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ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA Bruno de Oliveira Pinheiro 2 5 ESTUDOS E REFLEXÕES CORRELATAS Diversos fatores interferem diretamente na prática esportiva infanto-juvenil e no planejamento dos técnicos. Neste bloco, faremos algumas reflexões sobre talento esportivo, os impactos e riscos da especialização precoce em crianças e adolescentes, fatores que levam à evasão esportiva e os efeitos da idade relativa em jovens esportistas. Essas reflexões nos auxiliarão a compreender esses cenários para que você possa futuramente tomar decisões diante dos desafios da profissão. 5.1 Talento Esportivo: reflexões e perspectivas Segundo Guenther (2000, p. 20), costuma-se empregar a palavra talento “para conceituar pessoas com atributos ou características admiradas e valorizadas pela cultura e pelo momento histórico”. Considera-se talento esportivo o indivíduo que através de suas condições herdadas e adquiridas, possui uma aptidão especial para o desempenho esportivo, acima da população em geral (BÖHME, 2002). Na literatura utilizam-se os termos detecção, seleção e promoção do talento esportivo. Durante esses processos os indivíduos seriam: • Identificados como talentos; • Submetidos ao treinamento sistemático; • Avaliados em cada uma das fases que acompanham a performance esportiva e a evolução biológica; • Promovidos ao nível esportivo condizente com suas características inatas e/ou com o efeito do treinamento a longo prazo. Um conjunto de características que podem: • Ter mais ou menos importância nas diferentes fases de formação; • Evoluir em estágios diferentes para pessoas diferentes; • Ser mais ou menos suscetíveis ao treinamento; • Que podem adaptar-se ou não em razão de eventos biológicos e psicológicos; • Que podem ser compensadas rumo a um resultado ideal. 3 A formação de um talento esportivo pode ser mensurada de maneira imediatista ou através de um processo contínuo. A primeira é conduzida através da elaboração de critérios considerando a modalidade esportiva, a performance desejada e a idade biológica. A segunda através da observação da performance a longo prazo. 5.1.1 Visão a longo prazo: ambiente Bloom (1985) investigou o talento em diversos domínios como a arte, a ciência e o esporte. Seu estudo foi realizado com delineamento longitudinal e contou com 86 homens e 36 mulheres que atingiram a máxima performance até os 35 anos de idade. Com relação ao esporte, foram selecionados nadadores olímpicos e campeões de tênis. Bloom verificou que nem todos os talentosos foram identificados em idades precoces, assim como os que foram identificados em idades precoces também não chegaram à alta performance em sua totalidade. Ele infere que realizar o treinamento precocemente não é um indício de alta performance no futuro, mas o processo contínuo de desenvolvimento é determinante na carreira de um jovem talento. • Csikszentmihalyi, Rathunde e Whalen (1997) Estes pesquisadores realizaram estudos em escolas de segundo grau durante quatro anos para entender melhor quais são as experiências contínuas que levaram aqueles jovens a se tornarem talentos. Os autores definiram a natureza do talento como desenvolvimentista, ou seja, ao invés de características genéticas imutáveis, são processos e desdobramentos que levam muitos anos e podem ser alterados pelas experiências que formam talentos. • Ericsson, Krampe e Tesch-Römer (1993) Estes autores afirmam que as características inatas, identificadas de forma prematura, não são determinantes na carreira de um futuro talento, mas alguns fatores como as condições do ambiente, o suporte familiar, a motivação do praticante e a pré-disposição para a prática, associados à prática deliberada, são fundamentais para a promoção de um talento. 4 5.1.2 A genética Por que algumas pessoas possuem maior habilidade motora para determinados esportes do que outras? Por que um mesmo treino pode terdiferentes resultados em diferentes atletas?. Alguns avanços em relação à resposta para essas perguntas já foram feitos. Descobriu- se que fenótipos como altura, peso, adiposidade, força muscular, velocidade e potência aeróbia são dependentes da constituição genética. Atualmente, estudos com gêmeos têm demonstrado que um programa de treinamento (fenótipo) não depende somente do genótipo e do ambiente, mas também da sensibilidade do genótipo ao ambiente (treinamento). Segundo Bouchard, Malina e Pérusse (1997), a resposta ao treinamento pode ser alta ou baixa e precoce ou tardia. 5.1.3 Critérios do desempenho esportivo • Características para o alto desempenho esportivo; • Maior número de características possíveis; • Nível de desempenho esportivo; • Idade biológica; • Modalidade esportiva. 