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2 Aspecto Biológico Infanto Juvenil e fatores

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ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA E 
NA ADOLESCÊNCIA 
Bruno de Oliveira Pinheiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
2 ASPECTOS BIOLÓGICOS INFANTO-JUVENIS E FATORES A SEREM 
CONSIDERADOS NA PRÁTICA ESPORTIVA 
Conhecer os aspectos biológicos gerais da infância e da adolescência guiam o 
profissional de Educação Física desde o planejamento de treinos até a execução de um 
treinamento a longo prazo. Conhecer as características de crescimento e 
desenvolvimento é a base para o treinamento de sucesso, principalmente no que diz 
respeito ao esporte infanto-juvenil. 
Neste bloco, estudaremos os aspectos biológicos do desenvolvimento dos sistemas 
musculoesquelético e cardiorrespiratório e, como podemos avaliar o crescimento do 
indivíduo. 
 
2.1 Aspectos biológicos infanto-juvenil: conceitos 
O desenvolvimento humano ocorre de modo complexo e envolve processos de 
crescimento e maturação que englobam a multiplicação das células, assim como 
mudanças no seu funcionamento e sua organização. Essas mudanças decorrem devido 
fatores biológicos e socioculturais, assim como da interação entre ambos. 
Na medida em que o ser humano se desenvolve, suas características genéticas 
interagem com o meio ambiente, e algumas delas são afetadas diretamente por este, 
ao passo que outras não. O indivíduo é formado como resultado desse processo. Cada 
indivíduo é único e cada um terá seu processo particular de desenvolvimento, contudo, 
são conhecidos alguns processos comuns pelos quais todos passam no decorrer da vida, 
ainda que em velocidade, intensidade e momentos específicos. 
Crianças e adolescentes apresentam o surto de crescimento em estatura, assim como a 
maturação sexual, em épocas diferentes (no que se refere à sua idade cronológica) e em 
ritmos distintos, o que leva à sua classificação como indivíduos que apresentam 
maturação precoce, normal ou tardia. Adolescentes com a mesma idade cronológica 
podem encontrar-se em diferentes estágios maturacionais, e esse fato poderá interferir 
no seu desempenho motor. 
 
 
 
3 
 
No processo de formação esportiva as categorias competitivas são determinadas pela 
idade cronológica, e dentro da mesma categoria encontram-se crianças pertencentes a 
diferentes fases do desenvolvimento. Daí a importância do conhecimento, por parte do 
treinador, acerca do processo individual de seus atletas, para não incorrer em erros de 
planejamento das cargas de treinamento, de sua avaliação do desempenho e da 
predição de desempenho futuro. 
Há de se considerar também a dificuldade de representar um indivíduo sem considerar 
as enormes diferenças entre as regiões do país. 
Como trabalhar com Treinamento na infância e na adolescência sem conhecer esses 
processos e sem saber determinar em qual fase de desenvolvimento o jovem atleta se 
encontra? Até que ponto o treinamento pode interferir no crescimento saudável e 
harmonioso? É improvável um planejamento adequado do treinamento a longo prazo 
(TLP) sem considerar essas questões, pois as respostas ao treinamento estão 
diretamente relacionadas ao desenvolvimento biológico do jovem. 
Desde o momento da concepção, inicia-se um processo de multiplicação e divisão 
celular que denominamos crescimento. O termo “crescimento” refere-se ao aumento 
do tamanho do corpo, seja em número de células (hiperplasia) ou no tamanho delas 
(hipertrofia). O crescimento das diversas partes do corpo não acontece de forma linear, 
mas em diferentes momentos de pico. O crescimento tem uma fase muito intensa nas 
duas primeiras décadas de vida. Nesse período, o indivíduo desenvolve-se até chegar ao 
nível máximo de funcionamento dos órgãos e sistemas, o que chamamos de estágio 
maduro ou maturidade. O processo que leva o indivíduo ao estado de maturidade é a 
maturação, considerada o conjunto de mudanças biológicas que ocorrem no organismo 
do indivíduo desde a concepção até o mais alto grau de funcionamento de seus órgãos 
e sistemas. Portanto, “crescimento” refere-se às mudanças nos aspectos quantitativos 
e estruturais, enquanto “maturação” refere-se às mudanças nos aspectos qualitativos e 
funcionais do organismo. Até a segunda e terceira décadas de vida, esses processos 
promovem o desenvolvimento positivo do ser humano, ou seja, mudanças para uma 
estrutura maior e melhor funcionamento. 
 
