrganismos. 
 A Microbiologia demorou muito a se desenvolver por uma série de fatores. 
Haviam desconfianças quanto a quem e como eram produzidas as doenças no homem 
e animais mas, nada era realmente comprovado. Conhecia-se a doença e se sabia que 
algumas coisas e o próprio ambiente poderia levar uma pessoa ou animal a ficar doente 
também. Os termos “contagium e miasma” vieram dessa época. “Contagium” referia-se 
a algo que saía do doente e causava a mesma doença em alguém sadio e, “miasma” a 
algo que estava no ambiente e também levava à doença. Assim o termo malária 
significava ambientes de “mau ar”, bem como, influenza referia-se a ambientes que 
influenciavam levando a quadros característicos como os da gripe de nossos dias. Em 
1546, mesmo sem conhecer o que era um microrganismo, Hieronymus Fracastorius 
postulou “Contagium per contactum per formitem et ad distans”; poderia haver 
contaminação pelo contato direto com um doente, pelo uso de utensílios comuns do 
doente ou, mesmo à distância. 
Registro ISBN 93.675 
 
8 
 Muito se falava e nada se visualizava, até que alguns curiosos deparam-se com 
um mundo novo: minúsculas vidas. Existem algumas citações de que o primeiro 
microrganismo teria sido visualizado por um frade mas, como não ficaram documentos 
que comprovassem essa façanha, os méritos são depositados a Mynherr Antony van 
Leewenhoek, holandês que tinha como passa-tempo tornar visível o invisível lapidando 
e polindo lentes de vidro. Com o passar do tempo conseguiu montar um “microscópio” 
que apesar de rudimentar, conseguia visualizar seres minúsculos em água estagnada e 
em outros materiais, o que era impossível de se crer pois se conhecia como vivos os 
homens, animais e vegetais, e certamente não caberiam milhares de vidas em uma 
pequena gota. Desta maneira criou-se o termo animálculos para estes seres 
descobertos. Segundo a história, de 1665 a 1718, Leewenhoek preencheu sete 
volumes de livros com suas observações microscópicas. Os esquemas dessas 
observações foram apreciados pela “Real Sociedade Inglesa de Ciência”. Com a nova 
descoberta, novos pesquisadores seguiram este caminho e, em 1762 Plencis atribuiu 
aos “animálculos” a causa específica de doenças. 
 Para explicar o aparecimento dos micróbios desenvolveu-se a teoria da “geração 
espontânea”; tais microrganismos poderiam surgir do nada como o que ocorria com 
infusos de carne expostos ao ambiente. Em 1776, Spallanzani tentou acabar com esta 
polêmica, fervendo os infusos de carne por longo tempo, fechando a seguir os gargalos 
das vidrarias com algodão. Desta forma o material permanecia sem o aparecimento de 
formas de vida. Mas, o esforço durou pouco. Os defensores da teoria diziam que a 
rolha de algodão impedia a entrada de oxigênio suficiente ao nascimento dos 
organismos e, a geração espontânea voltou à discussão. Pasteur conseguiu em 1861 
acabar de vez com esta teoria usando para tanto ferver os infusos de carne em balões 
de vidro e, em seguida, tornando o gargalo do mesmo sinuoso. O infuso de carne ficou 
em contato direto com o ar sem se turvar, sem o aparecimento dos “animálculos”. Só 
em 1878 é que surgiu o termo “micróbio” denominando as vidas microscópicas 
descobertas. 
 A cada estudo feito novas descobertas e novos problemas foram sendo criados. 
Tais micróbios ora apresentavam características de animais, ora de vegetais. Como 
classificá-los então?. Só se conhecia nessa época dois reinos: Reino Animal e Reino 
Registro ISBN 93.675 
 
9 
Vegetal. Em 1866, o zoólogo alemão Haeckel propôs a criação do 3o Reino, 
denominado de Protista. Comporiam este reino as Bactérias, os Fungos, as Algas e os 
Protozoários. Mas os estudos mostraram que havia diferença estrutural entre alguns 
microrganismos com relação ao tipo celular: a maioria tinha célula eucariótica (com 
núcleo individualizado por membrana e organização celular) e, um pequeno grupo 
célula procariótica (material genético disperso no citoplasma). Ao final, os protistas 
ficaram compostos por: Bactérias, Cianobactérias (antigamente denominadas algas 
cianofícias) e Arqueobactérias (um grupo extremamente rudimentar de bactérias, 
provavelmente o grupo mais primitivo de organismo na terra), com célula procariótica e, 
Fungos, Algas e Protozoários com célula eucariótica. Existe ainda a possibilidade de 
desmembramento dos Mixomicetos dos Fungos. Mais recentemente em 1969, 
Whittaker propôs a criação de cinco Reinos, baseando-se em estudos de evolução: o 
Reino primitivo seria o Reino Monera, que por evolução de seus constituintes 
(bactérias) passariam ao Reino Protista, constituído pelos protozoários. Caso esses por 
evolução fizessem fotossíntese, passariam ao Reino Plantae; se fizessem absorção de 
alimentos através de membranas, passariam ao Reino Fungi, e se fizessem ingestão, 
passariam ao Reino Animalia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Registro ISBN 93.675 
 
10 
 
 
 
SEGURANÇA NO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA 
 
 Embora os microrganismos ditos “saprófitas” sejam considerados inofensivos ao 
homem e animais, a sua manipulação no laboratório envolve, geralmente, uma grande 
massa desses indivíduos, resultado daí o seu perigo potencial. O emprego correto das 
técnicas de assepsia, procedimentos e manuseio de utensílios e equipamentos evitará 
contaminações ao ambiente laboratorial e ao laboratorista, inclusive quando o trabalho 
for com microrganismos conhecidamente patogênicos. 
 Em geral as fontes de infecção mais comuns no laboratório são os aerossóis, 
minúsculas gotas de água formadas pelo esguicho de líquidos, como por exemplo no 
uso de pipetas, no vibrar da alça de platina ou pela evaporação brusca de uma 
suspensão, que podem carrear microrganismos para o ambiente. Essas gotículas 
permanecem suspensas no ar por longos períodos e podem, ocasionalmente, ser 
inaladas ou se depositarem na pele e mucosas, podendo ser ponto de partida para 
infecção. 
 A quebra de vidraria e o derramamento de culturas em meio líquido podem 
também resultar em infecção nos olhos e na pele, enquanto que a ingestão de 
microrganismos é mais comum na “pipetagem” incorreta de culturas e suspensões de 
microrganismos.Qualquer acidente que ocorra, por mais banal que lhe pareça, deve ser 
imediatamente comunicado ao professor. 
 A segurança de todos no laboratório de aulas práticas de microbiologia depende 
do grau de obediência a itens como: 
1. É obrigatório o uso de jaleco ou guarda-pó sempre que estiver 
trabalhando no laboratório; ele evitará contaminação da roupa com culturas e 
o protegerá contra respingos de corantes e outras substâncias químicas. As 
roupas deverão cobrir todas as áreas expostas do corpo e, os calçados 
deverão ser fechados. 
Registro ISBN 93.675 
 
11 
2. Evite mexer em qualquer objeto sem a permissão do professor. 
3. Providencie para que o menor corte ou erosão da pele, de partes 
expostas do corpo, estejam protegidas antes de iniciar os trabalhos no 
laboratório. 
4. Não leve a mão à boca, quer seja para comer ou fumar; tome cuidado 
com os olhos afim de evitar respingos de material contaminado. 
5. Nunca utilize a vidraria do laboratório para ingerir alimentos ou beber 
água. 
6. Tome cuidado para que a chama do bico de Bunsen não atinja os cabelos 
ou pele; em caso de acidente procure imediatamente o professor. 
7. O vidro aquecido tem o mesmo aspecto de um vidro frio, portanto nunca 
segure o tubo de ensaio pela extremidade superior, mas sempre do meio do 
tubo para a base onde certamente estará frio. 
8. A rolha de algodão pode pegar fogo num descuido quando da flambagem, 
neste caso segure o tubo de ensaio pela base e molhe a rolha 
imediatamente. Caso a rolha esteja na mão, coloque-a no frasco destinado a 
lâminas usadas. 
9. Em caso de queimaduras, comunique imediatamente ao professor. As 
queimaduras localizadas e sem gravidade serão tratadas com água gelada 
imediatamente, afim de não criar bolhas no local e evitar a dor. 
10. Comunique imediatamente ao professor a quebra de qualquer utensílio de 
vidro para que possa ser providenciada uma eventual desinfecção local. 
11. Cortes nas mãos ou nos braços, não muito profundos, devem ser lavados 
com água corrente. Verifique se não há estilhaços de vidro ou corpo estranho 
no ferimento. Pressione o corte com a palma da mão ou com os dedos sobre 
uma atadura, isso evita a perda de sangue sem interferir na circulação 
normal. Numa emergência podemos comprimir o ferimento até que se 
consigam as compressas. Se possível eleve o ferimento acima do nível do 
coração, isso diminuirá a pressão sangüínea ao nível da lesão e facilitará a 
formação do coágulo: nunca retire a atadura embebida em sangue para 
Registro ISBN 93.675 
 