5.1.4 Previsão de um alto desempenho esportivo A utilização de um perfil como prognóstico de desempenho esportivo é refutada por alguns autores: • Guenther (2000) O pesquisador utilizou estes exemplos para refutar a utilização de um perfil como prognóstico de desempenho: ▪ Einstein começou a falar com 4 anos e aprendeu a ler com 7; ▪ Newton era atrasado na escola primária; ▪ Pasteur era considerado medíocre em química quando aluno do Royal College. 5 • Maia (1996) Seus estudos realizados com atletas de alto nível apresentaram baixa correlação na variável estudada longitudinalmente. A maioria dos estudos visou à elaboração de um perfil utilizando poucas variáveis. Poucos artigos utilizaram análises mais complexas e eficientes, como determinante, análise fatorial e correlação canônica. • Schmidt (1992) Um praticante pode apresentar um padrão de capacidades fundamentais necessárias para o desempenho eficiente em nível de iniciante, mas isso não indicará, necessariamente, que ele terá a mesma eficiência em nível especializado. O praticante pode não possuir um padrão necessário para o nível de iniciante, mas pode possuir um padrão de capacidades fundamentais que somente seriam utilizadas em nível especializado. • Régnier et al. (1993) O fenômeno da compensação é um dos principais responsáveis pela dificuldade de um prognóstico futuro. Fonte: O autor. 6 5.1.5 Macroestrutura esportiva Os sistemas de macroestruturas esportivas são: a) Sistemático estatal O estado é responsável direto pela monitoração dos atletas de alto nível (Cuba, China, Alemanha e antiga URSS). b) Sistemático não estatal As universidades e as empresas são responsáveis pela estrutura esportiva (Estados Unidos e Japão). c) Assistemático O estado, as empresas, os clubes e a própria família dividem a responsabilidade de subsidiar a estrutura esportiva para atletas de alto nível (Brasil). d) Bouchard, Malina e Pérusse (1997) No início do processo (base da pirâmide), uma grande quantidade de crianças tem a oportunidade de participar de atividades esportivas gerais. Os praticantes que apresentarem motivação e performance condizentes com os próximos estágios da pirâmide, começam a especializar-se em uma modalidade esportiva e dão sequência ao processo podendo alcançar o alto nível (pico da pirâmide). 5.1.6 Especialização precoce A especialização desportiva precoce é a atividade esportiva que se caracteriza pela alta dedicação aos treinamentos, desenvolvida antes da puberdade e caracterizada, principalmente, por ter uma finalidade eminentemente competitiva (NETO; VOSER, 2001). Em sua tese doutoral Esporte e Saúde (2001), Vargas Neto faz um apelo às autoridades políticas e esportivas no sentido de uma legislação própria que regule e controle, basicamente, o número máximo de horas de treinamento de crianças, a intensidade e os objetivos deste mesmo treinamento, e a formação e qualidade do ensino da pessoa responsável por estas atividades. A iniciação desportiva precocecaracteriza-se por cargas de treino muito intensas, que promovem rápido desenvolvimento da prestação desportiva nas fases iniciais, mas que 7 levam a um esgotamento prematuro da capacidade de rendimento, promovendo aquilo que se designa por barreiras de desenvolvimento (BRASIL, 2004). Werneck (1991) acredita que a especialização no tempo certo é inevitável no esporte de alto nível. Porém, afirma que ela deve ocorrer o mais tarde possível e com base em uma estrutura de treinamento adequada ao desenvolvimento. Deve ainda levar em consideração o desenvolvimento individual que contém um aumento regular da carga nos moldes de uma formação básica múltipla e, principalmente, que garanta o desdobramento ideal das capacidades coordenativas gerais. Do ponto de vista de Ferreira (2001), a competição desportiva não é má nem boa e não constitui necessariamente uma experiência a ser imposta à criança. O esporte para crianças deverá respeitar o contexto próprio para sua idade, assumindo um papel formativo e fora de qualquer manipulação exercida pelos adultos, e ainda deverá promover a existência de uma concepção lúdica, respeitando seu desenvolvimento físico, mental, ético e social. 5.1.7 Os riscos envolvidos Os riscos envolvidos no treinamento precoce incluem: A. Riscos físicos: Problemas ósseos, cardíacos, musculares e articulares. Se cartilagem, ossos, tendões e ligamentos forem exigidos além de sua capacidade, então, podem ocorrer manifestações de desgaste precoce nestas áreas. Através da superexigência funcional ocorre uma redução da amplitude da articulação e sobrecarga dos respectivos segmentos articulares, o que favorece prematuramente as alterações artrósicas, podendo prejudicar o processo de treinamento. B. Riscos psicológicos Algumas das consequências negativas que são discutidas por estudiosos da área são: • Estresse; • Nível de ansiedade; • Frustrações; • “Infância não vivida”. 