 
 
4 
 
Crescimento e maturação atingem seu auge em certo período de vida do ser humano, e 
após esse período inicia-se um processo de declínio dessas funções, em que as células 
deixam de ter a mesma capacidade de se multiplicar e os sistemas orgânicos perdem 
em eficiência. 
O desenvolvimento humano é um processo que tem início no momento da concepção 
e termina com a morte. É, portanto, um processo permanente. São mudanças no 
aspecto qualitativo que acontecem tanto de modo positivo, ou seja, em direção à 
melhoria do funcionamento do organismo, como de modo negativo, ou seja, com a 
perda da eficiência. O processo de desenvolvimento implica mudanças sob vários 
aspectos: físicos, motores, cognitivos e psicossociais. 
O processo de desenvolvimento engloba o crescimento e a maturação, que ocorrem 
simultaneamente e são extremamente inter-relacionados, embora não obedeça a 
mesma intensidade e velocidade de mudanças em todos os indivíduos. A interação 
desses processos com o meio ambiente, incluindo a prática de atividade física e esporte, 
forma o indivíduo nos seus aspectos físicos, motores, psicológicos, culturais e sociais. 
Até mesmo antes do nascimento o indivíduo sofre as influências do meio ambiente. Os 
cuidados pré-natais e a nutrição da mãe durante a gestação, por exemplo, são fatores 
decisivos para a saúde do bebê. O fumo, o álcool e o consumo de outras substâncias 
tóxicas afetam seriamente e podem comprometer definitivamente a vida do indivíduo 
que está sendo gerado. As características genéticas do indivíduo estão presentes em seu 
DNA desde a concepção, porém, o meio ambiente pode interferir no seu 
desenvolvimento. 
A adolescência é considerada um fenômeno de natureza cultural e social, assim, a faixa 
etária considerada para esse período de desenvolvimento pode mudar, em virtude da 
evolução natural da sociedade. Atualmente, considera-se que a adolescência engloba o 
período etário entre 10 e 19 anos. Já a puberdade é um evento biológico inevitável, que 
ocorre na vida de todo ser humano, e levá-o à capacidade de se reproduzir. Nesse 
período, desenvolvem-se os caracteres sexuais primários (órgãos sexuais) e secundários 
(mamas nas meninas, mudança na voz dos meninos etc.). As estruturas funcionais 
 
 
 
5 
 
responsáveis por esse processo são os hormônios sexuais, que passam a ser secretados 
em maior quantidade. É na puberdade que ocorre o segundo surto de crescimento, o 
primeiro ocorre no primeiro ano de vida. A adolescência e a puberdade são fenômenos 
relacionados; a adolescência tem início com as mudanças biológicas relativas à 
puberdade, porém sofre influências do meio cultural e social em que a pessoa vive. 
A idade de início da puberdade varia de indivíduo para indivíduo e tem forte influência 
genética. A idade cronológica refere-se à idade do indivíduo contada em anos, meses e 
dias, tempo de vida desde o nascimento até um momento considerado. A idade 
biológica, em contrapartida, corresponde às características de maturação biológica, sob 
o ponto de vista sexual, dentário ósseo, de massa e de estatura corporal. 
Uma vez que a puberdade não ocorre para todos na mesma idade cronológica, ela é 
representada, sob o ponto de vista maturacional, pela idade biológica. Pode haver uma 
diferença de até três anos, em média, entre a idade biológica e cronológica. Na prática, 
é possível que haja, dentro de uma mesma categoria esportiva de competição, cuja 
idade cronológica é de 14 anos, jovens com idade biológica variando de 11 a 17 anos, 
ou seja, em condições de desempenho muito variadas. 
 
2.2 Crescimento e desenvolvimentodo sistema musculo esquelético 
 
2.2.1 Crescimento em estatura e desenvolvimento do sistema ósseo 
As primeiras células ósseas aparecem na oitava semana de vida. Os ossos, que surgem 
em forma de tecido cartilaginoso, aceleram seu processo de crescimento longitudinal e 
transversal. O crescimento longitudinal dos ossos longos ocorre a partir das placas 
epifisárias e epífises ósseas (Figura 1), extremidades cartilaginosas que são responsáveis 
por produzir e sedimentar o tecido ósseo. Quando a cartilagem deixa de ser produzida, 
o crescimento ósseo termina e ocorre a fusão ou o fechamento das cartilagens de 
crescimento, com a união entre epífise e diáfise. O término do crescimento em estatura 
dá-se no momento que as placas de crescimento (epífises ósseas) não apresentam mais 
 
 
 
6 
 
tecido cartilaginosos, ou seja, a ossificação está completa. O crescimento ósseo em 
espessura ocorre paralelamente, com o aumento da densidade óssea. 
 
