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AULA 02


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HISTÓRIA DE ISRAEL 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Roberto Rohregger 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Hoje veremos a saga de Israel, que passou de um amontoado de pessoas 
peregrinando no deserto e se transformou numa nação, implicando uma série de 
sacrifícios e a exigência de uma liderança forte e decidida. 
Seu primeiro grande líder foi Moisés, que manteve uma unidade entre o 
povo e os conduziu à terra prometida por Deus, porém, ele morreu antes de 
adentrá-la. Esse trabalho coube a Josué, que, tímido e com sérias dúvidas sobre 
sua capacidade de conduzir essa empreitada, mostrou-se uma liderança 
confiável e robusta, conseguindo conquistar boa parcela de uma terra que, 
apesar de enfraquecida por uma série de conflitos, ainda tinha várias cidades-
Estado militarmente fortes. 
Após a instalação do povo na terra e a morte de Josué, inicia-se o período 
dos Juízes, que fazem o papel de líderes nos momentos de dificuldade e de 
ataques dos inimigos. Israel manteve-se na terra, porém o povo percebeu que o 
sistema de Juízes não produziu uma unidade entre as tribos para formar uma 
nação, e assim a população esteve em desvantagem em relação aos povos ao 
redor. 
O período da Monarquia consolidou a nação e, apesar das falhas de Saul, 
Israel fortaleceu-se, e com Davi a conquista se consolidou. Salomão, o último 
dos grandes reis, também fortaleceu a nação, edificou o templo, desenvolveu o 
comércio, porém cometeu erros que desestabilizaram a nação e a fragmentou 
novamente. 
TEMA 1 – A CONQUISTA E A TERRA REPARTIDA ENTRE AS TRIBOS 
Como vimos, a saída do Egito iniciou a formação do povo de Israel, que, 
mantendo-se coeso, estabeleceu uma nação. Mas para isso é preciso montar 
um território numa terra que já tinha muitas nações e cidades-Estado. Há uma 
série de desafios nesse momento, sendo um deles a grande inferioridade militar 
em comparação aos povos já estabelecidos da região. 
Temos como principal fonte histórica os relatos das Escrituras sobre a 
conquista da terra prometida, trazendo alguns contrapontos da pesquisa 
histórica, geográfica e textual para compreendermos todo esse momento 
complexo. A autoria do livro tem sido atribuída ao próprio Josué (exceto os textos 
 
 
3 
Js. 15:13-17 e 24:29-31). O livro teria sido escrito pouco tempo depois da 
ocorrência dos fatos, tendo como base Js. 6:25. 
Após a morte de Moisés, a liderança foi passada a Josué. Líder e 
guerreiro, nascido no Egito, seu nome significa “Javé é salvação” (Nm. 13:10). 
Serviu como atendente pessoal de Moisés durante o período no monte Sinai (Ex. 
24:13). 
Josué, o sucessor de Moisés como mediador da aliança, já havia se 
destacado como um homem de sabedoria e um líder militar de 
coragem. Enquanto se posicionava no lado oriental do rio Jordão, 
antecipando-se a conquista da terra, sua mente já possuía toda uma 
estratégia militar preparada. Ele percebeu de forma correta que a terra 
de Canaã dividia-se em duas grandes áreas que representavam dois 
elementos étnicos distintos. Para o sul e na região montanhosa 
estavam as cidades controladas pelos amoritas; para o norte, 
especialmente na planície de Jezreel, estavam as grandes 
concentrações de cananeus. Procedendo de acordo com a 
experimentada estratégia de guerra, Josué sabia que a melhor chance 
para o sucesso baseava-se no princípio “dividir para conquistar”. 
(Merrill, 2001, p. 106) 
Há duas vertentes para a data dos livros. Alguns pesquisadores 
sustentam uma data mais recuada, por volta de 1400 a.C., época da conquista 
de Canaã sob sua liderança. Outra linha apresenta uma data mais recente – por 
volta de 1240 a.C. –, mais difícil de harmonizar, pois a presença dos filisteus 
tinha grande poder na Palestina na época, o que era uma dificuldade muito maior 
para conquistar a terra. 
Na época da conquista de Canaã, possivelmente a maioria das cidades 
estava fragilizada por causa de vários conflitos na região, e isso também 
ocorreria com o império egípcio, que estaria se recuperando do conflito com o 
império hitita, renunciando à sua influência na região. 
Há, porém, uma questão que estudiosos levantam com relação ao Livro 
de Josué e à conquista da terra prometida. Para eles, o livro apresenta uma 
contradição interna que também problematiza o Livro dos Juízes. A primeira 
parte do Livro de Josué, do Capítulo 1 ao 12, apresenta uma conquista 
relativamente rápida e completa de Canaã, porém o próprio livro, no Capítulo 13, 
parece indicar que Josué não conquistou totalmente a região, mas parcialmente, 
condizendo com o Capítulo 1 de Juízes, conforme Bright: 
De acordo com a narração principal (Js cap. 1 a 12) a conquista 
representou um esforço concentrado de todo o Israel e foi repentina, 
sangrenta e completa. Depois da maravilhosa travessia do Jordão e o 
desmoronamento dos muros de Jerico, três campanhas-relâmpago 
pelo centro da região (cc. 7 a 9) dirigindo-se para o sul (c. 10) e para o 
norte (c 11) levou toda a Palestina a submeter-se ao controle israelita 
 
