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APOSTILA__TEMA_02__TEORIA_E_PRATICA_CIENTIFICA

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Prévia do material em texto

Pesquisa e conhecimento 9 
 
 
Pesquisa e conhecimento 
O que você entende por pesquisa? E por pesquisa científica? Em que 
momento ou contexto da sua vida cotidiana você percebe que faz uso de 
pesquisas científicas? Como você diferenciaria informações de conheci- 
mento? Já parou para pensar como se dá o processo de construção de 
conhecimentos? 
Especialmente durante a Pandemia de Covid-19, as pesquisas e os 
seus procedimentos de produção de conhecimento científico ficaram em 
evidência, no que se refere a protocolos de validação dos processos no 
combate ao vírus ou na produção de vacinas. 
Nunca estivemos tão ávidos por conhecer como se produz e como se 
valida cientificamente uma vacina, por exemplo. Passamos a nos importar 
até com questões que eram antes irrelevantes, como marcas, armazena- 
mento, validade, eficácia, entre outras. 
O termo científico passou a ser sinônimo de credibilidade – diríamos 
até sinônimo da palavra verdade; se é científico é fiável, ou seja, tem 
confiança. Mas será mesmo que todo conhecimento precisa ser científico 
ou, para ser confiável, é só dizer que é científico? A questão que nos im- 
porta é: de que forma é produzido o conhecimento científico? Por quem é 
produzido? Como é validado cientificamente? 
Neste capítulo, o objetivo é levar à compreensão do que é pesquisa 
científica, conhecendo, assim, o processo de construção do conhecimen- to 
científico, bem como de que maneira ocorre a sua validação, concei- 
tuando ciência e identificando a importância das pesquisas científicas em 
nosso cotidiano. 
Também objetivamos diferenciar tanto a pesquisa científica de outras 
formas de pesquisa e de levantamento de dados quanto os conheci- 
mentos, os saberes e as informações, além de outras questões e outros 
aspectos/pontos produzidos em nosso cotidiano. 
Pesquisa e conhecimento 10 
1.1 O 
 Vídeo Podemos iniciar esta conversa pensando no simples ato de fazer 
uma pesquisa ou uma investigação. Por que ou para que você pesqui- 
sa sobre algo? É, por exemplo, para comparar preços? Você pesquisa 
características de determinados objetos ou produtos que deseja adqui- 
rir? Em síntese, você pesquisa para saber sobre algo, certo? 
Então, como podemos diferenciar uma pesquisa comum de uma 
• Entender o conceito de 
ciência. 
• Diferenciar informação 
de conhecimento. 
• Compreender o que é 
pesquisa científica. 
• Conhecer o que faz um 
cientista. 
 
pesquisa científica? O que vem a ser a pesquisa científica? 
Por definição, pesquisa científica 
 
“deve ser entendida tanto como procedimento de fabricação do conhecimento, quanto 
como procedimento de aprendizagem (princípio científico e educati- vo), sendo parte 
integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento” (DEMO, 2000, p. 20). 
 
Minayo (2007, p. 47) ressalta que: 
 
“A pesquisa é uma atividade básica das Ciências na sua indagação e construção da 
realidade. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, 
fazendo uma combinação particular entre teoria e dados, pensamento e ação”. 
 
 
 Vídeo 
No vídeo Conteúdo e 
conhecimento, publicado 
pelo canal Sabedoria do 
Conhecimento, Mario 
Sergio Cortella fala sobre 
informação, conteúdo e 
conhecimento. Segundo o 
filósofo, há muita informa- 
ção e pouco conheci- 
mento, e não se pode 
confundir os dois. Vale 
a pena conferir e refletir 
sobre o assunto! 
Disponível em: https://www.you- 
tube.com/watch?v=SargvlQPWNk. 
Acesso em: 3 nov. 2021. 
Você já parou para pensar nesse processo reconstrutivo e nas di- 
ferenças entre os tipos de conhecimentos e entre conhecimento e 
informação? Por ora, temos que entender essa diferença. 
Em uma pesquisa, é comum procurarmos por diversas informações 
sobre um mesmo tema e, depois, selecionarmos as que são relevantes. 
O que se esquece facilmente é a informação, e o que se torna inesque- 
cível é o conhecimento. Informações são cumulativas, diversas e fáceis 
de encontrar. Já o conhecimento é seletivo, é o que fica em nós quando 
acabamos uma pesquisa. Em outros termos, em uma pesquisa cientí- 
fica, mais do que sistematizar informações, procura-se reconstruir ou 
produzir novos conhecimentos. 
Nesse sentido, é importante a compreensão de que informação e 
 conhecimento são temas distintos, já que esse último tem finalidades 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=SargvlQPWNk
https://www.youtube.com/watch?v=SargvlQPWNk
Pesquisa e conhecimento 11 
sociais e é produzido para a socialização e a coletividade. A produção 
de conhecimento requer essa validação social; por isso, na evolução 
da busca por conhecimentos, para as explicações de como as coisas 
funcionam e para as descobertas que podem melhorar as ações huma- 
nas, há uma necessidade de organização desses conhecimentos, isto é, 
dessas formas de validação. Há, também, a necessidade de os reconhe- 
cer, até que novas descobertas possam refutá-los ou validá-los – a todo 
esse processo se deu o nome de ciência. 
Se formos procurar a definição do termo ciência, podemos encon- 
trar suas origens no termo episteme, que significa aprender ou conhecer. 
Assim, fazer ciência significa aprofundar o conhecimento sobre deter- 
minado tema e buscar respostas de maneira criteriosa (PRODANOV; 
FREITAS, 2013). De acordo com Morin (2015, p. 15), “a ciência é, por- 
tanto, elucidativa (resolve enigmas, dissipa mistérios); enriquecedora 
(permite satisfazer necessidades sociais e, assim, desabrochar a civili- 
zação); é, de fato, e justamente, conquistadora, triunfante”. Porém, ad- 
verte o autor: “uma ciência empírica privada de reflexão e uma filosofia 
puramente especulativa são insuficientes [...] ciência sem consciência é 
apenas a ruína do homem, da alma”. 
No decorrer da história, a procura por conhecimentos e a curiosi- 
dade sempre moveram o espírito humano em busca de novas desco- 
bertas. Porém, a ideia de conhecimento complexo, sistematizado, 
organizado e cientificamente validado ainda é bastante recente na 
história da humanidade. 
Ao analisarmos por essa perspectiva, podemos fazer duas analogias: 
 Livro 
 
