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ROBÓTICA INDUSTRIAL E COLABORATIVA Rafael Bruno Bertoncini 2 SUMÁRIO 1 ROBÓTICA INDUSTRIAL ............................................................................ 3 2 CARACTERÍSTICAS DOS ROBÔS INDUSTRIAIS ......................................... 15 3 MODELAGEM DE ROBÔS ....................................................................... 33 4 SISTEMAS AUTOMÁTICOS E AUTÔNOMOS ............................................ 48 5 PROJETO DE SISTEMAS ROBÓTICOS ...................................................... 56 6 PROGRAMAÇÃO E SIMULAÇÃO DE ROBÔS ............................................ 71 3 1 ROBÓTICA INDUSTRIAL Apresentação A robótica é a ciência responsável pelo desenvolvimento e uso de robôs, originalmente dispositivos mecânicos criados para auxiliar o homem em tarefas predefinidas. Contudo, a robótica evolui a cada dia ao passo que novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas e aplicadas, permitindo a construção de robôs mais complexos, ágeis e produtivos, até a criação dos robôs autônomos. Serão apresentados neste bloco os conceitos de robô e robótica, entenderemos as suas histórias e a origem desses termos. Na sequência, será apresentado o conceito da robótica colaborativa e as principais diferenças para a robótica industrial. Por fim, iremos conhecer os diversos tipos de robôs disponíveis e as suas aplicações. 1.1 Conceito e história A robótica se originou na integração de duas disciplinas distintas, a engenharia e a ciência da computação, e envolve o projeto, a construção, a programação e a operação de robôs. Para isso, ela integra atualmente diversas disciplinas como a matemática (modelagem), as engenharias mecânica, elétrica, eletrônica, mecatrônica, de informação, da computação, de controle, de software, a bioengenharia etc. A robótica tem por objetivo desenvolver máquinas que possam auxiliar os humanos em diversas tarefas e aplicações, os robôs, sendo eles aplicados em ambientes perigosos, onde os humanos poderiam se machucar e até morrer, e em processos produtivos, aumentando a produtividade. 4 Entretanto, como podemos definir um robô? A RIA (Robot Institute of America – Instituto de Robôs da América) define o robô como “um manipulador reprogramável, multifuncional, projetado para mover materiais, peças, ferramentas ou dispositivos específicos, através de vários movimentos programados para realizar uma variedade de tarefas”. Já a ISO 10218 define o robô como “um manipulador reprogramável com vários graus de liberdade com base fixa ou móvel, capaz de manipular materiais, peças, ferramentas, segundo trajetórias variáveis que permitam realizar tarefas diversas”. Veja que ambas as definições tratam o robô como um manipulador, porém, atualmente, existem diversas outras aplicações e modelos de robôs que já não mais se encaixam nessas definições, como os robôs autônomos e sensoriais sem possuir, necessariamente, um manipulador. Os robôs podem assumir qualquer forma a depender da sua aplicação, porém alguns são construídos à semelhança dos humanos de modo a facilitar a sua aceitação quando apresentam comportamentos similares aos realizados pelas pessoas. Eles podem reproduzir diversas atividades humanas, como o caminhar, sendo atualmente, inclusive, inspirados na natureza, contribuindo assim para o campo da robótica bioinspirada. Os robôs podem atuar através do controle humano (telecomando), de maneira pré-programada ou de maneira autônoma. 5 Fonte: IEEE, 2021. Figuras 1.1 e 1.2 – Robôs Geminoid DK e Charlie. 1.1.1 Etimologia A palavra “robótica” vem da palavra “robô”, apresentada ao público pelo escritor tcheco Karel Capek em sua peça R.U.R. (Rossum's Universal Robots), publicada em 1920. A palavra “robô”, por sua vez, vem da palavra eslava robota, que significa trabalho forçado. Nessa peça, uma fábrica produz pessoas artificiais chamadas robôs, criaturas que poderiam ser confundidas com humanos. A palavra “robótica” foi utilizada pela primeira vez por Isaac Asimov em seu conto de ficção científica Liar!, publicado em 1941. Logo, como a ciência dos dispositivos elétricos é chamada “eletrônica”, ele assumiu que a “robótica” se referia à ciência dos 6 robôs. Um ano mais tarde, em 1942, ele publicou o conto Runaround, em que introduziu seu conceito das Três Leis da Robótica, também conhecidas como as Leis de Asimov: 1. Primeira Lei: um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum dano; 2. Segunda Lei: um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto quando tais ordens entrarem em conflito com a Primeira Lei; 3. Terceira Lei: um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou a Segunda Lei. 1.1.2 História O primeiro registro histórico que descreve um robô foi encontrado na China em torno de 1000 a.C. Alguns séculos mais tarde, foram documentados alguns tipos de robôs primitivos na Grécia. Em 1206 d.C., foi criada na Arábia uma banda de autômatos humanoides que podiam tocar ritmos diferentes a partir da troca de seus mecanismos internos, sendo considerados o primeiro robô programável. Em 1495, Leonardo da Vinci apresentou um design de um robô humanoide, o Cavaleiro Mecânico, e alguns anos mais tarde, em torno de 1560, ele apresentou um robô que imitava o andar humano além de outros movimentos similares ao de uma pessoa: o Monge Mecânico. Em 1738, um inventor francês criou um pato robô que era capaz de bater as asas, comer e excretar. Finalmente em 1898, Nikola Tesla demonstrou uma embarcação controlada por rádio. Os principais marcos de desenvolvimento dos robôs modernos são apresentados a seguir: ▪ 1939 e 1940: um robô humanoide da Westinghouse Electric Corporation foi apresentado na Feira Mundial de Nova Iorque; ▪ 1948: dois robôs em forma de tartaruga foram criados para “pensar” e se comportar de maneira biológica; ▪ 1956: foi apresentado o primeiro robô industrial da empresa Unimation; 7 ▪ 1959: foi apresentado o primeiro robô comercial da empresa Planet Corporation, controlado por chaves de fim de curso e por excêntricos; ▪ 1961: instalação do primeiro robô industrial da empresa Unimation para levantar pedaços quentes de metal de uma máquina de fundição e empilhá-los; Fonte: IEEE, 2021. Figura 1.3 – 1961 Unimate. ▪ 1967: o primeiro robô humanoide inteligente em escala real (androide) foi apresentado no Japão. Possuía um sistema de controle que permitia a ele caminhar com os membros inferiores, segurar e transportar objetos com as mãos, por meio de sensores táteis. Seu sistema de visão permitiu medir distâncias e direções para objetos, usando receptores externos, olhos e ouvidos artificiais, e seu sistema de conversação permitia que ele se comunicasse com uma pessoa em japonês através de uma boca artificial; ▪ 1968: foi desenvolvido um robô móvel com câmera de visão e sensores de contato pela Stanford Research Institute; ▪ 1970: foi enviado para a Lua o primeiro robô espacial, o Lunokhod 1 da União Soviética; ▪ 1971: foi desenvolvido um braço robótico de atuação elétrica pela Universidade de Stanford; 8 ▪ 1973: foi apresentado pela KUKA Robot Group o primeiro robô industrial com seis eixos acionados eletromecanicamente; ▪ 1973-1974: foi desenvolvida a primeira linguagem de programação de robôs, a WAVE, seguida pela linguagem AL em 1974. Mais tarde, foi desenvolvida a linguagem VAL pela Unimation; ▪ 1974: o primeiro robô industrial elétrico controlado por microcomputador do mundo foi instalado pela ABB Robot Group na Suécia com um design patenteado em 1972; ▪ 1975: foi apresentado o braço de manipulação universal programável pela Unimation; ▪ 1977: foi apresentado um sistema robótico móvel,com garras e sistema de visão, para a exploração espacial pelo California Institute of Technology, EUA, o Mars Rover; ▪ 1978: foi apresentada a primeira linguagem de programação de robô em nível do objeto, permitindo que os robôs manipulem objetos de diferentes formas, posições e ruídos; ▪ 1978: foi apresentado o robô PUMA (Programmable Universal Manipulation Arm) pela Unimation para ser utilizado em linhas de montagem da GM; ▪ 1979: foi desenvolvido na Universidade de Yamanashi, Japão, o robô SCARA (Selective Compliance Assembly Robot Arm). Esse robô começou a ser comercializado em 1981; ▪ 1981: foi apresentado o primeiro robô de atuação direta (direct drive) pela CMU; ▪ 1983: foi instalada a primeira linha flexível de montagem com robôs; ▪ 1997: a Honda apresenta o primeiro robô humanoide que sobe escadas, o ASIMO (Advanced Step in Innovative Mobility). Atualmente, os robôs industriais são amplamente difundidos e usados para realizar trabalhos de forma mais barata, mais precisa e confiável do que a mão de obra humana. Eles também são aplicados em alguns trabalhos que são muito sujos, perigosos ou enfadonhos aos humanos. Os robôs são largamente utilizados na produção e montagem em massa de bens de consumo e industriais, embalagem, 9 armazenamento, transporte, mineração, exploração da terra e do espaço, medicina, pesquisa de laboratório, segurança etc. 1.2 Robótica colaborativa O robô colaborativo, ou cobot como é popularmente conhecido (o diminutivo de collaborative robot), foi desenvolvido para interagir diretamente com humanos em um espaço de trabalho compartilhado ou onde haja proximidade entre humanos e robôs. Essas aplicações contrastam com as aplicações tradicionais de robôs industriais, nas quais os robôs são isolados do contato humano. Os cobots habitualmente são produzidos com materiais de construção leve, com bordas arredondadas e limitação de velocidade e força, seja de ordem estrutural ou baseada na atuação de sensores e programação que lhes garante um comportamento seguro. Fonte: IEEE, 2021. Figura 1.4 – Cobot e operador em espaço compartilhado. Os cobots possuem diversas aplicações como a automação de tarefas não ergonômicas, o auxílio à movimentação de peças pesadas, a alimentação de máquinas, as operações de montagem, como robôs de logística que transportam materiais entre a produção e o armazém, e até como robôs de informação em espaços públicos. 