Figura 2.1 – Raio X de membro inferior, destacando as epífises e placas epifisárias 
 
(Fonte: O próprio autor). 
 
O sistema endócrino está entre os fatores que afetam diretamente o crescimento. Os 
principais feitos no crescimento são causados pelos hormônios da tireoide, hormônio 
de crescimento e hormônios sexuais. Os hormônios da tireoide auxiliam a ação de 
outros hormônios responsáveis pelo crescimento e pela síntese proteica, além de serem 
muito importantes no desenvolvimento cerebral. 
O grau de maturação esquelética (estágio de maturação do sistema ósseo) pode ser 
avaliado por meio do cálculo da idade óssea. Estímulos como atividade física atuam no 
sistema ósseo como fatores que favorecem a mineralização, aumentando a densidade 
óssea. 
Os primeiros dois anos de vida apresentam um desenvolvimento extremamente 
acelerado, jamais repetido em outro momento da vida e conhecido como o primeiro 
surto de crescimento. O segundo ocorre na puberdade e é chamado de estirão da 
puberdade, no qual a velocidade de crescimento em estatura aumenta, mais cedo para 
as meninas e depois para os meninos. 
 
 
 
7 
 
A estatura final do indivíduo é determinada predominantemente pela herança genética. 
Casos extremos de deficiência no crescimento normal podem ser tratados por médicos 
especializados. A estatura pode ser afetada negativamente por fatores ambientais, ou 
seja, é possível que algumas intercorrências durante a fase de crescimento atuem para 
não permitir que a estatura final determinada geneticamente seja alcançada; por 
exemplo: doenças, desnutrição, falta de atividade física, condições de sono inadequadas 
etc. É sabido que o exercício estimula a produção e a liberação do hormônio de 
crescimento com maior eficiência em crianças do que em adultos. 
O exercício físico promove maior densidade óssea, porém, sabe-se que nem a prática de 
exercícios nem outro fator externo podem fazer que o indivíduo cresça em estatura 
além do que está determinado geneticamente, exceto por meio de cirurgias radicais de 
alongamento dos ossos. No entanto, é discutido se o excesso de exercício poderia ser 
prejudicial ao crescimento, antecipando o fechamento das epífises de crescimento 
quando o estímulo é extremamente intenso. 
Sabemos que o treinamento excessivo pode trazer diversos problemas. Nas mulheres 
pode ocorrer a Tríade da Mulher Atleta, com distúrbios alimentares, amenorreia e 
osteoporose. O distúrbio mais comum é a amenorreia (suspensão da menstruação), 
causada pela diminuição da produção de estrógeno e progesterona, hormônios 
femininos que possuem ação direta na formação de tecido ósseo e no aumento da 
densidade óssea. Foram relatados casos de atletas de diversas modalidades com 
problemas de osteopenia e osteoporose em idades precoces, bem como aumento da 
incidência de fraturas por estresse. 
 
2.2.2 Crescimento e desenvolvimento em tecido muscular 
O crescimento do tecido muscular esquelético se dá com a predominância da hiperplasia 
no período pré-natal e hipertrofia no pós-natal, que parece ocorrer em razão do 
aumento do número de núcleos das fibras musculares. As fibras musculares aparecem 
por volta da trigésima semana de gestação e apresentam, na sua distribuição entre os 
tipos I e II, um forte componente genético. Ao nascer o bebê conta com cerca de 40% 
das fibras musculares do tipo I (de contração lenta), 45% de fibras do tipo I subdivididas 
em IIA e IIB (de contração rápida) e 15% de fibras ainda não diferenciadas, IIC. A partir 
 
 
 
8 
 
do primeiro ano de vida a proporção está próxima do adulto, que tem apenas cerca de 
5% de fibras IIC. 
De modo geral, a massa muscular, acompanhada pela força muscular, aumenta com a 
idade em ambos os sexos, com valores pouco acima para os meninos, no entanto, na 
puberdade, a produção de testosterona faz com que as curvas se distanciem, com um 
aumento muito maior nos meninos e uma estabilização precoce nas meninas. Esse 
aumento da massa muscular gera um aumento da força muscular normal desse período. 
Vale lembrar que o aumento da massa muscular leva a um aumento de força, mas esse 
não é necessariamente um fator imprescindível ao aumento da força. É possível 
aumentar a força por meio de outros mecanismos como a coordenação motora 
intermuscular e a intramuscular, sem que aumente o número de células musculares. 
 