Para aprofundar e 
entender a ideia de ciên- 
cia na atualidade, ligada 
ao conceito de pensamen- 
to complexo, o qual tem 
influenciado várias áreas 
do conhecimento, vale 
a pena conhecer a obra 
Ciência com Consciência, de 
Edgard Morin. 
MORIN, E. Rio de Janeiro: Bertrand 
Brasil, 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
Desde o nascimento, o ser humano vai experimentando e desco- 
brindo o mundo de modo bastante incipiente, pela percepção, pelas 
sensações, pelo tato e pela experimentação. À medida que o indivíduo 
cresce, a curiosidade também aumenta; então, ele vai em busca de no- 
vas descobertas, ampliando, aprendendo e descobrindo o mundo. 
 
Fazer um paralelo com o desenvolvimento da ciência na história 
da humanidade. 
 
 
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Pesquisa e conhecimento 12 
No decorrer da história da humanidade, a ciência também 
percorreu um processo evolutivo frente às necessidades e descobertas 
importantes, a saber: 
Figura 1 
Principais acontecimentos evolutivos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fonte: Elaborada pela autora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Invenção da escrita 
 
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Em todas essas ações, mesmo que de maneira rudimentar, esta- 
vam presentes a busca por soluções e o desenvolvimento de conheci- 
mentos, ainda que para resolver situações do dia a dia. Contudo, por 
meio das demandas cotidianas, é possível perceber grandes saltos 
com relação à produção de conhecimentos que podem revolucionar 
determinada época ou período. 
Entretanto, nem sempre é possível demarcar a produção de conhe- 
cimentos sistematizados tal qual conhecemos hoje e como são valida- 
dos pela ciência atualmente. 
Sea ciência é uma forma de produzir conhecimento, devemos 
pensar no sujeito que produz esse conhecimento: o cientista. 
Quem é o cientista? O que ele faz? 
O cientista deve ser visto como um pesquisador, um sujeito ativo 
que faz a pesquisa e aplica seu procedimento, isto é, aplica uma meto- 
dologia sistemática para obter o conhecimento relativo à área de seu 
estudo, confirmando ou produzindo um conhecimento científico. 
A principal função do cientista é realizar pesquisas para obter uma 
interpretação complexa da realidade ou dos objetos pesquisados. Assim, 
é a metodologia da pesquisa científica que oferece a possibilidade de 
proporcionar uma análise mais detalhada de certa problemática e o 
entendimento do mundo por meio da construção do conhecimento. 
Para você, por que é preciso entender sobre o que é e como se faz 
ciência? Será que você é um cientista também? 
Se você está aqui, estudando esse conteúdo, é bem provável que 
precise entendê-lo melhor para realizar uma pesquisa científica, que 
pode ser: 
• um trabalho de conclusão de curso (TCC); 
• uma monografia ou um artigo de pós-graduação; 
• uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado. 
Esses estudos servem como resultado da produção dos co- 
nhecimentos adquiridos durante a graduação ou a especiali- 
zação de um curso sobre determinado assunto. 
Por mais que pareçam distantes da ideia de ser 
cientista, esses trabalhos são considerados científicos, 
 Saiba mais 
A evolução do conheci- 
mento é uma preocu- 
pação existente desde a 
Antiguidade. Um exemplo 
é o texto “Mito da ca- 
verna”, presente na obra 
A República, de Platão. 
Nele, o filósofo grego faz 
importantes analogias, 
discutindo sobre como 
é viver sem aquilo que 
o conhecimento nos 
proporciona e como 
este molda a nossa visão 
de mundo. 
O texto de Platão aborda 
as formas de se pensar 
a produção do conhe- 
cimento humano e do 
viver sem conhecimento 
atrelado à escravidão, 
trazendo uma analogia da 
luz e escuridão sobre o 
saber e o não saber. 
Para ler o “Mito da ca- 
verna” na íntegra, acesse 
o link a seguir. 
Disponível em: http://www.usp.br/ 
nce/wcp/arq/textos/203.pdf. Acesso 
em: 3 nov. 2021. 
 