8 Cargas unilaterais, ou monótonas, e muito intensas, podem levar rapidamente à saturação psicológica (Síndrome da Saturação Esportiva). O trabalho muscular intenso e excessivo, associado a sobrecarga emocional que a competição provoca, pode ocasionar perturbações no desenvolvimento normal da criança, principalmente no ritmo do crescimento em altura e no desenvolvimento somático, funcional e intelectual. A “Síndrome da Saturação Esportiva" é caracterizada, principalmente, por apatia, indiferença ou até aversão pela prática esportiva ou pelos fatos a ela relacionados, especialmente nos momentos em que deveriam ser praticados (PINI, 1978). C. Consequências psicossomáticas Dificuldades de aprendizado, memorização e consequente desinteresse pela vida escolar são algumas das consequências e riscos psicossomáticos presentes no treinamento precoce. Portanto, afinal como evitar a especialização precoce? A seguir foram elencadas algumas recomendações para evitar esse tipo de treinamento danoso ao desenvolvimento dos atletas. 1. Durante cargas elevadas nos treinamentos, aumente os tempos de recuperação; 2. Priorizar o desenvolvimento da resistência aeróbia ao invés de realizar o treinamento da resistência anaeróbia; 3. Evitar situações nas quais a respiração é suspensa (apneias prolongadas); 4. No treinamento de força, evitar cargas elevadas que incidam sobre a coluna; 5. No treinamento de força, aumentar o trabalho de flexibilidade; 6. Nas tarefas que exigem alta coordenação motora, considerar a limitação do processamento de informação nas crianças; 7. Priorizar os movimentos e as habilidades naturais em lugar dos exercícios elaborados; 8. Dar valor à variedade em lugar de estereótipos de gestos técnicos; 9. Para melhorar a motivação, valorizar o aspecto lúdico das atividades; e, 10. Efetuar o treinamento em grupo. 9 Os resultados precoces podem ocorrer devido: • Precocidade biológica dos indivíduos; • Sensibilidade ao treinamento; 5.1.9 Evasão esportiva O ABANDONO DA PRÁTICA – A QUESTÃO DA EVASÃO ESPORTIVA Tabela 5.1 – Características da criança com risco de estresse durante uma competição Características pessoais Características da situação 1. Predisposição à ansiedade (uma característica de personalidade que predispõe a criança a ver a competição e a avaliação social como uma ameaça). 2. Baixa autoestima. 3. Personalidade perfeccionista. 4. Baixa expectativa quanto à performance da equipe. 5. Baixa expectativa quanto à própria performance. 6. Preocupação frequente com o insucesso. 7. Preocupação frequente com a expectativa dos adultos e a avaliação social dos outros. 8. Pequeno sentimento de diversão. 9. Insatisfação com seu desempenho, independentemente da vitória ou derrota. 10. Preocupação com a importância dada pelos pais quanto à participação esportiva. 11. Ter como foco principal a possibilidade de vitória ou derrota, e não o desenvolvimento com a atividade. 1. Derrota ou vitória – crianças que sofrem mais estresse após a derrota que após a vitória. 2. Importância do evento – quanto maior a importância da competição, maior o estado de ansiedade do atleta. 3. Tipo de esporte – esportes individuais são mais estressantes que os esportes coletivos. Fonte: O autor. A criança ou o adolescente que não consegue superar as barreiras de uma vida esportiva e abandonam a trajetória nunca estariam preparados para chegar ao alto nível. 10 O rendimento esportivo é resultado do treinamento especializado que se inicia precocemente e está sujeito a uma série de superações. Esse fato pode servir de justificativa para aqueles que conseguiram alcançar o alto nível (menos de 7% chegam a esse nível). Contudo, tanto para os que se tornaram atletas como para os que sucumbiram perante as dificuldades, sobrarão lesões e frustrações. 5.1.10 Principais motivos para o abandono da prática esportiva Os principais motivos para o abandono da prática esportiva são: • Falta de capacidade; • Falta de progresso nos resultados; • Pressão nos treinos; • Pressão nas competições (técnicos, pais, público); • Excesso de treinos e competições; • Conflito com o técnico (preferências ou exigências); • Lesões; • Falta de condições financeiras; • Ausência de divertimento (ausência de características lúdicas); • Busca de outras atividades. Segundo Santos (2008): Num estudo sobre o Abandono e as suas motivações realizado por Oliveira et al. (2007) verificou-se que 42% dos indivíduos abandonavam a natação nos escalões mais jovens (juvenis), em júnior 33% e somente 8% em seniores, perfazendo uma média de 16 anos de idade para o abandono da modalidade. As motivações para esse abandono seriam os resultados negativos, a falta de apoio, as lesões, a falta de conciliação dos estudos com o desporto, a rotina dos treinos e a falta de integração social. A consecução dos resultados desportivos sendo um dos fatores de maior influência para o abandono precoce, verifica-se que grande parte dos melhores desempenhos desportivos foram atingidos enquanto nadadores infantis. Num estudo realizado com jovens em França verificou-se que as causas de abandono prematuro da prática da Natação Desportiva (BOULGAKOVA, 1990) seriam