2.2.2.1 Somatótipo 
Somatótipo é a configuração morfológica que caracteriza o tipo físico do indivíduo em 
um dado instante. Quanto ao somatótipo, o indivíduo pode ser classificado nos tipos 
físicos caracterizados por endomorfo (endomorfia), mesomorfo (mesomorfia) e 
ectomorfo (ectomorfia). Dentro da antropometria, esse pode ser um instrumento 
utilizado para classificar pessoas e atletas conforme o tipo de atividade ou função que 
desempenham em uma determinada modalidade de esportiva. Para análise do 
somatótipo por meio de medidas antropométricas utilizam-se medidas de estatura, 
peso corporal, espessuras das dobras cutâneas tricipital, subescapular, supra ilíaca, 
panturrilha medial, diâmetros, ósseos de fêmur, úmero, circunferências corrigidas de 
braço e de panturrilha. 
Dessa maneira, quanto aos componentes de endomorfia, mesomorfia e ectomorfia, 
cabe destacar: 
• O componente de endomorfia (gordura), que pode variar desde magreza até 
excesso relativo de gordura; 
• O componente de mesomorfia (muscularidade), indicador do desenvolvimento 
muscular ajustado com determinada estatura. Assim, o componente de 
mesomorfia é uma expressão da massa magra relativa à estatura; 
 
 
 
9 
 
• O componente de ectomorfia (linearidade), indicador da linearidade relativa do 
corpo. 
Quanto à estabilidade do somatótipo, durante o processo de crescimento e 
desenvolvimento, há pequenas diferenças na variação do somatótipo de idade para 
idade. Particularmente em relação ao período da adolescência, ocorrem muitos 
questionamentos a respeito da estabilidade do somatótipo. Esses questionamentos 
residem nas mudanças significativas observadas nas dimensões corporais e na 
composição corporal de adolescentes, alterando a configuração do corpo de meninos e 
meninas, ou seja, o somatótipo até a fase adulta pode ser modificado. 
 
2.2.3 Crescimento e desenvolvimento do sistema cardiorrespiratório 
O crescimento do sistema cardiorrespiratório acompanha o crescimento do corpo de 
maneira geral. Na puberdade, com o estirão do crescimento, temos também um 
crescimento significativo do tamanho do coração, que tem nessa fase um aumento de 
cerca de 50% do seu tamanho e quase dobra de peso acompanhando o aumento da 
massa corporal. Paralelamente a esse crescimento do músculo cardíaco ocorre um 
aumento do calibre e do comprimento dos vasos sanguíneos. Esses fatores, em 
conjunto, são responsáveis por maior eficiência no transporte de oxigênio e nutrientes, 
que acarreta maior capacidade de esforço. 
Com maior eficiência do sistema como um todo, o número de batimentos cardíacos 
diminuiao longo do tempo. A frequência cardíaca diminui cerca de 50% desde o 
nascimento até a idade adulta. O treinamento também interfere na diminuição da 
frequência cardíaca. 
O crescimento dos pulmões também acompanha o crescimento na adolescência. As 
variáveis relativas ao volume e a capacidade respiratória, em ambos os sexos, estão mais 
relacionadas ao aumento da estatura do que ao da idade cronológica e são 
proporcionais ao tamanho corporal, lembrando que na adolescência há uma elevação 
delas, com valores levemente mais altos para os rapazes. 
Jovens atletas que treinam modalidades de resistência podem apresentar maior 
tamanho de coração e pulmões, assim como índices de VO2max e hemoglobina total 
 
 
 
10 
 
mais elevados que nos atletas da mesma idade, porém, tanto o consumo de oxigênio 
quanto o de hemoglobina voltam ao índice normal com o término do treinamento. 
 