 
 
Pesquisa e conhecimento 13 
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http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/203.pdf
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/203.pdf
 
pois têm métodos para serem realizados e precisam seguir orientações 
previstas pelas instituições, por isso a necessidade de entender e co- 
nhecer a metodologia da pesquisa científica. 
1.2 Ciência e outras formas de conhecimento 
 Vídeo 
 
 
 
 Objetivos de aprendizagem 
• Diferenciar a pesquisa 
científica de outras 
formas de pesquisa, 
levantamento de 
dados e produção 
de conhecimento. 
• Diferenciar o conhe- 
cimento científico 
de outras formas de 
conhecimento, crenças 
e ideologias. 
Agora que você já entendeu o que é pesquisa científica e percebeu 
que a ciência é uma forma de conhecimento presente em nosso coti- 
diano, vamos pensar sobre o que diferencia a ciência de outros tipos de 
produção de conhecimento. Iremos, então, falar sobre o conhecimento 
científico e as diferentes formas de conhecimento. 
Inicialmente, vale a pena diferenciar os conceitos de saber e de 
conhecimento, pois esses termos são utilizados como sinônimos em 
alguns contextos. A poetisa Cora Coralina (apud DENÓFRIO, 2004, p. 54), 
eternizou essa definição em seus versos: 
 
“O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida 
e com os humildes”. 
 
 
Com base na ideia de que o conjunto de saberes – que é bem 
maior do que simplesmente conhecer – leva à sabedoria, é possível 
deduzir que essa deriva dos saberes. Já o conhecimento pode ser en- 
tendido como aquilo que se conhece, que se aprende. As principais 
características dos saberes e do conhecimento são apresentadas na 
figura a seguir. 
Figura 2 
Saberes e conhecimento: principais diferenças 
 
Saberes 
• Estão à nossa disposição. 
• São múltiplos, amplos, diversos. 
• São indissociáveis e vivos em suas 
relações com outros saberes. 
Conhecimento 
• É produzido sistematicamente. 
• É estático. 
• Pode ser controlado. 
 
Fonte: Elaborada pela autora. 
Dentro do grupo dos saberes, temos os chamados saberes populares, 
que são aqueles que todo mundo sabe, e exatamente por isso são 
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considerados populares – sabe-se porquê sabe, não há necessidade de 
explicações elaboradas ou de comprovações científicas. 
É bem provável que você já tenha ouvido falar dos saberes po- 
pulares ou do saber de senso comum. Também conhecidos como 
conhecimento popular ou conhecimento tácito, são aqueles saberes e co- 
nhecimentos comuns, oriundos do dia a dia pelas experiências acumu- 
ladas por determinado grupo social. Esses saberes ganham status de 
comuns ou normais, pois não há necessidade de quaisquer comprova- 
ções ou verificações de padrões ou análise científica. Eles acontecem 
naturalmente, mas podem se assemelhar ou se diferenciar enorme- 
mente a depender da cultura, das comunidades e da diversidade, já 
que se trata de um saber espontâneo. 
Por derivarem das experiências espontâneas, os saberes popula- 
res têm bases na intuição, nas crenças, nas tradições, na mitologia e 
nas histórias de tradições orais. São adquiridos basicamente por expe- 
riências pessoais; de modo geral, podem passar de geração em geração 
pelas vias de tradição oral, nos modos de se fazer ou de se conhecer. Às 
vezes, ganham status de verdades absolutas ou conhecimentos verda- 
deiros exatamente pelo caráter geracional (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). 
O interessante é que, justamente por não adotarem métodos ri- 
gorosos ou científicos, os saberes populares ou de senso comum não 
seguem as mesmas regras, por isso não passam pelas mesmas vias 
de validação, como as metodologias científicas. Basta crer, acreditar 
e entender que é assim porque é; não precisa de muitas explicações. 
Você poderia se perguntar: qual é a importância desses saberes? 
Diríamos que pode ser tão importante quanto a própria ideia de 
ciência. Basta analisar a importância das crenças 
e religiões para o mundo civilizado, além 
da importância dos saberes indíge- 
nas, por exemplo, ou dos chás me- 
dicinais e das terapias alternativas, 
que, mesmo não seguindo o cami- 
nho e as comprovações da ciên- 
cia, não podem ser descartados 
ou tidos como sem importância 
em determinadas comunidades 
ou contextos sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os saberes populares são 
conhecimentos obtidos por meio da 
prática e fazem parte da cultura de 
determinado local/grupo. Chás 
medicinais, artesanatos, histórias 
passadas de geração em geração e 
culinária são alguns exemplos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pesquisa e conhecimento 15 
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 Livro 
Na história da humanidade, nem sempre a ciência foi tal qual se 
apresenta hoje. A ciência atual deriva da história das ciências ou das 
formas de se fazer ciência, isto é, da organização do conhecimento 
(THOMÁZ; BARBOSA, 2021). O renomado autor brasileiro Rubem Alves 
(2007) classifica os conhecimentos produzidos ao longo da história da 
humanidade em filosóficos, teológicos ou religiosos, empíricos (popu- 
lares ou do senso comum) e científicos, os quais estão sistematizados 
no quadro a seguir. 
Quadro 1 
Tipos de conhecimento 
 