principalmente a estagnação de resultados, o aparecimento de outros interesses, a dificuldade de conciliar o desporto e o estudo, os problemas ou a mudança de treinador, a influência dos pares, o excesso e a monotonia dos treinos. No mesmo estudo mas com atletas de alto nível os fatores de abandono seriam a estagnação, a dificuldade de conciliar o desporto e o 11 estudo, os problemas ou a mudança de treinador, os maus resultados, o excesso e a monotonia dos treinos. Num estudo realizado em Portugal sobre as causas das decisões do abandono da Prática Desportiva (VASCONCELOS, 2003) nos atletas de elite seriam o cansaço do calendário desportivo,o estilo de vida, a falta de meios para ir mais longe, a consecução da obtenção dos seus objetivos pessoais, a dificuldade de conciliar o desporto e o estudo, os maus resultados. (SANTOS, 2008, p.1). 5.2 Detecção do Talento Esportivo Podemos definir talento esportivo como uma série de atributos que um indivíduo apresenta que lhe conferem a condição de se destacar de maneira positiva em performance e desempenho na prática de uma determinada modalidade esportiva. Condição esta que pode se manifestar a qualquer momento da vida, porém manifesta- se com maior frequência entre a puberdade e a juventude (MATSUDO, 1996). O ideal seria que esta condição de “Talento Esportivo” fosse identificada nos indivíduos o mais rápido possível, de preferência durante a puberdade, possibilitando, portanto, que este seja desde cedo monitorado e direcionado até a idade adulta, período de vida em que se espera atingir o ápice da performance e do desempenho esportivo. Para tanto existem diferentes estratégias apresentadas pela literatura que se propõe a identificar o “Talento Esportivo” prioritariamente em crianças e adolescentes. Dentre as diferentes propostas, destacamos a “Estratégia Z -CELAFISCS” proposta por Matsudo (1996). 5.2.1 Estratégia Z - CELAFISCS Esta estratégia está baseada na determinação do perfil de aptidão física do indivíduo, a partir das variáveis da aptidão física, antropométricas, metabólicas e neuromotoras, bem como o estágio de maturação biológica (sexual), a partir dessas características se procede a comparação com os valores médios referentes à população (faixa etária e gênero) que o indivíduo se encontra, é então calculado o Índice Z, ( Z = x – X / DP); onde Z = unidades de desvio padrão; x = o resultado do indivíduo na respectiva variável da aptidão física; X = ao valor normativo (valor médio da população) e DP = Desvio Padrão da média da população. Calculando estes valores, quanto mais este indivíduo se afasta em unidades de desvio padrão da população à qual este indivíduo pertence, maior será a probabilidade deste vir a ser um talento esportivo. (MATSUDO, 1996). 12 5.3 Efeitos da Idade Relativa (EIR) em jovens esportistas Segundo Werneck et al. (2017): No esporte, o conhecimento dos fatores que influenciam o desempenho e a consequente seleção dos atletas pode contribuir de modo significativo para a melhoria dos processos de treinamento. Uma das variáveis que tem sido bastante estudada é o Efeito da Idade Relativa (EIR), que é uma consequência da diferença de idade cronológica entre pessoas envolvidas na mesma categoria etária na prática de um determinado esporte (MUSCH; GRONDIN, 2001 apud WERNECK ET. AL; p.2, 2017). Crianças nascidas exatamente antes da data de corte da idade sofrem por serem sempre expostas e colocadas em grupos mais velhos do que seus pares que nasceram logo após a data de corte. A distribuição dessas idades entre jovens esportistas tem sido interpretada como fator de influência nos resultados de crianças na fase de iniciação. Estudos demonstram que os Efeitos da Idade Relativa são fenômenos que existem em muitos, mas não em todos os esportes de competição. A maioria das escolas brasileiras especificam uma idade para o ingresso no primeiro ano. Tomando como exemplo um sistema baseado em 1º de janeiro, uma criança nascida neste mês terá uma diferença de até 11 meses, se comparada com uma criança nascida em dezembro deste mesmo ano, embora ambas estejam no mesmo grupo etário (DELORME; RASPAUD, 2009). Delorme, Boiché e Raspaud (2010) exemplificam que se crianças e adolescentes forem distribuídos em categorias de dois anos, uma criança nascida em janeiro do primeiro ano poderá ter até 23 meses de discrepância de uma outra nascida em dezembro do segundo ano. Segundo os autores, uma diferença relativa de quase um ano, muito comum no sistema escolar de muitos países, e de quase dois anos em categorias esportivas, é associada à significativas diferenças no desenvolvimento maturacional das crianças, favorecendo variações importantes em termos físicos e cognitivos, com as discrepâncias sendo particularmente mais notáveis durante a puberdade. Musch e Grondin (2001) relatam que as primeiras discussões que levantaram a possibilidade de existir uma relação entre idade relativa e