12 
colocar ou seca. Coloque novas ataduras por cima das anteriores a fim de 
não romper o coágulo já formado no ferimento. 
12. Não esguiche o conteúdo de pipetas, deixe o líquido escorrer 
naturalmente ou sob leve pressão, assim não haverá produção de aerossóis. 
13. Jamais se desloque do lugar conduzindo objetos perfurantes, tais como 
pipetas e alça de platina; estes objetos deverão ser deixados sobre uma 
estante ou suporte imediatamente após o seu uso. 
14. A ingestão acidental de culturas deve ser comunicada imediatamente ao 
professor. Se for necessário será instituída uma terapia com antibióticos pelo 
serviço médico. 
15. Não permita que outra pessoa desvie sua atenção quando estiver 
manipulando microrganismos. 
16. Quando executar repicagens assegure-se de que os instrumentos 
utilizados tenham sido adequadamente esterilizados antes e depois dos 
procedimentos. Caso a alça de platina esteja coberta com material gorduroso 
ou líquido, seque alguns instantes ao lado da chama e em seguida leve à 
chama redutora e depois na chama oxidante até o rubro. Isso evitará 
aspersão de microrganismos pelos respingos do material (aerossóis). 
17. Não é permitido abrir ou cheirar recipientes contendo culturas, salvo 
quando for autorizado pelo professor. 
18. As lâminas de microscopia já usadas em preparações vivas ou fixadas, 
devem ser colocadas imediatamente após o uso em frascos com 
desinfetante. 
19. As pipetas usadas também devem ser colocadas em recipientes próprios 
com desinfetante, imediatamente após o uso. 
20. Nunca derrame culturas vivas no esgoto; esse material deverá ser 
submetido à esterilização antes de ser descartado. 
21. Não é permitido fumar dentro do laboratório, o manuseio de 
microrganismos poderá contaminar o filtro do cigarro que, entrando em 
contato com a mucosa oral facilitará um processo infeccioso. Por outro lado, 
Registro ISBN 93.675 
 
13 
a fumaça do cigarro embaçará com o tempo os espelhos e lentes dos 
microscópios, diminuindo seu poder de resolução. 
22. Antes de deixar o laboratório faça a antissepsia das mãos lavando-as com 
álcool iodado, em seguida com água e sabão, secando-as na tolha e 
passando uma segunda camada de álcool iodado, secando-as desta vez ao 
ar. Caso não possa usar iodo, pode ser feito o procedimento com o álcool 
puro. Certifique-se de que as torneiras de gás foram fechadas e se os 
aparelhos elétricos desligados. Caso seja alérgico ao iodo, poderá ser 
utilizado apenas o álcool ou clorexidine. 
23 . Nunca entre em pânico. 
 
Níveis de Biossegurança (NB) Para Microrganismos (Requisitos para trabalho 
com agentes patogênicos). 
 
 Os níveis de biossegurança (NB) tem um grau crescente, proporcionalmente à 
dificuldade de se conseguir um nível de proteção contra um determinado 
microrganismo. 
 
NB1 – Trabalham com microrganismos da classe de risco 1, que normalmente não 
causam doenças em seres humanos ou em animais manipulados em laboratório. Ex. 
Bactérias: Bacillus thuringiensis, Fungos: Helminthosporium sp, Tricoderma harzianum, 
etc. 
 
NB2 – Trabalham com microrganismos da classe de risco 2, os quais são capazes de 
causar doenças em seres humanos e animais de laboratório sem, entretanto, 
apresentar risco grave. Não são transmissíveis pelo ar e, permitem tratamento efetivo e 
medidas preventivas. Risco pequeno de contaminação. Ex Vírus: Dengue, Hepatite. 
Bactérias: Aeromonas sp, Bacillus cereus, Enterobacter cloacae, Escherichia coli. 
Fungos: Acremonium spp, Aspergillus spp, Cryptococcus neoformans, Candida spp, 
Sporothrix schenckii, etc. 
 
Registro ISBN 93.675 
 
14 
NB3 – Trabalham com microrganismos da classe de risco 3, os quais são capazes de 
causar doenças em seres humanos e animais, representando um risco de 
disseminação para a população, existindo ainda medidas de tratamento e prevenção. 
Há necessidade de contenção para impedir a veiculação pelo ar. Ex. Vírus: HIV, HTLV, 
Febre Amarela. Bactérias: Brucella, Mycobacterium tuberculosis, Yersinia pestis, etc. 
 
NB4 – Trabalham com microrganismos da classe de risco 4, os quais são capazes de 
causar graves ou letais doenças aos seres humanos e animais, com fácil transmissão, 
não existindo medidas preventivas e de tratamento contra o microrganismo em questão. 
Ex. Agentes da Febre Hemorrágica, Vírus Ebola, Vírus da Peste Aviária etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Registro ISBN 93.675 
 
15 
 
 
MATERIAIS DE USO FREQÜENTE NO LABORATÓRIO DE MICROBILOGIA 
 
VIDRARIAS 
 
1. Lâminas - Retângulos de vidro (76 x 26 mm) claros e transparentes, de espessura 
média (0,2 à 0,5 mm), bordas polidas. Função: suportar o material a ser observado 
ao microscópio, etc. 
 
2. Lâminas escavadas - Retângulos de vidro com as especificações anteriores 
contendo uma ou duas depressões na região central. Função: observação em “gota 
pendente” da capacidade de movimentação de um microrganismo. 
 
 
3. Lâminas de contagem - retângulos de vidro escavados e milimetrados, permitindo 
contar o número de microrganismos contidos em um volume determinado de 
líquido. 
 
 
Tambem existem as câmaras de Neubauer específicas para contagem, já com 
lamínula milimetrada. 
 
4. Lamínulas - são pequenos quadrados de vidro (18 x 18 mm; 24 x 24 mm; etc.) 
muito finos e transparentes, destinados a recobrir a preparação contida na lâminanos preparos “a fresco”, a fim de evitar refração do raio emergente da objetiva. São 
bastante utilizadas nas preparações para observação microscópica de fungos. 
5. Tubos de ensaio - são tubos de vidro de 16 x 16 m, 18 x 18 mm, etc., podendo ser 
maiores ou menores para usos especiais. O vidro deve ser de boa qualidade, 
Registro ISBN 93.675 
 
16 
neutro, transparente e inalterável aos tratamentos pelo calor. Servem ao cultivo de 
microrganismos em pequeno volume de nutrientes (meio de cultura). 
6. Placa de Petri - são placas de vidro ou plástico redondas, com tampa, rasas, as 
mais usadas medindo 15 mm de altura e 100 mm de diâmetro, destinadas a conter 
uma camada de meio de cultivo sólido (15 ml). Servem ao isolamento de 
microrganismos, pois a grande superfície de crescimento que oferece facilita a 
obtenção de colônias isoladas. 
7. Garrafa de Roux - são garrafas destinadas ao cultivo de microrganismos, 
oferecendo grande superfície para o crescimento devido à sua forma achatada. 
Geralmente são usadas com meios de cultivo líquidos. A origem do nome deve-se 
ao criador Pierre Paul Émile Roux. 
8. Tubo de Durham - são tubos de ensaio comuns, contendo em seu interior tubos 
pequenos, cilíndricos, medindo 5 mm x 20 mm, colocados invertidos no meio 
líquido. Servem para captar o gás formado na fermentação, o qual será notado pelo 
aparecimento de bolhas em seu interior. São usados nos testes de fermentação 
necessários à identificação de determinados microrganismos. A origem do nome 
deve-se ao criador Herbert Durham, inglês, primeira pessoa a reportar o uso. 
9. Frascos conta-gotas - de vidro neutro ou plástico, usados para corantes, 
clarificantes, reagentes químicos, etc. 
10. Cubas de vidro - são geralmente retangulares ou circulares, destinadas a conter o 
material contaminado descartado em aula prática, tais como lâminas, pipetas, etc. 
11. Frasco de Erlenmeyer - frasco de vidro de forma semelhante a um cone, usado no 
preparo de meios de cultura ou para estocar meios de cultura e substâncias 
químicas. A origem do nome é devida ao alemão criador do mesmo, Richard August 
Carl Emil Erlenmeyer. 
12. Pipetas graduadas - pipetas de vidro ou plástico com volume conhecido mostrado 
através de marcas pintadas na pipeta. Existem pipetas de esgotamento total (a 
última marcação não corresponde ao volume total da pipeta, havendo necessidade 
de retirar totalmente o líquido que fica na ponta da pipeta, abaixo da última 
marcação) e, pipetas de esgotamento parcial (se esgota o líquido apenas até a 
Registro ISBN 93.675 
 