10 1.2.1 História O cobot foi inventado por dois professores da Northwestern University dos EUA em 1996 como o resultado de um trabalho de pesquisa iniciado e conduzido pela General Motors dos EUA com o objetivo de encontrar uma forma de tornar seguro o uso de robôs e equipamentos semelhantes próximos aos operadores na linha de produção. Na patente preenchida em 1997, eles descrevem o cobot como “um aparelho e método para interação física direta entre uma pessoa e um manipulador de uso geral controlado por um computador”. Os cobots começaram a ser produzidos em alta escala na virada do milênio, se consagrando no mercado de automação já no início dos anos 2000. 1.2.2 Principais características A International Federation of Robotics (IFR – Federação Internacional de Robótica) define diferentes níveis de colaboração entre cobots e humanos: ▪ Coexistência: humanos e robôs trabalham lado a lado sem separação e sem espaço compartilhado; ▪ Colaboração sequencial: humanos e robôs trabalham em espaço compartilhado, porém seus movimentos são sequenciais, ou seja, eles não trabalham em uma peça ao mesmo tempo; ▪ Cooperação: humanos e robôs trabalham em uma peça ao mesmo tempo, com os dois em movimento; ▪ Colaboração responsiva: o robô responde em tempo real aos movimentos do humano. Atualmente, a maioria das aplicações dos cobots é de coexistência ou de colaboração sequencial, sendo os demais níveis de colaboração menos comuns. As principais características que permitem a sua colaboração com humanos são os sensores incorporados para detectar obstáculos e evitar colisões, e as limitações de velocidade, de força e de alcance, privilegiando a segurança. Assim, os cobots podem 11 ser aplicados em operações perigosas, árduas ou tediosas, liberando o operador para tarefas mais específicas e estratégicas que demandem discernimento humano. Adicionalmente, os cobots são mais fáceis de serem programados e configurados (set up), de serem instalados na linha de produção por demandarem menor espaço, além de serem consideravelmente mais baratos do que os robôs industriais tradicionais. 1.2.3 Normas de segurança A instalação de qualquer máquina ou equipamento, em uma linha de produção, por exemplo, deve estar em conformidade com a legislação vigente de modo a garantir o correto funcionamento dessa máquina ou equipamento, bem como a segurança e o bem-estar das pessoas que irão trabalhar junto ou próximo a ela/ele. A NR 12, Norma Regulamentadora de Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos, é a norma a ser levada em consideração no Brasil. Recentemente, foi estabelecida a Nota Técnica 31 (NT 31) que permite a utilização de sistemas robóticos que sigam as normas ISO 10218-1 e 10218-2, a ISO/TS 15066 ou outras normas técnicas internacionais oficiais que regulem a aplicação desses sistemas, passando a fazer parte da própria NR 12 (item 12.1.12). Essa nota técnica facilita a correlação com normas internacionais, trazendo maior segurança jurídica a essas aplicações no Brasil. Esse fato abre caminho para uma maior aplicação de cobots em território nacional. A especificação técnica ISO/TS 15066 define quatro métodos para a utilização de cobots em espaços compartilhados com humanos, como segue: ▪ Parada de segurança monitorada; ▪ Modo guiado (operação manual dos cobots); ▪ Separação e velocidade monitoradas; ▪ Limitação de potência e força. Vale lembrar, no entanto, que qualquer instalação de máquinas e equipamentos, robôs colaborativos inclusos, deve ser precedida de uma avaliação de riscos no local da aplicação, conforme a norma ISO 12100. 12 Ainda no tema da segurança, as normas ABNT NBR 14153, ISO 13849-1 e 13849-2 devem ser levadas em consideração, sendo fundamentais para o controle da força e da velocidade desses sistemas. 1.3 Tipos de robôs e suas aplicações Os robôs podem ser classificados em 4 categorias, podendo ser telecomandados, pré- programados ou autônomos: ▪ Aéreos; ▪ Espaciais; ▪ Subaquáticos; ▪ Terrestres. Evidentemente, como qualquer máquina ou equipamento, um robô é projetado para uma atividade ou tarefa específica. Na indústria, é muito fácil encontrar robôs de montagem, porém existem robôs soldadores. A uma primeira vista, pode-se imaginar que se trata de um braço robótico único adaptado a duas tarefas distintas. Muitas vezes pode ser mesmo, principalmente com o objetivo de aumentar a escala de produção visando reduzir custos, no entanto, algumas vezes os robôs acabam sendo bem específicos, como no caso do robô soldador que, habitualmente, é acompanhado de todos os equipamentos e dispositivos necessários para o processo de solda. Existe uma ampla gama de robôs disponíveis no mercado, para as mais diversas aplicações: ▪ Indústria: aplicados desde 1960, têm ocupado cada vez mais espaço nas linhas produtivas. Podem ser robôs manipuladores para carga pesada, soldadores, montadores, transportadores (de uma operação a outra), controladores de qualidade etc.; ▪ Medicina: aplicados em cirurgia a distância, cirurgias não invasivas, cirurgias complexas e na recuperação de movimento (reabilitação: exoesqueleto e próteses robóticas) etc.; 13 Fonte: ABB/EXSTO, 2020. Figura 1.5 – Exemplo de robô aplicado à terapia robótica: fisioterapia e reabilitação. ▪ Agricultura: separação, seleção e classificação de frutos e grãos, eliminadoresde erva-daninha, pulverizadores em geral, colheitadeiras, plantadeiras etc.; ▪ Cozinha: automação de grandes cozinhas industriais, automação de cozinhas para delivery e fast-food; ▪ Outras aplicações: espacial, militar, socorro/salvamento, construção, limpeza (doméstica, industrial, ambientes contaminados etc.), nanorrobôs, comunicação etc. Como visto anteriormente, os robôs podem assumir as mais diversas formas: ▪ Humanoides: imitam a forma e a movimentação humana; ▪ Bioinspirados: imitam a forma e a movimentação de animais (Ex.: quadrúpedes, cobras, insetos, peixes etc.); ▪ Móveis: veículos autônomos de diversas formas, a depender da aplicação; ▪ Industriais: apresentam diversas formas, a depender da aplicação; ▪ Reconfiguráveis: podem mudar de forma e/ou se agruparem ou se desagruparem, tomando diferentes formas. 14 Conclusão A partir deste bloco, passamos a conhecer um pouco mais dos robôs e das suas aplicações, bem como da ciência multidisciplinar que é a robótica. Os robôs são equipamentos complexos que têm evoluído muito como o passar dos anos e estão, a cada dia, mais presentes em nossas vidas. Uma vez estabelecidos esses conceitos, podemos começar a detalhar esses equipamentos, seja do ponto de vista estrutural, seja do ponto de vista funcional. Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14153 – Segurança de máquinas – Partes de sistemas de comando relacionados à segurança – Princípios gerais para projeto. Rio de Janeiro, jul. 1998. ISO. International Organization for Standardization. BS EN ISO 13849-1:2015. Safety of machinery – Safety-related parts of control systems – General principles for design. ISO, 2015. ISO. International Organization for Standardization. BS EN ISO 13849-2:2012. Safety of machinery – Safety-related parts of control systems – Validation. ISO, 2012. IEEE. Robots. IEEE, 2021. Disponível em: https://robots.ieee.org/robots/. Acesso em: 25 nov. 2021. ABB/EXSTO. Implantação da robótica na indústria. Santa Rita do Sapucaí: ABB/Exsto Tecnologia, 2020. p. 27. Disponível em: https://exsto.com.br/industria40/ebookrobotica.pdf. Acesso em: 14 mar. 2022. HUGHES, C.; HUGHES, T. Robot programming: a guide to controlling autonomous robots. 1. ed. EUA: Que Publishing, 2016. MUNHOZ, I. P. Robótica. 1. ed. Brasil: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. https://exsto.com.br/industria40/ebookrobotica.pdf 15 2 CARACTERÍSTICAS DOS ROBÔS INDUSTRIAIS Apresentação Você sabe como são formados os robôs e como eles funcionam? Este bloco irá abordar as características básicas dos robôs e os seus principais sistemas e componentes com o objetivo de compreender como eles funcionam, se movimentam e sentem o ambiente que os rodeia, de modo que eles possam realizar as tarefas para as quais foram programados. 2.1 Estrutura mecânica Um robô é formado por diversos sistemas e componentes, cada um com uma função específica. É por meio deles que um robô pode se movimentar e se locomover, sentir o ambiente e realizar tarefas. A figura a seguir apresenta os componentes básicos de um robô e uma analogia com o corpo humano: 16 Fonte: HUGHES, C.; HUGHES, T., 2016. (editada pelo autor) Figura 2.1 – Componentes básicos de um robô. Neste momento, iremos nos ater à estrutura e aos componentes mecânicos, porém não podemos nos esquecer de que os robôs também possuem componentes elétricos que os alimentam e os controlam. Existem atuadores elétricos que demandam eletricidade que, por sua vez, é armazenada em uma bateria e distribuída por fios ou chicotes elétricos. Outros componentes elétricos são utilizados para detecção, por exemplo, os sensores, bem como outros componentes elétricos para movimentação e operação, já que o microprocessador utilizado para operar o robô necessita de eletricidade. Todos os robôs possuem uma estrutura mecânica responsável por dar forma a eles, por sustentar o peso deles e dos objetos ou das cargas que eles manipulam, por conectar os seus componentes, e por permitir a movimentação e a locomoção deles. A sua construção mecânica está diretamente ligada à aplicação do robô, de modo que ele possa completar as tarefas que lhe foram atribuídas, lidando com a física do ambiente que o rodeia: a função define a forma. 