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SAÚDE INTEGRAL DA MULHER I - CICLO I Gestação ectópica ● Conceito: gestação fora da cavidade uterina, ovo implanta fora do útero (extrauterina) ○ Cicatriz de cesárea, gravidez cervical = ectópica ● Locais que podem ocorrer gravidez ectópica ○ Local mais comum de ocorrência (90 - 95%) = tubas uterinas ■ 70% deles ocorrerá na ampola (região que ocorre fecundação) = gravidez tópica ■ Dentro da ampola: pode ser fimbrial, infundibular, intersticial… ● Contracepção -> óvulo sugado pelas fímbrias das trompas -> chega na ampola encontra com espermatozóide = blastocisto -> ocorre nidação ○ No formato de blastocisto, entra na cavidade e realiza a nidação ● Alteração de trajeto, óvulo atrasado, espermatozoide atrasou, barreira já fecundada = gera gestação ectópica ● Abaixo da zona discriminatória = fora do útero ● A gravidez ectópica que envolve a implantação na cérvice uterina, na porção intersticial da tuba uterina, no ovário, no abdome ou na cicatriz de cesárea é responsável por menos de 10% de todas as gestações ectópicas. ○ Esses casos atípicos e raros de ectopia são de difícil diagnóstico e estão associados a elevada morbidade. Fatores de risco Cirurgia tubária prévia Gravidez ectópica anterior Exposição in utero ao dietilestilbestrol (DES) História de doença inflamatória pélvica História de infertilidade História de cervicite por clamídia ou gonococo Anormalidade tubária documentada Ligadura tubária Uso atual de dispositivo intrauterino (DIU). Endometriose ● 1º fator de risco: gestação ectópica prévia, ○ Descolamento de placenta prévio = risco para ter novo episódio de descolamento ○ Trabalho de parto prematuro prévio = risco para ter novo episódio de parto prematuro ○ Gestação ectópica anterior -> aumento de 15%; 2 ectópicas ou mais = 25% ● 2º fator de risco: alteração de trajeto na tuba, causada principalmente pela DIP ○ DIP = relação desprotegida com uma pessoa contaminada pela Clamídia, Gonococo, Trichomonas -> inflamação/ infecção do cervical -> hemorragia -> cervicite (sinusorragia, área friável semelhante a metaplasia - subclínico) -> ascendente = encontra endométrio -> endometrite (dor pélvica leve a moderada intermitente, raro casos agudos, escape todo ciclo menstrual) -> ascendente - encontra óstio tubário = Salpingite (fímbrias curvadas e direcionadas posteriormente próximas aos ovários) -> encontra com ovários = ooforite -> perto do peritônio -> peritonite ■ Colaba as tubas (traves cicatriciais) ■ Células de inflamação + microrganismos anaeróbio = gera pus (salpingite -> piossalpinge) ■ Próximo ao ovário -> fístula com ovário -> abscesso tubo ovariano ■ 70% da DIP é subclínica ■ Salpingite -> piossalpinge (pus) -> distende sobre o ovário -> fístula = formação do abscesso tubo-ovariano -> líquido torna-se fluido = hidrossalpinge (tuba repleta de líquido) ■ Evolução para hidrossalpinge - trompa distendida com líquido dentro ○ Mesmo que o espermatozoide encontra espaço entre sinéquias -> fecunda o óvulo mas fica retido na tuba (não consegue passar) ● 3º FR: Infertilidade feminina por fator tubário ○ Fertilização in vitro (FIV) também é fator de risco para gestação ectópica (colocação de 2 ou 3 óvulos fecundados ○ Pode ocorrer que um blastocisto nidar na cavidade endometrial e outro blastocisto gera uma gestação ectópica = gestação heterotópica (tópica + ectópica) ■ Risco: trata a ectópica cirurgicamente (dx na fase de embrião ou feto) -> anestesia, medicação = tópico pode não resistir ao procedimento e pode ocorrer aborto ■ Dx na fase de 1º trimestre -> feto tópico pode não resistir ● 4º FR: Cirurgia que mexe dentro da cavidade de útero e tubas (ex.: histeroscopia) -> risco de gravidez ectópica ○ Cirurgias com movimentação de tuba e ovário ○ Histeroscopia ■ Curetagem pregressa -> Síndrome de Asherman ○ Parto cesárea -> Histerectomia - gestação ectópica em cicatriz de cesárea ■ Região ístmica -> após histerectomia não forma mais tecido miometrial contínuo - forma tecido cicatricial (pouco vascularizado) ■ Blastocisto é atraído por regiões com pouca vascularização -> maior chance de nidar (apesar de não ser tecido muscular -> na liberação de proteínas para correr e formar neovascularização e onda vascular -> pode corroer e adentrando -> nida dentro do miométrio) ● Fora da cavidade uterina (dentro do miométrio ou formando a placenta para dentro) ■ Após cirurgia cesárea prévia -> ocorreu deiscência de sutura -> istmocele = embrião pode adentrar a deiscência (nidação na istmo cele) ○ Cirurgias tubárias ● 5º FR: DIU ○ Uso de DIU de cobre -> causa espuma química -> atrasa o sptz ○ DIU mirena e kaileena -> espessamento do muco atrasa o sptz a chegar ○ Além do efeito de corpo estranho que o DIU exerce na cavidade uterina ● 6º FR: Tabagismo (todos) ● 7º FR: Extremos de idade, principalmente mulheres mais velhas -> óvulos > 35 anos diminuem sua qualidade e podem ter movimentos alterados, fecundação de conteúdo genético alterado ● 8º FR: Endometriose SAÚDE INTEGRAL DA MULHER I - CICLO I Diagnóstico ● O diagnóstico de pacientes com gravidez ectópica deve ser rapidamente confirmado por ultrassonografia transvaginal e dosagem de β-hCG ● Atraso menstrual -> pedir β-hCG ○ > 3500 mil unidades/ml -> deve-se ver saco gestacional na cavidade uterina no USG ○ Enquanto o caso não for esclarecido, são indicadas dosagens da βhCG/ultrassonografia a cada 48 h ● 4-5 semanas -> embrião intrauterino ○ Se não achar-> pensar em erro de data = beta-HCG discriminativo (zona discriminatória > 3500) ○ Se não encontra embrião (distância < 25mm) ■ Distância > 25mm -> aborto completo ■ Distância < 25 msm -> aborto incompleto ■ Saco gestacional = membrana hiperecogênica e conteúdo hipoecogênico ● Procurar em outros locais se não tiver na tuba uterina ● Procurar nas trompas (local mais comum) ● Se não foi encontrado -> avaliar ovário, ligamento, cavidade abdominal ○ Área hiperecogênica e conteúdo hipoecogênico = saco gestacional ● Sinais -> antes da ruptura: dor abdominal leve intensidade, sangramento pequeno volume amarronzado, atraso menstrual ○ Exame físico - útero de tamanha habitual, pouca detecção pelo exame físico (resolve antes de se tornar palpável) ■ Pouca porcentagem 5-7% na palpação de órgãos anexos tem massa palpável ○ Paciente não apresenta sinais de instabilidade (taquicardia, diminuição da consciência, hipotensão) -> estável = conduta expectante ou farmacológica a depender da dosagem de beta-HCG e do tamanho da massa (diâmetro) ○ BHCG abaixo da zona discriminatória -> não deveria ver saco embrionário no útero -> se disponível e dispor de USG = presença de anel tubário (parede esbranquiçada) e ao jogar o Doppler forma um anel em volta da área hiperecogênica (vascularização aumentando em torno do blastocisto) ● Gravidez tubária rota exibem quadro clínico de choque, ○ Hipotensão, taquicardia e dor à palpação, ○ TTO: tratadas em bases emergenciais Subaguda ● Forma mais comum ● Ovo localizado na ampola tubária -> saco ovular distende porção ampular da tuba uterina -> perda sanguínea que atravessam o óstio e alcançam a cavidade abdominal -> hemorragia peritoneal persistente = dor abdominal em hipogástrio, náuseas, vômitos, estado subfebril, distensão de ventre, leucocitose. ● Dor a palpação do fundo de saco posterior (grito de Douglas) ● Diagnóstico difícil Aguda ● Localizada no istmo da tuba uterina -> ruptura com intensa hemorragia intraperitoneal ● Dor forte na fossa ilíaca ou hipogástrica ● Se sangue intra abdominal ascendera o diafragma ao deitar-se -> irrita nervo frênico -> dor escapular direito ● Estado de choque: palidez, sudorese, extremidades frias, pulso fino e rápido, hipotensão ● Blumberg positivo, sensação de peso no reto e bexiga com dor a micção e defecação Abdominal ● Dor abdominal, náusea, vômito, colo deslocado. USG para diagnóstico = útero vazio e placenta ectópica intra abdominal -> solicita RNM para avaliar localização do feto Tratamento Conduta Expectante ● Quadro clínico