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Concurso MPCE 2020 – Promotor de Justiça: Prova
comentada (conforme gabarito preliminar).
20/02/2020 Por mege
A prova comentada do MPCE foi preparada pela Equipe Mege imediatamente após a
divulgação do gabarito preliminar da prova objetiva do Concurso MPCE (realizada no dia 16 de
fevereiro de 2020). O intuito é auxiliar nossos alunos e seguidores na elaboração de recursos e
possibilitar também a revisão de temas cobrados no certame em formato conclusivo, sem
maiores pretensões de aprofundamento neste momento de apoio.
Agradecemos os professores que atuaram em nossa turma de reta final para o concurso pela
rápida análise enviada. Entre materiais escritos, videoaulas e simulados tivemos mais de 20
(vinte) professores envolvidos. Deste post participaram: Rhaila Said (Constitucional), Lucas
Matins – Administrativo e Improbidade, Kherson Soares (Civil),
Guilherme Andrade (Processo Civil), Rafhael Nepomuceno (Penal, Processo Penal, LEP e Maria
da Penha),
Marcio Plastina (TGD e Empresarial), Fabio Ottoni (Difusos, Idoso e Deficiente), Helga Tavares
(ECA),
Beatriz Fonteles (Consumidor), Yvina Macedo (Institucional), Bárbara Saraiva (Tributário), Edison
Burlamaquei (Ambiental) e Arnaldo Bruno Oliveira (Eleitoral).
 Menu
https://blog.mege.com.br/author/mege/
https://blog.mege.com.br/
Vale lembrar que já estamos com inscrições abertas para nossa turma específica para 2ª fase
do MP-CE (sob coordenação do professor Rafhael Nepomunceo, promotor de justiça no MP-
CE; 1º lugar na 2ª etapa do último concurso da instituição). Nesta atuação abordaremos
videoaulas, materiais, provas autorais (com ex-examinadores Cebraspe no corpo docente) e
correções personalizadas. Não deixem de conferir (vagas limitadas)!
Link para proposta completa da 2ª fase MP-CE:
https://www.mege.com.br/produto-mpce-2%C2%AA-fase-turma-1–aulas-materiais-provas-e-
correcoes-945
Esperamos que esta revisão de prova seja útil para todos os alunos e seguidores do Mege.
Bons estudos!
Concurso MPCE: DIREITO PENAL
1. Com relação aos princípios e às garantias penais, assinale a opção correta.
(A) O princípio da adequação social serve de parâmetro fundamental ao julgador, que, à luz
das condutas formalmente típicas, deve decidir quais sejam merecedoras de punição criminal.
(B) Conforme o princípio da subsidiariedade, o direito penal somente tutela uma pequena
fração dos bens jurídicos protegidos nas hipóteses em que se verifica uma lesão ou ameaça de
lesão mais intensa aos bens de maior relevância.
(C) A proibição da previsão de tipos penais vagos decorre do princípio da reserva legal em
matéria penal.
Lista de tópicos
1. Concurso MPCE: DIREITO PENAL
2. Concurso MPCE: DIREITO PROCESSUAL PENAL
3. Concurso MPCE: Processo Penal
4. Concurso MPCE: EXECUÇÃO PENAL
5. Concurso MPCE: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
6. Concurso MPCE: DIREITO CONSTITUCIONAL
7. Concurso MPCE: Teoria Geral do Direito
8. Concurso MPCE: DIREITO CIVIL
9. Concurso MPCE: PROCESSO CIVIL
10. Concurso MPCE: DIREITO TRIBUTÁRIO
11. Concurso MPCE: Ambiental e Urbanístico
12. Concurso MPCE: ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE
13. Concurso MPCE: DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
14. Concurso MPCE: DIREITO DO CONSUMIDOR
15. Concurso MPCE: DIREITOS DO IDOSO E DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
16. Concurso MPCE: Humanos
17. Concurso MPCE: Institucional
https://www.mege.com.br/produto-mpce-2%C2%AA-fase-turma-1--aulas-materiais-provas-e-correcoes-945
(D) Em nome da proibição do caráter perpétuo da pena, conforme entendimento do STJ, o
cumprimento de medida de segurança se sujeita ao limite máximo de trinta anos.
(E) O princípio da culpabilidade afasta a responsabilização objetiva em matéria penal, de modo
que a punição penal exige a demonstração de conduta dolosa ou culposa.
 
 
COMENTÁRIOS
 (A) Incorreta. O Princípio da Adequação Social, considerado como causa supralegal de exclusão
da tipicidade, por ausência de tipicidade material, dispõe que não pode ser considerado criminoso
o comportamento que, embora tipificado em lei, não afronte o sentimento social de justiça. Nada
obstante, para que a conduta não seja considerada típica, deve haver a modificação legislativa
necessária, não cabendo ao julgador decidir quando haverá ou não o reconhecimento do fato
como crime. Se a conduta se amolda ao fato típico, ela deve passar pela tutela jurisdicional de
julgamento, inclusive pela característica da imperativa da lei penal, ou seja, ela é imposta a
todos.
 
(B) Incorreta. O princípio que descreve que o Direito Penal somente tutela bens jurídicos
capazes de causar lesão ou ameaça de lesão para bens jurídicos relevantes é o Princípio da
Fragmentariedade, o qual se trata de uma das caraterísticas do Princípio da Intervenção
Mínima. Já o Princípio da Subsidiariedade – outra característica – elenca que o Direito Penal
deve ser utilizado como ultima ratio, ou seja, atuar quando outros ramos o direito não
puderem resolver o problema.
 
(C) Incorreta. O Princípio da Reserva Legal, como um dos componentes do Princípio da
Legalidade Estrita – ao lado do Princípio da Anterioridade – dispõe que os tipos penais
incriminadores somente poder ser criados por lei em sentido estrito, emanada pelo Poder
Legislativo de acordo com o processo de criação constitucional.
O princípio que descreve que o tipo penal deve apresentar descrição certa (nullum crimen, nulla
pena sine lege certa), rigorosamente delimitada, taxativa, não se admitindo descrições vagas,
imprecisas ou indeterminadas é o Princípio da Taxatividade.
 
(D) Incorreta. O entendimento adotado pelo STJ é de que medida de segurança não deve
ultrapassar o prazo máximo previsto abstratamente para o delito cominado, consoante
entendimento da Súmula nº 527.
STJ, Sum. 527. O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite
máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.
RESPOSTA. E
 
(E) Correta. O afastamento da responsabilização objetiva em direito penal decorre do Princípio
da Responsabilidade Subjetiva, que elenca não bastar que o fato seja materialmente causado
pelo agente, é imprescindível que o fato tenha sido querido, aceito, previsível pelo autor. Por
conseguinte, o afastamento da responsabilidade objetiva não é uma das facetas da
culpabilidade.
 
2. Cada um dos itens a seguir apresenta uma situação hipotética, seguida de
uma assertiva a ser julgada, acerca da aplicação de pena e do livramento
condicional, considerando-se o entendimento dos tribunais superiores.
I – Flávio, processado e condenado pela prática de delito de tráfico ilícito de entorpecentes,
confessou, em interrogatório judicial, que possuía a droga para consumo próprio. Nesse caso,
a confissão feita por Flávio em juízo, ainda que parcial, não deve servir como circunstância
atenuante da confissão espontânea para fins de diminuição de pena.
II – Pela prática de delitos de vias de fato e ameaça em contexto de violência doméstica e
familiar contra sua ex-esposa, Joana, José foi condenado às penas de vinte dias de prisão
simples e um mês e cinco dias de detenção, ambas em regime aberto. Nesse caso, é cabível a
substituição da pena restritiva de liberdade por restritiva de direitos apenas em relação à
contravenção penal de vias de fato.
III – Pela prática de delito de homicídio culposo no trânsito, na forma qualificada, por conduzir
veículo sob influência de bebida alcoólica, Marcos foi condenado à pena de cinco anos de
reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime semiaberto. Nesse caso, em que pese o
quantum da pena, é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos.
IV – Pela prática de delito de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, Pedro, reincidente
por crime de roubo simples, foi condenado à pena privativa de liberdade de quatro anos de
reclusão, em regime fechado. Nesse caso, ante a prática de crime hediondo e a reincidência,
Pedro não fará jus ao livramento condicional.
Estão certos apenas os itens:
(A) I e III.
(B) I e IV.
(C) II e IV.
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV.
 