17 O robô industrial é um robô utilizado em processos produtivos, sendo ele automatizado, programável e capaz de se mover em diversos eixos. É tipicamente utilizado em processos de solda, pintura, montagem e desmontagem, manuseio de materiais, embalagem e rotulagem, paletização, inspeção de produto, teste etc. Os robôs industriais são resistentes, velozes e precisos, sendo amplamente utilizados na indústria uma vez que aumentam a produtividade e a eficiência das operações, principalmente quando se trata de operações repetitivas ou enfadonhas ao ser humano. 2.1.1 Graus de liberdade O grau de liberdade (GdL, ou Degree of Freedom – DoF) é definido como o número de variáveis independentes requeridas para definir a posição de um corpo rígido no espaço, ou seja, o GdL define o número de direções em que um corpo pode se mover. O GdL é aplicado à cinemática para calcular a dinâmica de um corpo. Logo, se o GdL > 0, temos um mecanismo (sistema com “n” graus de liberdade), se o GdL = 0, temos uma estrutura (sistema estático), e se o GdL < 0, temos uma estrutura pré-carregada (sistema hiperestático). A posição e a orientação de um corpo rígido no espaço são definidas por três componentes de translação e três componentes de rotação, ou seja, um corpo rígido pode possuir até seis graus de liberdade. Ao analisar um automóvel, como na figura a seguir, temos os seguintes graus de liberdade (seis no total): ▪ Translação – definição da posição: 1. Deslocamento (eixo X): movimento para frente (+X) e para trás (-X); 2. Direção (eixo Y): movimento para a direita (-Y) e para a esquerda (+Y); 3. Elevação (eixo Z): movimento para cima (+Z) e para baixo (-Z). ▪ Rotação – definição da orientação: 1. Ângulo de rolagem (α): em relação ao eixo X; 2. Ângulo de arfagem (β): em relação ao eixo Y; 3. Ângulo de guinada (γ): em relação ao eixo Z. 18 Fonte: autor. Figura 2.2 – Os 6 graus de liberdade de um automóvel. O corpo rígido, ou elo ou link, é aquele que não sofre deformações em nenhuma de suas direções e que une duas ou mais juntas. As juntas são elementos que conectam dois corpos e que permitem a transmissão de força ou torque. Elas atuam como restrições geométricas, restringindo o movimento do corpo rígido, ou seja, elas reduzem os graus gerais de liberdade. Fonte: HUGHES, C.; HUGHES, T., 2016. (editada pelo autor). Figura 2.3 – Braços robóticos com 2 e 6 graus de liberdade. Desse modo, uma junta pode permitir que um corpo rígido se mova em relação a outro, assim como restringe os movimentos possíveis dos dois corpos que conecta. Por 19 exemplo, uma junta de rotação pode ser vista permitindo liberdade de movimento entre dois corpos rígidos no espaço, ou pode ser vista fornecendo cinco restrições ao movimento desses corpos. De forma geral, o número de graus de liberdade de um corpo rígido, três para corpos planos e seis para corpos espaciais, menos o número de restrições fornecidas por uma junta deve ser igual ao número de liberdades fornecidas por essa junta, como segue: Fonte: LYNCH, K.; PARK, F., 2017. (editada pelo autor) Figura 2.4 – Juntas robóticas típicas. Como pode ser observado na Figura 2.4, cada junta conecta apenas dois corpos: juntas que conectem simultaneamente três ou mais corpos não são permitidas. As juntas a seguir apresentam apenas um grau de liberdade: ▪ Rotação, torção ou giratória (R): permite o movimento de rotação, seja em torno do eixo da junta, no mesmo eixo do corpo rígidoou ortogonal a ele; ▪ Prismática, deslizante ou linear (P): permite o movimento translacional (ou retilíneo) ao longo da direção do eixo da junta, podendo ser colinear ou ortogonal; ▪ Helicoidal ou parafuso (H): permite a rotação e a translação simultânea em torno de um fuso. Existem juntas com mais de um grau de liberdade, como segue: ▪ Cilíndrica (C): possui dois graus de liberdade, permitindo translações e rotações independentes em torno de um único eixo de junta; 20 ▪ Universal (U): possui dois graus de liberdade, sendo constituída por um par de juntas de rotação dispostas de forma que seus eixos sejam ortogonais; ▪ Esférica (S): possui três graus de liberdade, funcionando de maneira similar à articulação do ombro humano. Dadas as diferentes configurações das juntas de articulação, os robôs podem ser classificados da seguinte forma: ▪ Articulado ou antropomórfico (RRR): é o robô mais comum do mercado; é muito versátil, com uma estrutura similar ao braço humano, sendo também chamado de braço robótico ou braço manipulador. As suas juntas rotacionais lhe conferem diversos GdL, boa manobrabilidade, alta velocidade, grande volume de trabalho, porém possuem menor precisão do que em um robô cartesiano e demandam uma programação mais complexa; ▪ Cartesiano (PPP): também conhecido por retilíneo ou x-y-z devido aos seus movimentos lineares em sistema de eixos cartesianos, possui volume de trabalho reduzido dadas as suas três ligações prismáticas perpendiculares. Apresenta controle e programação simplificados, estrutura inerentemente rígida, alta capacidade de carga e alta precisão. ▪ Cilíndrico (PRP): possui uma junta rotacional que lhe confere um volume de trabalho maior do que o cartesiano. Apresenta controle e programação simplificados, estrutura simples, elevada velocidade e boa precisão; ▪ Esférico ou polar (RRP): foi o primeiro robô industrial a ser utilizado, com um grande volume de trabalho em formato esférico. Apresenta controle e programação simplificados, elevada velocidade e capacidade de carga, porém apresenta baixa precisão, o que limita a sua aplicação atualmente; ▪ SCARA (Selective Compliance Assembly Robot Arm) (RPR ou RRP): a sua construção com duas juntas rotacionais paralelas lhe confere movimentos laterais precisos no plano X-Y, sendo aplicado em operações de montagem de componentes pequenos. Apresenta alta precisão, alta repetibilidade, alta manobrabilidade e alta velocidade; ▪ Delta: é um robô paralelo que utiliza cadeias de conectores em formato de paralelogramo que restringem o movimento da base dos elementos terminais 21 nos eixos X, Y ou Z, ou seja, apenas translação, apesar do uso de juntas universais na base. Pode apresentar diferentes configurações com diferentes GdL. É habitualmente aplicado em operações de seleção e de embalagem, e apresenta alta precisão e alta velocidade. Fonte: Munhoz, I.P., 2017. Figura 2.5 – Classificação dos robôs quanto às configurações de juntas de articulação. Fonte: Abreu, P., 2002. (editada pelo autor). Figura 2.6 – Volume de trabalho das diversas configurações de juntas de articulação. 22 Por fim, é importante compreender 3 parâmetros característicos dos robôs: ▪ Resolução de controle: é o menor movimento incremental de uma junta detectável pelo codificador. Assim, se o codificador possuir 180 incrementos por volta, então a sua resolução será de 2° (360°/180). A resolução angular pode ser convertida em resolução espacial em função do comprimento da junta (L*sen(ResolAng)); ▪ Repetibilidade: é a capacidade de um robô posicionar a extremidade do elemento terminal em um ponto previamente programado, dentro do seu volume de trabalho, repetidas vezes com um erro determinado; ▪ Precisão: é a capacidade de um robô posicionar a extremidade do elemento terminal em uma determinada posição, dentro do seu volume de trabalho. Fonte: autor. Figura 2.7 – Ilustração de repetibilidade e precisão. 2.1.2 Atuadores Os atuadores são os “músculos” do robô, permitindo os seus movimentos. Eles utilizam uma fonte de energia para mover as juntas e, geralmente, há um atuador por junta. O acionamento dos atuadores pode ser realizado de maneira direta (direct drive), de maneira que o elemento móvel do atuador é acoplado diretamente à junta, 23 ou de maneira indireta (indirect drive), de maneira que o elemento móvel do atuador é acoplado à junta através de um elemento de transmissão. Assim, para que eles possam realizar as tarefas para as quais foram projetados, devem possuir algumas características, como: ▪ Custo mínimo; ▪ Eficiência energética; ▪ Manutenção reduzida e simples; ▪ Boa relação peso-potência; ▪ Potência adequada; ▪ Torque adequado; ▪ Peso e volume mínimos; ▪ Baixa inércia; ▪ Aceleração elevada; ▪ Ampla gama de velocidade; ▪ Velocidade adequada; ▪ Precisão adequada; ▪ Permitir o controle adequado da sua movimentação. Eles podem ser acionados de diversas maneiras, como segue: ▪ Acionamentos elétricos: motores de passo ou servomotores são geralmente utilizados como atuadores para movimentar as juntas. São amplamente utilizados dada a sua facilidade de integração com sistemas de controle programáveis. Eles são muito precisos, de fácil manutenção e de baixo custo, porém apresentam variação de torque durante a variação da velocidade, não são recomendados para cargas elevadas e demandam um sistema de transmissão que aumenta o seu volume; ▪ Acionamento hidráulico: utiliza um atuador linear para movimentar a junta. É menos preciso que o acionamento elétrico, mas é mais rápido e forte. Esse acionamento é capaz de manter o torque por elevado período de tempo, porém é um sistema mais caro e de manutenção mais complexa; 24 ▪ Acionamento pneumático: também utiliza um atuador linear para movimentar a junta. É o sistema menos preciso de todos, possuindo restrição de carga que o limita a aplicações menores e mais simples. Apresenta alta velocidade, baixa manutenção e custo, além de ser capaz de manter a força por elevado período de tempo. Entretanto, pode apresentar vibração durante a movimentação. Os atuadores não são utilizados apenas para a movimentação de membros e elementos terminais, mas também para a sua locomoção. 