17 
última marcação, ficando pequeno volume retido na ponta da mesma). São usadas 
quando se deseja volume líquido conhecido e preciso. 
13. Pipetas volumétricas - pipetas de vidro com volume conhecido, mostrado através 
de uma única marca, pintada na parte superior da mesma. Não apresenta 
subdivisões. 
14. Pipetas Pasteur - são tubos de vidro que a certa altura foram “espichados” à 
chama do bico de Bunsen em capilar. Servem ao transporte de pequenos volumes 
líquidos ou para a semeadura. Não apresenta marcações de volume determinado. 
15. Alça de Drigalski - feita a partir da pipeta Pasteur por dobras seguidas à chama do 
bico de Bunsen, temo aspecto de um “rodo” e serve à distribuição de material a ser 
semeado no meio de cultura sólido em placa de Petri. A origem do nome deve-se 
ao idealizador, alemão, Wilhelm von Drigalski. 
16. Frasco de Kitasato - semelhante ao frasco de Erlenmeyer acrescentando-se um 
pequeno bico de vidro no gargalo, que serve para acoplar mangueiras de borracha 
ligadas à bomba de vácuo. São usadas nas técnicas de filtração. A origem do nome 
deve-se ao criador Shibasaburo Kitasato . 
17. Becker - são cilindros de vidro, com volumes variados e destinados a recolher 
filtrados, ao preparo de meios de cultura, etc. A existência de um “bico” (daí seu 
nome) na parte superior, facilita o preenchimento de outros frascos com o que 
estiver contido em seu interior. Embora o nome seja creditado a John J. Becker, 
existem contradições. Acredita-se que o nome, na verdade tenha origem na palavra 
“bicarius” do latim medieval que significa copo. 
18. Proveta - cilindro de vidro com graduação precisa, com volumes variados. É a 
vidraria indicada para medir volumes líquidos com precisão. 
19. Balões volumétricos - são balões de vidro com volumes determinados por marcas 
geralmente pintadas no gargalo. Facilitam as rotinas de preparo de meios de cultura 
e podem estocar líquidos. 
20. Funil de separação - são arredondados ou em forma de pêra, possuindo na 
extremidade inferior uma torneira para regular a saída de líquidos. É bastante usado 
nas rotinas de extração de micotoxinas onde, se necessita separar líquidos que não 
se misturam. 
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18 
21. Gral e pistilo - geralmente de porcelana, são usados para triturar materiais sólidos 
para o preparo de reagentes ou lâminas para visualização microscópica de 
estruturas microbianas. 
 
MATERIAL VARIADO 
1. Alça de platina - formada pelo cabo de Kolle, que é um cilindro de alumínio 
recoberto na extremidade com material isolante e pela Alça, um fio de 
metal resistente ao calor, preso por um pequeno cilindro de metal com 
orifício central a outra extremidade do cabo de Kolle. Serve para semear 
na superfície de meios de cultura, etc. A quantidade de material a ser 
transportado (inóculo) tem grande importância no resultado do cultivo e, 
deve ser em torno de 2 mg. É usada ainda para recolher fragmentos da 
colônia ou gotas de suspensão de microrganismos, visando o preparo de 
lâminas para observação microscópica. 
 
 
 Cabo de Kolle Alça 
 
2. Pinça de dissecação - serve para manipular materiais que a mão não deve 
tocar. 
3. Pinça de Mohr - pinça de pressão; usada na extremidade de mangueiras 
de borracha para fechar totalmente a saída de líquidos. 
4. Pinça de Hofmann - pinça de atarraxar; usada também na extremidade de 
mangueira de borracha, podendo fechar totalmente a saída de líquidos ou, 
regular esta saída no volume que se deseja. 
5. Pinça de madeira - para manipular lâminas à flambagem ou tubos com 
meios de cultura fundidos, isto é, quentes. 
6. Algodão - indispensável em Microbiologia, serve para a proteção do 
material esterilizado (principalmente tubos de ensaios e frascos), pois 
funcionam como filtro (se estiver seco). É usado normalmente o algodão 
hidrófobo. 
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19 
7. Banho Maria - são aparelhos elétricos destinados a manter a água numa 
temperatura constante, necessária a determinadas técnicas. 
8. Jarras de anaerobiose - são jarras de vidro ou acrílico usadas nas técnicas 
de isolamento de bactérias anaeróbias, proporcionando um ambiente livre 
de oxigênio para o seu desenvolvimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LIMPEZA E PREPARO DO MATERIAL DE USO NO LABORATÓRIO DE 
MICROBIOLOGIA 
 
 Deve ser rigorosa a limpeza dos materiais utilizados no trabalho microbiológico. 
Qualquer matéria estranha por mínima que seja, pode interferir de maneira decisiva no 
crescimento microbiano e, na visualização de suas estruturas características, falseando 
os resultados e dificultando as técnicas de identificação. 
 Das soluções detergentes usadas normalmente, a solução sulfocrômica é a mais 
empregada. Apesar disso, é de difícil remoção pois, a presença de bicromato na 
superfície do vidro exige imersão em água limpa durante muitas horas para a 
eliminação completa deste composto químico. Por ser tóxico para as células e suas 
enzimas, se aconselha a sua substituição por outras soluções mais apropriadas como a 
de ácido nítrico a 10% ou, a de fosfato trissódico a 5% ou outras soluções comerciais. 
 
SOLUÇÃO SULFOCRÔMICA 
 
Dicromato de sódio ............................................. 500 g 
Ácido sulfúrico concentrado ................................1000 ml 
Água q.s.p. .......................................................... 10 L 
 O dicromato de sódio é dissolvido, a quente, em três litros de água e resfriado. O 
ácido é adicionado lentamente e resfriado sobre cinco litros de água. As duas soluções 
são misturadas, adicionando-se a de ácido sobre a de dicromato, aos poucos e 
agitando. Completa-se o volume e guarda-se em frasco apropiado, devidamente 
etiquetado. 
 
SOLUÇÃO DE ÁCIDO NÍTRICO A 10% 
 
Ácido nítrico comercial ........................................ 1 kg 
Água q.s.p. .......................................................... 10 L 
 Dissolver aos poucos o ácido na água, agitando sempre. Guardar ao abrigo da 
luz. 
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21 
 
SOLUÇÃO DE FOSFATO TRISSÓDICO A 1% E A 5% 
 
 Dissolver o fosfato na água quente. A 1% é indicado para pipetas. 
 
LÂMINAS E LAMÍNULAS 
 
 Uma vez retiradas do microscópio, são colocadas numa cuba contendo solução 
de sabão + desinfetante (nunca deixadas sobre a mesa), pois assim evita-se que as 
preparações ressequem, dificultando a limpeza posterior. Então são lavadas 
cuidadosamente e deixadas uma noite em solução detergente; posteriormente 
escorridas e passadas sob água corrente. As lâminas usadas para exames com 
objetivas de 100X, por receberem óleo de imersão devem ser primeiramente 
depositadas sobre papel de filtro para retirada do óleo. 
 
TUBOS DE ENSAIO 
 
 São lavados com água e sabão e passados em água corrente. São deixados 
escorrer emborcados sobre cestas perfuradas e, finalmente secos em forno Pasteur. 
Em seguida são preparados para esterilização com buchas de algodão, de modo que, 
expelido o ar durante o processo de esterilização, só penetre novamente ar filtrado, livre 
de contaminação. Com as rolhas de algodão, os conjuntos são envoltos em papel 
manilha de modo que, a dobra superior indique a parte superior dos tubos, onde se 
amarra com barbante. No caso de tubos já usados (com meio de cultivo e colônias de 
microrganismos ou com suspensões), para serem reaproveitados, são primeiramente 
autoclavados a fim de eliminarem todas as formas de vida e então, manipulados sem 
perigo evitando a contaminação das pias e material de limpeza. O meio é escorrido 
ainda quente e os tubos fervidos com solução de sabão, passados sob água corrente e 
deixados uma noite em solução detergente. Novamente são submetidos à ação de 
água corrente, secos e preparados como visto anteriormente. 
 
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22 
PLACAS DE PETRI 
 
 Quando novas são bem lavadas com água e sabão, secas e preparadas para a 
esterilização. Inicialmente a tampa é revestida com um disco de papel de filtro, afim de 
reter a água de condensação, ajustada à placa é embrulhada em papel manilha e 
amarrada com barbante; o conjunto de placas é novamente amarrado com barbante e 
levadas ao forno Pasteur. No caso das placas serem já usadas, estas são 
autoclavadas, o meio escorrido ainda quente, lavadas com sabão e, deixadas uma noite 
em solução detergente. Depois, passadas sob água corrente, secas e preparadas 
conforme visto anteriormente. 
 
PIPETAS VOLUMÉTRICAS 
 
 São lavadas com água corrente, deixadas em solução detergente fraca (para não 
tirar as marcas), novamente passadas em água corrente e, finalmente lavadas com 
água destilada. Depois de secas em forno Pasteur, preenche-se a boca da pipeta com 
uma mecha de algodão (que penetre 0,6 cm), destinada a filtrar o ar assoprado para o 
interior e, proteger o operador da aspiração de líquidos contaminados. Uma vez 
usadas, são depositadas em cubas altas, cheias de solução desinfetante e, dentro de 
24 horas, lavadas como visto anteriormente. 
 