RESPOSTA. A
 
COMENTÁRIOS(I) Correta. A inadmissão da atenuante exposta no caso se coaduna com o entendimento
sumulado do Superior Tribunal de Justiça:
STJ, Sum 630. A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de
entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera
admissão da posse ou propriedade para uso próprio.
(II) Incorreta. A impossibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos, mesmo no caso de contravenção penal no ambiente doméstico, trata-se de
entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça.
Súmula 588 – A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave
ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos.
(III) Correta. A possibilidade da aplicação da pena restritiva de direitos, em substituição à pena
privativa de liberdade, mesmo em caso de condenações que ultrapassem 04 (quatro) anos, é
possível quando se tratar da prática de crime culposo, conforme prevê o art. 44, inciso I do
Código Penal.
CP, Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime
for culposo;
 
(IV) Incorreta. Mesmo em caso de condenação por crime hediondo, denota-se possível a
concessão de livramento condicional tendo em vista que reincidência exposta no caso não é
também derivada de crime hediondo. Para tanto, há possibilidade encontra subsídio no art. 83,
inciso V do Código Penal.
Art. 83 – O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
(…)
V – cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
 
3. Paulo, descontente com o término do namoro com Maria, livre e
conscientemente invadiu o dispositivo informático do aparelho celular dela e
capturou fotos íntimas e conversas privadas dela com seu novo namorado, João.
Posteriormente, também livre e conscientemente, com intuito de vingança,
divulgou, em redes sociais na Internet, os vídeos e as fotos de Maria, com cunho
sexual, difamando-a e injuriando João com a utilização de elementos referentes
à sua raça, cor e etnia. Em razão dessa conduta, Paulo foi indiciado pelos delitos
de violação de dispositivo informático, divulgação de cenas de sexo ou
pornografia, majorada pelo intuito de vingança, difamação contra Maria e
injúria racial contra João.
Com relação à persecução penal nessa situação hipotética, é correto afirmar que os crimes
citados se submetem, respectivamente, a ação penal:
(A) pública condicionada a representação, pública condicionada a representação, privada, e
pública incondicionada.
(B) pública condicionada a representação, pública incondicionada, privada, e pública
condicionada a representação.
(C) pública condicionada a representação, pública condicionada a representação, privada, e
pública condicionada a representação.
(D) pública incondicionada, pública incondicionada, privada, e pública condicionada a
representação.
(E) pública incondicionada, pública incondicionada, pública condicionada a representação, e
pública incondicionada.
 
 
COMENTÁRIOS
 O crime de violação de dispositivo informático, previsto no art. 154-A do Código Penal, se
submete à Ação Penal Pública Condicionada à representação, conforme art. 154-B, primeira
parte, do Código Penal.
O crime de divulgação de cenas de sexo ou pornografia majorado pela vingança, previsto no art.
218, § 1º do Código Penal, se submete à Ação Penal Pública Incondicionada, conforme art. 225
do Código Penal.
O crime de difamação, previsto no art. 139 do Código Penal, se submete à Ação Penal Privada,
conforme art. 145 do Código Penal.
E o crime de injúria racial, previsto no art. 140,§ 3º do Código Penal, se submete à Ação Penal
Pública Condicionada à representação, conforme art. 145, parágrafo único, do Código Penal.
Por conseguinte, a única assertiva que dispõem das ações penais acima dispostas, nessa ordem
elencada, é a alternativa B.
RESPOSTA. B
 
4. Com relação a causas extintivas de punibilidade, assinale a opção correta, de
acordo com a jurisprudência dos tribunais superiores.
(A) A reincidência penal implica o aumento, em um terço, do prazo da prescrição da pretensão
punitiva.
(B) A extinção da punibilidade de crime antecedente não interfere na punibilidade do delito de
lavagem de dinheiro.
(C) A sentença que concede o perdão judicial afasta os efeitos penais da sentença penal
condenatória, exceto para fins de reincidência.
(D) O indulto extingue os efeitos penais primários e secundários, penais e não penais, da
condenação, exceto para fins de reincidência penal.
(E) Dada sua natureza hedionda, o delito de tráfico de entorpecentes privilegiado não é
passível de indulto.
 
 
COMENTÁRIOS
(A) Incorreta. O entendimento de que a reincidência não implica aumento do prazo
prescricional da pretensão punitiva é sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça. Não baste, o
art. 110 do Código Penal é taxativo ao elencar que o aumento decorrente da reincidência
ocorre somente no prazo da prescrição da pretensão executória.
CP, Art. 110 – A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se
pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de
um terço, se o condenado é reincidente.
STJ, Sum. 220. A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva.
 
(B) Correta. A extinção da punibilidade do crime antecedente não interfere na punibilidade do
crime de lavagem de dinheiro, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o qual
cita, inclusive precedentes do Supremo Tribunal Federal:
PRESCRIÇÃO. CRIME ANTECEDENTE. LAVAGEM DE DINHEIRO. A extinção da punibilidade pela
prescrição quanto aos crimes antecedentes não implica o reconhecimento da atipicidade do
delito de lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei n. 9.613/1998) imputado ao paciente. Nos termos do
art. 2º, II, § 1º da lei mencionada, para a configuração do delito de lavagem de dinheiro não há
necessidade de prova cabal do crime anterior, mas apenas a demonstração de indícios suficientes
de sua existência. Assim sendo, o crime de lavagem de dinheiro é delito autônomo, independente
RESPOSTA. B
de condenação ou da existência de processo por crime antecedente. Precedentes citados do STF:
HC 93.368-PR, DJe 25/8/2011; HC 94.958-SP, DJe 6/2/2009; do STJ: HC 137.628-RJ, DJe
17/12/2010; REsp 1.133.944-PR, DJe 17/5/2010; HC 87.843-MS, DJe 19/12/2008; APn 458-SP,REsp 
DJe 18/12/2009, e HC 88.791-SP, DJe 10/11/2008. HC 207.936-MG, Rel. Min. Jorge Mussi,
julgado em 27/3/2012 (Informativo n. 494).
 
(C) Incorreta. O entendimento de que o perdão judicial afasta os efeitos penais da sentença
condenatória, é sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça. Não baste, o art. 120 do Código
Penal é taxativo ao elencar que a sentença condenatória que concede perdão judicial não é
considerada para fins de reincidência.
CP, art. 120. A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de
reincidência.
STJ, Sum 18. A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade,
não subsistindo qualquer efeito condenatório.
 
(D) Incorreta. O entendimento de que o indulto extingue apenas os efeitos primários da
condenação é sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça:
STJ, Sum. 631. O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas
não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais.
 
(E) Incorreta. O entendimento exposto pelo Supremo Tribunal Federal é de que o tráficoprivilegiado não tem natureza hedionda:
HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL, PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE
ENTORPECENTES. APLICAÇÃO DA LEI N. 8.072/90 AO TRÁFICO DE ENTORPECENTES
PRIVILEGIADO: INVIABILIDADE. HEDIONDEZ NÃO CARACTERIZADA. ORDEM CONCEDIDA.
1. O tráfico de entorpecentes privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei n. 11.313/2006) não se
harmoniza com a hediondez do tráfico de entorpecentes definido no caput e § 1º do art.
33 da Lei de Tóxicos. 2. O tratamento penal dirigido ao delito cometido sob o manto do
privilégio apresenta contornos mais benignos, menos gravosos, notadamente porque são
relevados o envolvimento ocasional do agente com o delito, a não reincidência, a ausência
de maus antecedentes e a inexistência de vínculo com organização criminosa. 3. Há
evidente constrangimento ilegal ao se estipular ao tráfico de entorpecentes privilegiado os
rigores da Lei n. 8.072/90. 4. Ordem concedida (HC 118.553/MS).
 
5. Acerca do delito de homicídio doloso, assinale a opção correta.
(A) Constitui forma privilegiada desse crime o seu cometimento por agente impelido por
motivo de relevante valor social ou moral, ou sob influência de violenta emoção provocada por
ato injusto da vítima.
(B) A qualificadora do feminicídio, caso envolva violência doméstica, menosprezo ou
discriminação à condição de mulher, não é incompatível com a presença da qualificadora da
motivação torpe.
(C) A prática desse crime contra autoridade ou agente das forças de segurança pública é causa
de aumento de pena.
(D) É possível a aplicação do privilégio ao homicídio qualificado independentemente de as
circunstâncias qualificadoras serem de ordem subjetiva ou objetiva.
(E) Constitui forma qualificada desse crime o seu cometimento por milícia privada, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
 
 
COMENTÁRIOS
 (A) Incorreta. O art. 121, § 1º do Código Penal elenca que para o reconhecimento da forma
privilegiada do crime de homicídio o autor deve ser estar sob o domínio de violenta emoção, e
não apenas sob a influência, consoante apontou a assertiva.
CP, Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima,
o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
 
(B) Correta. Não há incompatibilidade no reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e
de feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência
doméstica e familiar, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. DECISÃO DE
PRONÚNCIA ALTERADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. INCLUSÃO DA QUALIFICADORA DO
FEMINICÍDIO. ALEGADO BIS IN IDEM COM O MOTIVO TORPE. AUSENTE. QUALIFICADORAS
COM NATUREZAS DIVERSAS. SUBJETIVA E OBJETIVA. POSSIBILIDADE. EXCLUSÃO.
COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI. ORDEM DENEGADA.
1. Nos termos do art. 121, § 2º-A, II, do CP, é devida a incidência da qualificadora do
feminicídio nos casos em que o delito é praticado contra mulher em situação de violência
doméstica e familiar, possuindo, portanto, natureza de ordem objetiva, o que dispensa a
análise do animus do agente. Assim, não há se falar em ocorrência de bis in idem no
reconhecimento das qualificadoras do motivo torpe e do feminicídio, porquanto, a
primeira tem natureza subjetiva e a segunda objetiva. 2. A sentença de pronúncia só
RESPOSTA. B
deverá afastar a qualificadora do crime de homicídio se completamente dissonante das
provas carreadas aos autos. Isso porque o referido momento processual deve limitar-se a
um juízo de admissibilidade em que se examina a presença de indícios de autoria,
afastando-se, assim, eventual usurpação de competência do Tribunal do Júri e de risco de
julgamento antecipado do mérito da causa. 3. Habeas corpus denegado. (HC 433.898/RS,
Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 24/04/2018, DJe 11/05/2018)
Informativo n. 625
 
(C) Incorreta. A prática de homicídio contra autoridade ou agente das Forças de Segurança
Pública não se trata de causa de aumento de pena e sim de reconhecimento de homicídio
qualificado, conforme art. 121, § 2º, inciso VII do Código Penal.
CP, Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
(…)
2° Se o homicídio é cometido:
(…)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição:
Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
 
(D) Incorreta. É possível reconhecer o homicídio privilegiado, previsto no §1º do art. 121 do
Código Penal, no caso de incidência das qualificadoras objetivas, relacionadas aos meios e modos
de execução, previstas nos incisos III e IV do § 2º do mesmo artigo. Isto porque como o privilégio
é causa de diminuição de pena relacionado aos motivos relevantes que levaram a pessoa a
praticar o crime, torna-se incompatível com as qualificadoras subjetivas, relacionadas com os
motivos ou fins, previstas nos incisos I, II, V, VI e VII também do § 2º do art. 121.
CP,  Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou
sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
2° Se o homicídio é cometido:
 
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II – por motivo futil;
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
de que possa resultar perigo comum;
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido;
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição:
Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
 
(E) Incorreta. A hipótese prevista na assertiva se trata de causa de aumento de pena do crime de
homicídio e não forma qualificada, conforme art. 121, § 6º do Código Penal.
CP, Art. 121. (…)
6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.
 