 
4 
(c. 11.16-23). Tendo sido os habitantes massacrados, a terra foi em 
seguida dividida entre as tribos (cc. 13 a 21). Mas juntamente com essa 
narração a Bíblia apresenta outro quadro da ocupação da Palestina, 
que mostra com evidências ter ela sido um processo longo, resultado 
dos clãs individuais e parcialmente completos. Vê-se isso muito bem 
em Jz c. 1, embora algumas passagem de Josué (cc. 13, 2-6; 15, 13-
19; 63; 23, 7-13) mostrem a mesma coisa. Aqui vemos claramente 
como a ocupação israelita da Palestina estava longe de ser realmente 
completa. (1978, p. 165) 
Apesar da pequena divergência, consideraremos, para efeito de nossos 
estudos, o relato apresentado nas Escrituras. 
Tendo isso em vista, podemos dividir o Livro de Josué em três grandes 
partes: 
1. Conquista da terra prometida (Js. 1-12); 
2. Partilha do território entre as tribos (Js. 13-21); 
3. Fim da carreira de Josué (Js. 22-24). 
Temos no início do livro a escolha de um novo líder, pois Moisés morreu 
antes de entrar efetivamente na terra prometida. Josué assumiu a liderança e 
conduziu os hebreus. Além disso, espiões foram enviados para explorar a terra 
de Canaã (em especial Jericó). 
Com a cheia do rio Jordão, os hebreus acamparam por três dias. Um fator 
que auxiliou Josué nas batalhas foram justamente as cheias, que 
impossibilitavam o uso de carros de guerra por parte dos inimigos, o que reduzia 
significativamente a supremacia militar dos oponentes. Na sequência, 
atravessaram o Jordão, e a primeira cidade conquistada foi Jericó. 
As muralhas de Jericó tinham que ruir para que os israelitas pudessem 
avançar na conquista da terra prometida, por ser Jericó a chave do sul 
de Canaã […]. O muro tinha duas partes. A parte exterior tinha dois 
metros de espessura e a interior quatro. Entre ambas as partes havia 
um espaço de quatro a cinco metros. As duas tinham cerca de metros 
de altura. Deveria ser uma estrutura imponente, visível a uma distância 
de vários quilômetros. […] As ruínas pareciam indicar que a muralha 
exterior desmoronou-se para fora e pelo declive abaixo, arrastando a 
muralha interior e as casas. Isso possibilitou aos invasores entrar. 
(Mears, 1982, p. 79) 
A vitória em Jericó foi uma grande conquista para Israel, possibilitando 
sua continuidade na campanha ao sul (Js. 10), conquistando a cidade de Ai após 
uma segunda investida. As conquistas do povo israelita começaram a chamar a 
atenção dos outros povos, que formaram uma aliança para se defender. 
 