estável + massa com < 3,5 cm + beta-HCG < 2 mil ou quedado beta-HCG em 48h = gravidez ectópica sinal de que gestação tem poucas chances de evoluir -> fazer conduta expectante (próprio organismo absorver) = Diminuição do beta-HCG ○ Não dar alta para paciente de difícil acesso ao hospital -> pode romper a qualquer momento diminuindo ■ Se der alta -> orientar a retornar se presença de sinais de instabilidade ● Massa medindo > 3,5cm e beta-HCG > 2 mil -> conduta farmacológica com Metotrexate -> degenera saco gestacional, tecido trofoblástico (“mumificação, resseca) SAÚDE INTEGRAL DA MULHER I - CICLO I Conduta farmacológica Administração de metotrexato Critérios de inclusão do MTX ● Quadro clínico estável ● Diagnóstico definitivo ● β-hCG < 5.000 mUI/mℓ ● Aumento da β-hCG < 50% em 48 h ● Saco gestacional < 3,5 cm ● Atividade cardíaca fetal ausente ● Líquido livre no peritônio ausente/moderado ● Critério para usar metotrexato ○ Não ter batimento cardiofetal, massa com tamanho <4cm, beta-hcg < 5 mil, se paciente não tiver amamentando, ausência de alergia, ausência de tratamento para doença pulmonar em atividade, ausência de doença hepática ou renal, imunossuprimido ■ Se presença de batimento cardio fetal = conduta cirúrgica ● Dose única ou Múltiplas doses: ● Dose única: 50 mg/m² de altura, intramuscular ○ Risco de ruptura da ectópica mesmo utilizando metotrexato ○ Solicitar BHCG no 4º e 7º dia após injeção de metotrexato ■ Aumento do beta-HCG até o 4º dia (por isso fazer depois) ○ Ação do metotrexato -> age em todo tecido gestacional e causa regressão = liberação de BHCG massivamente no sangue (pode perder parâmetro se medir antes) ○ Queda > 15% = segmento semanal até negativação ○ Queda <15% = nova dose de metotrexato (50 mg/m² de altura da paciente) - repete no 4 e 7º dia -> segmento semanal até negativar (< 5mUI/ml) ou queda< 15% = cirurgia ● Esquema de múltiplas doses: ○ Usado para quadros mais complexos: ectópica por gestação intersticial, cicatriz cesária e cervical sem BCF ○ Administrar em dias ímpares = 1º,3º,5º,7º dia ○ Via intramuscular ○ Dose: 1 mg/kg ○ Intercalado por, nos dias pares = ácido folínico 15 mg/ kg (metotrexate pode agir na medula, alterando a eritropoese) ○ Dosagem de β-hCG ■ Antes de realizar metotrexato novamente solicitar BHCG e avaliar queda ● Queda > 15 % = não fazer a próxima dose ● Queda < 15%: faz a próxima dose (fazer a 5, 7º dose -> se não negativar -> cirurgia) ● Cirurgia: caso não negativa o BHCG até o 7º dia ○ Se tem BCF nas gravidezes complicadas -> fazer metotrexate intra saco gestacional (entra com sonda de USG e agulha e faz metotrexato dentro do saco gestacional) -> dose única de 1 mg/kg de peso do feto, intra saco gestacional ■ Guiado por ultrassom + Intra saco gestacional ● Obj.: parar batimento ■ No outro dia = dose IM de 50 mg/m2 de altura ● Intuito de romper a gravidez ectópica Conduta cirúrgica ● Laparotomia: reservado para pacientes hemodinamicamente instáveis e com hemoperitônio ● Laparoscopia: padrão outro, permite tratamento cirúrgico conservador ● Na paciente estável -> operar se massa > 4 cm e beta-HCG > 5 mil ou condições que impedem o uso (doença hepática, renal, amamentação) ○ Salpingectomia -> mais vascularizada, indicado se sangramento incontrolável, gravidez ectópica recorrente na tuba, tuba muito lesada ○ Ooforectomia ○ Salpingostomia -> conserva trompa ● Tuba é muito inervada e vascularizada Gravidez ectópica rota ● Paciente com sinais de instabilidade + dor lancinante abdominal + posição antálgica + blumberg em fossa ilíaca direita ● Ao espéculo fórnice posterior abaulada e grito da dor nesse local ● CD = cirúrgica ○ Não esperar beta-HCG e USG para conduta -> fazer o beta-HCG e não esperar ○ O máximo e fazer um fast para ver se tem hemoperitoneo ● Diagnóstico clínico -> emergência obstétrica ● No 1º trimestre (13 semanas e 6 dias), é a principal causa de morte ○ Principal causa de morte pelo choque hipovolêmico
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