participação esportiva são datadas da década de 1980. Na maioria das atividades esportivas, um critério similar àquele utilizado nas escolas é aplicado. As crianças são agrupadas pela idade cronológica 13 em diferentes categorias de prática, com o propósito de fornecer condições de desenvolvimento mais apropriadas, competições mais justas e balanceadas entre os participantes e igualdade de oportunidades. Um número crescente de estudos relacionados aos Efeitos da Idade Relativa (EIR) no mundo esportivo tem sido publicado. Na literatura, a presença de EIR é determinada testando se existe diferença entre o número esperado de jogadores(as) nascidos por mês ou por quartil, que representa um período de 3 meses consecutivos (Q1=janeiro/fevereiro/março; Q2=abril/maio/junho; Q3=julho/agosto/setembro e Q4=outubro/novembro/dezembro) e o número observado (DELORME; RASPAUD, 2009). Diferentes esportes têm sido investigados. Internacionalmente, em níveis de esporte profissional, a maioria das pesquisas, como apontam Delorme e Raspaud (2009), relacionam-se ao futebol ou ao hóquei sobre o gelo, mas há também estudos no beisebol, no basquetebol, no tênis, no golfe e no futebol americano. Pesquisas também foram feitas nas categorias de base e no nível de elite. Inúmeros estudos reportam a existência dos Efeitos da Idade Relativa (EIR) em diversas das modalidades esportivas pesquisadas, especialmente nos esportes onde altura, peso e força são considerados pré-requisitos, demonstrando uma super-representação de atletas nascidos nos dois primeiros quartis (Q1 e Q2) e uma sub-representação de atletas nascidos no último quartil (Q4). Musch e Grondin (2001) concluíram que o Efeito da Idade Relativa (EIR) se infiltra nos processos de seleção e distribuição de talentos, porém não é um fenômeno universal. Mesmo que a maioria dos estudos revele um significativo EIR, este não foi observado sistematicamente em todos os esportes, em todas as faixas etárias ou em ambos os gêneros. Delorme, Boiché e Raspaud (2010) inclusive relatam que, em relação aos gêneros, o impacto deste fenômeno permanece ainda negligenciado. Aliados as datas de corte nos esportes, que parece ser um fator decisivo para a existência do fenômeno conhecido como Efeito da Idade Relativa (EIR), essa distribuição tendenciosa nas datas de nascimento relatadas nas pesquisas podem ter múltiplos fatores associados que podem contribuir para a presença ou ausência deste fenômeno. Esses mecanismos, descritos a seguir, foram relatados por Musch e Grondin (2001). 14 5.3.1 Mecanismos determinantes do EIR 1. A competição como uma condição necessária para a existência do EIR O princípio geral desse fator é o de que quanto maior a quantidade de jogadores potenciais para um dado esporte em uma dada categoria, maior será a competição para obter um lugar em uma equipe, o que cria um campo fértil para o surgimento do EIR. Essa competição virá da equação do número de jogadores para o número de lugares disponíveis, sendo que este número dependerá da popularidade de um dado esporte em um dado país. Possivelmente por esta razão, no futebol se observa o EIR mundialmente, dada sua popularidade e número de praticantes. No Brasil, a maioria dos estudos realizados até hoje sobre o Efeito da Idade Relativa são sobre as modalidades de Futebol e Futsal, modalidades com grandes índices de participação, e os resultados obtidos em todos os estudos corroboram com a ideia de que a maior quantidade de participantes na modalidade favorece o surgimento de umEIR significativo, e foram encontradas evidências de seus efeitos em diversas categorias, da base ao alto nível, embora no feminino este efeito não seja tão pronunciado. De forma inversa, mas contribuindo de forma significativa no que diz respeito ao nível da competição, um interessante estudo conduzido por Laroche et. al. (2010) não encontrou EIR em atividades físicas praticadas por lazer na vida adulta decidadãos canadenses, foi inclusive encontrada uma super-representação em jogadores de voleibol do 3º e 4º quartis, o que pode representar o baixo nível competitivo ou ainda uma transferência para esta modalidade, menos popular no país. Musch e Grondin (2001) descrevem que em esportes com poucos participantes, supõe-se que a ausência observável de EIR se deve ao fato de que todos os interessados na modalidade encontram um time para jogar. 