2.1.3 Sistemas de transmissão Como visto anteriormente, os movimentos gerados pelos atuadores de maneira indireta devem ser transmitidos às juntas dos robôs, seja para acionar a sua locomoção, os seus movimentos ou os elementos terminais. Esses sistemas de transmissão devem ainda reduzir o momento de inércia dos corpos em movimento e permitir a conversão de movimentos lineares em rotativos e vice-versa. Dada a geometria, muitas vezes, limitada do robô, esse sistema deve possuir um tamanho reduzido, possuir baixo peso e momento de inércia, evitar folgas, apresentar elevada rigidez, possuir uma relação de transmissão precisa e constante, possuir eficiência energética e baixo atrito. Os principais componentes de transmissão de movimento aplicados aos robôs são: ▪ Acoplamentos flexíveis; ▪ Acoplamentos rígidos; ▪ Cabos; ▪ Correias; ▪ Correntes; ▪ Pares de engrenagens de vários tipos; ▪ Redutores de vários tipos; ▪ Sistemas de atrito; ▪ Sistemas de tração. 25 2.1.4 Elementos terminais Os elementos terminais têm o propósito de aplicar um efeito aos objetos ou ferramentas que serão utilizadas nas mais diversas operações. Assim, a extremidade funcional de um braço robótico é frequentemente referida como elemento terminal, enquanto o braço é referido como manipulador. A maioria dos braços robóticos têm elementos terminais substituíveis, cada um sendo aplicado à operação de interesse. Outros têm um manipulador fixo que não pode ser substituído, enquanto alguns têm um manipulador de uso geral como uma mãohumanoide, por exemplo. Os principais elementos terminais são apresentados a seguir: ▪ Pinças mecânicas: também conhecidas como “garras”, geralmente são constituídas por dois dedos que podem abrir e fechar para pegar e largar os objetos. A figura a seguir apresenta os principais tipos de pinças mecânicas: 26 Fonte: HUGHES, C.; HUGHES, T., 2016. (editada pelo autor) Figura 2.8 – Principais tipos de pinças mecânicas. ▪ Garras magnéticas: indicadas para o manuseio de materiais ferrosos, como chapas e placas, apresentam pega rápida, podem ser utilizadas em várias peças diferentes, inclusive com furos, porém podem deixar magnetismo residual na peça manipulada, possuem menor precisão por permitir deslizamento da peça e não conseguem pegar apenas uma peça de uma pilha sem um dispositivo adicional; ▪ Garras adesivas: utilizam substâncias adesivas para pegar as peças que geralmente são tecidos e materiais leves. No entanto, a adesividade se perde com o uso repetitivo, podendo ser utilizado um sistema de fita contínua que é alimentado de tempo em tempo evitando a perda da adesividade; ▪ Ventosas de sucção: um gerador de vácuo é utilizado para gerar a sucção que irá pegar e largar os objetos, desde que a superfície de pega seja lisa o 27 suficiente para garantir a sucção. As ventosas de sucção podem ser utilizadas com componentes eletrônicos e com objetos grandes, como um para-brisas de carro. Esse sistema pode ser utilizado com robôs de menor precisão uma vez que as ventosas podem acomodar o erro de posição do objeto a ser pego, além de poderem se adaptar à forma do objeto; ▪ Elemento de uso geral: as mãos humanoides começam a ser cada vez mais aplicadas por serem muito hábeis, com até 20 GdL e centenas de sensores táteis; ▪ Ferramentas: os robôs industriais podem utilizar ferramentas diferentes para realizar as operações de sua responsabilidade, como dispositivos de solda (solda a ponto, laser, MIG/MAG etc.), pulverizadores (proteção superficial, pintura etc.), mandris para usinagem, dispositivos de corte e de rebarbação, aplicadores de líquidos (selantes, vedações, cimento etc.), ferramentas de corte (água ou laser), entre outros. ▪ Outros dispositivos: ganchos, cadinhos etc. 2.2 Sensores para robótica Os sensores permitem que os robôs recebam informações sobre o ambiente no qual se encontram, sendo essenciais para que eles possam executar suas tarefas e agir sobre quaisquer mudanças no ambiente, de modo a calcular uma resposta apropriada. Eles são usados para várias formas de medição, para dar aos robôs avisos sobre segurança ou mau funcionamento, e para fornecer informações em tempo real da tarefa que estão executando. A tabela a seguir correlaciona alguns sentidos humanos com os sensores e instrumentos utilizados pelos robôs para senti-los: 28 Tabela 2.1 – Correlação entre os sentidos humanos e os sensores robóticos Sentido humano Sensor robótico Visão Sensores de proximidade, câmera e cor Gosto ND Cheiro Sensor de gás Tato Sensor tátil, pele artificial Som Sensor de som e autofalantes Nocicepção (dor) ND Equilibriocepção (equilíbrio) Giroscópio Tensão ND Termocepção (temperatura) Sensor de temperatura, barômetro, termômetro infravermelho Magneto recepção Sensor magnético Tempo Relógio Fome ND Sede ND Geolocalização (navegação) Sensores ultrassônico, GPS e bússola Eletro-recepção (campos magnéticos) Sensor de proximidade de campos elétricos Direção Bússola Proximidade Sensores ultrassônico, infravermelho e EOPD Força, pressão Sensores de força e de pressão Fonte: HUGHES, C.; HUGHES, T., 2016. (adaptada pelo autor). Os robôs utilizam transdutores e sensores para “sentir” o ambiente e interagir com ele. Os transdutores convertem variações de grandezas físicas em variações elétricas (tensão e corrente) que podem ser medidas e gerar uma medida de variação indireta. Os sensores, por sua vez, medem as diferentes formas de energia e são dispositivos de entrada que transformam uma quantidade física em seu sinal elétrico correspondente, que é então mapeado para uma medição. A quantidade física, normalmente, não é elétrica. A tabela a seguir apresenta os diferentes tipos de sensores utilizados por um robô: 29 Tabela 2.2 – Tipos de sensores robóticos Tipo Descrição Exemplos Proprioceptor Mede o estado interno do robô Giroscópio, acelerômetro e bússola Exteroceptor Mede o ambiente externo conforme ele interage ou afeta o robô Proximidade: mede a distância ao objeto sem toque (ultrassônico, óptico) Contato: mede o contato entre o robô e um objeto (toque, pressão) Ambiental Mede as quantidades físicas no ambiente Temperatura, pH, turbidez e campos magnéticos Fonte: HUGHES, C.; HUGHES, T., 2016. (adaptada pelo autor) Os sinais elétricos dos sensores podem ser analógicos ou digitais. Um sensor digital produz um sinal de saída discreto, não contínuo, enquanto um sensor analógico produz um sinal que possui um valor contínuo. Sensores analógicos destinam-se a ajudar a converter informações do mundo real que não são elétricas. Ambos os tipos de saída dos sensores serão representados em um formato digital reconhecível por um processador, porém alguns sensores não transformam diretamente seus sinais em sinais digitais; em vez disso, produzem um sinal analógico que é convertido posteriormente. Os sensores podem ainda ser ativos ou passivos, o que na prática descreve como eles realizam as medições e como eles atendem aos requisitos de energia (consumo). Sensores passivos recebem energia do ambiente ou do objeto a ser medido, não produzindo qualquer efeito sobre eles. Isso é especialmente útil quando os robôs devem ser discretos em um determinado ambiente. Eles são considerados não intrusivos e eficientes em termos de consumo de energia. Em contrapartida, os sensores ativos interagem diretamente com o ambiente, observando-o através da emissão de energia, requerendo então uma fonte de energia. Eles são menos eficientes em termos de consumo de energia, porém são mais robustos porque são menos afetados pelas fontes de energia disponíveis. 30 Fonte: HUGHES, C.; HUGHES, T., 2016. (editada pelo autor). Figura 2.9 – Detecção de objeto de forma passiva e ativa. Os sensores podem ainda ser de contato, ou seja, dispositivos eletromecânicos que detectam a mudança através do contato físico com o objeto, ou sem contato, isto é, dispositivos eletrônicos de estado sólido que criam um feixe ou um campo de energia e reagem aos distúrbios nesse campo. A seguir, são listados os principais tipos de sensores presentes em um robô: ▪ Sensor de posição angular: pode ser digital, como os encoders absolutos e incrementais, ou analógico, como os resolvers e os potenciômetros; ▪ Sensor de posição linear: régua incremental, indutivo, potenciômetro e LVDT; ▪ Sensor de velocidade; ▪ Sensor de aceleração: acelerômetro; ▪ Sensor de força e torque: strain gauges; ▪ Sensor de proximidade: indutivo, de efeito de Hall, capacitivo, ultrassônico e ótico; ▪ Sensor eletromecânico: chaves de fim de curso (contato); ▪ Sensor de tato. 31 2.3 Sistemas de visão O sistema de visão é fundamental para um robô móvel, uma vez que ele precisa evitar obstáculos, determinar a sua localização e a distância aos objetos, e detectar, reconhecer e rastrear objetos. Para isso, o robô móvel utiliza uma série de sensores, como infravermelho, ultrassônico, câmeras, sensor de imagem, luz, cor etc. No entanto, nem todos os robôs precisam de um sistema de visão e os que precisam não necessariamente precisam de um sistema completo, eles podem precisar apenas de alguns recursos, a depender da aplicação final deles. Para um robô “ver”, ele pode utilizar: ▪ Sensor de cor e luminosidade: detecta a corde um objeto, além de detectar a luz, a escuridão e a intensidade de luz em um ambiente; ▪ Sensor ultrassônico: é um sensor de proximidade usado para medir a distância dele a um objeto em seu campo de visão por meio de ondas sonoras refletidas pelos objetos; ▪ Sensor infravermelho: mede a luz que irradia do objeto; ▪ Câmera: é usada para capturar uma imagem do ambiente que pode então ser processada para identificar objetos ao redor. Os robôs industriais também são utilizados em operações de inspeção para o controle da qualidade, de seleção e de posicionamento. Nesses casos, eles podem apresentar câmeras digitais ou inteligentes que, com o auxílio de um programa de processamento de imagens, possam identificar as características de interesse conforme o padrão programado. 