 
6. Joaquim, com o intuito de fornecer energia elétrica a seu pequeno ponto
comercial situado em via pública, efetuou uma ligação clandestina no poste de
energia elétrica próximo a seu estabelecimento. Durante dois anos, ele utilizou a
energia elétrica dessa fonte, sem qualquer registro ou pagamento do real
consumo. Em fiscalização, foi constatada a prática de crime, e, antes do
recebimento da denúncia, Joaquim quitou o valor da dívida apurado pela
companhia de energia elétrica.
Consoante a jurisprudência do STJ, nessa situação hipotética, Joaquim praticou o crime de:
(A) furto simples, cuja punibilidade não foi extinta com o pagamento do débito, apesar de essa
circunstância poder caracterizar arrependimento posterior.
(B) estelionato, cuja punibilidade não foi extinta com o pagamento do débito, apesar de essa
circunstância poder caracterizar arrependimento posterior.
(C) furto mediante fraude, cuja punibilidade não foi extinta com o pagamento do débito,
apesar de essa circunstância poder caracterizar arrependimento posterior.
(D) furto mediante fraude, cuja punibilidade foi extinta com o pagamento do débitoantes do
oferecimento da denúncia.
(E) estelionato, cuja punibilidade foi extinta com o pagamento do débito antes do
oferecimento da denúncia.
 
 
COMENTÁRIOS
A jurisprudência atual do Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento que a ligação
clandestina de energia elétrica trata-se de furto mediante fraude, cuja punibilidade não se
extingue com o pagamento do débito antes do recebimento da denúncia, o qual pode
caracterizar arrependimento posterior.
Por conseguinte, a assertiva que traz tal entendimento, eliminando as demais, trata-se da letra C.
PROCESSO PENAL E PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. FURTO DE ENERGIA ELÉTRICA
MEDIANTE FRAUDE PRATICADO POR EMPRESA CONTRA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO
PÚBLICO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELO PAGAMENTO DO DÉBITO ANTES DO
RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. IMPOSSIBILIDADE. POLÍTICA CRIMINAL ADOTADA DIVERSA.
NÃO APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34 DA LEI N. 9.249/95. TARIFA OU PREÇO PÚBLICO.
TRATAMENTO LEGISLATIVO DIVERSO. PREVISÃO DO INSTITUTO DO ARREPENDIMENTO
POSTERIOR. RECURSO DESPROVIDO.
1. Tem-se por pretensão aplicar o instituto da extinção de punibilidade ao crime de furto de
energia elétrica em razão do adimplemento do débito antes do recebimento da denúncia.
2. Este Tribunal já firmou posicionamento no sentido da sua possibilidade. Ocorre que no
caso em exame, sob nova análise, se apresentam ao menos três causas impeditivas, quais
sejam; a diversa política criminal aplicada aos crimes contra o patrimônio e contra a
ordem tributária; a impossibilidade de aplicação analógica do art. 34 da Lei n. 9.249/95
aos crimes contra o patrimônio; e, a tarifa ou preço público tem tratamento legislativo
diverso do imposto.
3. O crime de furto de energia elétrica mediante fraude praticado contra concessionária de
serviço público situa-se no campo dos delitos patrimoniais. Neste âmbito, o Estado ainda
detém tratamento mais rigoroso. O desejo de aplicar as benesses dos crimes tributários ao
caso em apreço esbarra na tutela de proteção aos diversos bens jurídicos analisados, pois
o delito em comento, além de atingir o patrimônio, ofende a outros bens jurídicos, tais
como a saúde pública, considerados, principalmente, o desvalor do resultado e os danos
futuros.
4. O papel do Estado nos casos de furto de energia elétrica não deve estar adstrito à intenção
arrecadatória da tarifa, deve coibir ou prevenir eventual prejuízo ao próprio
abastecimento elétrico do País. Não se pode olvidar que o caso em análise ainda traz uma
particularidade, porquanto trata-se de empresa, com condições financeiras de cumprir
com suas obrigações comerciais. A extinção da punibilidade neste caso estabeleceria
tratamento desigual entre os que podem e os que não podem pagar, privilegiando
determinada parcela da sociedade.
RESPOSTA. C
5. Nos crimes contra a ordem tributária, o legislador (Leis n. 9.249/95 e n. 10.684/03), ao
consagrar a possibilidade da extinção da punibilidade pelo pagamento do débito, adota
política que visa a garantir a higidez do patrimônio público, somente. A sanção penal é
invocada pela norma tributária como forma de fortalecer a ideia de cumprimento da
obrigação fiscal.
6. Nos crimes patrimoniais existe previsão legal específica de causa de diminuição da pena
para os casos de pagamento da “dívida” antes do recebimento da denúncia. Em tais
hipóteses, o Código Penal – CP, em seu art. 16, prevê o instituto do arrependimento
posterior, que em nada afeta a pretensão punitiva, apenas constitui causa de diminuição
da pena.
7. A jurisprudência se consolidou no sentido de que a natureza jurídica da remuneração pela
prestação de serviço público, no caso de fornecimento de energia elétrica, prestado por
concessionária, é de tarifa ou preço público, não possuindo caráter tributário. Não há
como se atribuir o efeito pretendido aos diversos institutos legais, considerando que os
dispostos no art. 34 da Lei n. 9.249/95 e no art. 9º da Lei n. 10. 684/03 fazem referência
expressa e, por isso, taxativa, aos tributos e contribuições sociais, não dizendo respeito às
tarifas ou preços públicos.
8. Recurso ordinário desprovido.
(RHC 101.299/RS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministro JOEL ILAN PACIORNIK,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/03/2019, DJe 04/04/2019)
 
7. Julgue os próximos itens, acerca de crimes contra a administração pública.
I – A configuração do delito de descaminho dispensa a constituição definitiva do crédito
tributário, por se tratar de crime formal.
II – A ausência da qualidade de funcionário público afasta a imputação do delito de peculato
ao partícipe ou coautor desse crime, por se tratar de crime próprio.
III – O recebimento de vantagem indevida não configura condição necessária para a
consumação do delito de corrupção passiva, sendo considerado mero exaurimento do crime.
IV – O delito de uso de documento falso não pode ser absorvido pelo delito de descaminho,
ainda que seja etapa preparatória deste, por ser crime com pena comparativamente maior.
Estão certos apenas os itens:
(A) I e III.
(B) I e IV.
(C) II e IV.
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV.
 
QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO, TENDO EM VISTA QUE O ITEM II TAMBÉM ESTÁ CORRETO, E,
PORTANTO, A RESPOSTA CORRETA SERIA A LETRA A ASSERTIVA “D”.
 