2.3 Avaliação do processo de crescimento e desenvolvimento 
 
2.3.1 Avaliação do crescimento 
Em Educação Física e Esporte, as medidas antropométricas mais comumente utilizadas 
para avaliar o crescimento são, além da estatura e do peso, o comprimento dos 
membros inferiores, a altura tronco-cefálica, a envergadura, os perímetros e os 
diâmetros de úmero e fêmur. Em modalidades especificas, algumas medidas 
antropométricas são consideradas importantes para um bom desempenho, como na 
Natação, nessa modalidade são importantes a largura de ombros e quadris, e o 
comprimento das mãos e dos pés; no Voleibol é observada a estatura, a envergadura e 
o comprimento de membros inferiores. 
Outra forma de avaliar o crescimento de maneira direta é a determinação da idade 
óssea. Exames de raios-x mostram também se ainda há cartilagem de crescimento nas 
epífises ósseas, e tabelas elaboradas permitem estimar, dessa forma, quantos 
centímetros o indivíduo crescerá. 
No período chamado de segunda e terceira infância, dos 2–3 anos aos 10–11 anos de 
idade, o crescimento passa por um processo de estabilização e, na puberdade, 
apresenta uma importante aceleração. Esse período de aceleração é conhecido como 
estirão, pico ou surto de crescimento em estatura. 
É importante que se acompanhe o crescimento da criança e do jovem, até mesmo por 
uma questão de saúde. No entanto, quando se trata de jovens atletas, é fundamental 
que esse acompanhamento seja realizado, pois interfere diretamente em seu 
desempenho. 
A OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2007, colocou à disposição, para monitorar 
o crescimento de crianças e jovens, tabelas e gráficos com curvas representativas dos 
valores de estatura, peso e IMC, de acordo com o sexo e a idade. Essas tabelas são 
aceitas no Brasil por especialistas da saúde em razão do cuidado metodológico com que 
foram construídas, considerando populações de diversos países, e por não possuirmos 
 
 
 
11 
 
estudos populacionais referentes a crianças brasileiras. Essas curvas são chamadas de 
curvas de referência, porque foram elaboradas mediante uma amostra ampla de 
crianças saudáveis e podem ser utilizadas para a avaliação do estado de crescimento. 
Os valores referenciais são representados por meio de várias curvas de percentis, que 
contêm a variabilidade existente na população. O percentil 50 representa a mediana 
(valor do meio, ou o valor central dentre todos os valores da amostra). O valor de 
estatura no percentil 50 significa que 50% das crianças em determinada idade estão 
acima da estatura e 50% estão abaixo dela. O acompanhamento regular do crescimento 
da criança poderá dar uma ideia de qual será sua estatura final na idade adulta, pois é 
normal que a criança permaneça sempre dentro da mesma faixa de percentil observada 
nos anos anteriores, ou seja, se a criança apresentou, em diversas medições anuais, 
valores de estatura próximos ao percentil 75, significa que 75% das crianças da mesma 
idade possuem estatura menor que a dela, e que ela tenderá a manter-se dentro desse 
percentil até o final do crescimento. Mudanças bruscas na curva de percentil deverão 
ser acompanhadas pelo médico. Conforme já mencionado, é a herança genética que vai 
determinar a estatura final do indivíduo. 
A OMS elaborou uma metodologia de pesquisa pela qual é possível estimar as curvas de 
crescimento de crianças brasileiras. Essas curvas estão representadas em valores de 
percentis ou em valores padronizados e podem ser acessadas por meio do website da 
organização. 
A velocidade de crescimento é determinada por quantos centímetros a criança cresce 
ao ano. É durante o estirão de crescimento da puberdade que se atinge o PVE (pico de 
velocidade de estatura). Existe grande associação entre o aumento de liberação do 
hormônio de crescimento e o PVE. 
Observando-se regularmente o aumento da estatura, é possível identificar o momento 
do estirão, quando a velocidade de crescimento aumenta. Meninos chegam a crescer 
em média 10,3 cm/ano, e meninas, 9 cm/ano nesse período. Tanto em meninos quanto 
em meninas, por característica da puberdade, aparecem os pelos pubianos, depois se 
inicia o estirão do crescimento e em seguida surgem os pelos axilares. 
Meninos atingem o PVE por volta de 14 anos, e meninas, por volta de l2 anos. 
 