32 Fonte: MUNHOZ, I.P., 2017. Figura 2.10 – Exemplo de sistema de visão inteligente. Conclusão Neste bloco, podemos ter uma visão mais detalhada dos sistemas e componentes que formam um robô. É possível perceber que, mesmo o robô industrial que é mais simples que um robô móvel ou autônomo, ainda é bastante complexo. Estrutura mecânica, fonte de alimentação, unidade de controle, atuadores, sensores e elementos terminais formam um equipamento complexo de alta tecnologia. Os avanços tecnológicos vêm permitindo reduzir o tamanho dos robôs ao mesmo tempo em que eles se tornam mais precisos, eficientes e capazes. Referências Bibliográficas ABREU, P. Robótica industrial. Acetatos: fundamentos da robótica, aspectos tecnológicos da robótica. 2001/2002. 53 p. Automação, Instrumentação e Controle – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, 2002. HUGHES, C.; HUGHES, T. Robot programming: a guide to controlling autonomous robots. 1. ed. EUA: Que Publishing, 2016. LYNCH, K.; PARK, F. Modern robotics: mechanics, planning, and control. 1. ed. Inglaterra: Cambridge University Press, 2017. MUNHOZ, I. P. Robótica. 1. ed. Brasil: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 33 3 MODELAGEM DE ROBÔS Apresentação Podemos observar muita manipulação na robótica industrial, isto é, peças e/ou ferramentas sendo movidas no espaço por um mecanismo robótico, gerando a necessidade da representação das posições e das orientações dessas peças e/ou ferramentas, e do próprio mecanismo. No entanto, para definir e trabalhar equações matemáticas para localização espacial, devemos, obrigatoriamente, definir sistemas de coordenadas (referências). Logo, para controlar a manipulação, será necessário estudar o movimento do mecanismo, naturalmente formado pela cinemática e a dinâmica. A cinemática é o estudo do movimento, ou seja, a velocidade e a posição, sem levar em conta as massas e as forças aplicadas. No caso da robótica, o desafio é definir a posição do robô, seja ela através da cinemática direta ou da cinemática inversa. Já a dinâmica estuda o comportamento dos corpos em movimento e as forças envolvidas. Este bloco se propõe a apresentar os meios necessários para o controle cinemático e dinâmico do robô industrial. 3.1 Ferramentas matemáticas para localização espacial O conhecimento da posição e da orientação do elemento terminal (efetuador) é mandatório para a correta manipulação robótica. Vimos anteriormente que o robô industrial é constituído por um conjunto de corpos rígidos (elos) conectados por juntas (articulações), formando uma cadeia cinética. As juntas permitem a movimentação de um corpo em relação ao anterior, e os corpos são numerados de maneira crescente a partir da base, sendo a base fixa identificada por “corpo 0” e o primeiro corpo móvel como “corpo 1”, assim como aplicado às juntas. Elas, por sua vez, podem ser de rotação (R) ou prismática (P). 34 A posição é descrita por uma matriz 3x1 referente às coordenadas em X, Y e Z, enquanto a orientação é descrita por uma matriz de rotação 3x3, apresentando a diferença entre a orientação de interesse, o sistema de referência (frame) do objeto, e o sistema de coordenadas do robô. A posição e a orientação definem a localização espacial do elemento terminal. Logo, se considerarmos um manipulador com a posição do objeto a ser manipulado entre os dedos da garra e, considerando que esse manipulador possua um número suficiente de juntas que permitam diversas orientações desse manipulador para essa mesma posição espacial, podemos ter tantas localizações espaciais diferentes quantas forem as orientações possíveis. A localização espacial do elemento terminal é dependente dos sistemas de coordenadas adotados. O sistema de coordenadas do robô geralmente está definido em sua base, enquanto o sistema de coordenadas do objeto, conhecido por sistema de referência (frame), define a posição e a orientação dele: Fonte: CRAIG, J. J., 2004. (editada pelo autor). Figura 3.1 – Diversos frames de uma estação de trabalho. A relação entre o sistema de coordenadas do elemento terminal e o sistema de referência do objeto pode ser obtida por uma translação e uma rotação. A composição 35 da translação e da rotação, do ponto de vista matemático, é complicada, portanto, aplica-se à matriz de transformação homogênea da álgebra linear, sendo descrita por uma matriz 4x4 que equivale à matriz de translação (origem do sistema, posição) e à matriz de rotação (orientação): Fonte: autor. Figura 3.2 – Matriz de transformação homogênea: rotação e translação. Exemplo 1 (CRAIG, J.J., 2004, p. 29): O frame {B} se encontra rotacionado em relação ao frame {A} em 30° no eixo Z, e transladado por 10 unidades em X e por 5 unidades em Y. Dado um ponto em (3,7,0) em relação ao frame {B}, onde ele se encontra em relação ao frame {A}? Solução: Devemos aplicar uma matriz de transformação homogênea para calcular a localização do ponto em B, BP, em relação ao frame {A}, AP. Para isso, devemos escolher qual matriz de rotação parcial utilizar: Como {B} está rotacionado em 30° no eixo Z em relação ao {A}, então usamos a matriz Rz. Assim, como conhecemos a matriz de rotação, o ângulo de rotação e os valores de translação, temos a seguinte matriz de transformação homogênea: A posição em {B} é dada: 36 Podemos agora calcular a posição em {A}: Fonte: CRAIG, J.J., 2004. Figura 3.3 – O frame {B} rotacionado e transladado em relação ao {A}. Vimos no exemplo anterior como relacionar a localização de um sistema de coordenadas em relação a outro sistema: é justamente dessa forma que se pode conhecer a localização espacial do elemento terminal em relação à base do robô e em relação ao objeto. A localização do elemento terminal em relação à base do robô é simples de ser calculada, uma vez que os comprimentos dos corpos do robô são conhecidos, bem como os ângulos das juntas de rotação (R) e as translações das juntas prismáticas (P). Assim, uma vez conhecida a localização espacial do objeto, é fácil calcular o movimento do robô. 37 3.2 Cinemática e dinâmica de robôs A principal tarefa de um manipulador robótico é movimentar o elemento terminal de um ponto a outro ou de acompanhar uma trajetória predefinida nos limites do seu volume de trabalho, controlando a sua velocidade e aceleração no percurso. O movimento, por sua vez, é dividido entre a cinemática e a dinâmica, sendo que, no caso da robótica, a cinemática se ocupa das relações entre as posições, orientações, velocidades e acelerações das juntas e do elemento terminal, enquanto a dinâmica se ocupa das forças e torques aplicados ao movimento e os seus efeitos sobre ele. Faz parte ainda das relações cinemáticas a tratativa das redundâncias, isto é, realizar um mesmo movimento de diversas maneiras possíveis, evitar colisões e evitar singularidades, ou seja, o caso no qual uma posição cujo comportamento subsequente não pode ser previsto ou asforças ou outras quantidades físicas envolvidas tornam-se infinitas ou não determinísticas. Uma vez que as posições, orientações, velocidades e acelerações relevantes tenham sido calculadas pela cinemática, a dinâmica é usada para estudar os efeitos das forças sobre esses movimentos. 3.2.1 Notação de Denavit-Hartenberg A notação de Denavit-Hartenberg (D-H) utiliza o método matricial para modelar matematicamente a rotação e a translação produzidas pelos corpos e juntas de um robô, resultando em uma matriz de transformação homogênea. Esse método permite obter a posição e a orientação do elemento terminal, definindo completamente a cinemática do robô. Ele é constituído por 3 etapas: 1. Fixar um sistema de coordenadas (frame) em cada corpo rígido, como segue: a. O frame deve ser numerado de acordo com o corpo ao qual ele está ligado, a partir da base fixa (0), até o elemento terminal; b. Numerar as juntas a partir de 1; 38 c. O eixo Zi, do frame i, deve estar alinhado com o eixo da junta i, sendo de rotação caso a junta seja articulada, ou de translação caso a junta seja prismática; d. A origem do frame i deve estar posicionada no ponto onde a perpendicular da distância entre os eixos Zi e Zi+1, medida sobre o eixo Xi, intersecciona o eixo da junta i; e. O eixo Xi, do frame i, deve estar alinhado como a perpendicular da distância entre os eixos Zi e Zi+1, na direção de i para i+1; f. O eixo Yi = Zi x Xi ➔ regra da mão direita: o polegar aponta Yi, o indicador aponta Xi e o dedo médio aponta Zi; g. Fixar os eixos Xi e Yi: na base (0), eles podem ser fixados livremente, no caso dos demais frames, caso Zi e Zi−1 forem perpendiculares, logo Xi = Zi-1 x Zi; h. No elemento terminal, Zn deve coincidir com Zn−1, e Xn deve ser perpendicular a Zn e Zn−1. 2. Utilizar cada frame para determinar os parâmetros de cada componente; 3. Os parâmetros devem ser trocados na matriz homogênea genérica, de modo a obter uma matriz específica por componente. Fonte: CRAIG, J.J., 2004. Figura 3.4 – Definição de frames por corpo rígido. 