COMENTÁRIOS
(I) Correta. A desnecessidade da constituição definitiva do crédito tributário, para configuração do
crime de descaminho, é entendimento do Superior Tribunal de Justiça já exposto em vários
informativos dessa Corte.
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. QUESTÃO PREJUDICIAL EXTERNA E CRIME DE
DESCAMINHO.
Ainda que o descaminho seja delito de natureza formal, a existência de decisão administrativa ou
judicial favorável ao contribuinte – anulando o auto de infração, o relatório de perdimento e o
processo administrativo fiscal – caracteriza questão prejudicial externa facultativa que autoriza a
suspensão do processo penal (art. 93 do CPP). O STF, por ocasião do julgamento do HC 99.740-RJ
(DJe 1º/2/2011), firmou compreensão no sentido de que a consumação do delito de descaminho
e a abertura de processo-crime não estão a depender da constituição administrativa do débito
fiscal porque o delito de descaminho é formal e prescinde do resultado. E, secundando o
entendimento do Pretório Excelso, este STJ, por ambas as Turmas com competência em matéria
penal, vem também decidindo que o descaminho é crime formal, e que a persecução penal
independe da constituição do crédito tributário, como se colhe em reiterados precedentes. Do
exposto, resulta que, sendo desnecessária a constituição definitiva do crédito tributário para a
tipificação do delito, não fica a ação penal – instaurada para a apuração de crime de descaminho
– no aguardo de processo administrativo, ação judicial ou execução fiscal acerca do crédito
tributário, tendo em vista a independência entre as esferas. Todavia, a existência de decisão
administrativa ou judicial favorável ao contribuinte provoca inegável repercussão na própria
tipificação do delito, caracterizando questão prejudicial externa facultativa que autoriza a
suspensão do processo penal (art. 93 do CPP). REsp 1.413.829-CE, Rel. Min. Maria Thereza deREsp 
Assis Moura, julgado em 11/11/2014. (Informativo 552 de 17/12/2014)
DIREITO PENAL. DESNECESSIDADE DE PRÉVIA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PARA
CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE DESCAMINHO.
É desnecessária a constituição definitiva do crédito tributário por processo administrativo fiscal
para a configuração do delito de descaminho (art. 334 do CP). Se para os crimes contra a ordem
tributária previstos nos incisos I a IV do art. 1º da Lei 8.137/1990 elegeu-se o esgotamento da via
administrativa como condição objetiva de punibilidade, esse mesmo raciocínio não deve ser
empregado para todos os crimes que, de uma maneira ou de outra, acabam por vulnerar o
sistema de arrecadação de receitas, tal como ocorre com o descaminho. Com efeito, quanto ao
exercício do direito de punir do Estado, não se pode estabelecer igualdade de tratamento para
crimes autônomos sem que haja determinaçãolegal nesse sentido, baseando-se o intérprete,
exclusivamente, na característica inerente ao objeto do crime – seja objeto jurídico (valor ou
interesse tutelado), seja objeto material (pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta). Ademais,
o objeto jurídico tutelado no descaminho é a administração pública considerada sob o ângulo da
função administrativa, que, vista pelo prisma econômico, resguarda o sistema de arrecadação de
receitas; pelo prisma da concorrência leal, tutela a prática comercial isonômica; e, por fim, pelo
ângulo da probidade e moralidade administrativas, garante, em seu aspecto subjetivo, o
RESPOSTA. A
comportamento probo e ético das pessoas que se relacionam com a coisa pública. Por isso, não
há razão para se restringir o âmbito de proteção da norma proibitiva do descaminho (cuja
amplitude de tutela alberga outros valores, além da arrecadação fiscal, que são tão importantes
no cenário brasileiro atual), equiparando-o, de forma simples e impositiva, aos crimes tributários.
Além do mais, diversamente do que ocorre com os crimes de sonegação fiscal propriamente ditos,
havendo indícios de descaminho, cabe à fiscalização, efetivada pela Secretaria da Receita Federal,
apreender, quando possível, os produtos ou mercadorias importadas/exportadas (art. 15 do
Decreto 7.482/2011). A apreensão de bens enseja a lavratura de representação fiscal ou auto de
infração, a desaguar em duplo procedimento: a) envio ao Ministério Público e b) instauração de
procedimento de perdimento, conforme dispõe o art. 1º, § 4º, III, do Decreto-Lei 37/1966. Uma
vez efetivada a pena de perdimento, inexistirá a possibilidade de constituição de crédito
tributário. Daí a conclusão de absoluta incongruência no argumento de que é imprescindível o
esgotamento da via administrativa, com a constituição definitiva de crédito tributário, para se
proceder à persecutio criminis no descaminho, porquanto, na imensa maioria dos casos, sequer
existirá crédito a ser constituído. De mais a mais, a descrição típica do descaminho exige a
realização de engodo para supressão – no todo ou em parte – do pagamento de direito ou
imposto devido no momento da entrada, saída ou consumo da mercadoria. Impõe, portanto, a
ocorrência desse episódio, com o efetivo resultado ilusório, no transpasse das barreiras
alfandegárias. Desse modo, a ausência do pagamento do imposto ou direito no momento do
desembaraço aduaneiro, quando exigível, revela-se como o resultado necessário para
consumação do crime. Por todo o exposto, a instauração de procedimento administrativo para
constituição definitiva do crédito tributário no descaminho, nos casos em que isso é possível, não
ocasiona nenhum reflexo na viabilidade de persecução penal. Precedente citado do STJ: AgRg no
REsp 1.435.343-PR, Quinta Turma, Dje 30/5/2014. Precedente citado do STF: HC 99.740-SP,REsp 
Segunda Turma, DJe 23/11/2010. REsp 1.343.463-BA, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,REsp 
Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/3/2014. (Informativo 548 de
22/10/2014)
 
DIREITO PENAL. PRÉVIO PROCESSO ADMINISTRATIVO-FISCAL PARA CONFIGURAÇÃO DO
CRIME DE DESCAMINHO.
É desnecessária a constituição definitiva do crédito tributário por processo administrativo-fiscal
para a configuração do delito de descaminho (art. 334 do CP). Isso porque o delito de
descaminho é crime formal que se perfaz com o ato de iludir o pagamento de imposto devido
pela entrada de mercadoria no país, razão pela qual o resultado da conduta delituosa
relacionada ao quantum do imposto devido não integra o tipo legal. A norma penal do art. 334
do CP- elencada sob o Título XI: “Dos Crimes Contra a Administração Pública” – visa proteger,
em primeiro plano, a integridade do sistema de controle de entrada e saída de mercadorias do
país como importante instrumento de política econômica. Assim, o bem jurídico protegido pela
norma é mais do que o mero valor do imposto, engloba a própria estabilidade das atividades
comerciais dentro do país, refletindo na balança comercial entre o Brasil e outros países. O
produto inserido no mercado brasileiro fruto de descaminho, além de lesar o fisco, enseja o
comércio ilegal, concorrendo, de forma desleal, com os produzidos no país, gerando uma série de
prejuízos para a atividade empresarial brasileira. Ademais, as esferas administrativa e penal são
autônomas e independentes, sendo desinfluente, no crime de descaminho, a constituição
definitiva do crédito tributário pela primeira para a incidência da segunda. HC 218.961-SP, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgado em 15/10/2013.(Informativo 534 de 26/02/2014)
 
(II) Incorreta
O peculato, apesar de ser crime próprio, é possível de ser praticado por pessoas estranhas á
administração pública. É o que ocorre no caso de concurso de pessoas (servidor + terceiros). O
STJ, inclusive, tem jurisprudência no sentido de que os conselhos de fiscalização profissionais
exercem função típica de Estado, razão pela qual é possível o cometimento de peculati por
representantes de tais entidades (ArRg no REsp 1.520.702/RJ, rel. Min. Reynaldo Soares daREsp 
Fonseca, DJe 23/09/2016)
(III) Correta. O recebimento da vantagem indevida no crime de corrupção passiva trata-se de
mero exaurimento do fato típico, não influindo para sua consumação, consoante, inclusive,
entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CORRUPÇÃO PASSIVA. CAUSA DE
AUMENTO DE PENA. ART. 317, § 1º, DO CP. FUNCIONÁRIO QUE DEIXOU DE PRATICAR ATO DE
OFÍCIO. INCIDÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. O funcionário público que deixa de praticar ato de ofício que na hipótese dos autos
consubstanciado na não inclusão em procedimento fiscalizatório de empresa acusada
de sonegação fiscal comete o crime de corrupção passiva na sua forma majorada, nos
termos do art. 317, § 1º, do Código Penal: “A pena é aumentada de um terço, se, em
conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.” 2. Demonstrado que
efetivamente o agravante deixou de praticar ato de ofício, o recebimento da vantagem
é mero exaurimento do crime, não influindo na consumação.
2. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 1018814/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgadoREsp 
em 21/03/2019, DJe 02/04/2019)
 
(IV) Incorreta. Quando o uso de documento falso se constituir em etapa preparatória ou
executória para o crime de descaminho, apesar de possuir pena maior que esse último, pode ser
absorvido por ele, consoante entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, inclusive
em sede de Recurso Repetitivo:
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. RITO PREVISTO NO ART. 543-C DO
CPC. DIREITO PENAL. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. DESCAMINHO. USO DE DOCUMENTO
FALSO. CRIME-MEIO. ABSORÇÃO. POSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.
1. Recurso especial processado sob o rito do art. 543-C, § 2º, do CPC e da Resolução n.
8/2008 do STJ.
2. O delito de uso de documento falso, cuja pena em abstrato é mais grave, pode ser
absorvido pelo crime-fim de descaminho, com menor pena comparativamente
cominada, desde que etapa preparatória ou executória deste, onde se exaure sua
potencialidade lesiva. Precedentes.
3. Delimitada a tese jurídica para os fins do art. 543-C do CPC, nos seguintes termos:
Quando o falso se exaure no descaminho, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido, como crime-fim, condição que não se altera por ser menor a pena a este
cominada
4. Recurso especial improvido.
(REsp 1378053/PR, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/08/2016,REsp 
DJe 15/08/2016) Informativo 587
 
8. No que se refere a organização criminosa, assinale a opção correta, com base
na Lei n.º 12.850/2013.
(A) Organização criminosa não configura um tipo penal incriminador autônomo, mas
meramente a forma de praticar crimes.
(B) A associação estável e permanente de três ou mais pessoas para a prática de crimes é
requisito para a configuraçãode organização criminosa.
(C) É circunstância elementar da organização criminosa a finalidade de obtenção de vantagem
de qualquer natureza mediante a prática de infrações penais, consumando-se com a prática,
pelos membros da organização, de quaisquer ilícitos com penas máximas superiores a quatro
anos.
(D) É circunstância elementar da organização criminosa a estrutura ordenada, caracterizada
pela divisão formal de tarefas entre os membros da sociedade criminosa.
(E) Organização criminosa é crime comum, não exigindo qualidade ou condição especial do
agente, mas terá pena aumentada se houver concurso de funcionário público e a organização
valer-se dessa condição para a prática de infrações penais.
 