 
 
 
12 
 
2.3.2 Avaliação da composição corporal e da massa muscular 
O professor de Educação Física/técnico esportivo pode acompanhar o desenvolvimento 
do jovem pelo Índice de Massa Corporal (IMC), no entanto, ao basear-se apenas no valor 
do IMC (massa corporal (kg)/estatura 2), pode ser induzido ao erro, pois a medida da 
massa corporal não é suficiente para diferenciar o peso proveniente da massa magra 
daquele proveniente da gordura corporal. 
Para a avaliação da massa corporal, ao considerar apenas o valor do peso, assim como 
no cálculo do IMC, não consideram a composição corporal, ou seja, quanto desse valor 
total corresponde à massa de gordura e à massa livre de gordura, logo, esse método não 
deve ser utilizado de modo isolado. 
Outros métodos procuram precisar separadamente os diversos componentes da 
composição corporal, como a pesagem hidrostática, a medida da espessura de dobras 
cutâneas, comparando os valores absolutos ou o somatório de dobras, o percentual de 
gordura corporal ou a impedância bioelétrica. Algumas dessas medidas, como a 
pesagem hidrostática e a medida de espessura de dobras cutâneas, exigem 
equipamentos sofisticados, adequados e aferidos, além de experiência por parte do 
avaliador. O método de impedância bioelétrica depende de cuidados rigorosos pré-
avaliação e apresenta diferenças entre valores calculados quando aparelhos são 
conectados à extremidade inferior ou superior do corpo. 
Quando se opta por determinado método de cálculo da composição corporal é 
importante verificar se ele é adequado à população em relação à idade, ao sexo e às 
condições de treinamento. 
O acompanhamento desses parâmetros é essencial, pois sabe-se que o desempenho em 
algumas capacidades, sobretudo em movimentos que requerem o deslocamento do 
corpo no espaço, está ligado à quantidade de gordura corporal. 
 
Conclusão 
Conhecer e avaliar os processos de crescimento e desenvolvimento do jovem atleta é 
fundamental, não apenas para a obter melhores resultados em competições, mas 
também para prevenir problemas e lesões decorrentes de um planejamento mal 
 
 
 
13 
 
elaborado e contribuir para um desenvolvimento saudável do indivíduo para o resto da 
vida, torne-se ele um atleta de alto rendimento ou não. 
Dado que o desempenho em diversas capacidades motoras melhora de acordo com a 
evolução normal do processo de crescimento e de maturação, há dificuldade em avaliar 
isoladamente os efeitos do treinamento. Portanto, é preciso considerar todos os 
aspectos de maneira conjunta. É importante compreender que tanto em atletas como 
em não atletas o processo de maturação ocorre em épocas diferentes, e tem duração e 
intensidade individuais. 
Dessa forma,seria interessante que crianças de maturação tardia tivessem a 
oportunidade de participar dos processos de treinamento, pois, teoricamente, teriam 
algumas vantagens com relação à forma e ao tamanho do corpo sobre as demais, 
principalmente em algumas modalidades. Infelizmente, na maioria do clubes que 
trabalham com treinamento e competição na infância e na adolescência, há uma busca 
por resultados desde as categorias menores, o que induz os treinadores, às vezes, a 
selecionarem um jovem de maturação precoce por estar, no momento da seleção, mais 
adiantado em tamanho e condições de força, em detrimento daquele que é mais tardio 
e, portanto, vai demorar um pouco mais para alcançar resultados. 
Os trabalhos de formação de atletas a longo prazo, que são raros, devem se preocupar 
em manter os jovens no processo de treinamento por mais tempo antes de selecionar 
indivíduos de maneira precoce e excluir possíveis talentos no futuro. 
Deve-se considerar, sobretudo, que a criança ou jovem atleta, antes de tudo, é um 
indivíduo em processo de formação não só física e motora, mas também do seu caráter, 
personalidade e autoconceito, e merece toda a atenção nesse sentido, com um trabalho 
competente, digno e ético acima de tudo. 
 
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES 
ARRUDA, M; PORTELLA, D. L. Maturação biológica: uma abordagem para treinamento 
esportivo em jovens atletas. São Paulo: CREF4, 2018. E-book. 
BÖHME, M. T. S. Esporte Infanto-Juvenil. São Paulo: Phorte, 2011. 
DANTE, D. R. J. et. al. Esporte e atividade física na infância e na adolescência: Uma 
abordagem multidisciplinar. 2ª ed. Porto Alegre: ArtMed, 2011. E-book. 
 
 
 
14 
 
ROWLAND, T. W. Fisiologia do Exercício na Criança. São Paulo: 2008. E-book. 
SAMULSKI, D; MENZEL, H; PRADO, L. S. (eds.). Treinamento Esportivo. São Paulo: 2013. 
E-book. 
 
SAIBA MAIS 
OMS: Índice de massa corporal e estatura de crescimento por sexo e idade. Disponível 
em: < https://bit.ly/2WVSoUq>. Acesso em: abr. 2020.

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