PIPETAS PASTEUR 
 
 Os tubos de vidro depois de lavados em solução detergente e, passados em 
água corrente, são partidos em segmentos de 30 a 40 cm (após secos), e as bordas 
arredondadas à chama do bico de Bunsen. Ambas as extremidades são preenchidas 
com algodão (aproximadamente 0,5 cm), e o conjunto de tubos embrulhados em papel 
manilha, amarrados e levados ao forno Pasteur. As pipetas usadas são autoclavadas e 
descartadas. 
 
 
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23 
USO DO MICROSCÓPIO 
 
 Foi no início do século XVII que foram inventados os primeiros microscópios. Um 
dos primeiros a conseguir observar minúsculas formas de vida, foi Athanasius Kircher, 
um jesuíta que viveu em Roma. Seu microscópio era bastante rudimentar, formado 
apenas por uma lente e o aumento máximo conseguido era de 32 vezes. Mesmo assim, 
observou milhares de seres vivos na água estagnada, no sangue e no pus de pessoas 
doentes. 
 Um curioso holandês, Mynheer Antony van Leeuwenhock, possuído pela mania 
de tornar o invisível visível, aprendeu a lapidar e a polir lentes montando apesar de 
ainda rudimentar, um microscópio muito superi2or comparado com os de sua época. 
Pode então, observar um pouco melhor o maravilhoso mundo dos micróbios e, de 1665 
a 1718 encheu sete volumes com os seus achados. 
 As observações se multiplicaram e o microscópio foi aperfeiçoado sem cessar. 
Em nossas aulas usaremos o microscópio ótico e, suas partes serão descritas a seguir. 
Também será de grande necessidade o microscópio estereoscópico ou lupa, usado 
geralmente para observação de colônias de microrganismos; trabalha com jogo ótico 
semelhante ao do microscópio ótico. 
 A curiosidade humana aliada a necessidade de sobrevivência, forçou cada vez 
mais o desenvolvimento de aparelhos sofisticados. Surgiu, então, o microscópio 
eletrônico, inventado em 1931 pelo físico alemão Ernest Ruska. Pode ser de varredura 
ou de transmissão. Se baseia na transmissão de elétrons sobre o objetivo a examinar 
montado em um filme delgado. Controles elétricos e magnéticos permitem a focalização 
do feixe eletrônico e, a imagem resultante é projetada sobre uma placa fotográfica. Pelo 
constante bombardeamento de elétrons há o inconveniente de destruição da amostra 
observada. 
 Mais recentemente foi inventado o microscópio de tunelamento eletrônico (STM), 
1981, pelo alemão Gerd Binning e pelo suiço Heinrich Rohrer para observação dos 
átomos, partículas básicas de todas as coisas. O princípio de funcionamento é 
semelhante ao de uma agulha de toca-discos em escala infinitamente menor. A 
extremidade da agulha tem a espessura de apenas um átomo. Ela percorre a superfície 
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24 
da amostra sem nunca tocála. Os elétrons acumulados na ponta da agulha saltam para 
a superfície da amostra gerando uma corrente elétrica que, aparece como um ponto, 
luminoso na tela do computador acoplado ao microscópio. O movimento de vaivém da 
agulha vai mapeando as estruturas da amostra. 
 
Equipamento Aumento Amostra 
Microscópio 
estereoscópico 
7 a 150X Colônias de fungos e bactérias, insetos 
pequenos, algas, etc. 
Microscópio ótico 50 a 1.200X Bactérias, fungos células animais e 
vegetais, etc. 
Microscópio eletrônico de 
varredura 
20 a 100.000X Superfície de órgãos animais e vegetais, 
circuitos impressos, etc. 
Microscópio eletrônico de 
transmissão 
1.000 a 500.000X Vírus, moléculas orgânicas grandes, sub 
estruturas e células, etc. 
Microscópio de 
tunelamento 
100 milhões de vezes Moléculas, átomo da superfície de 
metais, etc. 
 
Fonte: SUPER INTERESSANTE (1989). 
 
PARTES DE UM MICROSCÓPIO ÓTICO 
 Base 
Elemento que suporta o microscópio, possui forma em “V”, em “U” e 
modernamente forma retangular ou redonda, onde a fonte luminosa já é incorporada. 
 Braço 
Parte articulada à base, suporta várias partes mecânicas e o jogo ótico, 
encontramos aí o parafuso macrométrico e o micrométrico. Por ele deve ser seguro o 
microscópio caso seja necessário a sua remoção para outro local. 
 Canhão 
Contém as lentes oculares, podendo ser monocular ou binocular, como os de 
uso em nossas aulas práticas. 
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25 
 O binocular suporta na parte superior duas lentes oculares que,dão aumento de 
6X ou 10X. São formadas por dois cilindros ocos onde se acoplam dois cilindros com 
lentes. A base da ocular esquerda é móvel permitindo graduar a distância entre os 
olhos de cada observador. Para focalizar, desloca-se verticalmente o canhão, que é 
feito com os parafusos de ajustamento. O macrométrico, permite movimentos rápidos e 
serve à uma focalização mais grosseira, enquanto o parafuso micrométrico serve ao 
ajustamento final, tendo por finalidade, poupar o esforço de acomodação visual do 
observador. 
 Revólver 
Destina a suportar as objetivas, permitindo a troca rápida entre elas. É 
constituído essencialmente por duas calotas esféricas concêntricas, adaptadas uma 
sobre a outra, a primeira é fixa e protege as lentes e a segunda é móvel tendo presas 
as objetivas, uma de imersão e duas ou três a seco, como por exemplo 4X, 10X e 40X. 
Está presa à parte inferior do canhão. É uma peça de precisão, pois deve permitir que a 
objetiva em foco tenha seu eixo coincidente com o feixe luminoso que a intercepta. 
 Platina 
 É destinada a conter a lâmina de vidro preparada. No centro há um orifício para 
deixar passar os raios luminosos, provenientes do aparelho de iluminação, colocado 
abaixo dela. Possui um dispositivo chamado “Chariot” que permite deslocar a 
preparação nos sentidos transversal e longitudinal, mediante dois parafusos. Alguns 
tipos de “Chariot” possuem graduação com as quais é possível determinar coordenadas 
de um certo campo, voltando a ele sempre que necessário. 
 Sistema ótico 
 É formado pelo conjunto de lentes e acessórios: 
• Objetiva: composta por uma ou mais lentes, se destina a dar ao objeto a 
imagem real. É dela que depende o poder de resolução e a nitidez do material 
observado. Há vários tipos de objetivas, podendo ser com relação ao tipo de 
observação, a seco ou de imersão. 
• Objetiva a seco: entre a preparação e a objetiva existe uma lamínula de 
vidro e o ar. A focalização é feita sem tocar na lamínula com a objetiva. É 
comumente utilizada na observação de fungos. 
Registro ISBN 93.675 
 
26 
• Objetiva de imersão: usa-se entre a lâmina e a objetiva um líquido de 
índice de refração conveniente, que faça os raios luminosos convergirem para 
a objetiva. É muito usado o óleo de cedro e o índice de refração 
convencionado é de 1,514. As objetivas de imersão geralmente são as de 
maior aumento e as indicadas para a observação de esfregaços corados. 
• Oculares: são formadas por duas lentes, uma interior que concentra a luz, 
clareando a imagem e, outra exterior, que aumenta a imagem real proveniente 
da objetiva. Elas se combinam com as objetivas oticamente, de modo que haja 
um mínimo possível de aberrações. 
• Condensador: é um sistema formado por uma ou mais lentes, que se 
destina, principalmente, a refratar os raios refletidos pelo espelho ou pela fonte 
de luz diretamente, fazendo-os convergir sobre o objeto, num cone de seção 
larga. Não há propriamente condensação de luz e sim, alargamento da seção 
do cone luminoso aumentando a iluminação do material observado. Nas 
preparações observadas com objetivas a seco, o condensador fica disposto à 
meia altura; nas preparações observadas, com objetivo de imersão, a lente do 
condensador pode chegar a tocar a lâmina de vidro por sua parte inferior. O 
condensador é munido de um diafragma-íris, o qual permite obter uma série 
graduada de cones luminosos. 
• Espelho: destina-se a enviar ao condensador um feixe luminoso 
adequado. Não é fixo, podendo girar, possibilitando concentrar seu eixo ótico 
com o das lentes do aparelho. 
• Fonte luminosa: normalmente se usa uma fonte de luz visível artificial, 
embora exista a aplicação de luz ultra-violeta, etc. 
• Filtros de luz: são imprescindíveis a uma observação microscópica; têm a 
finalidade, no espectro de luz visível, de absorver determinadas cores, 
intensificar outras, ou proteger a vista de radiações. 
OBS. Atualmente muitos microscópios já utilizam o sistema “Tablet” como visor, 
substituindo as lentes. 
 