 
COMENTÁRIOS
(A) Incorreta. A organização criminosa possuí definição própria, prevista na lei nº 12.850/2013,
se constituindo em figura típica autônoma.
 
(B) Incorreta. Conforme definição do art. 1º, § 1º da Lei nº 12.850/2013, para a configuração da
organização criminosa se faz necessário a associação de 04 (quatro) ou mais pessoas, para a
prática de infrações penais, e não apenas 03 (três), conforme anotou a assertiva, para a prática
de crimes (somente), o qual se trata de espécie – ao lado de contravenção penal – do gênero
infração penal.
Lei nº 12.850/2013, Art. 1º (…)
1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer
natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a
4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
 
RESPOSTA. E
(C) Incorreta. A assertiva foi descrita de forma incompleta já que o obtenção de vantagem,
mediante a prática de infrações penais de caráter transnacional também se trata de
circunstância elementar da organização criminosa, prevista no art. 1º, § 1º da Lei nº
12.850/2013, descrito anteriormente.
 
(D) Incorreta. Igualmente, o art. 1º, § 1º da Lei nº 12.850/2013 também menciona como
circunstância elementar da organização criminosa que a divisão de tarefas pode ser informal,
contrariando o disposto na assertiva que mencionou há necessidade da formalidade.
 
(E) Correta. Organização criminosa se trata de crime comum, inclusive porque no art. 1º, § 1º da
Lei nº 12.850/2013 não se exige condição ou qualidade especial do agente, mormente porque
se menciona a associação de pessoas, havendo aumento de pena quando houver concurso
com funcionário público ou a organização valer-se dessa condição para a prática de infrações
penais pra o fato típico previsto no art. 2º, § 4º, inciso II da Lei nº 12.850/2013.
Lei nº 12.850/2013, Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por
interposta pessoa, organização criminosa:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às
demais infrações penais praticadas.
(…)
4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):
(…)
II – se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição
para a prática de infração penal;
 
9. Felipe foi denunciado por furto qualificado pelo rompimento de obstáculo.
Durante a instrução processual, verificou-se que, sem nenhuma justificativa,
embora fosse possível, o laudo pericial não havia sido realizado; entretanto, a
vítima e uma testemunha local confirmaram que uma porta havia sido
arrombada no local quando do momento do furto.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.
(A) O juiz não deve reconhecer a qualificadora, tendo em vista que foi injustificada a não
realização de laudo pericial, que era viável.
(B) Caso Felipe confessasse o arrombamento, tal confissão já seria prova suficiente da
ocorrência da qualificadora.
(C) O fato de as vítimas terem confirmado o arrombamento supre a falta de exame pericial.
(D) Caso o furto tivesse sido filmado por câmeras de segurança, tal prova não seria suficiente
para caracterizar a qualificadora de arrombamento.
(E) O juiz deve reconhecer a qualificadora, pois, nesse caso, existe um exame de corpo de
delito indireto.
 
 
COMENTÁRIOS
(A) Correta. É pacífico o entendimento de que o reconhecimento da qualificadora de
rompimento de obstáculo, no crime de furto, exige exame pericial, somente se admitindo
prova indireta na impossibilidade de fazê-lo. Nada obstante, no caso exposto, citou-se que o
laudo pericial era possível de ser realizado.
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO.
FURTO QUALIFICADO. ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. AUSÊNCIA DE LAUDO PERICIAL.
QUALIFICADORA AFASTADA. COMPENSAÇÃO INTEGRAL ENTRE RECIDIVA E CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. POSSIBILIDADE. QUANTUM DE PENA REVISTO. REGIME PRISIONAL FECHADO.
REINCIDÊNCIA E MAUS ANTECEDENTE.
OFENSA À SÚMULA 269/STJ NÃO CARACTERIZADA. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no
sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a
hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a
existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado.
2. A individualização da pena é submetida aos elementos de convicção judiciais acerca das
circunstâncias do crime, cabendo às Cortes Superiores apenas o controle da legalidade
e da constitucionalidade dos critérios empregados, a fim de evitar eventuais
arbitrariedades.
Destarte, salvo flagrante ilegalidade, o reexame das circunstâncias judiciais e dos critérios
concretos de individualização da pena mostram-se inadequados à estreita via do habeas
corpus, pois exigiriam revolvimento probatório.
3. Quanto à qualificadora do rompimento de obstáculo, a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça é assente no sentido de que a incidência da qualificadora
prevista no art. 155, § 4º, inciso I, do Código Penal exige exame pericial, somente
admitindo-se prova indireta quando justificada a impossibilidade de realização do
laudo direito, o que não restou explicitado nos autos.
4. No julgamento do Recurso Especial Representativo de Controvérsia n. 1.341.370/MT, em
10/4/2013, a Terceira Seção firmou o entendimento de que, observadas as
especificidades do caso concreto, “é possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a
compensação da atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência”.
RESPOSTA. A
5. Tratando-se de paciente que registra apenas uma condenação transitada em julgado
anterior, não há qualquer óbice à compensação integral da atenuante da confissão
espontânea com a agravante da reincidência, ainda que esta seja específica, como na
hipótese dos autos. 6. Deve ser procedida à compensação integral entre a atenuante da
confissão espontânea e a agravante da recidiva, pois os demais títulos condenatórios do
réu foram valorados como maus antecedentes, remanescendo apenas uma condenação
a ser sopesada como reincidência, devendo, portanto, a pena permanecer inalterada na
etapa intermediária do cálculo dosimétrico.
6. Quanto ao regime, não se infere qualquer desproporcionalidade do imposição do meio
inicialmente mais gravoso para o desconto da reprimenda, pois, nada obstante ser a
pena inferior a 4 anos de reclusão, os maus antecedentes do acusado implicaram
majoração da pena-base, tendo, ainda, sido reconhecida a sua reincidência, não
havendo se falar em negativa de vigência à Súmula 269/STJ.
7. Writ não conhecido. Ordem concedida, de ofício, a fim de reduzir a reprimenda a 11
meses de reclusão, ficando mantido o regime prisional fechado, dada a
multirreincidência do paciente.
(HC 521.617/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 10/10/2019, DJe
15/10/2019)
 
(B) Incorreta. Da mesma forma, a confissão não supre a necessidade da prova pericial, quando
possível fazê-la, para configuração da qualificadora de rompimento de obstáculo no crime de
furto.
AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSOPRÓPRIO. FURTO
QUALIFICADO TENTADO. ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. AUSÊNCIA DE REALIZAÇÃO DE
EXAME DE CORPO DE DELITO. QUALIFICADORA AFASTADA. DEPOIMENTOS DE TESTEMUNHAS
E CONFISSÃO DO RÉU. ELEMENTOS INAPTOS A JUSTIFICAR A PRESENÇA DA QUALIFICADORA.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. I – É assente nesta Corte Superior de Justiça que o
agravo regimental deve trazer novos argumentos capazes de alterar o entendimento
anteriormente firmado, sob pena de ser mantida a r. decisão vergastada pelos próprios
fundamentos.
II – Com efeito, para a configuração de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo, o
exame pericial não se constitui o único meio probatório possível para a comprovação da
qualificadora de rompimento de obstáculo no crime de furto, sendo lícito, considerando o
sopesamento das circunstâncias do caso concreto, a utilização de outras formas, tais como a
prova a documental e a testemunhal, desde que devidamente justificada a impossibilidade de
realização do laudo pericial.
III – Na hipótese em foco, as instâncias ordinárias não justificaram a impossibilidade de
realização do laudo pericial; mas, apenas, se limitaram a afirmar a suficiência dos depoimentos
das testemunhas e da confissão do réu. IV – De mais a mais, “não supre sua ausência a prova
testemunhal ou a confissão do acusado, quando possível a realização da perícia à época dos
fatos, nos termos dos arts. 158 e 159 do Código de Processo Penal – CPP”. (AgRg no HC n.
355.592/MS, Quinta Turma, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, DJe 02/10/2018).
V – Por fim, observa-se que não há nos autos a confecção de sequer laudo pericial indireto.
Assim, diante da ausência de justificação da não realização de perícia, forço é o afastamento da
qualificadora. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no HC 511.824/RJ, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 05/11/2019, DJe 26/11/2019)
 
(C) Incorreta. Consoante transcrito na decisão anterior, da mesma forma o depoimento de
testemunhas não possuem aptidão para justificar a presença da qualificadora de rompimento de
obstáculo, no crime de furto, quando possível a realização de laudo perícial.
 