 
 
No livro Ciência e 
existência: problemas 
 
científica, o importante 
filósofo brasileiro Álvaro 
Viera Pinto aborda a 
 
social da ciência aliada 
à existência humana, à 
busca pelas descobertas 
e às problemáticas sociais 
decorrentes da busca 
por fazer ciência. Vale a 
pena conhecer! 
PINTO, Á. V. 3. ed. Rio de Janeiro:Paz 
e Terra, 1985. 
 Fonte: Elaborado pela autora com base em Alves, 2007. 
filosóficos da pesquisa 
ideia de construção 
 
Categoria/tipo 
de conhecimento 
 
Base epistemológica 
 
Exemplo 
 
Conhecimento 
filosófico 
É produzido por meio da reflexão, é 
sistemático e crítico e busca um co- 
nhecimento racional. Sua construção 
se baseia em ideias e conceitos metafí- 
sicos e abstratos, na busca da verdade. 
 
“A finalidade essencial 
da razão humana é a 
felicidade universal”. 
 
 
 
Conhecimento 
teológico ou 
religioso 
É gerado por meio de crenças, com 
base na fé religiosa e em dogmas 
intuitivos e divinamente revelados. 
O ser humano se relaciona com eles 
pelas crenças, pelos rituais e pelos 
textos considerados sagrados. São ti- 
dos como conhecimentos inquestioná- 
veis e infalíveis e que obviamente não 
precisam seguir os padrões científicos, 
pois se baseiam na fé e na crença. 
 
 
 
“Bem-aventurados os 
que choram, porque 
Deus os consolará”. 
 
Conhecimento 
empírico (popular 
ou do senso 
comum) 
É aquele conhecimento produzido no 
dia a dia, ligado a tradições, crenças 
ou valores. Baseia-se em percepções 
e observações. Não há necessidade de 
comprovação sistemática ou científica. 
Por esse motivo, é um tipo de conheci- 
mento superficial e subjetivo. 
 
 
“Chá de camomila é 
bom para acalmar 
os nervos”. 
 
 
Conhecimento 
científico 
É tido como o conhecimento verda- 
deiro, que busca conhecer as causas e 
as leis que regem determinado evento. 
É adquirido de modo racional por meio 
de processos que são sistematizados 
e organizados. 
 
“A temperatura média 
do universo diminui 
à medida que o uni- 
verso se expande”. 
 
 
Na comparação entre os diferentes tipos de conhecimentos, pode- 
mos concluir que o conhecimento filosófico busca descobrir aspectos 
relacionados ao sentido primordial da existência humana ou de uma 
realidade. Procura-se descobrir se há ou não liberdade, por exemplo, 
ou quais valores devem direcionar as ações humanas, entre outros 
conteúdos dessa natureza (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). 
Mario Sergio Cortella, Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé, Clóvis de 
Barros Filho são exemplos de pensadores contemporâneos que ga- 
nharam notoriedade no contexto brasileiro graças às mídias sociais e 
ao trabalho de filósofos reconhecidos. Também é possível citar outros 
filósofos que popularizam discussões até então só realizadas em esco- 
las, universidades e contextos educacionais. 
Já o conhecimento teológico ou religioso é aquele que tem por base 
a inspiração divina, um deus ou um ser supremo, a depender da cultu- 
ra de cada povo (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). São exemplos os cultos e 
as missas dominicais, as escrituras sagradas e as várias formas de ma- 
nifestações e tradições religiosas de determinados grupos religiosos. 
Nas mídias sociais, o Padre Fábio de Melo, o Pastor Cláudio Duarte e a 
Monja Coen são campeões de interação com seus públicos. 
Sobre o conhecimento empírico ou de senso comum, podemos 
pensar em todo conhecimento que se faz presente em nosso dia a dia. 
Esses conhecimentos, tidos como populares, têm forte base nas tradi- 
ções orais, na mitologia e nas histórias passadas de geração em gera- 
ção. São exemplos a contação de causos e histórias, as benzedeiras e 
os usos de chás medicinais, algumas técnicas de agricultura e, ainda, os 
modos de preparação de alimentos, principalmente aqueles ligados às 
tradições de certas culturas (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). 
Por fim, sobre o conhecimento científico, o qual trataremos ao lon- 
go deste capítulo, é aquele produzido de maneira sistemática, e esse 
processo nunca é considerado algo pronto e acabado, pois pode sem- 
pre ser questionado e reavaliado. Em outras palavras, é um pro- 
cesso em constante construção (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). 
São exemplos os bancos de dados de artigos e periódi- 
cos de revistas de pesquisas científicas das mais diversas 
áreas – locais em que o conhecimento científico é sociali- 
zado. Para ser publicado em revistas de divulgação cien- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Curiosidade 
Um dos filósofos 
brasileiros que fez 
uma reflexão entre os 
conhecimentos filosóficos 
e científicos foi Álvaro 
Viera Pinto, que aborda, 
em seus escritos, a 
ideia de construção 
social da ciência aliada 
à existência humana. 
Para conhecer e saber 
mais sobre os trabalhos 
desse importante cientista 
brasileiro, vale a pena vi- 
sitar o site que condensa 
boa parte de suas 
obras e a importância 
de seu pensamento 
científico na construção 
do conhecimento no 
contexto brasileiro. 
Disponível em: http://www. 
alvarovieirapinto.org/livros/. Acesso 
em: 3 nov. 2021. 
 