2. O Desenvolvimento físico como condição para o surgimento de EIR Não há dúvidas de que as capacidades físicas sejam determinantes para o sucesso em muitos esportes. O desenvolvimento físico, assim como o desenvolvimento das 15 habilidades motoras, é relacionado à idade cronológica. Existe uma tendência de atribuir o EIR fundamentalmente à maturação, devido à vantagem física dos relativamente mais velhos, já que um ou dois anos podem representar uma grande diferença na estatura e no peso das crianças envolvidas com o esporte. Além disso, um ano de diferença pode proporcionar diferentes resultados em testes de capacidades condicionantes, como velocidade, saltos e lançamentos etc. Para o pico de crescimento (peso e altura), vale lembrar que as maiores variações ocorrem nos meninos entre 13 e 15 anos de idade e um pouco mais cedo entre meninas (MUSCH; GRONDIN, 2001). Explicações baseadas exclusivamente no desenvolvimento físico preveem o EIR logo nos primeiros anos de participação esportiva. Mas, se a maturação física for a única razão para este efeito, então uma redução deste na forma de distribuição das datas de nascimento deveria ser observada em anos subsequentes, pois a diferença da idade relativa, se comparada com a idade absoluta, gradualmente diminui. Porém, esse padrão não se apresenta em todos os estudos (MUSCH; GRONDIN, 2001). Delorme e Raspaud (2009) relatam que as vantagens das características físicas dos nascidos logo após a data de corte podem, indiscutivelmente, impactar o potencial percebido. Estes indivíduos podem ser mais facilmente identificados como talentosos e promissores do que seus pares nascidos no final do ano, se beneficiando desta visão tendenciosa que facilita seu recrutamento nos processos de seleção e, consequentemente, favorece seu acesso às estruturas de alto nível. Martin et al. (2004) descrevem que a maturação neurológica pode se manifestar em diferentes capacidades tais como a autorregulação da atenção, emoção e outras funções como memória, atenção seletiva, certos aspectos da cognição e controle inibitório. Associado a isso tudo, Helsen et al. (2005) relatam que em períodos de rápido crescimento esquelético e desenvolvimento muscular podem ocorrer significativas mudanças na coordenação motora. Essas mudanças e as altas intensidades associadas aos treinamentos e, muitas vezes, ao início de uma nova temporada com possíveis trocas de categoria, podem resultar em uma incidência maior de prejuízos para os jogadores nascidos no último quartil do ano, podendo se tornar um motivo de evasão. Considerando todas essas diferenças que podem ocorrer dentro da idade relativa, em outro estudo realizado com jogadores de basquetebol, Delorme, Chalabaw e Raspaud 16 (2009) consideram o EIR um efeito discriminatório nas categorias de base, já que penaliza jogadores nascidos longe da data de corte, o que limita suas chances na modalidade escolhida. Em um estudo realizado com 546 estudantes de dança profissionais, Van Rassum (2006) relatou que o EIR depende da característica da tarefa motora. Quando é dado ênfase à técnica ou às habilidades motoras em detrimento da importância dos fatores físicos, como no caso da dança, não foram encontradas evidências de EIR. 3. Fatores psicológicos que podem influenciar o Efeito da Idade Relativa (EIR) Descrevendo os mecanismos determinantes para a existência do EIR, Musch e Grondin (2001) afirmam que, além das diferenças físicas, deve ser levado em consideração as variáveis psicológicas, já que a maturação também difere nesse sentido. A competência percebida é uma determinante poderosa na participação esportiva. De acordo com a Teoria de Competência Motivacional, indivíduos com alta percepção de competência física, acadêmica ou social são mais propensos a participar dessas respectivas atividades. O Modelo Cognitivo-Afetivo de Estresse também sugere que numa situação caracterizada pela instabilidade de demandas (exemplo: necessidade de demonstrar habilidade em um contexto competitivo) e recursos (exemplo: falta de habilidade), a criança pode perceber sua participação esportiva como algo tão estressante que, consequentemente, desiste da atividade (MUSCH; GRONDIN, 2001). Delorme e Raspaud (2009) relatam um estudo que demonstra que, considerando o gênero feminino, o EIR é positivamente relacionado à autoestima e negativamente ao estresse, particularmente durante a adolescência. Meninas nascidas no primeiro quartil (Q1) terão melhor autoestima e serão menos estressadas do que suas companheiras nascidas no último quartil (Q4), estas últimas podem sofrer um efeito devastador devido à baixa autoestima. Correlações entre a percepção da competência e a competência atual, com medidas feitas por um professor de desempenho esportivo, revelam que a criança se torna mais precisa na sua percepção de competência com o avanço da idade. Considerando que crianças com boa percepção de sua competência demonstram maior orientação para a motivação intrínseca e relatam maior prazer pela prática do que crianças com baixa 17 percepção de competência, crianças com idade relativa mais avançada tendem a continuar sua participação no esporte escolhido mais do que seus pares mais jovens, visto que possuem habilidade cognitiva mais desenvolvida, o que pode refletir em níveis maiores de autoconfiança e percepção melhor do próprio desempenho, contribuindo para uma melhor percepção inicial da própria competência (MUSCH; GRODIN, 2001). Tradicionalmente, pesquisas dentro