 
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27 
NUTRIÇÃO MICROBIANA 
 
 Para se estudar um microrganismo, visando sua classificação, há necessidade 
de tê-lo isolado em meios adequados no laboratório de microbiologia. Para tanto, 
devemos atender suas exigências mínimas. Um conjunto de fatores é necessário para 
permitir que in vitro, se consiga um ambiente semelhante ao que se encontrava o 
microrganismo na natureza, permitindo observação de suas estruturas perfeitas e 
outros elementos necessários à correta identificação. Entre os fatores necessários ao 
desenvolvimento microbiano estão alguns como a temperatura, umidade/atividade 
hídrica, pH e nutrientes. 
 Os nutrientes são as unidades estruturais e fontes de energia para a construção 
e manutenção da estrutura e organização de um microrganismo. Alguns são 
considerados elementos essenciais, sem os quais o crescimento e desenvolvimento de 
caracteres microbianos seriam comprometidos. Dentre esses a Água, o Carbono, o 
Hidrogênio e o Nitrogênio, são exigidos em altos teores pois, participam da composição 
de estruturas para o próprio microrganismo e na produção de compostos orgânicos, 
entre outros. O Fósforo, Enxofre, Sódio, Potássio, Cálcio, Magnésio, etc., são exigidos 
em teores médios e fazem vários papéis biológicos: produção de ATP (a forma 
energética para o microrganismo), ácidos nucléicos, fosfolipídios, aminoácidos, 
vitaminas, sais, mecanismos de permeabilidade, cofatores de enzimas, etc. Outros 
elementos são exigidos em pequenos teores (chamados de elementos traço), como o 
Manganês, Zinco, Ferro, Cobre, Molibdênio, Cobalto, Vanádio, Sílica, Cloro, etc., que 
vão participar de enzimas, vitaminas do complexo B (B12), na fixação de nitrogênio, etc. 
 Os microrganismos se nutrem por absorção, selecionando através de suas 
membranas ou paredes o que entra ou sai. A forma química em que elementos servem 
como nutrientes deve ser compatível com esse mecanismo de seleção, caso contrário o 
microrganismo não conseguirá usar o que a ele for oferecido. 
 Os compostos a base de carbono servem como nutrientes. Existe toda uma 
variedade de microrganismos que são capazes de retirar o carbono de qualquer fonte e, 
outros, se mostram “parasitas” e vivem ao redor dos que conseguem degradar 
compostos carbonados. Algumas bactérias são ditas “onívoras”, utilizam um grande 
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número de fontes de carbono e outras são “especializadas”, pois retiram o carbono de 
uma única fonte, como por exemplo, do metano, do querosene, da borracha, etc. Os 
fungos também podem comportar-se da mesma forma. Alguns microrganismos retiram 
o carbono direto do CO2, sendo este usado como a unidade estrutural monocarbonada, 
onde serão acoplados compostos para a biossíntese de material celular. 
 Os compostos nitrogenados são mais utilizados na forma de nitrato. As bactérias 
geralmente utilizam o nitrogênio para oxidação e os fungos o assimilam. Um grupo 
importante de microrganismos fixa o nitrogênio (N2) e oxida a NH3; as Nitrosomonas 
oxidam a amônia a nitrito (NO2) e os Nitrobacter oxidam o nitrito a nitrato (NO3), que é 
a forma geralmente absorvida pelas plantas. 
 Os compostos de enxofre são aproveitados, geralmente, quando na forma de 
sulfatos e tiossulfatos (microrganismos não fotossintéticos). 
 As substâncias orgânicas, além das fontes de carbono e de energia exigidas 
pelos microrganismos, são denominadas “Fatores de crescimento”. Os aminoácidos 
são imprescindíveis para a fabricação de proteínas; as bases purinas e pirimidinas são 
necessárias para os ácidos nucléicos e as vitaminas participam dos radicais prostéticos 
das enzimas. 
 Desde o descobrimento dos microrganismos uma série de classificações foram 
sendo necessárias, até mesmo, para facilitar a classificação dos microrganismos. A 
mais antiga dividia em seres autotróficos, aqueles que necessitavam de compostosinorgânicos para sua nutrição e, heterotróficos, aqueles que exigiam compostos 
orgânicos. Quanto à fonte de energia temos os fototróficos ou fotossintéticos, que 
transformam a luz solar em energia de ligação química e os quimiotróficos ou 
quimiossintéticos, que desencadeiam suas reações de oxi-redução sem depender da 
luz. O metabolismo microbiano depende de uma série de reações químicas e nestas há 
passagem de elétrons. Quanto à natureza dos doadores de elétrons exógenos, 
podemos classificar os microrganismos em litotróficos, quando o doador é matéria 
inorgânica e organotróficos, quando o doador de elétron for a matéria orgânica. Um 
outro ponto importante é a classificação de um microrganismo quanto à exigência ou 
não de oxigênio; neste caso, o microrganismo será dito aeróbio obrigatório ou estrito, 
quando necessitar de O2 para o seu desenvolvimento; será anaeróbio obrigatório ou 
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estrito, quando não puder se desenvolver em ambientes com oxigênio; será anaeróbio 
facultativo, quando puder se desenvolver tanto em ambientes aeróbios quanto 
anaeróbios e, será microaerófilo, quando desenvolverem-se numa interfase onde a 
concentração de oxigênio for mínima. 
 Entende-se por meio de cultura ou meio de cultivo qualquer substância sólida, 
semi-sólida ou líquida para a manutenção de microrganismos vivos. Na verdade meios 
de cultura são um conjunto de nutrientes necessários ao microrganismo. A composição 
desse meio de cultura vai depender da exigência nutricional ou do que se deseja testar 
com o microrganismo. São formulações normalmente encontradas como “receitas” nos 
manuais das firmas que os produzem e em livros de microbiologia. 
 Um meio de cultura é sólido ou semi-sólido de acordo com a proporção de 
agente solidificante, o agar-agar, que entra em sua constituição. O agar-agar é extraído 
de algas Rhodophyceas (algas vermelhas) de espécies dos gêneros Gelidium, 
Acanthopeltis, Gracilaria e Euchema. As folhas dessas algas sofrem um tratamento 
térmico para retirada de impurezas, principalmente ácidos graxos de cadeias longas 
que, se estiverem presentes podem inibir o crescimento de microrganismos. As fibras 
são secas e constituem o ágar-ágar em rama, que pode ser usado como tal ou, 
triturada e usada sob a forma de pó. As fibras são compostas de duas cadeias 
polissacarídidas: agarose e agaropectina, resíduos de ácidos urônicos e ésteres 
sulfúricos. É uma substância coloidal, hodrofílica e pertence ao grupo das mucilagens. 
Seu ponto de fusão é a 100°C e seu ponto de solidificação em torno de 45°C. Sua 
função é exclusivamente a de solidificar o meio. Uma vez preparado o agar, as fibras do 
ágar-ágar formam uma verdadeira malha onde vão ficar depositados os constituintes 
(nutrientes e substâncias químicas) que entram em sua formulação. Um meio de cultura 
é considerado sólido quando contiver de 1,5 g a 3,0 g de agar-agar por 100 ml de água 
e, semissólido quando de 0,1 g a 1,1 g deste agente solidificante. Por esse motivo, por 
conterem agar-agar, os meios sólidos e semissólidos são denominados Agar, como por 
exemplo, Agar Sabouraud, Agar simples, Agar Czapek-Dox, etc. Os meios de cultura 
líquidos, não levam agente solidificante em suas formulações e são denominados 
Caldos, como por exemplo, o Caldo simples, Caldo casoy, Caldo azida-glicose, etc. 
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 Quanto a composição química, os meios de cultura podem ser classificados em 
sintéticos e complexos. Um meio de cultura é denominado sintético, quando se conhece 
a composição química de todos os seus componentes e será complexo, quando não se 
conhecer a composição química de algum de seus componentes (ex.: meios que 
contenham extrato de levedura). 
 Os meios de cultura podem ser totalmente preparados no laboratório, seguindo 
formulações (receitas) ou, preparados a partir de meios de cultura em pó, onde na 
maioria das vezes só há necessidade de pesar a quantidade necessária para um 
determinado volume de água destilada, fundir, esterilizar e acertar o pH; todos os seus 
constituintes já se encontravam misturados nas devidas proporções nestes meios 
adquiridos das firmas de produtos laboratoriais. 
 Para o preparo dos meios de cultura se utiliza água limpa, recém destilada ou 
desmineralizada e cuja reação seja o mais próximo possível da neutralidade. Os 
recipientes destinados à preparação do meio de cultura devem estar limpos, não 
podendo conter resíduos de outras substâncias. Devem ser suficientemente grandes 
para que o meio de cultura que se preparará, possa ser agitado com facilidade. Deve-
se procurar preparar a quantidade exata a ser usada, evitando assim fundir o material 
várias vezes, o que altera o valor nutritivo a cada novo aquecimento. Ao meio de cultura 
já pesado se adiciona a metade da quantidade de água e, se agita suficientemente para 
conseguir uma suspensão homogênea. Em seguida, incorpora-se a quantidade de água 
restante, aproveitando para despender e incorporar ao conjunto as partículas de meio 
que, acaso tenham ficado aderidas às paredes internas do recipiente. Os meios de 
cultura que contém ágar-ágar devem ser aquecidos até a completa dissolução, medindo 
o pH em torno de 50°C; nos meios líquidos esta medida pode ser feita à temperatura 
ambiente. O pH se ajusta no valor indicado para cada meio de cultura. A correção se 
faz pela adição de ácido clorídrico 1N ou 1/10N ou de hidróxido de sódio. Todos os 
meios de cultura são acondicionados em vidrarias adequadas e levados à 
autoclavação. Para evitar a formação de gotas de condensação de água nas tampas 
das placas de Petri, deve verter-se, após a esterilização, o meio de cultura a uma 
temperatura em torno de 50°C. As bolhas de ar da superfície, que por ventura possam 
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vir a serem formadas, elimina-se facilmente com a chama do bico de Bunsen. Pode-se 
secar a superfície do meio de cultura em estufa a 30°C ou 40°C por 20 a 30 minutos. 
 Quanto ao uso, os meios de cultura podem ser classificados em Meio básico ou 
de uso geral, servem ao cultivo de vários microrganismos e podem ser usados como 
base no preparo de outros meios. Meio de enriquecimento, quanto contém 
determinados nutrientes que favorecerão o desenvolvimento de um microrganismo, 
entre vários outros. Meio seletivo, quando adicionam-se substâncias antibióticas que 
eliminarão os microrganismos indesejáveis, permitindo o crescimento do microrganismo 
que se deseja. Meio diferencial, o qual permite ao microrganismo produzir estruturas ou 
reações que podem ser usadas na diferenciação de gêneros e espécies de 
microrganismos. 
 