 
 
Pesquisa e conhecimento 17 
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http://www.alvarovieirapinto.org/livros/
http://www.alvarovieirapinto.org/livros/
Pesquisa e conhecimento 18 
 
 
 
 
1.3 
 Vídeo 
 
 Objetivos de aprendizagem 
• Conhecer o processo 
de produção de 
conhecimento. 
• Entender os processos 
de validação do conheci- 
mento científico. 
tífica, em geral, o estudo é avaliado em pares e às cegas (sem saber 
quem é o autor), sendo revisado e validado por um conselho editorial 
científico. Bancos de dados como Scielo (Scientific Electronic Library 
Online), Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior) e Google Acadêmico são alguns exemplos. 
Ao abordar as diferentes formas de conhecimento, podemos 
compreender que todas têm sua importância. Apesar de validarmos o 
conhecimento científico como verdadeiro, podemos observar, ao longo 
da história da ciência, que alguns conhecimentos têm suas origens em 
outras formas e manifestações e que, de certo modo, todos eles têm a 
sua importância. 
 
A construção do conhecimento científico tem um processo dife- 
renciado das outras formas de produção de conhecimento. Para ser 
considerado científico, é preciso que siga alguns parâmetros consi- 
derados válidos; ou seja, basicamente, ele precisa seguir um método, 
uma metodologia. 
Por método, entende-se o modo de se fazer algo e um caminho para 
o conhecimento, pois, no método, é levado em conta o passo a passo a 
ser percorrido na busca por certa explicação ou resposta. Trata-se, ainda, 
dos instrumentos ou das técnicas utilizadas na busca e no tratamento 
 dessas informações para convertê-las em um conhecimento científico. 
Na etimologia da palavra metodologia, que vem do grego methodus 
e significa “através, ao longo do caminho”, tem-se: meta = através; 
odos = caminho; logos = discurso, estudo – ou seja, é um caminho a ser 
percorrido. O método é, então, o conjunto de etapas necessárias para res- 
ponder a um objetivo proposto (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). 
Em nosso dia a dia, temos vários empregos de métodos, por exem- 
plo, de se vestir, de preparar certos alimentos ou de podar plantas. 
Essas são ações simples, mas que, se não forem seguidas em um passo 
a passo, podem resultar em situações diferentes da proposta. Como 
o método é um passo a passo, não se pode alterar a ordem, pois isso 
implicaria um resultado diferente do previsto. 
 
Pesquisa e conhecimento 19 
Assim, quando falamos de cientificidade, podemos dizer que, ao fa- 
zer ciência, somos guiados por pelo menos duas dimensões: 
Figura 3 
Dimensões da cientificidade 
 
Dimensão epistemológica 
“A ciência como episteme, que 
significa origem do conhecimento, 
tem a função de explicar o 
mundo e criar teorias”. 
Dimensão metodológica 
“Essa dimensão trabalha com os 
aspectos operacionais, ou seja, 
diz respeito aos procedimentos 
para garantir que a investigação 
seja científica”. 
 
Fonte: Elaborada pela autora com base em Rauen, 2018, p. 25. 
Diante da epistemologia, temos alguns quadros teóricos, dentre 
os vários e possíveis referenciais dos quais os pesquisadores podem 
se valer como fundamentos. Esses quadros teóricos servem comopano de fundo para que o pesquisador vincule a sua pesquisa a essas 
linhas de pensamento. 
As variadas visões de mundo e de realidade determinam os dife- 
rentes métodos de se conduzir um estudo. Existe uma diversidade de 
métodos que podem ser organizados com base em várias abordagens 
teórico-metodológicas. 
Apresentamos, a seguir, alguns dos principais quadros teóricos, 
seus fundamentos e seus principais representantes. 
Quadro 2 
Fundamentos e representantes 
 
Quadro teórico Fundamentos Representantes 
 
Positivismo 
• Ápice do empirismo. 
• Ênfase na experimentação. 
• Apelo à validação e à verificação. 
• Parte da observação e da descrição. 
• Francis Bacon 
• John Locke 
• David Hume 
• Auguste Comte 
 
 
Estruturalismo 
• Preocupa-se com as estruturas dentro de um sistema. 
• Estuda as relações dentro desse sistema. 
• Propõe modelos de representação de variáveis e de tipo. 
• Busca a interpretação dos significados das coisas. 
• Estuda as partes para compreender o todo. 
 