 
 
 
5 
Segundo Merrill, 
O fundador e líder da aliança era Jabim, rei de Hazor (Tele d-Quedah) 
– a maior das cidades do norte e possivelmente de toda a Canaã. […] 
Jabim solicitou o apoio dos reis cananeus, amorreus, hititas, ferezeus, 
jebuseus e heveus de ambos os lados do rio Jordão e do Hebron, ao 
norte da região montanhosa de Efraim. Com um numeroso contingente 
de infantaria e carros de combate, essas forças combinadasesperavam pela vinda de Israel às águas de Merom, um campo de 
batalha preparado pela natureza. (2001, p. 117) 
Porém, com um ataque rápido e mortal, Josué abateu as forças inimigas, 
derrotando-as completamente. Quem conseguiu escapar fugiu para o mais longe 
possível dos israelitas. 
Assim Israel começou a se estabelecer na região de Canaã. 
Tecnicamente, apesar das grandes vitórias e conquistas de Josué, os israelitas 
ainda enfrentariam muitas dificuldades para se fixar na terra. Agora, porém, 
aquele aglomerado de pessoas, fugitivos do Egito, tinha conquistado uma terra 
e poderia começar a desenvolver uma nação. Para isso, precisavam construir 
uma estrutura administrativa e governamental. 
TEMA 2 – O GOVERNO TEOCRÁTICO 
Josué distribuiu o território da terra prometida entre as tribos, bem como 
uma lista das principais cidades conquistadas (Js. 12:1-24). Conforme Js 18:1-
7, a comunidade israelita reuniu-se em Siló, onde distribuíram as terras. Na 
cidade de Siquém, Josué reuniu as tribos com seus líderes e renovou a aliança 
dos israelitas com Deus. 
A liderança de Josué foi fundamental para conquistar Canaã, mas estava 
restrita ao período de guerra. Com a divisão das terras, tivemos uma 
confederação de tribos, cada uma com uma liderança específica, e a aliança com 
Deus tornou-se a única união entre todas elas, estabelecendo-se uma teocracia 
não estruturada, pois as tribos deveriam seguir os preceitos estabelecidos e 
herdados de Moisés. O que ligava as tribos era, portanto, uma confederação de 
proteção em caso de ataques à religião comum. 
 
 
 
6 
Figura 1 – Divisão da terra prometida 
 
Crédito: João Miguel, 2021. 
Essa organização persistiu por muito tempo. Sempre que necessário, 
levantava-se o líder de uma tribo para conduzir as demais tribos. Podemos 
considerar esse período uma teocracia? De certa maneira, sim, pois o elemento 
que ligava as tribos era a religião, a crença em Deus e na sua revelação. 
Entretanto, não era uma teocracia formal, pois ainda não havia uma estrutura de 
Estado. 
Apesar de terem uma terra e um elemento religioso comum, ainda não 
estava consolidada como nação propriamente dita, pois lhes faltava um governo, 
 
 
7 
uma estrutura política e militar formal. Esse período foi desde a tomada da terra 
por Josué até o estabelecimento da monarquia com Saul. 
TEMA 3 – OS JUÍZES 
Israel já estava se instalando, porém, apesar do sucesso militar, ainda 
estava numa terra não totalmente dominada, cercada de outros povos. 
O nome hebraico deste Livro é Shophetim, significando “juízes” ou 
“líderes executivos”. O título da Septuaginta, Kritai, tem o mesmo 
significado, “juízes”. O título é derivado do tipo de governo que a 
teocracia israelita gozava durante o intervalo da morte de Josué e a 
coroação do rei Saul. O tema básico do livro é a falha de Israel como 
teocracia, no sentido de não ter conseguido a liderança de homens 
escolhidos por Deus, os quais libertavam a nação da opressão do 
mundo pagão ao derredor. (Archer, 1973, p. 197) 
Podemos perceber, pelo relato bíblico, momentos de afastamento e 
reaproximação do povo com Deus, sendo um período cíclico; isto é, Israel 
oscilava entre Yahweh e outros deuses de Canaã. Segundo Merrill, 
Após a geração de Josué haver passado, o povo esqueceu-se de 
Yahweh, trocando-o pelos deuses de Canaã. Isto provocou a ira de 
Yahweh, de forma que Ele enviou inimigos a Israel a fim de puni-lo e 
despertar-lhe o interesse em retornar para os caminhos de Deus. 
(2001, p. 162) 
Josué não deixou sucessores, assim, cada tribo agiu de forma 
independente, não havendo estrutura de governo, tampouco uma capital. Nesse 
período de guerra, levantavam-se os Juízes para conduzir o povo à libertação 
ou ao enfrentamento dos inimigos. 
Israel ainda não tinha um governo organizado e, apesar de provavelmente 
ter uma organização militar, não era um exército permanente. Segundo Ellisen, 
“Essa necessidade é relatada com clareza nos capítulos 1-16, e é afirmada 
quatro vezes na parte final. Sem um rei, eles se encontravam num estado de 
anarquia” (1991, p. 79). 
 