39 A grande vantagem desse método é resolver de forma integrada a posição e a orientação, através de sucessivas multiplicações de matrizes, conforme cada transformação. Contudo, esse procedimento demanda um esforço de processamento, sendo essa a sua principal desvantagem. Existem outras abordagens matemáticas disponíveis, porém esse método se tornou padrão para o cálculo dos parâmetros cinemáticos. 3.2.2 Cinemática direta A cinemática direta refere-se ao cálculo da posição e da orientação do elemento terminal quando os ângulos das juntas (articulações) do robô são conhecidos, uma vez que as dimensões dos seus corpos (elos) também são conhecidas. Apesar de haver diversas abordagens matemáticas disponíveis para calcular os problemas de cinemática direta, elas não fazem parte do foco deste curso, tampouco iremos abordar o cálculo das velocidades e acelerações envolvidas na movimentação do robô. Logo, é importante saber que, na maior parte das aplicações industriais, as tarefas a serem realizadas por um robô são programadas pelo método de aprendizagem, mais fácil e prático. Nesse método, cada conjunto corpo-junta é articulado, da base fixa ao elemento terminal, de modo a programar a sua movimentação. Na sequência, são apresentadas as equações para 3 configurações de manipuladores, 1R (com uma junta de rotação), 2R e 3R, essa última conforme exemplo da Figura 3.4: ▪ 1R: ▪ 2R: ▪ 3R: 40 3.2.3 Cinemática inversa A cinemática inversa refere-se ao caso oposto, ou seja, a posição e a orientação do elemento terminal são conhecidas (variáveis no espaço cartesiano) e calculam-se os ângulos das juntas (articulações) do robô, levando em consideração as dimensões dos corpos (elos). Nós, os seres humanos, praticamos a cinemática inversa de maneira involuntária: nossos olhos podem determinar onde um objeto está no espaço e o nosso subconsciente pode definir as variáveis necessárias para mover nossa mão para essa posição. Conforme explicado na cinemática direta, as abordagens matemáticas para resolver os problemas de cinemática inversa também não são o foco deste curso. No entanto, vale notar as seguintes características da cinemática inversa: ▪ As equações cinemáticas de um manipulador são não lineares; ▪ Se elas são não lineares, temos que nos preocupar com: o Existência de soluções: só haverá solução se a localização-alvo estiver dentro do espaço de trabalho do robô; o Múltiplas soluções: um manipulador pode se movimentar de maneiras diferentes para realizar uma mesma tarefa, contudo, qual solução escolher? Vários critérios podem ser adotados para a tomada de decisão, mas a solução de menor movimentação parece bastante razoável, certo? 41 Fonte: CRAIG, J. J., 2004. (editadas pelo autor). Figuras 3.5 e 3.6 – Uma das duas soluções possíveis para atingir o ponto B causa uma colisão, e 4 soluções possíveis para o Unimation PUMA 560. o Métodos de solução: a cinemática inversa pode ser calculada geometricamente, algebricamente ou numericamente, e geralmente envolve funções trigonométricas. O inverso dessas funções normalmente possui múltiplas soluções, causando indefinição sobre o ângulo real das juntas. Calcular o modelo cinemático inverso a partir da geometria de um robô não é uma tarefa fácil, pois é altamente não linear, ambíguo, com soluções complexas existentes para apenas algumas geometrias. Como mencionado anteriormente, a maioria das aplicações industriais segue movimentos pré-programados e não presencia tais dificuldades. Entretanto, existem alguns manipuladores que trabalham diretamente com a cinemática inversa, como é o caso dos robôs Delta, para seleção e posicionamento (pick and place), que utilizam um sistema de visão para localizar um objeto para depois pegá-lo e posicioná-lo, realizando os cálculos e o movimento em frações de segundos. 42 Fonte: HUGHES, C.; HUGHES, T., 2016. (editada pelo autor). Figura 3.7 – Cinemática direta versus inversa para um manipulador com 2 GdL. 3.2.4 Dinâmica do robô A dinâmica de um robô refere-se ao estudo das relações entre as forças e os torques que o movimentam com as velocidades e as acelerações desenvolvidas por suas juntas, sendo que as velocidades e as acelerações também são conhecidas por variáveis dinâmicas do sistema. Para este estudo, devemos elaborar um modelo matemático do sistema, formado por equações diferenciais que representam o seu comportamento, isto é, as relações entre as forças e os torques, expressadas matematicamente, e as variáveis dinâmicas. Esse modelo é conhecido por modelo dinâmico do sistema. Geralmente, essas equações diferenciais são expressas como uma equação de segunda ordem, porém em forma matricial. Dessa forma, os seus coeficientes são matrizes quadradas com tantas linhas e colunas quantas forem as juntas do robô, sendo que as suas componentes não são constantes, mas dependentes das velocidades e das 43 posições das juntas, além dos coeficientes físicos do sistema, como as massas, os momentos de inércia e os comprimentos dos corpos rígidos. Suas variáveis independentes são vetores de tantos componentes quantas forem as juntas. Um desses vetores será formado pelas posições das juntas (referências), podendo apresentar ângulos ou distâncias dependendo da definição delas, de rotação ou prismática, respectivamente. O segundo vetor é composto pelas derivadas no tempo do vetor anterior, ou seja, as velocidades das juntas, podendo elas serem angulares ou lineares. Por fim, o último vetor, referente à variável independente da equação dinâmica, é a derivada no tempo do vetor anterior, isto é, as acelerações das juntas. O cálculo do modelo dinâmico do robô pode ser realizado de diversas maneiras,porém a mais utilizada é uma dedução das equações de Euler-Lagrange. Inicialmente, supõem-se que o robô é um conjunto de corpos rígidos sem deformação, ligados por juntas ideais, ou seja, sem atritos ou amortecimentos. Essa equação estabelece a relação entre as energias cinética, mecânica e potencial presentes em sistemas de corpos rígidos ligados por juntas ideais: Onde: ▪ τ: é o vetor n x l cujos componentes representam as forças e os torques aplicados em cada junta; ▪ q: é o vetor posição n x 1. Os vetores indicados com um ponto representam a primeira derivada, ou seja, as velocidades das juntas, e os indicados com dois pontos representam a segunda derivada, isto é, as acelerações delas; ▪ M: é a matriz n x n que representa os momentos de inércia do sistema. Seus componentes dependem das posições das juntas e de grandezas físicas, como as massas e os momentos de inércia dos corpos rígidos, entre outras; ▪ C: é a matriz n x n que representa as acelerações centrípetas e de Coriolis. Seus componentes dependem das posições e das velocidades das juntas; 44 ▪ g: é um vetor n x 1 cujos componentes representam os torques desempenhados por cada corpo devido à ação gravitacional. Seus componentes dependem da posição do corpo. Assim como no caso das cinemáticas, não iremos detalhar os coeficientes desse modelo matemático, uma vez que não é o foco deste curso. 3.3 Controle cinemático e dinâmico do robô Um robô industrial pode se comportar de diversas maneiras a depender da sua tarefa e do ambiente no qual está incluído, atuando com movimentos pré-programados, como mover um objeto ou traçar uma trajetória, atuando como uma fonte de forças, entre outras. Em tarefas mais sensíveis, como escrever em um quadro-negro, o robô deve controlar as forças em algumas direções, como a pressão do giz contra o quadro, e os movimentos em outras, no plano do quadro. No caso da atuação como uma tela tátil, de maneira a renderizar um ambiente virtual, por exemplo, ele pode agir como uma massa, mola ou amortecedor, cedendo em resposta às forças aplicadas a ele. Para todos os casos, é função do controlador do robô converter a especificação da tarefa em forças e torques nos atuadores. As estratégias de controle para os comportamentos desejados são conhecidas por controle de movimento, controle de força, controle híbrido de movimento-força ou controle de impedância. Assim como mencionado anteriormente, a definição de um comportamento apropriado depende tanto da tarefa quanto do ambiente. Por exemplo, controlar a força só faz sentido quando o elemento terminal está em contato com algo, mas não quando ele se move no espaço livre. Entretanto, o robô não pode controlar, independentemente, o movimento e a força na mesma direção, sendo essa uma restrição mecânica que não depende do ambiente: se o robô impõe um movimento, o ambiente determinará a força, e vice-versa. Uma vez escolhida uma meta de controle coerente com a tarefa e o ambiente, usa-se o controle de feedback para alcançá-la. O controle de feedback usa sensores de posição, velocidade e força para medir o comportamento real do robô, compara-o com 45 o comportamento desejado e modula os sinais de controle enviados aos atuadores, sendo utilizado em quase todos os sistemas de robôs. Habitualmente, os sensores utilizados são: ▪ Potenciômetros, encoders ou resolvers para a posição da junta e detecção de ângulo; ▪ Tacômetros para a detecção da velocidade da junta; ▪ Sensores de força-torque da junta; ▪ Sensores de força-torque multieixos do punho (entre a extremidade do braço e o elemento terminal). O controlador se comunica com os sensores e atualiza seus sinais de controle para os atuadores em uma frequência muito alta. Contudo, na maioria das aplicações robóticas, altas taxas de atualização de controle apresentam um benefício limitado dadas as constantes de tempo associadas à dinâmica do robô e do ambiente. Embora os tacômetros sejam utilizados para a detecção direta da velocidade angular, geralmente usa-se um filtro digital para diferenciar numericamente os sinais de posição em intervalos de tempo sucessivos. Um filtro passa-baixo (low-pass) é frequentemente utilizado em conjunto com o filtro diferencial para reduzir o conteúdo do sinal de alta frequência devido à quantização dos sinais de posição diferenciados. Sistemas robóticos reais estão sujeitos à flexibilidade e vibrações nas juntas e corpos, folgas nas engrenagens e transmissões, limites de saturação dos atuadores e resolução limitada dos sensores, podendo gerar impactos ao projeto e ao controle dos robôs. Assim, estimativas e algoritmos podem ser usados para “compensar” essas diferenças. Em alguns casos, como no de tarefas mais sofisticadas, o robô pode precisar raciocinar com um modelo cognitivo, que tenta representar o robô, o ambiente e como eles interagem. O reconhecimento de padrões e um sistema de visão podem ser utilizados para rastrear objetos, técnicas de mapeamento podem ser utilizadas para construir mapas do ambiente, e o planejamento do movimento e outras técnicas de inteligência artificial podem ser utilizadas para definir como agir de maneira autônoma, evitando colisões e quedas, por exemplo. 