• Lévi-Strauss 
• Max Weber 
 
Sistêmico ou 
funcionalista 
• Difere-se do estruturalismo, pois a ideia de sistema aqui é consti- 
tuída de um todo que é superior às partes que o compõem. 
• Pressupõe que cada parte do todo desempenha uma função; 
dessa forma, a soma dessas partes é superior ao todo. 
 
• Émile Durkheim 
• Talcott Parson 
(Continua) 
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Pesquisa e conhecimento 20 
Quadro teórico Fundamentos Representantes 
 
Materialismo histórico 
dialético 
• Tem base na realidade concreta e se preocupa com a supera- 
ção das contradições dos argumentos oponentes. 
• Possui três elementos e movimentos dos contrários: a tese, a 
antítese e a síntese. 
• Georg W. Friedrich 
Hegel 
• Karl Marx 
 
Fenomenologia 
• Busca a essência do que se pesquisa. 
• Define que o fenômeno é aquilo que se mostra em si mesmo; 
dessa forma, pode ser observado, examinado e explicado so- 
bre vários pontos de vista. 
 
• Edmund Husserl 
 
Etnometodologia 
• Pressupõe o contato direto com o dado, as pessoas, o 
fenômeno etc. 
• Precisa vivenciar essa realidade para entendê-la. 
 
• Harold Garfinkel 
Fonte: Elaborado pela autora com base em Habermas, 2014. 
 
No debate sobre o fazer ciência na modernidade, Habermas (1983) 
estabelece outra classificação, a qual dividiu em três grandes vertentes: 
Figura 4 
Abordagens da cientificidade 
 
 
 
 
De maneira genérica, dentro das mais diversas vertentes e correntes 
filosóficas de abordagens de pesquisa, se vinculam os métodos que se 
propõem a explicar como se processa o conhecimento da realidade e 
como proceder para atingir o conhecimento. 
No que se refere às abordagens, em geral, estudam-se métodos de 
abordagem e métodos de procedimentos. Vejamos suas características 
a seguir. 
 
A abordagem histórico-hermenêutica ou fenomenológica, 
em que o conhecimento não está só no objeto a ser conhecido, 
mas também no pesquisador que o investiga; assim, deve-se 
verificar a relação entre esse sujeito e o objeto de conhecimento. 
 
dado/objeto a ser conhecido. 
 
vista ou da visão de mundo do pesquisador em relação ao objeto a 
ser conhecido em determinado contexto cultural, histórico e social. 
Para o autor, toda produção científica está relacionada a uma visão 
e às formas de organizar e conhecer o mundo. 
Pesquisa e conhecimento 21 
 
1.3.1 Métodos de abordagem 
Os métodos de abordagem basicamente dizem respeito ao cami- 
nho mais amplo a ser perseguido em uma investigação, estando rela- 
cionado ao objetivo geral da pesquisa. 
São classificados em: 
• dedutivo; 
• indutivo; 
• hipotético-dedutivo. 
Seguindo a evolução histórica dos métodos, desencadeia-se nos pa- 
radigmas emergentes a crise de paradigmas. As principais característi- 
cas desses métodos estão descritas no quadro a seguir. 
Quadro 3 
Métodos de abordagem 
 
 
Dedutivo Indutivo 
 
Histórico 
 
• Foi sistematizado por Francis Bacon. 
• Método defendido pelos filósofos René 
Descartes, Baruch Spinoza e Gottfried 
Leibniz. 
 
 
Características 
• Parte-se da ideia do todo para as partes. 
• Premissa geral, maior para a menor. 
• Foi muito utilizado nas ciências duras 
da matemática e da física, devido à 
presença das suas leis e teorias com 
força equivalente. 
 
• Partes para o todo. 
• Premissa menor para a maior. 
• Parte das particularidades para a generali- 
zação; divide-se em três etapas: observação, 
relação e generalização. 
 