(D) Incorreta. Consoante entendimento exposto, ao contrário do exposto na assertiva, a existência
de filmagens possuem o condão de comprovar há existência da qualificadora de rompimento de
obstáculo na prática de furto.
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FURTO QUALIFICADO. SUBTRAÇÃO DE
NUMERÁRIO DE CAIXA ELETRÔNICO DE AGÊNCIA BANCÁRIA. PLEITO DE AFASTAMENTO DA
QUALIFICADORA ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. NÃO REALIZAÇÃO DE PERÍCIA NO LOCAL
DOS FATOS. AUSÊNCIA QUE NÃO IMPEDE A INCIDÊNCIA DA QUALIFICADORA NO CASO.
JUNTADA DE AUTO DE CONSTATAÇÃO DE DANO INDIRETO E DE FOTOGRAFIAS E FILMAGENS
QUE COMPROVAM O MODUS OPERANDI DA AÇÃO. VIOLAÇÃO AO ART. 59 DO CÓDIGO
PENAL NÃO CONFIGURADA.
PENA-BASE MAJORADA A PARTIR DE FUNDAMENTOS CONCRETOS. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. A ausência de perícia no local dos fatos não impede, no caso, a incidência da
qualificadora do rompimento de obstáculo, uma vez que foi realizada perícia indireta,
além do mais as fotografias e filmagens juntadas aos autos comprovam o modus
operandi da ação.
2. A individualização da pena é uma atividade vinculada a parâmetros abstratamente
cominados na lei, sendo, contudo, permitido ao julgador atuar discricionariamente na
escolha da sanção penal aplicável ao caso concreto, após o exame percuciente dos
elementos do delito, e em decisão motivada. Dessarte, às Cortes Superiores é possível,
apenas, o controle da legalidade e da constitucionalidade na dosimetria.
3. A exasperação da pena-base dos agravantes fundamenta-se em dados concretos do
delito. De acordo com o entendimento desta Corte, a premeditação efetivamente
evidencia uma conduta mais censurável do agente, motivo pelo qual autoriza a
conclusão pela desfavorabilidade da circunstância judicial relativa à culpabilidade.
Outrossim, reconhecida a incidência de duas ou mais qualificadoras, apenas uma delas
será utilizada para tipificar a conduta como furto qualificado, sendo que as demais
poderão ser valoradas como circunstância judicial na primeira fase da etapa do critério
trifásico, se não for prevista como agravante. Por fim, demonstrado prejuízo relevante à
vítima, é possível a moduladora circunstâncias do delito ser valorada negativamente.
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp n. 1.715.910/RS, Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 25/6/2018)REsp 
 
(E) Correta. Inexistiu no caso exposto exame de corpo de delito indireto, o qual se trata de laudo
firmado por perito, a partir da análise de documentos ou depoimentos de testemunhas. O que
ocorreu no caso foi o exame indireto, consistente na prova testemunhal prestada em juízo sobre
os vestígios do crime.
PROCESSO PENAL E PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FURTO
QUALIFICADO PELO ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. LAUDO PERICIAL INDIRETO REALIZADO
POR DOIS PERITOS NOMEADOS, COMPROMISSADOS, COM FORMAÇÃO EM CURSO
SUPERIOR. INCIDÊNCIA DA QUALIFICADORA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. É firme o entendimento deste Superior Tribunal de Justiça no sentido de que o exame
de corpo de delito, direto ou indireto, é indispensável para a incidência da qualificadora
do rompimento de obstáculo, no delito de furto, consoante disposto no art. 155, § 4º,
inciso I, do Código Penal, c/c o art. 158, do Código de Processo Penal.
2. Não há nenhum óbice legal ao exame de corpo de delito indireto, mormente por estar
expressamente disciplinado no art. 158 do Código de Processo Penal, o qual não se
confunde com o chamado exame indireto. No primeiro, realiza-se um laudo firmado por
perito, porém a partir da análise de documentos ou depoimentos de testemunhas. O
segundo consiste na prova testemunhal prestada em juízo, a respeito do vestígio do
crime, em razão do seu desaparecimento, ex vi do art. 167 do CPP (AgRg no REsp n.REsp 
1544900/RS, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, Quinta Turma, julgado em 27/10/2015, DJe
16/11/2015).
3. O exame técnico deve ser realizado por perito oficial, portador de diploma de curso
superior ou, na sua falta, por duas pessoas idôneas, compromissadas e que possuam
qualificação técnica – ex vi do art. 159, §§ 1º e 2º, do CPP. Precedentes.
4. A ausência de perícia no local dos fatos não impede, na espécie, a incidência da
qualificadora do rompimento de obstáculo, uma vez que foi realizado exame pericial
indireto, elaborado por dois peritos nomeados, compromissados e portadores de
diploma de curso superior.
5. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1838301/RS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,REsp 
julgado em 07/11/2019, DJe 22/11/2019)
 
Concurso MPCE: DIREITO PROCESSUAL PENAL
 
10. Deputado federal eleito pelo estado do Ceará que praticar crime de
estelionato em São Luís – MA antes de entrar em exercício no cargo eletivo
deverá ser processado no(a):
(A) justiça estadual comum do Maranhão, na comarca de São Luís.
(B) Supremo Tribunal Federal.
(C) Superior Tribunal de Justiça.
(D) justiça federal do Ceará, em razão do cargo ocupado.
(E) justiça estadual comum do Ceará, na comarca de Fortaleza.
 
RESPOSTA. A
 
COMENTÁRIOS
(A) Correta. Para que haja o exercício do cargo eletivo, deve a Justiça Eleitoral conceder ao
candidato eleito a devida diplomação. Por conseguinte, por disposição constitucional
processual, a imunidade parlamentar processual, de ser processado perante o Supremo
Tribunal Federal, só é aplicável aos deputados e senadores após a expedição do diploma.
Assim, se no caso exposto o deputado federal praticou crime antes de entrar no exercício do
cargo para o qual foi eleito, ou seja, antes da diplomação, deverá ser processado perante a
justiça estadual comum do lugar onde ocorreu o crime.
CF, Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de
suas opiniões, palavras e votos.
1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.(B) Incorreta. Conforme fundamentação exposta na assertiva “A”.
 
(C) Incorreta. Conforme fundamentação exposta na assertiva “A”.
 
(D) Incorreta. Conforme fundamentação exposta na assertiva “A”.
 
(E) Incorreta. Conforme fundamentação exposta na assertiva “A”.
 
11. João sofreu calúnia, mas veio a falecer dentro do prazo decadencial de seis
meses, antes de ajuizar ação contra o ofensor. Ele não tinha filhos e mantinha
um relacionamento homoafetivo com Márcio, em união estável reconhecida.
João era filho único e tinha como parente próximo sua mãe.
Nessa situação hipotética, o ajuizamento de ação pelo crime de calúnia:
(A) deverá ser realizado por curador especial, a ser nomeado para essa finalidade.
(B) somente poderá ser promovido pela mãe de João.
(C) poderá ser realizado pelo Ministério Público.
(D) poderá ser realizado por Márcio.
(E) não é cabível, haja vista a morte de João.
 
 
COMENTÁRIOS
(A) Incorreta. A ação penal do crime de calúnia – previsto no art. 138 do Código Penal,
integrante do Capítulo V, referente aos crimes contra a honra – é privada, já que se procede
mediante, conforme artigos 100, § 2º e 145 do mesmo código.
Nesse diapasão, em caso de morte do ofendido, o art. 100, § 4º do Código Penal, a ação
poderá ser proposta pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do ofendido, nada se
mencionando na lei acerca da possibilidade ser proposta por curador especial.
Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
1º – Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
2º – É punível a calúnia contra os mortos.
Art. 145 – Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo
quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Art. 100 – A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do
ofendido.
1º – A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o
exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
2º – A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem
tenha qualidade para representá-lo.
3º – A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o
Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
4º – No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.
 
(B) Incorreta. Consoante informado na fundamentação da assertiva A, o direito de representação
para fins penais, em caso de morte do ofendido, e conforme art. 100, § 4º do Código Penal,
pertencente ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do ofendido, e não somente ao
ascendente.
RESPOSTA. D
(C) Incorreta. Consoante informado na fundamentação da assertiva A, a Ação Penal dos crimes
de calúnia é privada, razão pela qual não pode ser promovida pelo Ministério Público, a qual
cabe promover as Ações Penais Públicas Incondicionadas e as Condicionadas à Representação.
 