46 Fonte: LYNCH, K.; PARK, F., 2017. (editada pelo autor). Figura 3.8 – Um sistema de controle de robô típico (a) e um modelo simplificado com sensores ideais e um bloco controlador que produz diretamente forças e torques (b). Na figura acima, no item (a), um ciclo de controle interno é utilizado para ajudar o amplificador e o atuador a atingir a força ou torque desejado. Por exemplo, um amplificador de um motor de corrente contínua, no modo de controle de torque, pode detectar a corrente que realmente flui pelo motor e implementar um controlador local para melhor corresponder à corrente desejada, já que a corrente é proporcional ao torque produzido pelo motor. Alternativamente, o controlador do motor pode detectar diretamente o torque utilizando um medidor de tensão na engrenagem de saída do motor e fechar uma malha de controle de torque local usando esse feedback. Já no item (b), é apresentado um modelo simplificado com sensores ideais e um bloco controlador que produz diretamente forças e torques, assumindo o comportamento ideal dos blocos do amplificador e atuador do item (a). Em ambos os casos, não são apresentadas as forças de perturbação que podem ser inseridas antes do bloco dinâmico, ou as forças de perturbação e/ou os movimentos inseridos após o bloco dinâmico. 47 Conclusão Foram apresentados neste bloco os meios necessários para o controle cinemático e dinâmico do robô industrial, desde a definição das coordenadas para o cálculo da localização espacial dele, até o movimento do mecanismo, formado pela cinemática e a dinâmica. Vale notar que cada um dos itens apresentados possui uma grande quantidade de cálculos matemáticos atrelados à modelagem dos seus comportamentos, porém, esses cálculos não são o foco deste curso. O importante aqui é compreender como esses itens influenciam os movimentos do robô e como eles podem, então, ser controlados. Esse é o ponto de partida para futuras pesquisas no caso de um interesse maior pelo tema ou de uma necessidade de especialização nele. Referências Bibliográficas CRAIG, J. J. Introduction to robotics: mechanics and control. 3. ed. EUA: Pearson, 2004. HUGHES, C.; HUGHES, T. Robot programming: a guide to controlling autonomous robots. 1. ed. EUA: Que Publishing, 2016. LYNCH, K.; PARK, F. Modern robotics: mechanics, planning, and control. 1. ed. Inglaterra: Cambridge University Press, 2017. MUNHOZ, I. P. Robótica. 1. ed. Brasil: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. PAZOS, F. Automação de sistemas e robótica. 1. ed. Brasil: Axcel Books, 2002. 48 4SISTEMAS AUTOMÁTICOS E AUTÔNOMOS Apresentação Conheceremos neste bloco os sistemas robóticos automáticos e autônomos, suas características e funcionamento. Embora, aparentemente, a diferença entre esses dois sistemas possa parecer trivial, existem nuances relacionadas exatamente sobre a autonomia desses sistemas que irão definir ao certo como eles podem efetivamente ser classificados. Ao final do bloco, veremos como especificar e dimensionar corretamente um sistema, baseado sempre em sua aplicação final. 4.1 Aplicação de sistemas automáticos Como mencionado anteriormente, os robôs são sistemas inerentemente automáticos, porém nem todos os sistemas automáticos podem ser classificados como robôs. Sistemas automáticos de funções fixas, como brinquedos ou alguns equipamentos CNC, não são considerados robôs. Para ser classificado como robô, um sistema automático deverá possuir a capacidade de ser programado e apresentar alguma adaptação à sua aplicação. Segundo a International Federation of Robotics (IFR – Federação Internacional de Robótica), a robótica industrial pode ser definida como o estudo, o desenvolvimento e o uso de sistemas automáticos para a manufatura. A robótica industrial é o elemento- chave na automação industrial e, dentre as diversas configurações de robôs existentes, os robôs mais amplamente utilizados na indústria atualmente são os robôs articulados, os SCARA e os cartesianos, embora a maioria desses robôs seja classificada como braços robóticos ou manipuladores pela ISO. Basicamente, há dois tipos de automação industrial: 49 ▪ Automação rígida: cada robô do sistema tem sempre a mesma função ou conjunto limitado de funções, havendo a necessidade de vários robôs para executar uma mesma tarefa; ▪ Automação flexível: os vários robôs da automação rígida podem ser substituídos por um robô mais versátil, o braço robótico, por exemplo, capaz de executar diversas funções de uma mesma tarefa. Com o passar dos anos, os robôs vêm evoluindo, desde a sua constituição até o seu funcionamento. A maior parte dos robôs industriais é de primeira geração, ou seja, trata-se de robôs de sequência fixa. Esses robôs são programados para repetir uma sequência de operações e, na necessidade de alterar essas operações, uma nova programação se faz necessária. O ambiente de trabalho desses robôs deve ser completamente estruturado, parametrizado, já que a sua operação demanda um posicionamento preciso dos objetos em trabalho. Eles podem ainda ser controlados por sensores e por sistema de visão, de modo a flexibilizar a sua operação baseada na informação sensorial recebida. Fonte: ABB/EXSTO, 2020. Figura 4.1 – Exemplo de um robô de sequência fixa: inspeção dimensional. Os robôs automáticos não apresentam autonomia, cabendo ao ser humano controlar o seu funcionamento (interação direta), seja através do telecomando ou da programação prévia. 50 4.2 Aplicação de sistemas autônomos O robô autônomo, ou autobot como é popularmente conhecido (o diminutivo de autonomous robot), é um robô que realiza movimentos ou tarefas com algum grau de autonomia. O autobot pode ser aplicado na exploração espacial, mineração, tratamento de resíduos (inclusive perigosos), na área de segurança, de socorro, na indústria e serviço, dentre outras, sendo cada vez mais utilizado dados os avanços tecnológicos na área e o barateamento desses sistemas devido ao aumento de escala. A característica mais importante de um autobot é interagir com o ambiente que o rodeia e é através dessa interação que ele pode: ▪ Obter informações sobre o ambiente para tomar decisões; ▪ Trabalhar por um longo período sem intervenção humana; ▪ Mover-se pelo ambiente operacional sem o auxílio humano; ▪ Evitar situações prejudiciais às pessoas, à propriedade ou a si mesmo, referência às 3 Leis de Asimov, a menos que essas situações façam parte da especificação do projeto (robôs militares, por exemplo). Um robô autônomo também pode aprender ou obter novos conhecimentos, como ajustar-se a novos métodos de realização de suas tarefas ou adaptar-se às mudanças do ambiente. Fonte: IEEE, 2021. Figura 4.2 – Autobot Perseverance da NASA: atualmente explorando Marte. 51 Do ponto de vista da geração dos robôs, existe uma linha tênue na segunda geração que separa os robôs automáticos dos autônomos. Os robôs de segunda geração possuem recursos computacionais e sensoriais que lhes permitem agir em um ambiente parcialmente estruturado, calculando em tempo real os parâmetros de controle para a realização dos movimentos: nesse quesito, alguns robôs automáticos se enquadram, como os cobots, por exemplo. No entanto, algumas atividades como pegar um objeto que está deslocado de sua correta posição e reconhecer um objeto a ser manipulado dentre objetos variados, são características dos robôs autônomos. Já os robôs de terceira geração apresentam inteligência suficiente para se conectar com outros robôs e máquinas, para armazenar programas e se comunicar com outros sistemas computacionais. Esses robôs são capazes de tomar decisões em operações de montagem, como montar uma combinação adequada de peças, rejeitar peças com defeito e selecionar combinações corretas de tolerâncias, dentre outras. A aplicação de robôs autônomos na indústria ainda é pequena, pois, apesar de suas limitações, o robô automático ainda apresenta melhor custo-benefício. Na indústria, esse tipo de robô é aplicado na separação e seleção de peças, na transferência e no transporte de peças, e no armazenamento. Entretanto, conforme a tecnologia continua avançando, os sistemas autônomos passarão a ser cada vez mais aplicados na manufatura, dados os ganhos que essa tecnologia pode trazer à produção: ▪ Interconexão e compartilhamento de dados com todas as partes do processo, permitindo uma gestão autônoma, inteligente e com visão do todo (indústria 4.0); ▪ Aplicação de células robóticas multifuncionais, capazes de realizar diversas tarefas em diferentes momentos da produção, com precisão constante e jornada de trabalho ilimitada; ▪ Digitalização da produção, permitindo maior análise de dados e gestão de qualidade, implementando melhorias sem paralisar a produção; ▪ Maior colaboração entre robôs e humanos em um mesmo espaço de trabalho, compartilhando tarefas e aproveitando os pontos fortes de cada um. 52 Fonte: IEEE, 2021. Figura 4.3 – Drive Unit da Amazon: aplicação autônoma em armazéns. 