 
 
8 
Quadro 1 – Cronologia e principais eventos do período de Juízes 
Data 
(a.C.) 
Opressor Juiz Tribo Referência Evento 
1382-1374 
1374-1334 
Mesopotâmia Otniel Judá Juízes 3:7-11 Culto a Baal logo após a 
morte de Josué. Opressão 
por antigo inimigo distante. 
1370 --- --- 17-17 Tribo de Dã migra para o 
norte por não ter 
conseguido expulsar os 
filisteus das terras do 
sudoeste. 
1365 --- --- -- 19-21 A imoralidade da tribo de 
Benjamim provoca guerra 
civil com Israel. Fineias era 
ainda o sumo sacerdote. 
1340 --- --- --- Livro de Rute Época provável em que a 
moabita Rute se casou 
com Broaz, descendente 
de Raabe. 
1334-1316 
1316-1235 
Moabitas Eúde Benjamim 3:12-30 Benjamim torna-se forte 
novamente. Segue-se um 
longo período de paz. 
1230 Filisteus Sangar Judá 3:31 Crime violento nas ruas de 
Israel. Opressão dos 
filisteus. Uso do aguilhão 
dos bois. Escassez de 
ferro. 
1235-1216 
1216-1176 
Cananeus Débora Efraim 4-5 Homens tímidos na 
liderança. Duas valentes 
mulheres livram Israel 
(Jael e Débora). 
1176-1169 
1169-1129 
Midianitas Gildeão Manassés 6-8 Culto a Baal. Medo leva 
Israel para as covas. 
Saque pelos beduínos. 
Posse de um humilde 
fazendeiro. 
1129-1126 Rei usurpador Manassés 9 Mau filho de um grande 
líder tenta tornar-se 
primeiro rei de Israel pela 
violência. 
1120-1097 Período pacífico Tola / Jair Issacar / 
Gileade 
10:1-2 Juízes mais pacíficos do 
que libertadores. 
1103-1085 
1085-1079 
Amonitas Jefté Manassés 10-12 Israel seve a muitos 
deuses estrangeiros. 
Israelita proscrito recebe o 
poder de libertar e 
repreende Efraim. 
1100-1085 Período pacífico Ibsã / Elom / 
Abdom 
Judá / 
Zebulom/ 
Efraim 
12:8-15 Tribos do norte, sul e do 
centro têm paz. 
1103-1063 
1095-1075 
Filisteus Sansão Dã 13-16 Filisteus ocupam Israel 
ocidental. Um nazireu sem 
moral é o único juiz que 
falha. 
 
 
9 
1095-1055 
1070-1020 
Filisteus Samuel Levi 1 Samuel 7:16 O primeiro dos profetas e o 
primeiro líder a unir todo 
Israel desde Josué. 
 
Fonte: Ellisen, 1991, p. 81. 
O período de Juízes foi bastante conturbado, e o povo percebeu que as 
nações ao redor eram mais coesas e tinham uma administração e governo 
central. Israel sentia-se fragilizado, pois a falta de uma ação em conjunto 
prejudicava muito quando necessitavam de defesa, e assim nasceu o desejo de 
um governo que efetivamente unificasse as tribos. O povo exigia um rei. 
TEMA 4 – EXIGÊNCIA POR UM REINADO 
Podemos dizer que o profeta Samuel conduziu as controvérsias 
relacionadas à exigência da unificação pela escolha de um rei. Havia a posição 
ortodoxa, defendida inicialmente pelo próprio Samuel, de que já haveria um rei 
sobre a nação de Israel: o próprio Deus. Porém, como afirma Merrill (2001), 
O refrão do livro dos Juízes – “Naqueles dias não havia rei em Israel” 
(17.6; 18.1; 19.1; 21.25) – foi finalmente traduzido pelo povo israelita 
em um forte clamor a Samuel: “[…] constitui-nos, pois, agora, um rei 
sobre nós, para que ele nos julgue, como têm todas as nações” 
(1 Sm 8.5). Embora a reação esboçada por Samuel tenha sido 
negativa (v. 6), o problema não estava no desejo de possuir um rei, 
mas no espírito antiteocrático com que o pedido foi feito, e em sua 
prematuridade. 
Havia ainda outro problema: os filhos de Samuel. Como era um homem 
de bastante idade naquele tempo e já havia indicado seus dois filhos como juízes 
para sucedê-lo, e ambos já tinham se demonstrado incapazes para a tarefa – 
além de serem corruptos –, o povo os rejeitou, abrindo-se caminho para a 
exigência de um rei mais capacitado. 
Segundo Josefo, 
Samuel, depois de ter ajustado tão bem os interesses de sua nação, 
escolhe algumas cidades onde deveriam resolver todos os litígios. […] 
A velhice, porém, tornava-o incapaz de suportar tal trabalho, e ele 
entregou o governonas mãos de seus filhos, o mais velho dos quais 
chamava-se Joel e o mais moço Abias. […] A experiência então 
mostrou que os filhos nem sempre se assemelham aos pais […]. Estes, 
em vez de seguir as pegadas paternas, tomaram caminho totalmente 
oposto. Recebiam presentes, vendiam vergonhosamente a justiça, 
calcavam aos pés as leis mais santas, chafurdavam-se em toda a sorte 
de impurezas, sem temor de ofender a Deus nem de desagradar ao 
pai, que desejava com tanto ardor que eles cumprissem o dever. (1990, 
p. 151) 
 