(D) Correta. Conforme fundamentação exposta na assertiva A, poderá a ação penal ser proposta
pelo companheiro do ofendido.
Acrescente-se ainda que já se sedimentou entendimento que a união estável, seja hetero ou
homoafetiva, se equipara ao casamento para fins de representação.
QUEIXA-CRIME. ACUSAÇÃO CONTRA DESEMBARGADORA DO TJRJ. PRERROGATIVA DE FORO
NO STJ. CRIME DE CALÚNIA CONTRA PESSOA MORTA. QUEIXA PARCIALMENTE RECEBIDA. 1. É
do Superior Tribunal de Justiça a competência para processar e julgar a queixa-crime em
questão, que imputa o crime de calúnia a Desembargadora do TJRJ, pois, caso contrário, a
Acusada teria de responder perante juiz de direito vinculado ao mesmo Tribunal, o que
afrontaria a isenção e independência que norteiam a atividade jurisdicional. Precedentes: QO
na APn 878/DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, julgado em
21/11/2018, DJe 19/12/2018; APn 895/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL,
julgado em 15/05/2019, DJe 07/06/2019. 2. Por se tratar de crime de calúnia contra pessoa
morta (art. 138, § 2.º, do Código Penal), os Querelantes – mãe, pai, irmã e companheira em
união estável da vítima falecida – são partes legítimas para ajuizar a ação penal privada, nos
termos do art. 24, § 1.º, do Código de Processo Penal (“§ 1.º No caso de morte do ofendido ou
quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão”). 3. A companheira, em união estável reconhecida, goza do
mesmo status de cônjuge para o processo penal, podendo figurar como legítima
representante da falecida. Vale ressaltar que a interpretação extensiva da norma processual
penal tem autorização expressa no art. 3.º do CPP (“A lei processual penal admitirá
interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais
de direito”). 4. Ademais, “o STF já reconheceu a ‘inexistência de hierarquia ou diferença de
qualidade jurídica entre as duas formas de constituição de um novo e autonomizado núcleo
doméstico’, aplicando-se a união estável entre pessoas do mesmo sexo as mesmas regras e
mesmas consequências da união estável heteroafetiva’ […]”. (RE 646721, Relator Min. MARCO
AURÉLIO, Relator (a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
10/05/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-204 DIVULG 08-09-
2017 PUBLIC 11-09-2017). 5. A despeito do cabimento, em tese, da proposta de suspensão
condicional do processo, esta teria de ser ofertada concomitantemente com o ajuizamento da
queixa-crime, conforme previsão da norma de regência (“ao oferecer a denúncia [ou queixa],
poderá propor a suspensão do processo”). E, no caso, não houve tal proposta pelos
Querelantes. Outrossim, a Querelada não se manifestou na primeira oportunidade (na resposta
à acusação) sobre seu eventual interesse na proposta. Como se vê, o oferecimento da proposta
de suspensão condicional do processo incumberia exclusivamente aos Querelantes, sendo que
a recusa infundada deveria ser alegada na primeira oportunidade que a Defesa tivesse para se
pronunciar nos autos, sob pena de preclusão. 6. Se não bastasse, nesse interregno entre o
oferecimento da queixa-crime e esta sessão de julgamento para análise do recebimento da
acusação, sobreveio o recebimento de outra queixa-crime nos autos da APn 895/DF, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado em 15/05/2019, DJe 07/06/2019, pelo
crime de injúria. Portanto, por estar respondendo a outra ação penal, a Querelada não
preenche um dos requisitos objetivos do art. 89 da Lei n.º 9.099/1995, qual seja, o benefício
pode ser oferecido “desde que o acusado não esteja sendo processado […] por outro crime”. 7.
“5. Quando várias pessoas denigrem a imagem de alguém, via internet, cada uma se utilizando
de um comentário, não há coautoria ou participação, mas vários delitos autônomos, unidos no
máximo por conexão probatória. Precedente. 6. A falta de inclusão de autor de comentário
autônomo na queixa-crime não configura, pois, renúncia tácita ao direito de queixa” (APn
895/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado em 15/05/2019, DJe
07/06/2019). 8. É sabido que ao procedimento especial da Lei n.º 8.038/90 é aplicável,
subsidiariamente, as regras do procedimento ordinário (§ 5.º do art. 394 do CPP). Contudo, não
se verifica nem a hipótese de rejeição liminar da queixa (art. 395 do CPP) nem a de absolvição
sumária (art. 397 do CPP). 9. É certo que “O dolo específico (animus calumniandi), ou seja, a
vontade de atingir a honra do sujeito passivo, é indispensável para a configuração do delito de
calúnia” (Apn 473/DF, CORTE ESPECIAL, Rel. Ministro GILSON DIPP, DJe de 08/09/2008). 10. No
entanto, “a inexistência de dolo específico é questão que deve situar-se no âmbito da instrução
probatória, por não comportar segura ou precisa análise nesta fase processual,que é de
formulação de um simples juízo de delibação. Caso em que as condutas em foco se amoldam,
em tese, aos delitos invocados na peça acusatória, sendo que a defesa apresentada pelo
querelado não permite concluir, de modo robusto ou para além de toda dúvida razoável, pela
improcedência da acusação” (Inq 2036/PA, Tribunal Pleno, Rel. Ministro CARLOS BRITTO, DJ de
22/10/2004). 11. A conduta da Querelada de divulgar mensagem em rede social, imputando à
vítima falecida o crime do art. 2.º da Lei n.º 12.850/2013 (“Promover, constituir, financiar ou
integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa”), configura, em tese,
o crime de calúnia. 12. Queixa-crime parcialmente recebida em desfavor da Querelada, como
incursa no art. 138, § 2.º, c.c. o art. 141, inciso III, do Código Penal, apenas por ter imputado à
vítima falecida o crime do art. 2.º, da Lei n.º 12.850/2013. (APn 912/RJ, Rel. Ministra LAURITA
VAZ, CORTE ESPECIAL, julgado em 07/08/2019, DJe 22/08/2019)
 
(E) Incorreta. A morte do ofendido não impede o ajuizamento da ação penal, conforme
fundamentação exposta na Assertiva A.
 
12. De acordo com o Código de Processo Penal, é cabível ao juiz substituir a
prisão preventiva pela domiciliar a:
(A) gestante condenada pelo crime de furto qualificado, desde que já tenha ultrapassado o
sétimo mês de gravidez.
(B) mulher que, condenada pelo crime de roubo, tenha filho de um ano de idade.
(C) homem que, condenado pelo crime de corrupção passiva, seja o único responsável pelos
cuidados do seu filho de dez anos de idade.
(D) mulher que tenha praticado o crime de abandono de incapaz contra seu filho de cinco
anos de idade.
(E) pessoa de setenta e cinco anos de idade condenada pela prática do crime de estelionato.
 
 
RESPOSTA. C
COMENTÁRIOS
(A) Incorreta. Inexiste exigência de estágio de gravidez para a concessão de prisão domiciliar
para gestante, prevista no art. 318, inciso IV do Código de Processo Penal, cujos requisitos para
tanto estão dispostos no art. 318-A do mesmo código.
CPP, Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
I – maior de 80 (oitenta) anos;
II – extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III – imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com
deficiência;
IV – gestante;
V – mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
VI – homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de
idade incompletos.
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos
neste artigo.
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:
I – não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II – não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
 
(B) Incorreta. Conforme previsão do art. 318-A, inciso I do Código de Processo Penal, transcrito
anteriormente, para a concessão da prisão domiciliar para mãe com filho de até doze anos de
idade incompletos, permissível conforme art. 318, inciso V do mesmo código, não pode ter sido o
crime cometido com violência ou grave ameaça, como é o crime de roubo elencado na assertiva.
 
(C) Correta. A concessão de prisão domiciliar para homem pode ser deferida quando o agente for
o único responsável por filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos, conforme previsão do
art. 318, inciso VI do Código de Processo Penal, transcrito anteriormente. Assim, se coaduna com
a hipótese prevista na assertiva.
 
(D) Incorreta. Conforme previsão do art. 318-A, inciso II do Código de Processo Penal, transcrito
anteriormente, para a concessão da prisão domiciliar para mãe com filho de até doze anos de
idade incompletos, permissível conforme art. 318, inciso V do mesmo código, não pode ter sido o
crime cometido contra o próprio filho, como é o caso elencado na assertiva.
 
(E) Incorreta. A idade mínima para a concessão da prisão domiciliar, fora das demais hipóteses
descritas no art. 318 do Código de Processo Penal, citado anteriormente, e para as quais não se
exige requisito etário do autor, é de oitenta anos, conforme inciso I do artigo citado, não
sendo cabível para réu com 75 (setenta e cinco), conforme elencado na assertiva.
 
13. Na hipótese de haver duplo julgamento do mesmo fato, deve prevalecer o
processo em que:
(A) o inquérito tiver sido instaurado primeiro.
(B) a denúncia tiver sido ofertada primeiro.
(C) a sentença for mais favorável ao acusado.
(D) a sentença transitar em julgado primeiro.
(E) a sentença for prolatada primeiro.
 
 
COMENTÁRIOS
O Superior Tribunal de Justiça decidiu que diante do duplo julgamento do mesmo fato, deve
prevalecer a sentença que transitou em julgado em primeiro lugar, conforme Informativo 642 de
15/03/2019.
Cinge-se a controvérsia a definir qual sentença deve prevalecer na hipótese da existência de
duas sentenças definitivas em ações penais distintas pelo mesmo fato. No caso em exame, a
prevalência da primeira decisão imutável é reforçada pela quebra do dever de lealdade
processual por parte da defesa. Ainda que os documentos anexados aos autos permitam
concluir que eles foram assistidos pela Defensoria Pública nas duas ações penais –
possivelmente, por profissionais distintos –, é pouco crível que, quando cientificados da
segunda persecução criminal existente em seu desfavor, não hajam informado a pessoa
responsável pela sua defesa que já estavam sendo processados pelos mesmos fatos. A leitura
da segunda sentença – proferida após o trânsito em julgado da condenação – permite concluir
que a duplicidade não foi mencionada sequer nas alegações finais. Tudo leva a crer que,
sabedora da dupla persecução criminal contra os réus, e que já haviam sido condenados no
outro processo a defesa prosseguiu na segunda ação e, ao ser exitosa, buscou a anulação do
primeiro decisum na via mandamental. No ponto, deve-se destacar ser assente nessa Corte
Superior o entendimento de que: “Vige no sistema processual penal o princípio da lealdade, da
boa-fé objetiva e da cooperação entre os sujeitos processuais, não sendo lícito à parte arguir
vício para o qual concorreu em sua produção, sob pena de se violar o princípio de que
ninguém pode se beneficiar da própria torpeza – nemo auditur propriam turpitudinem
RESPOSTA. D
allegans” (RHC n. 77.692/BA, Rel. Ministro Felix Fischer, 5ª Turma, DJe 18/10/2017). Ademais,
sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal entende que “demonstrado o ‘bis in idem’, e assim a
litispendência, prevalece a condenação imposta na primeira ação” (HC n. 69.615/SP, Rel.
Ministro Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 19/2/1993) e que “os institutos da litispendência e da
coisa julgada direcionam à insubsistência do segundo processo e da segunda sentença
proferida, sendo imprópria a prevalência do que seja mais favorável ao acusado” (HC n.
101.131/DF, Rel. Ministro Luiz Fux, Rel. p/ acórdão Ministro Marco Aurélio, 1ª Turma, DJe
10/2/2012). Com base nessas premissas, reconhece-se a prevalência da primeira sentença
transitada em julgado. (RHC 69.586-PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio
Schietti Cruz, por maioria, julgado em 27/11/2018, DJe 04/02/2019).
Por conseguinte, a assertiva que elenca esse entendimento é a letra “D”, excluindo-se todas as
demais alternativas como resposta certa.
 