Exemplo 
• Todo homem é mortal (ideia universal). 
• Pedro é homem (parte menor), logo Pedro 
é mortal (conclusão). 
• Pedro é mortal, Antônio é mortal, José 
é mortal. 
• Ora, Pedro, Antônio e José são homens. 
• Logo, (todos) os homens são mortais. 
Fonte: Elaborado pela autora. 
No avanço do conhecimento científico, outro importante marco 
pode ser sistematizado, com a superação dos métodos indutivo e de- 
dutivo. Assim, Karl Popper (1978) propôs um novo modelo, como uma 
abordagem necessária a ser enfrentada, ressaltando que o que deve 
ser testado não é a possibilidade de verificação, mas sim a de refutação 
de uma hipótese, de modo a alterar o modelo dedutivo para um mode- 
lo hipotético-dedutivo, que se baseia na falseabilidade, modificando, 
assim, as noções de método e de teoria até então utilizadas. 
https://blog.mettzer.com/diferenca-entre-objetivo-geral-e-objetivo-especifico/
Pesquisa e conhecimento 22 
 1 
No princípio de falseabili- 
dade, a comprovação, que 
até então era dirigida para 
verificar se a teoria era 
verdadeira (princípio de 
verificabilidade), com base 
no que é proposto por 
Popper, passa a ser diri- 
gida para comprovação 
de hipóteses. Para essa 
proposição, as hipóteses 
podem ser consideradas 
verdadeiras ou falsas, 
redimensionando os estu- 
dos não só com base na 
sua verificabilidade, mas 
também na sua refutabi- 
lidade, ou seja, também é 
possível comprovar que 
há hipóteses falsas. 
O método hipotético-dedutivo é baseado em uma crítica ao mo- 
delo indutivo. Esse método se dá com uma lacuna no conhecimento 
científico, o que propicia a formulação de hipóteses por um proces- 
so de inferência dedutiva. Sua linha de raciocínio pode ser apresen- tada 
da seguinte maneira: 
quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assun- 
to são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o 
problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no pro- 
blema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses 
formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testa- 
das ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as consequências 
deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se pro- 
cura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético- 
-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para 
derrubá-la. (GIL, 2008, p. 12) 
Já no modelo proposto por Thomas Kuhn, essa construção do co- 
nhecimento se baseia na formulação de um paradigma, que signifi- 
ca um modelo, um exemplo ou um padrão a ser seguido. Em suas 
próprias palavras: “uma comunidade científica, ao adquirir um para- 
digma, adquire igualmente um critério para a escolha de problemas que, 
enquanto o paradigma for aceito, poderemos considerar como dotados 
de uma solução possível” (KUHN, 1998, p. 59). 
O modelo de paradigmas é subdividido em dois momentos, 
sendo eles: 
 
 
 
 
 
 
Nesse sentido, existe o debate em torno das crises dos para- 
digmas como um modelo da modernidade, em que tudo parece 
se esvaziar, como afirma Bauman (2021) ao abordar a crise dos 
paradigmas na modernidade líquida. 
1.3.2 Métodos de procedimentos 
A definição dos métodos de procedimentos – diferentemente dos 
de abordagem, que são mais abstratos e gerais – está relacionada aos 
 
Segundo, a ciência, no momento de crise, trabalha pela superação do 
 
 
Primeiro, a ciência trabalha para ampliar ou aprofundar o 
aparato conceitual do paradigma.ar
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Pesquisa e conhecimento 23 
procedimentos técnicos como sendo etapas de uma investigação, por 
isso esses procedimentos podem ser associados aos objetivos especí- 
ficos de um projeto. 
Nessa abordagem, é interessante, quando se refere aos objetivos 
específicos, pensar nos procedimentos (metodológicos) para se atingir 
esses objetivos, como em um passo a passo. 
Com o desenvolver das ciências, os métodos de procedimentos 
mais comuns podem ser sistematizados em: 
• observacional; 
• experimental; 
• comparativo; 
• histórico; 
• estatístico; 
• etnográfico; e 
• clínico. 
A seguir, vemos cada um dos itens mais detalhadamente explicados 
por Thomáz e Barbosa (2021). 
Como o próprio nome diz, refere-se à observação de uma dada 
realidade, podendo ser considerado o primeiro passo ou o mais primi- 
tivo dos métodos de estudos. Geralmente utilizado para descrever uma 
realidade, segue o passo a passo de observações do que será estudado 
e, nesse sentido, difere-se de uma simples observação de senso co- 
mum, pois parte da ideia de uma observação sistematizada. Pode ser 
combinado com outros métodos para análises mais aprofundadas. 
 
Usado por naturalistas desde os primeiros cientistas, intercalava 
as ideias de senso comum com as vertentes religiosas e filosóficas, na 
busca de realizar testes para comprovar cientificamente. A realização 
desse método, como o próprio nome demonstra, baseia-se no experi- 
mento e no controle das variáveis, normalmente comparando os efeitos 
das variáveis às condições e ao tratamento. Para a utilização desse mé- 
todo, é essencial que o pesquisador trace um plano experimental, bem 
como que estejam estabelecidas as condições da experiência e a forma 
como irá se obter as respostas do problema de pesquisa. 
 