 
10 
Samuel cedeu à pressão popular e iniciou a busca por um indivíduo que 
pudesse assumir o porto de rei de Israel. As Escrituras (1 Sm. 9:1-2) relatam que 
“Havia um homem de Benjamim, rico e influente chamado Quis, filho de Abiel, 
neto de Zeror, bisneto de Becorate e trineto de Afia. Ele tinha um filho chamado 
Saul, jovem de boa aparência, sem igual entre os israelitas; os mais altos batiam 
nos seus ombros”. Este seria o escolhido para ser o primeiro rei de Israel. 
Apesar da descrição da origem familiar de Saul e de sua complexidade 
física, ele não vinha de uma linhagem especial e aparentemente não tinha muitas 
características que o elegessem como rei. A escolha de Samuel foi, segundo as 
Escrituras, por orientação divina, possivelmente pelos dons carismáticos, como 
era comum na escolha dos juízes. 
O encontro entre Samuel e Saul foi inusitado. Estava Saul procurando 
algumas jumentas que haviam se desgarrado e isso o levou até Ramá, 
procurando pelo vidente da cidade que pudesse auxiliá-lo a encontrar os 
animais. Ao se encontrar com Saul, Samuel teve a confirmação de que ele 
deveria ser o rei de Israel (1 Sm. 9:15-17). 
Saul foi ungido por Samuel numa cerimônia pública e consagrado rei, 
iniciando o período da monarquia em Israel. 
TEMA 5 – PERÍODO DA MONARQUIA 
O período monárquico abrange o reinado dos três primeiros reis, quando 
Israel se consolidou como nação – Saul, Davi e Salomão –, estendendo-se 
desde o ano 1040/1030 a.C. até 931/920 a.C. 
Os reinados se dividem assim: 
• Saul (1030-1010 a.C.); 
• Davi (1010-970 a.C.); 
• Salomão (970-931 a.C.). 
5.1 Saul 
Saul, ungido primeiro rei de Israel, logo começou a organizar e solidificar 
a nação. O primeiro grande desafio de Saul foi desmontar o cerco à cidade de 
Jabes Giliades, realizado por Naás, rei de Amom. Naás aproveitou o momento 
de transição de Israel para invadir a cidade, que era distante e vulnerável. Se a 
 
 
11 
cidade fosse tomada, abalaria totalmente a confiança em Saul, e Israel ficaria 
ainda mais enfraquecido. 
Entretanto, a resposta de Saul foi altamente eficaz: uniu as tribos de Israel 
e cerca de 300 mil israelitas e mais 30 mil homens de Judá, que se juntaram e 
atacaram os amonitas, destruindo-os completamente (Merrill, 2001, p. 211). Saul 
e seu filho Jônatas guerrearam contra diversos povos que ainda não haviam sido 
dominados e os derrotaram, inclusive os filisteus, que ainda faziam incursões em 
Israel, mas esse ataque provocou forte reação. Foi quando Saul tomou o ofício 
sacerdotal, sendo este um dos seus erros, senão o maior. 
Podemos elencar alguns dos principais erros que levaram à derrocada de 
Saul como rei: 
• Usurpação da função sacerdotal de Samuel durante o enfrentamento com 
os filisteus; 
• Falta de entendimento com suas tropas, tornando-se de uma exigência 
quase impossível de suportar; 
• Depois da vitória sobre os amalequitas, deixou de obedecer a ordem de 
Deus para destruir a todos; 
• Seu descabido ciúme com relação a Davi; 
• Seu amargor por julgar injustos os castigos que recebia de Deus. 
O suicídio de Saul marcou definitivamente suas ações equivocadas. Seu 
reinado, que tinha começado com uma boa perspectiva (apesar da sua 
inexperiência), terminou abalando a estrutura de Israel, que ainda estava 
estabelecendo suas fronteiras. 
5.2 Davi 
Davi sucedeu a Saul. Já havia conquistado grande respeito após derrotar 
Golias e se destacar como chefe militar, conseguindo consolidar as tribos numa 
grande nação. 
Ele já governava em Hebrom havia sete anos, mas entendia que a cidade-
sede do governo deveria ser em um lugar mais neutro, sem ligação a nenhuma 
tribo, num reinado único. Jerusalém, importante e estratégica cidade, continuava 
em mãos estrangeiras, e essa cidade seria um importante trunfo para Davi. 
 