do contexto escolar descrevem a presença de um possível “Efeito Pigmaleão” nos resultados obtidos pelos alunos. Esse efeito, também conhecido como “Teoria do autopreenchimento”, refere-se a um fenômeno psicológico no qual as expectativas de uma pessoa (professores, mentores, pais) podem influenciar as ações de outra pessoa (TROUILLOUD; SARRAZIN, 2006). Uma falsa definição de uma situação evoca um novo comportamento, que faz a concepção falsa anterior se tornar realidade (TROUILLOUD; SARRAZIN, 2006). Essas expectativas disparam uma série de interações verbais e não verbais as quais inadvertidamente controlam o comportamento de realizações posteriores, podendo ter um efeito tanto negativo quanto positivo. As crianças com perfil de idade relativa mais avançadasão, muitas vezes, erroneamente percebidas como as mais talentosas de seus grupos e o Efeito Pigmaleão pode ampliar e estabilizar essa vantagem, principalmente se o comportamento dos pais, técnicos e pares corresponder com as percepções iniciais da habilidade da criança (MUSCH; GRODIN, 2001). 4. Experiência como fator de influência na ocorrência de Efeitos da Idade Relativa (prática deliberada) Em adição aos fatores físicos e psicológicos nas diferenças de idade, há um outro fator simples, porém de grande importância, que pode contribuir para o surgimento do EIR: o tempo de prática. Esse tempo representa a experiência que alguém possui em uma dada atividade. Um ano de vantagemrelativa pode significar até 90% a mais de tempo praticando uma atividade e, consequentemente, pode representar um tempo maior de treino (MUSCH; GRONDIN, 2001). Segundo Delorme, Boiché e Raspaud (2010a), o fato de os nascidos no primeiro quartil terem mais chances de serem percebidos como talentosos pode trazer um benefício secundário dessa interpretação errônea, representado pela exposição precoce aos 18 treinamentos de alto nível, à técnicos altamente qualificados e às habilidades estratégicas de nível mais elevado. Vaeyens, Philippaerts e Malina (2005) relataram, num estudo com futebolistas seniores semiprofissionais e amadores da Bélgica, que apesar de haver uma super-representação na distribuição de nascidos no primeiro semestre, o segundo semestre também estava bem representado, por isso analisaram o número de jogos que cada atleta participou e o tempo de jogo de cada um. Os estudos concluíram que os nascidos no primeiro quartil (Q1) receberam mais oportunidades de tempo jogando, reforçando o mecanismo de maior tempo de prática. Resultados parecidos foram encontrados por Auguste e Lames (2011) com jogadores de elite do futebol alemão da categoria sub-17. 5. Evasão associada ao Efeito da Idade Relativa (EIR) Poucos estudos foram realizados sobre evasão no esporte. Compreender os fatores determinantes desse processo é importante para as entidades esportivas, especialmente para as federações que precisam crescer para manter sua existência. No Brasil, considerando que as federações sobrevivem por meio do número de filiados que pagam por seu licenciamento, é fundamental para essas entidades atrair novos membros e desenvolver um forte senso de fidelidade em seus membros. Identificar as causas de evasão nas modalidades auxiliaria nesse processo. À medida que os relativamente mais velhos vão aumentando sua exposição à níveis mais altos de treinamento, devido às causas já discutidas anteriormente, é de se esperar que, consequentemente, os atletas nascidos no final do ano se tornem desmotivados. Nesse caso, a evasão se torna produto do Efeito da Idade Relativa (DELORME; CHALABAW; RASPAUD, 2010). Os estudos de Helsen, Winckel e Williams (2005) com jovens futebolistas da Europa, sugeriram que a partir dos 12 anos em diante ocorre maior número de evasão por aqueles nascidos no final do ano, correspondendo ao período da puberdade. Delorme e Raspaud (2009) relatam, num estudo realizado com jogadores de basquetebol franceses, que cerca de um terço dos participantes desistiram durante ou no final do ano examinado para todas as categorias e para ambos os gêneros. Nos seus relatos, para ambos os gêneros, nas idade entre 15 e 17 anos foi observada maior 19 evasão, notadamente no primeiro ano da categoria. Houve uma importante super- representação de evasão entre jogadores nascidos no último quartil (Q4). Também observaram a incidência da evasão nas categorias nas quais foram observadas maiores diferenças de altura (13-14 anos para os meninos e 11-12 anos para as meninas), que chegam a ultrapassar mais de 10 cm nos dois gêneros. Ainda, segundo esses autores, jogadores relativamente mais jovens estão mais suscetíveis à frustração por causa de sua condição limitada ao competir com aqueles nascidos no início do ano e, por isso, estão também mais suscetíveis a desistir do esporte competitivo. Num outro estudo realizado com jogadoras de futebol feminino, conduzido por Delorme, Boiché e Raspaud (2010a), também foi encontrada uma