 
Pesquisa e conhecimento 24 
 
Consiste em estabelecer parâmetros de comparação, averiguando 
semelhanças e diferenças entre grupos, sociedades, entre outros fato- 
res comparativos. 
Tem como premissa básica a História como ciência e disciplina, 
capaz de explicar estruturas e acontecimentos, podendo versar so- 
bre diversos pontos – culturais, políticos, econômicos, sociais etc. É 
centrado na investigação de acontecimentos, fatos ou instituições do 
passado, com o intuito de verificar a sua influência na sociedade de 
hoje, realizando um retorno às raízes para uma compreensão de sua 
natureza e função. 
Essa abordagem também é conhecida como método crítico ou 
método histórico-crítico, em que um conjunto de procedimentos téc- 
nicos e interdisciplinares é aplicado para gerenciar suas fontes pri- 
márias, investigando eventos pertinentes às sociedades humanas e 
convergindo para uma produção historiográfica. Esse método pode 
ser utilizado junto à abordagem dialética e é bastante usado em 
pesquisas qualitativas. 
Baseia-se em dados quantitativos (da estatística ou da probabilida- 
de) para a explicação dos fatos e fenômenos, utilizando dados numé- 
ricos para interpretar uma problemática ou uma dada realidade. Um 
exemplo disso pode ser encontrado em números e estatísticas, como 
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A utilização do 
método estatístico possibilita medir, quantificar e mensurar a realida- 
de pesquisada. 
 
É uma das abordagens mais utilizadas em estudos longitudinais, 
pois permite ao pesquisador vivenciar uma realidade para tirar suas 
conclusões. Pressupõe o contato direto do pesquisador com o estudo, 
com a realidade, com as pessoas, com o grupo ou com o fenômeno 
observado e estudado. 
 
Método etnográfico 
 
 
Pesquisa e conhecimento 25 
 
Derivado dos procedimentos da ciência da saúde, esse método 
se tornou um dos mais importantes na investigação psicológica, em 
especial depois dos trabalhos de Sigmund Freud e Jean Piaget, que o 
utilizaram em suas investigações. É necessário tomar os devidos cuida- 
dos ao propor generalizações, já que ele parte de experiências, análi- 
ses particulares e individuais, envolvendo experiências subjetivas, por 
meio do emprego do método clínico. 
Em termos de pesquisas científicas, o desenvolvimento dos méto- 
dos seguiu a história evolutiva do desenvolvimento das ciências. Os 
métodos podem ser associados aos diferentes tipos de pesquisas e 
nem sempre um único método poderá ser adotado com total rigorosi- 
dade, pois eles acabam por serem combinados em uma investigação, 
uma vez que um único método pode não dar conta de orientar todos 
os procedimentos a serem desenvolvidos ao longo dela. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Neste capítulo, você organizou as informações e compreendeu a dife- 
rença entre informação e produção de conhecimento. Entendeu, ainda, 
os princípios que regem as pesquisas científicas, diferenciando-as de 
outras formas de pesquisas. 
Você também teve a oportunidade de aprender sobre outras manei- 
ras de produção na evolução do conhecimento científico, percebendo 
que os saberes populares são tão importantes em algumas comunidades 
quanto as outras formas de saberes. 
A finalidade de apresentar brevemente as correntes filosóficas e os 
seus métodos de abordagens e de procedimentos foi possibilitar uma vi- 
são ampla sobre como o processo de construção do conhecimento cien- 
tífico se desenvolve com essas abordagens. 
A metodologia científica é um caminho de estudo a ser percorrido. 
Dessa forma, seu objetivo é orientar o pesquisador sobre qual rumo 
pode tomar para realizar uma investigação, com base em cada um dos 
métodos identificados. 
Além disso, vimos que a ciência é algo bastante vivo, em constante 
interações, e que não permite mais a ideia de verdades exclusivas ou 
absolutas, ou rigidez de um único método, uma única verdade. 
De modo geral, este capítulo possibilitou uma ideia do que é e como 
se faz pesquisa na atualidade, pois a ciência está constantemente sendo 
posta à prova. 
 
Pesquisa e conhecimento 26 
 
 REFERÊNCIAS 
ALVES, R. Filosofia da ciência. 12. ed. São Paulo: Loyola, 2007. 
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2021. 
DEMO, P. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. 
DENÓFRIO, D. F. Cora Coralina. São Paulo: Global Editora, 2004. 
(Coleção Melhores Poemas). GIL, A. C. Métodos e técnicas de 
pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 
HABERMAS, J. Positivismo, pragmatismo, historicismo. In: 
Conhecimento e interesse. São Paulo: Editora Unesp, 2014. 
HABERMAS, J. Técnica e ciência como “ideologia”. In: Textos 
escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1983. 
KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1998. 
MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa 
qualitativa em saúde. 10. ed. São Paulo: Hucitec, 2007. 
MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015. 
POPPER, Karl. Lógica das Ciências Sociais. Brasília: Editora Universidade de 
Brasília, 1978. 
PRODANOV, C. C.; FREITAS, E C. Metodologia do trabalho 
científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho 
acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Universidade Feevale, 2013. 
RAUEN, F. J. Roteiros de investigação científica. Tubarão: UNISUL, 2018. 
THOMÁZ, A. F.; BARBOSA, T. M. N. Pensamento científico. Telesapiens, 
2021. [e-book]. Disponível em: 
https://auxiliar.telesapiens.com.br/pc/ts/1/ebook.php. Acesso em: 
3 nov. 2021. 
 
https://auxiliar.telesapiens.com.br/pc/ts/1/ebook.php

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