 
 
12 
Segundo Merrill, 
A longa história da independência de Jerusalém, como uma ilha no 
mear de israelitas, pode ser praticamente atribuída à sua situação 
geográfica, que lhe dava grandes condições de defesa. […] Como era 
característico de todas as cidades muradas de Canaã, Jerusalém tinha 
uma passagem vertical de águas conectada a um túnel ligado a uma 
fonte subterrânea fora das muralhas. Sendo o sistema necessário para 
a sobrevivência de uma cidade cercada, também apresentava o maior 
perigo, já que providenciava acesso a qualquer um que achasse a 
entrada. (2001, p. 248) 
Davi usou justamente esse subterfúgio para acessar a cidade, elaborando 
uma entrada estratégica, conforme a Figura 2. 
Figura 2 – Plano de Davi para entrar em Jerusalém 
 
Fonte: Rohregger, 2021. 
Davi tomou Jerusalém, um passo decisivo para consolidar seu reinado. 
Além desse grande feito, podemos listar outras vitórias suas: 
• Contra os filisteus (2 Sm. 5:17-25; 8:1); 
• Contra os moabitas (2 Sm. 8:2); 
• Edom é derrotado e controlado por tropas (2 Sm. 8:13-14); 
• Amom é totalmente derrotado (2 Sm. 12:26-31); 
• Derrota do rei Hadadezer (2 Sm. 10:15-19); 
 
 
13 
• Damasco é conquistada (2 Sm. 8:5-8). 
Após efetivamente colocar Israel como nação estruturada e bem 
estabelecida, Davi morreu em idade avançada, após reinar 40 anos e meio: 7 
anos em Hebrom e 33 em Jerusalém. Sucedeu-lhe seu filho Salomão, que tivera 
com Bate-Seba. 
5.3 Salomão 
O relato sobre o reinado de Salomão é encontrado no Livro dos Reis. É 
importante compreendermos inicialmente que Salomão não era o herdeiro 
natural de Davi, porém, acabou sendo sua escolha pessoal, o que recheou sua 
posse de intrigas e inimizades. 
A morte iminente do rei explica a luta resultante entre os aliados mais 
fortes de Davi. Adonias, o mais velho dos filhos sobreviventes de Davi 
(2 Sm. 3.4), liderou uma conspiração pra fazer-se rei. Ele recebeu o 
apoio de Joabe e do sacerdote Abiatar em Em-Rogel, onde celebraram 
sua entronização iminente. Entretanto o profeta Natã, o sacerdote 
Zadoque, Benaia, capitão da guarda do rei, e Salomão, irmão de 
Adonias, foram excluídos. Natã sabia o que isso significava: exclusão 
ou morte. Davi ordenou a unção de Salomão junto à fonte de Gion. 
Quando Adonias ouviu o povo gritar “Viva o rei Salomão!”, fugiu, 
buscando segurança no tabernáculo, onde se agarrou às postas do 
altar. (Dockery, 2001, p. 285) 
Logo após ser coroado, Salomão eliminou todos os inimigos. Mandou 
matar seu irmão Adonias, o general Joabe e desterrou o sumo sacerdote Abiatar. 
A Bíblia descreve Salomão como um homem de extrema sabedoria e 
astúcia. Ele se demonstrou, no início do reinado, um rei acima das expectativas. 
Apesar de não expandir as fronteiras que Davi conquistara, ele as consolidou, 
fortalecendo as estruturas administrativas e militares, forjando importantes 
alianças com outras nações. Também desenvolveu a nação, sendo uma das 
suas principais realizações o Templo em Jerusalém. 
Depois de ser construído o templo, Salomão passou a construir o seu 
próprio palácio, uma obra que levou treze anos para ser concluída. 
Parece claro que os dois projetos foram realizados em sequência, e 
não simultaneamente, pois, embora 1 Reis 3.1 registre que Salomão 
construiu “seu palácio e o templo do Senhor”, o historiador indica que 
foi preciso sete anos para a construção do templo (1 Reis 6.39) e treze 
para o palácio (1 Reis 7.1), somando um total de vinte anos (1 Reis 
9.10). (Merrill, 2001, p. 314) 
Como grande diplomata, suas alianças com os demais povos permitiram 
a Salomão desenvolver um comércioforte, gerando recursos para fortificar 
Jerusalém e outras cidades. 
 