POSSÍVEIS DEFEITOS NA PREPARAÇÃO DOS MEIOS DE CULTURA 
 
Desvios no valor do pH 
 Água não neutra; envase não suficientemente fechado; superaquecimento 
durante a preparação; meio de cultura dessecado com validade vencida. 
 
Turvação e precipitação 
 Água insuficientemente deionizada; os recipientes de preparo não estavam 
suficientemente limpos; pH incorreto ou desajustado; superaquecimento durante a 
preparação; substâncias empregadas contêm impurezas. 
 
Ponto de solidificação muito elevado 
 Excessiva proporção de meio de cultura dessecado; agar-agar não adequado ou 
fora de proporção. 
 
Pouca estabilidade do gel 
 Proporção pequena de meio de cultivo dessecado; meio incompletamente 
dissolvido; superaquecimento durante a preparação; agar-agar em pequena proporção 
ou inadequado. 
Registro ISBN 93.675 
 
32 
Desvio de cor 
 Valor errado de pH; superaquecimento durante a preparação; o recipiente de 
preparo não estava suficientemente limpo. 
 
Meios de cultura contaminados 
 Esterilização insuficiente; contaminação acidental posterior a esterelização. 
 
Pouco crescimento de microrganismo 
 Presença de substâncias inibidoras do crescimento; microrganismos já alterados 
no material investigado; pH incorreto; aditivos defeituosamente dosificados; 
superaquecimentodurante a preparação. 
 
Excessivo crescimento de microrganismos 
 Superaquecimento durante a preparação com conseqüente destruição de 
substâncias inibidoras; aditivos defeituosamente dosificados; inóculo com excesso de 
microrganismos. 
 
Colônias irregulares 
 Superfície do meio muito úmida; superfície do meio semeada com excesso de 
material. 
 
Crescimento atípico 
 Meio de cultivo errado ou mal preparado; meio de cultivo com prazo de validade 
vencido; condições de cultivo inadequadas. 
 
ALGUMAS SUBSTÂNCIAS USADAS NO PREPARO DE MEIOS DE CULTURA 
 
Bilis de boi 
 Bilis natural purificada submetida a um processo de dissecação. Exerce um 
efeito estimulante do crescimento sobre bactérias do grupo tifus-paratifus-enteritis e, 
Registro ISBN 93.675 
 
33 
inibidor da microbiota Gram positiva. Usada em meios seletivos; concentrações de 10-
12 g/litro. Contém ácidos biliares e água. 
 
Caseína 
 Obtida a partir do leite de vaca, se utiliza para fabricação de meios de cultura 
destinados a testes com microrganismos caseolíticos. 
 
Caseína hidrolisada 
 Obtida por hidrólise clorídrica da caseína constituindo um bom substrato nutritivo. 
 
Caseína hidrolisada de pâncreas 
 Obtida por hidrólise enzimática a partir da caseína. Serve para a fabricação de 
meios de cultivo para microrganismos exigentes. Possui insignificantes quantidades de 
antagonistas de sulfamidas (ácido p-aminobenzóico). 
 As caseínas são fontes de vitaminas e fatores de crescimento. Se encontra 
nitrogênio, peptonas, cálcio, magnésio, etc. 
 
Extrato de carne 
 Prepara-se a partir de carnes desprovidas de tendões e gordura. Antes da 
extração, se submete a carne a uma ligeira proteólise. É uma base nutritiva de alto 
valor. 
 
Extrato de levedura 
 Obtém-se por extração aquosa de leveduras autolisadas. Além de seu elevado 
conteúdo de vitaminas, oferece excelentes condições de crescimento a muitos 
microrganismos. Normalmente é incorporada aos meios de cultivo na quantidade de 3 
g/litro. 
 
 
 
 
Registro ISBN 93.675 
 
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Extrato de malte 
Obtém-se a partir da cevada maltada. Devido ao seu elevado conteúdo em 
diversos carboidratos, sobretudo maltose, é especialmente adequado à preparação de 
meios nutritivos destinados ao cultivo de fungos. 
 
Gelatina 
É uma proteína que se utiliza como agente gelificante, sobretudo na 
demonstração de microrganismos proteolíticos. Se obtém, por hidrólise ácida a partir de 
matérias primas de origem animal. Devido ser o ponto de fusão da gelatina em torno de 
28°C, tais meios só podem ser incubados a temperaturas inferiores. 
 
Peptona de carne 
Obtém-se pela degradação proteolítica da carne, mediante ação da pesquisa ou 
tripsina. 
 
Peptona de caseína 
Obtida por degradação proteolítica de caseína, mediante tripsina. Adequado ao 
preparo de meios para o teste do indol. 
 
Peptona de cérebro bovino 
Obtém-se por digestão papaínica de cérebros de bovinos. 
 
Peptona de gelatina 
Obtém-se por hidrólise da gelatina, mediante pancreatina. 
 
Peptona de farinha de soja 
Obtida mediante a digestão, com papaína, da farinha de soja desengordurada. 
Não é indicada para testes de fermentação devido ao seu elevado conteúdo em 
carboidratos. 
As peptonas são fontes de fatores de crescimento, carboidratos e elementos 
essenciais como nitrogênio, cálcio, magnésio, etc. 
Registro ISBN 93.675 
 
35 
Conservação dos meios de cultura preparados 
 
 Para períodos de tempo prolongados se recomenda seu armazenamento em 
temperatura de 12 a15°C. Os meios de cultura com agar não devem ser guardados 
abaixo de 0°C para não alterar seu gel. Geralmente é possível sua conservação 
durante um a dois meses à temperatura ambiente. Em qualquer caso, os meios de 
cultura deverão estar sempre ao abrigo da luz. 
 Para não haver perda de água do meio de cultura para o ambiente, os mesmos 
poderão ser colocados em sacos plásticos lacrados, impermeáveis, ao ar. No caso de 
placas de Petri, seus bordos poderão ser lacrados com fita adesiva. 
 
Fórmulas de alguns meios de cultura 
 
 1. Agar Batata glicosado: 
batata (infusão de 200 g) 
glicose ........................................ 20 g 
agar-agar .................................... 30 g 
água destilada qsp ..................... 1000 ml 
pH 5.6 
 
 2. Agar Sabouraud glicosado: 
glicose ........................................ 40 g 
polipeptona (BBL) ...................... 10 g 
agar-agar .................................... 30 g 
água destilada qsp ..................... 1000 ml 
pH 6.5 
 
 3. Agar Simples: 
água de carne ............................ 1000 ml 
peptona ...................................... 10 g 
cloreto de sódio .......................... 5 g 
Registro ISBN 93.675 
 
36 
agar-agar .................................... 20-30 g 
pH 7.4 a 7.6 
 
4. Caldo Peptonado: 
peptona ...................................... 10 g 
cloreto de sódio .......................... 5 g 
água destilada ............................ 1000 ml 
pH 7.2 ± 0.2 
 
5. Caldo Simples: 
água de carne ............................ 1000 ml 
peptona ...................................... 10 g 
cloreto de sódio .......................... 5 g 
pH 7.4 a 7.6 
 
6. Caldo de extrato de carne: 
extrato de carne ......................... 3-5 g 
peptona ...................................... 10 g 
cloreto de sódio .......................... 5 g 
água destilada ............................ 1000 ml 
pH 7.4 a 7.6 
(usar a 0,5% no preparo de água de carne). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Registro ISBN 93.675 
 