14. Assinale a opção correta, acerca dos quesitos no tribunal do júri.
(A) Caso os jurados absolvam acusado do crime de homicídio, persistirá a competência deles
para julgar demais crimes conexos que existirem.
(B) Alegação de excludente de ilicitude deve vir quesitada separadamente do quesito
absolutório genérico.
(C) O quesito formulado de modo complexo não é causa de nulidade do julgamento.
(D) A tese de desclassificação deve preceder o quesito da absolvição.
(E) Quesito que verse sobre causa de aumento de pena deverá preceder quesito que trate decausa de diminuição de pena.
 
 
COMENTÁRIOS
(A) Correta. A competência do Conselho de Sentença para julgamento da infração conexa ao
homicídio, sobre o qual deliberou-se pela absolvição, já foi exposta em decisões do Superior
Tribunal de Justiça:
PROCESSO PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. ABSOLVIÇÃO.
TRIBUNAL DO JÚRI. CRIME DE ROUBO CONEXO. JULGAMENTO PELO JUIZ PRESIDENTE DO
TRIBUNAL DO JÚRI. INCOMPETÊNCIA. NULIDADE ABSOLUTA RECONHECIDA. COMPETÊNCIA
DO CONSELHO DE SENTENÇA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE
OFÍCIO.
1. Ao Tribunal do Júri compete o julgamento dos crimes dolosos contra a vida e dos
delitos conexos, salvo os eleitorais e os militares.
RESPOSTA. A
2. Se os jurados votarem pela absolvição do acusado do crime doloso contra a vida, como
no presente caso, afere-se que reconheceram sua competência para o julgamento do
feito, logo, ao Conselho de sentença também caberá o julgamento da infração conexa.
3. Tendo sido a sentença condenatória do delito de roubo proferida por juízo
absolutamente incompetente, verifica-se a ocorrência de nulidade absoluta, presente,
portanto, a existência de constrangimento ilegal.
4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para anular a sentença do
Juízo singular que julgou o delito de roubo, devendo os autos serem encaminhados ao
Tribunal do Júri, competente para julgamento do crime conexo.
(HC 293.895/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 17/10/2019, DJe
29/10/2019)
 
(B) Incorreta. Em caso de alegação de excludente de ilicitude, está será analisada no quesito
genérico de absolvição, já que tal tese pode levar à absolvição do acusado.
 
(C) Incorreta. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento que a formulação de quesitos
complexa, dificultando o entendimento dos jurados, é causa de nulidade do julgamento:
RECURSO ESPECIAL. TRIBUNAL DO JÚRI. CONDENAÇÃO POR HOMICÍDIO DUPLAMENTE
QUALIFICADO. TESE DA DEFESA QUE SUSTENTA A OCORRÊNCIA DE HOMICÍDIO CULPOSO.
NULIDADE. QUESITAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
I – Os quesitos serão elaborados com base na pronúncia e nas teses sustentadas pelas partes
em plenário.
II – Sustentando a defesa a tese de desclassificação do crime de competência do Tribunal do
Júri – homicídio culposo -, necessária a indagação relativa ao elemento subjetivo.
III – Na hipótese, correto o desdobramento do quesito em dois – dolo direto e dolo eventual. A
fórmula complexa, in casu, não permitiria aferir o real convencimento dos jurados quanto à
intenção do réu, ou seja, se quis ou assumiu o risco de matar a vítima.
IV – A definição da espécie de dolo (se direto ou eventual) não afastou o fundamental, que foi
a afirmação do caráter doloso da conduta imputada ao recorrente.
V – Apenas pode-se considerar nulo o julgamento realizado pelo Tribunal do Júri quando os
quesitos forem apresentados com má redação ou, ainda, com redação complexa, a ponto de
dificultar o entendimento dos jurados, o que não restou comprovado no presente caso.
VI – De qualquer forma, como se sabe, atualmente, até em casos de nulidade absoluta,
doutrina e jurisprudência têm exigido a comprovação de prejuízo para que a mácula possa ser
reconhecida. (HC 220.999/ES, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
10/09/2013, DJe 18/09/2013). No mesmo diapasão: HC 304.043/PI, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
QUINTA TURMA, julgado em 17/11/2015, DJe 26/11/2015 e HC 314.441/PE, Rel. Ministro
RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/10/2015, DJe 21/10/2015.
VII. O Conselho de Sentença, soberano nas decisões que envolvem crimes dolosos contra a
vida, acolheu uma das teses apresentadas em plenário, qual seja, a do dolo eventual,
resultando na condenação do recorrente em homicídio doloso (AgRg no AREsp 579.227/RO,REsp 
Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 09/12/2014, DJe 19/12/2014).
VIII. Recurso especial a que se nega provimento.
(REsp 1425154/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgadoREsp 
em 09/08/2016, DJe 17/08/2016)
 
HABEAS CORPUS. JÚRI. QUESITAÇÃO COMPLEXA. CONSELHO DE SENTENÇA. PERPLEXIDADE.
PREJUÍZO À DEFESA DO RÉU. NULIDADE ABSOLUTA. PRECEDENTES.
Se os quesitos são formulados de forma complexa, causando perplexidade aos jurados e
prejuízo à defesa, a nulidade é absoluta e pode o julgamento ser anulado, ainda que não tenha
constado qualquer protesto na ata da Sessão do Júri. Precedentes. ORDEM CONCEDIDA para
anular a sessão de julgamento realizado pela 1ª Vara do Tribunal do Júri de Teresina/PI.
(HC 54.279/PI, Rel. Ministro PAULO MEDINA, SEXTA TURMA, julgado em 05/09/2006, DJ
04/06/2007, p. 429)
(D) Incorreta. Segundo o art. 483, § 4º do Código de Processo Penal, a tese de desclassificação
deve ser respondida após o quesito sobre a autoria ou participação (2º quesito) ou da absolvição
(3º quesito), conforme o caso.
CPP, Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre:
I – a materialidade do fato;
II – a autoria ou participação;
III – se o acusado deve ser absolvido;
IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa;
V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na
pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.
1º A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qualquer dos quesitos referidos
nos incisos I e II do caput deste artigo encerra a votação e implica a absolvição do
acusado.
2º Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) jurados os quesitos relativos aos
incisos I e II do caput deste artigo será formulado quesito com a seguinte redação:
O jurado absolve o acusado?
3º Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento prossegue, devendo ser
formulados quesitos sobre:
I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa;
II – circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, reconhecidas na pronúncia ou
em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.
4º Sustentada a desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular,
será formulado quesito a respeito, para ser respondido após o 2o (segundo) ou 3o
(terceiro) quesito, conforme o caso.
(E) Incorreta. Ao contrário do disposto na assertiva, o quesito sobre causa de diminuição de
pena é que precede o formulado sobre causa de aumento de pena, conforme ordem
estabelecida tanto nos incisos IV e V quanto no § 3º, incisos I e II, todos do art. 483 do Código
de Processo Penal, citado anteriormente.
 
15. Em ação penal privada, pedido de suspensão condicional do processo:
(A) não é cabível, diferentemente da transação penal, haja vista expressa disposição legal.
(B) é cabível, desde que oferecido pelo ofendido.
(C) é cabível somente em favor do réu, haja vista a possibilidade de ofensa ao princípio da
indivisibilidade da ação penal privada.
(D) não é cabível, assim como a transação penal, porque tanto esse pedido quanto a transação
penal são exclusivos de ações penais públicas.
(E) é cabível, desde que oferecido pelo Ministério Público, por ser um direito público subjetivo
do acusado.
 
 
COMENTÁRIOS
(A) Incorreta. Embora no art. 89 da Lei nº 9.099/1995, mencione-se há possibilidade da
propositura de suspensão condicional do processo pelo Ministério Público, há decisões do
Superior Tribunal de Justiça que informam ser possível a propositura pelo querelante, em caso
ação penal privada.
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. QUEIXA. INJÚRIA.
TRANSAÇÃO PENAL. AÇÃO PENAL PRIVADA. POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE DO QUERELANTE.
JUSTA CAUSA EVIDENCIADA. RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA.
I – A transação penal, assim como a suspensão condicional do processo, não se trata de direito
público subjetivo do acusado, mas sim de poder-dever do Ministério Público (Precedentes
desta e. Corte e do c. Supremo Tribunal Federal).
II – A jurisprudência dos Tribunais Superiores admite a aplicação da transação penal às ações
penais privadas. Nesse caso, a legitimidade para formular a proposta é do ofendido, e o
silêncio do querelante não

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