4.2.1 Níveis de autonomia Como mencionado anteriormente, o robô pode ser classificado como autônomo quando ele apresenta algum grau de autonomia e a sua autonomia pode ser classificada da seguinte maneira: ▪ Telecomando ou programação: não há autonomia, o operador controla os movimentos do robô (sistemas automáticos apenas); ▪ Supervisão (nível do objeto): o operador especifica movimentos gerais ou mudanças de posição, e o robô decide movimentos específicos de seus atuadores; ▪ Autonomia (nível da tarefa): o operador especifica apenas a tarefa e o robô se encarrega de concluí-la; ▪ Autonomia total: o robô criará e concluirá todas as suas tarefas sem interação humana. 53 4.2.2 Legislação Embora a autonomia de robôs não seja um tema recente, a aplicação de robôs autônomos no dia a dia começou a ocorrer há pelo menos 10 anos. A aplicação desse tipo de robô demanda algum tipo de legislação que regularize o seu funcionamento, principalmente quando em proximidade com seres humanos. Como ocorre habitualmente, cada país legisla à sua maneira até que haja um entendimento comum que permita haver leis aplicadas globalmente. Dessa forma, atualmente, cada país vem criando as suas próprias regras baseadas em suas leis locais e ao passo que vão desenvolvendo tais tecnologias. Infelizmente, o Brasil não é um país de ponta parao desenvolvimento dessas aplicações e tais regulamentações sequer foram pensadas por aqui ainda. Diversos pontos relacionados à autonomia de robôs devem ser observados e regulamentados, como: ▪ Uso de robôs autônomos aéreos (móveis): podem ser aplicados para entregas em domicílio, para controle de tráfego, segurança, socorro etc. Pontos a serem observados: altura de funcionamento, velocidade máxima, proximidade com objetos, humanos e outras máquinas, capacidade de carga (quando aplicável), tempo de remoção em caso de falha etc. ▪ Uso de robôs autônomos terrestres (móveis): podem ser aplicados para entregas em domicílio, para atendimento às pessoas, carregar carga, socorro, remoção de resíduos, nas indústrias etc. Pontos a serem observados: tráfego por vias e faixas de pedestres, velocidade máxima, proximidade com objetos, humanos e outras máquinas, capacidade de carga (quando aplicável) etc. 4.3 Especificação e dimensionamento de sistemas O projeto de um sistema robótico, assim como o projeto de qualquer máquina ou equipamento, demanda o conhecimento da sua aplicação final, de modo a definir corretamente as suas especificações e o seu tamanho. Os robôs representam um alto 54 investimento inicial para empresa e mesmo que, a longo prazo, o retorno do investimento venha conforme calculado, não é possível investir tal soma de dinheiro sem ter certeza da correta especificação deles. No entanto, além de conhecer a aplicação final do sistema, é importante conhecer o processo produtivo como um todo para compreender onde e como o sistema robótico poderá ser instalado. Logo, algumas atividades são recomendadas a seguir: ▪ Conhecer o processo produtivo como um todo, mapeando os processos e os subprocessos, e seus fluxos de operação; ▪ Dimensionar o tempo médio, a frequência, a repetibilidade e o custo de cada operação; ▪ Identificar as operações que geram gargalos, que não agregam valor, que são fontes recorrentes de falhas, ou que geram duplicidades; ▪ Adaptar a infraestrutura de TI da empresa, pois uma das principais vantagens da robótica atualmente está na sua alta conectividade. Uma vez analisado o processo produtivo e confirmada a vantagem na implantação de um sistema robótico, pode-se então especificar e dimensionar o sistema a ser aplicado: ▪ Mobilidade: fixo ou móvel; ▪ Autonomia: automático ou autônomo; ▪ Controle: depende dos graus de liberdade e da autonomia; ▪ Graus de liberdade: dependem dos movimentos a serem realizados e do volume de trabalho disponível no posto de trabalho; ▪ Acionamentos: elétrico, pneumático ou hidráulico, dependendo da capacidade de carga; ▪ Estrutura cinemática: aberta ou fechada, dependendo da capacidade de carga; ▪ Capacidade de carga: existem diferentes classes de capacidade de carga, dependendo da operação ou operações que serão realizadas; ▪ Elemento terminal: garra, ferramenta etc. Esses itens serão explorados em detalhe no próximo bloco, Projeto de Sistema Robóticos. 55 Conclusão Foram apresentados neste bloco os dois sistemas robóticos disponíveis no mercado, além de suas principais características, funcionamentos e aplicações finais. Os robôs estão cada vez mais versáteis e acessíveis, porém ainda demandam altos investimentos para a sua implantação. Os ganhos são perceptíveis, principalmente quando são especificados os sistemas corretos para as aplicações finais da empresa. Referências Bibliográficas COUTINHO, C. Robótica móvel: sistema de condução autónoma. 2004. 153 p. Automação e Eletrónica Industrial – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, Lisboa, 2004. IEEE. Robots. IEEE, 2021. Disponível em: https://robots.ieee.org/robots/. Acesso em: 16 dez. 2021. ABB/EXSTO. Implantação da robótica na indústria. Santa Rita do Sapucaí: ABB/Exsto Tecnologia, 2020. p. 27. Disponível em: https://exsto.com.br/industria40/ebookrobotica.pdf. Acesso em: 14 mar. 2022. MUNHOZ, I. P. Robótica. 1. ed. Brasil: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. https://exsto.com.br/industria40/ebookrobotica.pdf 56 5 PROJETO DE SISTEMAS ROBÓTICOS Apresentação Estão disponíveis no mercado os mais diversos tipos de sistemas robóticos, com características e configurações muito diferentes entre si. Entretanto, como saber qual sistema escolher? Será que todos os sistemas e robôs disponíveis são aplicáveis à nossa demanda? Essas são algumas das muitas perguntas que vêm à cabeça quando estamos planejando a automação de uma linha de produção. Este bloco irá abordar as principais características dos sistemas robóticos que nos permitam definir quais são as características de interesse e quais são as configurações que atendam a demanda. Na sequência, serão apresentados os principais sistemas aplicados na indústria atualmente com o objetivo de auxiliar na definição das especificações e na escolha do sistema adequado para o processo de automação industrial. 5.1 Definições de projeto Já foi citado anteriormente que a robótica permite o aumento da segurança no processo produtivo ao evitar que os operadores executem tarefas de risco. Para isso, os robôs utilizam sistemas de sensoriamento e alarme, além de sua capacidade de tomada de decisão com a utilização da Inteligência Artificial (robôs autônomos). Além disso, eles são precisos, trabalham sem interrupções, desde que haja conexão a uma fonte de energia, são ágeis, proporcionando maior produtividade, isto é, maior quantidade de produtos produzidos em menor tempo e com menos erros. 57 Fonte: KUKA, 2016. Figura 5.1 – Sistema robótico linear: linha de solda de carrocerias automotivas. Nas primeiras aplicações robóticas industriais, o robô possuía uma tarefa única e permanecia fixo em sua posição, formando sistemas robóticos lineares de produção. Os robôs atuais são mais robustos, completos e versáteis, graças à evolução tecnológica na área da robótica. Logo, uma célula robótica atual deixa de ser fixa, permitindo inúmeros processos em diferentes estações de trabalho. A personalização é determinante para a flexibilização da linha de produção automatizada. Ao combinar uma célula de automação com o trabalho colaborativo em um mesmo espaço de trabalho, temos um linha de produção onde homens e robôs se alternam entre postos de trabalho de maneira dinâmica, buscando a máxima eficiência produtiva possível. Fonte: KUKA, 2019. Figura 5.2 – Célula robótica com conexão à nuvem: indústria 4.0. 58 Partindo do pressuposto de que conhecemos as características do processo a ser automatizado ou em projeto, conforme apresentado no bloco anterior, podemos então definir as características do sistema robótico de interesse: ▪ Quantidade de operações afetadas: pode ser o caso da automação de apenas uma ou de diversas operações; ▪ Flexibilidade da linha: se não houver flexibilidade, trata-se de uma automação rígida, caso contrário, será um automação flexível. A quantidade de operações afetadas irá determinar se teremos um sistema linear ou flexível de produção; ▪ Quantidade de robôs: irá depender da quantidade de operações afetadas e da flexibilidade da linha produtiva; ▪ Montagem dos robôs: os robôs podem ser fixos no solo, na parede ou no teto. Os robôs móveis podem ser instalados numa linha de produção, deslocando-se sobre trilhos fixos no solo, na parede ou no teto, ou podem se deslocar dentro do perímetro fabril. Esse último tipo de robô móvel será explicado mais adiante; ▪ Autonomia: irá depender do ambiente onde os robôs serão instalados, se estruturado ou não, e se haverá compartilhamento de espaço de trabalho com humanos (cobot); ▪ Sistema de controle: irá depender da autonomia escolhida, da quantidade de graus de liberdade a serem controlados e da necessidade de comunicação com outras máquinas e equipamentos (indústria
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