37 
PRINCÍPIOS DE ESTERILIZAÇÃO EM MICROBIOLOGIA 
 
 A função básica de um microbiologista em relação a um microrganismo é o de 
caracterizar a sua presença, isolá-lo, mantê-lo vivo possibilitando desenvolver suas 
características semelhantes ao que teria na natureza (local ou material onde estava se 
desenvolvendo), reconhecê-lo para eventualmente utilizá-lo ou eliminá-lo. Nada disso 
seria possível ou extremamente dificultado se não houvesem técnicas que, nos 
permitissem ambientes estéreis. Para esse tipo de estudo há necessidade da colônia 
pura, do microrganismo isolado. Entretanto, temos que ter a certeza de que o 
microrganismo que se desenvolverá nos meios de cultura a serem utilizados, realmente 
estava presente na amostra colhida e, não ser apenas um contaminante ambiental. O 
uso correto das técnicas de esterilização e desinfecção nos darão esta certeza. 
 São necessárias algumas definições para o entendimento dos trabalhos a serem 
desenvolvidos nos laboratórios de microbiologia. Entende-se por esterilizar, eliminar 
todas as formas de vida de uma superfície, de um material ou de um ambiente. 
Geralmente para tanto, utilizam-se processos físicos. Desinfetar, por eliminar todas as 
formas de microrganismos patogênicos de uma determinada superfície morta. 
Geralmente feita com substâncias químicas. Como antissepsia, por eliminar 
microrganismos de uma superfície viva. Geralmente feita com substâncias químicas 
(antissépticos germistáticos ou germicidas) e, assepsia como o conjunto de técnicas 
necessárias para não deixar que um microrganismo penetre num local que não o 
contenha. 
 Dos processos de esterilização o calor é bastante utilizado. A seguir definiremos 
algumas técnicas que utilizam o calor seco. 
 Desde o início da história o homem aprendeu a admirar o fogo e, observou que 
os metais aquecidos ao rubro tinham o poder de eliminar uma inflamação quando, 
cauterizava-se uma ferida. 
 Num laboratório de microbiologia é primordial o bico de Bunsen, local onde serão 
flambados os metais e vidrarias usadas nas rotinas. A alça de platina e as bocas tubos 
de ensaio devem ser flambadas a todo instante que se for manipular microrganismos, a 
fim de eliminar qualquer contaminante aderido a alça ou ao vidro. No caso da alça de 
Registro ISBN 93.675 
 
38 
platina,caso esteja com substâncias oleosas ou líquido com microrganismos em 
suspensão, aguardamos próximo a chama alguns instantes para secar e primeiro 
colocamos a ponta da alça na chama redutora (interna), conhecida como chama fria, e 
depois toda a alça e a base do cabo na chama oxidante, conhecida como chama 
quente; tal procedimento evitará a formação de aerossóis protegendo de 
contaminações. A área em torno do bico de Bunsen é considerada estéril devendo, 
então, todo material ser manipulado o mais próximo possível do mesmo. 
 O Forno Pasteur é um forno retangular de paredes duplas isoladas, utilizado para 
a esterilização de vidrarias vazias e instrumentos de metal. Na parte inferior existe um 
sistema de aquecimento elétrico e, internamente prateleiras onde são distribuídos, em 
colunas com espaço entre umas e outra, os materiais a serem esterilizados. O ar frio 
penetra pela parte inferior do aparelho, é aquecido e circula entre as pilhas de materiais 
transmitindo seu calor a essas superfícies e, saindo na parte superior pelas ventoinhas. 
Também na parte superior observa-se um orifício onde é colocado um termômetro 
graduado. A temperatura para a esterilização é de 180°C a 200°C por no mínimo uma 
hora e trinta minutos; este procedimento elimina a forma vegetativa de microrganismos 
e os esporos bacterianos. Dependendo da quantidade de material a ser esterilizado, o 
procedimento pode variar (tempo / temperatura). 
 Os processos utilizando o calor úmido geralmente são mais eficazes porque, o 
esporo bacteriano que é uma estrutura até certo ponto refratária, absorve um pouco da 
umidade do ambiente tornando-se mais vulnerável aos tratamentos térmicos. A 
autoclavação pode utilizar o autoclave horizontal ou vertical. O autoclave horizontal 
pode ter uma caldeira anexa ou ser alimentado por vapor produzido em caldeira 
externa. Em nosso laboratório o mais usado é o sistema vertical que, consiste de uma 
caldeira cilíndrica, de cobre, hermeticamente fechada por uma tampa de cobre. No 
interior, cestas metálicas móveis, apoiadas sobre um suporte metálico que, regula o 
nível de água. No fundo, em contato com a água existe o sistema de aquecimento 
elétrico. Na tampa estão adaptados um manômetro, uma válvula de escapamento e 
uma válvula de segurança. A água aquecida em recipiente fechado, onde o vapor fica 
retido sob pressão, pode atingir temperaturas muito elevadas sem ferver. Isto diminui a 
Registro ISBN 93.675 
 
39 
possibilidade de se molhar a rolha de algodão das vidrarias, o que poderia levar à 
contaminação posterior do material esterilizado. 
 Na seqüência da autoclavação, coloca-se água suficiente para que, uma vez o 
aparelho cheio de vapor ainda sobre água no fundo, pois caso contrário poderia ocorrer 
superaquecimento com rompimento da resistência aquecedora. Acondiciona-se o 
material a ser esterilizado, devidamente preparado, de forma que o vapor circule 
livremente em torno dele. Fecha-se a tampa do aparelho, rosqueando todas borboletas 
para uma correta junção deixando nesse instante a válvula central aberta. Liga-se o 
aparelho no botão apropriado. Com a produção de vapor interna há a expulsão do ar 
seco; no momento em que iniciar a saída contínua de vapor pela válvula de escape 
indica que o ambiente interno está saturado de vapor. Então, fecha-se a válvula de 
escape e observa-se o manômetro, o qual indica marca de “0 atm = 100°C”. Com o 
passar do tempo há o deslocamento da agulha do manômetro; contar o tempo de 15 a 
20 minutos, a partir do momento em que o aparelho marca 120°C o que corresponde a 
1 atm. Decorrido o tempo necessário, deixar a pressão descer lentamente até zero com 
a válvula de saída fechada. Abrir a válvula para normalizar a pressão, soltar as 
borboletas da tampa e utilizar o material esterilizado. 
 Normalmente num laboratório de microbiologia esteriliza-se em autoclave os 
meios de cultura, dentro de suas respectivas vidrarias. Há necessidade de se proteger 
as rolhas de algodão com papel manilha, para evitar que se molhem com a água de 
condensação pois, molhado, o algodão deixa de funcionar como filtro possibilitando a 
contaminação do material. 
 A pasteurização desenvolvida por Pasteur para eliminar microrganismos que 
deterioravam alimentos, rapidamente foi transferida ao leite geralmente usando-se a 
temperatura em torno de 63°C por um tempo de 30 minutos. Este procedimento elimina 
as formas vegetativas dos microrganismos mas não o seu esporo (forma de resistência 
bacteriana). Por este problema, o que chamamos em nossos tempos de pasteurização 
na verdade é uma esterilização com temperaturas ultraelevadas. Dependendo do 
processo, o leite chega a 140°C em menos de um segundo, ficando por três segundos 
em uma câmara de armazenamento, sendo resfriado em uma câmara de vácuo, 
passando a 74°C. 
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40 
 No processo conhecido como tindalização utiliza-se a temperatura em torno de 
80°C por um tempo de 45 minutos, repetindo-se este aquecimento dois ou três dias 
consecutivos. Verificou-se que desta maneira, por uma “esterilização fracionada” 
eliminava-se a forma vegetativa pelo calor e, permitia-se as formas esporuladas 
passarem para a forma vegetativa, sendo destruídas nos aquecimentos seguintes. É 
indicada para a esterilização de substâncias que não podem ser aquecidas acima de 
100°C. Caso não haja possibilidade de outro método, a fervura de materiais em água 
pelo menos por cinco minutos, elimina as formas vegetativas presentes e, caso existam 
esporos bacterianos eles podem se soltar dos mesmos ficando na água utilizada. O 
vapor produzido pela água aquecida pode também ser usado para esterilização, tendo 
sido a base para o desenvolvimento do autoclave. 
 Para os materiais que não podem ser esterilizados pelo uso do calor, pode-se 
lançar mão do processo físico de filtração. A filtração consiste em se passar um fluido 
através de um elemento poroso, afim de remover partículas nele dispersas. Entre as 
finalidades podemos destacar a de clarificar os meios, separar dois microrganismos de 
tamanhos diferentes e esterilizar. 
 São indicados na esterilização de soluções protéicas que coagulam pelo calor; 
de carboidratos que caramelizam pelo calor e, soluções de enzimas e toxinas que se 
inativam pelo calor. 
 Para este processo podem ser usadas as velas de Chamberland, constituídas de 
porcelana não vitrificada, tendo a forma cilíndrica e oca no centro. São numeradas de 
L1 a L11, sendo que L1 e L2 apenas clarificam o meio. As velas de Berkefeld são filtros 
de terra de infusório (terra de infusório + asbestos + matéria orgânica) e identificados 
pelas letras V (grosso), N (normal) e W (fino). Mas, atualmente a preferência tem sido 
por filtros, como os de Seits que são placas filtrantes de amianto prensado, sendo EK 
clarificantes, e EK1 e EK2 esterilizantes. Os mais modernos são os filtros do sistema 
Milipore, fabricados de celulose modificada existindo uma grande variação em sua 
especificação, podendo também ser clarificantes ou esterilizantes. Estes filtros 
normalmente possuem poros com diâmetros de 0,22 µ e, muitas vezes, utiliza-se pré-
filtro de 0,45 µ. 
Registro ISBN 93.675 
 