distribuição tendenciosa nas idades de evasão, com uma super-representação de Q3 e Q4, nas categorias entre 10 e 17 anos, correspondendo também ao período da puberdade e adolescência. Uma questão que surge é se o Efeito da Idade Relativa sobre a evasão é mais importante em jogadores que participaram de uma única temporada ou acontece com aqueles que já participaram por vários anos. Novos estudos seriam necessários para responder essa pergunta. Delorme, Boiché e Raspaud (2010a) ponderam que seria lógico imaginar que em esportes nos quais os atributos físicos representam uma vantagem, crianças nascidas no último quartil seriam menos atraídas à essas modalidades de forma competitiva, pelo fato de serem menos maturadas e se encontrarem em uma situação temporária de inferioridade, desencadeando um processo de “autorrestrição” ou “autosseleção”, o que na prática inibe certos jovens de se envolverem em uma dada atividade esportiva ou favorece a evasão precoce dos jogadores nascidos no final do ano, elevando os níveis de EIR ainda mais. Dessa forma, uma distribuição desigual entre jogadores de categorias superiores pode ser apenas parte de um efeito discriminatório de um sistema que valoriza os atributos físicos e que inicia seu processo ainda nos primeiros anos de competição. Para finalizar, Delorme, Boiché e Raspaud (2010a) descrevem um estudo que revela que em psicologia esportiva as oportunidades reduzidas de jogar, assim como a baixa 20 percepção da competência desportiva, contribuem significativamente para a desistência da prática esportiva. Vale lembrar que a seleção dos jogadores acontece normalmente em um momento de instabilidade das variáveis que compõem o desempenho, principalmente quando é considerada a interferência de diferentes velocidades de maturação biológica e sua associação com a idade cronológica (CARLI et al., 2009). Isso nos leva a refletir que os processos de identificação e detecção de talentos no Brasil são fortemente tendenciosos pelos atributos físicos das crianças em detrimento da qualidade de suas habilidades técnicas. Como reportam Larouche et. al. (2010), considerando a enorme quantidade de dinheiro que se gasta com o desenvolvimento atlético, é ainda mais preocupante que potenciais talentos estejam sendo perdidos por razões exclusivamente procedimentais. O objetivo geral da promoção de talentos deveria ser o desenvolvimento de um desempenho mais promissor na vida adulta e não a busca de um sucesso temporário e imediato. Além disso, os múltiplos benefícios de uma participação moderada no esporte para aceitação social, melhor autopercepção psicológica e para a promoção da saúde são também fatores importantes para se considerar, daí surge a necessidade de maior compreensão dos Efeitos da Idade Relativa. Considerando todo o material visto, é de interesse deste estudo aprofundar as pesquisas na modalidade de basquetebol praticada no Estado de São Paulo por todas as categorias organizadas pela Federação Paulista de Basquetebol (FPB) no ano de 2011. No feminino, a modalidade está dividida nas categorias sub-13, sub-15, sub-17, sub-19 e adulta. No masculino, as categorias são sub-12, sub-13, sub-14, sub-15, sub- 16, sub-17, sub-19 e adulta série A1 e A2. Embora poucos estudos tenham sido realizados nesta modalidade, os resultados obtidos sobre o EIR no basquete divergem, não foram encontrados casos de EIR nas pesquisas realizadas por Delorme e Raspaud (2009) e Côte et al. (2006), mas foram relatados efeitos significativos entre jovens jogadores franceses entre 7 e 18 anos, de ambos os sexos, com resultados mais pronunciados durante a puberdade. Nesse estudo os autores também relataram que a altura daqueles nascidos nos dois primeiros quartis (Q1 e Q2) foram sempre maiores do que os valores encontrados no último quartil (Q4). 21 Este estudo analisou a data de nascimento de todos os jovens licenciados nas categorias de base da Federação de Basquete Francês durante a temporada de 2005-2006. Como a modalidade possui atributos físicos valiosos, como a altura, a hipótese era de que seria encontrada uma distribuição desigual nas datas de nascimento, com super- representação dos nascidos no primeiro semestre, fato que se confirmou com as pesquisas. Foram encontrados mais casos de EIR na modalidade feminina. Um outro estudorealizado por Delorme e Raspaud (2009) ainda confirmou a presença dos Efeitos da Idade Relativa na distribuição das datas de nascimentos de atletas que desistiram da modalidade, com alta incidência de jogadores do último quartil (Q4) na amostra. REFERÊNCIAS AUGUSTE, C; LAMES, M. The relative age effect and success in German elite U-17 soccer teams. Bursa: Journal of sports sciences, v. 29, n. 9, p. 983-987, 2011. BLOOM, B.S. Developing talent in young people Developing talent in young people Developing talent in young people. Nova Iorque: Ballentine, 1985. 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