 
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Entretanto, a Bíblia relata, a partir de 1 Reis 11, o afastamento de 
Salomão de Deus, muito influenciado pelos deuses que suas concubinas 
traziam, rompendo a estrutura religiosa de Israel e as alianças entre as tribos, 
principalmente com Judá. 
A primeira ruptura na estrutura imperial de Salomão surgiu no leste do 
mar Morto, na província de Edom. Este reino orgulhoso havia sido 
tomado por Davi em algum tempo na primeira metade do seu reino[…]. 
Hadade, como outros adversários de Salomão, passou a reivindicar 
independência. (Merrill, 2001, p. 318) 
Salomão começou a enfrentar sérias dificuldades na administração do 
reinado. Divisões internas, aumento dos impostos e uma insatisfação cada vez 
maior do povo atiçaram o espírito de rebelião. 
O rei morreu em torno do ano 632 a.C. O líder que começou sua história 
com a expectativa de consolidar o reino acabou deixando-o profundamente 
fragmentado. Seu filho Roboão lhe sucedeu, mas as consequências da 
administração de Salomão e as insatisfações do povo eram irrefreáveis. 
NA PRÁTICA 
Pudemos ver nesse recorte histórico a conquista da terra prometida. 
Moisés não pôde entrar, mas Josué obedeceu ao seu chamado e liderou o 
avanço do povo hebreu em busca de seu território. 
Os israelitas se estabeleceram, mas os povos ao redor ainda os 
hostilizavam. A federação tribal necessitava, de tempos em tempos, de um líder 
para enfrentar os inimigos, mas essa situação não perdurou, sendo necessário 
um poder central que proporcionasse uma maior coesão entre as tribos. E então 
o povo exigiu um rei. 
O período da monarquia teve um início conturbado com Saul, que não 
conseguiu se impor e por várias vezes desobedeceu a Deus, atitude que o levou 
à ruína. 
Com Davi, Israel se tornou de fato um reino, ampliando seu território, 
consolidando suas fronteiras e se estabelecendo como potência respeitável. 
Salomão manteve o reino, construiu o templo e estabeleceu novas rotas 
comerciais, desenvolvendo a nação, porém cedeu à idolatria e impôs forte jugo 
sobre o povo. Assim, a insatisfação com Salomão trouxe uma série de rupturas 
irrefreáveis. 
 
 
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FINALIZANDO 
Israel conquistou seu território e começou a se estruturar, mas ainda não 
tinha coesão, mais parecendo um grupo de tribos sob um acordo. O povo 
percebeu que, como os outros povos ao redor, foi necessária uma liderança 
unificada e estável. Assim começou o período da monarquia de Israel, que, 
apesar de fixar o território e desenvolver a nação, não conseguiu se sustentar 
por muito tempo. O resultado foi, no final do tempo de Salomão, um reinado 
fragmentado, com uma série de intrigas familiares. 
O processo que se iniciou fortalecendo Israel acabou fragilizando-o, 
trazendo consequências terríveis. 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ARCHER, G. L. Merece confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Vida 
Nova, 1973. 
BRIGHT, J. História de Israel. São Paulo: Paulus, 1978. 
DOCKERY, D. S. Manual bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2001. 
ELLISEN, S. A. Conhecer melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Vida, 
1991. 
JOSEFO, F. História dos hebreus. Rio De Janeiro: CPAD, 1990. 
MEARS, H. C. Estudo panorâmico da Bíblia. São Paulo: Vida, 1982. 
MERRILL, E. H. História de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: CPAD, 
2001.