41 
 O algodão uma vez seco, serve de filtro para ar e gases, sendo amplamente 
utilizado como rolha em vidrarias tipo tubo de ensaio, frasco de Erlenmeyer, etc. Vale 
ressaltar que nestes casos se usa o algodão hidrófobo, mais difícil de ficar molhado por 
causa de sua oleosidade natural. O algodão só será filtro se estiver seco; em caso de 
ter sido molhado formam-se pequenas fendas nas mechas de algodão permitindo que 
junto com o ar entre o que está em suspensão como bactérias e fungos, entre outros, 
havendo assim a contaminação. 
 Os processos físicos utilizando as radiações não são usados em sua maioria 
para a esterilização de meios de cultura mas, geralmente para os ambientes do 
laboratório de microbiologia. A radiaçãoultravioleta para produzir ação esterilizante 
sobre o microrganismo, necessita de um comprimento de onda curto. Isso começa a ser 
notado sobre os microrganismos em torno de 3.300 Å, aumentando rapidamente à 
medida que diminui o comprimento de onda. Quanto menor o comprimento de onda, 
maior o seu poder esterilizante. Para a radiação agir sobre o microrganismo há 
necessidade dela ser absorvida pelo microrganismo. Esta radiação é indicada para 
esterilização do ar em ambientes e, é utilizada para superfícies inclusive sendo 
encontrada em aparelhos do tipo fluxo laminar (capela de segurança biológica), onde o 
ar, além de passar por um filtro, também pode passar pela radiação ultravioleta. Já as 
radiações ionizantes (raio-X e gama) eliminam o microrganismo pela ionização da água 
que o constitui e, atuação direta em certas estruturas microbianas como o DNA, 
determinando um desequilíbrio letal no sistema celular. O raio gama por deixar pouco 
resíduo de radiação secundária é atualmente utilizado na esterilização de frutas, 
legumes e verduras para exportação. As ondas eletromagnéticas e a radiação 
infravermelha produzem calor nas superfícies onde incidem e, este calor é que 
determina a morte do microrganismo. Em alguns laboratórios já se utiliza o forno de 
microondas para fundir os meios de culturas e, a lâmpada infravermelha é utilizada em 
pequenos fornos para esterilização de instrumentos de metais, como por exemplo os 
utilizados em odontologia. 
 A utilização de processos químicos consiste no tratamento de objetos ou 
ambientes com substâncias químicas líquidas, gasosas, em pó, etc., de forma a 
eliminar todas as formas de vida ou, as formas patogênicas de microrganismos. 
Registro ISBN 93.675 
 
42 
 Define-se desinfetante como toda a substância química capaz de destruir 
microrganismos patogênicos. Podemos citar a água oxigenada, halogênios como o 
cloro e iodo, permanganato de potássio, metais pesados como cobre, formol, óleos 
essenciais (plantas) e uma série de formulações encontradas no comércio, como por 
exemplo a creolina, etc. 
 Algumas condições influenciam a ação de um desinfetante: a temperatura, o pH, 
a natureza do meio e, a resistência própria do microrganismo e grau de contaminação. 
 Para testar o poder germicida de um desinfetante pode-se determinar o seu 
coeficiente fenólico. É um índice tirado de comparações entre o efeito de diluições do 
fenol puro e, diluições do desinfetante sobre o microrganismo. 
 Para a desinfecção de ambientes (ar, solo, etc.) pode ser usada a técnica de 
fumigação que é feita pela liberação de gases, vapores, pulverização, etc. O formol, o 
tiabendazole e outros compostos, uma vez aquecidos ou aspergidos, emitem vapores 
ou partículas em suspensão que atuarão sobre os microrganismos no ambiente tratado. 
 O ozônio age por oxidação e é usado atualmente em aparelhos, visando a 
esterilização da água. 
 O óxido de etileno e óxido de propileno podem ser usados para a esterilização de 
seringas e agulhas descartáveis; em algumas firmas, utiliza-se a radiação gama. 
 Os agentes físicos e químicos vão agir sobre o microrganismo, em suas 
estruturas essenciais, como proteínas, material genético, parede celular, etc. Alguns 
dos efeitos são: Coagulação protéica: calor, luz, formol, ácido fênico, álcool, 
clorexidina; Oxidação protéica: água oxigenada, iodo, cloro, permanganatos, fogo; 
Inativação de enzimas: ácidos e bases fortes. Interferência na troca de íons, 
paralisando o metabolismo: detergentes e corantes. DNA e RNA: vários. 
Dizemos que uma substância é germistática, quando atua em um determinado 
ponto do microrganismo, impedindo o seu desenvolvimento, sua multiplicação; e 
germicida, quando atua diretamente nas estruturas do microrganismo, levando-o à 
morte. 
 
 
 
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43 
NOÇÕES DE CRESCIMENTO MICROBIANO 
 
 
 
Introdução 
 
É preciso diferenciar o que significa crescimento de microrganismos 
multicelulares e microrganismos unicelulares. Nos organismos multicelulares ou 
pluricelulares, o crescimento implica no aumento do tamanho do indivíduo. Ou seja, o 
crescimento é uma conseqüência da multiplicação de células. De certo modo, podemos 
dizer que é semelhante ao crescimento de vários organismos superiores. Assim, por 
exemplo nos fungos pluricelulares, as hifas aumentam de tamanho, ramificam-se e dão 
origem a várias estruturas de reprodução após a multiplicação de suas células. Nos 
organismos unicelulares, no entanto, a multiplicação do número de células irá conduzir 
apenas a um aumento da população destas células, já que cada célula é um indivíduo. 
Assim, o crescimento bacteriano, por exemplo, significa um aumento da população de 
células de bactérias (cada bactéria = 1 célula). 
Temos o costume de nos referirmos à morte de indivíduos, quando verificamos 
que funções fisiológicas cessam. Nos microrganismos unicelulares, algumas atividades 
biológicas celulares podem apenas ficar suspensas por determinados períodos de 
tempo, sem que a morte tenha ocorrido. Por exemplo, a formação de esporos (formas 
de resistência de bactérias) implica na interrupção da reprodução. Porém, é fato que a 
célula ainda detém a capacidade reprodutiva. Apenas está impedida de fazê-la. 
Existem métodos de conservação de microrganismos que prevêem o seu congelamento 
por longos períodos ou a imersão das colônias em óleo mineral estéril. No primeiro 
caso, todas as propriedades fisiológicas usuais são perdidas, mas o microrganismo 
manterá a capacidade reprodutiva e, para que tal ocorra, basta que sofra 
descongelamento brando e semeadura em substrato adequado. No segundo caso, as 
funções metabólicas são reduzidas a tal ponto de permitir que o microrganismo possa 
ser mantido por vários anos naquele estado. No entanto, uma vez retirado e semeado 
novamente em substrato adequado, irá multiplicar-se normalmente. Consideram-se 
vivos, então, aqueles microrganismos que mantém a capacidade reprodutiva e mortos 
Registro ISBN 93.675 
 
44 
aqueles que perdem a capacidade de reprodução, denominando-se aos primeiros o 
termo "viável" e aos últimos a denominação "inviáveis". 
 
Métodos para determinar o crescimento 
 
Existem vários métodos que podem ser empregados para verificarmos se uma 
cultura microbiana encontra-se em crescimento e mesmo para determinar a taxa deste 
crescimento. Ente os métodos, pode-se citar : determinação do peso seco do material 
celular, pesquisa de constituintes elementares, determinação do poder catalítico da 
substância viva, contagem do número de indivíduos presentes na população 
(contagem total de células) , turbidimetria e contagem viável de células. 
 
Determinação do peso seco 
 
Este método consiste na verificação do peso de colônias em intervalos pré 
determinados para verificar se está ocorrendo aumento do mesmo e 
conseqüentemente, se está ocorrendo crescimento. Aplica-se mais a microrganismos 
cultivados em meio de cultivo líquido e principalmente para fungos filamentosos. No 
entanto pode também ser aplicado a microrganismos unicelulares. Fato importante é 
que este método somente é possível de ser aplicado em amostragens de crescimento, 
uma vez que os microrganismos constituintes das colônias submetidas à determinação 
de seu peso seco morrem. Um exemplo que ilustra bem este tipo de trabalho seria uma 
bateria composta por 100 frascos de Erlenmeyer com exatamente 200 mL de meio 
Sabouraud dextrose líquido e que tenham recebido, todos, um inóculo de igual tamanho 
de Aspergillus niger. Se estes cultivos forem submetidos às mesmas condições, 
inclusive de temperatura, será fácil entendermos que, sendo também igual o inóculo em 
todos os frascos, as colônias crescerão a uma mesma velocidade e de igual modo. 
Desta forma, a cada dia, poderemos escolher aleatoriamente um dos frascos, separar 
por filtração a colônia do meio líquido e pesá-la várias vezes, intercalando

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